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Escritos musicais Gregos - Teoria Harmônica

(Andrew Barker)

Pitágoras e o Pitagorismo antigo

O ‘Pitágoras’ do qual vida e doutrina é profusamente descrita nos documentos do fim do período
Helenístico e dos tempos Romanos é mais um mito que um homem. Houve um Pitágoras real, mas
surpreendentemente poucos escritores antigos o mencionam, e quando as várias camadas de lendas,
preconceitos, reinterpretações filosóficas e simples falsificações são retiradas das histórias que as
fontes futuras contam, poucos fatos históricos restam. Dos pontos que parecem seguros, seguem os
relevantes para nós.

Pitágoras nasceu em Samos por volta da metade do século seis a.C. Ele migrou, provavelmente por
questões políticas, para as colônias da Grécia Oeste ao sul da Itália, estabelecendo-se em Croton. Lá
seus ensinamentos atraíram um grupo de seguidores, e parece claro que o que os uniam era um
estilo de vida definido primeiramente por um conjunto de regras morais e rituais de injunção, mais
do que algo reconhecível como “doutrina’ filosófica. O principal objetivo desse estilo de vida era a
purificação da alma, a qual descendia pelas imperfeições e transmigrações através de uma série de
incarnações como afirmavam os Pitagóricos do início da tradição, e seu retorno final para uma
condição de pura divindade poderia ser atingido através dessas práticas de purificação. Isso também
tinha implicações políticas. Pitagóricos formaram uma elite governante em muitas ocasiões e em
diversas cidades da Itália, e nem sempre eram populares: uma revolta violenta contra eles aconteceu
em Croton.

Embora o Pitagorismo antigo fosse mais um conjunto de práticas do que um corpo doutrinário, ele
se conectava com especulações parcialmente de ordem metafísicas. O universo era concebido como
uma unidade ordenada, um sistema no qual as partes estavam conectadas em um padrão de divina
‘harmonia’ ou coordenação. A chave para a natureza desta ordem reside nos números, e apesar da
ideia de que os Pitagóricos eram os fundadores da matemática na Grega não ser mais aceita pelos
estudiosos, é certo que algumas pesquisas matemáticas (geralmente bizarramente misturadas com
numerologias místicas) foram realizadas por eles desde tempos antigos. Uma tradição persistente
afirma que o interesse Pitagórico pelos números e o desenvolvimento de concepções numéricas em
um contexto cosmológico inicia com a descoberta de Pitágoras de que certas relações musicais
fundamentais podem ser expressas por razões entre números. Mesmo que não se possa acreditar nos
detalhes das histórias futuras, não há uma boa razão para duvidar da essência desta tradição (mesmo
que a originalidade Pitagórica resida nos cuidados teoréticos que ele deu a essas razões, ao invés de
descobri-las). A estranha relação unificadora da oitava musical corresponde a simples razão 2:1. Sua
unidade oculta a estrutura de duas outras consonâncias (Em si concebidas acusticamente como
unificação ‘mistura/combinação’ do som), a quinta de 3:2 e a quarta de 3:4. Os números envolvidos
na articulação dessa ‘harmonia’ (um nome dado pelos músicos do século cinco para a oitava em si),
1, 2, 3, 4, formam a tetraktys da década, uma concepção seminal na cosmologia Pitagórica (ver 1.2).

Na visão de mundo Pitagórica, a ‘harmonia’ do universo (e por vezes aquela do microcosmos do e


