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ARTIGO DE REVISÃO

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS, PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS E


ASPECTOS GERAIS: UMA REVISÃO

FOODBORNE DISEASES, MAIN ETIOLOGIC AGENTS AND GENERAL ASPECTS: A REVIEW


1 2 3
Ana Beatriz Almeida de Oliveira , Cheila Minéia Daniel de Paula , Roberta Capalonga ,
4 5
Marisa Ribeiro de Itapema Cardoso , Eduardo Cesar Tondo
RESUMO

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) compõem um grave problema de saúde pública em nível mundial. A análise
crítica e a divulgação dos principais aspectos relacionados das DTA pode ser um importante fator para a prevenção dessas
doenças. O presente estudo realizou uma breve revisão sobre as DTA, objetivando contribuir para um melhor entendimento
de alguns dos seus principais agentes etiológicos, identificando os alimentos comumente envolvidos nos surtos, os fatores
causais mais significativos, assim como as características e impactos sociais relacionados a essas doenças.

Palavras-chave: Doenças transmitidas por alimentos; surtos alimentares

ABSTRACT

Foodborne Diseases (FBD) comprises a serious public health problem worldwide. Critical analysis of the main aspects of
FBD may be an important factor for preventing these diseases. This study is a brief review of the FBD in order to provide a
better understanding of the main etiologic agents, identifying the foods commonly associated with outbreaks, the most sig-
nificant causal factors, as well as the characteristics and social impacts related to these diseases.

Keywords: Foodborne diseases; outbreaks


Rev HCPA 2010;30(3):279-285

Características Gerais de Doenças necessária para degradar os alimentos. Esses


Transmitidas por Alimentos fatos dificultam a rastreabilidade dos alimentos
causadores de surtos, uma vez que os consu-
Existem aproximadamente 250 tipos de midores afetados dificilmente conseguem identi-
doenças alimentares e, dentre elas, muitas são ficar sensorialmente os alimentos fonte da DTA.
causadas por micro-organismos patogênicos, os Alimentos com características organolépticas
quais são responsáveis por sérios problemas de alteradas dificilmente causam surtos alimenta-
saúde pública e expressivas perdas econômi- res, uma vez que não são consumidos devido à
cas. As síndromes, resultantes da ingestão de sensação repulsiva que causam aos consumido-
alimentos contaminados por esses micro- res. Nessas condições, a contaminação micro-
organismos são conhecidas como Doenças biana é elevada, muitas vezes ultrapassando
8
Transmitidas por Alimentos (DTA) (1,2), Doen- números da ordem de 10 UFC/g de alimento (6)
ças Veiculadas por Alimentos (DVA) ou sim- e o hábito de “provar para ver se está bom” po-
plesmente toxinfecções (3). de ser bastante perigoso.
As DTA podem ser identificadas quando De acordo com Carmo e colaboradores, (7)
uma ou mais pessoas apresentam sintomas si- os surtos de DTA podem ser investigados atra-
milares, após a ingestão de alimentos contami- vés da identificação etiológica laboratorial, exa-
nados com micro-organismos patogênicos, suas mes clínicos, bromatológicos ou por critérios
toxinas, substâncias químicas tóxicas ou objetos epidemiológicos. Por esses métodos é possível
lesivos, configurando uma fonte comum (1,3). obter conclusões sobre seus agentes etiológi-
No caso de patógenos altamente virulentos, co- cos, veículo, local de ocorrência e demais carac-
mo Clostridium (C.) botulinum e Escherichia (E.) terísticas pertinentes.
coli O157:H7, assume-se que apenas um caso Relatos nacionais e internacionais demons-
pode ser considerado um surto (1,4,5). tram que a maioria dos casos de DTA não são
A maioria dos surtos tem sido relacionada notificados às autoridades sanitárias, pois mui-
à ingestão de alimentos com boa aparência, sa- tos dos patógenos alimentares causam sintomas
bor e odor normais, sem qualquer alteração or- brandos, fazendo com que a vítima não busque
ganoléptica visível. Isso ocorre porque a dose auxílio médico (6,8,9). Em muitos países, inclu-
infectante de patógenos alimentares geralmente sive no Brasil, os surtos notificados, geralmente,
é menor que a quantidade de micro-organismos se restringem àqueles que envolvem um maior

