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Direito Ambiental

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

600.02

Sumário
Observações iniciais ........................................................................................................ 2
Recomendação bibliográfica .......................................................................................... 2
1. Meio ambiente ....................................................................................................... 2
1.1 Conceito ............................................................................................................ 3
1.2 Classificação ...................................................................................................... 3
1.3 Direito ambiental como direito fundamental de terceira dimensão ............. 11
1.4 Evolução histórica ........................................................................................... 17
Questão......................................................................................................................... 18
1.5 Diferença entre direito humano e direito fundamental ................................. 24
2. Política Nacional do Meio Ambiente .................................................................... 28
2.1 Princípios e objetivos ...................................................................................... 28
Questão......................................................................................................................... 29
3. Princípios de Direito Ambiental ............................................................................ 30
Questão......................................................................................................................... 30
3.1 Desenvolvimento sustentável......................................................................... 31
Questão......................................................................................................................... 34
Questão......................................................................................................................... 35
3.2 Princípio da prevenção e da precaução .......................................................... 36
Questão......................................................................................................................... 40
Questão......................................................................................................................... 41

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600.02
Professor: ILAN PRESSER
Juiz Federal em Belém/PA
e-mail: ilan_presser@hotmail.com

Observações iniciais

Matéria curta. Muitas questões


Ex. TRF1 21/06/2015 – 9 questões (9% da prova)
TRF5 29/03/2015 – 8 questões (8% da prova)
MPF Grupo 2
28º MPF 22/03/2015 – 6 questões
27º MPF 2013 5 questões

A matéria, embora vasta, é considerada curta no concurso da magistratura e do MP.


Algumas leis são sempre perguntadas, a exemplo das Leis 6938/81 (Código Florestal),
9985/2000 (SNUC), os dispositivos constitucionais, o patrimônio cultural do art. 216, CRFB, o
art. 225, CRFB, a nova lei da biodiversidade (13123/2015), lei complementar 140/2011 que
distribui as competências para o licenciamento e seu decreto regulamentador nº 8437/2015
e as decisões judiciais.

Recomendação bibliográfica
 Edis Milaré
 Paulo de Bessa Antunes
 Paulo Sirvinskas
 Pacheco Fiorillo
 Rubens Morato
 Cristiane Derani
 Nos casos de manuais para leitura na íntegra, o professor recomenda aqueles
que sejam voltados para concurso, a exemplo do livro do Frederico Amado ou do Anderson
Furlan.
 Para o MPF recomenda-se, ainda, a leitura dos pareceres do MPF.

1. Meio ambiente

1. Meio ambiente

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Redundância
Conceito legal (6938/81)

1.1 Conceito
Meio ambiente é uma expressão que contém uma redundância, ou seja, meio é
ambiente, ambiente é meio, isto é, qualquer das palavras já seria suficiente, mas trata-se de
uma expressão já consagrada no direito internacional e no direito pátrio, por isso utiliza-se a
expressão meio ambiente, cujo conceito legal está na lei de política nacional do meio
ambiente (Lei 6938/81), esse conceito legal foi recepcionado, juntamente com toda a lei, pela
CF/88, no entanto, ele é amplo, mas não tão amplo quanto a Constituição.
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

Esse conceito é bem amplo, mas não amplo o suficiente para a Constituição. A 4ª
Câmara de coordenação e Revisão é da defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural.1
A Resolução CONAMA 306/2002 amplia o conceito.
ANEXO I
XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física,
química, biológica, social2, cultural3 e urbanística4, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas.

Essa Resolução CONAMA é norma infralegal, não poderia criar ou restringir direitos,
no entanto ela apenas declara/explicita algo que é trazido pela própria Constituição, que é a
inclusão no meio ambiente das condições, influencias e interações sociais, culturais e
urbanísticas, que permitem e abrigam a vida na terra.

1.2 Classificação

- Natural ou físico SNUC, Código Florestal, Lei da Biodiversidade


- Artificial Estatuto da Cidade 10.257/01, Direito Urbanístico, Estatuto da Metrópole
(13.089/2015)

1
Para o MPF, o Professor ressalta a importância da leitura dos enunciados da 4ª Câmara e os manuais
de atuação dos Procuradores da República nesses temas da 4ª Câmara.
2
Questões sociais também estão inseridas no conceito de meio ambiente.
3
Meio ambiente cultural.
4
Direito de vizinhança tradicionalmente tratados no direito civil, agora adquirem especial relevo para o
direito ambiental.

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- Cultural art. 216 e ss. da Constituição, Decreto Lei 25/37, lei da biodiversidade
(conhecimento tradicional associado) especial significância
- Do Trabalho
- STF ADI 3540 adota essa classificação

Essa classificação em meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho é adotada


pelo STF (ADI 3540).
ADI 3540:
EMENTA: MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART.
225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE -
DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O
POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A
ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS
INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART.
225, § 1º, III) - ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE -
MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI - SUPRESSÃO DE
VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR
OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE
QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES
DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O
ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS -
CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS
RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES
(FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTÃO DA
PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO
CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISÃO NÃO
REFERENDADA - CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A
PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE
UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de
terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ
158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de
defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de
titularidade coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento
desse encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaurarão, no
seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao
dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso
comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER
EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do meio ambiente não pode ser

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comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica,
considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros
princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que
traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio
ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional
objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as
propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável
comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população,
além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em
seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º,
II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART.
225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO
DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O
princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente
constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos
pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as
exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse
postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes,
a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo
essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do
meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser
resguardado em favor das presentes e futuras gerações. O ART. 4º DO CÓDIGO FLORESTAL
E A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001: UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. - A Medida Provisória nº 2.166-67, de
24/08/2001, na parte em que introduziu significativas alterações no art. 4o do Código
Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei
Fundamental, estabeleceu, ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo
Estado, das atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de preservação permanente,
em ordem a impedir ações predatórias e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação
de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora propiciada, de modo
adequado e compatível com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questão.
- Somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente aos espaços territoriais
especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1º,
III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio da reserva legal. - É lícito ao Poder
Público - qualquer que seja a dimensão institucional em que se posicione na estrutura
federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) - autorizar, licenciar
ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços
territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições,
limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a
integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de
regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III). (ADI 3540 MC, Relator(a): Min.

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CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-00014
EMENT VOL-02219-03 PP-00528)

 Que classificação é essa?


O meio ambiente natural ou físico é aquele que implicitamente se reconhece como
meio ambiente, qual seja, aqueles do sistema nacional das unidades de conservação, dos
espaços territoriais especialmente protegidos, que são as áreas de preservação permanente,
a reserva legal, as próprias unidades de conservação, o Código Florestal, a lei da
biodiversidade, que regula o conhecimento tradicional e o patrimônio genético a ele
associado5.
O meio ambiente artificial é aquele que decorre das cidades, nas cidades há muitos
problemas, a exemplo do barulho, da poluição visual (v.g. lei da cidade limpa em São Paulo
para combater a poluição visual), é uma adequada utilização do solo urbano, por isso a
Constituição, por exemplo, traz o IPTU com finalidade extrafiscal, ou seja, aquele que não
promove o adequado uso do solo urbano, uma vez que isso implica problemas para todo o
meio ambiente artificial, por isso o Estatuto da cidade (Lei 10.257/2001), toda a disciplina do
direito urbanístico, do direito de vizinhança, o novo estatuto da metrópole (Lei 13.089/2015)
que busca dividir as responsabilidades nas metrópoles entre Estados e Municípios (exemplo:
Estado de São Paulo e Município de São Paulo, Estado do Rio de Janeiro e Município do Rio de
Janeiro, uma vez que é comum, na mídia, o que se conhece por “jogo de empurra”, em que
cada ente diz que as atribuições pertencem ao outro ente).
Trata-se a metrópole de uma situação complexa, o Município de São Paulo ou do Rio
de Janeiro possuem orçamento superior ao de muitos Estados da federação e esse estatuto
visa regular o equilíbrio das relações entre ente estadual e municipal, uma federação
cooperativa e um pacto federativo adequado e é uma lei que visa evitar o conflito negativo de
atribuições/competências no âmbito estadual.
O meio ambiente artificial são as cidades em que vivemos.
O meio ambiente cultural (a Resolução CONAMA 306/2002 inclui o elemento cultural
no meio ambiente, amplificando a definição legal da lei 6938/81), está previsto no art. 216 da
CRFB, no Decreto-Lei 25/37 que disciplina o tombamento, a própria lei da biodiversidade
também tutela o conhecimento tradicional associado que adquire uma especial significância
que é o elemento distintivo do meio ambiente cultural para o artificial.
Exemplo: um prédio é meio ambiente artificial, mas um prédio de um arquiteto
renomado, a exemplo de uma construção de Gaudi, o Parque Güell é um meio ambiente

5
Essa última do ano de 2015. A vantagem da profusão de leis em temas de direito ambiental é no sentido
da necessidade de conhecimento apenas do texto legal, haja vista que inexistem debates jurisprudenciais ou
doutrinários acerca dessas leis.

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cultural, uma vez que possui uma especial significância que se espraia para além do tempo
presente, mas um simples prédio não o é. Uma obra de Santiago Calatrava, um famoso
arquiteto espanhol de Valência evidentemente é patrimônio cultural, qualquer outra obra não
é uma ponte dele, é patrimônio cultural, da mesma forma que em Brasília todo o Eixo
Monumental, as obras de Niemeyer, o paisagismo de Lúcio Costa estão tombados pelo
patrimônio histórico, inclusive pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, meio
ambiente cultural.
São quatro espécies de meio ambiente.
O meio ambiente cultural são os bens que adquirem uma especial significância.
Questões interessantes para a prova oral seriam as seguintes:
 Diferencie meio ambiente cultural de artificial.
 Discorra sobre as quatro espécies de meio ambiente.
O Meio ambiente do trabalho trata-se da salubridade no meio em que se labora, em
que se labuta. Trata-se de equipamento de proteção individual, de condições adequadas de
higiene, de ausência de barulho, um trabalho em um ambiente adequado.6
A ADI 3540 adota essa classificação.
 Por que se protege o meio ambiente? Para quem se protege o meio ambiente?
Para ele como um fim em si mesmo ou para o ser humano, o homem considerado?

- antropocentrismo x biocentrismo (fim em si mesmo, valor intrínseco) (ex.


Constituição do Equador).
Antropocentrismo
Encíclica do Papa Francisco "Laudato Si'". Junho de 2015. Discurso na Bolívia.
“não se pode salvar a criatura (os homens) do pecado e da miséria sem salvar
também a criação (a natureza)”
- Antropocentrismo alargado, mitigado. Utilidade direta e indireta. Equilíbrio.

Para a visão antropocêntrica que é aquela prevalente no direito brasileiro há um fim


da proteção ambiental que é servir à própria existência da vida humana e que essa existência
seja com dignidade, ou seja, existência da vida e dignidade da pessoa humana, essa é a razão
da existência do estudo de direito ambiental. Então, se protege determinada floresta, se tem
uma série de normas restritivas sobre a atividade econômica para servir ao homem.

6
Um exercício interessante que o candidato pode fazer para a prova oral sem comprometer o exercício
normal feito entre as provas é ao fim da matéria, estipular quatro questões simples e respondê-las.

