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CUIABÁ, MT
OUTUBRO, 2012
1
Área de Concentração:
Construção Civil
Orientador:
Professor Dr. Douglas Queiroz Brandão
CUIABÁ, MT
OUTUBRO, 2012
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4
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus que me deu inspiração e força para a realização do
mestrado.
Ao Professor Dr. Douglas Queiroz Brandão, por ter me despertado para a importância
da BIM como tema de estudo, por sua paciência ao longo da orientação deste trabalho, de
grande importância ao meu crescimento profissional e pessoal.
Aos Professores Dr. Cláudio Cruz Nunes, Dr. José Afonso Botura Portocarrero e Dr.
Sérgio Scheer pelas contribuições na banca de qualificação e pelo enriquecimento desta
pesquisa.
As amizades iniciadas no mestrado e que seguirão para a vida toda: Anelise Yano,
Karina Colet e Mariana Abreu, pelo convívio, aprendizado, incentivo e inúmeras discussões
sobre nossas dissertações.
Aos escritórios que receberam a mim, sempre atenciosos e dispostos a contribuir com
a pesquisa acadêmica.
RESUMO
Esta dissertação trata do modelo de processo de projeto utilizando a tecnologia BIM (Building
Information Modeling) em escritórios de arquitetura. O conceito de BIM surgiu há mais de
trinta anos, no entanto vem sendo divulgado com maior abrangência no mercado da
construção civil apenas nos últimos dez anos. As vantagens de sua utilização são visíveis em
projetos que foram desenvolvidos nesta tecnologia, considerando o aumento na rapidez e na
qualidade de projetos entre outros benefícios que foram explanados neste trabalho. Para tanto,
o objetivo principal desta pesquisa, foi propor a implantação da tecnologia BIM, apresentando
um modelo de processo de projeto, a fim de auxiliar os escritórios de arquitetura a
desenvolverem seus projetos com maior nível de eficiência. A base teórica desta pesquisa
apresenta temas relacionados com o processo de projeto, o projeto e a tecnologia BIM.
Fundamenta-se metodologicamente em estudos de casos múltiplos, interpretados
qualitativamente e realizados em escritórios de arquitetura nas cidades de Cuiabá, São Paulo e
Goiânia. Na preparação dos estudos foi elaborado um protocolo de pesquisa com questões
para a coleta de dados nos escritórios. A condução dos estudos de caso foi de ordem
exploratória: através de documentos, entrevistas e observação direta nos escritórios. As etapas
para a entrevista foram elaboradas de acordo com informações como: dados da empresa;
dados sobre o desenvolvimento dos projetos; dados sobre planejamento para implantação da
tecnologia BIM; dados sobre tecnologia da informação; dados sobre processo de projeto e
sobre procedimentos de trabalho. Após a validação, foi realizada uma análise comparativa
destas informações. Nesta análise ficaram claras as mudanças ocorridas nos processos de
projeto, nos procedimentos de trabalho e na capacitação da equipe técnica dos escritórios, nos
quatro estudos de caso. O produto final desta pesquisa foi à criação de uma proposta para
implantação da tecnologia BIM e de um modelo de processo de projeto, composto de
diretrizes de trabalho, através de instrumentos para o desenvolvimento dos projetos nos
escritórios de arquitetura.
ABSTRACT
GARBINI, N. A. L. Proposed model for implementation and design process using BIM in
architectural offices. Cuiabá, 2012 182f. Master’s Dissertation (Master in Building
Environmental Engineering) - Federal University of Mato Grosso, Cuiabá, 2012.
This work deals with the design process using BIM (Building Information Modeling) in
architectural offices. The concept of BIM arose more than thirty years ago, however, it has
been reported with greater coverage in the construction market just in the last ten years. The
advantages of its use are visible in projects wich were developed with this technology,
considering the increase in the speed and quality of projects, among other benefits that have
been described in this work. Therefore, the main objective of this research was to propose a
deployment technology for BIM in architectural offices and a model of the design process
through the use of this technology in order to assist architectural firms to develop their
projects with greater efficiency. The theoretical basis of this research presents issues related to
the design process, design and BIM. It was conducted on methodologically multiple case
studies, qualitatively interpreted and implemented in architectural offices in the cities of
Cuiabá, São Paulo and Goiânia. In preparing the studies a research protocol issues was
designed for data collection in offices. The conduct of the case studies had an exploratory
order: through documents, interviews and observation in the offices routine. The steps to the
interview included the company's data and investigation about the development of projects,
the planning for implementation of BIM technology, information technology, the design
process and the work procedures. After validation a comparative analysis of this information
was performed. This analysis became clear the changes in design processes, work procedures
and training of the technical staff of the offices in the four case studies. The last step of this
research was to create a proposal for implementation of BIM and a model of the design
process, composed of working guidelines and instruments for the development of projects in
architectural offices.
.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA .............................................. 17
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 20
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 20
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 20
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................... 22
2 PROCESSOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES ............................................................. 22
2.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 22
2.2 DEFINIÇÕES DE PROJETO....................................................................................... 22
2.3 O PAPEL DO PROJETO ............................................................................................. 24
2.4 PROCESSO DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES ........................................................ 26
2.4.1 As Etapas do Processo de Projeto ................................................................................. 28
2.4.2 Problemática do Processo de Projeto ............................................................................ 33
2.5 MODELAGEM DO PROCESSO DE PROJETO ........................................................ 34
2.6 ESTUDOS DE MODELOS DE PROCESSO DE PROJETO ...................................... 36
2.6.1 Markus e Arch (1973) ................................................................................................... 36
2.6.2 Riba (1980) ................................................................................................................... 38
2.6.3 Melhado (1994) ............................................................................................................ 39
2.6.4 Novaes, 1996 ................................................................................................................ 41
2.6.5 Tzortzopoulos, 1999 ..................................................................................................... 42
2.6.6 Fabrício, 2002 ............................................................................................................... 44
2.6.7 GPPIE – Romano, 2003 ................................................................................................ 45
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 47
3 BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)............................................................ 47
3.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 47
3.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................... 47
3.3 EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS COMPUTACIONAIS – CAD AO BIM .......... 48
3.3.1 Diferentes Tipos de CAD - Geométrico: Prancheta Eletrônica .................................... 48
3.3.2 Diferentes Tipos de CAD - 3D: Maquete Eletrônica.................................................... 49
3.3.3 Diferentes Tipos de CAD - BIM: A Modelagem do Produto ....................................... 50
3.4 DEFINIÇÕES DE BIM ................................................................................................ 50
3.5 MODELAGEM VIRTUAL .......................................................................................... 54
3.6 PROJETO PARAMÉTRICO........................................................................................ 55
3.7 INTEROPERABILIDADE........................................................................................... 57
3.8 FLUXO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE PROCESSO DE
PROJETO UTILIZANDO A TECNOLOGIA BIM..................................................... 59
3.9 ADOÇÃO DA TECNOLOGIA BIM NO CONTEXTO INTERNACIONAL ............ 60
3.10 GUIAS DE IMPLANTAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM EM ESCRITÓRIOS DE
PROJETO ..................................................................................................................... 61
13
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 70
4 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................................. 70
4.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 70
4.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA ................................................................................... 70
4.3 UNIDADE DE ANÁLISE ............................................................................................ 71
4.4 ESTRATÉGIA DA ANÁLISE ..................................................................................... 71
4.5 QUALIDADE DA PESQUISA .................................................................................... 72
4.6 ESTRUTURA DA PESQUISA: ................................................................................... 73
4.6.1 Etapa Inicial .................................................................................................................. 74
4.6.2 Survey ........................................................................................................................... 75
4.6.3 Planejamento: Estudo Piloto ......................................................................................... 75
4.6.4 Planejamento: Coleta de Dados .................................................................................... 75
4.6.5 Estudos de Casos Múltiplos .......................................................................................... 76
4.6.6 Análise dos Dados ........................................................................................................ 77
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 79
5 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS .................................................................................. 79
5.1 CONTEXTO ................................................................................................................. 79
5.2 ESTUDO DE CASO “A” – Estudo Piloto ................................................................... 79
5.2.1 Descrição da Empresa A e a Obra em Estudo .............................................................. 79
5.2.2 Processo do Projeto Tradicional ................................................................................... 80
5.2.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto com BIM .................................................. 82
5.2.3.1 Reunião com cliente e arquiteto ................................................................................... 83
5.2.3.2 Reunião com a equipe de projetos e a empresa coordenadora .................................... 83
5.2.3.3 Reunião com equipe de projetos, empresa coordenadora e coordenação de projetos
BIM ............................................................................................................................... 83
5.2.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho................... 88
5.2.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso A ................................. 88
5.2.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso A ........................................................ 91
5.3 ESTUDO DE CASO “B” ............................................................................................. 92
5.3.1 Descrição da Empresa B e a Obra em Estudo .............................................................. 92
5.3.2 Processo de Projeto Tradicional ................................................................................... 93
5.3.3 Descrição do Desenvolvimento do Projeto em BIM ....................................................... 95
5.3.3.1 Reunião com cliente, arquiteto e consultora de projetos escolares ............................. 96
5.3.3.2 Reunião com arquiteto responsável pela equipe de projetos e líder BIM ................... 96
5.3.3.3 Reunião com equipe de projetos e líder BIM ............................................................... 96
5.3.4 Implantação da Tecnologia BIM e Mudanças nos Processos de Trabalho................. 100
5.3.4.1 Apresentação dos resultados da entrevista do estudo de caso B ............................... 100
5.3.5 Considerações Gerais Sobre o Estudo de Caso B ....................................................... 103
5.4 ESTUDO DE CASO “C” ........................................................................................... 104
14
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
pesquisa mais recente, foi demonstrado que projetos inadequados eram responsáveis por 60%
das patologias apresentadas pelas construções estudadas (AMBROZEWICZ, 2003).
Fabrício e outros (1998) citam, dentre as principais deficiências dos projetos, a
ausência de informações necessárias às atividades de produção do edifício, ou mesmo a
desconsideração da fase de produção nas soluções adotadas pelo projeto. Isso leva as equipes
de obra a decidirem por si próprias a respeito de características que não foram previamente
especificadas. Mas, nos últimos anos, a comunidade da construção vem se conscientizando da
importância da melhoria do processo de projeto para o sucesso do empreendimento, adotando
novos critérios de qualidade e competitividade. (ROMANO et al., 2001).
Segundo Ayres (2009, p.3), processo de projeto é, essencialmente, uma sequência de
aprimoramentos em um conjunto de informações a ser transmitido para as fases subsequentes.
Mesmo pequenos projetos na indústria da construção produzem uma enorme quantidade de
informações e, por isso, os benefícios do uso de tecnologias da informação (TI) são muitos.
Entretanto, há uma grande distância entre a pesquisa em tecnologia da informação aplicada à
construção civil e os métodos realmente praticados pela indústria no cotidiano, tanto no Brasil
como nos outros países. A indústria da construção tem um caráter eminentemente
conservador, o que torna difícil a incorporação dos avanços, mantendo um atraso tecnológico
em relação a outros segmentos da indústria. (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).
Assim, de acordo com Brito (2001), a ineficiência do processo de projeto pode ser
associada à reunião de dois importantes fatores:
a) Problemas gerenciais, tais como comunicação deficiente entre os agentes do
processo, indefinição de responsabilidades, entre outros;
b) Subutilização dos sistemas Computer Aided Design (CAD) e tecnologias da
informação existentes. Após quase 30 anos de existência dos sistemas CAD no
mercado, seus usuários não usufruem de toda a potencialidade que esses oferecem.
Atualmente, por outro lado, observa-se que uma parcela crescente de arquitetos e
projetistas tem se empenhado em antecipar as inconsistências e conflitos frequentes do
processo de projeto, com o desenvolvimento de projetos por equipes multidisciplinares,
ampliando as atribuições dos diversos agentes, valorizando o papel da coordenação de projeto
com potencial de integração nas variadas fases do processo (NOVAES, 1997).
