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O papel do ventilador no circuito de ventilação é o de Na realidade, cada uma dessas resistências é
fornecer energia ao ar sob a forma de pressão, de tal composta das associações das resistências devido a
maneira que sejam vencidas as resistências à cada um dos fatores mencionados anteriormente. Por
circulação do ar e que seja garantida uma vazão de ar exemplo, a resistência Rcae é composta pela soma da
mínima necessária. resistência de atrito na superfície interna dos canais
O trabalho de seleção do ventilador passa axiais entre o estator e carcaça, com as resistências
primeiramente pela determinação da curva de perda devido às contrações e expansões bruscas que
de carga total do sistema de ventilação (curva ocorrem na entrada e saída dos canais,
Pressão X Vazão). respectivamente.
Após esta determinação, é necessário encontrar um
ventilador, o qual possua uma curva característica 3. RESISTÊNCIAS DE PERDA DE CARGA
Pressão X Vazão cuja interseção com a curva de POR ATRITO
perda de carga do sistema forneça a vazão adequada
ao sistema de refrigeração. Para obter uma expressão da resistência de perda de
carga devido ao atrito de um fluido com as paredes é
2. CIRCUITO DE RESISTÊNCIAS DE necessário uma análise do tipo de escoamento:
PERDA DE CARGA EQUIVALENTE - o escoamento laminar caracteriza-se por possuir
uma boa ordenação do movimento macroscópico
O circuito físico de ventilação da figura 1 pode ser das camadas fluidas, sendo dominado pelas
substituído por um circuito equivalente semelhante a chamadas forças viscosas;
um circuito elétrico, composto por resistências de - no escoamento turbulento prevalecem as forças
perda de carga. de inércia e é caracterizado pela irregularidade no
A figura 2 mostra o circuito das resistências de perda movimento das partículas de fluido, formando
de carga equivalente ao circuito físico da figura 1. redemoinhos e flutuações locais de velocidade.
Na figura 2 cada uma das resistências encontra-se
representada de forma simplificada e têm os seguintes A razão entre as forças de inércia e as forças viscosas
significados: para uma dada situação de escoamento interno em um
- Rtroc é a resistência de perda de carga do trocador duto é relacionada através de um número a
de calor; dimensional chamado Número de Reynolds [1],
- Rcae é a resistência de perda de carga nos canais definido por :
axiais entre o estator e a carcaça;
Força _ de _ inércia ρ .v.D
- Rca1 é a resistência de perda de carga nos canais Re = = (1)
axiais do estator; Força _ vis cos a µ
- Rcabbd é a resistência de perda de carga através da
cabeça de bobina dianteira do estator; onde:
- Rpcabbd é a resistência de perda de carga na região - ρ é a massa específica do fluido
paralela à cabeça de bobina dianteira do estator; - v é a velocidade média de escoamento do fluido
- Rcabbt é a resistência de perda de carga através da - D é o diâmetro hidráulico equivalente do duto;
cabeça de bobina traseira do estator; - µ é a viscosidade dinâmica do fluido.
- Rpcabbd é a resistência de perda de carga na região
paralela à cabeça de bobina traseira do estator; Para escoamentos internos em dutos, existem gráficos
- Rca2 é a resistência de perda de carga nos canais obtidos experimentalmente [1] relacionando o
axiais do rotor; Número de Reynolds à rugosidade relativa das
- Rdelta é a resistência de perda de carga no superfícies internas dos dutos. A função experimental
entreferro; que relaciona essas duas grandezas é chamada fator
de atrito.
Pvent Qtotal
Rtroc O tipo de escoamento altera-se de acordo com a
~
Qpcabbd Qcae velocidade do fluido. Para Números de Reynolds
Rpcabbd Rcae
abaixo de 2000, o escoamento é laminar e o fator de
Qa atrito f pode ser expresso analiticamente por:
Rcabbd Rca1
Qcabbd Qca1
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Qdelta Qcabbt f = (2)
R delta Rcabbt Re
Qb
Para Números de Reynolds acima de 4000 o
R ca2 Rpcabbt
Q 2 Qpcabbt escoamento é considerado turbulento e o fator de
Fig. 2 – Circuito das resistências de perdas de carga atrito pode ser expresso analiticamente, com boa
equivalente. precisão, por:
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−2 Diversos autores trazem tabelas e gráficos das
ε 5.74 (3) resistências de perda de carga localizadas.
f = 0.25.log r + 0.9
3.7 Re As referências [1] e [2] são ricas em tabelas e
gráficos de resistências de perda de carga localizadas.
onde εr é a rugosidade relativa da superfície interna
do duto. 5.ASSOCIAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS DE
A região de Número de Reynolds entre 2000 e 4000 é PERDA DE CARGA EM SÉRIE
dita região de transição, pois nela ocorre a transição
entre o regime laminar e o turbulento. Apesar das Sejam duas resistências de perda de carga R1 e R2 da
incertezas, uma boa aproximação é fazer uma figura 3, as quais se encontram em série e pelas quais
interpolação do fator de atrito entre o valor para o circula uma mesma vazão de ar Q.
Número de Reynolds igual a 2000, f2000 e para o
Número de Reynolds igual a 4000, f4000: Q1 Q2
Q
A R1 B R2 C
(Re− 2000)( f 4000 − f 2000 ) (4)
f = + f 2000 Fig. 3 - Resistências de perda de carga em série.