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Essa é a Constituição brasileira é o regime brasileiro, embora com pitadas biocêntricas,
a exemplo da vedação de práticas cruéis contra os animais. Exemplo: se houver rinha de galo
não há qualquer prejuízo para a existência do homem - pitada biocêntrica, mas o sistema é
antropocêntrico.
O biocentrismo prega que a existência do meio ambiente existe como um fim em si
mesmo, independente da utilidade ao ser humano, portanto, biocentrismo na Constituição do
Equador prega que independente de satisfazer uma necessidade humana, o meio ambiente
deve ser preservado como um fim em si mesmo. Se preserva uma floresta para que haja um
equilíbrio ambiental entre as espécies e não para servir ao ser humano, essa é a Constituição
equatoriana. Há um fim em si mesmo, um valor intrínseco na proteção do meio ambiente.
Há um meio termo como em tudo no direito entre essas duas classificações, que é o
antropocentrismo alargado, conceito trazido pelo Professor José Rubens Morato.
O antropocentrismo alargado (ou biocentrismo mitigado) protege o ser humano,
protege o meio ambiente com a utilidade direta, que é aquela que visa servir o homem com
o meio ambiente, mas também a utilidade indireta ao ser humano.

Antropocentris
mo biocentrismo
utilidade direta

Antropocentrismo alargado
Utilidade indireta
No caso do antropocentrismo alargado o meio ambiente existe sim para proteger o
homem, mas até certo ponto, ou seja, uma utilidade indireta também é suficiente. O nexo de
causalidade é alargado, é robustecido, não é necessária a comprovação de um benefício
imediato ao homem para que se estabeleça determinada proteção ambiental, mas apenas
algo indireto, por exemplo, a beleza cênica de uma região. A beleza cênica não serve
diretamente a existência, a dignidade humana, mas indiretamente, por isso antropocentrismo
alargado visando temperar a visão egoística do antropocentrismo.
Na realidade, a proteção do meio ambiente como um todo tem uma visão holística
intergeracional, portanto, ela sempre vai raciocinar com base na ética do por vir, a ética das
gerações que ainda nem existem, portanto, é uma contradição dizer que trata-se de uma
tutela egoística, ainda que se privilegie a existência do ser humano, o que não deixa de ser

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uma visão reducionista, considerando o fato do por vir, se preocupar com gerações que nem
existem ainda, há uma visão de solidariedade ou equidade intergeracional.
O Papa Francisco em junho de 2015 faz um discurso na Bolívia e um pouco antes lança
a encíclica7 "Laudato Si”, primeira vez que um Papa fala sobre direito ambiental,
evidentemente, não há nenhum interesse religioso no tema, mas que o Papa tem tratado
como tratou de outras questões não religiosas e o Papa falou na encíclica, primeira vez que
uma encíclica tratou de direito ambiental:
“Não se pode salvar a criatura (os homens) do pecado e da miséria sem salvar também
a criação (a natureza) ” (visão antropocêntrica – para salvar os homens, é preciso salvar a
natureza, sem isso não há existência, não há qualidade dessa existência).
A igreja, o Papa Francisco visou com isso a reunião do final do ano sobre a mudança
climática, houve o fim do protocolo de Kyoto, recorda-se da COP 15, em Copenhagen onde
houve um fracasso na negociação sobre o aquecimento global e o dano ambiental não
conhece fronteiras, ou seja, se um Estado realizar muitas emissões ou utilizar CFC e gerar
problemas na camada de ozônio, o aquecimento global, a chuva ácida, haverá um prejuízo
ambiental e a chamada questão dos refugiados climáticos ou refugiados ambientais, tema
novo na doutrina, a ONU não trata tecnicamente os refugiados ambientais como refugiados.
 Quem são os refugiados ambientais ou climáticos?
São aquelas pessoas que em razão de danos na natureza, tem que se mudar, tem que
sair do local em que estão.
Exemplo: enchentes, secas, desertificação, qualquer desastre climático que leve a
pessoa a se mudar. Não é um problema tão falado no Brasil, mas recentemente houve as
cheias do Rio Madeira em decorrência da construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo
Antônio, para alguns. Não se sabe se foi em razão disso ou não, mas alguns entendem que foi.
Essas pessoas, se tiverem que sair do local justamente por conta de um desastre, são
consideradas refugiados ambientais ou climáticos.
Calcula-se a ONU que já há cerca de 5 milhões de refugiados ambientais no mundo e
em 2050 esse número entre 250 milhões a até 1 bilhão de pessoas, a depender de como os
países vão se comprometer com relação à redução do aquecimento global e a produção de
gases estufa.

- Bem de uso comum do povo para a Constituição. Mas não significa bem público. Bem
difuso (classificação Barbosa Moreira). Poder público não é titular.

7
A carta encíclica, ou apenas vulgarmente encíclica (Litterae Encyclicae ) é uma circular papal , um
documento pontifício, dirigido aos bispos de todo o mundo e, por meio deles, a todos os fiéis. O termo "epistola
encyclica" parece ter sido introduzido pelo Papa Bento XIV (1740-1758). A encíclica é usada pelo Papa para
exercer o seu magistério ordinário. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Encíclica)

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600.02
- Direito ambiental estabelece forma legítima de apropriação dos bens ambientais.
- Finalidade função social da propriedade (limite e condicionante. Elemento intrínseco)

A Constituição trata o direito ambiental como bem de uso comum do povo,


classificação esta diferente daquela do direito administrativo.
Bens públicos estão no código civil de 2002, contraposição da dicotomia entre bens
públicos e privados. Dividem-se em:
 Bens de uso comum do povo: mares, praças, rios, locais em que é impossível a
apropriação privada. O povo pode ir a qualquer momento.
 Bens de uso especial: repartição pública, em que não é possível o livre ingresso
de populares, mas ela atende a uma finalidade, a finalidade de bem realizar o objetivo do
Estado, que é proporcionar o bem comum. Esses bens públicos são afetados a uma finalidade.
 Bens dominicais ou dominiais: não têm afetação, podem, inclusive, ser
alienados se respeitadas as formalidades da lei de licitações (lei 8666/93).
Essa classificação de bens públicos traz os bens de uso comum do povo, no entanto,
quando a Constituição fala no art. 225 que o meio ambiente é bem de uso comum do povo,
ela não tem em mente essa classificação, ela tem em mente uma classificação diversa de que,
na verdade, os bens ambientais são bens difusos.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Ao falar em bens difusos é possível adotar mais uma classificação, que é a classificação
que está no art. 81 do CDC, que representa a doutrina do Professor Barbosa Moreira, que é a
classificação dos três incisos do art. 81, que são os direitos transindividuais ou
metaindividuais.
Os direitos transindividuais podem ser essencialmente coletivos e acidentalmente
coletivos.
Os essencialmente coletivos têm duas espécies, que são as do inciso I e do inciso II do
microssistema processual coletivo do CDC, porque no CDC há um microssistema. As normas
da segunda parte do CDC representam normas processuais que podem ser usadas para todos
os direitos transindividuais: criança e adolescente, meio ambiente, consumidor, em um
verdadeiro e autêntico diálogo de fontes. É possível verificar na jurisprudência do STJ, por
exemplo, no princípio da precaução, efeito adjetivo ou processual, inversão do ônus da prova,
com base no art. 6º do CDC, ou seja, diálogo de fontes, que foi trazido ao Brasil por Cláudia
Lima Marques com base na doutrina do Professor Erik Jaime.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

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Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.

Os bens difusos são aqueles que atingem uma coletividade indeterminável de pessoas
ligadas por uma situação de fato. Os bens coletivos atingem a coletividade ligada por uma
relação jurídica base.
O direito ambiental quando a constituição fala em bem de uso comum do povo, ela
quer dizer que se trata de um bem difuso da coletividade presente, da coletividade futura, é
impossível precisar quem é ou não atingido pelo direito ambiental, por isso a Constituição fala
em bem de uso comum do povo.
Os coletivos são aqueles que têm uma relação jurídica base, ou seja, é possível
identificar as pessoas.
Nos acidentalmente coletivos, são os individuais homogêneos, que têm um
tratamento coletivo para fins de política judiciária, que poderiam ser tratados como direito
individual, mas têm um tratamento coletivo para fins de economia processual.

1.3 Direito ambiental como direito fundamental de terceira dimensão

Direito ambiental como direito fundamental de terceira dimensão


Estado tem deveres específicos do parágrafo 1º do art. 225.

O direito ambiental, na verdade, está na classificação dos direitos fundamentais na


terceira dimensão. A Revolução Francesa trouxe os direitos de liberdade, igualdade e
fraternidade. A liberdade são os direitos fundamentais de primeira dimensão: propriedade,
segurança, direitos que implicam um liberalismo, um laissez faire, laissez passer, no direito
econômico, ou seja, deixa as mercadorias fluírem, menos Estado, vinha-se do regime
absolutista em que buscava-se limitar o poder dos monarcas, dos juízes, dos magistrados.
Nesse paradigma vigorava o princípio do juiz boca da lei, havia a impressão de que a
codificação, a partir de Napoleão seria suficiente para regular tudo o que acontece na terra, o
que hoje verifica-se insuficiente, por isso o paradigma pós positivista e neoconstitucionalista
após a segunda guerra mundial em que se verificou que obedecer a lei não é suficiente, uma
vez que o nazismo obedecia a lei. Por isso, o pós positivismo, o neoconstitucionalismo, que
surgiram na Alemanha justamente no período pós segunda guerra mundial.
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Os direitos de segunda dimensão são direitos que exigem uma prestação material do
Estado, direitos previdenciários, de educação, saúde, uma vez que se verificou que só a
liberdade e segurança (Estado Gendarme8) é insuficiente para que se possa exercer esse
direito com qualidade sem que se tenha educação, saúde, os direitos sociais de segunda
dimensão.
Na terceira dimensão, tem-se os direitos ligados a fraternidade e solidariedade, então,
o direito do meio ambiente, o direito do consumidor.
Paulo Bonavides ainda traz os direitos de quarta e quinta dimensão. Os direitos de
quarta dimensão seriam os direitos ao desenvolvimento e os direitos de quinta dimensão
seriam os direitos ligados à paz, que, de certa forma, dizem respeito ao direito ambiental.
Exemplo: muitas guerras existem por conta do petróleo. Dizem alguns que a terceira
guerra mundial seria por conta da água, ou seja, o desenvolvimento e a paz passam por uma
regulação e utilização adequadas de recursos ambientais finitos, como o petróleo. O
desenvolvimento, que está contido na noção de desenvolvimento sustentável e a paz, passa
por uma regulação internacional do direito ambiental, inclusive os desastres naturais são
decorrentes de uma baixa eficácia do direito internacional, de diálogos fracassados no âmbito
do direito internacional.
No final de 2015 haverá a Conferencia de Paris que é uma esperança de que se chegue
a um acordo sobre a redução de emissões, como se chegou em um acordo no que se refere
ao Irã, sobre as armas nucleares.
O Poder público não é titular do bem ambiental, ele pertence a toda a coletividade, as
gerações presentes e futuras, trata-se de um direito difuso.
Uma das maneiras pelas quais o direito ambiental pode ser compreendido é no sentido
de que ele estabelece uma forma legítima de apropriação dos bens ambientais.
 Como pode se apropriar?
Tudo o que o homem faz na terra, de alguma forma é poluição, é intervenção, é
alteração, qualquer coisa que se faz. O direito ambiental estabelece os limites toleráveis, o
que pode, o que não pode, que estudos ambientais devem ser feitos, ou seja, de que forma
pode se apropriar legitimamente dos bens ambientais, e que medidas compensatórias,
mitigadoras, com que condicionantes pode gerar essa intervenção. Portanto, a finalidade do
direito ambiental é estabelecer basicamente, o prima princípio (princípio fundamental) do
direito ambiental é o desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável visa conciliar crescimento econômico,
desenvolvimento econômico com preservação ambiental e equidade social. A partir disso,

