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O Livro um inicia com uma discussão entre Sócrates e Glauco sobre as vantagens e

desvantagens da velhice. Deste assunto, passa-se ao tema principal de todo este livro,
que de certo modo, também está presente na obra toda, a saber: sobre a virtude da
justiça. Diante do que diz Polemarco, que a justiça consiste em fazer o bem aos amigos
e o mal aos inimigos, Sócrates responde que é necessário antes, distinguir entre os
verdadeiros e os falsos amigos e inimigos, pois as aparências podem enganar. O homem
justo deve realmente agir como tal e não apenas parecer. Neste ínterim, Trasímaco entra
no diálogo desafiando Sócrates a uma resposta diante do argumento segundo o qual a
justiça consiste no interesse do mais forte, ou seja, daquele que detém o poder. Sócrates
refuta esta tese, com um discurso sobre as diversas artes existentes, afirmando que cada
uma não defende o próprio interesse, mas o interesse daqueles que dela aos quais está
destinada. A justiça, como arte, é um bem para os outros, não para si. E quem não age
assim, é um mercenário. Trasímaco passa a defender a superioridade da injustiça sobre a
justiça, afirmando que esta se identifica com a virtude, ao que Sócrates recusa, com o
argumento de que a injustiça enfraquece a ação humana pelas discórdias que gera
naqueles que a praticam. Termina o livro afirmando que somente o indivíduo que possui
a justiça é feliz.

No Livro dois, os amigos de Sócrates, Glauco e Adimanto, desejando que este


aprofundasse seu argumento sobre a justiça, fingem estar do lado de Trasímaco e
propõem duas teses como desafio àquela que Sócrates acabara de defender sobre a
justiça. O primeiro, Glauco, distingue três possíveis categorias de bem: os que são
desejáveis por si mesmos, os que são desejados pelas vantagens que proporcionam e os
que se desejam apenas por suas vantagens. Segundo Glauco, na opinião daqueles de
quem está se fazendo porta voz, todos almejam apenas esta terceira categoria. Para
Sócrates, porém, a justiça se encontra na segunda destas categorias. Indo adiante em seu
argumento, Glauco sustenta que na verdade, o grande desejo do homem é cometer
injustiças sem sofrer punições por tal ato e mais, aquele que não as comete, age assim
por medo das punições que pode vir a sofrer. Neste ponto, entra no diálogo Adimanto, e
acrescenta novos argumentos em favor da tese de Trasímaco. Diz que, na verdade, os
homens não louvam tanto a justiça em si, mas a reputação que se pode adquirir com a
mesma. Sustenta esta ideia com o mito de Giges. Desta forma, melhor seria ser injusto,
adquirindo a fama de justo. Diante disso, Sócrates propõe que a questão seja analisada
num âmbito maior, aquele do Estado. Então, apresenta uma cidade ideal, composta por
lavradores, artesãos e mercadores, cada uma destas classes, desempenhando na cidade o
papel que lhe cabe. Glauco intervém novamente, propondo que seja acrescentada a estas
classes, uma outra, a dos guardiões ou guerreiros, destinada à defesa da cidade. Surge,
porém, a questão de sua educação. Inicia-se uma exposição dos dois componentes desta
educação, a música e a ginástica. Em relação à educação musical, porém, Sócrates
recomenda que seja eliminada a influência das obras poéticas, em referência às imagens
negativas que estas apresentam dos deuses e heróis.

O Livro três continua discorrendo sobre a educação dos guardiões. Estes devem ser
educados com as virtudes da coragem e a temperança. Devem rejeitar as poesias e os
mitos que suscitam o medo da morte. Sócrates admite, em seguida, que somente os
governantes tem o direito de mentir aos súditos, se a finalidade de tal ato for o bem da
cidade. Ainda sobre a poesia, Sócrates a distingue em três tipos: narrativa, imitação e
mista. Os guerreiros devem afastar-se daquela imitativa. A partir disso, é iniciada uma
longa exposição sobre os meios pelos quais se realizam a educação dos guerreiros: a
música e a ginástica. No que se refere à educação pela música, há uma descrição dos
instumentos musicais, de seus rítimos e harmonias, selecionando aqueles que são mais
adequados e aqueles que não são. Quanto à educação pela ginástica, esta tem por
objetivo desenvolver, não somente a força física, mas especialmente a força moral. Por
isso, ela deve estar em sintonia com aquela educação musical.