da alma) baseava-se nas relações matemáticas na forma em que esta estrutura musical (tetraktys)
exibe. Geralmente tais ideias não levavam a nada além de especulações imaginárias sobre o
significado simbólico de números específicos. Mas no final do século cinco elas foram elaboradas
em um esquema metafísico no qual Aristóteles analisa com excelência (ver 1.5), formando a versão
da famosa teoria astronômica da harmonia das esferas (1.6 e 1.7). Também foram realizadas
tentativas de investigar o fenômeno musical em si de forma mais detalhada (ver particularmente
1.8), e na época de Philolaus a análise das razões que se combinam para formar uma oitava foi
ampliada para uma descrição matemática que compreendesse uma escala musical completa, uma
articulação total dos complexos nas relações internas da estrutura da harmonia (1.12).
Em todos os casos a motivação principal era metafísica ou cosmológica: esses Pitagóricos não
estavam comprometidos na ‘musicologia’. Mas no trabalho de Archytas é diferente. Ele foi o último
e o maior da série de Pitagóricos que estava na sucessão direta do fundador da escola; depois do seu
tempo ela desaparece na obscuridade por vários séculos. Ele era um matemático eminente, um
político bem sucedido, e um amigo respeitado por Platão. No entanto não há dúvidas que suas
pesquisas musicais e matemáticas estavam conectadas com ideias metafísicas caracteristicamente de
ordem Pitagórica, mas sua genialidade levou a segui-las quase como áreas autônomas de pesquisa, e
a um alto nível de sofisticação. Assim como seus predecessores, a maior parte do trabalho de
Archytas foi perdido. Seu poder e originalidade ainda podem ser discernidos, entretanto, nos
fragmentos que sobreviveram e em relatórios sobre seus textos de acústica e dos harmônicos: estes
textos, junto com as adaptações por Platão formam a base pra toda a tradição musicológica
conhecido pelos autores futuros como ‘Pitagórica’, bem como para o estudo da física acústica
empreendido por Aristóteles e seus sucessores.

Nem todos os estudantes dos harmônicos no período anterior a Platão eram Pitagóricos. Aristoxenus
se refere aos músicos do século seis Epigonus e Lasus como teóricos musicais, mas temos pouca
ideia da natureza de seus trabalhos. Sabemos um pouco a mais sobre os musicólogos de mente
empírica os quais Aristoxenus chama de harmonikoi. Eles são provavelmente mencionados em
Platão e Aristóteles. Todos os três autores distinguem seus métodos e intenções bruscamente
daqueles da matemática ou dos teoristas Pitagóricos. Aristoxenus com má vontade reconhece-os
como seus próprios precursores. Seus trabalhos certamente se originam no século cinco, mas até
onde sabemos não houve uma interação significante entre eles e os Pitagóricos. Esses ‘empiricistas’
são mencionados aqui somente para dissipar a impressão que a teoria musical nos tempos antigos
era um monopólio Pitagórico. Um teorista do século cinco de diferente ordem foi Athenian Damon,
conhecido pelos respeitosos comentários de Platão sobre ele. Tem-se assumido, plausivelmente, que
ele influenciou-se pelo Pitagorismo, mas existe uma grande evidência que ele foi um expoente da
análise harmônica em seus estilo matemático.

O assunto do Pitagorismo antigo é emaranhado e difícil. Pesquisas modernos na área foram


revolucionadas pela aparição de Burkert, Lore and Science (Alemão 1962, Inglês 1972).

1.2 Sexto Empírico Adv. Math.

Os Pitagóricos… tem o hábito de dizer ‘Todas as coisas se assemelham aos números’, e as vezes
declarar esta lei mais fundamental: ‘por ele nos foi dado a tetraktys, a qual contem a fonte e a raiz
da fluidez universal’. Em ‘por ele nos foi dado’ eles querem dizer Pitágoras (por ele idolatram-no);
e por ‘tetraktys’ (1) eles querem dizer um número que, sendo constituído dos quatro primeiros
números, encaixam-se no mais perfeito número, como por exemplo dez: um, dois, três e quatro
torna-se dez. Este número é o primeiro tetraktys, e descrito como a ‘fonte da eterna-fluidez natural’
assim como todo o universo é organizado com bases nesses números de acordo com a harmonia; e
harmonia é um systema de três consonâncias, a quarta, a quinta e a oitava; e as proporções dessas
três consonâncias são encontradas nos quatro números previamente mencionados, no um, dois, três
e quatro. (2)

(1) Uma tetraktys é um conjunto coordenado de quatro itens. Este, o tetraktys da década,
foi um fundamento na metafísica pitagórica. Ele representa a base da série numérica (o
número perfeito 10) dos primeiros quatro números, 1 + 2 + 3 + 4, eles mostram as razões
das principais consonâncias. Geralmente representado no diagrama de um triângulo
perfeito (fig x)
(2) Systema é algo que está unido em série, seu uso musical aproxima-se do termo
escala. Aqui um ‘sistema’ de oitava é composto por uma quarta e uma quinta, note a
sequencia de oitava formada pela quarta e pela quinta. As razões, 2:1 são uma oitava, 3:2
uma quinta, 4:3 uma quarta: seus termos são todos encontrados na tetraktys da década.