1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Departamento de Medicina Social, Curso de Nutrição- UFRGS; Centro Colabo-
rador em Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANE/UFRGS)
2. Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola e do Ambiente, UFRGS.
3. Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar, CECANE/UFRGS.
4. Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faculdade de Veterinária, UFRGS.
5. Departamento de Ciências dos Alimentos, Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, ICTA/UFRGS.
Contato: Ana Beatriz de Oliveira. E-mail: ana.beatriz@ufrgs.br (Porto Alegre, RS, Brasil).
Oliveira ABA et al

número de pessoas ou quando a duração dos sa desses últimos é menos frequente nos ali-
sintomas é mais prolongada (7). mentos envolvidos em surtos.
Os sintomas mais comuns de DTA incluem Dados epidemiológicos disponibilizados por
dor de estômago, náusea, vômitos, diarréia e, órgãos de controle sanitário dos Estados Unidos
por vezes, febre. Na maioria dos casos, a dura- (EUA) e do Brasil demonstram esses fatos. Por
ção dos sintomas pode variar de poucas horas exemplo, dentre os 2.167 surtos registrados,
até mais de cinco dias, dependendo do estado com etiologia conhecida, nos EUA, de 1998 a
físico do paciente, do tipo de micro-organismo 2002, 55% foram causados por bactérias, 33%
ou toxina ingerida ou suas quantidades no ali- por vírus e 1% por parasitos (1). No Brasil, entre
mento. Conforme o agente etiológico envolvido, os anos 1999 a 2008, as bactérias foram identi-
o quadro clínico pode ser mais grave e prolon- ficadas como o agente etiológico responsável de
gado, apresentando desidratação grave, diarréia 84% dos surtos, enquanto que os vírus foram
sanguinolenta, insuficiência renal aguda e insu- implicados em 14% do total de casos (16).
ficiência respiratória (6,7,10). Em São Paulo, dentre os surtos alimenta-
Mesmo que a dificuldade de registro das res notificados pelo Centro de Vigilância Epide-
DTA seja um problema mundial, os relatos ofici- miológica (CVE), no período de 1999 a 2008,
ais demonstram um aumento significativo de 62% foram causados por bactérias, 25% por
DTA. Entre alguns dos fatores que contribuem vírus e 10% por parasitos (17). No Rio Grande
para o aumento do registro dessas doenças, do Sul, Estado que conta com um dos mais ati-
pode-se destacar: a) o aumento da população, vos serviços de vigilância sanitária e epidemio-
b) o aumento de grupos populacionais vulnerá- lógica do Brasil, foram notificados 3.200 surtos
veis ou mais expostos, c) o processo de urbani- de 1998 a 2006, sendo que a maioria deles foi
zação, muitas vezes, desordenado, d) a produ- causada por bactérias, entre elas Salmonella,
ção e consumo de alimentos em condições ina- Staphylococcus (S.) aureus e coliformes termo-
dequadas, e) o aumento da produção de alimen- tolerantes. (7,18).
tos e do comércio internacional, f) a melhoria
dos sistemas de vigilância epidemiológica e, g) Principais Agentes Etiológicos
