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Nesta Edição

Capa – O Cunho Simbólico da Iniciação.................................Capa Trabalhos


Editorial.............................................................................
Editorial ............2 - Os Cinco Tipos de Discípulo............ .......................................7
Matéria da Capa – O Cunho Simbólico da Iniciação.................3 - Consciência Maçônica..............................................................8
Destaques – A Ordem dos Oculistas.........................................4 - A Desigualdade na Vida........................................................10
Informe Cultural – IV Seminário Maçônico de Jacarepaguá-RJ....5 Reflexões – Passe de Mágica......................................................13
Academia da Leitura – Transa Gramatical...............................5 Lançamentos – Livros.................................................................14

Editorial
"Há tempos, imaginávamos como poderíamos contribuir para uma Maçonaria melhor.
Intuídos, certamente, pelos Mestres Espirituais, fomos levados a criar esta Revista. Ao
comemorarmos cinco anos de profícua existência, podemos afirmar, sem medo de
errar, que estamos fazendo a nossa parte!
(Feitosa – Revista Arte Real )

H
á pouco tempo, vivíamos a expectativa de como autoimolação, como se Deus quisesse seu sacrifício, e não a
seria o mundo no ano 2000. Articulavam-se na manifestação de sua bondade para o próximo.
mídia de então, diversas previsões sobre o fim dos
tempos. Presenciamos absurdos como suicídios em massa e as Como na Atlântida, caso se confirmem as previsões
mais loucas atitudes de indivíduos sem consciência dos terroristas de tal Armagedon, morrerá abraçada ao seu
desígnios de Deus. Novamente, a história se repete com a patrimônio efêmero, conquistado com o sacrifício de toda
entrada de 2012 e a divulgação na Internet de mensagens uma vida, implorando por salvação. Pobre humanidade em
apocalípticas, verdadeiro terrorismo emocional. Tal multidão, seu caminhar a lugar nenhum!
ainda inconsciente, pergunta se vai cumprir-se a interpretação
de alguns “pseudoprofetas” sobre o Calendário Sinceramente, também, esperamos que chegue o fim
Maia. do mundo. Sim, mas desse mundo materialista,
consumista e descrente, onde o “ter”, cada
É interessante notarmos, ao revermos vez mais, sobrepõe-se ao “ser”. Onde o
a história, que boa parte da humanidade, acúmulo de bens, mesmo à custa da vida
sempre, portou-se assim: descrente e longe de outrem, é o que mais importa.
dos ensinamentos dos Avataras, ofuscada
pelo falso brilho das coisas materiais. A natureza vem cobrando seu
preço, e a conta a ser paga não é pequena.
O dia 21 de dezembro deste ano, Mas é claro que esse assunto só receberá a
para esses, será o final do mundo, tomando-se devida atenção de alguns, após o Carnaval.
por base as previsões catastróficas que insistem Afinal, tudo, na terra do samba e do futebol, só
em veicular nos mais diversos meios de começa após a semana do Carnaval.
comunicação, implantando um desequilíbrio
emocional nos mais desavisados. Provavelmente, com a vinda de um novo Avatara,
anunciado por uns como “a volta do Cristo”, “Maitreia”, “o
A falta de entendimento em assuntos como Vida pós- Cristo Universal”, corre-se o grande risco, novamente, de tal
Morte, Lei do Carma e da Reencarnação, dentre outros, faz humanidade matá-lo.
esse “rebanho” ser conduzido como gado, atendendo a
interesses de alguns. Sem vontade própria, permite ser Enfim, folheando as páginas do Livro da Vida, vamos
manipulado pelo comércio sacerdotal de algumas religiões, ler a mesma história. De novo, alguns serão chamados, e
que o levam a buscar fora o que, sempre, esteve dentro de poucos vão ser escolhidos. Eis a razão da existência de uma
cada um de nós. Escola de Iniciação como a nossa: buscar, na grande massa,
aqueles que têm potencial de consciência para serem
Preguiçoso que é, aceita o engodo de sua “salvação”, despertados, a fim de que, através de sublimes ensinamentos,
depositando oferta, dízimo, ou o nome que queiram dar, possam ser guiados no caminho “de volta à Casa do Pai”.
submetendo-se a simpatias, sacrifícios, ou, até mesmo, a

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Por esse mesmo motivo, escolhemos como Matéria da fevereiro de 2007. O aniversário é nosso, mas o presente,
Capa “O Cunho Simbólico da Iniciação”, de autoria do meu sempre, será de vocês, que nos acolhem, carinhosamente, a
querido Irmão João Camanho, Revisor desta Revista, para cada edição.
abrilhantar esta edição e conscientizar nossos leitores quanto à
importância da Iniciação. Ainda, dentro deste enfoque, a coluna Rogamos ao G∴A∴D∴U∴ que nos conceda a
Informe Cultural anuncia a palestra, que estaremos ministrando oportunidade, a consciência e a sabedoria, para estarmos à
no Seminário do R∴E∴A∴A∴, promovido pela ARLS Isabel frente deste altruístico trabalho pelo tempo que possamos ser
Domingues nº 109, GLMERJ, em Jacarepaguá, no Oriente do Rio útil aos nossos Irmãos, informando e, principalmente,
de Janeiro, “A Iniciação Maçônica Comentada Esotericamente”. conscientizando-os nos mais diversos assuntos. Consciente de
Corroborando com o tema, estamos publicando, também, na que somos, apenas, um canal dos ensinamentos dos excelsos
coluna Trabalhos, as matérias “Os Cinco Tipos de Discípulos” e Mestres de Sabedoria, vimos agradecer, humildemente, esta
“Consciência Maçônica”. oportunidade de poder bem servir nossa Ordem, assim como
a todos nossos Colaboradores e Parceiros Culturais, que
Enfim, chegamos a 60ª edição ininterrupta, em um viabilizam este nobre trabalho!
período de 5 anos de muito trabalho, iniciado em 24 de Encontrar-nos-emos na próxima edição! ?