O Livro quatro inicia com uma resposta à objeção de Adimanto, para o qual os
guardiões não seriam felizes em tal cidade. Sócrates especifica que na cidade ideal,
importa o bem da coletividade, não apenas de uma única classe de cidadãos. A
legislação esteja baseada sobre poucos princípios fundamentais, especialmente, a
justiça. Para que seja garantida a existência da justiça, é necessário que os cidadãos
aprendam a desenvolver a prática de três virtudes: a sabedoria, a coragem e a
temperança. A sabedoria é a virtude daqueles que têm por função o governo da cidade.
A coragem é necessária aos guardiões quando estão no campo de batalha para atacar ou
defender sua cidade. A temperança, por sua vez, deve estar presente em todas as classes
de cidadãos. Para Sócrates, a justiça existe na medida que cada um desempenha bem seu
papel como cidadão. A justiça no Estado se identifica com a justiça no indivíduo.
Existe, pois, correlação entre Estado e indivíduo, isto é, a estrutura da alma é análoga
aquela da cidade. Novas distinções são apresentadas, desta vez, sobre a alma. Nela estão
presentes as faculdades racional, concupscível e irascível. O homem é justo quando sua
faculdade racional impera sobre as outras.

No Livro cinco, Adimanto pede esclarecimento sobre a participação das mulheres e das
crianças nesta cidade ideal. Fica evidente que, para Sócrates, a mulher pode
desempenhar funções semelhantes às do homem, desde que passe, como este, por um
processo seletivo rigoroso. Disto se conclui que a diferença de sexo não implica,
necessariamente em uma diferença de atitudes. Desta premissa, Sócrates passa à questão
das regras quanto às uniões entre homens e mulheres, como também sobre sua
procriação. A primeira regra é que os matrimônios devem ocorrer entre os melhores
cidadãos, a partir de uma idade pré-estabelecida, para que seja garantida a qualidade e a
quantidade adequada para esta cidade. A educação dos filhos deve iniciar
imediatamente ao nascimento. Os jovens devem receber uma educação para a guerra,
devem ser levados pelos seus pais para assistirem às batalhas e aprender com estes o seu
futuro ofício. Sobre as guerras, Sócrates adverte que não deve haver batalhas com outras
cidades gregas. As desavenças entre estas sejam consideradas desentendimentos, como
o que acontece numa família, os quais, com o passar do tempo, podem ser dissolvidos
pela reconciliação. Com certa tensão, Sócrates anuncia, em seguida, seu próximo
argumento, no qual defende que a cidade tenha por governantes os filósofos. Entende
por filósofo aquele que ama a verdade pura. Em seguida, estabelece a diferença entre a
ignorância, a ciência e a opinião: a ignorância é a falta de conhecimento, a ciência, é o
conhecimento do ser, e a opinião, é um estado intermediário entre as duas.

No início do Livro seis são expostos alguns argumentos que justificam a razão pela qual
os filósofos devem ser os governantes da cidade: somente o filósofo conhece o ser e a
verdade; ademais, é sincero, não é apegado aos bens mundanos; aprende com facilidade
e possui harmonia interior. A este ponto, Adimanto faz uma objeção, ressaltando que os
filósofos também são pessoas estranhas no parecer dos cidadãos. Em resposta a esta
objeção, Sócrates observa que se isto acontece, primeiro, é somente nos Estados
existentes, governados por demagogos e, segundo, é devido à influência dos sofistas no
ambiente da formação do filósofo, pois este, não é em si malvado, porque mesmo a
pessoa de natureza excelente pode sofrer influência se não for bem educada, deixando
claro que nenhuma das constituições vigentes favorecem à filosofia. Somente a cidade
ideal permite ao filósofo desempenhar sua função de governante. A educação dos
filósofos deve focar a disciplina mais elevada, a qual tem por objeto o bem. Aqui inicia-
se a exposição de densos conceitos e reflexões metafísicas, como o que gira em torno da
ideia do bem. Para explicá-la, Sócrates faz uso de uma analogia baseada na luz solar.
Introduz também o conceito de mundo sensível e mundo inteligível. Para Sócrates, a
visão do bem situa-se no âmbito deste mundo inteligível. Prossegue em sua análise
falando sobre os quatro tipos de objetos do conhecimento: as imagens, os objetos
sensíveis, os conceitos científicos e as ideias. Os primeiros dois fazem parte do mundo
sensível, os últimos, do mundo inteligível.