8
Estado liberal.

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uma intima relação do direito ambiental com o direito econômico, a preservação e a equidade
vão fazer referência a uma função social da propriedade, enquanto que o crescimento
econômico fará referência à propriedade privada.
Propriedade privada se exerce nos termos de uma função social que existe na
Constituição desde 1934, a propriedade privada tem no seu conteúdo a função social.
A função social não é algo externo que limita o exercício da propriedade privada, para
o desenvolvimento sustentado, o consequencialismo das ações dos agentes econômicos
contém em si, como limite e como condicionante a função social da propriedade, ou seja, a
função social da propriedade como limite (aspecto negativo – não fazer) e também como
condicionante.
Exemplo: IPTU extrafiscal que atua como condicionante, possui uma terra em uma área
da cidade, tem que fazer um adequado uso desse bem, ele não está lá para que simplesmente
faça uma especulação imobiliária, então, exige-se um fazer, sob pena de punição que é a
adequada utilização do solo urbano (exemplo: compra um imóvel em que há um mínimo de
80% de reserva legal ou 50% e já comprou o imóvel devastado, terá obrigação propter rem,
isto é, em razão da propriedade, de recuperar o meio ambiente que foi degradado,
independentemente de quem o degradou).
Isso já foi objeto de questão na prova oral de juiz de direito no Estado de São Paulo:
 Discorra sobre o art. 14, §1º da Lei 6938/81 (responsabilidade objetiva e
obrigação propter rem na recuperação do meio ambiente degradado).
O fato que justifica isso é, por exemplo, na Região da BR 163, que é aquela que liga
Cuiabá a Santarém, há o chamado Polígono do desmatamento até a região de Rondônia, em
que a terra sem a madeira, isto é, devastada, vale mais do que com a madeira, isso porque
sem a madeira ela é utilizada seja para a pecuária, seja para a produção de grãos, ou seja, a
terra limpa vale mais que a terra que está com a madeira, com os recursos ambientais. Se
fosse assim, seria muito fácil comprar uma terra devastada, colocar em nome de laranjas, pois
ela devastada valeria mais, então o proprietário se aproveitaria dessa situação em um
verdadeiro dumping ambiental9.

9
Fala-se também em Dumping Ambiental quando os baixos preços dos bens resultam do fato das
empresas estarem instaladas em países cuja legislação não exige o cumprimento de normas de defesa do
ambiente, nem seguem os habituais padrões de qualidade do ambiente existentes nos países desenvolvidos,
pelo que tais empresas economizam custos ao não efetuarem investimentos no domínio ambiental a que
estariam obrigadas se estivessem instaladas em países desenvolvidos.

Podemos dizer que tanto o dumping social como o dumping ambiental constitui as razões mais fortes
para a transferência das instalações empresariais de um país onde os direitos dos trabalhadores, a qualidade de
vida e o ambiente são mais bem salvaguardados para outros países onde tal não acontece. (Fonte:
http://www.tribunalarbitralfortaleza.com.br/dumping.html) .

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O dumping ambiental significa que o empreendedor se vale de condições artificiais de
competitividade.
Exemplo: não cumpre direitos trabalhistas – trata-se de dumping social.
No que se refere ao tributário, havia uma indústria de cigarros que não pagava tributos
e há a ideia básica do direito tributário de que não se pode estipular instrumentos indiretos
de cobrança como a ameaça de fechamento do estabelecimento. Ocorre que, o
estabelecimento aberto tinha condições artificiais de competitividade, de forma que os outros
agentes que cumpriam a lei eram quase expulsos do mercado.
Da mesma maneira, o MPF do Pará há alguns anos atrás instituiu o programa carne
legal, que chegou a receber o prêmio inovare por essa finalidade, esse programa carne legal
visava punir os supermercados que compravam carnes dos frigoríficos sem exigir os
documentos que comprovassem que a carne cumpria todos os requisitos fitossanitários,
estavam em terras que respeitavam a reserva legal, isso porque, se assim não o fosse, haveria
uma condição muito vantajosa para aquele agente econômico que devasta, ou seja, há a
questão tributária também, aquele que sonega tem uma condição muito mais vantajosa por
um comportamento negativo, o Estado não pode tolerar isso, por isso uma PFN forte, uma
Receita Federal que deve ser forte para coibir a sonegação.
No que se refere ao meio ambiente idem, enquanto há pessoas que respeitam a lei,
que cumprem as rigorosas exigências ambientais, outras não o fazem e, com isso, há um
verdadeiro dumping ambiental que deve ser coibido pelo Estado com programas como o carne
legal, entre outros, com embargos de área que não respeitam as normas do Código Florestal,
não respeitam a função social da propriedade, com desapropriação-sanção das propriedades
que não respeitam a função social, isso porque, do contrário, aquele que respeita não vai
conseguir competir e o Estado premia justamente aquele que deve ser extirpado do mercado.
A expressão dumping ambiental é importante e evidencia a íntima relação do direito
ambiental com o direito econômico e o direito tributário, principalmente através das
denominadas sanções premiais, que são medidas de incentivo para que se adote um
comportamento positivo, um comportamento adequado.
O direito ambiental tem uma intima relação com o direito tributário e o direito
econômico. Com o direito econômico, naturalmente porque os países que tem proteção
ambiental, em razão do dumping ambiental, evidentemente têm um custo maior da
produção. Isso afeta a competitividade, há também o princípio da responsabilidade comum,
porém diferenciada, aqueles países ricos, de industrialização tardia, como Estados Unidos e
Europa, que ganharam dinheiro devastando o meio ambiente em tempos em que a proteção
ambiental não era tão rigorosa têm uma responsabilidade diferenciada em relação aos países
de industrialização recente que não se desenvolveram as custas da devastação ambiental,
então, é certo que todos tem que priorizar a preservação ambiental, mas aqueles países de

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industrialização tardia têm uma responsabilidade maior, diferenciada, em atenção a uma
igualdade material.
Essa doutrina interessa ao Brasil, a China, mas não interessa aos Estados Unidos, uma
vez que eles têm uma responsabilidade maior e há instrumentos econômicos para
compatibilizar isso. Exemplo: vendas de crédito de carbono ou o proprietário de uma reserva
legal preservada e o que não tem pode vender aquela servidão para emprestar outra
propriedade a reserva legal, enfim, instrumentos econômicos.
Dumping ambiental para evitar isso há uma intima relação do direito ambiental com o
econômico, também as chamadas barreiras fitossanitárias, como quando o Brasil exporta
carne para a Rússia ou para a China, há possibilidade de barreiras financeiras e as chamadas
não financeiras fitossanitárias, dizer que no Brasil não há um respeito as normas de direito
ambiental, não se sabe a origem do gado, isso gera condições artificiais de competitividade,
de dumping ambiental, por isso barreiras não tarifárias, barreiras fitossanitárias, que tem
relação umbilical entre o meio ambiente e o direito econômico. A própria ordem econômica,
no art. 170, trata do desenvolvimento sustentável.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 6, de 1995)

O direito ambiental surge justamente para limitar o direito econômico.


Há também relação com o direito tributário. As sanções premiais estão no direito
econômico e no tributário. No direito tributário é possível citar o princípio do protetor
recebedor (aquele que protege recebe algo em troca, que pode ser um tributo ou um
benefício econômico).
 O que é a sanção premial?

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É uma norma não obrigatória, uma norma indutiva. Há um benefício para aquele que
preserva o meio ambiente, mas ele não é obrigado a preservar. Ele é instigado, incitado,
estimulado pelo Estado.
Quando se fala em sanções premiais, que é um assunto íntimo do direito econômico,
e da ligação do direito ambiental com o direito tributário, se remete a classificação do Ministro
aposentado do STF Eros Roberto Grau, que diz que a atuação10 do Estado no domínio
econômico como Estado regulador. O Estado regulador diz respeito a atuação sobre o domínio
econômico e se dá por indução e por direção e a sanção premial está justamente na indução.
O Estado induz comportamentos, estimula comportamentos a partir de uma troca.
Exemplo: programa da EletroPaulo em São Paulo, em que quem recicla lixo recebe
desconto na conta de luz.
O Estado como regulador sobre o domínio econômico pode atuar por direção, ou seja,
estabelecendo normas obrigatórias, cogentes, para uma atividade. Aqui se diz, por exemplo,
que é obrigatório o procedimento de licenciamento ambiental, há etapas obrigatórias, licença
prévia de instalação, de operação, conforme a Resolução CONAMA, aqui não há um espaço
em que o particular escolhe se vai ou não obedecer a norma. Sistema tradicional.
O Estado pode atuar no domínio econômico, aqui ele não regula nada, ele atua por
absorção, quando absorve integralmente uma atividade, por exemplo, monopólio, a exemplo
da ECT, que tem o monopólio conforme julgamento da ADPF no STF sobre a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos.
Além da absorção, ele pode atuar por participação que se dá, por exemplo, com o
Banco do Brasil, Caixa Econômica em que atua ao lado de outros agentes econômicos
privados, a partir de empresas públicas ou sociedades de economia mista que têm natureza
jurídica de direito privado.
O art. 174 da Constituição diz que o planejamento é indicativo para o setor privado.
No início, na década de 90 tentavam dizer que a fiscalização, incentivo e planejamento, e o
planejamento como indicativo para o setor privado.

10
atuação e não intervenção, porque Eros Grau fala que intervenção é algo que ocorre quando não
deveria ocorrer, a exemplo de uma intervenção cirúrgica, o cirurgião não fica permanentemente no corpo do
paciente, por isso uma intervenção, ocorre e termina. A atuação não, a atuação é algo que existe, então, para
Eros Grau o Estado deve sim atuar no domínio econômico. Essa divisão entre intervenção e atuação, quem usa
a intervenção como pano de fundo tem uma ideia liberal, de um Estado pouco atuante na ordem econômica e
quem usa atuação é aquele que vê a necessidade de um Estado mais atuante, não liberal, atuação para os que
não são liberais, que entendem que o Estado deve atuar muito na economia. São duas visões que densificam o
tamanho da atuação ou da intervenção do Estado na economia, densificam a própria existência e a extensão do
direito econômico

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Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá,
na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

Os agentes privados tentaram dar uma interpretação alargada, no sentido de que seria
faculdade a obediência de lei, mas evidentemente prevaleceu que não. A fiscalização é
cogente para os agentes privados, apenas o planejamento estatal que é indicativo para o setor
privado. A função social é um elemento intrínseco da propriedade e é compreendida no
aspecto negativo e positivo.

1.4 Evolução histórica

Evolução histórica do direito ambiental


- Individualista (propriedade individual)
- Fragmentária (utilidade econômica). Código de Águas, Minas, Florestal
- Holística (valor em si mesmo).