Matéria da Capa
O C UNHO S IMBÓLICO DA I NICIAÇÃO

M
João Camanho
eus Irmãos, as provas iniciáticas, a que somos “evitou sempre a queda do homem na mais degradante
submetidos, revestem-se de um cunho altamente animalidade”. Os símbolos contam-nos, por exemplo, a vida
simbólico, que nos compete entender. do ser humano, entendendo-o como uma réplica do universo
Vamos tentar elucidar o momento mais importante da (a unidade na diversidade), já que o Macrocosmo está contido
Iniciação. No nosso modesto ponto de vista, é quando somos no microcosmo. No dizer de Hermes Trismegisto: “Assim
colocados na Câmara de Reflexões, um lugar escuro, uma como é em cima é embaixo”.
caverna, representando um dos elementos da natureza: a
É nesse esforço continuado de aprendizagem da
terra. Esse local é um símbolo de alta transcendência,
Sabedoria Iniciática das Idades (Doutrina Esotérica), de uma
revelando um salto no nosso interior e apontando-nos que
forma velada, contida nos símbolos, muito além do
devemos morrer para o mundo profano, a fim de renascermos
conhecimento acadêmico, é nele que reside o único meio de
para o mundo subjetivo. Em outras palavras, simbolicamente,
nos transformarmos, na senda maçônica, em novos seres a
mergulhamos no misterioso plano abstrato, buscando
caminho da luz. Aliás, tal metamorfose já era apontada, há
conectar-nos com nosso_Eu Verdadeiro, nossa
milênios, pelos Mistérios da Grécia no portal do Templo de
Individualidade, nosso Espírito, essa Centelha Divina, que
Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Tal inscrição levou o grande
arde em todas as coisas e nos permitirá livrar-nos dos grilhões
filósofo Sócrates a escolhê-la como lema de seus profundos
do nosso eu ilusório, nossa personalidade, que, infelizmente,
ensinamentos.
aferra-nos aos aspectos transitórios do mundo objetivo.
Permitam-me, caríssimos Irmãos, concluir nossa
A relevância do estudo desse Simbolismo é,
palestra com um belíssimo e sagrado texto, carregado de alta
justamente, proporcionar-nos as ferramentas com que
tradição esotérica:
poderemos desbastar a pedra bruta, estado em que a grande
maioria da humanidade se encontra. Tal prática nos dará a
“Assim como uma torrente de água pura, que
possibilidade de entender que os símbolos não são mera
despenca do alto de uma montanha e vai brilhando, cada vez
decoração dos Templos, como muitos pensam. Ao contrário,
mais, à medida que se expõe aos gloriosos raios do Sol, assim,
são a alma dinâmica de todo ensinamento iniciático. Voltaire,
também, nossa consciência será mais bem iluminada, à
filósofo francês do Século das Luzes, reconheceu a
proporção que a dirigimos para a luz”. ?
importância do Simbolismo, ao dizer que tal Instituição

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Destaques
A O RDEM O CULISTAS *

D
DOS
e tempos em tempos, sociedades secretas extintas,
que viveram ocultas nas sombras, são trazidas à
tona por pesquisadores que encontram artefatos
ou localizam documentos. Recentemente, um grupo de
pesquisadores, finalmente, conseguiu decifrar um manuscrito
de uma das mais misteriosas da história: a Ordem dos
Oculistas.

Surgida no que, hoje, é a Alemanha, nos anos 1700, tal


Ordem era uma Sociedade cujos membros fascinados
trocavam experiências sobre cirurgias oculares. Logo depois
da Guerra Fria, quando a Alemanha Oriental e a Ocidental
voltaram a ser uma só, cientistas puderam circular pela
Berlim Oriental. Em uma visita, encontraram um documento
deixado por esse clã.

O texto todo fala sobre isso: funcionamento interno da


Trata-se de um manuscrito feito sobre papel de
Ordem dos Oculistas, seus objetivos políticos e sociais. Depois
brocado (um tecido ricamente confeccionado e decorado,
que as primeiras expressões foram decodificadas, apareceram
usado para gravar conteúdos importantes por muitas
padrões que ajudaram a decifrar o resto. Descobriu-se, com
civilizações), de cor verde e dourada. O documento apresenta,
surpresa, que as letras em alfabeto romano não significavam
no total, 105 páginas e mais de 75 mil caracteres. São 90 tipos
absolutamente nada; eram ardis para enganar quem tentasse
diferentes de símbolos. Além das 26 letras do alfabeto
decifrar o documento e podiam ser descartadas dele.
romano, o nosso alfabeto convencional, há caracteres
desconhecidos cujo significado, ainda, não havia sido
Para saber o que cada símbolo desconhecido queria
revelado.
dizer, os pesquisadores mapearam todos os pontos em
comum entre os caracteres. Todos os símbolos que levavam
Uma equipe internacional de pesquisadores resolveu
um acento circunflexo (^), por exemplo, significam a letra “e”,
decodificar o documento. O modo como eles trabalharam é
ou seja, a diferença entre símbolos era só mais um engodo
uma verdadeira aula de criptografia. A primeira tentativa
para disfarçar. Um conjunto fixo de caracteres, por sua vez,
para atingir a meta, como conta um professor da
representa o som “cht”, comum no alemão. A partir de
Universidade da Califórnia (EUA), foi a mais óbvia: isolar as
deduções acertadas como essas, o manuscrito foi sendo
letras do alfabeto, uma por uma, do resto do texto com
destrinchado.
caracteres desconhecidos, e juntá-las para ver se formavam
um texto coerente. Mas isso não funcionou.
No campo histórico, as revelações dessas mensagens
têm valor de pesquisa: ajudam a entender como, e até que
A primeira certeza que colocou a equipe de
ponto, sociedades secretas, como essa, influenciaram
pesquisadores perto de um resultado foi a descoberta de que
episódios da humanidade. No campo específico da
todos os símbolos convergiam para formar palavras em
criptografia, como explicam os decifradores da Ordem dos
alemão antigo. Depois de nada menos que 80 tentativas,
Oculistas, cada nova descoberta aperfeiçoa as técnicas para
conseguiram decodificar as duas primeiras expressões de
descobrir o que há por trás de mensagens em código que,
todo o documento: “Cerimônias de Iniciação” e “Sociedade
ainda, são um mistério. ?
Secreta”.
*extraído do site http://www.hypescience.com

