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1.

Lei de crimes sexuais a mudança do titulo dos crimes e a relação social


e histórica dessa mudança.

A primeira mudança no que diz respeito a nova lei 12.015/2009, que define os
crimes sexuais, começa pela mudança do titulo que desde 1940, ano de feitura do
nosso Código Penal, era atribuído a esses crimes. O título antigo era dotado de
inúmeras correlações sociais impregnadas pela moralidade e conjuntos de costumes
sociais da época, sendo a mulher a principal responsável por essa configuração na
nomenclatura. Como bem destaca em artigo sobre a nova lei Guilherme de Souza
Nucci:

“Originariamente os crimes sexuais eram classificados como crimes


contra os costumes, revelando os aspectos culturais e históricos que
permeavam a elaboração do diploma repressivo, e que ecoavam em
diversas previsões do texto original (o tipo incriminador do adultério,
da sedução, do rapto, a possibilidade de extinção da punibilidade no
caso do casamento do ofendido com a vítima), que guardavam
pertinência com os aspectos históricos e socioculturais da sociedade
da década de quarenta.” (NUCCI, Guilherme de Souza. 2009, Os
crimes sexuais e as alterações realizadas pela Lei 12.015/2009)

O titulo anterior “Dos crimes contra os costumes”, abrangia uma série de tipos
penais que iam desde os “crimes contra a liberdade sexual” dentre eles o Estupro
(art. 213 do C.P.), “Da Sedução e Corrupção de Menores”, até mesmo o subtítulo
“Do Rapto” (art. 219 e SS. Revogados pela lei 11.106/2005). No titulo situam-se
informações que abarcam as ferramentas para a interpretação dos artigos que se
encontram sob este. Grecco na sua doutrina sobre o assunto, situa bem o papel do
título na interpretação dos crimes:

“O nome dado a um Título ou mesmo a um Capítulo do Código Penal


tem o condão de influenciar na análise de cada figura típica nele
contida, pois, através de uma interpretação sistêmica ou mesmo de uma
interpretação teleológica, onde se busca a finalidade da proteção legal,
pode-se concluir a respeito do bem que se quer proteger, conduzindo,
assim, o intérprete, que não poderá fugir às orientações nele contidas. A
título de exemplo, veja-se o que ocorre com o crime de estupro, contido
no capítulo relativo aos crimes contra a liberdade sexual. Aqui, como se
percebe, a finalidade do tipo penal é a efetiva proteção da liberdade
sexual da vítima e, num sentido mais amplo, a sua dignidade sexual
(Título VI).” (GRECO, 2009)
O conteúdo tinha um cunho historicamente ligado à situação de fragilidade
social protecionista da mulher em meados de metade do século passado, diante do
número crescente desses tipos de delito para com este gênero específico, mulher,
tendo por óbolo, a proteção contra o aumento dos crimes sexuais, defloramentos
entre outros, que eram dificultados pela falta de uma legislação específica para
determinados crimes e da configuração da relação criminal, e principalmente por
serem essas maior alvo e estarem em posição de subordinação, e desfavorável
socialmente (A grande maioria das violências ocorria contra mulheres trabalhadoras.
( CAUFIELD, Sueann. UNICAMP 2005). O que acontecia de forma corrente antes
mesmo de 1940 bem como depois da implementação do Código Penal, era uma
discriminação principalmente no tocante a situação da mulher mesmo que as
normas para estas estivesse direcionada, havendo dentro do próprio óbolo jurídico
discriminações determinadas quanto a disposição da liberdade sexual por estas.

“O reforço dos valores familiais incorporado em tais conceitos de


honra sexual dava aos juristas espaço interpretativo para praticar esse
tipo de discriminação, ao mesmo tempo em que se percebiam como
imparciais defensores de valores culturais abstratos, ou mesmo de
urna ordem social natural. Em suma, a honra sexual era um
instrumento que permitia aos juízes abraçar a democracia racial ao
mesmo tempo em que praticavam a discriminação.” (CAUFIELD,
Sueann. Raça sexo e casamento. 1996).

