Sie sind auf Seite 1von 3

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 659.876 - RS (2004/0065831-1)

RELATOR : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA


RECORRENTE : HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
ADVOGADOS : CLÁUDIA HELENA SCHMITT PERES E OUTRO
MAURO ALMEIDA DE BARROS
RECORRIDO : NELCI NICOLI DOS SANTOS
ADVOGADO : JUAREZ ROSALES NEUMANN

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto por HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO


ALEGRE, com fundamento no artigo 105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul - TJRS proferido no julgamento do Agravo de
Instrumento nº 2002.04.01.017195-0 assim ementado:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DO


CONSUMIDOR. RELAÇÃO DE CONSUMO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Não se pode considerar consumidores do serviço de saúde apenas àquelas
pessoas que possuam planos privados de atendimento médico, pois dessa forma,
estar-se-ia excluindo todas as pessoas que são atendidas pelo sistema único de
saúde - SUS, e, em última análise, dizendo que estas não são hipossuficientes em
relação a rede de hospitais que os atende e que não têm direito ao beneficio das
normas consumeristas.
O hospital ora agravante é reconhecidamente fornecedor e os que procuram seus
serviços são consumidores desse serviço, qualquer conclusão em contrário,
negando aplicação às disposições do CDC merece reforma.
Agravo improvido. Prejudicado o regimental." (e-STJ fl. 34).

Na origem, versam os autos sobre ação indenizatória proposta por NELCI NICOLI
DOS SANTOS, ora recorrida, contra o hospital recorrente. O fato que teria ocasionado a ação
consistiria em erro de diagnóstico procedido pelos prepostos do HOSPITAL DE CLÍNICAS DE
PORTO ALEGRE.
A vítima alegou na inicial que foi atendida por vários anos pelos médicos da
instituição recorrente e obteve o diagnóstico de epilepsia, sendo que, anos depois,, descobriu que
possuía tumor no cérebro. Sustentou que o erro de diagnóstico decorreu de negligência dos
médicos que não realizaram exame de tomografia, apesar de seus insistentes pedidos.
Aduz o hospital recorrente que antes do inicio da fase instrutória do processo, em
primeira instância, requereu que o magistrado se pronunciasse sobre eventual aplicação das
normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e conseqüente inversão do ônus da prova. O
magistrado singular entendeu que existia entre as partes efetiva relação de consumo, aplicando o
CDC e invertendo o ônus da prova.
O recorrente insurge-se contra essa decisão, sustentando que não a hipótese não
Documento: 25136376 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 16/10/2012 Página 1 de 3
Superior Tribunal de Justiça
caracteriza relação de consumo, pois ausente o elemento remuneração previsto no artigo 3º, § 2º,
do CDC.
Foi negado provimento ao agravo de instrumento interposto (e-STJ fl. 33) e os
embargos declaratórios opostos foram rejeitados.
No especial, sustentou violação do artigo 3º, § 2º, do CDC.
É o relatório.
DECIDO.
Não procede a irresignação.
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que prestadores de serviços, ainda
que remunerados indiretamente (como é o caso de hospitais públicos, remunerados
indiretamente via tributação, ou mesmo os hospitais cuja natureza jurídica caracteriza-se como
sem finalidade lucrativa) subsumem-se às normas do CDC. Veja-se:

"CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA


CONTRATUAL CUMULADA COM PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE
DESPESAS HOSPITALARES. ASSOCIAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO
RECONHECIDA. LIMITAÇÃO DE DIAS DE INTERNAÇÃO EM UTI.
ABUSIVIDADE. NULIDADE.
I. A 2a Seção do STJ já firmou o entendimento no sentido de que é abusiva a
cláusula limitativa de tempo de internação em UTI (REsp nº 251.024/SP, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, por maioria, DJU de 04.02.2002).
II. A relação de consumo caracteriza-se pelo objeto contratado, no caso a
cobertura médico-hospitalar, sendo desinfluente a natureza jurídica da
entidade que presta os serviços, ainda que se diga sem caráter lucrativo, mas
que mantém plano de saúde remunerado.
III. Recurso especial conhecido e provido. Ação procedente."
(REsp nº 469.911/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Quarta Turma,
julgado em 12/2/2008, DJe 10/3/2008 - grifou-se)

"DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL - RECURSO


ESPECIAL - INDENIZAÇÃO - ART. 159 DO CC/16 E ARTS. 6º, VI, E 14, DA LEI Nº
8.078/90 - DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO - SÚMULA 284/STF -
PROVEDOR DA INTERNET - DIVULGAÇÃO DE MATÉRIA NÃO AUTORIZADA -
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO - RELAÇÃO
DE CONSUMO - REMUNERAÇÃO INDIRETA - DANOS MORAIS - QUANTUM
RAZOÁVEL - VALOR MANTIDO.
(...)
2 - Inexiste violação ao art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor ,
porquanto, para a caracterização da relação de consumo, o serviço pode ser
prestado pelo fornecedor mediante remuneração obtida de forma indireta .
(...)
4 - Recurso não conhecido."
(REsp nº 566.468/RJ, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, Quarta Turma, julgado
em 23/11/2004, DJ 17/12/2004 - grifou-se)

Documento: 25136376 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 16/10/2012 Página 2 de 3


Superior Tribunal de Justiça
"CIVIL E CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO
CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. INDIFERENÇA. PROVEDOR DE PESQUISA.
FILTRAGEM PRÉVIA DAS BUSCAS. DESNECESSIDADE. RESTRIÇÃO DOS
RESULTADOS. NÃO-CABIMENTO. CONTEÚDO PÚBLICO. DIREITO À
INFORMAÇÃO.
(...)
2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito
não desvirtua a relação de consumo, pois o termo 'mediante remuneração',
contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla , de
modo a incluir o ganho indireto do fornecedor.
(...)
9. Recurso especial provido."
(REsp nº 1.316.921/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Terceira Turma, julgado
em 26/6/2012, DJe 29/6/2012 - grifou-se)

Assim, caracterizando-se a relação ora analisada como de consumo, a revisão da


inversão do ônus da prova é matéria que encontra óbice na Súmula nº 7/STJ. Nesse sentido:

"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL


CONFIGURADA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
1. A Corte de origem, com amparo nos elementos de convicção dos autos,
assentou a responsabilidade objetiva da agravante, e a presença dos requisitos a
ensejar a inversão do ônus da prova. Inviável a revisão do referido entendimento,
por demandar reexame de matéria fática, o que é defeso em recurso especial, nos
termos da Súmula 7/STJ.
2. Outrossim, não cabe a esta Corte rever entendimento do Tribunal regional
quanto à inversão do onus probandi, tendo em vista a necessidade de reapreciação
de provas. Incidência, também, da Súmula 7/STJ .
Agravo regimental improvido."
(AgRg no AREsp nº 121.266/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda
Turma, julgado em 16/8/2012, DJe 28/8/2012)

Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.


É o voto.
Brasília (DF), 09 de outubro de 2012.

Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA


Relator

Documento: 25136376 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 16/10/2012 Página 3 de 3

Das könnte Ihnen auch gefallen