Um bom processo de projeto, conduzido com o auxílio de ferramentas de tecnologia
de informação adequadas, é o pilar fundamental para a qualidade dos processos de construção
e dos edifícios resultantes (MOUM, 2006).
17
planejar da forma eficiente a utilização da tecnologia BIM em seus projetos, pois será dele o
papel de exigir dos demais envolvidos no projeto, a adoção desta tecnologia.
Fabrício e Melhado (2002) citam que, com a crescente informatização dos escritórios
de projeto, verifica-se uma tendência, ou ao menos uma possibilidade, de estender as
simulações mais adiantadas do processo de projeto, envolvendo cálculos e maquetes
eletrônicas que podem, com o auxílio do computador, ser realizados de forma mais rápida e
menos onerosa. Os mesmos autores ainda comentam que essa mudança denota novas
possibilidades projetuais que permitem separar parte das habilidades projetuais ligadas a
intuição para a simulação de possibilidades e análises comparativas dos desdobramentos de
cada uma.
Tzortzopoulos (1999) explica que a sistematização do desenvolvimento das atividades
de projeto, bem como das informações necessárias em cada fase, são fatores essenciais para a
melhoria do processo como um todo. Provavelmente a característica mais importante da
modelagem está relacionada à visão sistêmica do processo, que demonstra que qualquer faceta
do trabalho deve ser vista e analisada em relação ao todo (Figura 1). Como consequência,
todas as atividades envolvidas podem ser mais facilmente controladas e relatadas enquanto
uma estratégia coerente pode ser mantida através do todo (RIBA, 1980).
É importante dizer que muitas pesquisas desenvolvidas, as quais tentam compreender
de uma forma geral a natureza do projeto e sugerem ferramentas para que o mesmo possa ser
desenvolvido sistematicamente, não tem sido suficientemente utilizadas na construção
(AUSTIN et al., 1994).
19
CAPÍTULO 2
2.1 CONTEXTO
Gray et al.2 (1999 apud Tzortzopoulos) definem o projeto como uma forma de
expressão pessoal e também uma forma de arte. Os autores consideram que o projeto é uma
resposta aos requisitos do cliente, que requer criatividade e originalidade para seu
desenvolvimento. Assim, definem o projeto como uma solução criativa e eficiente para um
problema.
Melhado (1994) define o projeto como uma atividade ou serviço integrante do
processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e
transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem
consideradas na fase de execução.
A NBR 5674 (ABNT, 1999) define projeto como uma descrição gráfica e escrita das
propriedades de um serviço ou obra de Engenharia ou Arquitetura, definindo seus atributos
técnicos, econômicos, legais e financeiros.
Naveiro (2001) diz que uma conceituação de projeto vem da área de Sociologia da
Inovação, a qual considera o projeto como um processo coletivo de construção de um artefato,
cujo resultado final é maior do que a soma ou síntese das contribuições individuais dos
participantes.
Os autores destacam o aspecto coletivo e individual do projeto, onde o primeiro se
concentra na equipe, trabalhando com as questões relacionadas a resolver um objetivo comum
e o segundo se caracteriza pela atividade individual de criação, que se processa em cada
membro de uma equipe ao projetar.
De acordo com Nunes (2003), essas duas abordagens da natureza do processo de
projeto - coletiva e individual - são complementares. Isso ocorre porque o processo de projetar
é geralmente conduzido por uma equipe de profissionais, onde cada especialista cumpre um
papel específico com a equipe e, simultaneamente, sendo obrigado a negociar condições e
exigências com outros especialistas, a fim de chegar a soluções plausíveis. Aspectos que
devem ser priorizados, ao nos depararmos com os recursos computacionais acrescidos de
tecnologias de informação como suporte para as atividades de projeto.
Chougui (2006) comenta que as tecnologias CAD permitem que os projetistas
combinem diferentes métodos de projeto, usando cada um deles como questionamento do
processo de projeto, tarefa, produto ou posicionamento do arquiteto frente às questões
abordadas. Estas permitem analisar o desenvolvimento de projeto, onde a função do arquiteto
2
GRAY, C.; HUGES, W.; BENNETT, J. The successful management of design. Centre for strategic studies in
construction University of Reading, 1994, 100 p.
24
é inserir parâmetros e analisar soluções, restrições pré-estabelecidas, para decidir uma solução
final (OLIVEIRA, 2011).
A utilização de ferramentas computacionais na prática de projeto tem enfrentado a
barreira dos que acreditam que é essencial a fase manual do ato de projetar na concepção de
projeto, no entanto, cada projeto possui características que os tornam mais adequados para
determinadas tarefas, mas escolher o tipo de representação é uma decisão que deve ser tomada
pelo profissional.
Sobre essa questão Miyamoto et al., 2007 comenta que:
[...] os meios tradicionais com desenhos manuais são mais simples e rápidos, mais
indicados para representar um estímulo da imaginação, o esboço de uma ideia, um
estudo de visualização de escala, análise rápida de volumes ou expressar estados
emocionais. Enquanto que os meios digitais demandam um nível maior de definição
geométrica, sendo assim, adequados ao desenvolvimento de detalhes, inclusive de
projetos complexos, se destacando pela geração e articulação de diversos pontos de
vista, possibilitando manipular imagens, realizar simulações e facilitar o
arquivamento e busca de informações.
Diante deste contexto, é possível dizer que as tecnologias computacionais oferecem
grandes vantagens ao processo de desenvolvimento de projeto, no entanto, mesmo com o
busca dos profissionais pelo computador, o desenho manual e o digital são complemento um
do outro, e que juntos tornam o ato projetual e o desenvolvimento das ideias, mais rápidos e
eficazes.
3
HAMMARLUND, Y.; JOSEPHSON, P.E. Qualidade: cada erro tem seu preço. Téchne, n. 1, p.32-34, nov/dez.
1992.
26
Fonte: Melhado,2005.
De acordo com o gráfico proposto por Melhado, é atribuído um tempo maior para as
etapas iniciais, gerando um acréscimo de recursos destinados às fases de projeto, o que pode
ser questionado pelos empresários da construção civil, visto que no Brasil não existe uma
cultura de investimento nas fases iniciais de projeto. Porém, sabe-se que em países
desenvolvidos o tempo destinado às fases de projeto chega a ser igual ao tempo dedicado à
execução do projeto, evitando, com isso, deficiências e desperdícios comuns na fase de
execução, obtendo melhor desempenho do produto final.
Ainda nesse contexto, Melhado e Violani (1992) comentam que:
[...] existe uma frequente dissociação entre a atividade de projeto e a de construção,
sendo que o projeto geralmente é entendido como instrumento, comprimindo-se o
seu prazo e o seu custo, merecendo um mínimo de aprofundamento e assumindo um
conteúdo quase meramente legal, ao ponto de torná-lo simplesmente indicativo e
postergando-se parte das decisões para a etapa da obra.
O projeto tem a função de subsidiar as atividades de produção em canteiro de obras,
com todas as informações detalhadas, as quais não poderiam ser geradas no ambiente da obra.
É preciso que os agentes do projeto valorizem um projeto detalhado que irá facilitar o
planejamento e a programação das atividades da obra.
O termo Processo de Projeto pode ser definido nesta pesquisa com base na
conceituação de Fabrício (2002, p.4):
27
4
Processo taylorista é o nome dado para designar um tipo de administração industrial que busca dinamizar o
trabalho nas fábricas, com a finalidade de aumentar a produtividade.
28
É comum que uma etapa de projeto de determinada especialidade dependa, para ser
iniciada, do término de uma etapa de diferente especialidade, cujo grau de
aprofundamento e maturação das decisões é equivalente ao da etapa (da outra
especialidade) que se inicia. Por exemplo, o início do anteprojeto de estruturas e
fundações tem como pré-requisito o anteprojeto de arquitetura terminado ou quase
terminado. (FABRÍCIO, 2004a, p.9).
Isso faz com que as práticas de processo de projeto possam ser classificadas como
altamente hierarquizadas e desenvolvidas de maneira sequencial, com a equipe de projeto se
modificando ao longo do processo de projeto, pela entrada e saída dos projetistas das
diferentes especialidades.
Para Fabrício (2004), o processo sequencial em uso possibilita que apenas o projetista
de arquitetura tome contado direto com a programação do empreendimento. Os demais
projetistas partem do projeto ou anteprojeto de arquitetura e das soluções adotadas para
desenvolver soluções técnicas que complementem o projeto de arquitetura. Desta forma, o
programa é apresentado para os projetistas de engenharia através de desenhos e soluções de
projeto previamente adotados no projeto arquitetônico.
A fragmentação e o sequenciamento desse processo fazem com que a possibilidade de
colaboração entre projetistas seja bastante reduzida e problemática, faz também com que as
modificações sugeridas por um projetista de determinada especialidade implique na revisão de
projetos desenvolvidos por outras especialidades, significando retrabalho ou até mesmo o
abandono de projetos inteiros.
Ainda segundo Fabrício (2004), prevalece no processo de projeto uma visão cartesiana
de que o todo é a soma de partes independentes. Isso é predominante na configuração dos
processos de projeto tradicionais, nos quais se busca aperfeiçoar o todo a partir da otimização,
em separado, das partes – o que não é a verdade na maioria dos casos.
Conforme descreve Melhado (2001), sem o intercâmbio intenso de informações entre
os agentes durante a elaboração do projeto, este acaba ficando: mal definido, mal especificado
e mal resolvido, levando a um acréscimo de custo e de tempo de execução.
Resumindo a questão, tradicionalmente os projetos são desenvolvidos e orientados
para definir o produto sem levar em consideração as implicações relativas às soluções
adotadas.
Falta de projetos executivos detalhados e de uma participação das construtoras e
subempreiteiros durante o momento do processo de projeto leva decisões referentes
aos métodos e sequências de construção para o canteiro, quando engenheiros de
obras, mestres e oficiais acabam desenvolvendo sem tempo e sem condições
adequados, como se dará a obra. (PICCHI, 1993, p.10).
É comum encontrar nos textos técnicos dos pesquisadores do processo de projeto para
a construção de edificações, diferentes subdivisões e etapas para o desenvolvimento do
30
projeto. As diferenças vão desde a nomenclatura utilizada, passando pelo número de etapas do
processo de projeto, e chegando até mesmo na abrangência deste processo. No Quadro 1 são
listados alguns exemplos da subdivisão sugerida pelos pesquisadores da área e pela
normatização em vigor:
Pode-se observar que não existe uma padronização para as etapas de projeto, existindo
diversos estudos sobre as mesmas. É possível identificar algumas coincidências entre os
vários estudos, mostrando a importância que algumas etapas têm no contexto geral da
elaboração do projeto.
A etapa de levantamento de dados aparece quase em todas as citações encontradas,
pois se trata do início do projeto, onde é preciso levantar todas as informações possíveis,
incluindo legislações, programa de necessidades, informações legais e condições ambientais
sobre o terreno e viabilidade do projeto.
Esse conjunto de informações deve gerar um relatório com dados abrangentes de todo
o projeto, compilando a elevada quantidade de informações adquiridas. Esse relatório e a
introdução de instrumentos de controle nessa fase contribuem para aumentar a confiabilidade
do processo de projeto.
Para melhor entender como acontece o fluxo do projeto a Figura 2 apresenta um
exemplo de fluxo de do desenvolvimento do projeto.
32
5
COSTA, J. M.; ABRANTES, V. Design Management through Quality Evaluation. The Organization and
Management of Construction: Shaping theory and practice. Volume two. Langford and A. Retik.1996, p. 829-
842.
6
RIBA (Royal Institute of British Architects). Handbook of Architectural Practice and Management.
London, 1980.
35
definição clara das etapas e atividades do processo e de suas relações de precedência; (b) a
necessidade de flexibilização dos modelos, visando atender aos diversos padrões e culturas
das empresas existentes no mercado.