A postura do antigo código nesse título referia-se a instinto familiar e a


necessidade intrínseca no seio familiar de proteção da honra, e dignidade de todos
diante da reprovação moral de crimes incluídos nesse rol. Dessa forma o crime que
dispunha de forma diferente ao praticado contra as mulheres, ou contra gênero
diverso, era o atentado violento ao pudor que ligado a disposições de cunho social
estavam amparadas na característica histórica, a nova legislação se ampara na
Dignidade sexual, não apenas como sentimento social, mas de perto da própria
liberdade do individuo em dispor do seu corpo. Nesse sentido NUCCI:

“Fica claro na mudança legislativa que já não se pretende resguardar


os costumes, mas a própria dignidade sexual, ou, em outras palavras a
liberdade de autodeterminação do indivíduo de manter uma vida
sexual conforme seus desígnios e livre de qualquer coação como
forma de realização humana e consecução efetiva de um aspecto da
própria dignidade humana. Seria impensável tal raciocínio na
sociedade brasileira de 1940, muito antes das revoluções sociais e
mesmo da revolução sexual experimentada em anos mais recentes.”
(NUCCI, 2009)

Também nesse sentido, Rogério Greco:

“A expressão crimes contra os costumes já não traduzia a realidade dos


bens juridicamente protegidos pelos tipos penais que se encontravam no
Título VI do Código Penal. O foco da proteção já não era mais a forma
como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a
sociedade do século XXI, mas sim a tutela da sua dignidade sexual.”
(GRECO, 2009)

Fazia-se necessário aprimorar a norma que dispunha sobre o assunto,


adaptando-a as características de uma nova realidade social, e de uma nova
maneira de ver a sexualidade e sua reprovação social, e corrigir distorções antigas
que davam tratamentos diferentes a homens e mulheres dentro do título, dando um
passo importante em direção ao maior respeito aos direitos humanos, coma
mudança do Título VI para “Dos crimes contra a dignidade sexual”.

Revogou-se a figura de atentado violento ao pudor que era abrangente em


seu intuito punitivo integrando-se essa figura ao estupro. A nova figura do estupro
engloba não apenas a copula vagínica como também a violência em suas formas
variadas. A intenção do legislador na nova lei é a de manter e criar sanções mais
especificas para crimes que acabaram por ter um aumento substancial no nosso
tempo a exemplo da exploração da prostituição infantil, bem como do abuso sexual
do menor independentemente do sexo deste.

A necessidade de dar uma visualização mais gravosa das condutas ligadas à


condição humana de possuir liberdade sobre o seu corpo, sobre a disposição deste.
É o disposto na declaração de direitos humanos, que trás os direitos sexuais como
integrantes da personalidade sobre a liberdade sexual é que se encontra disposto no
primeiro dos direitos sexuais entabulados na Declaração de Direitos di Homem: “O
Direito a Liberdade Sexual - A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos
indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as
formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situações de vida.”
(Durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China), entre 23 e 27 de
agosto p.p., a Assembléia Geral da WAS – World Association for Sexology, aprovou as emendas para
a Declaração de Direitos Sexuais, decidida em Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em
1997.)

De iniciativa da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração


Sexual no Senado, a proposição estabelece que tanto homens como mulheres
podem ser vítimas de crimes contra a liberdade e o desenvolvimento sexual
(JusBrasil). Dando um tratamento mais igualitário quanto a defesa dos direitos
humanos, além de ambos poderem ser vitimas de estupro, podem ser autores
ambos, sendo a mulher novo pólo ativo do crime.O estupro de vulnerável aparece
como uma nova figura dentro dos crimes sexuais e visa o combate a exploração
sexual infantil e imprimir uma conduta mais gravosa aquele que comete o crime
contra pessoa incapaz ou que por deficiência, ou situação esteja tolhida do
discernimento do ato.

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1544296/senado-aprova-mudancas-relativas-a-crimes-
sexuais-no-codigo-penal

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