1.3 Escola de Platão Phaedo (na frase de ‘Glaukou techne’, ‘skill of Glaucus’)

Certo Hippasus (5) construiu quatro discos de bronze de forma que seus diâmetros fossem iguais, a
espessura do primeiro disco era ‘epitritic’ em relação ao segundo, ‘hemiolic’ em relação ao terceiro,
e duplo em relação ao quarto, e quando eles foram tocados eles produziram uma consonância (6). É
dito que quando Glaucus percebeu as notas feitas pelos discos, ele foi o primeiro a fazer musica
com elas, e como resultado dos seus esforços as pessoas continuaram falando sobre a ‘habilidade de
Glaucus’, como é chamada.(7)

(5) Pitagórico de Metaponto, provavelmente do início do século cinco, importante no


desenvolvimento inicial da escola.
(6) Epitric é a razão 4:3, hemiolic 3:2. Na verdade o procedimento descrito na passagem
(discos) gera resultados errados.
(7) Glaucus de Rhegium, um escritor musical do final do século cinco. Aqui ele é
representado como um músico prático em vez de um crítico e historiador: por isso sua
habilidade proverbial. A passagem completa é baseado em um relato de Aristoxenus.

1.4 Teón de Esmirna

Algumas pessoas pensam que é adequado obter essas consonâncias de pesos, alguns de magnitudes,
alguns de movimentos e números, e alguns de recipientes (vasilhas). Lasus de Hermione e os
seguidores de Hippasus de Metapontum, um pitagórico (8), buscavam a velocidade e a
desaceleração dos movimentos, nas quais as consonâncias estabelecem-se (9) … pensando nisso…
nos números, ele construiu as razões destes tipos em vasilhas. Todas as vasilhas eram iguais.
Deixando uma vazia e enchendo a outra até a metade com líquido, ele fez um som em cada, e a
consonância da oitava a ele foi dada. Então, novamente deixando uma das vasilhas vazias, ele
despejou na outra uma parte de um quatro, e então quando ele tocou a consonância da quarta foi a
ele dada, assim como a quinta quando ele completou uma parte de três. A do espaço vazio ficou
para a outra em uma oitava em 2 para 1, na quinta em 3 para 2, e na quarta em 4 para 3.

(8) Supõe-se que ele era um Pitagórico, mas isso não se confirma por nenhuma fonte:
bruscamente ele foi contemporâneo do próprio Pitágoras.
(9) Não existe uma boa evidência de que os primeiros pesquisadores associaram altura
com velocidade do movimento. Uma teoria desse tipo aparece pela primeira vez em
Archytas.

1.5 Aristóteles Metafísica

Ao mesmo tempo que essas pessoas [Leucippus e Democritus] e antes deles, as pessoas chamas
‘Pitagóricas’ assumiram a matemática, e foram os primeiros a avançar nesta ciência; eles cogitaram
que seus princípios eram os princípios de todas as coisas (12). Desde então são os números que são
os primeiros por natureza, e nos números eles consideraram haver muitas semelhanças nas coisas
que são e que vem sendo criadas, mais além como no fogo na terra e na água (…) desde que,
novamente, eles viram que os atributos e razões da harmoniai são encontradas nos números (14);
assim, finalmente, todas outras coisas parecem terem sido planejadas, em toda sua natureza, na
aparência com os números, e de toda a natureza os números parecem ser os primeiros, eles supõem
que os elementos dos números são os elementos de todas as coisas, e que todo o céu é uma
harmonia e um número (15). E todas as coisas nos números e na harmoniai que eles podiam mostrar
que estavam de acordo com os atributos com as partes do céu e com toda sua organização, esses
eles coletavam e adaptavam-os. E se algo estava faltando em algum lugar, eles mantinham-se firmes
ao seu objetivo de que toda sua teoria deveria estar coerentemente conectada. Quero dizer, por
exemplo, desde que o número 10 parece ser perfeito e inclui a natureza de todos os números, eles
dizem que as coisas que voam pelos dos céus são dez. Mas desde que os visíveis são somente nove,
eles criaram então um décimo, a ‘contra-terra’ … (18)
(…) Essas pessoas, também, evidentemente acreditaram que o número é o princípio, tanto como
matéria para coisas que existem e como atributos de seus estados, e que os elementos dos números
são o par e o ímpar, o primeiro deles sendo ilimitado, o segundo limitado; e que o Um vem de
ambos (por isso eles dizer ser tanto por como impar), e que os números vem do um, e todo o céu,
como temos dito, são números. (19)