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Informe Cultural
IV S EMINÁRIO M AÇÔNICO P ARA A R EGIÃO DE J ACAREPAGUÁ -RJ

A
Francisco Feitosa
Loja Maçônica Isabel Domingues nº 109, multimídia, tópicos, como: a origem da Iniciação; a definição
jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Estado do termo Iniciar + ação; os tipos de Iniciação; a “recepção” na
do Rio de Janeiro, promoverá, no próximo dia 03 Maçonaria Operativa; a influência de outras Ordens no
de março, o IV Seminário Maçônico para a Região de processo iniciático maçônico; origem de símbolos usados na
Jacarepaguá. O evento, que já faz parte do calendário Maçonaria; o Homem e suas vestes sutis; os Chacras e a
maçônico carioca, tem reunido centenas de Irmãos de ritualística; o Templo e o Homem Cósmico; a Iniciação
diversas Lojas da região, ligados às três Potências regulares Simbólica e Iniciação Real.
(GGLL, GOB, COMAB), destacando-se autoridades,
pertencentes à Alta Administração de tais Potências e do O tema, muitíssimo oportuno, serve perfeitamente
Supremo Conselho do Grau 33º do REAA da Maçonaria para para conscientizar nossos Irmãos do quanto é importante o
a República Federativa do Brasil. processo iniciático em nossas vidas e da responsabilidade
assumida por cada um, ao aceitar trilhar tão estreita vereda
Nesses Seminários são proferidas palestras do mais do saber.
alto nível, apresentando, como palestrantes, grandes ícones
da cultura maçônica, membros de Academias Maçônicas, Convido a todos a prestigiarem a quarta edição desse
escritores e maçonólogos, que se destacam por suas obras e se Seminário, quando teremos enorme prazer em recebê-los, a
predispõem a espargir seus ensinamentos aos participantes. fim de abordarmos tão importante tema, quando, com
certeza, aprenderemos juntos.
Nessa 4ª edição, tivemos a grata honra de, mais uma O templo da Loja Isabel Domingues fica situado na
vez, ser convidado pela equipe organizadora para falar sobre Rua Cônego Felipe, 246, no bairro Taquara, em Jacarepaguá,
o tema único do IV Seminário: “A Iniciação Maçônica Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O evento terá início
Comentada Esotericamente”, quando aproveitaremos a às 08h do primeiro sábado de março.
singular oportunidade para expor e debater, através de Temos um encontro marcado em Jacarepaguá! 

Academia da Leitura
T RANSA G RAMATICAL

A
coluna Academia da Leitura brinda nossos leitores com um belo texto, cuja autora,
uma aluna do Curso de Letras da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco –
venceu um concurso interno, promovido pelo Professor Titular da Cadeira de
Gramática Portuguesa. A ideia da publicação do texto é mostrar que escrever é, de fato, uma
arte. Dá para imaginar o deslizar de seu grafite, quando da construção do texto, desenhando
um lindo bailado, construindo o cenário que, com certeza, levará o leitor ao encantamento.
Segue abaixo o texto Transa Gramatical:
“Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo
masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era
bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

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Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do
sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou dando conjunções e
leituras e filmes ortográficos. adjetivos aos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de
preposições, locuções e exclamativas.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num
lugar sem ninguém ver e ouvir. E, sem perder essa oportunidade, Mas, ao ver aquele corpo jovem numa acentuação tônica,
começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e
deixou as reticências de lado e permitiu esse pequeno índice... declarou o seu particípio na história.
De repente, o elevador para: ótimo, pensou o substantivo, Os dois se olharam e viram que isso era melhor do que uma
mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo metáfora por todo o edifício.
depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto
recomeça a se movimentar; só que em vez de descer, sobe e para adnominal. Que loucura, minha gente! Aquilo não era nem
justamente no andar do comparativo, mas um superlativo
substantivo. absoluto. Foi se aproximando dos
dois, com aquela coisa maiúscula,
Ele usou de toda a sua com aquele predicativo do sujeito
flexão verbal e entrou com ela em apontado para seus objetos. Foi
seu aposto. Ligou o fonema e chegando cada vez mais perto,
ficaram alguns instantes em comparando o ditongo do
silêncio, ouvindo uma fonética substantivo ao seu tritongo,
clássica, bem suave e gostosa. propondo, claramente, uma
Prepararam uma sintaxe dupla mesóclise-a-trois.
para ele e um hiato com gelo para Só que as condições eram
ela. Ficaram conversando, estas: enquanto abusava de um
sentados num vocativo, quando ditongo nasal, penetraria no
ele começou, outra vez, a se gerúndio do substantivo e
insinuar. Ela foi deixando, ele foi culminaria com um complemento
usando seu forte adjunto verbal no artigo feminino.
adverbial, e, rapidamente, O substantivo, vendo
chegaram a um imperativo; todos que se poderia transformar num
os vocábulos diziam que iriam artigo indefinido depois dessa,
terminar num transitivo direto. pensando em seu infinitivo,
Começaram a se aproximar, ela resolveu colocar um ponto final
tremendo de vocabulário, e ele na história. Agarrou o verbo
sentindo seu ditongo crescente; se auxiliar pelo seu conectivo,
abraçaram numa pontuação tão jogou-o pela janela e voltou ao
minúscula, que nem um período seu trema, cada vez mais fiel à
simples passaria entre os dois. língua portuguesa, com o artigo
Estavam nessa ênclise quando ela feminino colocado em conjunção
confessou que, ainda, era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu coordenativa conclusiva”.
uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou
levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, Que a leitura do texto sirva ao leitor de inspiração,
e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, estimulando-o a produzir textos tão criativos quanto este.
ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi
avançando cada vez mais; ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, Como de praxe, disponibilizamos mais um livro
com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na virtual para download. “O Malho e o Cinzel” de Luiz
posição de primeira e segunda pessoa do singular. Ela era um Caramaschi, editado pela Editora Sociedade Filosódica Luiz
perfeito agente da passiva; ele, todo paroxítono, sentindo o pronome Caramaschi, Piraju-SP – 2006. Clique no título, baixe-o e boa
do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. leitura! 