No Livro sete, como esclarecimento do complexo discurso do livro precedente,


apresenta-se o mito da caverna, uma alegoria na qual alguém (o filósofo) se liberta da
prisão do mundo sensível, conhece a Verdade do mundo inteligível e se vê, em seguida,
no dever de voltar para libertar os que permaneceram na caverna. Após a apresentação
deste mito, Sócrates desenvolve a ideia do tipo de educação que deve receber o filósofo
para que chegue ao conhecimento do Bem. Recorda as disciplinas da música e da
ginástica, que devem também ser acompanhadas da matemática, da geometria, da
astronomia, da harmonia e, sobretudo, da dialética, porque esta útima tem por finalidade
o conhecimento do bem. Em seguida, são colocados os critérios de escolha dos futuros
filósofos dialéticos, as suas qualidades e também os graus de sua educação, a partir da
infância: após um período de introdução aos exercícios físicos, devem estudar as várias
disciplinas durante toda a juventude. Aos trinta anos devem passam por uma iniciação à
dialética. Completando os cinquenta anos, os filósofos recebem o encargo do governo
do Estado.

O Livro oito retoma a reflexão iniciada no primeiro livro sobre a felicidade do homem
justo e a infelicidade do injusto. Desenvolve esta a questão relacionando as quatro
formas de governo existentes com os quatro tipos de homem. São estas, a timocracia, a
oligarquia, a democracia e a tirania. A timocracia aproxima-se da aristocracia. O
nascimento da aristocracia se deve à corrupção da timocracia, pois neste regime, reinam
a ambição e um oculto amor pelo dinheiro. O homem timocrático tem a sua alma guiada
pelo elemento impulsivo, por isso, é ambicioso e ávido por dinheiro. Nasce o regime
oligárquico, baseado no senso de divisão do Estado entre ricos e pobres. O homem
oligárquico também é dominado pelo elemento impulsivo. As ações deste governo
provocam revolta na classe mais pobre, o que, por consequência, gera o regime
democrático. O homem do regime democrático tem sua alma dominada pelo elemento
concupiscível. A democracia também não se sustenta como regime, pois da disputa pelo
poder, destaca-se aquele que se tornará o tirano, representante do Estado tirânico. Uma
vez que toma o poder, o tirano, pelo medo de ser destituído, elimina os melhores
cidadãos.

No Livro nove, Sócrates explica a razão pela qual no governo tirânico, injusto, não pode
haver felicidade. Inicia com o argumento de que, num tal regime, os cidadãos
desenvolvem sentimentos sempre contrários à lei. Estes sentimentos se manifestam,
sobretudo, nos sonhos. Para o tirano, o que importa é a satizfação de seus apetites. A
este estado, Sócrates contrapõe o Estado Ideal, este sim, promotor da perfeita felicidade.
Passa então, à prova da infelicidade do homem tirânico. Na primeira prova, compara a
tirania com o Estado ideal: o regime tirânico e o homem que o representa é escravo do
medo e das lamentações, por isso é sumamente infeliz; já no Estado ideal, vive o
homem real, ao contrário do tirano, goza da máxima felicidade, por ser membro de um
regime proporcional ao seu grau de perfeição. Na segunda prova, faz uma relação entre
três tipos de prazer e sua correspondência com as três partes da alma.

O Livro dez retorna à discussão sobre a influência da poesia e da imitação na formação


do cidadão. Desta vez, Sócrates é ainda mais enfático sobre a necessidade de que sejam
abolidas da cidade ideal tanto a poesia, quanto a imitação da arte. Inicia com uma densa
reflexão filosófica onde distingue entre as ideias, os objetos sensíveis e os objetos da
arte. Para Sócrates, o poeta e o pintor imitam os objetos sensíveis, ou seja, a aparência
dos verdadeiros objetos, os inteligíveis. Por isso, estão três graus distantes da Verdade,
pois o imitador não possui nem ciência, nem opinião sobre aquilo que imita. Quanto à
arte, esta gera ilusão, excitando às paixões e partes inferiores da alma, como por
exemplo, é demonstrado nos efeitos negativos da poesia trágica e cômica. Assim, não
há espaço nesta cidade para Omero e outros poetas. Passa-se, então, para outra
discussão, referente às recompensas asseguradas ao homem virtuoso após sua morte.
Com isto, Sócrates toca no tema da imortalidade da alma. Diante da solicitação para que
explique sobre a questão, apresenta o mito de Er, que descreve a realidade pela qual a
alma passará após sua saída neste mundo, sobre o julgamento ao qual será submetida e
sobre o modo pelo qual irá reencarnar.

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