(12) Este é um dos nossos documentos mais importantes da antiga metafísica Pitagórica
(14) Aqui harmoniai se refere a um padrão de afinação característico, geralmente associado a uma
característica ou ethos específico.
(15) Ou seja, uma afinação expressa como um sistema de relações numéricas. Teoria da ‘harmonia
cósmica’
(18) Os corpos visíveis são o Sol a Lua, os cinco planetas (Mercúrio, Venus, Marte, Júpter,
Saturno), a Terra e a esfera das estrelas fixass.
(19) Ímpar e par, limitado e ilimitado, são fundamentos da cosmologia Pitagórica.

1.6 Aristóteles Sobre o Céu

Por esses pontos fica claro a tese de que a harmonia ocorre quando as estrelas se movem. (…) Por
isso para algumas pessoas parece inevitável que quando corpos tão grandes se movam, devam
produzir sons, assim como acontecem com corpos em nossa região, os quais não tem massa igual a
deles e não se movem em tão grande velocidade. Quando o Sol e a Lua e as estrelas, tão grandes em
número e magnitude, estão em movimento, é impossível, eles dizem, que não surja um som
extraordinário em magnitude. Tomando essas afirmações como premissas, e assumindo também que
as distâncias entre elas e suas velocidades adquirem as razões das consonâncias. Eles dizem que o
som produzido pelas estrelas conforme viajam em circulo é harmônico. E já que parece inexplicável
que nós não escutamos esse som, eles dizem que a razão para isso é que o som está aí desde o
momento que nós nascemos, então ele não é aparente em relação a um silêncio contrastante: por
isso, eles dizem, som e silêncio se distinguem pela relação entre um e outro, assim como para os
ferreiros o ruído não faz diferença pois eles estão acostumados a ele, então as mesmas coisas
sucedem com a humanidade.

1.7 Aristóteles Sobre o Céu

A maioria das pessoas dizem que [a Terra] está no centro, … mas as pessoas na Itália chamadas
‘Pitagóricas’ dizem o oposto. Para eles no centro está o fogo, enquanto a Terra é uma das estrelas, e
viajando em um círculo ao redor do centro faz o dia e a noite. Então, eles construíram outra terra,
oposta a esta, que eles chamaram pelo nome de ‘contra-terra’, não buscando teorias e explicações
do fenômeno observado, mas forçadamente jogando o fenômeno em direção a certas teorias e
opiniões próprias, tentando organizá-las em conjunto. (23)

(23) A atitude de Aristóteles à metodologia Pitagórica foi ecoada em futuros


musicologistas.

1.8 Porfírio Commentary on the Ptolomy Harmonics

Alguns dos Pitagóricos, como Archytas e Didymus registraram, após as razões das consonâncias
terem sido estabelecidas, as comparações dessas razões entre uma e outra e desejando mostrar quais
eram mais consonantes, procedeu-se da seguinte forma. Pegando os primeiros números - o qual eles
chamam pythmenes (26) - aqueles que produzem as razões das consonâncias/concordâncias (ou
seja, os menores números nas quais as consonâncias são produzidas, como por exemplo os
primeiros números no qual a oitava é apreendida é 2 e 1, desde que dois para um é o primeiro duplo,
e o fundamento para os outros duplos; e a quarta é epitritics 4 e 3, a relação 4 para 3 é o epitritics
mais fundamental)

(26) A palavra significa ‘base’ ou ‘fundamento’. Porphyry explica seu sentido no


parênteses seguinte.