Romano (2003) esclarece que a modelagem do processo de projeto é a etapa da análise
de um sistema, em que são definidos os recursos, itens de dados e suas inter-relações. Já o
modelo é a representação simplificada e abstrata de fenômeno ou situação concreta, e serve de
referência a observação, estudo ou análise, baseada em uma descrição formal dos objetos,
relações e processos, permitindo simular os efeitos de mudanças de fenômeno que representa.
Abbud (2009) apresenta a modelagem de processos como sendo um conjunto de
atividades de criação de modelos de processos para atender propósitos de representação, de
comunicação, de análise, de síntese, de tomada de decisão ou de controle. A atividade é
entendida como sendo qualquer ação ou trabalho específico, já o termo processo é entendido
como o modo pelo qual se realiza uma operação, segundo determinadas normas, métodos ou
técnica.
Romano (2003) apresenta os objetivos que contribuem para a adoção de uma
modelagem de processo de desenvolvimento de produto, a seguir:
a) explicitar o know-how da organização;
b) estabelecer uma base para planejar e especificar as funções, as informações, as
comunicações, etc.;
c) instituir uma base para a tomada de decisão sobre o processo;
d) instalar uma base para simulações do funcionamento do processo, com
identificação de problemas e possibilitando melhorias no processo;
e) estabelecer parâmetros para a escolha e o desenvolvimento dos sistemas
computacionais de suporte ao processo;
f) determinar uma base para planejar o armazenamento dos conhecimentos para
utilização posterior;
g) melhorar a interação e a comunicação entre os participantes do processo,
permitindo racionalizar e garantir o fluxo de informações;
h) possibilitar uma maior eficiência na seleção, treinamento e adaptação de novos
contratados ao processo.
Tzortzopoulos (1999) destaca, ainda, os principais tópicos a serem abordados na busca
da melhoria do processo de projeto: a consideração da forma como são analisados os
requisitos do cliente ao longo do projeto, ponderando o desenvolvimento da solução de
36
Markus e Arch (1973) apresentam um dos modelos do processo criativo mais citado
na bibliografia. Os autores apresentam um modelo horizontal do processo, relacionado ao
processo criativo, e um vertical, relacionado ao processo gerencial.
O modelo horizontal é apresentado como uma maneira de compreender o pensamento
dos projetistas, sendo subdividido em três estágios principais, podendo incluir vários ciclos,
conforme apresentado na Figura 4. Este modelo reconhece que o projeto é um processo
iterativo e aberto, o que não é levado em conta em alguns modelos do projeto como processo
gerencial, que apresentam o projeto como uma sequência linear de passos determinísticos. Os
principais estágios do modelo horizontal são os seguintes:
a) Compreensão do problema (análise): Inclui a coleta de todas as informações
relevantes e o estabelecimento de relações, restrições, objetivos e critérios para o
desenvolvimento da solução;
37
projetista. A própria proposição de uma solução pode demonstrar ao projetista outras soluções
possíveis que inicialmente não haviam sido evidenciadas. Estes fatores não são demonstrados
por este modelo.
O modelo proposto pelo Royal Institute of British Architects (RIBA, 1980) descreve
as atividades desenvolvidas no processo criativo de projeto, e sugere uma abordagem quanto à
natureza e aos conteúdos das diversas fases nas quais as atividades podem ser agrupadas,
assim como suas relações em uma sequência de tempo. A natureza do processo criativo do
projeto é explicitada através de sua divisão em quatro fases:
• Fase 1 – Assimilação: Consiste no acúmulo e ordenação de informações gerais e
informações especificamente relacionadas ao problema em mãos;
• Fase 2 - Estudo Geral: Consiste de duas partes - (a) investigação da natureza do
problema e (b) investigação das possíveis soluções;
• Fase 3 - Desenvolvimento: O desenvolvimento e refinamento de uma ou mais
tentativas de soluções isoladas durante a fase 2;
• Fase 4 - Comunicação: A comunicação de uma ou mais soluções a pessoas de dentro
ou fora do grupo de projeto.
Segundo Tzortzopoulos (1999), esse modelo define que o processo de projeto,
passando pelas quatro fases distintas, consiste em numerosas pequenas operações de tomada
de decisão, todas seguindo um mesmo padrão. Quanto à transferência de informações entre as
fases, é colocada a importância da retroalimentação, na busca de mais informação.
Em termos simples, o processo é apresentado como um sistema, conforme o diagrama
da Figura 5, uma progressão principal com retroalimentação ocasional.
O modelo apresentado por Melhado tem como objetivo ser uma linha guia do processo
de projeto, apresentando procedimentos e definindo diretrizes para as suas principais etapas.
Este modelo ainda engloba a participação dos principais agentes do empreendimento, e leva
em consideração a formação das equipes multidisciplinares sob a orientação do coordenador
de projeto. Abrange todas as etapas do projeto, desde sua concepção até operação e
manutenção. Divide o processo em etapas sucessivas, e mostra a participação dos quatro
principais agentes do empreendimento: empreendedor, equipe de projeto, construtor e usuário
(Figura 6).
Melhado (1994) subdivide e define o processo nas seguintes etapas:
• Idealização do produto: solução inicial para atendimento do programa de
necessidades.
• Análise de viabilidade: avaliação da solução contra critérios de custo,
tecnologia, restrições legais num processo interativo traduzido em Estudo Preliminar,
base para a continuidade do desenvolvimento do produto.
• Formalização: concretização da solução, dando origem ao anteprojeto.
40
Como o fluxograma apresentado, a autora desenvolveu para cada uma das etapas,
fluxogramas específicos, em que podem ser vistas as atividades envolvidas e suas relações de
precedência, bem como a definição dos intervenientes necessários e o grau de participação de
cada um.
44
O modelo desenvolvido por Fabrício (2002), conforme Figura 8, tem por objetivo ser
uma referência estratégica para a prática do projeto simultâneo, e não uma ferramenta para o
planejamento operacional do projeto. O autor faz também uma consideração importante a
respeito da utilização das técnicas específicas de planejamento de projetos, recomendando
cautela, conforme suas palavras:
[...] embora sejam técnicas poderosas e importantes para o avanço do planejamento de
projetos no setor de construção, sua origem em outros setores industriais com culturas
e disciplinas de desenvolvimento de produto é bastante diversa. Em geral, são técnicas
bastante complexas e rígidas que demandam um conhecimento e uma sistematização
do processo que não se compatibilizam com o estágio de desenvolvimento do setor de
construção e com o domínio metodológico atual que as empresas de projeto têm sobre
seus processos.
A aplicação desse modelo passa pelo estabelecimento de uma cooperação mais estreita
entre os agentes do projeto, envolvendo três interfaces principais de colaboração no projeto; a
estas interfaces acrescenta-se a retroalimentação das fases de execução (i4 – interface com a
obra) e de uso (i1 – interface com o cliente), conforme mostra a Figura 9.
A interface um (i1) deve garantir a orientação do projeto às necessidades dos
clientes/usuários, tendo início com a investigação das demandas do mercado/população que se
deseja atender, e completando-se com a análise do desempenho do edifício, visando subsidiar
novos projetos.
A interface programa-projeto (i2) visa estabelecer uma colaboração entre a concepção
do negócio e a especificação das necessidades com a criação e investigação projetual do
produto.
A interface entre os projetistas de especialidades (i3) é clássica e se relaciona com a
busca de uma efetiva coordenação na atuação dos projetistas e no desenvolvimento em
paralelo de diferentes disciplinas de projeto.
A interface i4 está relacionada à construtibilidade dos projetos e à elaboração de
projetos para produção que resolvam, antecipadamente, e de forma coerente com as
especificações do produto, os métodos construtivos dos subsistemas da obra.
A interface i5 representa a necessidade de acompanhamento da obra e elaboração do
projeto as built, de forma a garantir a retroalimentação de futuros projetos.
45
Como tal, o autor propõe que o projeto seja subdividido de acordo com as fases de
amadurecimento intelectual do projeto, em vez da maneira tradicional que estabelece as
divisões em função do contrato.
Em resumo, a adoção da estratégia do Projeto Simultâneo implica na adoção de
medidas operacionais no sentido de promover o desenvolvimento de atividades de projeto, de
diversas especialidades, em paralelo. Para tanto, definem-se etapas onde as diversas
especialidades possam trabalhar simultaneamente e em interação. Tais etapas devem ser
definidas de forma a englobar o trabalho dos vários especialistas em níveis de elaboração e
detalhamento similares.
CAPÍTULO 3
3.1 CONTEXTO
Os computadores surgiram por volta do ano de 1939. No entanto, até a década de 1970
a utilização destes em projetos de edificações era inexistente. A origem dos desenhos
auxiliados por computador, conhecidos como CAD, ocorreu no início da década de 1960. O
pioneiro nesta área foi Ivan Sutherland, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts)
que, em 1962, publicou uma tese intitulada "O homem-máquina e os sistemas de
comunicação gráficos", mostrando a viabilidade da computação gráfica interativa. Em meados
dos anos de 1960, vários projetos de pesquisa foram iniciados em universidades e
corporações, como por exemplo, MIT, GM (General Motors), entre outros. Tais pesquisas
resultaram nos primeiros sistemas auxiliados por computador (KLEIN, 1992).
Segundo TURBAN et al., (2004), os softwares CAD permitem ao usuário criar e
construir objetos a partir de figuras geométricas simples em duas dimensões e gerar imagens
em três dimensões na tela do computador, que depois podem ser armazenados, manipulados e
atualizados.
Os desenhos elaborados no CAD podem ter capacidade para armazenar muito mais
informações do que é visto na tela do computador ou impresso. A qualidade de um desenho
não é medida somente pelo lado estético gráfico, mas pela quantidade de informações
contidas, que, se manuseados adequadamente por todos os participantes do processo,
contribuem para melhor qualidade de todos os projetos (PANIZZA, 2004).
Segundo Ito (2006), embora a tecnologia exista para que profissionais trabalhem na
maioria das disciplinas de uma forma mais eficiente, a grande maioria dos projetos do setor
ainda é desenvolvida no método tradicional, ou seja, definindo e representando edifícios com
desenhos 2D e documentos de texto, com pouco uso do potencial das tecnologias de TI.
Além disso, a falta de conhecimento básico na aplicação de ferramentas CAD e a falta
de padronização na geração de documentos impossibilitam a organização e o controle do
fluxo de informações, assim como o ganho de produtividade, que poderia ser mensurado pela
quantidade de informações trocadas entre integrantes envolvidos no processo do projeto.
O tipo de CAD que conseguiu melhor desempenho para sua época – anos 1990 – foi o
que se concentrava nas representações de informações através de primitivos geométricos
(linhas, pontos, arcos), o chamado CAD geométrico. Este tipo de CAD popularizou-se e
49
tornou-se essencial aos projetistas, sendo muito raros os escritórios que atualmente não se
utilizam dessa ferramenta (FABRICIO; MELHADO, 2002; TSE et al. 2005).
De acordo com Scheer e Ayres (2007), os CAD geométricos também chamados de
pranchetas eletrônicas, fizeram com que o CAD parecesse um método moderno frente à
utilização dos desenhos a tinta nanquim. No entanto, essa analogia também revela o aspecto
mais frágil da tecnologia CAD: apesar de eliminar tarefas repetitivas e complicadas e, ainda,
facilitarem a correção dos desenhos, o auxílio ao processo de projeto vai pouco além de uma
prancheta melhorada.
Para Ibrahim et al. (2004), o foco da tecnologia desse CAD esteve sempre direcionado
para a solução do problema da representação digital da geometria, e não necessariamente para
a transmissão de informação através do desenho. Como consequência, embora tenha se
tornado padrão para a indústria da construção, o CAD geométrico sempre foi um obstáculo
para a comunicação eficiente entre os diversos agentes e os processos envolvidos na produção
(SCHEER; AYRES, 2007).
7
PELLEGRINO, P. et al. Arquitetura e Informática. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999.
