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RESUMO
Este artigo tem como objetivo explorar um campo de estudo da literacia digital. Na
Europa, esta expressão diz respeito a competências e habilidades para o uso das
tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) a partir de três focos: o
acesso, a compreensão crítica e a capacidade de criativa. A preocupação por essa
temática foi sinalizada pela UNESCO em vários documentos produzidos com
recomendações voltadas para o desenvolvimento de competências informacionais e
mediáticas. A temática é emergente tendo em vista o avanço crescente do uso das TDIC
que tem mudado o comportamento social, cultural e econômico das pessoas. Na
sociedade da informação o conhecimento e a informação são fatores estruturantes na
vida do cidadão, e a literacia digital constituiria o mapa para a aquisição de habilidades
e competências necessárias ao desenvolvimento de um sujeito ativo e criativo. Embora
os jovens tenham domínio sobre os artefatos tecnológicos, não significa que possuam as
competências para um uso crítico e responsável. Assim, o desafio maior do professor
em contato com estes alunos da geração web é ajudá-los a desenvolver competências
e habilidades que os possibilite filtrar as informações, avaliar sua procedência,
organizar dados importantes, compartilhar e trabalhar colaborativamente. Neste
sentido, políticas públicas de fomento da literacia digital são imprescindíveis para dotar
os professores das habilidades e competências supracitadas para então se tornarem aptos
a orientar os alunos nesse campo. Assim, com o intuito de aprofundar sobre esta
temática, este artigo está dividido em três partes: a primeira aprofunda o conceito sobre
a literacia digital, a segunda parte apresenta as competências e habilidades requeridas do
professor para lidarem com o uso crescente das tecnologias por parte dos alunos na
escola e a parte final aborda algumas iniciativas no Brasil para o fomento da literacia
digital
Introdução
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incorpora-las na sua rotina, alguns com muita dificuldade e resistência. Para o autor, o
maior problema que a educação enfrenta hoje é que os professores são imigrantes
digitais que usam uma linguagem ultrapassada da era pré-digital e estão lutando
para ensinar jovens que falam uma linguagem totalmente nova.
Contudo, Laje e Dias (2011) apontam para estudos realizados em amostras
alargadas da população europeia que revelam a fragilidade das habilidades e
competências destes jovens em relação ao manuseio das TDIC. As autoras citam um
estudo publicado em 2008 (Google Generation Project) realizado pela University
College of London em que se desmitificou a aparente familiaridade com computadores
da ―geração google‖ realçando a sua dependências dos motores de busca e a baixa
capacidade analítica crítica de avaliação das fontes de informação. Laje e Dias (2011,
p.7) concluem que ―as pessoas passaram utilizar a Web de forma natural, pois foram
alfabetizadas digitalmente‖, mas não sabem organizar as pesquisas e utilizar as
informações obtidas. Igualmente Demo (2011, p. 16) corrobora que existe uma
―euforia‖ em torno desta nova geração, sendo vista quase como uma nova espécie, e
difundem-se mitos que generalizam em excesso inovações que ainda nem foram
consumadas. Acrescenta que ―a nova geração nem sempre se mostra tão hábil assim, em
especial no que se refere a potencialidades de aprendizagem‖. Trata-se de um ―campo
transitório‖, finaliza Demo, embora os estudantes transitem pelo campo informal das
tecnologias, uma considerável parte não possui competências e habilidades para o
manejo crítico das mídias.
Portanto, para o professor atuar com destreza nesse cenário, conseguindo
selecionar o que realmente irá favorecer a aquisição de um capital cultural dos
seus alunos levando-os a autonomia crítica, exige-se uma formação adequada à
inovação exigida pela sociedade digital. Posta essa problemática, este artigo aponta
para a promoção da literacia digital nos cursos de formação inicial e continuada de
professores no intuito de ajudá-los a desenvolver competências e habilidades com o
uso crítico das tecnologias. Literacia digital trata da capacidade de acessar, analisar,
compreender, utilizar e avaliar de modo crítico as TDIC.
Diversos autores, ao analisar esta problemática, utilizam também o conceito de
literacia mediática pela incidência na abordagem dos media, a qual significa ―possuir a
capacidade de utilizar meios de comunicação e os media em geral, de compreender e
ajuizar criticamente seus diversos aspectos e conteúdos e de comunicar em diferentes
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contextos‖ (LAJE e DIAS, 2011, p. 3). Esta designação é bastante utilizada na acepção
da Educação para os Media, pela necessidade de compreender umas das principais
fontes de informação e comunicação na Sociedade. Porém, ao considerarmos que o
digital está cada vez mais presente na sociedade, e nomeadamente nos media, podemos
mesmo dizer que vivemos numa Sociedade Digital, entendemos que a literacia digital
engloba o que esses autores designam por literacia mediática. No entanto, quando neste
texto se faz referência aos media usaremos a expressão literacia mediática em
correspondência ao sentido expresso pelos autores. Assim, compreender este conceito é
o primeiro passo para o professor investir na sua formação para o uso crítico e
responsável dos media.
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Neste sentido, o professor na era digital há de entender que não compete a ele
ser o ―difusor do conhecimento‖, pois os meios tecnológicos já o fazem com certa
eficácia. Antes precisa aprender a manipular a tecnologia e orientar os alunos a
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manipularem para que ambos não sejam manipulados por ela. Nas palavras de Gadotti
(2002 p. 32), o professor ―deixará de ser um lecionador, para ser um organizador do
conhecimento e da aprendizagem (...) um mediador do conhecimento, um aprendiz
permanente, um construtor de sentidos, um cooperador‖. Petrella (2012, p. 213) elenca
oito competências e habilidades que podem ser desenvolvidos pelos professores por
meio da literacia mediática:
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Consideração final
Este artigo pretendeu sinalizar a importância da literacia digital para os
professores que atuam na globalizada sociedade da informação. Partiu do pressuposto
que ações pontuais como canais de TV com conteúdo educativo, aporte de
computadores na escola e cursos de capacitação para professores não são suficientes
para garantir que o público alvo desenvolva competências e habilidades da literacia
digital. Exige-se um esforço compartilhado entre os órgãos responsáveis pela educação,
professores e comunidade na promoção de ações efetivas de literacia digital. Neste
sentido, estudos e pesquisas na área podem contribuir com subsídios para políticas
efetivas de formação de professores no campo da literacia digital.
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Doutoranda No Programa de Doutoramento em Ciências da Educação – Tecnologia Educativa da
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Mail: elainealves@mail.uft.edu.br
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Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia no âmbito do Projeto PEST-OE/CED/UI1661/2014.
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