1.9 Philolaus frag.1

A natureza no universo foi harmonizada do ilimitado e limitado, tanto o universo como todas as
coisas são assim. (30)

(30) Aqui o conceito de harmonia é usado em um contexto cosmológico e psicológico. A


ideia nas entrelinhas é de que o mundo e tudo o que há nele, incluso a alma, são
constituídos de elementos ou classes que pertencem a categorias diferentes (aqui o
limitado e o ilimitado), que não podem por sua própria natureza se juntar e formar um
todo coordenado. A unidade e a coordenação que as coisas (e todo o cosmos) exibem vem
da presença de um terceiro princípio, harmonia, a qual reconcilia os outros dois. Ainda
que o termo harmonia possui um uso não-musical (significando ‘encaixe/combinação’), é
claro que o senso musical estava na mente de Philolaus, ao menos como uma metáfora.
Existem afinidades óbvias com a doutrina da harmonia das esferas: ideias como essas de
Philolaus eram amplamente elaboradas na tradição Pitagórica tardia.

1.11 Philolaus frag. 4

E todas as coisas, certamente, que são conhecidas possuem números: por isso não é possível que
nada seja imaginado ou conhecido sem ele. (31)

(31) O pensamento de que as coisas podem ser entendidas pelo seus aspectos numéricos
é um tema adotado por Platão, sendo característica do Platonismo Pitagórico do período
tardio.
1.12 Philolaus frag. 6 (Segundo parágrafo também em Nicomachus)

(…) As coisas que são similares e da mesma espécie não necessitam de harmonia; mas coisas que
são diferentes e não da mesma espécie ou diferentes em sua classificação, para tais coisas foi
necessário conectá-las em conjunto pela harmonia, se fossem para mantê-las unidas no cosmos.
A magnitude da harmonia é uma syllaba e di’oxeian (32). A di’oxeian é maior que a syllaba na
razão epogdoic (33). De hypate a mese é uma syllaba, de mese a neate é um di’oxeian, de neate a
trite é um di’oxeian, de neate a trite é uma syllaba, e de trite a hypate é um di’oxeian. (34). O
intervalo entre trite e mese é epodoic, a syllaba é epitritic, o di’oxeian hemiolic, e o dia pason é
duplo (35). Portanto a harmonia consiste em cinco epogdoics e duas dieses; di’oxeian são três
epogdoics e uma diesis, e a syllaba é dois epogdoics e uma diesis (36)

(32) Aqui harmonia adquire o senso de (afinação da) oitava. Syllaba é a quarta e
di’oxeian a quinta. A terminologia é explicada em Nicomachus onde o parágrafo é citado.
O uso da harmonia significando ‘oitava’ relaciona-se no sentido de ‘sistema de afinação’
através do tratamento de tal sistema como por exemplo as espécies de oitavas.
(33) Ou seja, a razão 9:8, a de um tom (o tom, seja concebido como razão ou como
distância intervalar, é definido entre os escritores Gregos como a diferença entre a quarta
e a quinta)
(34) Aqui hypate é hypate meson, neate (variação de nete) é nete diezeugmenon. O que
Philolaus chama trite corresponde a posição da nota que a maioria dos autores chamam de
paramese, trite diezeugmenon sendo o nome normalmente dado a nota um semitom ou
uma leimma sobre ela (no gênero diatônico)

Terminologia padrão Philolaus

Nete (diezeugmenon) Neate


Paranete (diezeugmenon)
Trite (diezeugmenon)
Paramese Trite
Mese Mese
Lichanos (meson)
Parhypate (meson)
Hypate (meson) Hypate

A singularidade da terminologia de Philolaus é importante, porque trite significa ‘terceira