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Trabalhos
O S C INCO T IPOS DE D ISCÍPULO

A
Sálvio Albenor Oliveira
iniciação é um processo
aberto a todas as pessoas,
independentemente de
sexo, idade, raça, cor, formação,
profissão, religião e condição social
ou cultural. É lógico que uma pessoa
que tem a mente mais trabalhada
leva vantagem, desde que o orgulho,
vaidade e a prepotência não estejam
à espreita para atrapalhar.
A idade mínima para
começar os estudos e práticas não
está fixada, mas é óbvio que é aquela
onde o entendimento, discernimento
e absorção do conhecimento, mesmo
que de forma parcial, possam existir.
A idade mínima para ingresso em
Iniciação, suportada por Ordens
Secretas, Escolas Iniciáticas e
Movimentos Iniciáticos, depois dos
Graus iniciais de preparação, é de 18
anos completos, onde a maioridade é todos. Mas, como tudo é oculto, não acha nada, acaba desistindo e saindo da iniciação.
usual, a menos que autorização A curiosidade busca descobrir o oculto nas salas, nos livros, nas pessoas, nas
específica seja concedida pelo dependências da instituição, nas reuniões fechadas, nos graus maiores, e não busca o
iniciador ao neófito. Assim, com oculto dentro de si mesmo, exatamente onde Deus escondeu a Verdade. O curioso,
toda essa abertura, cinco tipos de assim, afasta-se, e sua curiosidade o leva para outras bandas.
pessoas procuram a iniciação. Vamos O Indiferente.
ver então, a seguir, em que tipo você É aquele do “tanto fez, como tanto faz”, do “se der deu, se não der não deu”,
se classifica. do “o que vier é lucro”, do “não tenho nada a perder”, do “vamos esperar para ver o
O Curioso. que acontece”. O indiferente entra na Iniciação porque foi convidado, porque tem
A sua curiosidade o leva carona, para acompanhar alguém, ou porque tem tempo disponível para preencher
para saber o que é Iniciação e, com qualquer coisa. A indiferença não permite a sua fixação na Iniciação e muito
também, toda essa história de menos criar vínculos e compromissos; da mesma maneira que sua indiferença o fez
esoterismo, ocultismo e de segredos entrar, da mesma maneira o fará sair, com um saco de conhecimento mais vazio do que
escondidos. A curiosidade é aquele com que entrou.
importante no início para adentrar a O Cético.
Iniciação, mas, se a curiosidade Na Iniciação, o cético fica mais perdido que cachorro em dia de mudança; já está
predominar e for o mais importante, perdido por princípio, pois duvida de tudo e não pode aceitar nada. Assim, não tem
o curioso acaba indo aqui, indo ali, certeza alguma, nem mesmo a de que é cético. Ao duvidar de tudo, fecha as suas portas
procurando lá em cima, lá embaixo, ao entendimento e, cada vez que duvida, mais se encobre com a escuridão do ceticismo e
nessa e naquela dependência, com o manto da ignorância. Fica pouco tempo, pois, como não aceita nada, vai aceitar
perguntando e cutucando a tudo e a muito menos ainda aquilo que é oculto. Assim, afasta-se para duvidar de outras coisas.

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O Fanático. permite distinguir e enxergar como verdade pura;
Esse é terrível. Entra com tudo e, com os dois pés, – Da mesma maneira que não deve aceitar nada,
envolve-se totalmente, cresce muito, sobe a escada do também, não deve duvidar de nada, por mais absurdo, por
conhecimento rapidamente até um patamar, onde estaciona o mais fantástico e por mais incrível que se mostre ou
seu fanatismo, pois joga tudo o que tem no pouco que o seu transpareça a um primeiro momento ou contato, pois, se
fanatismo permite enxergar da Verdade e da Iniciação. Fica recusar diretamente, pode estar fechando as portas para o
nesse patamar e não sai, pensando ter chegado já próximo ao entendimento de grandes verdades, com isso, atrasando sua
final. Nesse patamar, faz da Iniciação a sua religião e das Iniciação.
práticas as ferramentas
para garimpar as pepitas – A verdadeira
ou ouro falso, pensando ser postura do discípulo, em
ouro puro. E aí cria suas qualquer grau de iniciação,
raízes, nunca mais sai, é não aceitar nada e não
perturbando a tudo e a duvidar de nada, mas
todos, como um absorver e armazenar tudo
especialista sem dentro de si e deixar
especialidade alguma, maturar, até que sua
muito menos em Iniciação. própria consciência
Vai se metendo nas conclua e registre, no
Iniciações dos outros e, devido tempo, como sendo
quanto mais quer ajudar, verdade pura, pois
mais consegue atrapalhar. batendo com a verdade,
É triste, mas é a realidade. não existe a mentira, sendo
excluída essa
O Que Busca a Verdade. automaticamente, e, com isso, a Verdade passa a ser
Você deve estar pensando, que é você. Parabéns por Realidade, a Realidade passa a ser Consciência e a
achar, pois esse é o verdadeiro discípulo da Iniciação, aquele Consciência passa a ser Deus manifestado.
que busca a verdade e que segue a regra de ouro, que diz: Esperamos com toda a expectativa e com todo o amor
O discípulo não deve aceitar nada, absolutamente nada do possível, que você seja, realmente, este quinto tipo de pessoa,
que lê, do que ouve e do que é falado na Iniciação, por mais buscadora da Iniciação, ou seja, Buscadora da Verdade. E fico
claro que se mostre ao entendimento, pois, se simplesmente feliz, pois, com certeza, cresceremos juntos e poderemos
aceitar, poderá estar aceitando uma inverdade, não porque se ajudar muitas e muitas pessoas a terem resposta aos maiores
trata de uma inverdade, mas de algo verdadeiro, mascarado questionamentos: De onde vim? O que aqui faço? Para onde
com dogmas, opiniões e preconceitos, cuja aceitação cega não vou? 