50
De acordo com Scheer e Ayres (2007), assim como a analogia da prancheta eletrônica,
o termo maquete eletrônica faz parecer que se trata de uma modernização do processo de
projeto. Porém, CAD 3D, usado para possibilitar a troca da maquete convencional pela sua
versão eletrônica, praticamente não modifica o modo tradicional de produção dos projetos,
resultando em pouca melhoria da qualidade da informação gerada e do desempenho do
processo com um todo.
É possível dizer que a tecnologia BIM é uma sequência, uma evolução da tecnologia
CAD, trazendo um novo paradigma para a indústria da construção. Apresenta inúmeros
benefícios para o setor, que se encontra em um momento de grande expansão e precisa adotar
tecnologias diferenciadas, adequando-se às exigências de alta qualidade do mercado.
De acordo com Nevena (2009) sua força reside na possibilidade de comunicar-se
facilmente em um formato mais apropriado dentro de um projeto mais complexo, facilitando a
comunicação entre a equipe de projetos e participantes, incluindo proprietários, arquitetos,
engenheiros, empreiteiros, construtores e usuários finais.
Segundo Birx (2007), não é tão fácil definir BIM quanto é CAD. BIM é mais um
processo que uma ferramenta de elaboração, podendo ser entendido tanto quanto processo de
51
8
GOLBERG, H.E. AEC from the Ground up: The Building Information Model: Is BIM the future for AEC
Design? Cadalyst AEC, Nov., 2004.
52
Kymmell (2008) explica que BIM constitui projeto e simulação de processos, em que
a simulação é integrada e coordenada, contém todas as informações necessárias para planejar
e construir um projeto.
Na tecnologia BIM existe uma base de dados vinculada, consequentemente, cada vez
que um usuário faz uma mudança, ocorre a atualização da base de dados e seus respectivos
documentos, não existindo perda de informações, ou informações repetidas, como no
processo atual, em que todos os desenhos normalmente são executados em arquivos
separados.
A equipe que envolve a elaboração do projeto – como contratante, arquitetos,
engenheiros, construtores – trabalha nas diferentes fases, inserindo, extraindo, atualizando ou
modificando essas informações, em torno de um modelo mestre baseado em informações
necessárias para o planejamento e construção de um edifício (Figura 11).
Essas características permitem à tecnologia BIM a realização de uma série de funções:
estudos, planejamentos, análise ambiental, estimativas de custos, fabricação digital, detecção
de interferências através da compatibilização de projetos. Suas funções podem ser aplicadas a
várias áreas e sistemas de edificação: projeto estrutural, instalações elétricas, incêndio, ar
condicionado, reconstrução, etc.
pode-se definir BIM como uma prática de projeto integrada e colaborativa na qual os
envolvidos no processo convergem suas habilidades para elaboração de um modelo único
(ANDRADE; RUSCHEL, 2009).
É possível identificar que grandes mudanças estão acontecendo na forma de elaborar,
construir e manter um edifício. A proposta dessa tecnologia em integrar todos os processos,
mesmo sendo considerada uma integração ainda pequena, tem demonstrado grandes
vantagens sobre os processos tradicionais (projeto arquitetônico e projeto estrutural).
De acordo com Ruschel e Guimarães (2008), a evolução da tecnologia BIM, face às
potencialidades apresentadas, é caracterizada por Tobin (2008) segundo três momentos
evolutivos, denominados pelo autor como “BIM 1.0”, “BIM 2.0” e “BIM 3.0”.
A ”BIM 1.0” representa a emergência dos aplicativos baseados em objetos
paramétricos, que substituem gradativamente os softwares de CAD tradicionais. As principais
características da geração “BIM 1.0” são: capacidade de coordenação de documentos, adição
de informações aos objetos, e rápida produção de documentos. Com isso, geram-se
documentos em tempo real, bem como, passa-se a trabalhar com modelos geométricos
tridimensionais, com informações agregadas, substituindo modelos bidimensionais.
A geração “BIM 1.0” representa a prática atual de projeto na maioria dos escritórios
que utilizam o BIM. Este estágio de consolidação do BIM caracteriza-se pela capacidade dos
arquitetos em manipular informações a respeito de objetos e do espaço. Assim, o arquiteto
passa a ser coordenador da informação.
Para Tobin (2008), a mais significante característica do “BIM 1.0” é que, apesar de
todas as vantagens, a atividade de projeto ainda permanece isolada. Os projetistas definem o
nível de detalhe e precisão dos modelos a serem utilizados, de acordo com suas necessidades.
A era “BIM 2.0” é também denominada por Tobin (2008) como The Big Bang in
Reverse, pois, segundo o autor, é quando diversas galáxias de projetistas e de construtores,
que viviam em constantes conflitos, repentinamente convergem para um ponto comum,
desfrutando do potencial da tecnologia. Esta geração representa um momento difícil para os
arquitetos, pois estes precisam conciliar as necessidades de diferentes profissionais de projeto,
na obtenção de informações do modelo arquitetônico digital. É uma fase inicial de
convergências e de popularização do uso de ambientes de interação, com o desenvolvimento
de programas integrados de análise, desenvolvimento de modelos 4D (tempo), 5D (custo) e de
muitas expectativas sobre as potencialidades do uso do BIM em todas as fases do projeto e
construção (TOBIN, 2008).
54
Ayres (2007) define o termo modelo como uma estrutura de informação que permite
integrar diferentes fases do desenvolvimento. É importante explicar que os desenhos
bidimensionais, muitas vezes chamados de modelos, representam abstratamente um objeto
real, não transmitem informação suficiente para que se tenha essa integração.
55
paramétrica não representam objetos com geometria e propriedades fixas. Mais do que isso,
representam objetos com parâmetros e regras que determinam a geometria assim como
algumas propriedades e características não geométricas (EASTMAN et al., 2008).
No modelo paramétrico os objetos são definidos através da utilização de parâmetros
com distâncias, ângulos e regras como “anexado a”, “paralelo a”, “distante de”. Estas relações
permitem que cada elemento tenha uma variação de acordo com o seu parâmetro e relação
contextual (EASTMAN et al., 2008).
Segundo Martins (2011), um modelo paramétrico reconhece as características dos
componentes e interações entre eles, mantendo uma relação consistente entre elementos do
modelo quando este é manipulado. Por exemplo, em um projeto paramétrico de uma
edificação, se é realizada alguma modificação na inclinação do telhado, automaticamente as
paredes se ajustam a essa modificação.
Ibrahim et al. (2004) acreditam que o nível de informação pode ser controlado, de
acordo com a necessidade, desde o layout do projeto até detalhamentos construtivos ou
análises de desempenho ao final.
Ayres (2009) diz que os objetos paramétricos podem também ser referências diretas a
produtos desenvolvidos por fabricantes, como janelas, peças pré-fabricadas, acessórios, etc.
Estes objetos e suas atualizações podem ser obtidos diretamente via internet e futuramente
ajustarem de modo automático o seu comportamento aos aspectos do projeto. Como exemplo,
o mesmo autor cita os objetos, representando peças estruturais que se configuram
automaticamente de acordo com os vãos e tipos de apoios definidos.
A parametrização dá maior autonomia ao arquiteto para pesquisa de novas soluções e,
ainda, com o auxílio de programas de análise, possibilita rapidamente a alteração de soluções
projetuais com melhor desempenho, e acelera o processo de concepção de projeto e produção
de modelos.
Outros benefícios do uso do desenho parametrizado no processo de projeto também
são apontados por diferentes arquitetos que fazem uso de tecnologias computacionais durante
todo o processo, como a mediação entre criatividade e a otimização para escolha do material,
da fabricação dos componentes e da construção do edifício (LEE; BEAURECUEIL, 2009).
Os programas que têm em sua plataforma a tecnologia BIM estão em constante
evolução, como a melhoria da tecnologia. As adaptações para melhor uso das ferramentas são
realizadas a cada nova versão. Segundo Birx (2006), o período de transição da utilização do
CAD geométrico para BIM durará mais de uma década.
57
3.7 INTEROPERABILIDADE
De acordo com Grilo e Gonçalves (2009), a interoperabilidade pode ser definida como
a habilidade de dois ou mais sistemas em trocar informações e utilizar essas informações que
foram trocadas. A interoperabilidade atende à necessidade de compartilhar dados, permitindo
a vários tipos de especialistas contribuírem para um trabalho realizado de forma
compartilhada.
As informações dos modelos devem ser dispostas em padrões abertos, para que outros
sistemas ou softwares possam entendê-las com clareza. A busca então é por um padrão de
9
Na informática, um plugin ou módulo de extensão (também conhecido por plug-in, add-in, add-on) é um
programa de computador usado para adicionar funções a outros programas maiores, provendo alguma
funcionalidade especial ou muito específica. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plugin
58
informações para ser usado por todos os softwares, que será uma base para representação do
modelo (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).
O padrão BIM é visto em diferentes softwares, o que faz da interoperabilidade um
quesito importante para o trabalho multidisciplinar, integrando diversos especialistas
(CRESPO; RUSCHEL, 2007). Diversos programas de modelagem e análise do modelo BIM,
compatíveis com padrão IFC – são utilizados hoje em dia, como: Archicad (Graphisoft), Revit
(Autodesk), Vector Works Architect, Microstation (Bentley), entre outros.
IFC (Industry Foundation Classes) é o modelo que está sendo apresentado, desde
1994, pela Aliança Internacional de Interoperabilidade e aprovado pela Organização de
Padrões Internacionais, que viabiliza o intercâmbio de informações arquitetônicas e
construtivas entre software com inteligência baseada no objeto. De acordo com Fu et al.
(2006), o IFC é um tipo de linguagem focado na modelagem do produto e processos da
indústria da AEC, é o principal instrumento pelo qual é possível estabelecer a
interoperabilidade dos aplicativos de software para a indústria da construção, com tecnologia
BIM.
Santos (2009) apresenta as diferentes padronizações para interoperabilidade de BIM
(Figura 12):
a) Formato de troca - o IFC é apenas para compartilhar as informações;
b) Biblioteca de referência – para definir o que será compartilhado, o International
Framework for Dictionaries (IFD);
c) Requisitos da informação – para definir qual informação a ser compartilhada.
O foco do Information Delivery Manuals (IDM) e Model View Definitions
(MVD) são padrões responsáveis pela especificação de qual e quando a
informação será trocada.
Com a pesquisa realizada nos sete modelos apresentados, é evidente que todas as
tentativas de melhorar a gestão do processo de projeto devem ser iniciadas com um fluxo-
modelo que consiga atender às necessidades de todos os intervenientes envolvidos no projeto,
levando-se em consideração a importância dos padrões de trabalho de cada empresa.
Segundo Tzortzopoulos (1999), deve-se atentar para a definição do grau de detalhe do
modelo. Este não deve ser muito genérico, não permitindo transparência e eficácia e, por
outro lado, não deve ser muito detalhado, para que o mesmo não tenha difícil implementação
em função do excesso de documentação criada.
Algumas ferramentas auxiliam a atividade de modelagem, dentre elas destacam-se o
fluxograma e as tabelas de insumo, processo e produto. Na elaboração de fluxogramas, é
importante e atentar para que estes não se tornem longos e não percam sua eficácia. Para
tanto, é necessária a subdivisão hierárquica do processo (TZORTZOPOULOS, 1999).
O mesmo autor explica que deve ser definido um fluxograma geral do processo, e seu
detalhamento, representado em fluxogramas específicos. Nestes devem ser definidas as
relações de precedência entre as atividades, buscando possibilitar o planejamento do processo.
Com relação às tabelas de insumos, vinda dos preceitos de transparência estabelecidos
na Nova Filosofia de Produção, conforme Koskela (1992). Assim, tais tabelas definem
60
Através dos vários estudos que foram e que estão sendo desenvolvidos sobre a
tecnologia BIM, é possível identificar onde a sua adoção encontra-se mais avançada,
61
podendo-se dizer que os EUA e os alguns países da Ásia lideram esses estudos, já mostrando
resultados de aplicações práticas, demonstrando os benefícios e desafios da tecnologia.