a melhoria dos métodos de diagnóstico e estru- Envolvidos em DTA
tura laboratorial para análises. Além desses fa-
tores, podem ser incluídas outras causas que Os alimentos são veículos através dos
colaboram de forma menos expressiva para o quais, muitos micro-organismos causadores de
aumento da ocorrência das DTA, como por e- DTA podem chegar a um novo hospedeiro com
xemplo, a utilização de novas modalidades de condições adequadas para colonização (19).
produção, o aumento no uso de aditivos, mu- Micro-organismos patogênicos podem entrar na
danças de hábitos alimentares, alterações climá- cadeia alimentar em diferentes etapas do pro-
ticas e ambientais, a globalização e as facilida- cesso. Como são altamente versáteis, podem se
des atuais de deslocamento da população, em adaptar ao ambiente produtivo, conseguindo
nível nacional e internacional (11,12). sobreviver, multiplicar e/ou produzir compostos
Boa parte dos surtos alimentares resulta da tóxicos (20).
associação entre o consumo de alimentos con- Greig e Ravel (5) estudaram as DTA ocor-
taminados através da manipulação inadequada ridas nos EUA, Canadá, União Européia (UE),
e conservação ou distribuição em condições im- Austrália, Nova Zelândia e outros países. Eles
próprias (5). Alimentos contaminados por pe- analisaram relatórios publicados de surtos iden-
quenas quantidades de micro-organismos po- tificados no período entre 1988 e 2007, de fon-
dem não causar surtos alimentares, porém se tes governamentais e artigos científicos. No total
forem conservados em condições que permitam dos relatórios, foram registrados 4.093 surtos,
a multiplicação desses agentes microbianos, as destes, 70% foram causados por Salmonella
chances para a ocorrência de surtos aumenta sp., Norovirus e E. coli.
significativamente. Por outro lado, algumas bac- Em estudo realizado por Hughes et al., (21)
térias, como Listeria (L.) monocytogenes e E. na Inglaterra e País de Gales, onde foi realizado
coli O157:H7, apresentam doses infectantes levantamento da ocorrência de surtos de DTA
muito baixas, possibilitando que a simples con- de 1992 a 2003, foi verificado que Salmonella
taminação e a ausência de alguma etapa de spp. foi responsável por mais da metade dos
processo que elimine esses micro-organismos casos (52%) e que C. perfringens foi a segunda
possa ocasionar surtos (1,13). Os patógenos causa dos surtos (29%). Na Áustria, de um total
envolvidos em surtos alimentares podem ser de 606 surtos alimentares registrados em 2005,
bactérias, parasitos, vírus e fungos micotoxigê- 76% foram causados por Salmonella spp. e 23%
nicos (1,13,14), sendo que muitos estudos apon- por Campylobacter sp. (22).
tam as bactérias como as principais causadoras Michino & Otsuki (23) realizaram uma revi-
de DTA (7,15). Outros estudos apontam os vírus são dos surtos de DTA ocorridos na alimentação
como os principais responsáveis por surtos ali- escolar, no Japão, de 1987 a 1996, com objetivo
mentares (6,13), contudo, sem dúvida, a pesqui- de determinar os fatores de risco que provoca-