2000
A perda de carga na resistência R1 entre os pontos A
A perda de carga devido ao atrito entre o fluido e
e B pode ser escrita:
superfície de escoamento pode ser expressa por:
ρ .L.v 2 ρ .L ∆PAB = PB − PA = R1 .Q12 (9)
∆Pr = f . = f. 2
.Q 2 (5)
2.D 2. A .D e,
onde: PA = PB − ∆PAB (10)
- L é o comprimento do duto
A perda de carga na resistência R2 entre os pontos B e
- A é a área transversal de escoamento;
C fica:
- Q é a vazão do fluido.
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Q1 Observando a figura 2, o primeiro passo é fazer a
R1 associação das curvas das resistências de perda de
Q Q carga que se encontram em paralelo, através do uso
A B
R2 da equação 23.
Q2 O circuito equivalente da figura 2 reduz-se então ao
Fig. 4 - Resistências de perda de carga em paralelo. da figura 5.
Pvent Qtotal
A vazão total que passa pelas duas resistências é: ~ Rtroc
Q = Q1 + Q2 (17) Rp2
Qa
Rp1
Qa
Qb Qb
A perda de carga na resistência R1 entre os pontos A Rp4 Rp3
e B pode ser escrita: Fig. 5 – Circuito equivalente resultante das associações em
paralelo da figura 2.
∆PAB = PB − PA = R1 .Q12 (18)
donde: O passo seguinte é fazer a associação das curvas das
∆PAB
Q1 = (19) resistências de perda de carga que se encontram em
R1 série, através da equação 16, reduzindo o circuito ao
da figura 6.
Da mesma maneira, a perda de carga na resistência R2
fica:
Pvent Qtotal
Rtroc
∆PAB = PB − PA = R2 .Q22 (20) ~
Qa
Rs1
donde:
∆PAB (21) Qb
Q2 = Rs2
R2 Fig. 6 – Circuito equivalente resultante das associações em
série da figura 5.
Para uma resistência de perda de carga equivalente
pela qual passasse uma vazão Q, a perda de carga A seguir, basta associar as curvas das duas
seria: resistências que se encontram em paralelo, resultando
no circuito da figura 7.
∆PAB = Req .Q 2 (22)
Pvent Qtotal
Substituindo as expressões 19 e 21 em 17 e, esta em
~ Rtroc
22, chega-se a seguinte expressão para a resistência
equivalente de perda de carga da associação em Qtotal
Rp5
paralelo:
R1 .R2
Req =
( )2 (23) Fig. 7 – Circuito equivalente resultante da associação em
R1 + R2 paralelo da figura 6.
7. SOLUÇÃO DO CIRCUITO DE Finalmente, a curva da resistência resultante anterior
RESISTÊNCIAS DE PERDA DE CARGA será associada em série com a curva da resistência de
perda de carga do trocador de calor, obtendo-se a
Um sistema de equações equivalentes para o circuito curva da resistência de perda de carga total do
das resistências de perda de carga será de difícil sistema.
solução, haja visto a natureza das equações. A perda De posse da curva da resistência de perda de carga de
de carga em cada resistência individual varia com o
quadrado da vazão e a própria resistência de perda de 200
sistema.
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
100
individuais em cada trecho do circuito. Fig. 9 – Curvas de Perda de Carga X Vazão das
Partindo do princípio de que em resistências em série resistências Rs1, Rs2 e Rp5, e determinação das vazões em
cada uma das resistências associadas em paralelo.
as vazões são as mesmas e de que em resistências em
paralelo as pressões é que são comuns, pode-se,
através das curvas Pressão X Vazão de cada 9. CONCLUSÕES
associação de resistências, determinar as vazões em
cada resistência da associação. Assim, sejam as A metodologia aqui apresentada procura levar em
curvas de perda de carga apresentadas na figura 8, consideração cada um dos mecanismos de dissipação
relativas à resistência de perda de carga total e a cada de energia de pressão do sistema de refrigeração. O
uma das resistências Rp5 e Rtroc da figura 7. conhecimento da curva de Pressão X Vazão final do
Como as resistências Rp5 e Rtroc encontram-se em sistema é fundamental para a correta seleção do
série, a vazão nestas resistências é a mesma. Assim, ventilador. O fato da possibilidade de cálculo das
traçando-se uma reta de vazão constante passando vazões de ar em cada trecho individual da máquina
pelo ponto de operação do ventilador, os pontos onde elétrica é fundamental para a solução do circuito
esta reta interceptar as curvas relativas a cada uma térmico de refrigeração, o que possibilitará o cálculo
das resistências da figura 7, fornecerão as pressões das temperaturas em cada ponto de interesse.
em cada uma delas. A pressão total do ponto de
operação será igual à soma das pressões em cada 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
resistência individual Rp5 e Rtroc.
[1] Fox, R. W. & McDonald, A. T., “Introdução à
Como resistências em paralelo apresentam pressões Mecânica dos Fluidos”, Editora Guanabara Koogan, Rio de
comuns, as vazões nas resistências Rs1 e Rs2 em Janeiro, 1995
paralelo na figura 6 podem ser obtidas a partir do
conhecimento da pressão obtida anteriormente na [2] Idelcik, M., “Memento des Pertes de Charge”, Eyrolles
resistência Rp5. A figura 9 apresenta as curvas de Editeur, Paris, 1969.
Pressão X Vazão de cada uma das resistências Rs1 e
Rs2 e da resistência Rp5 resultante da associação em
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