De acordo com Andrade e Ruschel (2009), muitas instituições internacionais e
governos têm investido nos últimos anos em pesquisas sobre BIM. Entre as organizações
internacionais, podem ser citadas: Building Smart, National Institute of Building Sciences,
Associated General Contractors of America (AGC), General Service Administration (GSA) e
Innovation in Building and Construction (CIB), entre outros.
Segundo os mesmos autores, em alguns países, órgãos governamentais têm
incentivado o uso maciço da tecnologia BIM, seja por meio de investimentos em agências de
pesquisa (como a GSA, nos Estados Unidos e a Senate Propertis, na Finlândia e a INNOVA
da Europa), seja por regulamentações para a construção ou discussões sobre o uso da
tecnologia BIM.
De acordo com relatório McGraw-Hill Construction, associação americana que realiza
pesquisa sobre a adoção da BIM pelos profissionais, em 2009, 49% dos entrevistados estavam
usando ferramentas BIM. A passagem para a tecnologia BIM é recente, pois 2/3 dos usuários
a tinham adotado nos últimos três anos. Outro dado importante é que, em 2007, ano da última
pesquisa, 14% dos usuários se consideravam em nível avançado de aprendizagem, e esse
número cresceu em 2009 para 42%, um índice três vezes maior.
É importante saber das projeções futuras de adoção da tecnologia BIM, para que no
Brasil se saiba o quanto ainda é preciso investir em pesquisas, tecnologias e treinamento de
pessoal. No exterior, para direcionar os profissionais, existem inúmeros guias ou manuais de
implantação, elaborados por associações da construção, universidades e órgãos do governo. É
evidente que não conseguem atender às demandas específicas de cada projeto, ou de cada
empresa, mas ajudam a preparar os profissionais, mostrando quais os caminhos necessários
para a eficiente implantação da tecnologia BIM em seus escritórios.
3.10.2 Associação Geral dos Empreiteiros dos EUA (AGC): Guia dos Contratantes para
BIM
IMPLANTAÇÃO FERRAMENTAS
PROCESSO BIM
BIM SOFTWARE
de software e hardware. Explica ainda sobre uma matriz chamada Exemplo Ferramentas BIM,
destinada à orientação do contratante sobre as soluções BIM atualmente disponíveis em
diversas categorias.
Este guia foi desenvolvido por meio de uma parceria da PENN STATE –
Universidade da Pensilvânia com o Building Smart Alliance, órgão encarregado de
desenvolver o Padrão Nacional BIM nos EUA.
Para implantar a tecnologia BIM, segundo este guia, é preciso que a equipe de projeto
execute um planejamento de forma abrangente e detalhado. O Plano de Execução de Projeto
BIM deve garantir que todas as partes do projeto estejam cientes das oportunidades e
responsabilidades relacionadas com a implantação da BIM no projeto. Esse planejamento
deve definir os usos adequados para o projeto BIM (autoria do projeto, estimativa de custos,
coordenação do projeto). Assim que o plano é criado, a equipe pode acompanhar e monitorar
seu progresso e conseguir o máximo de benefícios com a implantação da nova tecnologia.
O guia proporciona um processo estruturado, dividido em quatro etapas:
• Identificar valor BIM, durante o projeto, planejamento, construção e fases
operacionais;
• Criar mapas de processo de projeto para executar o projeto em BIM;
• Definir como será feita a entrega do projeto e o intercambio de informações;
• Desenvolver uma infraestrutura de como serão realizados os contratos,
procedimentos de comunicação, tecnologia e controle de qualidade da implantação
da tecnologia.
Um dos passos mais importantes no processo de planejamento é definir claramente o
valor potencial da BIM sobre o projeto e para os membros da equipe. Isso é realizado através
da definição das metas globais para a implementação da BIM.
Essas metas podem ser baseadas no desempenho do projeto e incluem itens como:
reduzir o cronograma, alcançar maior produtividade, aumentar a qualidade, minimizar custos
e pedidos de alteração, obter dados operacionais. Uma vez definidas as metas mensuráveis, na
perspectiva de projeto e na perspectiva da empresa, pode-se então seguir para quais as
utilizações especificas de BIM para a empresa.
Uma vez que a equipe já identificou o valor da BIM e sua utilização dentro da
empresa, é preciso fazer um mapeamento do processo de implantação da BIM. Inicialmente,
pode ser feito um mapa mostrando o sequenciamento e interação, a fim de visualizar como o
projeto é desenvolvido, o que permite que os membros da equipe entendam claramente como
seus processos de trabalho interagem com os processos realizados por outros membros da
66
equipe. Após a elaboração desse mapeamento de forma mais ampla, são realizados mapas
específicos para cada tipo de modelo a ser criado, como: energia, custos, 4D entre outros.
Esse mapa vai mostrar o processo detalhado que é realizado por uma organização, ou em
alguns casos, por várias organizações, como por exemplo, quando são realizadas análises de
energia.
Depois dos mapeamentos desenvolvidos, é preciso definir como serão feitas as trocas
de informações entre os participantes do projeto. É importante definir os limites de acesso de
cada membro, e quem será o responsável pelas atualizações.
A infraestrutura de apoio para implantação da BIM precisará ser criada contendo: a
estrutura de entrega de projetos, a linguagem dos contratos, os procedimentos de
comunicação, a infraestrutura de tecnologia, identificação de procedimentos de controle de
qualidade para garantir alta qualidade de informação. O procedimento para definir a
infraestrutura é a criação de métodos de implantação para acompanhar o progresso da
tecnologia nos projetos.
Através do desenvolvimento e seguindo este plano, as equipes são capazes de ter um
grande impacto sobre o grau de implantação e sucesso nos projetos em BIM. O procedimento
leva tempo e recursos. Particularmente pela primeira vez uma organização estará envolvida
neste nível de planejamento, mas os benefícios de desenvolvimento do plano detalhado
superam em muito os recursos gastos.
empresas: não existem bibliotecas virtuais para a aquisição de itens prontos que são utilizados
nas modelagens. Em outros países, como nos EUA, onde a tecnologia já é mais difundida, é
possível adquirir todas as especificações de peças sanitárias, componentes elétricos, enquanto
que no Brasil ainda é preciso fazer a modelagem desses itens.
Outra questão importante a ser resolvida é a forma como se relacionam as áreas de
projetos, planejamento, orçamento e canteiro. Hoje os processos acontecem de forma
sequencial, e quando um escritório trabalha com a BIM, passa a fazer todo esse processo
simultaneamente (COVELO, 2011). Como a BIM é uma simulação da realidade e essa
simulação acontece do ponto de vista físico, de projeto, de custo e de prazo, tudo acontece ao
mesmo tempo, comenta ainda o mesmo autor.
Segundo Eastman (2008), no processo convencional, a carga de trabalho dos
arquitetos seria menor nos estudos preliminares e aumentaria conforme o projeto se aproxima
do executivo. Na BIM a curva se inverte, as decisões são antecipadas e uma carga maior de
trabalho é deslocada para o anteprojeto (Figura 15).
De acordo com Reis (2011), essa mudança faz com que algumas informações técnicas
precisem ser definidas em etapas anteriores ao usual. Alguns escritórios têm recorrido ao
auxílio de consultores de diferentes áreas para suprir a defasagem no fluxo de informações.
Segundo Reis (2011), o projeto deve ser desenvolvido em BIM desde os estudos
preliminares, pois o modelo 3D permite fazer testes e simulações, além de fornecer
informação mais precisas para o embasamento das decisões iniciais, no entanto, mesmo as
poucas construtoras que já trabalham com a BIM ainda não o fazem de forma plena. Na
68
prática, a integração entre projetos, orçamentos, planejamentos e obra ainda não está
completa, e o mercado deve levar algum tempo para evoluir nesse sentido.
Soibelman (2011) diz que a implantação requer uma definição clara das necessidades
de cada incorporadora, pois o objetivo da BIM é melhorar o processo de como a empresa
gerencia suas obras, e isso depende dos objetivos da empresa.
O mesmo autor ainda explica que apesar das incontáveis possibilidades abertas pela
BIM, a receita da implantação não é única em cada companhia. A empresa tem que, primeiro,
encontrar um objetivo, decidir o que é importante para ela, e a partir disto definir um conjunto
de softwares que irão implantar essa visão.
CAPÍTULO 4
4 MÉTODO DE PESQUISA
4.1 CONTEXTO
replicações de caso que gostaria de ter no estudo. Conforme Yin (1994), ter mais de dois
casos produzirá um efeito ainda mais forte do que fazer apenas um caso.
A utilização de casos múltiplos deve seguir uma lógica de replicação, e não de
amostragem. Os casos devem funcionar de uma maneira semelhante aos experimentos
múltiplos, com resultados similares ou contraditórios previstos explicitamente no princípio da
investigação. Em resumo, a justificativa para casos múltiplos deriva diretamente de seu
entendimento de repetições literal e teórica. (YIN, 1994).
Para tanto, nesta pesquisa foi realizado um teste piloto como forma de validação do
protocolo de dados e do protocolo da entrevista (questões da coleta de dados nos escritórios
de arquitetura) e 3 (três) estudos de caso em escritórios de arquitetura.
Para que se entenda como os dados levantados nos estudos de caso se relacionam com
o objetivo da pesquisa, é fundamental definir a unidade de análise da pesquisa e determinar os
limites da coleta e análise dos dados (YIN, 1994).
Segundo Yin (1994), a unidade está relacionada com dois aspectos. O primeiro é a
maneira como o pesquisador define as questões iniciais do protocolo de coleta de dados, e o
segundo é o núcleo de onde o pesquisador irá coletar os dados sem se dissipar do foco de
estudo.
No presente trabalho a unidade de análise é o processo de projeto de arquitetura,
utilizando a tecnologia BIM, desde as fases iniciais, quando se inicia o planejamento até
conclusão do projeto de arquitetura.
10
Downey, H. Kirk; IRELAN, R. Duane, Quantitative versus qualitative: the case of environmental assessment in
organizational. Administrative Science Quarterly, v.24, n.4, December, 1979, p. 630-637.
73
4.6.2 Survey
A survey (Caron, 2007) foi executada para identificar quais os modelos de processo de
projeto existentes da literatura, que são adotados pelos escritórios de arquitetura. Para a coleta
de dados desta survey, foi adotado o questionário desenvolvido pela pesquisadora, conforme
ANEXO 1.
Não foram delimitados critérios para população dessa pesquisa, apenas que fossem
escritórios de arquitetura. Foi disponibilizado o questionário via web, através de redes sociais
e e-mails, foram obtidos 50 questionários respondidos.
O primeiro contato foi via telefone para o agendamento de uma reunião com o responsável
pela implantação e coordenação dos projetos em BIM. Em seguida, foi realizada a aplicação
do questionário referente ao planejamento da tecnologia e ao processo de projeto na empresa.
O estudo de caso C, é um escritório de médio porte, desenvolveu alguns projetos em
BIM, no entanto, ainda encontra-se em fase de implantação, buscando ainda resolver
problemas relacionados ao início da utilização da tecnologia. O primeiro contato foi via
telefone, onde foram tiradas algumas dúvidas e levantados alguns questionamentos com o
responsável pelos projetos. Neste caso, o questionário foi respondido totalmente por e-mail e
algumas questões complementares realizadas também por e-mail.
O estudo de caso D, com a tecnologia BIM já em estágio mais avançado, é um
escritório de grande porte, com equipe BIM já definida, e encontra-se em fase de
consolidação da tecnologia, conseguindo desenvolver os primeiros grandes projetos utilizando
a BIM. O primeiro contato foi via telefone, onde foi feito o agendamento de uma reunião com
o responsável pela implantação da tecnologia e coordenação da equipe BIM. A aplicação do
questionário foi realizada por e-mail.