Classificação do ministro Herman Benjamin em três fases:


 Individualista (propriedade individual): se dá na época da do liberalismo, da
Revolução Francesa, da codificação da época de Napoleão em que buscava-se limitar o poder
do Estado e, por isso, cada um fazia o que bem entendia. Direito ambiental significava respeito
à propriedade individual, ao crescimento econômico a que o Estado não tomasse conta dos
bens que pertencem aos particulares.
 Fragmentária (utilidade econômica): Posteriormente passou-se a regular de
maneira específica aqueles bens que possuíam uma utilidade econômica, dessa época é o
Código de Águas, de 1934 que previa águas privadas, hoje não há mais, todas as águas são de
domínio público, também o código de Minas, o próprio Código Florestal anterior, de 1965, as
matas, a madeira, tem um valor econômico, por isso se fazia uma regulação justamente pelo
valor econômico, hoje não. O meio ambiente tem um valor em si mesmo, está na fase
holística.
 Holística (valor em si mesmo): não se regula tão somente bens com natureza
econômica e quando se regula não se faz só porque a natureza é econômica. Por exemplo,
hoje não há mais águas privadas, então a fase individualista é temperada pela função social,
a fase da utilidade econômica é temperada por noções biocentricas e, mesmo que
antropocêntricas, por uma ética do cuidado, por uma ética das gerações vindouras, uma ética
do por vir, nos termos da principiologia que será estudada.

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Questão
TRF1 2015. “Na CF, são previstos diversos meios para a proteção do meio ambiente,
entre os quais se incluem a imposição de direitos e deveres fundamentais, a utilização de
princípios, como o da função ecológica da propriedade11, o estabelecimento de objetivos
públicos vinculantes, a previsão de programas públicos abertos e a utilização de instrumentos
tais como a criação de biomas e de áreas especialmente protegidas12.” (certo)
Comentário: A Constituição dá meios para proteger o meio ambiente e também
políticas públicas para preservação ambiental.
O art. 225 é importante. No caput deste artigo, a Constituição dá deveres para o poder
público e para a coletividade e no §1º diz que é dever do poder público.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado13, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida14, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações15.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético16 do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;17
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei18, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade19;

11
Função social da propriedade.
12
SNUC.
13
Princípio do equilíbrio ecológico.
14
Visão antropocêntrica, para a existência e qualidade dessa existência.
15
Solidariedade intergeracional.
16
Lei da biodiversidade.
17
A lei de biossegurança o STF reconheceu como constitucional as pesquisas com células tronco
embrionárias excedentes.
18
Lei 9985. Para criar uma unidade de conservação é possível lei ou ato, mas aqui é uma exceção ao
princípio do paralelismo das formas. Se cria por ato pode extinguir por ato? Não. Criou por ato só pode extinguir
ou alterar (diminuir ou aumentar com deslocamento. Exemplo: tem um Parque Nacional que tem 100 hectares
e vai aumentar para 500, mas vai deslocar da área atual, aí há uma alteração prejudicial, há um deslocamento, a
área protegida não mais vai ser) só por lei. Alteração benéfica pode ser por ato, pois preserva a original, só a
amplia (in dubio pro natura).
19
EIA/RIMA.

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V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida20, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente21;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade22.

Em 8 de dezembro de 2014 a Lei 9.605 foi alterada pela Lei 13.052/2014 e materializa
o inciso VII da Lei, no sentido de que:

“Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida
inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos,
fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de
técnicos habilitados.”

Aqui há um julgado recente do STJ que diz que quando há uma propriedade de animais
silvestres por longo período de tempo ele pode ficar com o dono, pois há uma situação
consolidada, um julgado recente do STJ.

“Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1º deste artigo,


o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de
acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico.”

Há uma série de ações civis públicas contra, por exemplo, a festa do peão, que submete
os animais a crueldade, a briga de galo e há uma jurisprudência vedando a rinha de galo. O
STJ, no informativo 550 convalidou a posse de animais silvestres por longo período de tempo.

STJ Resp 1.425.943/RN – Informativo 550 (julgado 2/9/2014). Convalidada a posse irregular
de animais silvestres por longo período de tempo. Rel. Herman Benjamin (No mesmo sentido
REsp 1.084.347-RS, Segunda Turma, DJe 30/9/2010)
- O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indício de maus-
tratos, duas aves silvestres em ambiente doméstico pode permanecer na posse dos animais.
- art. 1º da Lei 5.197/1967 ("Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu
desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre,

20
Exemplo: agrotóxicos, queima da palha da cana de açúcar.
21
Princípio da participação só vem a partir da educação.
22
Na Alemanha, no Código Civil, havia três gêneros de bens: pessoas, coisas e animais, como um terceiro
gênero, seres sencientes (que são seres que tem sentidos, embora o animal não fale, é certo que ele sente dor,
sente emoções). No Brasil, os animais são vistos como coisas, então o gado é propriedade do dono do gado, no
entanto, a Constituição nesse inciso VII tempera algo que é a consideração do animal como propriedade, então,
se tem 10 cabeças de gado, coloca no imposto de renda que tem 10 bens materiais que tem determinado valor
econômico. Ocorre que a Constituição veda, de forma inovadora no constitucionalismo brasileiro, práticas que
submetam os animais a crueldade.

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bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo
proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha") e o art. 25 da Lei
9.605/1998
("Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os
respectivos autos") não geraria efetiva proteção dos animais.
- Desarrazoada a apreensão dos animais para uma duvidosa reintegração ao seu habitat e
seria difícil identificar qualquer vantagem em transferir a posse para um órgão da
Administração Pública.
ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO DEMONSTRADA.
APREENSÃO DE ARARAS. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 1º DA LEI 5.197/1997 E DO ART.
25 DA LEI 9.605/1998. INEXISTÊNCIA.
1. Hipótese em que o recorrido ajuizou Ação Ordinária com Pedido de Tutela Antecipada
contra ato de apreensão de duas aves (uma arara vermelha e uma arara canindé) que
viviam em sua residência havia mais de vinte anos.
2. O Tribunal de origem, após análise da prova dos autos, constatou que "as aves já
estavam em convívio com a família por longo período de tempo, com claros sinais de
adaptação ao ambiente doméstico" (fl.252, e-STJ), "a reintegração das aves ao seu habitat
natural, conquanto possível, possa ocasionar-lhes mais prejuízos do que benefícios" (fl.
252, e-STJ), "as aves viviam soltas no quintal (...) não sofriam maus tratos e recebiam
alimentação adequada" (fl.252, e-STJ), "a dificuldade que esses animais enfrentarão para
adaptarem-se ao ambiente natural, pondo em xeque até o seu êxito" (fl. 253, e-STJ) e "já
convivem há mais de 20 anos com o demandante" (fl. 254, e-STJ).
3. O Tribunal local julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi
apresentada.
4. Inexiste violação do art. 1º da Lei 5.197/1997 e do art. 25 da Lei 9.605/1998 no caso
concreto, pois a legislação deve buscar a efetiva proteção dos animais. Após mais de 20
anos de convivência, sem indício de maltrato, é desarrazoado determinar a apreensão de
duas araras para duvidosa reintegração ao seu habitat.
5. Registre-se que, no âmbito criminal, o art. 29, § 2º, da Lei 9.065/1998 expressamente
prevê que, "no caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada
de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena".
6. Recurso Especial não provido. (REsp 1425943/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2014, DJe 24/09/2014)

No caso de haver posse por um longo período de tempo não haveria interesse algum
do Estado esse bem não poderia ser mais liberado na natureza e não haveria interesse do
Estado em ficar com esse bem. O STJ diz que o particular que, por mais de 20 anos manteve
um bem sem qualquer maus-tratos, ou seja, vedação a crueldade em ambiente doméstico,
pode permanecer na posse dos bens.

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A Lei diz que os animais de quaisquer espécies e que vivem em cativeiro são de
propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou
apanha.
Desarrazoada a apreensão dos animais para uma duvidosa reintegração ao seu habitat
e seria difícil identificar qualquer vantagem em transferir a posse para um órgão da
Administração Pública.
Uma piada para ajudar a fixar a matéria:

O advogado viajava de carro pela BR, um tatu foi atravessar na frente do carro e o motorista
parou e pegou o tatu. Colocou no porta malas e seguiu viagem. Lá na frente uma blitz da
federal parou ele. Pediram os documentos, pediram para descer do carro e abrir o porta
malas, onde encontraram o tatu e o policial falou: Esse animal é selvagem, isso vai te dar
cadeia, se eu chamar a polícia ambiental23.
O advogado disse: bem capaz, esse tatu é meu. De estimação, está comigo desde novinho. Se
soltar ele no chão eu dou dois assobios e ele volta do meu lado. Ele é treinado.
O policial falou: duvido.
Então solta ele pra ver, disse o advogado.
O policial pegou o tatu, soltou no chão e o tatu correu para o mato.
O policial falou ao advogado: agora chama o tatu de volta.
O advogado disse: que tatu?

Sem a materialidade do crime, não há crime.

- No âmbito criminal, o art. 29, § 2º, da Lei 9.605/1998 expressamente prevê que "no caso de
guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena". (Perdão judicial que ocorre por
exemplo na receptação culposa, homicídio culposo)
Perdão judicial é:
(a) Sentença é condenatória. Interrompe a prescrição. Serve como título executivo. Deve
respeitar devido processo legal (Capez) X (b) declaratória de extinção da punibilidade
(prevalece). Não interrompe a prescrição. Não serve como título executivo.
- Proibição em 2015 do comércio e da venda do foie gras e de pele de animais no Município
de SP

23
Correta a afirmação do policial. É crime previsto no art. 1º da Lei 5.197/1967.
Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos
autos.

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e na jurisprudência dos Tribunais.

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Súmula 18 do STJ. A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

Em São Paulo, em 2015, foi proibida o comércio e a venda em restaurantes do foie gras
e da pele de animais criados unicamente para esta finalidade.
Em 14 de julho foi dada uma liminar em ADI de lei municipal (decisão monocrática)
para que essa lei fosse tida por formalmente inconstitucional.
A lei que vedou o foie gras traz diversas questões ambientais além da questão da
crueldade contra os animais, trata-se de uma ADI que está no TJSP contra essa lei. O Prefeito
sancionou a lei, mas o parecer da procuradoria do município de São Paulo era pelo veto
jurídico, por inconstitucionalidade, uma vez que não é de competência do município proibir
ou permitir a comercialização de determinado produto, sendo que isso diz respeito ao
interesse local do art. 30 da Constituição, mas se desrespeitou uma competência da União.
No entanto, o prefeito tem autonomia, desconsiderou o veto jurídico e sanciono a lei e houve
uma ação de uma associação de restaurantes que, prejudicadas com essa lei, ajuizaram uma
ADI no TJSP e uma decisão monocrática de um desembargador paulista suspendeu a lei até
que haja uma apreciação do colegiado.
Após o julgamento dessa ADI, trata-se de controle de constitucionalidade concentrado
de norma estadual. Após a apreciação vai caber, se for norma de reprodução obrigatória,
recurso extraordinário para o STF, trata-se da excepcional utilização do recurso extraordinário
como instrumento de controle concentrado e não difuso de constitucionalidade.
Cabe recurso extraordinário de decisão de ADI estadual, como instrumento de controle
concentrado de constitucionalidade.
Essa lei visou a não submeter os animais a crueldade, uma vez que a produção do foie
gras é extremamente cruel com os gansos que são submetidos a um tubo que injeta uma
quantidade absurda de comida para que haja engorda do fígado e depois a produção dessa
iguaria que leva os animais a um tratamento cruel, da mesma forma a extração da pele de
animais é extremamente cruel.