(nota)’, e seu uso implica que somente uma nota reside entre ela e neate. Então o sistema
de oitava de Philolaus contém no máximo sete notas. Uma tradição persistente afirma que
os sistemas escalares antigos, cobrindo uma oitava ou não, tinham somente sete notas (a
lira geralmente tinha somente sete cordas, mesmo no século cinco); uma oitava corda foi
adicionada posteriormente. As fontes não contam uma história única e consistente. A
confusão existe em parte pela existência de dois diferentes sistemas de sete notas, um
formando pela conjunção de dois tetracordes, cobrindo uma sétima, o outro um sistema
com lacunas, se estendendo por uma oitava, formado por duas quartas disjuntas por um
tom, mas faltando uma nota do tetracorde superior.
(35) Essas são as razões dadas como padrão para o tom e para as consonâncias,
respectivamente 9:8, 4:3, 3:2, 2:1. Dia pason, literalmente ‘através de todas (as cordas ou
notas)’, é o termo usual para ‘oitava’.
(36) Diesis aqui é usado para o intervalo no qual uma quarta excede dois tons (seu uso é
diferente em Aristoxenus). A forma de expressão de Philolaus sugere que ele entendeu
que esse intervalo não é exatamente meio tom, caso contrário harmonia teria exatamente
seis epogdoics. Isso é o que Platão e outros chamam de leimma, da qual a razão é
256:243. De acordo com Boethius, traduzido em Burkert (1972, p. 395), Philolaus chama
essa menor parte do tom de diesis, a maior parte restante apotome, e a diferença entre elas
de komma; em outros lugares ele adiciona o schisma e o diaschisma, as metades,
respectivamente, do komma e do diesis.
1.20 Archytas frag. 2 (Porph. Comm.)

Existem três médias na música (54). Uma é aritmética, a segunda geométrica e a terceira
subcontrária [hypenantia], a qual eles chamam ‘harmônica’. Existe uma média aritmética quando
existem três termos, que proporcionalmente excedem um ao outro da seguinte maneira: o segundo
excede o terceiro pela mesma quantidade pelo qual o primeiro excede o segundo. Nesta proporção
acontece que o intervalo entre o maior termo é menor, e aquele entre o menor termo é maior (55).
Existe uma média geométrica quando eles estão o primeiro para o segundo, assim como o segundo
para o terceiro (56). Nessa forma o intervalo gerado no maior termo é igual ao gerado pelo menor
(57). Existe a média subcontrária, que nós chamamos ‘harmônica’, quando eles estão de tal modo
que a parte do terceiro pelo qual o termo do meio excede o terceiro é o mesmo que a parte do
primeiro pelo qual o primeiro excede o segundo (58). Nessa proporção o intervalo entre o maior
termo é maior, e aquele entre os menores termos é menor. (59)

(54) Os usos das três ‘médias’ e suas correspondentes formas de proporções ocorrem
repetidamente nos textos musicológicos das tradições Pitagóricas e Platonistas.
(55) Assim os números 12, 9, 6 estão na proporção aritmética. A razão de 9 para 6 é 3:2,
o da quinta musical, enquanto o de 12 a 9 é 4:3, o da quarta.
(56) Ou seja, existem três termos x, y, z na forma x:y = y:z (ou x/y = y/z, etc.).
(57) Os exemplos mais simples são as sequencias de múltiplos, tal como 6, 12, 24, onde
24:12 = 12:6 = 2:1, a razão da oitava.
(58) Ou seja, existem três termos, x, y, z, de tal modo que y-z = z/n e x-y = x/n. Pegando
por exemplo 12, 8, 6. Aqui 8-6 = 6/3 e 12-8 = 12/3. A diferença em cada caso é a terceira
parte do termo relevante dos extremos.
(59) Portanto no caso n. 58, o intervalo representado por 12:8 é 3:2, a quinta, e o
representado por 8:6 é 4:3, a quarta. Os vários exemplos demonstrados acima mostram
como as três médias podem ser usadas, em uma forma elementar, para mapear a estrutura
básica de um sistema musical padrão. As séries 6, 12, 24 etc., na proporção geométrica,
representam uma sequencia de notas uma oitava aparte. Pegando os dois primeiros
números e inserindo a média aritmética, temos 6, 9, 12, uma oitava sendo dividida em
uma quinta e uma quarta. Com a média harmônica inserida entre os termos originais
temos 6, 8, 12, a oitava dividida em uma quarta e uma quinta. Quando as duas sequencias
se combinam, 6, 8, 9, 12, eles produzem duas quarta separadas por um tom de razão 9:8, e
pode representar as notas fixas delimitando um par de tetracordes disjuntos. Essas são as
relações fundamentais no qual todas as estruturas harmônicas complexas Pitagóricas e
Platonistas são construídas.

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