Conforme Gil (1996) a análise deve partir de duas etapas: a primeira consiste em
finalizar a pesquisa com a simples apresentação dos dados, sendo a segunda interpretar os
dados a procura dos mais amplos significados. Com esta mesma linha de raciocínio Yin
(1994) afirma que a análise deve deixar claro que ela se baseou em todas as evidências.
Segundo Miles e Huberman (1987), para fazer a análise, o pesquisador deve dispor de
informações em série, criando matrizes de categoria, dispondo das evidências dentro dessas
categorias e criando modos de apresentação dos dados.
Para ser desenvolvido um modelo de processo de projeto utilizando a tecnologia BIM,
utilizou-se como referência de etapas de projeto o modelo da ASBEA (2000) já citado neste
trabalho na revisão bibliográfica. Para complementar o desenvolvimento do modelo, seguiu-
se a ilustração do processo de desenvolvimento do projeto e as etapas, descritas por Melhado
(2005), onde o autor destaca além das etapas, os agentes envolvidos, as etapas do
empreendimento e as disciplinas envolvidas.
Neste trabalho primeiramente foi feito a análise individual de cada estudo de caso
confrontando com as fontes de evidência. Após essa etapa, foi elaborado um quadro resumo
dos resultados dos estudos de caso a fim de realizar uma análise comparativa dos resultados.
78
Com a análise dos dados dos estudos de caso, com a percepção adquirida pela autora
durante toda a pesquisa e baseado em informações fornecidas pelos guias de implantação de
desenvolvimento de projetos em BIM já citados neste trabalho, conseguiu-se chegar a uma
proposta de implantação e modelo de processo de projeto com o uso da tecnologia BIM para
escritórios de arquitetura.
79
CAPÍTULO 5
5.1 CONTEXTO
Para definição do planejamento para elaboração dos projetos em BIM, houveram duas
reuniões, acompanhadas pela pesquisadora, onde estavam presentes a coordenadora de
projetos BIM, a coordenadora do projeto e o gerente de projeto do escritório de arquitetura.
A empresa coordenadora dos projetos segue os conceitos de planejamento BIM do
Guia da Penn State University, o qual estabelece alguns passos para o planejamento dos
projetos e o primeiro definido foi a identificação dos objetivos do projeto ser realizado em
BIM. Existe uma escala de importância dos objetivos, a qual é classificada em (a) alta, (b)
média e (c)baixa.
Neste empreendimento, o objetivo principal foi gerar os quantitativos para auxiliar na
elaboração dos orçamentos do empreendimento, conforme apresentado no Quadro 4.
84
Após a definição dos objetivos, foi preciso identificar quais seriam as fases do projeto
e o que seria detalhado em cada fase, conforme mostra a Figura 19.
Neste empreendimento, o projeto foi dividido em três etapas: anteprojeto, projeto pré-
executivo e projeto executivo.
Para fazer a estruturação do modelo, foram criadas sub-etapas como: fachada,
cobertura, vedações internas e vedações externas, escadas e acabamentos. Dentro dessas sub-
etapas foram criados os níveis de informações que seriam detalhadas cada etapa. No Quadro 5
pode-se verificar a classificação criada para o detalhamento em cada etapa do projeto.
Dentro desse planejamento, criou-se uma tabela de identificação dos responsáveis pelo
modelo, dessa forma foi possível visualizar o que cada membro da equipe desenvolveu,
controlando o nível de qualidade do modelo (Quadro 6).
Quadro 6 – Modelo de tabela para identificar os responsáveis por cada item do projeto
RESPONSÁVEIS
ARQ Arquiteto
COM Construtora
TER Terraplanagem
FM Gerente de Facilities
MEP Projetista de Instalações
EST Engenheiro de Estruturas
SUB Subcontratados
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)
Existe ainda nesse planejamento, a diretriz para a escolha da categoria que deverá ser
modelada cada fase do projeto, como por exemplo – vedações exteriores, modeladas na
categoria wall (parede).
Com todas as informações planejadas e realizadas com eficiência, foram gerados os
relatórios com as interferências entre disciplinas, lembrando que isso só foi possível porque
existiam mais de uma disciplina modelada, neste caso, arquitetura e instalações de água.
Para que esses relatórios fossem confiáveis, foram criadas estratégias para o controle
de qualidade, garantindo a correta verificação dos projetos, conforme Quadro 7.
Quadro 7 – Controle de qualidade
Verificação Objetivo Responsável
Check lists visuais (Modelo e Garantir que as informações estejam coordenadas Escritório de Projeto
tabela) e compatíveis, e que os requisitos de projeto
foram seguidos.
Checagem de interferências Detectar interferências construtivas entre as Compatibilização
disciplinas.
Verificação de padrões Verificar se os padrões BIM e de representação Escritório de Projeto
gráfica foram seguidos (fontes, dimensões, estilos
de linhas, layers).
Integridade do Modelo Garantir a confiabilidade dos dados de projeto, Escritório de Projeto
evitando duplicidade de elementos.
Fonte: Coordenação Projetos BIM, adaptado pela autora (2012)
Foi importante definir no início do projeto, quais seriam os pontos a ser verificados,
para que esse planejamento fosse realmente eficiente.
Durante o acompanhamento do projeto, identificou-se que apesar do escritório de
arquitetura já ter desenvolvido alguns projetos utilizando a tecnologia BIM, esse era o
primeiro a ser desenvolvido de forma planejada.
86
Por ser um projeto de grande dimensão, com vários agentes envolvidos, o processo se
estendeu além do cronograma desenvolvido e por essa razão, foi realizado o acompanhamento
até a fase de anteprojeto.
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 20, apresentado em forma de fluxo à descrição
destas etapas.
Para entender melhor o processo de processo foram criadas fases como: concepção
onde está incluído o processo de abertura, concepção do projeto e definição do programa de
necessidades, seguindo com a fase de definição onde está incluído o estudo de viabilidade,
planejamento do projeto e o estudo preliminar.
A última fase é a de desenvolvimento onde está o planejamento para o projeto ser
desenvolvido em BIM, a definição dos objetivos, a criação das etapas do modelo, a definição
dos níveis de detalhe e responsáveis pelo desenvolvimento, seguindo com a criação das
categorias em que os objetos serão modelados, o relatório de controle de qualidade e por
último o anteprojeto finalizado.
Como pode-se observar houve um aumento considerável de definições nas etapas de
projeto. De acordo com Eastman (2008) esse aumento é consequência do grande número de
88
informações que são necessárias na fase inicial do projeto, pois as decisões são antecipadas e
uma carga maior de trabalho é deslocada para o estudo preliminar e anteprojeto.
Este escritório não tinha conhecimento de nenhum guia de implantação quando iniciou
seus projetos. O fato de não ter um profissional especializado prestando consultoria no início
da implantação, trouxe como consequência, problemas no desenvolvimento dos projetos,
como atrasos na entrega e desenhos fora do padrão do escritório.
Para a etapa de treinamento, o escritório escolheu dois arquitetos para fazer o curso de
Revit (optou por esse software, por ser o mais utilizado no mercado nacional). Após esse
treinamento, estes arquitetos começaram a desenvolver alguns projetos.
Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?
Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?
orientou a equipe responsável para que desenvolvesse seu template, de acordo com as
necessidades do escritório.
Com relação a bibliotecas, o escritório vem desenvolvendo-as de acordo com as
necessidades de cada projeto, não tendo ainda uma grande biblioteca do escritório já
modelada, assim como, ainda não possui um padrão para nomes de arquivos e bibliotecas,
importante para a organização dos dados do escritório.
Em torno de 30% da equipe desse escritório utiliza o Revit, número que está crescendo
a cada novo projeto com a formação de equipes de projeto qualificadas. O arquiteto
responsável pela tecnologia BIM no escritório, comentou que muito do potencial dessa
tecnologia ainda não é utilizada, e acredita que o escritório ainda esteja em fase de ganhar
experiência com a plataforma, pois o modelo desenvolvido é mais uma ferramenta de
desenvolvimento de documentação e coordenação, mais isso não significa que o escritório não
saiba utilizar todo o potencial oferecido.
Nessa empresa, a equipe responsável pelo BIM identificou algumas mudanças durante
o desenvolvimento dos projetos. Com o planejamento realizado houve a necessidade de
buscar mais informações do projeto na fase inicial de desenvolvimento.
O projeto em análise é a sede de uma escola de ensino médio. Os dados foram obtidos
através de uma reunião com o arquiteto responsável pelo projeto, onde o mesmo passou todas
as informações necessárias para este trabalho.
96
5.3.3.2 Reunião com arquiteto responsável pela equipe de projetos e líder BIM
Para o início do estudo preliminar, foram definidas pelo líder BIM em duas reuniões,
qual seria o plano de modelagem do projeto.
Seguindo o guia desenvolvido pelo escritório, a primeira etapa a ser realizada é
identificar os objetivos de modelagem do projeto, neste caso, os objetivos foram os descritos a
seguir, conforme apresentado no Quadro 9.
O escritório também define o que será modelado em cada fase do projeto, para isso
criou padrões para níveis de detalhamento (ver Quadro 10), para que a equipe de projetos
possa seguir e manter a qualidade das informações.
No projeto da escola em questão o nível de detalhe foi definido como LOD 200, pois o
objetivo do modelo estava direcionado para documentação de projetos.
98
definição onde está incluída a reunião de equipe de projeto e a reunião para o planejamento
BIM do projeto.
Na fase de desenvolvimento está à elaboração do plano de modelagem com
informações referentes ao modelo como os objetivos da modelagem e níveis detalhamento,
após essas definições existe a elaboração do estudo preliminar e por último o anteprojeto
finalizado.
Por ter departamentos separados para cada tipo de trabalho, o escritório possui um
departamento de tecnologia que realiza pesquisas sobre projetos em BIM já realizados,
dificuldades encontradas, planejamento de implantação, e com essas informações desenvolve
tudo o que o escritório necessita para trabalhar de forma mais eficiente, inclusive o guia.
Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?
Como o software Revit ou outro que tenha a tecnologia BIM exige máquinas com
maior capacidade de armazenamento, o escritório encontrou dificuldades no início, pois seus
computadores não estavam preparados. Ao começar a desenvolver os projetos, viu-se a
demora em abrir ou salvar os arquivos, perdendo-se muito tempo. Ao longo de dois anos
houve um investimento para a aquisição de máquinas melhores, e esses problemas foram
resolvidos.
pacotes pelos quais não são responsáveis. Todo esse processo depende da etapa do projeto, do
tamanho da equipe e do prazo de entrega.
A mudança mais importante foi a criação da função de administrador de modelos, que
define todos os passos do desenvolvimento do projeto e cria as diretrizes para a equipe
técnica.
Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?
Segundo o arquiteto, houve grandes avanços após começar a trabalhar em BIM. Como
a maioria dos projetos é de grande porte, o tempo de elaboração diminuiu muito e a
possibilidade de gerar quantitativos, fazer estudos solares com maior facilidade, gerar
imagens em 3D automaticamente para estudos de volume, trouxe maior competitividade ao
escritório.
Esse escritório de arquitetura vem trabalhando com Archicad há dois anos, tem
desenvolvido seus projetos de arquitetura, no entanto, ainda não conseguiu trabalhar com
projetistas complementares, para realizar a checagem de interferências entre disciplinas, ou
gerar quantitativos de forma mais completa.
De acordo com o que foi descrito acima, segue Figura 26, apresentando o fluxo do
processo de projeto tradicional do escritório de arquitetura.
programa de necessidades. Ao longo das reuniões houve várias alterações propostas pelo
cliente, que era extremamente participativo.
O programa final do projeto foi um edifício comercial de seis andares, com
estacionamento no subsolo, lanchonete e espaços para lojas no térreo, e pavimento tipo com
vãos livre para escritórios, totalizando aproximadamente dois mil e quinhentos metros
quadrados de área construída.
Para o desenvolvimento do estudo preliminar, o arquiteto utilizou o CAD, em razão de
ainda estar ligado culturalmente a esse software. Ele desenvolve o estudo preliminar e após a
definição do projeto, a equipe do escritório desenvolve os demais projetos em Archicad.