- Informativo 668 STF - ADI 1856/RJ


“Rinha de galos” e crueldade contra animais
Por ofensa ao art. 225, § 1º, VII, da CF, que veda práticas que submetam os animais a
crueldade, o Plenário declarou a inconstitucionalidade da Lei fluminense 2.895/98, que
autorizava a criação e a realização de exposições e competições entre aves das raças
combatentes (fauna não silvestre).
”No mérito, enfatizou-se que o constituinte objetivara assegurar a efetividade do
direito fundamental à preservação da integridade do meio ambiente, que traduziria conceito

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amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, cultural, artificial (espaço urbano)
e laboral. ”
Há “íntima conexão entre o dever ético-jurídico de preservação da fauna e o de não-
incidência em práticas de crueldade e, de outro, a subsistência do gênero humano em um
meio ambiente ecologicamente equilibrado (direito de terceira geração). ”
“Rejeitou-se o argumento de que a “briga de galos” qualificar-se-ia como atividade
desportiva, prática cultural ou expressão folclórica24, em tentativa de fraude à aplicação da
regra constitucional de proteção à fauna. ”
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE
Nº 2.895/98) - LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIÇÕES E A
COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES, FAVORECE ESSA PRÁTICA
CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISLATIVO QUE ESTIMULA O COMETIMENTO DE ATOS DE
CRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA - CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 9.605/98, ART. 32) -
MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) -
PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO
DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO
DA SOLIDARIEDADE - PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1º, VII) -
DESCARACTERIZAÇÃO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL -
RECONHECIMENTO DA INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA - AÇÃO
DIRETA PROCEDENTE. LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE
EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA QUE
INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA -
INCONSTITUCIONALIDADE. - A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática
criminosa tipificada na legislação ambiental, configura conduta atentatória à Constituição
da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza
perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles
qualificados como inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico.
Precedentes. - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os
animais silvestres quanto os domésticos ou domesticados, nesta classe incluídos os galos
utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica,
qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade. - Essa especial tutela, que
tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é motivada
pela necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que
façam periclitar todas as formas de vida, não só a do gênero humano, mas, também, a
própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a vedação
constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra os seres irracionais,
como os galos de briga (“gallus-gallus”). Magistério da doutrina. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA
DA PETIÇÃO INICIAL. - Não se revela inepta a petição inicial, que, ao impugnar a validade

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Contraposição do meio ambiente natural e do meio ambiente cultural. Não se pode alegar meio
ambiente cultural para fraudar a aplicação de uma regra constitucional que protege a fauna.

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constitucional de lei estadual, (a) indica, de forma adequada, a norma de parâmetro, cuja
autoridade teria sido desrespeitada, (b) estabelece, de maneira clara, a relação de
antagonismo entre essa legislação de menor positividade jurídica e o texto da Constituição
da República, (c) fundamenta, de modo inteligível, as razões consubstanciadoras da
pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo autor e (d) postula, com objetividade, o
reconhecimento da procedência do pedido, com a conseqüente declaração de
ilegitimidade constitucional da lei questionada em sede de controle normativo abstrato,
delimitando, assim, o âmbito material do julgamento a ser proferido pelo Supremo
Tribunal Federal. Precedentes. (ADI 1856, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal
Pleno, julgado em 26/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT
VOL-02607-02 PP-00275 RTJ VOL-00220- PP-00018 RT v. 101, n. 915, 2012, p. 379-413)

A farra do boi também á foi enfrentada, o MPF entra com várias ações civis públicas, é
interessante em provas defender o dispositivo da constituição.

1.5 Diferença entre direito humano e direito fundamental

- Meio ambiente previsto como direito humano na Conferência de Estocolmo de 1972


(desenvolvimento sustentável e prevenção), Declaração do Rio de 1992 e Carta da Terra (Rio
+ 5)

Há duas classificações que são mais adotadas: uma diz que o direito fundamental é o
direito positivado, ou seja, na Alemanha, a lei fundamental de 1948 positiva vários direitos
fundamentais, igualmente a brasileira.
Direitos humanos são os não positivados, ou seja, não reduzidos no bloco de
constitucionalidade. A Constituição Francesa tem o seu bloco de constitucionalidade alargado,
então estão positivados também, ainda que fora da constituição, pois o preambulo tem
natureza diversa e é norma constitucional. No Brasil o preambulo não é norma constitucional,
apenas uma exortação, não integra o bloco de constitucionalidade.
Outra classificação é a de que os direitos humanos são direitos internacionais e os
direitos fundamentais são os já internalizados, ou seja, não só no plano do direito
internacional.
O direito ambiental como direito humano surge a partir da Conferência de Estocolmo
de 1972 em que se começou a discutir com maior propriedade e ênfase a questão dos direitos
humanos. Direito humano, pois, a Conferência de Estocolmo está no plano internacional. O
meio ambiente como um direito humano foi tratado na Conferência de Estocolmo em 1972.
Em algumas questões é dito que o princípio da prevenção foi criado na Rio 92, a
afirmativa está incorreta, pois ele foi criado na Conferência de Estocolmo de 1972.

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Em Estocolmo tratou-se pela primeira vez do desenvolvimento sustentável, só que
com outro nome, desenvolvimento sustentável como abordagem do ecodesenvolvimento.
Se na prova objetiva perguntar que o desenvolvimento sustentável foi criado na
Conferência de Estocolmo de 1972, está correto, mas o nome do princípio era abordagem do
ecodesenvolvimento, um conceito político de desenvolvimento sustentável pela primeira vez
foi tratado no Relatório Brundtland, também chamado de Nosso Futuro Comum, em 1987. Em
Estocolmo também foi tratado pela primeira vez o princípio da prevenção, que foi repetido na
Declaração do Rio de 92 e na Carta da Terra, que é o documento feito a partir da Rio +5, de
1997.
O princípio da prevenção naturalmente vem em Estocolmo e a precaução na Eco 92,
pois a precaução vai além.

- STF MS 22164/SP meio ambiente é direito de titularidade coletiva. Princípio da


solidariedade. Direito Fundamental de Terceira geração.

No MS 22164/SP o STF diz que meio ambiente é um direito de titularidade coletiva, em


atenção ao princípio da solidariedade. O princípio da solidariedade e da fraternidade
fundamentam o exercício desse direito. Solidariedade e fraternidade, bem de titularidade
coletiva ou difusa. Também o desenvolvimento e paz de Bonavides. Fundamenta o princípio
da cooperação internacional, cooperação dos povos, uma vez que o direito ambiental não
conhece fronteiras, por isso direito fundamental de terceira dimensão.
EMENTA: REFORMA AGRARIA - IMÓVEL RURAL SITUADO NO PANTANAL MATO-
GROSSENSE - DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO (CF, ART. 184) - POSSIBILIDADE - FALTA DE
NOTIFICAÇÃO PESSOAL E PREVIA DO PROPRIETARIO RURAL QUANTO A REALIZAÇÃO DA
VISTORIA (LEI N. 8.629/93, ART. 2., PAR. 2.) - OFENSA AO POSTULADO DO DUE PROCESS
OF LAW (CF, ART. 5., LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA -
MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. REFORMA AGRARIA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. -
O POSTULADO CONSTITUCIONAL DO DUE PROCESS OF LAW, EM SUA DESTINAÇÃO
JURÍDICA, TAMBÉM ESTA VOCACIONADO A PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE. NINGUEM SERÁ
PRIVADO DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5., LIV). A UNIÃO
FEDERAL - MESMO TRATANDO-SE DE EXECUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE
REFORMA AGRARIA - NÃO ESTA DISPENSADA DA OBRIGAÇÃO DE RESPEITAR, NO
DESEMPENHO DE SUA ATIVIDADE DE EXPROPRIAÇÃO, POR INTERESSE SOCIAL, OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE, EM TEMA DE PROPRIEDADE, PROTEGEM AS PESSOAS
CONTRA A EVENTUAL EXPANSAO ARBITRARIA DO PODER ESTATAL. A CLÁUSULA DE
GARANTIA DOMINIAL QUE EMERGE DO SISTEMA CONSAGRADO PELA CONSTITUIÇÃO DA
REPUBLICA TEM POR OBJETIVO IMPEDIR O INJUSTO SACRIFICIO DO DIREITO DE
PROPRIEDADE. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E VISTORIA EFETUADA PELO INCRA. A
VISTORIA EFETIVADA COM FUNDAMENTO NO ART. 2., PAR. 2. , DA LEI N. 8.629/93 TEM
POR FINALIDADE ESPECIFICA VIABILIZAR O LEVANTAMENTO TECNICO DE DADOS E
INFORMAÇÕES SOBRE O IMÓVEL RURAL, PERMITINDO A UNIÃO FEDERAL - QUE ATUA POR