C ONSCIÊNCIA M AÇÔNICA
“Seja você a transformação que você quer no mundo!”
(Mahatma Ghandi.)

A
Francisco Feitosa
Maçonaria é o reflexo do que acontece no mundo! Não poderia ser diferente, pois é
dele que extraímos as pedras para serem lapidadas e esquadrejadas para a Grande
Construção. É do mundo que escolhemos pessoas livres e de bons costumes para a
edificação da Obra do Grande Arquiteto do Universo.

Portanto, todo esse processo de convulsão por que passa o planeta e a humanidade,
consequentemente, reflete-se, de certa forma, dentro dos Templos Maçônicos. O ideal seria que
não acontecesse, mas, quando falamos que, do mundo, “escolhemos” aqueles que chamaremos
de Irmão, talvez, seja onde, em parte, resida o problema.

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Escolher é selecionar entre outros; é manifestar
preferência. Daí, deparamos com a responsabilidade do
Padrinho. Esse deverá ter consciência da Ordem de que
participa; de suas responsabilidades como Iniciado Maçom;
do trabalho que dele se espera na Maçonaria junto à
sociedade; principalmente, de que não entramos para a
Ordem com o objetivo de tirar vantagens pessoais, e sim de
oferecer ao mundo a oportunidade de dias melhores, nos
transformando e, consequentemente, transformando o
mundo.
com sua recepção pelas demais Lojas, a partir de 1703,
Desde a fase Operativa, a Maçonaria, sempre, teve rendeu-se à nova formatação maçônica. Embora saibamos que
critérios para admissão de seus membros. Nos primórdios, o esse processo se iniciou em 1600, em Edimburgo, na Escócia,
processo de Iniciação não existia, sendo os pedreiros-livres com a entrada do Maçom Aceito John Boswell – o Lorde de
admitidos através do processo de “recepção”. Embora fosse Aushunleck - na Loja Saint-Mary’s Chapell.
uma cerimônia formal, as informações sobre o caráter do
trabalhador da pedra eram fundamentais para sua recepção, Nessa oportunidade, o movimento rosacruciano, na
não bastando, tão somente, suas habilidades com o maço e o Europa, e a chegada dos chamados ritos alquímicos deram
cinzel. uma nova roupagem à Maçonaria. Antes Operativa, formada,
exclusivamente, por construtores, passava para o que ficou
Na segunda metade do século XVI e início do século conhecido por Maçonaria Especulativa (em particular,
XVII, momento preponderante de alteração estrutural da considero um termo um tanto pejorativo), com a entrada dos
Maçonaria, nossa Ordem sofria perseguições acirradas do Maçons Aceitos e, com eles, vários intelectuais da época,
clero, motivando o rei da França, Francisco I, a revogar os ligados, principalmente, a diversos segmentos místicos e
privilégios dos Franco-Maçons, abolindo guildas, cantarias e esotéricos, trazendo um grande avanço em conhecimentos
demais fraternidades. Na Inglaterra, a rainha Isabel renovava das civilizações antigas e de várias culturas, como a Caballah,
uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembleia o Hermetismo, o Rosacrucionismo, a Alquimia, a
ilegal, sob pena de ser considerada rebelião. Com isso, a Numerologia, a Astrologia, dentre outras.
Maçonaria foi perdendo seu objetivo principal e
transformando-se em uma associação de auxílio mútuo, o que O processo de admissão à Ordem passava da simples
motivou a entrada dos chamados “Maçons Aceitos”. “Recepção” para a cerimônia ritualística de “Iniciação”, com
ingredientes próprios, levando os candidatos a mergulharem
O Grande Incêndio de Londres, em 1666, que destruiu no seu íntimo, renascendo como Iniciados.
a cidade, foi um divisor de águas na época. Foram os
pedreiros livres, perseguidos pela Igreja e pelos governantes, O primeiro templo maçônico, o “Freemason’s Hall”,
que tiveram a responsabilidade de reconstruir as 40 mil casas construído em 1776, na Inglaterra, foi baseado no Parlamento
e 83 igrejas, sob a direção do arquiteto Cristopher Wren, Inglês e não tinha cunho místico ou espiritual. Com o passar
sendo sua obra principal a Igreja de São Paulo, em cujo adro do tempo, os templos foram redecorados com uma
se desenvolveria e estabeleceria, em 1691, uma Loja de simbologia de profundos significados, ligando nossa Ordem
fundamental importância para a Maçonaria moderna, a Loja às culturas da Antiguidade, levando o Maçom a buscar o
de São Paulo (assim chamada, em alusão à Igreja de São arquétipo do símbolo e, nessa busca, encontrar seu Mestre,
Paulo), ou a Loja da Taberna “O Ganso e a Grelha”, que, mais seu Deus Interno.
tarde, uniu-se a outras três, dando origem à Grande Loja de Nesse século, o Iluminismo trouxe, de fato, a luz ao
Londres, início do sistema obediencial maçônico. mundo, originando os movimentos libertários e culminando
com a Queda da Bastilha. Todos os demais feudos, um a um,
Formada pelos Maçons de Ofício, que reconstruíram caíram na virada do Século da Luz para o posterior, e seus
Londres, a Loja de São Paulo, até então, não permitia a efeitos adentraram a América, trazendo a Maçonaria ao Brasil,
admissão em seus Quadros dos chamados “Aceitos”, mas, através das Sociedades Literárias.