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ram estas manifestações. Nesse trabalho foram desenvolveu o Sistema Nacional de Vigilância
estudados 268 surtos. Os micro-organismos Epidemiológica das Doenças Transmitidas por
mais envolvidos foram Campylobacter jejuni Alimentos (VE-DTA). Esse sistema, implantado
(17%), Salmonella spp.(16%), E. coli (13%) e em 1999, em parceria com a Agência Nacional
Staphylococcus spp. (12%). de Vigilância Sanitária, o Ministério da Agricultu-
As populações de patógenos que causam ra, Pecuária e Abastecimento e o Instituto Pan-
DTA de maior importância para a segurança dos Americano de Alimentos, da Organização Pan-
alimentos não são estáticas e apesar dos esfor- Americana de Saúde, visa reduzir a incidência
ços significativos por todas as partes envolvidas, das DTA no Brasil (26).
ainda há um número considerável de DTA e no- Dados da SVS a respeito dos surtos regis-
vos desafios com os micro-organismos emer- trados, entre 1999 a 2008, demonstraram que
gentes ou re-emergentes como E. coli O157:H7 6.062 surtos de DTA foram registrados, com a-
e Vibrio (V.) cholerae (19,20). cometimento de 117.330 pessoas (mediana de
Entre os surtos notificados nos EUA, de sete doentes por surto) e 64 óbitos. As regiões
1998 a 2002, Salmonella Enteritidis (SE) foi o Sul e Sudeste notificaram 83% dos surtos de
sorotipo responsável pelo maior número de sur- DTA. O Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e
tos. No entanto, L. monocytogenes foi a causa Santa Catarina foram os Estados que apresen-
da maioria das mortes (24). taram maior registro de surtos, o que pode estar
Na França, em 2005, Salmonella foi a prin- relacionado com a melhor implantação do sis-
cipal causa de hospitalização e de morte por tema de VE-DTA nos municípios. Foi verificado
gastrenterite bacteriana confirmada em laborató- ainda, que Salmonella spp. foi responsável por
rio. Por outro lado, a listeriose, apesar de rara, 1.275 surtos (42%), seguida pelo S. aureus res-
ocupou o segundo lugar como causa de morte ponsável por 600 surtos (20%). B. cereus foi o
por enfermidade de origem alimentar. Campylo- terceiro principal agente, sendo responsável por
bacter ocupou o segundo lugar nas DTA confir- 205 surtos (7%) (16).
madas em laboratório, depois da Salmonella.
Esses dois patógenos, juntos, foram responsá- Principais Alimentos Envolvidos em
veis por 71-85% de todas as infecções bacteria- Surtos de DTA
nas de origem alimentar incluídas neste estudo
(9). Crescimento do comércio internacional e
Em uma análise de artigos em periódicos facilidades atuais de deslocamento da popula-
sobre surtos na China, por contaminação bacte- ção aceleram a disseminação de agentes pato-
riana, num período de 12 anos (1994 a 2005), gênicos e contaminantes em alimentos, aumen-
foram identificados 1.082 surtos de DTA com tando a nossa vulnerabilidade. Atualmente, o
57.612 pessoas infectadas e 51 óbitos notifica- mundo é interligado e interdependente, assim,
dos. Os agentes etiológicos foram investigados surtos de DTA locais têm se tornado uma amea-
e indicaram que o V. parahaemolyticus causou o ça potencial para o mundo inteiro (27).
maior número de surtos (19,5%), seguido por Em 1991, uma epidemia de cólera nas
Salmonella (17%), Bacillus (B.) cereus (13%), Américas, provavelmente com início, na água
Proteus (11%) e S. aureus (8%). Das 57.612 contaminada e frutos do mar, no Peru, rapida-
pessoas infectadas, os agentes etiológicos que mente se espalhou por toda a América, resul-
causaram o maior número de infecções foram tando em aproximadamente 400.000 casos noti-
Salmonella (22% dos casos), V. parahaemolyti- ficados e mais de 4.000 mortes em vários paí-
cus (19%), Proteus (12%), B. cereus (10%) e ses (28).
casos com mais de uma bactéria envolvida cor- Através da globalização, da comercializa-
responderam a 11% dos casos. C. botulinum foi ção e distribuição, alimentos contaminados po-
o agente que provocou a maioria das mortes dem afetar a saúde de pessoas em numerosos
(63%) (25). países ao mesmo tempo. A identificação de um
No Brasil, o perfil epidemiológico das DTA único ingrediente alimentar contaminado pode
ainda é pouco conhecido. Somente alguns esta- levar à retirada de literalmente toneladas de
dos ou municípios dispõem de estatísticas e da- produtos alimentícios, com consideráveis perdas
dos publicados sobre os agentes etiológicos econômicas na produção e embargos nos negó-
mais comuns, alimentos mais freqüentemente cios, bem como danos à indústria turística (27).
implicados, população de maior risco e fatores Sendo assim, os países têm cada vez mais am-
contribuintes. De acordo com os dados disponí- pliado sua percepção da necessidade e da im-
veis de surtos, esses apontam como agentes portância de um sistema de vigilância e da ado-
mais freqüentes os de origem bacteriana e den- ção de medidas para garantir a segurança dos
tre eles, Salmonella spp, E. coli, S. aureus, Shi- alimentos, entre elas a identificação do alimento
gella spp, B. cereus e C. perfringens (11). ou dos alimentos envolvidos em cada DTA (29).
Com o intuito de obter mais informações a Em 1992, a Sistemática Nacional de Vigi-
respeito das DTA no Brasil, a Secretaria de Vigi- lância de Surtos de Doenças Infecciosas Intesti-
lância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, nais (DII) foi introduzida na Inglaterra e País de