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INTERMEDIO DO INCRA - CONSTATAR SE A PROPRIEDADE REALIZA, OU NÃO, A FUNÇÃO
SOCIAL QUE LHE E INERENTE. O ORDENAMENTO POSITIVO DETERMINA QUE ESSA
VISTORIA SEJA PRECEDIDA DE NOTIFICAÇÃO REGULAR AO PROPRIETARIO, EM FACE DA
POSSIBILIDADE DE O IMÓVEL RURAL QUE LHE PERTENCE - QUANDO ESTE NÃO ESTIVER
CUMPRINDO A SUA FUNÇÃO SOCIAL - VIR A CONSTITUIR OBJETO DE DECLARAÇÃO
EXPROPRIATORIA, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. NOTIFICAÇÃO PREVIA E PESSOAL
DA VISTORIA. A NOTIFICAÇÃO A QUE SE REFERE O ART. 2. , PAR. 2., DA LEI N. 8.629/93,
PARA QUE SE REPUTE VALIDA E POSSA CONSEQUENTEMENTE LEGITIMA EVENTUAL
DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, HÁ DE SER EFETIVADA
EM MOMENTO ANTERIOR AO DA REALIZAÇÃO DA VISTORIA. ESSA NOTIFICAÇÃO PREVIA
SOMENTE CONSIDERAR-SE-A REGULAR, QUANDO COMPROVADAMENTE REALIZADA NA
PESSOA DO PROPRIETARIO DO IMÓVEL RURAL, OU QUANDO EFETIVADA MEDIANTE
CARTA COM AVISO DE RECEPÇÃO FIRMADO POR SEU DESTINATARIO OU POR AQUELE QUE
DISPONHA DE PODERES PARA RECEBER A COMUNICAÇÃO POSTAL EM NOME DO
PROPRIETARIO RURAL, OU, AINDA, QUANDO PROCEDIDA NA PESSOA DE REPRESENTANTE
LEGAL OU DE PROCURADOR REGULARMENTE CONSTITUIDO PELO DOMINUS. O
DESCUMPRIMENTO DESSA FORMALIDADE ESSENCIAL, DITADA PELA NECESSIDADE DE
GARANTIR AO PROPRIETARIO A OBSERVANCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL, IMPORTA EM VÍCIO RADICAL. QUE CONFIGURA DEFEITO
INSUPERAVEL, APTO A PROJETAR-SE SOBRE TODAS AS FASES SUBSEQUENTES DO
PROCEDIMENTO DE EXPROPRIAÇÃO, CONTAMINANDO-AS, POR EFEITO DE REPERCUSSAO
CAUSAL, DE MANEIRA IRREMISSIVEL, GERANDO, EM CONSEQUENCIA, POR AUSÊNCIA DE
BASE JURÍDICA IDONEA, A PROPRIA INVALIDAÇÃO DO DECRETO PRESIDENCIAL
CONSUBSTANCIADOR DE DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA. PANTANAL MATO-GROSSENSE
(CF, ART. 225, PAR. 4. ) - POSSIBILIDADE JURÍDICA DE EXPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS
NELE SITUADOS, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. - A NORMA INSCRITA NO ART. 225,
PARAGRAFO 4., DA CONSTITUIÇÃO NÃO ATUA, EM TESE, COMO IMPEDIMENTO JURÍDICO
A EFETIVAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE ATIVIDADE EXPROPRIATORIA DESTINADA A
PROMOVER E A EXECUTAR PROJETOS DE REFORMA AGRARIA NAS AREAS REFERIDAS
NESSE PRECEITO CONSTITUCIONAL, NOTADAMENTE NOS IMÓVEIS RURAIS SITUADOS NO
PANTANAL MATO-GROSSENSE. A PROPRIA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA, AO IMPOR AO
PODER PUBLICOO DEVER DE FAZER RESPEITAR A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO
AMBIENTAL, NÃO O INIBE, QUANDO NECESSARIA A INTERVENÇÃO ESTATAL NA ESFERAL
DOMINIAL PRIVADA, DE PROMOVER A DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS PARA FINS
DE REFORMA AGRARIA, ESPECIALMENTE PORQUE UM DOS INSTRUMENTOS DE
REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE, PRECISAMENTE, NA
SUBMISSAO DO DOMÍNIO A NECESSIDADE DE O SEU TITULAR UTILIZAR ADEQUADAMENTE
OS RECURSOS NATURAIS DISPONIVEIS E DE FAZER PRESERVAR O EQUILIBRIO DO MEIO
AMBIENTE (CF, ART. 186, II), SOB PENA DE, EM DESCUMPRINDO ESSES ENCARGOS,
EXPOR-SE A DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO AQUE SE REFERE O ART. 184 DA LEI
FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE
EQUILIBRADO - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE. - O
DIREITO A INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE - TIPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO -

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CONSTITUI PRERROGATIVA JURÍDICA DE TITULARIDADE COLETIVA, REFLETINDO, DENTRO
DO PROCESSO DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, A EXPRESSAO SIGNIFICATIVA DE
UM PODER ATRIBUIDO, NÃO AO INDIVIDUO IDENTIFICADO EM SUA SINGULARIDADE,
MAS, NUM SENTIDO VERDADEIRAMENTE MAIS ABRANGENTE, A PROPRIA COLETIVIDADE
SOCIAL. ENQUANTO OS DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (DIREITOS CIVIS E POLITICOS) -
QUE COMPREENDEM AS LIBERDADES CLASSICAS, NEGATIVAS OU FORMAIS - REALCAM O
PRINCÍPIO DA LIBERDADE E OS DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (DIREITOS ECONOMICOS,
SOCIAIS E CULTURAIS) - QUE SE IDENTIFICA COM AS LIBERDADES POSITIVAS, REAIS OU
CONCRETAS - ACENTUAM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE, OS DIREITOS DE TERCEIRA
GERAÇÃO, QUE MATERIALIZAM PODERES DE TITULARIDADE COLETIVA ATRIBUIDOS
GENERICAMENTE A TODAS AS FORMAÇÕES SOCIAIS, CONSAGRAM O PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE E CONSTITUEM UM MOMENTO IMPORTANTE NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO, EXPANSAO E RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS,
CARACTERIZADOS, ENQUANTO VALORES FUNDAMENTAIS INDISPONIVEIS, PELA NOTA DE
UMA ESSENCIAL INEXAURIBILIDADE. CONSIDERAÇÕES DOUTRINARIAS. (MS 22164,
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 30/10/1995, DJ 17-11-1995
PP-39206 EMENT VOL-01809-05 PP-01155)

- Dano ambiental não conhece fronteiras. Dumping ambiental.


Protocolo de Kyoto/1997
Fracasso. COP 15. Em 2009 o prazo acabou e não houve renovação.

O Protocolo de Kyoto/1997 estabeleceu um compromisso de redução da emissão. Os


EUA não entraram, houve vários protestos e os EUA com uma quantidade grande de emissões
em relação aos outros países do mundo. Dumping ambiental, os países respeitavam o direito
ambiental e tinham condições inferiores de competitividade a norte americana, isso influencia
nas balanças comerciais dos países, nas condições de competitividade, apreensões internas
evidentemente para mitigar a observância da legislação ambiental.
Há pressões no sentido de que o meio ambiente atravanca, não permite o
desenvolvimento do país, lobby fez com que os EUA não entrassem.
O Protocolo de Kyoto venceu e em 2009 esse prazo foi tentada uma renovação na COP
15 e houve fracasso nas negociações e a esperança é Paris no final do ano de 2015, em
dezembro.

Brasil editou lei 12.187/09. Compromisso de reduzir emissões.


- Responsabilidade comum, porém diferenciada. Responsabilidade histórica.
- Visita da Presidente aos EUA. Declaração conjunta de 30/6/2015.

O Brasil, apesar do fracasso, do fim do Protocolo de Kyoto, editou a lei 12.187/09, de


política nacional de mudanças clima[áticas em que o Brasil se compromete a reduzir emissões,
apesar do fracasso nos diálogos na comunidade internacional.
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Essa lei cita o princípio da precaução, que é a base para a questão do aquecimento
global, da utilização dos gases estufa. Em 30 de junho de 2015 a Presidente visitou os EUA e
fez uma declaração conjunta em junho de 2015.

O Brasil se compromete a zerar o desmatamento ilegal em 2030; recuperar 120.000


km² de florestas; Atingir de 25 a 33% na matriz energética de fontes renováveis, sem contar
hidrelétricas25. Contra o aquecimento global. Preparação para a COP 21 em Paris (Prevista
reunião anual das Partes na Convenção Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima).
Encíclica “Laudato Si” Os países pobres precisam produzir energia renovável. Quem
cresceu à custa da atual poluição deve colaborar mais26”

O Brasil se compromete a investir em energia eólica, solar que são menos agressivas
ao meio ambiente, mas ainda têm um custo monetário elevado, em parte, pois não há escala,
é preciso investir em inovação, em métodos que utilizem fontes renováveis, mas não
proporcionem uma agressão expressiva no meio ambiente.
A hidrelétrica, há estudos que indicam que ela favorece o aquecimento global pelo
desmatamento, isso gera emissão de gases estufa.
2. Política Nacional do Meio Ambiente

2.1 Princípios e objetivos

Princípios e objetivos da PNMA


- Art. 2º e 4º da lei 6938/81
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo27 a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,

25
Em Cuiabá, em Sinop, em Itaituba o professor proferiu várias decisões sobre usinas hidrelétricas e
povos indígenas, usinas hidrelétricas e meio ambiente, é certo que, do ponto de vista econômico é barata a
energia gerada a partir de usinas hidrelétricas, mas se considerar o custo socioambiental e essa tese é acolhida
por boa parte do Ministério Público, é a tese institucional da 6ª Câmara, Comunidades tradicionais, da 4ª Câmara,
meio ambiente. é nítido que o Brasil precisa de novas fontes de geração de energia e, de preferência, baratas.
Os preços da energia vêm subindo muito, o que afeta a inflação. Relação do Direito ambiental com o direito
econômico. Afeta o crescimento do país a energia cara, afeta a competitividade, há um descompasso entre a
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, obras ficam prontas antes, por conta de atraso no
licenciamento ambiental, suspeição judicial de licenciamentos feitos de forma açodada. Atualmente todo grande
empreendimento é judicializado. A hidrelétrica tem um custo econômico baixo, mas o custo socioambiental é
elevado. Há áreas alagadas, apesar de as novas usinas na modalidade a fio d’água ou chamadas sem reservatório,
é certo que há um grande impacto ambiental.
26
Princípio da Responsabilidade comum, porém diferenciada.
27
Trata dos objetivos gerais. Os objetivos específicos encontram-se no art. 4º.

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condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana28, atendidos os seguintes princípios29:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido,
tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento30 e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)31

Questão
TRF5 2015 “A recuperação de áreas degradadas é um dos princípios da Política
Nacional do Meio Ambiente; em relação às mineradoras, é ela uma exigência constitucional.”
(certo)
Comentário: a assertiva estaria incorreta se não tivesse dito que é um princípio da
Política Nacional do Meio Ambiente, pois para a doutrina não é princípio.
CRFB. Art.225, § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.

Materializa o princípio da prevenção. Já se sabe que a atividade minerária causa


degradação ambiental, por isso o empreendedor, de antemão é obrigado a recuperar a área
degradada, é uma exigência da Constituição.
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental32 a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente33.

Com a educação e a participação e as relações de troca, há na comunidade uma ligação


e essa ligação gera um maior desenvolvimento para Robert David Putnam que comparou o

28
Antropocentrismo.
29
Em verdade, esses não são princípios do direito ambiental. São ações públicas concretas, mas para a
lei são considerados princípios.
30
Exercício do poder de polícia.
31
É um ato material.
32
Esse é um verdadeiro princípio do direito ambiental.
33
Educação e participação com uma relação umbilical. Robert David Putnam – noção de capital social.

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Norte com o Sul da Itália e chegou à conclusão de que o Norte é mais avançado, mais evoluído
para ele em razão dessa confiança nas trocas mútuas que decorrem de uma participação que
tem por pressuposto a educação ambiental.
DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

Conceito de desenvolvimento sustentável.


I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico34;

- Resolução Nº 201 do CNJ de 03/03/201535


”Dispõe sobre a criação e competências das unidades ou núcleos socioambientais nos
órgãos e conselhos do Poder Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística
Sustentável (PLS-PJ)”

3. Princípios de Direito Ambiental

Princípios de Direito Ambiental


- Não há consenso na doutrina sobre os princípios

Por ser uma disciplina nova, não há consenso na doutrina sobre os princípios. Alguns
autores tratam de prevenção e precaução como sinônimos, alguns autores trazem princípios
que outros não trazem.
Aqui se tratará dos mais comuns em concursos.

Questão
TRF5/2006 CESPE “Os princípios de direito ambiental no Brasil recebem da doutrina
tratamento bastante homogêneo, sob enfoques quantitativo, qualitativo e terminológico”
(errado)
Comentário: o tratamento é heterogêneo.

Principais princípios – desenvolvimento sustentável, prevenção, precaução, poluidor-


pagador, protetor-recebedor, usuário-pagador, obrigatoriedade da intervenção estatal,
democrático, informação, função social, cooperação entre os povos ou entre as nações.

34
Garantir as necessidades das gerações presentes sem comprometer as futuras.
35
Visa criar nos Tribunais, conselhos para logística sustentável.