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Não se faz necessário narrar aqui os feitos da interna, dê continuidade a sua Obra.
Maçonaria Brasileira, já bem conhecidos por todos. Esse breve Sem essa consciência dos propósitos de uma
e superficial passeio pela história da Maçonaria visa, tão verdadeira Escola de Iniciação, continuaremos a apadrinhar
somente, a conscientizar a quem nos honra, lendo essas pessoas descomprometidas com os objetivos de nossa Ordem,
humildes e pretensiosas linhas, de que transformando a Grande Obra do
a Maçonaria nunca foi e tampouco G∴A∴D∴U∴ em um amontoado de
será um clubinho de serviços, como pedras imperfeitas e eternamente
muitos a querem transformar, brutas, mal-empilhadas, propensas a
utilizando-se de seu ingresso para desmoronar, pois a argamassa
atender a interesses pessoais, ostentar utilizada, nesse caso, é composta pela
títulos e manutenir vaidades. vaidade, pelo orgulho, pelos
interesses pessoais e pela falta de
Somos uma Escola de consciência, portanto, jamais dará
Iniciação, e a etimologia deste termo é liga.
“a ação ou resultado de Iniciar”, ou
seja, de iniciar uma ação interna, O mundo está em convulsão,
permitindo-se uma transformação mas, se nos comprometermos a
moral e superando os maus e velhos pensar e agir como Iniciados,
hábitos, para que haja a verdadeira transformando-nos em Templos Vivos
metástase, a eucaristia, unindo a e não nos comportando como
personalidade (matéria) à profanos, pedras mortas, não
individualidade (espírito). correremos o risco de ouvir,
novamente, da boca do Mestre que,
No passado, os Maçons “(...)desses, não sobrará pedra sobre
Operativos eram chamados a pedra”.
construir templos de pedra. Hoje, a Obra é bem outra! O De posse da trolha de nossa consciência, continuemos,
homem é a Obra mais perfeita já edificada na face da Terra. denodadamente, nesse evolutivo trabalho de conclusão de
Propositalmente, seu Criador o construiu incompleto, a fim nossa eterna construção!
de que o próprio homem, através da Iniciação, de uma ação Fiquemos por aqui! 

A D ESIGUALDADE NA V IDA

P
Cícero dos Santos
or que são os homens sujeitos à
desigualdade na vida? Onde a razão de
nascerem alguns, destinados a uma
instalação faustosa no mundo, e outros a
arrastarem as cadeias da vergonha e da miséria,
que esse mesmo mundo lhes impõe? Se são todos
filhos de um mesmo Pai, por que só alguns são
tratados com amor e carinho e o resto, com
crueldade e desprezo?
Três explicações são apresentadas pela
Ciência e pela Religião. A primeira deriva-se da
Criação Especial, a segunda da Hereditariedade ou
Atavismo, e a terceira da Reencarnação. Vejamos os
fatos arguidos em cada uma dessas hipóteses e
examinemos qual delas satisfaz melhor à razão e à
lógica.

Revista Arte Real 60 10


A Criação Especial – onde, segundo uma Vontade filhos, mas não é capaz de sustentar esta explicação quanto às
Superior, cujos desígnios escapam à nossa compreensão qualidades de caráter, nem dar as razões por que o filho de
(tornando-nos impossibilitados de intervir no nosso próprio um justo pode ser um perverso e o de um sábio, um idiota.
destino), é criada uma alma para cada corpo; Darwin, com a sua teoria, tangenciou esta explicação, mas
A Hereditariedade – que faz de cada homem uma deixou inexplicável a procedência das virtudes sociais através
vítima fatal da herança biológica dos seus antepassados e, da luta pela vida.
portanto, sujeita à mesma... impotência de dirigir os seus
destinos; A hereditariedade satisfaria, no máximo, às pesquisas
A Reencarnação – segundo a qual cada homem faz, na científicas sob o ponto de vista animal da criação. Assim, por
sua vida atual, não só a colheita do que semeou na existência exemplo, ela explica que o alcoólatra transmite à sua prole
passada, como uma nova semeadura para o seu futuro, organismos predispostos à aquisição das mais horríveis
destino. moléstias, porém é omissa quanto aos motivos por que, a tais
A primeira explicação é uma negação peremptória da desventuradas crianças, é reservada a herança infeliz deste
Justiça Divina, eterna e infalível, pois essa é crença de um legado. Que conceitos farão de Deus os desgraçados que
caráter relativo à alma com que foi presenteado. Se, devido à trouxeram ao mundo os estigmas de tal degenerescência?
posse dessa alma (que Ficarão conformados
ninguém escolhe), lhe com a explicação da
couber uma vida de hereditariedade?
torturas e privações,
terá a criatura de se Já a terceira
conformar com a sua explicação diz que
sorte. No caso cada alma humana
contrário, se a pessoa inicia sua carreira no
foi contemplada com mundo, num estado
uma existência de embrionário de
felicidades materiais e conhecimento e saber.
morais, também, não a Pelo que sofre e pelo
solicitou, nem nada que goza numa
fez para a merecer. existência, desenvolve
as suas faculdades
No caso em morais e intelectuais,
que a vida seja dada para que a alma se eduque pelo valor e construindo, destarte, o caráter de que é portadora em cada
pela experiência, como se explica que um corpo nasça e morra nascimento. Este caráter traz, sempre, o limite máximo de
sem ter aproveitado a única oportunidade que lhe ofereceram evolução alcançado na sua última encarnação, isto é, na sua
para isso? Tal explicação não resiste por muito tempo às derradeira existência.
investigações do raciocínio porque este, no fim de todas elas,
é obrigado a reconhecer as injustiças da criação, fazendo do Todas as virtudes e qualidades nobres, que acentuam
homem o único ser sem finalidades e sem progresso. a distinção íntima dessa alma, são recompensas e vitórias
alcançadas à custa de grandes esforços e de perigosas lutas.
Hoje, que a evolução está considerada como uma lei Do mesmo modo, defeitos e fraquezas, vícios e crimes,
universal, não seria momento próprio para isentar a criatura constituem os primeiros passos no caminho do progresso, e
humana, que, sem um “passado” responsável pelas suas todos, porém, começarão lutando e acabarão vencendo, de
venturas ou desditas, não teria um “futuro” compensador, modo a cada um ser lícito recolher o que plantou.
obrigando-o a increpar o Criador como um déspota arbitrário
e inconsciente. No mínimo, a hipótese da Criação Especial Pela explicação da Reencarnação, a felicidade é o
tornaria toda a humanidade descrente. resultado de uma conduta anterior, exemplar, e o sofrimento
indica o corretivo de uma existência pecaminosa. A criança,
A segunda explicação – a Hereditariedade – não é que morre antes de se desenvolver, salda uma dívida que
menos inconsistente. Ela pode servir para explicar, algumas contraiu no passado e volta depois para continuar as
vezes, a transmissibilidade das qualidades físicas dos pais nos experiências.