No projeto do prédio comercial o nível de detalhe foi definido como LOD 200, pois
ainda encontram dificuldades de criar com mais informações, principalmente de outras
disciplinas.
Por se tratar de um escritório pequeno, não existem padrões criados para o início do
desenvolvimento dos projetos. O arquiteto segue alguns guias que ele próprio adquiriu, mais
não existe nada formalizado.
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 27, apresentando em forma de fluxo a
descrição destas etapas.
Figura 27 – Fluxo do desenvolvimento do projeto
Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?
O arquiteto optou por escolher o Archicad por já ter trabalhando com esse software e
já possui algum conhecimento, apesar de não ser o mais divulgado no mercado, ele acredita
ser a melhor solução para seus projetos. Apesar de já ter conhecimento da necessidade de
máquinas com maior capacidade de armazenamento, o escritório está trocando as máquinas
conforme a necessidade, em razão do alto custo desses equipamentos.
Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?
profissionais mais qualificados, pois é preciso conhecimento do projeto de forma global para
poder iniciá-lo em BIM.
Além de profissionais com capacidade técnica em obras, também identificou-se a
necessidade de profissionais com capacidades em tecnologias da informação, elaborando
estratégias de modelagem, para extrair o máximo de informações do modelo.
O arquiteto comentou que uma das principais barreiras continua sendo o custo dos
equipamentos, pois escritórios pequenos dificilmente possuem uma reserva para troca de
computadores e instalações de novos softwares. Ele acredita que o BIM é uma ferramenta que
diminui erros de projetos e de obra, e que vale a pena investir, pois os resultados serão
visualizados em médio prazo.
Esse escritório utiliza a BIM em cerca de 60% dos seus projetos, utilizando o software
Revit. Conforme os projetos são desenvolvidos e o conhecimento na tecnologia aumenta, o
arquiteto diretor acredita que esse número irá aumentar, chegando, em três anos, a 100% dos
projetos.
O arquiteto divide a utilização da tecnologia BIM no escritório em duas etapas: a
primeira onde os projetos executivos são desenvolvidos integralmente na plataforma BIM e a
segunda etapa ainda depende de fatores externos, que são integrações com as necessidades
dos clientes e atuação junto a projetos complementares.
informações, após esse primeiro contato, os demais dados foram obtidos através do envio da
entrevista via e-mail.
O cliente exigiu a utilização da tecnologia BIM por conhecer e acreditar que o projeto
teria benefícios com sua utilização. As reuniões foram realizadas para definir estratégias de
trabalho, como o planejamento dos projetos.
118
De acordo com a descrição das etapas de trabalho que foram realizadas para
desenvolver o projeto em BIM, segue a Figura 30, apresentando em forma de fluxo a
descrição destas etapas.
119
Para entender melhor o processo de processo foram criadas fases como: concepção
onde está incluído o processo de abertura, concepção do projeto e definição do programa de
necessidades, seguindo com a fase de definição onde está incluído o planejamento do projeto
as diretrizes para certificação LEED e o estudo preliminar.
A última fase é a de desenvolvimento onde estão o planejamento para o projeto ser
desenvolvido em BIM, os objetivos da modelagem, as formas de entrega do modelo, a
definição das responsabilidades da equipe de projeto, a troca de informações, o nível de
detalhe do projeto e por último o anteprojeto finalizado.
Para a etapa de treinamento, o escritório escolheu três arquitetos para fazer o curso de
Revit, existe a atualização a cada dois meses, por meio de cursos, seminários ou encontros
semanais.
Ferramentas e Sistemas
Qual o software utilizado para elaborar os projetos em BIM?
Teve conhecimento inicialmente da necessidade da aquisição de hardwares e softwares?
O arquiteto decidiu pelo software Revit, por ser da mesma empresa do Autocad, e ter
as interfaces do programa parecidas. Realizou a troca de todos os computadores ao longo de
um ano, após o início da utilização da tecnologia BIM.
122
Processo de projeto
Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na
fase inicial – estudo preliminar?
Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais
com maior nível de qualificação? Por quê?
Faz parte do planejamento para desenvolver projetos em BIM que o escritório tenha a
divisão dos projetos em fases, dessa forma, o escritório criou: a fase inicial, que poderia ser
definida como o levantamento de dados e estudo preliminar, após essa fase, vem o
desenvolvimento, que poderíamos definir como anteprojeto e projeto executivo e a última fase
que é a de documentos, onde são desenvolvidos memoriais, e toda a documentação do projeto.
A análise dos estudos de caso foi realizada pela análise qualitativa das informações
que foram coletadas nos escritórios e obtidas por meio das entrevistas e das observações feitas
pela autora.
Nesta análise qualitativa apresenta-se o panorama geral dos estudos de caso, dados
gerais da empresa, dados da estrutura da empresa, dados do processo de projeto, dados da
implantação da tecnologia BIM, treinamento, planejamento, mudanças no processo, etapas do
projeto, além de desenvolvimento de padrões no escritório.
Ao final do capítulo são apresentadas as considerações finais sobre a análise da
implantação da tecnologia BIM nos escritórios investigados e dos processos de projeto.
O panorama geral da análise qualitativa foi realizado pela compilação dos dados de
cada empresa, suas atividades e planejamentos realizados. O Quadro 15 apresenta o panorama
geral da análise qualitativa.
125
Serviços mais realizados no escritório - Projetos de condomínios; - Projetos residenciais; - Projetos residenciais; - Projetos de urbanismo;
EMPRESA
Coordenador de projetos BIM - Teve assessoria de um - Líder BIM - Não possui - Coordenador BIM
BIM NO DESENVOLVIMENTO
Definições do plano de modelagem - Objetivos do modelo -Objetivos do modelo - Fases que serão - Objetivos do modelo
- Níveis de detalhe - Nome do modelo modeladas - Forma de entrega do
- Etapas a serem - Conteúdo - Níveis de detalhamento modelo
desenvolvidas - Estágio do projeto - Classificação dos - Responsáveis pelo
- Classificação dos - Autoria do projeto detalhamentos modelo
detalhamentos - Criação do projeto - Procedimentos de
- Responsáveis pelo modelo - Níveis de detalhe comunicação
- Controle de qualidade - Classificação dos - Troca de informações
detalhamentos - Níveis de detalhe
126
Treinamento da equipe - Arquitetos fizeram curso de Arquitetos fizeram curso de - Arquitetos fizeram curso Arquitetos fizeram curso de
Revit Revit. de Archicad Revit.
- Dificuldades em manter-se - Encontros semanais para - Dificuldades em manter- - Treinamento a cada três
atualizados. troca de dicas e se atualizado meses.
informações.
Dificuldades encontradas - Entender o novo processo - Entender o novo processo - Entender o novo processo - Entender novo processo
de trabalho. de trabalho de trabalho de trabalho
- Falta de projetos finalizados - Dificuldades do próprio - Dificuldades do próprio - Dificuldades do próprio
para pesquisa. software software software
- Falta de template e
biblioteca organizadas
127
Configuração da equipe técnica depois Equipe trabalhando de forma Criação do administrador A relação com cliente ficou Equipe trabalhando de
da tecnologia BIM conjunta. de modelos - define todos mais clara, através do forma conjunta. Foi criada
os passos do projeto em 3D. uma equipe de apoio com
desenvolvimento do projeto A equipe desenvolve quatro pessoas para a
e passa as diretrizes para a projeto em menor prazo. melhoria contínua dos
equipe técnica. projetos.
Exigência de profissionais mais Sim. Maior conhecimento de Sim. Maior conhecimento Sim. Profissionais com Sim Profissionais com
qualificados projeto e execução técnico estratégias de modelagem. conhecimento em novas
tecnologias.
Novos equipamentos Adquiriu novos Adquiriu novos Adquiriu novos Adquiriu novos
DA
Barreiras para implantação -Custo elevado para - Custo elevado - Custo elevado para - Necessidade de alto
aquisição de novas máquinas implantação. aquisição de novas investimento
- Necessidade da criação de - Dificuldade de máquinas. - Retirada de todos os
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO
Reflexões sobre futuro - Ferramenta que diminuirá - Aprimoramento da - Ferramenta que diminuirá - Forma de trabalho cada
erros de projeto e de obra utilização, popularizando erros de projeto e de obra vez mais colaborativa e
- Maior facilidade para sua utilização. - Maior facilidade para com novas tecnologia que
realizar compatibilização e - A nova forma de trabalhar realizar compatibilização e irão permitir a
gerar tabelas de é irreversível, com gerar tabelas de interatividade entre mais
quantificação. inúmeras vantagens, quantificação. áreas como a incorporação,
aumentando qualidade dos vendas, pós-vendas, etc.
projetos.
Outra conclusão é a de que existe uma barreira cultural que muitas vezes acaba sendo
mais forte do que a própria condição do escritório em investir em cursos ou equipamentos. Ou
seja, os escritórios de arquitetura de pequeno porte precisam entender que qualquer processo
novo no início acaba trazendo custos excedentes, mas que isso não impede a evolução no
desenvolvimento dos projetos. Assim, o volume de despesas iniciais deve ser tratado como
investimento.
Com relação ao processo de projeto tradicional, foi identificada a necessidade de
apresentar essas informações uma vez que os escritórios utilizam o processo de projeto
tradicional como base para realizar as mudanças necessárias, quando passa a utilizar a
tecnologia BIM no desenvolvimento de seus projetos de arquitetura. Segue abaixo a figura 31
com a apresentação do processo de projeto das quatro empresas investigadas.
utilizados pelos escritórios de arquitetura brasileiros. A survey foi enviada por meio de e-
mails e redes sociais e foram obtidas cinquenta respostas. Quando questionado aos escritórios,
se utilizavam roteiros para desenvolver seus projetos, de cinquenta escritórios, trinta e oito
responderam que sim (Figura 32), só que na maioria dos casos, os roteiros foram criados
pelos próprios.
Apesar da maioria dos escritórios não ter conhecimento sobre modelos de processo de
projeto criados por pesquisadores da área a fim de otimizar os processos de trabalho, quando
perguntados sobre a eficiência de um modelo bem desenvolvido na elaboração dos projetos, a
maioria concordou que um modelo pode trazer resultados positivos ao escritório de
arquitetura.
Você acredita que seguir um modelo bem desenvolvido pode aumentar a eficiência do processo de
projeto?
Com isso conclui-se que apesar da falta de iniciativa dos escritórios de arquitetura em
buscar melhores práticas de trabalho, existentes na literatura, nessa pesquisa, a maioria
concordou que a adoção de um modelo de processo de projeto traz benefícios ao
desenvolvimento dos projetos nos escritórios.
133
5.6.3 Considerações sobre o desenvolvimento dos projetos com o uso da tecnologia BIM
Isto é importante, pois através do plano de modelagem que o escritório conseguirá identificar
o que será preciso mudar em seu processo de trabalho, e como serão desenvolvidos os
modelos de arquitetura.
Pode-se concluir que essas iniciativas trazem benefícios aos escritórios uma vez que a
tecnologia de informação evolui constantemente, e por meio da educação continuada dos
profissionais, a empresa mantém o processo BIM e se torna competitiva no mercado.
CAPÍTULO 6
6 PROPOSTA DO MODELO DE PROCESSO DE PROJETO UTILIZANDO A
TECNOLOGIA BIM
6.1 CONTEXTO
FASE DE
CONCLUSÃO
Nas seções seguintes descreve-se cada etapa, bem como os procedimentos necessários
para a elaboração de cada item do planejamento.
clareza ao processo, e assim reduzindo riscos para o escritório. Isso pode ser feito através de
reuniões com a equipe de projetos, que definirá, a partir do projeto selecionado, quais são as
suas necessidades para a utilização da tecnologia.
Outra questão importante a ser definida é como a BIM será utilizada nos projetos, com
o objetivo de melhorar os processos internos de trabalho, deixando claras as atividades dos
membros da equipe e a experiência necessária para cada etapa do projeto (Quadro 17).