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Gales para fornecer informações completas so- coleta, análise e registros em busca de potencial
bre organismos causadores, fontes ou em veícu- fonte de contaminação. Em agosto de 2010, a
los de infecção e modos de transmissão. Em um empresa investigada fez o “recall” voluntário de
estudo realizado por O’Brien e colaboradores 220 milhões de ovos presentes no mercado, de-
(30) foram comparadas as informações desse pois do registro de centenas de casos de sal-
sistema com os artigos de revisão publicados na monelose. Alguns dias depois, o FDA ampliou
literatura entre 1992 e 2003, a fim de avaliar o para 380 milhões a devolução de ovos que po-
efeito potencial de viés de publicação sobre a deriam estar contaminados com a bactéria, em
política de segurança dos alimentos. Durante o um dos maiores “recalls” deste produto na histó-
período de estudo, 1.763 surtos de DII foram ria recente (31). Este fato só reforça a importân-
notificados. Cinqüenta e cinco artigos foram pu- cia dos alimentos de origem animal como veícu-
blicados na literatura, na maioria destes surtos, lo de contaminação.
um único alimento foi relatado como veículo de No Brasil, segundo dados do Sistema de
transmissão. Segundos estes autores, é impor- Vigilância Epidemiológica, no período de 1999 a
tante salientar, que em mais de um quarto (27%) 2008, de um total de 3.984 surtos investigados,
dos surtos do sistema de vigilância, os investi- 23 % tiveram como principal alimento envolvido
gadores foram incapazes de identificar um veí- preparações a base de ovos crus e/ou mal cozi-
culo de infecção. Segundo este estudo, as pro- dos, 17% ocorreram devido ao consumo de ali-
vas da implicação de veículos de infecção de mentos mistos, 12% devido ao consumo de car-
origem alimentar estavam disponíveis para a nes vermelhas, 11% por sobremesas, 9% água,
grande maioria (98%) dos surtos da literatura. 7% leite e derivados e em 21% dos casos não
Evidência estatística, a partir de um caso- foi possível identificar o alimento envolvido (16).
controle, apontou que era mais provável o veícu- Corroborando com esses estudos, Costa-
lo ser relatado nos surtos da literatura (78%) do lunga e Tondo (8) relataram que, no Rio Grande
que nos surtos registrados no sistema de vigi- do Sul, Salmonella spp. foi responsável por
lância (24%). Entre os alimentos mais frequen- 35,7% dos 323 surtos alimentares investigados
temente implicados nos surtos relatados, tanto no período de 1997 a 1999, sendo a “maionese
pela literatura quanto pelo sistema de vigilância, caseira” o alimento mais envolvido, tanto na
destacaram-se o frango, a carne e produtos de- forma de saladas (32%), como na forma de co-
rivados, sobremesas, leite e produtos lácteos. adjuvante de outros alimentos de preparação
Além destes, com freqüência um pouco menor, caseira (2,2%).
estavam saladas, legumes e frutas, ovos e pro- Segundo Oliveira, Brandelli e Tondo, (32)
dutos a base de ovos. no período de 2001 a 2002, dentre os alimentos
Corroborando com este estudo, recente- envolvidos em surtos ocorridos no RS, 30% en-
mente, o trabalho de Greig e Ravel (5) também volveram preparações a base de ovos.
apontou que alimentos com vários ingredientes,
como por exemplo, ovos, carne e outros foram Locais de Maior Ocorrência de
os mais envolvidos em DTA. O ovo foi o alimen- Surtos de DTA
to mais envolvido em surtos de Salmonella sp.
apontado pelo Centers for Disease Control and Conforme estudo realizado por Hughes et
Prevention (CDC) dos EUA (2009), (24) assim al (21) o qual investigou o local da ocorrência
como em diversos estudos já citados como o de dos surtos na Inglaterra e País de Gales, foi
Greig e Ravel (5), o de Hughes et al (21) e o de constatado que a maioria deles ocorreu no co-
Much et al (22). mércio de alimentos – cantinas, hotéis, restau-
Estudo realizado no Japão, que levantou a rantes e bares – e em locais com produção de
ocorrência de surtos de DTA, entre 1987 e 1996, alimentos para coletividades, como residências
os alimentos crus e os parcialmente cozidos, para grupos coletivos, colônias de férias, casas
como saladas e produtos com ovos foram en- de cuidado e bases militares.
volvidos em 62 surtos (23). Na Áustria, em 2005, o comércio também
Nos últimos cinco anos, o CDC recebeu foi considerado o primeiro lugar de ocorrência
uma média de 50 relatos de isolamento de SE a de surtos alimentares, incluindo restaurantes e
cada semana. Em 2010, durante o final de junho cafeterias, seguido das festas familiares e de-
e início de julho, esse número passou para 200 pois as creches (22).
relatos de casos de SE a cada semana. Após a Conforme o CVE, no Estado de São Paulo,
identificação deste aumento no isolamento de entre 1999 a 2008, 34% dos surtos por Salmo-
SE, o Food and Drug Administration (FDA), CDC nella sp. também ocorreram em restaurantes ou
e parceiros realizaram uma investigação e ob- outros serviços de alimentação comerciais e
servaram que havia dentre os surtos investiga- 22% dos surtos ocorreram em residências (17).
dos, como ponto em comum, restaurantes ou No Rio Grande do Sul, em um estudo (8)
eventos que receberam ovos de uma única em- onde foram analisadas as salmoneloses ocorri-
presa. Desde então, o FDA está realizando uma das no período de 1997 a 1999, constatou-se
extensa investigação na empresa, o que envolve que os locais de maior índice de ocorrência fo-