Revista Arte Real 60 11


O corpo de um idiota, de um estropiado, seja pela felicidade que eles não têm.
intemperança dos pais, seja por motivos outros E a nova legislação, que venha estabelecer o equilíbrio
aparentemente inexplicáveis, é destinado a receber uma alma da riqueza social, a sua distribuição equitativa pelo povo,
que, pelo martírio e pelo sofrimento, aprenderá a corrigir a realizando com fatos a democratização dos governos, só
sua vida anterior. E assim, ininterruptamente, vai-se fazendo encontrará base firme na aceitação da doutrina, promovendo
a ascenção progressiva do homem até Deus. o despertar da consciência humana, estimulando a atividade
da sua espiritualidade e o aperfeiçoamento do seu caráter.
Contra a doutrina da reencarnação, por enquanto, a
única que nos explica razoavelmente o porquê da vida, existe Despertada essa consciência que, no nosso povo,
a fraca objeção da intervenção do livre arbítrio para contrariar sempre, viveu latente ou adormecida, não será difícil
a doutrina evolucionista da alma. Essa objeção não contraria, reconhecer que a vida é um prêmio ou um castigo
antes, a justifica. Se o livre arbítrio é esse poder que tem o transitórios, e daí o dizer-se “que cada povo tem o governo
homem de escolher, conscientemente, a prática do bem ou do que merece”.
mal, é claro que cada um sabe distinguir, perfeitamente, o
valor de suas ações. Poderemos, ainda, relembrar que as leis de causa e
efeito não se aplicam, somente, aos indivíduos, mas, ainda, às
O homem, que, num momento de cólera, levanta o coletividades, constituídas pelas famílias, pelas cidades, pelas
braço criminoso para ferir o seu semelhante, é vítima de um nações, etc.
ímpeto que não soube ou não quis sopitar. Um segundo de
reflexão evitaria o desatino, mas o impulso é animal, é No entanto, o nosso único desejo atual é frisar que a
instintivo, ao passo que a reflexão é humana, é inteligente e verdadeira felicidade humana só poderá ser desfrutada pelo
sujeita a uma evolução que demanda grande esforço e conhecimento da lei da reencarnação, após o despertar da
perseverante treino. nossa consciência.
Eis as palavras que lançamos no coração de todos os
Se o homem, prestes a tornar-se um assassino, pensar brasileiros, tendo os olhos voltados para a imagem dulcíssima
no abismo em que vai precipitar-se, com certeza, abaixará o do Supremo Mestre, quando fazia à turba que o
seu braço quase homicida e não onerará o seu débito moral acompanhava, o célebre Sermão da Montanha, referindo-se ao
com mais esse compromisso. Entre outras muitas coisas em Semeador:
que pensará no momento psicológico do atentado, figurará a “Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava,
idéia do fatal pagamento que, dele ou de seus filhos, será uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e
infalivelmente exigido. comeram-na. E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra
bastante, e logo nasceu porque não tinha terra funda; mas, vindo o
Ora, os esforços inauditos praticados para o nosso sol, queimou-se porque não tinha raiz. E outra caiu em espinhos, e
aperfeiçoamento são pequenos descontos feitos nas nossas os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em terra boa e
dívidas. Desde que, pelo livre arbítrio, procuramos praticar o deu fruto: um grão produziu cem, outro sessenta e outro trinta.
bem e a caridade, ativando os nossos conhecimentos na ânsia Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. (Math. 13.3.8.)
da perfeição e do progresso e desembaraçando-se,
espontaneamente, dos desejos e prazeres, resgatamos, de Que esta mesma imagem do Senhor de Compaixão
algum modo, a dívida contraída. Esta dívida e seus parciais projete a Sua Sombra calma e confortadora pelo campo em
descontos, os espiritualistas chamam de “karma”, ou seja, a que procuramos semear. Que a Sua Infinita Bondade vibre
lei de causa e efeito. suavemente sobre todos os bons semeadores... Que Ele
derrame as Suas Bençãos Misericordiosas sobre os germens,
Se, pela explicação inteligente do nosso livre arbítrio, agora, espalhados, a fim de fazê-los crescer e multiplicar...
não anularmos totalmente essa lei, poderemos reduzi-la Que, finalmente, permita o desabrochar da consciência
grandemente, sem, com isso, alterar-se os desígnios da brasileira até agora adormecida, iluminando os olhos
Criação. É na lei de Karma que repousam os sólidos alicerces anuviados dos Filhos dessa Terra de Promissão e afinando os
da Reforma Social. Desde que uma sociedade não distribua seus desacautelados ouvidos!... 
pelos indivíduos que a constituem, o indispensável conforto e *Matéria extraída da Revista Dhâranâ nº 0 – 2º semestre de
bem-estar, deverá ser reformada de modo a assegurar-lhes a 1925, órgão oficial de divulgação da Sociedade Brasileira de Eubiose.