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3.1 Desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável
- Harmonizar crescimento econômico36, preservação ambiental37 e equidade social38

Visa harmonizar o crescimento com preservação e equidade social; propriedade


privada com função social da propriedade.
Conceito de desenvolvimento sustentável: garantir as necessidades das gerações
presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras e terem as suas necessidades
garantidas. Trata-se da ética do cuidado, a ética do por vir.
Quanto a esse princípio, a Professora Cristiane Derani critica essa definição, diz que
essa definição é utópica, trata-se de uma definição adotada pela grande maioria da doutrina,
diz que isso é algo vazio, pois se usar pouco para que todos possam usar pouco alguma geração
não terá mais esse pouco para usar, a exemplo do petróleo, em que vai se diminuindo o uso,
chegará a uma geração que não terá como usar o petróleo, pois é um recurso finito, não se
reproduz.
Esse princípio foi tratado pela primeira vez em Estocolmo, como abordagem do
ecodesenvolvimento.

- Conferência de Estocolmo 1972 “abordagem do ecodesenvolvimento”


- Em 1987 elaborado Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) apresentado o
conceito de desenvolvimento sustentável.

Em 1987 foi elaborado o Relatório Brundtland e apresentado o conceito político de


desenvolvimento sustentável. Visa a ideia força de atender o presente sem comprometer o
futuro.

- Atender necessidades das gerações presentes sem comprometer gerações futuras


- Princípio 4 (desenvolvimento com proteção ambiental) e 5 (erradicar a pobreza) da
Declaração do Rio/92
- Ética ambiental x estímulos econômicos

Está no princípio 4 e 5 da Declaração do Rio de 92. Pela primeira vez foi tratado em
1972, como abordagem do ecodesenvolvimento, repetido em 1987 com conceito político e
depois repetido em 1992.

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Propriedade privada.
37
Função social da propriedade.
38
Função social da propriedade.

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600.02
A ideia do princípio é ligar a ética ambiental (quem fala muito em ética ambiental é o
Professor José Renato Nalini, Presidente do TJSP), com a economia. O Papa agora critica os
instrumentos econômicos de direito ambiental, a exemplo da Lei 11.284/2006 (gestão de
Florestas Públicas). O Papa critica porque o capitalismo seria algo ruim e geraria uma ditadura
sutil, nas palavras dele, mas há uma íntima ligação.
O princípio do desenvolvimento sustentável atua como limite condicionante a ideia de
acumulação da economia, ele visa a chamar a atenção para o fato de que os recursos são
finitos, para que seja necessário garantir os interesses da coletividade e não só os interesses
individuais, e é um princípio que irradia todos os demais.
No paradigma atual, os princípios têm um caráter normogenético. Pode se utilizar a
classificação do Professor Paulo Bonavides:
1) Paradigma jusnaturalista: em que os princípios não têm força normativa;
2) Paradigma positivista: visa garantir a segurança jurídica, com Hans Kelsen, em
sua teoria pura do direito, em que direito é o que está positivado no ordenamento jurídico. O
juiz faria a subsunção da premissa maior (norma) a premissa menor (fato) e chegaria a
sentença. Exercício tranquilo, bastaria conhecer a norma. Na prática se revelou insuficiente a
partir da segunda guerra mundial, quando se verificou que para um autêntico Estado
democrático de direito não basta o Estado de direito, é preciso ver a qual lei se vai obedecer
e, por isso, fundamental a eficácia irradiante das normas constitucionais, o direito civil
constitucional e caminha-se para na fase positivista, os princípios com força normativa
supletiva, a exemplo da Lei de Introdução ao Código Civil (atualmente denominada Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro), a força normativa é tão somente supletiva.
3) Paradigma pós positivista: diz que os princípios têm força normativa, não mais
subsidiária, mas superior as regras. Aqui não vigora o tudo ou nada, há um sopesamento, uma
escala móvel de valores, cada hard case vai ter a utilização maior ou menor de um princípio
de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto. Há uma função normogenética dos
princípios, ou seja, eles não influenciam só a interpretação e aplicação das leis, mas também
a criação dessas leis. Os princípios adquirem, por isso, uma centralidade no ordenamento
jurídico, uma centralidade que demonstra a sua importância.
Essa centralidade, esse caráter normogenético, essa eficácia irradiante da Constituição
dá a ele uma verdadeira primazia no ordenamento jurídico a partir desse paradigma, que
começa com a lei fundamental de 1948 e implica uma reaproximação do direito e da ética.
Com o positivismo, Kelsen dizia que a lei é a lei positivada, não havia uma consideração
ética, havia uma separação de direito e ética, direito é o direito positivo, é um ato de poder,
é um ato de política e é isso que deve ser observado, porque o juiz é o juiz boca da lei, no
paradigma anterior havia a consideração de que fiat justitia, pereat mundus (faça justiça e que
o mundo pereça). Hoje não, hoje o juiz é atento aos efeitos colaterais de sua decisão, em cada

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decisão há uma perspectiva consequencialista, então, o juiz está atento ao que sua decisão
vai causar, ao efeito pedagógico e propedêutico, preventivo das decisões que tem que tomar,
a exemplo da medida provisória que criou o ICMBio, posteriormente convertida em lei.
O STF a julgou inconstitucional, em 7 de março de 2012 e, posteriormente, viu que
todos os atos e autuações da ICMBio não valeriam mais no dia seguinte, e modulou a decisão.
As sentenças de perfil aditivo do direito constitucional também representam esse novo
paradigma, com um direito mais maleável, que está interconectado com a realidade, não é
separado mais como um boca da lei, como uma operação de subsunção e, com isso, muda
também o papel do juiz na sociedade.
O juiz, hoje, sai a sociedade, manifesta opiniões, faz inspeções judiciais, não é mais a
figura do juiz recluso em seu gabinete, que não fala com ninguém e sentencia a partir da
leitura da lei e do caso concreto e de uma forma simples, como boca da lei concretiza a lei a
partir do que o parlamento diz, parlamento este que era compreendido por Montesquieu
como caixa de ressonância das aspirações populares, tudo isso se esvaiu.
O paradigma vigente é diferente e é importante que se saiba o papel do juiz no século
XXI, porque isso em algum momento será perguntado na prova.
É necessário um estímulo as formas alternativas de soluções de demanda. A solução
autônoma, em que as partes constroem a solução é muito melhor do que a solução imposta
por um terceiro imparcial, portanto, resolução judicial dos conflitos como última ratio.
Tudo isso reflete sobre o direito material, sobre todos os campos do direito, inclusive
no direito ambiental.

Edital TRF1 2015 “O direito ambiental como direito econômico. A natureza econômica
das normas de direito ambiental”
Ex. Direito Tributário. Sanções premiais. Ex. AES Eletropaulo ”Recicle mais, pague
menos”
- Constituição 1988

Por isso os TRFs têm colocado nos seus editais o direito ambiental como direito
econômico, a natureza econômica das normas de direito ambiental, aqui contida a
responsabilidade comum, porém diferenciada, sanções premiais, limitação da economia pelo
meio ambiente.
O desenvolvimento sustentável está na Constituição, no art. 170, que trata da ordem
econômica e no art. 225, que trata sobre o meio ambiente:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:

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II - propriedade privada39;
III - função social da propriedade;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado40 conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação41; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais42;

Questão
TRF5/2011 CESPE “O direito ambiental é dotado de instrumentos que o capacitam a
atuar na ordem econômica, e, nesse sentido, a PNMA visa, entre outros objetivos, assegurar
adequado padrão de desenvolvimento socioeconômico do país” (certo)
Comentário: direito ambiental tem instrumentos para atuar na ordem econômica e a
PNMA visa assegurar um adequado padrão de desenvolvimento socioeconômico do país, não
só econômico, também dos Stakeholders, das partes afetadas que não podem ser vistas como
sujeitos invisíveis, antagonistas, ao processo de desenvolvimento.
Exemplo: o Brasil quer construir uma usina e não se planejou, quer fazer isso a “toque
de caixa”, tratando com invisibilidade as partes afetadas que lá estão e por isso cabe ao juiz e
ao MP um papel de proteção de grupos vulneráveis atingidos pelo empreendimento, que a
sociedade majoritária vai olhar como obstáculos.
“Ainda que a CF não considere expressamente a defesa do meio ambiente como
princípio que rege a atividade econômica, a livre iniciativa somente pode ser praticada
observadas as regras constitucionais que tratam do tema” (errada)
Comentário: a CRFB considera de forma expressa. A defesa do meio ambiente é
considerada sim princípio da ordem econômica.
Art.. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

39
Vertente do desenvolvimento sustentável.
40
Visa assegurar uma igualdade material dentro da ideia insculpida no livro do Professor Celso Antonio
Bandeira de Melo, “ O conteúdo jurídico do princípio da igualdade”.
41
Materialização do princípio do poluidor-pagador, ou seja, aquele que polui, aquele produto ou serviço
que tem um maior impacto ambiental deve ter um tratamento pior para haver uma equalização e um incentivo
efetivo e prático a verdadeira defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado, que representa a vontade
do Constituinte de 1988.
42
Sustentabilidade também diz respeito aos Stakeholders, ou seja, partes afetadas. Exemplo: quando a
Petrobras faz uma obra ou quando é construída uma usina hidrelétrica em São Luis do Tapajós, povos ribeirinhos
e indígenas são afetados. Moradores do local são afetados pela especulação imobiliária, em Belo Monte se viu o
aumento do alcoolismo, da prostituição, da violência, dos crimes patrimoniais, tudo isso por conta do
crescimento desordenado, decorrente da construção de um empreendimento que a cidade não tinha
infraestrutura para suportar.

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Ligação umbilical do desenvolvimento sustentável com a equidade intergeracional, são
princípios irmãos.

STF ADI 3540 “desenvolvimento sustentável como justo equilíbrio entre as exigências
da economia e ecologia. Bem de uso comum43 do povo a ser resguardado em favor de
presentes e futuras gerações”

Questão
TRF5/2005 CESPE “O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre
a economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações internacionais, mas, por
não estar previsto expressamente na Constituição brasileira, atua apenas como aspiração
social e vetor ideológico para a atividade econômica” (errado) (170 e 225 CF)
Comentário: está previsto na Constituição. Está positivado nos arts. 170 e 225.
TRF5/2005 CESPE. “Os princípios da participação comunitária e da equidade
intergeracional têm sede constitucional,44 uma vez que a constituição brasileira estabelece a
faculdade de a coletividade praticar atos com vistas à proteção do meio ambiente e sua
preservação em prol das presentes e futuras gerações” (errado).
Comentário: o caput oferece a obrigatoriedade e não a faculdade.

Solidariedade ou eqüidade intergeracional

A ética do cuidado é imperativa, é norma constitucional cogente, obrigatória sobre a


qual não cabe negociação, ao menos do ponto de vista teórico da vontade constitucional. Na
prática, as vezes para construir usinas o Governo reduz unidades de conservação, faz pressões
políticas em autarquias como FUNAI e IBAMA, para liberarem empreendimentos.
Convenção 69/OIT45. Questão do consentimento livre, prévio e informado. O governo
instituiu recentemente um grupo de trabalho para verificar as condições em que esse direito
estabelecido na convenção deve ser observado.

Há o dever da coletividade
Ética solidária.

Há uma ética solidária entre as gerações.