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ram as residências (44%), seguidos pelos esta- diarréia-toxina e vômitos-toxina. A falta de higie-
belecimentos comerciais (25%). Resultados se- ne pessoal foi associada a Norovírus, Shigella e
melhantes foram obtidos em outro estudo sobre Salmonella. Com este estudo, os pesquisadores
surtos de DTA ocorridos no RS (15), no qual as concluíram que a rápida categorização do surto
residências gaúchas também foram os locais de por quadro clínico, pode ajudar na identificação
maior ocorrência de surtos (43%), seguidas de dos fatores que contribuíram para a ocorrência
estabelecimentos comerciais (18%) e refeitórios dos surtos e promover investigações oportunas
de empresas (14%). e eficientes.
Segundo Pigott, (35) no caso de surtos cu-
Principais Fatores Causais de Surtos de DTA jo agente etiológico é o C. perfringens, especi-
almente envolvendo carnes e produtos deriva-
Conforme o CDC, (1) os fatores que contri- dos, o mesmo autor aponta o baixo controle de
buem para a ocorrência das DTA podem ser temperatura durante o armazenamento destes
agrupados como: a) aqueles que influenciam na alimentos como a principal causa de ocorrência
contaminação dos alimentos, b) nos que permi- destes surtos.
tem a proliferação dos patógenos e c) nos que A contaminação da matéria-prima por pa-
permitem a sobrevivência dos patógenos nos tógenos e a ingestão posterior desse alimento
alimentos. cru ou parcialmente cozido é outro fator de con-
O fator de contaminação mais comumente taminação apontado, principalmente para surtos
relatado foi o contato da mão do manipulador causados por bactérias patogênicas
com o alimento (1). Estudos indicam que uma (1,12,21,23).
efetiva lavagem de mãos pode evitar a trans- Dentro dos fatores que permitem a prolife-
missão das infecções entéricas (13). Num estu- ração microbiana, a causa mais apontada pelos
do de revisão sobre surtos em escolas dos EUA, investigadores de surtos foi o prolongado tempo
de 1973 a 1997, mais da metade (57%) dos sur- de exposição dos alimentos à temperatura am-
tos alimentares foram atribuídos à contaminação biente. Já em relação aos fatores de sobrevi-
na manipulação, durante o preparo dos alimen- vência dos patógenos, os mais citados são o
tos (33). tempo e a temperatura de cozimento insuficien-
S. aureus tem sido um micro-organismo tes durante a cocção dos alimentos (1,12,13).
freqüentemente envolvido em surtos de toxinose Como exemplo de cozimento insuficiente,
alimentar, estando muito associado à manipula- Pakalniskiene et al. (38) relataram um surto de
ção inadequada dos alimentos, uma vez que é gastrenterite, causada por E. coli enterotoxigêni-
comumente encontrado na pele, mucosas do ca (ETEC) e Salmonella Anatum, que afetou
trato respiratório superior e intestino de huma- cerca de 200 alunos e professores em novem-
nos (23,34,35). Diversas cepas de S. aureus bro de 2006, depois de um jantar em escola de
podem produzir enterotoxinas, desde que ocor- ensino médio em Copenhague, Dinamarca.
ram condições apropriadas, como por exemplo, Na Holanda, em junho de 2008 uma confe-