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Reflexões
P ASSE DE M ÁGICA

O
Armando Correa
desejo é uma parte importante da realização. Ajunte-
se à lista, ainda, conhecimento, atitude
empreendedora, persistência e espírito crítico para
mudar quando necessário. Saber, querer e fazer são condições
para se alcançarem metas. A questão, contudo, diz respeito à
forma de se desejar. O que se espera comumente é que as coisas
aconteçam conforme a crença pessoal, sem se considerar o que
cada objetivo requer verdadeiramente. Embora a pessoa acredite
que esteja plantando corretamente, a semente não vinga, e a
colheita falha.

Um trabalhador, por exemplo, se esforça por


determinado período para chegar mais cedo, ser simpático
com os colegas, agradar ao chefe, na expectativa de obter
promoção e aumento de salário. Mas não investe em si, para
O esbanjador tropeça na perna da imprevidência, mas
adquirir mais conhecimento, autonomia e responsabilidade
se queixa da falta de dinheiro. Gasta sem se preocupar com o
pessoal. Não se leva em conta o que é imprescindível, mas o
futuro. No entanto, quando o porvir lhe chega, faz do seu
que é conveniente. E o resultado esperado, porém, sequer
presente motivo de abominação. Usa o cartão de crédito livre
passa perto das possibilidades. Então, a boa vontade cai,
e alegremente até a fatura lhe causar tristeza.
fazendo elevar o descaso.
O aluno quer o diploma e a festa de formatura.
De um jeito ou de outro, não basta querer para obter.
Todavia, não estuda e quer que seus exames resultem
É preciso mais. Não há mágica. Mas pode existir ilusão. É
favoravelmente com boas notas. Não é assíduo e protesta,
possível crer, com veemência, que dará certo aquilo que, se
julgando-se injustiçado ao constatar as faltas registradas.
analisado à luz da consciência, mostra-se claramente
Conversa durante a aula e estranha o desconhecimento acerca
improvável. O devaneio pinta o cenário com lindas cores, o
do tema apresentado. Demora a iniciar um trabalho e se diz
esboço, que mal saiu dos contornos de carvão. É crer que as
vítima da falta de tempo. Atira pra baixo e reclama de acertar
parcelas do seguro-desemprego não se acabam. O bolo não
o próprio pé.
queima. A desculpa resolve. O tanque reserva é suficiente. O
tempo espera. A droga não vicia. Nada atrapalha. A saúde é
Uma pessoa abre seu negócio sem observar o mercado
inabalável... A lista é interminável, e cada um a escreve à sua
e perde informações que poderiam lhe render a
moda.
sobrevivência, quiçá, o progresso. Pouco se dispõe a
Eis o risco: se autoiludir na certeza de controlar a
mudanças, não se atualiza, torna-se obsoleta e pouco
ilusão. Negar a existência do engano sem percebê-lo em si
competitiva. Não se mexe, apenas, aguarda e, ainda, lamenta-
mesmo. 
se da maré de azar. É como lançar o anzol sem a isca.

Boas Dicas
V
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maçônicos e não-maçônicos, que muito deverão ajudá-los na composição de suas Peças de Arquitetura. Indique
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Revista Arte Real 60 13


Lançamentos
“Tudo é Uma Questão de Atitude – Sonho e Visão” é um livro
que vai te ajudar a replanejar sua vida, reconhecer a importância de
uma atitude positiva, e outros aspectos essenciais como perdoar e
elogiar. Cada artigo serve como tema para profunda reflexão, levando
o leitor a buscar entender a si mesmo, ingrediente fundamental no
processo de autotransformação. Recomendo como livro de cabeceira.
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“Indicamos aos nossos diletos leitores, como livro de cabeceira,


a excelente obra de nosso Irmão e Amigo, Alfredo Netto, que,
magistralmente, uniu seu vasto conhecimento com a arte de bem escrever,
traduzindo-se em um livro que, levará o ávido leitor a profundas reflexões
e, consequentemente, a um eterno aprendizado!” Feitosa.
Os direitos autorais foram cedidos à Loja Maçônica União e Solidariedade -
GLESP, acordado que o lucro advindo da venda se reverta para obras de
Filantropia.?

“O Mito Jesus – A Linhagem e a Descendência do Mestre!” - O


autor apresenta, em três livros, um trabalho sério de 15 anos de
pesquisas, baseado em documentos, sobre a identidade, a genealogia
e a relação do Mestre Jesus com diversas personalidades do mundo
atual.
Um trabalho único e ousado, já que pouquíssimos autores
ousaram adentrar nessa linha de pesquisa que, com certeza, vai de
encontro a “verdade” imposta pelo Vaticano!
Recomendamos sua leitura!

A
rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na
ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação,
integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, hoje, para 24.000 e-mails de
Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas
particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura
maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do
momento a que chamamos de “Quarto de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho!
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º
Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º
Colaboradores nesta edição: Armando Correa – Cícero Santos – João Camanho – Sálvio Albenor.
Contatos: MSN - entre-irmaos@hotmail.com / E-mail – revistaartereal@entreirmaos.net / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca /  (35) 3331-1288 / 8806-7175

Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição!

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