Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Resumo: O presente artigo tem por objetivo refletir sobre o papel das práticas discursivas na
redação de teses de doutorado nas línguas inglesa e portuguesa, considerando-se aqui apenas o
capítulo de conclusão. A pesquisa, que se caracteriza como uma investigação descritiva e
comparativa, analisou dez capítulos de conclusão de teses de doutorado na área de análise do
discurso e lingüística de texto. Duas práticas discursivas foram examinadas: a estrutura retórica do
capítulo, segundo o modelo de Swales (1990), e a forma como os escritores se projetam em seus
textos. Os resultados apontaram quatro unidades retóricas na redação dos capítulos conclusivos e
uma sensível diferença nas duas culturas quanto ao papel que o escritor escolhe para se projetar
no capítulo final das teses.
Palavras-chave: gênero acadêmico; tese de doutorado; prática discursiva.
1 INTRODUÇÃO
* Professora da Universidade Estadual do Ceará. Doutora em Letras - Inglês e Literaturas Correspondentes. E-mail:
<dilamar@fortalnet.com.br>.
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
3 METODOLOGIA
(3) Perhaps the main conclusion from this study is that bringing any
one aspect of discourse meaning to the foreground will inevitably blur the
boundaries between any other set of linguistic or discourse categories. […]
Rather than distinguishing evaluation as a category, then, I have proposed
looking at a whole text as a single realization of evaluation. I have
proposed three parameters and three functions of evaluation, and also three
types of analysis. In the experimental research articles under discussion,
the sets of three are associated as follows. [TLI 1, UR 2, p. 355-356]
(4) In this study I have described and compared the behaviour, as exhibited
in the talk, of participants within two sets of feedback sessions, and offered
explanations for this behaviour. The findings can be summarized as
follows:…. [TLI 5, UR 2, p. 261]
(6) Whilst this study has added little to the ‘Whorfian debate’, it does offer
some contribution to the discussion of how linguistic connectives are
interpreted in a variety of languages and the implications for the teacher and
the learner of mathematics. It suggests that, in teaching mathematics, we should
be aware of the potential ambiguity in the interpretation of logical relationships
conveyed through natural language. [TLI 1, UR 4, p. 267-268]
(7) I hope that the findings of this research will be of interest to teacher
trainers and to those concerned with in-service training and development
within the ELT profession – both in the UK and overseas. The study may
even contain some points which are relevant to those interested in the training
and development of teachers of other subjects. [TLI 5, UR 4, p. 264]
discursiva. Dessa forma, enquanto alguns usos de I/eu são exemplos discretos de
manifestação de autoridade no texto, outros usos são considerados formas de o escritor
dialogar com seus pares. O uso de “we” tanto pode ser inclusivo (sinaliza a interação
escritor – leitor) quanto exclusivo (sinaliza voz de autoridade no texto, mas de forma
polida e positiva). No caso dos capítulos de conclusão em análise, percebe-se que
ambos os usos de I e we (eu ou nós) marcam a voz de autoridade: o escritor apela para
o leitor para aceitar suas suposições, hipóteses ou conclusões alcançadas com os
resultados da investigação. A seleção e uso desses pronomes podem refletir relações
de poder, ou mesmo, a tentativa de provocar efeitos não pretendidos.
Nos exemplos de 13 a 18, percebe-se a presença do escritor, quando usa o
pronome pessoal “I” e a forma “we” (como sujeito universal e autoria coletiva),
revelando a autoridade do escritor no texto e seu domínio de um campo particular
de conhecimento, como também no sentido de ser “um construtor de significados
^
de seu texto” (IVANIC , 1994, p.12). O uso do pronome “we” ocorreu com mais
freqüência do que o pronome “I”, revelando que o escritor, embora interpretando e
argumentando, compartilha conhecimento com aqueles que de alguma forma
pertencem à comunidade científica, buscando, em última instância, a construção e
legitimação de um saber postulado pelo discurso científico. A seleção dos pronomes
“I” e “we”, numa dimensão interpessoal, tem por finalidade alcançar uma interação
entre escritor-leitor, através do texto, e revela-se como uma atividade de divulgar
ciência num verdadeiro fazer persuasivo.
Dessa forma, na construção da interação entre o escritor e seus pares
(leitores), o escritor expressa-se por meio de formas pronominais de referência
pessoal: o uso dos pronomes “I” e “we”, que, numa escala de maior ou menor grau,
revela a presença do escritor nos capítulos de fechamento das teses como uma forma
de convencer o interlocutor e ganhar adeptos ao longo do seu percurso discursivo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992 [1953].
BHATIA, V. K. Integrating products, processes, purposes and participants in professional
writing. In: CANDLIN, C. N.; HYLAND, K. (Eds.). Writing: texts, processes and practices.
London: Longman, 1999. p. 21-39.
BUNTON, D. The structure of PHD conclusion chapters. Journal of English for
academic purposes, n. 4, p. 207-224, 2005.
______. The use of higher level metatext in Ph.D theses. English for specific
purposes, n. 18, p. 41-56, 1999.
DUDLEY-EVANS, T. Genre analysis: an investigation of the introduction and discussions
sections of MSc dissertations. In: COULTHARD, M. (Ed.). Talking about text.
Birmingham: English Language Research, 1986. p. 128-145.
______. Genre analysis: an approach to text analysis for ESP. Advances in written text
analysis. In: COULTHARD, M. (Ed.). London: Routledge, 1994. p. 219-228.
HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Language, context, and text: aspects of language in a
social-semiotic perspective. Oxford: OUP, 1989.
HARWOOD, Nigel. ‘We do not seem to have a theory…. The teory I present here attempts
to fill this gap’: inclusive and exclusive pronouns in academic writing. Applied
Linguistics, Oxford University Press, v. 26, n. 3, p. 343-375, 2005.
HILL, S. S.; SOPPELSA, B. F.; WEST, G. K. Teaching ESL students to read and write
experimental research papers. TESOL Quarterly, v. 16, n. 3, p. 333-347, 1982.
HYLAND, K. Disciplinary discourses: writer stance in research articles. In: CANDLIN, C. N.;
HYLAND, K. (Eds.). Writing: texts, processes and practices. London: Longman, 1999. p.
99-121.
______. Options of identity in academic writing. ELT Journal, v. 56, n. 4, p. 351-358, 2002.
HEWINGS, M. The end! How to conclude a dissertation. In: BLUE, G. M. (Ed.). Language,
learning and success: studying through English. London: Modern English Publications
and the British Council, MacMillan, 1993.
^
IVANIC, Roz. I is for interpersonal: discoursal construction of writer identities and the
teaching of writing. Linguistics and Education, v. 6, n. 1, p. 3-15, 1994.
PALTRIDGE, B. Thesis and dissertation writing: an examination of published advice and
actual practice. English for specific purposes, n. 21, p. 125-143, 2002.
SPINK, Mary J. P.; FREZZA, Rose M. Práticas discursivas e produção de sentidos: a
perspectiva da Psicologia Social. In: SPINK, Mary Jane (Org.). Práticas discursivas e
produção de sentidos no campo – aproximações teóricas e metodológicas. São
Paulo: Cortez Editora, 1999. p. 17-39.
SWALES, J. M. Aspects of article introductions. Birmingham: The University of Aston, 1981.
______. Genre analysis: English in academic and research settings. Cambridge:
Cambridge University, 1990.
______. Genre analysis: research genres – explorations and applications.
Cambridge: Cambridge University, 2004.
TANG, R.; JOHN, S. The “I” in identity: exploring writer identity in student academic writing
through the first person pronoun. English for specific purposes, n. 18, p. 23-39, 1999.