temperaturas entre 10 e 46º C. Essas enteroto- rência foi organizada pelo Serviço de Segurança
xinas são termo-resistentes, ou seja, podem re- dos Alimentos desse país, e pelas autoridades
sistir aos processos de aquecimento, ao contrá- Européias desse setor, com objetivo de discutir
rio das células bacterianas vegetativas que são os novos desafios para a segurança dos alimen-
eliminadas quando aquecidas acima de 60º C tos bem como estratégias e metodologias para
(35,36). combater as DTA causadas por micro-
Nos EUA, foi realizado um estudo por Hed- organismos (20).
berg e colaboradores, (37) sobre o uso de perfis Estudo realizado no sul do Brasil, envol-
clínicos na investigação de surtos de origem a- vendo surtos de salmonelose, constatou-se que
limentar em restaurantes, ocorridos entre 1982 e algumas das principais razões para a ocorrência
1997, e notificados ao CDC. Segundo estes destes parecem estar relacionadas ao armaze-
pesquisadores, as características clínicas dos namento impróprio dos alimentos e também pelo
surtos estão geralmente disponíveis antes dos consumo de alimentos sem inspeção prévia
resultados dos testes de laboratório. No total, (8,39).
2.246 surtos foram incluídos no estudo: 697 O monitoramento da contaminação na ca-
(31%) com etiologia conhecida e 1.549 (69%) deia alimentar, incorporado a vigilância e inves-
com etiologia indeterminada. Salmonella repre- tigações epidemiológicas de surtos e casos es-
sentou 65% dos surtos com etiologia conhecida, porádicos é importante fonte de informação,
enquanto o Norovírus foi apontado, através do mas novas abordagens devem ser incrementa-
perfil clínico, em 54% dos surtos com etiologia das. Essa informação pode ser usada para de-
indeterminada. O abuso de tempo em tempera- senvolver novos métodos de rastreamento, co-
turas inadequadas foi associado com surtos mo por exemplo, técnicas moleculares para de-
causados por C. perfringens, B. cereus, S. au- tecção de isolados de espécies microbianas e a
reus e Salmonella, e também com os surtos de investigação comportamental dos micro-
etiologia indeterminada com perfis clínicos como organismos (20).

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Oliveira ABA et al

CONSIDERAÇÕES FINAIS 7. Carmo, GMI. et al. Vigilância epidemiológica das


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Apesar desses entraves, dados mundiais regis- Delmas M-C. et al. Foodborne Infections in
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mos anos. O presente estudo analisou dados de 2005;2:221-32.
surtos alimentares que permitiram identificar ca- 10. Mürmann L, Santos MC, Longaray SM, Both JMC,
racterísticas importantes dessas síndromes co- Cardoso M. Quantification and molecular charac-
mo os principais agentes etiológicos, os alimen- terization of Salmonella isolated from food sam-
tos mais comumente implicados e os fatores ples involved in salmonellosis outbreaks in Rio
causais mais frequentes. Com base nesses da- Grande do Sul, Brazil. Brazilian Journal of Micro-
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