43
Na verdade, bem difuso.
44
Art.225, CRFB.
45
De leitura importante para o concurso do MPF.

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600.02
3.2 Princípio da prevenção e da precaução

Prevenção e precaução
- Evitar a incidência dos danos ambientais é melhor que remediá-los Idênticos ou
distintos?
CESPE diferencia

Ambos são tratados de forma diferenciada tanto pelo CESPE quanto pelo MPF.
A ideia de ambos é de que evitar a ocorrência do dano é sempre melhor que remediar,
porque a regeneração é difícil.
Prevenção é o mais evidente, danos conhecidos, foi pela primeira vez dito em 1972 em
uma conferência internacional a precaução já é uma decorrência, já diz respeito aos danos
sérios e irreversíveis que ainda não são conhecidos, a precaução visa gerir a espera da
informação, visa a que haja uma correção da distorção, quando os conhecimentos científicos
ainda vão se aprimorar mas já há uma vontade da economia de desenvolver determinada
atividade.

Prevenção e precaução
- Ambos evitam concretização do dano
- Certeza científica x incerteza científica
- Declaração de Estocolmo de 72 e Rio de 92 X Declaração do Rio de 92

Ambos evitam a concretização do dano. A palavra-chave básica é a certeza cientifica


ou incerteza científica. Se precaução for utilizada para tudo não há como ter economia, então
há essa válvula de escape, precaução só para danos sérios e irreversíveis, eficácia processual
da precaução, inversão do ônus da prova, o empreendedor que deve corroborar a
inofensividade de sua conduta e não o contrário.
Exemplos de precaução: ERBS – estações de rádio base de telefonia celular; OGMOS –
organismos geneticamente modificados, conhecidos como transgênicos; agrotóxicos, em que
não se sabe exatamente se há efeito cancerígeno; o AMIANTO, muito polêmico na
jurisprudência do STF, na modalidade crisotila há quem diga que causa câncer pela inalação
das fibras que se soltam também chamado de asbesto branco. Há alguns que dizem que não
há qualquer perigo, então, o empreendedor que deve corroborar a inofensividade de sua
conduta para que ele possa utilizar esse material perigoso.

- Ambas extraídas do art. 225 (EIA46 X solidariedade intergeracional)

46
Fala de prevenção e precaução.

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Atividades minerárias X transgênicos e antenas de telefonia celular
- Alicerce do EIA
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

(prevenção)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Precaução
Princípio 15 da Declaração do Rio de 92
“Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver
ameaça de danos graves ou irreversíveis47, a ausência de certeza científica absoluta não será
utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir
a degradação ambiental.”

De forma implícita se verifica a responsabilidade comum, porém, diferenciada.


Não há certeza cientifica absoluta, isso será utilizado como uma necessidade de
espera, mas nem sempre, apenas quando houver medidas economicamente viáveis, ou seja,
quando houver um sucedâneo, um substituto para determinado produto. Exemplo: o amianto
crisotila tem um sucedâneo, que pode ser mais caro, mas existe. Não se utilizará o amianto
crisotila, é o que dizem as leis estaduais.

- Para o STJ, a inversão do ônus da prova (a inversão se dá em prol da sociedade).


Incerteza científica milita em favor do meio ambiente. Resp 972902/RS Inversão do ônus da
prova pela precaução e pelo diálogo de fontes. Interdisciplinaridade entre direito ambiental e
consumidor (caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado).
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL –
ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET – MATÉRIA PREJUDICADA –
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – ART. 6º, VIII, DA LEI 8.078/1990 C/C O ART. 21 DA LEI
7.347/1985 – PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO.
1. Fica prejudicada o recurso especial fundado na violação do art. 18 da Lei 7.347/1985
(adiantamento de honorários periciais), em razão de o juízo de 1º grau ter tornado sem
efeito a decisão que determinou a perícia.

47
Como válvula de escape, como efeito limitador. Como um amortecedor, para que a precaução não
abarque tudo e inviabilize a própria existência da economia.

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2. O ônus probatório não se confunde com o dever de o Ministério Público arcar com os
honorários periciais nas provas por ele requeridas, em ação civil pública. São questões
distintas e juridicamente independentes.
3. Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade
potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a segurança do emprendimento, a partir
da interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985,
conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução.
4. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 972.902/RS, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 14/09/2009)

Há dois fundamentos para inverter o ônus da prova: Microssistema processual


coletivo, art. 6º, CDC.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

No CDC, hipossuficiência do consumidor. No meio ambiente, direito difuso e tutelado


para todos. A interdisciplinaridade entre direito ambiental e do consumidor, inclusive, por
exemplo, há no Congresso Nacional Comissão de meio ambiente e consumidor, são institutos
semelhantes, ambos são direitos fundamentais de terceira dimensão.
 O que une o direito do consumidor ao meio ambiente?
A precaução, a inversão do ônus da prova e o caráter público e coletivo do bem jurídico
tutelado.
A precaução com a inversão do ônus da prova é preciso considerar que ela passe a
exigir uma prova negativa e essa prova negativa não pode ser diabólica, ou seja, impossível de
o empreendedor realizar. É preciso interpretar com proporcionalidade, que engloba
adequação, necessidade, proporcionalidade em sentido estrito, para que a precaução fique
limitada a danos sérios, graves e irreversíveis e também medidas economicamente viáveis.

- Prova negativa. Proporcionalidade. Danos sérios ou irreversíveis


Lei da Biossegurança (11.105/2005) – menção expressa. Artigo 1º
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a
construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo,
a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados –
OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de
biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e
a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.

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Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (12.187/2009)
Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes
políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios da precaução,
da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e,
quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será considerado o seguinte:

Diplomas internacionais que mencionam a precaução


Convenção sobre a Diversidade Biológica48, Declaração do Rio de 1992 e Protocolo de
Kyoto à Convenção Quadro sobre mudanças do clima.
- Encíclica do Papa Francisco "Laudato Si'". Junho de 2015. Visa à COP de Paris. Esforço
de François Hollande, e Angela Merkel, para que se chegue a um acordo capaz de limitar o
aquecimento global a 2°C até o fim do século.
- Refugiados ambientais.
- Mudanças climáticas e inflação. Ex. cebola

A precaução evita a existência dos refugiados ambientais, uma vez que evitar
aquecimento global evita desastres naturais, a exemplo da desertificação, dos tsunamis,
derretimento de calota polar e com isso elevação das marés, áreas alagadas, desastres como
a seca, inundações, etc.
A mudança climática também gera inflação, a exemplo do aumento do valor do
tomate, no ano passado, hoje é a cebola, haverá outros produtos, pois, a mudança climática
gera um desequilíbrio na lei de oferta e demanda. Lavouras inteiras podem ser devastadas e
com isso haverá um desequilíbrio, pouca demanda e muita oferta e haverá um impacto nas
taxas de inflação, que é um efeito indesejado na economia.
Redução de aquecimento global serve também a uma economia hígida, sem inflação,
em que se respeite o preço dos produtos, desde que haja uma sociedade em que não haja
aquecimento global e catástrofes naturais decorrentes de alterações climáticas provocadas
por gases estufa.
Da mesma forma, a camada de ozônio, Kofi Annan que era Secretário Geral da ONU
quando houve o acordo para a eliminação, para a redução gradual do uso do CFC que causava
o buraco da camada de ozônio dizia que aquele era o acordo mais bem-sucedido. Houve um
compromisso e hoje a camada de ozônio começa a se recuperar, embora ainda vá levar muitos
anos, ainda haverá, infelizmente, muitas ocorrências de câncer de pele e já há uma cultura do
uso do protetor solar, mas há devastação ambiental gerando problemas de saúde pública
também, problemas de inflação, ou seja, a proteção do meio ambiente está ligada com tudo,

48
Foi estipulada/redigida na Rio 92.

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de forma holística, em uma consideração antropocêntrica, a própria existência e a qualidade
dessa existência na terra.

Questão
MPF 28º concurso (22/3/2015). Qual a alternativa que corresponde ao princípio da
prevenção e não ao princípio da precaução em matéria ambiental:
a) A falta de certeza cientifica quanto a provocação de dano ambiental sério ou
irreversível por uma atividade indica que esta deve ser controlada, restringida ou proibida.
Comentário: precaução
b) O dano ambiental conhecido ou provável deve ser corrigido ou evitado na origem,
tratando-se desde logo suas causas.
Comentário: prevenção.
c) A ausência de certeza cientifica quanto a possibilidade de dano ambiental não é
suficiente para afastar a exigência de medidas para evitá-lo ou restringi-lo.
Comentário: precaução.
d) É ao responsável pelo empreendimento que cabe demonstrar com antecedência e
razoável segurança cientifica que a atividade não provocara dano ambiental insuportável.
Comentário: precaução.

Procurador Federal CESPE 2010. “O princípio da precaução refere-se à ação preventiva


e deve embasar medidas judiciais e administrativas tendentes a evitar o surgimento de atos
atentatórios ao meio ambiente” (certo)
Comentário: tem ideia preventiva.
Precaução = precaver (tomar cuidado além do razoável). Exemplo: vai sair 40 minutos
antes da prova para fazer o exame, o faz para se precaver de trânsito e outros acontecimentos.
Cautela além do necessário, ou seja, o princípio visa gerir a espera da informação, há uma
simetria entre a necessidade imediata de ação e o momento em que os conhecimentos vão
se solidificar.

- Visa a gerir a espera da informação. É um ponto de Interrogação. Necessidade da


ação x momento dos conhecimentos científicos. Administração pode com esse fundamento
embargar obras ou atividades (poder de polícia). Suspender licenças.

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600.02
CTN Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada
pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)

Questão
TRF1 2009 Assinale a opção correta quanto ao princípio da precaução.
A Esse princípio foi criado na Conferência de Estocolmo, em resposta aos danos
causados pelo vazamento de mercúrio na baía de Minamata e, por isso, os primeiros escritos
doutrinários da época referiam-se a ele como o princípio e Minamata.
Comentário: errada. O princípio não foi criado em Estocolmo e sim pela Rio 92.
B Tal princípio teve origem no princípio da incerteza, da física quântica, e foi o tema
central da Carta da Terra, redigida na abertura da Eco-92, na qual o jurista alemão Reinhardt
Sttifelmann defendeu que, na atual sociedade de risco, só se podem tomar medidas
ambientalmente impactantes com respaldo da ciência.
Comentário: errada. A Carta da Terra não foi redigida na abertura da Eco 92, foi
redigida por ocasião da Rio+5.
C Fundado no princípio da prevenção, o princípio da precaução aponta a inexistência
de certezas científicas como pressuposto para a adoção de política liberal pautada pelo caráter
não intervencionista do poder público nas atividades econômicas.
Comentário: errada. Política intervencionista. A precaução diz que é melhor prevenir
que remediar, ou seja, vai intervir na atividade econômica.
D Esse princípio fundamenta-se no direito penal secundário e diferencia-se do
princípio da prevenção geral e da prevenção específica, pois espelha os aspectos garantistas
dos direitos de terceira geração.
Comentário: errada. Fundamenta-se em direito ambiental.
E Tal princípio constitui a garantia contra os riscos potenciais que não podem ser ainda
identificados, devido à ausência da certeza científica formal, e baseia-se na ideia de que o risco
de dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever esse
dano.
Resposta: alternativa e

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