USO DO BIM
Responsáveis
Nível
FASE DO IMPLANTAR Líder Outros Experiência
Comentários
PROJETO (S/N/ Talvez) principal participantes (1-3) 3=
Alto
Definir níveis de
Criação do projeto Sim Arquiteto Equipe Projeto 3
detalhamento
Consultor Equipe projeto Definir qual tipo de
Certificação LEED Sim 3
LEED Arquiteto certificação
Modelar as informações
Engenheiro
de acordo com as
Estimativa de custo Sim Arquiteto orçamentista 3
necessidades de
Equipe projeto
quantitativos.
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).
Com os processos definidos é preciso revisar e definir a integração da BIM. Para isto é
necessário incluir, substituir ou adicionar processos dentro do mapa. Com essa integração é
possível identificar as necessidades como a compra de software, treinamento, criação de
orientações de novos processos e verificações.
RESPONSÁVEIS
ARQ Arquiteto
COM Construtora
TER Terraplanagem
GF Gerente de Facilities
INST Projetista de Instalações
EST Engenheiro de Estruturas
11
Abreviatura adotada pela autora, em substituição à abreviatura em inglês LOD (Level of Detail)
145
Checklists visuais (modelo e Garantir que as informações estejam coordenadas Escritório de Projeto
tabela) e compatíveis, e que os requisitos de projeto
foram seguidos.
Checagem de interferências Detectar interferências construtivas entre as Compatibilização
disciplinas
Fonte: A autora (adaptado de Building Execution Planning, 2010).
Não ter a equipe adequada, constitui um dos fatores mais críticos para a implantação
bem sucedida da BIM. Para montar essa equipe, é preciso considerar a estrutura
146
Essas duas novas funções podem ser realizadas por membros da equipe de projeto,
como os gerentes de projeto ou coordenadores. Além de garantir que os objetivos sejam
alcançados, o Gerente de Projeto BIM deve organizar a equipe para que todos trabalhem em
conjunto, resolvendo os conflitos de projeto de forma eficiente, melhorando os processos do
escritório, auxiliando na resistência à mudança de software e formas de trabalho. É de sua
responsabilidade levar o processo de planejamento até sua fase final.
A equipe que estará desenvolvendo os projetos em BIM precisará ter uma
compreensão básica do que é BIM e o que isso significa para o escritório. Os profissionais
envolvidos precisam ter domínio de um software específico e todos os processos que serão
implantados. Esses processos poderão ser explicados à equipe pelo líder BIM, após o
planejamento ter sido realizado.
Durante o processo de planejamento, todas as informações que estão sendo criadas
precisam estar documentadas e com acesso a todos os envolvidos no planejamento Assim as
informações podem ser atualizadas e modificadas conforme a necessidade do escritório.
147
Segue nas seções a seguir, a inclusão das necessidades que a tecnologia BIM exige
para elaboração dos projetos em cada uma destas três fases propostas.
*
A função de Líder BIM pode ser exercida por um profissional específico para essa função ou também poder ser
exercida pelo arquiteto diretor do escritório, que tenha se qualificado para desempenhar as funções exercidas
pelo Líder BIM.
149
No estudo preliminar são aplicadas todas as informações recolhidas pelo arquiteto com
o cliente, ou seja, é quando é elaborada a representação do projeto para apresentação, com o
desenvolvimento de maquetes eletrônicas para melhor entendimento do volume do projeto.
Com a utilização da tecnologia BIM, na fase de desenvolvimento do estudo
preliminar, existem duas opções que podem ser realizadas: (a) sem detalhamentos,
desenvolvendo imagens tridimensionais em outro programa para apresentação do cliente ou
(b) com os principais materiais de acabamento definidos e geração de imagens
tridimensionais para o cliente, com a utilização apenas do Revit. A segunda alternativa se
mostra ideal, pois dessa forma, o escritório diminui retrabalhos, obtendo a imagem gerada a
partir de um único software.
A opção por desenvolver a imagem tridimensional ainda ocorre, em razão dos
escritórios estarem ainda acostumados a definir acabamentos e materiais apenas na fase de
projeto executivo. Com a tecnologia BIM estas definições podem ser realizadas e
apresentadas ao cliente na fase de estudo preliminar.
Com a aprovação do estudo preliminar, é preciso criar as etapas do modelo (exemplos:
anteprojeto, executivo, projeto básico) e definir o nível de detalhamento de cada etapa que foi
criada. Após a definição das etapas e dos níveis de detalhamento é preciso identificar em
quais categorias serão elaboradas cada etapa do modelo (exemplos: categorias de janelas,
portas, pisos, paredes).
A Figura 40 ilustra o desenvolvimento proposto para a segunda fase.
150
Faz parte da fase de conclusão o projeto executivo que é subdividido em: projeto pré-
executivo, projeto básico, projeto de execução e detalhes de execução; caderno de
especificações; compatibilização; coordenação; gerenciamento dos projetos; assistência à
execução da obra, serviços adicionais (opcional).
Com a tecnologia BIM, a busca de especificações de materiais de acabamento e a
definição de materiais de construção podem ser realizadas na fase de anteprojeto.
151
Com essas questões definidas, a fase de conclusão que inclui a elaboração do projeto
executivo tem seu tempo reduzido, pois os projetos já estão prontos. Também se ganha tempo
com a questão dos detalhamentos, pois com a BIM esses detalhes já foram definidos no
anteprojeto. O mesmo acontece com a compatibilização, pois caso os projetistas das demais
especialidades trabalhem com BIM, faz-se a junção de todos os projetos, sendo possível
realizar a compatibilização automaticamente.
Para manter a qualidade do modelo, é preciso criar mecanismos de controle, para que
seja possível realizar a correção do modelo e identificar possíveis erros. A seguir é
apresentado o fluxo da fase de conclusão. (Figura 41).
Com a apresentação dos fluxos divididos por fases, foi possível esclarecer onde a
tecnologia BIM é incluída, quais suas necessidades e formas de trabalho. Segue na Figura 42
o fluxo completo do modelo de processo de projeto proposto como ideal.
que iniciam a implantação da BIM. A figura 43 apresenta, de forma mais resumida os fluxos
das empresas investigadas em comparação com o fluxo proposto.
CAPÍTULO 7
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo inicial proposto para este trabalho foi elaborar de um modelo de processo
de projeto com o uso da tecnologia BIM para escritórios de arquitetura, a fim de contribuir
para melhores práticas de trabalho.
Entende-se que esse objetivo foi alcançado, não apenas pela realização dos estudos de
caso, mas principalmente pela análise dos resultados desta pesquisa, apresentada no item 5.6,
quando foram discutidos as formas de trabalho e o planejamento para implantação da
tecnologia BIM nos escritórios de arquitetura.
financeiras para aquisição de hardware e software será, certamente, mais fácil que resolver as
lacunas de qualificação dos profissionais de projeto.
conteúdo de forma geral, abrange todos os procedimentos que são necessários para
uma implantação eficiente.
• Modelo de processo de projeto com uso da BIM: este modelo traz, como
contribuição, a identificação e organização de todas as etapas necessárias para os
escritórios trabalharem com BIM, por meio de um novo e adequado
sequenciamento das atividades, relações de precedência, agentes envolvidos e
produtos gerados em cada etapa.
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2011.
REIS, M. D. Especial BIM. Revista AU, São Paulo, Ed. 208, jul. 2011.
SOIBELMAN, L. Especial BIM. Revista AU, São Paulo, Ed. 208, Julho 2011.
YIN, R. K. Case study research: design and methods. Sage Publications Inc. 1994.
GLOSSÁRIO
O estudo a ser pesquisado, é parte integrante da dissertação que está sendo elaborada pela
Arquiteta Marcele Ariane Lopes Garbini, no Programa de Pós Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental da Universidade Federal do Mato Grosso.
O objetivo deste estudo é verificar como está sendo implantada a tecnologia BIM nos
escritórios de arquitetura e apontar melhores práticas de trabalho, criando um modelo de
processo de projeto.
Esta pesquisa se propõe a não vincular o nome de sua empresa, apenas serão utilizados os
resultados coletados durante a pesquisa.
Portanto, o nome de sua empresa não será vinculado ao trabalho, sendo mantido em sigilo.
ETAPAS DA ENTREVISTA
1° ETAPA-DADOS DA EMPRESA
A- Empresa
B- Serviços da empresa
H- Ferramentas e Sistemas
A- EMPRESA
01- Cadastramento da empresa:
Nome da Empresa:
Endereço:
Ano de início das atividades:
Cidade:
Telefone de contato:
E-mail:
Website:
Nome do entrevistado:
Profissão?
Função na empresa:
02- Qual a média anual em m2 dos serviços técnicos desenvolvidos pela empresa:
B- SERVIÇOS DA EMPRESA
03-Atuação de serviços desenvolvidos na empresa e/ou via terceirizados:
ESCALA ATUAÇÃO
Em que é realizado o
Outros? Quais:
SERVIÇO
Multifamiliar
projeto
Residencial
Residencial
Unifamiliar
Urbanismo
Comercial
Industrial
Saúde
1 2 3
Arquitetônico
Interiores
Instal. Elétricas
PROJETO
Instal. Hidráulicas
Estrutural
Urbano
Paisagismo
Programação Visual
Maquete Eletrônica
Outros? Quais
Observações Geral:
Legenda:
ESCALA EM QUE SÃO REALIZADOS OS SERVIÇOS:
(0) não realiza;
(1) realiza via terceirização;
(2) realiza;
173
Arquiteto
Arquiteto Projetista
Arquiteto Interiores
Engenheiro Civil
Eng. Estrutural
Eng. Elétrico
Eng. Topógrafo
Projetista
Estagiário Arquitetura
Administrativo
Financeiro
Outros. Quais?
6- Tem um planejamento por etapas, estabelecendo até onde o escritório irá chegar? E em quanto
tempo?
A empresa contratou uma empresa especializada em BIM para fazer o planejamento da implantação
BIM.
A empresa contratou um consultor em BIM para fazer o planejamento da implantação e acompanhar
o desenvolvimento do primeiro projeto.
Foram escolhidos alguns arquitetos para fazer o curso de Revit ou outro software, e ele começou a
desenvolver os projetos em BIM, sem consultoria.
Foi contratado um especialista em BIM para desenvolver os projetos na empresa.
175
9- A empresa mantém a equipe sempre atualizada, buscando novos cursos, palestras e seminários na
área?
Sim
Não
Frequência:
H- FERRAMENTAS E SISTEMAS
I- PROCESSO DE PROJETO
14- A empresa buscou conhecer as mudanças que aconteceriam nos processos de trabalho ao utilizar
o BIM?
Sim
176
Não
Sim
Não
18- Com a adoção da tecnologia BIM é preciso maior número de informações do projeto na fase
inicial - Estudo Preliminar?
Sim
Não
19- Para trabalhar com projetos em BIM vocês identificaram a necessidade de profissionais mais
qualificados?
Sim
Não
Por quê?
20- Para utilização nos projetos, foi desenvolvido template exclusivo do escritório?
Sim
Não
Sim
Não
22- Foi contrato uma empresa específica para desenvolver o template, de acordo com as necessidades dos
projetos do escritório?
Sim
Não
26- Para utilização nos projetos, foi desenvolvido biblioteca exclusiva do escritório?
Sim
Não
27- Foi adotado um padrão para a nomenclatura das famílias e objetos a serem modelados?
Sim
Não
28- O escritório tem um planejamento do que tem que ser modelado? De acordo com a fase do projeto?
Sim
Não
32- Você tem algum comentário adicional que você considera importante?
178
Dentro da categoria outros, foi solicitado para apresentar quais os outros tipos de projetos
elaborados pelo escritório, obteve-se o seguinte resultado:
10. Você acredita que seguir um modelo bem desenvolvido pode aumentar a eficiência
do processo de projeto?