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>>Religião
Abordar o tema religião não é algo simples, pois - ao falar e refletir sobre ela - vêm à tona
questões que dizem respeito à nossa própria existência. Hellern et al. as denominam
questões existenciais. Ei-las abaixo:
Tendo como base tais questões e com o objetivo de expandir a concepção que temos de
religião e de crenças, elaboramos uma apresentação - em power point - intitulada “Curso de
Extensão: ACONSELHAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA Você acredita em quê?”;
vale a pena conferir!
Ainda segundo Hellern et al., as questões existenciais surgem em todas as culturas e formam
a base de todas as religiões (Hellern, Notaker, Gaarder, 2000, 9). Segundo ele, Não existe
nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo de religião (Hellern
et al., 2000, 9). Podemos perceber, portanto, o quanto essas questões são universais e
intrínsecas ao homem. A fim de verificar a consistência de tal afirmação, buscamos dados
sobre os primórdios da religião.
O presente trabalho é baseado em dois autores que têm diferentes concepções de religião.
Seguem as definições dadas por eles abaixo.
Nas modernas ciências da religião predomina a idéia de que a religião é um elemento
independente, ligado ao elemento social e ao elemento psicológico, mas que tem sua própria
estrutura (Hellern, Notaker, Gaarder, 2000, 16).
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Por religião entendemos o conjunto de crentes unidos por uma instituição mais ou menos
organizada. Esses fiéis ligam-se por uma tradição, por crenças e por ritos comuns,
participando de uma doutrina mais ou menos codificada (Zilles, U. 2002, 10).
Com o objetivo de (...) facilitar uma visão de conjunto de fenômeno religioso, como se
articula concretamente no tempo e no espaço (Zilles, U. 2002, 21), Urbano Zilles utiliza a
seguinte classificação: Religiões primitivas; Religiões sapienciais; Religiões proféticas;
Religiões espiritualistas; Místicas filosóficas e Superstições.
O HINDUÍSMO
O BUDISMO
No Budismo, há uma busca pelo equilíbrio entre a arte de viver e a renúncia. Esse
caminho leva à serena tranqüilidade e à paz aqui e agora mesmo. A doutrina budista
começa com as “quatro verdades sagradas”:
1. A própria vida é sofrimento porque tudo é instável.
2. A origem é a sede ou desejo, que provém da ignorância.
3. O fim da dor - conseqüência do bom êxito, da santidade ou do ser digno – é,
negativamente, nirvana e positivamente, felicidade.
4. A via sagrada para chegar ao ponto culminante que é o nirvana, são: conhecimento
da verdade; intenção de resistir ao mal; não ofender aos outros; respeitar a vida;
exercer um trabalho que não fira aos outros; lutar para libertar a mente do mal;
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O JUDAÍSMO
O judaísmo é a mais antiga das religiões Abraâmicas. Tem Abraão como seu profeta, e
Sarah como símbolo da mulher ideal. Tem na base de sua crença a vinda do Messias.
Hoje em dia, alguns adeptos do Judaísmo acreditam no Messias como um ser divino,
mas a maioria o vê como uma “era divina”, um tempo de paz e fraternidade. Outros
vêem a criação do estado de Israel como o cumprimento da profecia: o neto de Abraão
– Jacó - teria tido doze filhos, que deram origem às doze tribos de Israel.
A maioria dos judeus está nos EUA e em Israel, nação criada para eles pela ONU em
1948. Além de formarem uma religião, formam também um grupo étnico
historicamente muito unido entre si. Os judeus sofreram grandes períodos de
perseguições. Na Idade Média, eram mal vistos por toda a parte e acusados de terem
matado Jesus. No Renascimento, foi proibido que possuíssem terras; daí a conhecida
tradição deles no comércio, única alternativa que lhes restou. A última grande
perseguição foi a da Alemanha nazista, acabando com quase metade da população judia
no mundo.
Um grande movimento judeu é o sionismo: a volta dos judeus para Israel. Por não
serem bem aceitos em outros países, essa idéia foi muito defendida. Com a criação do
estado de Israel, houve uma imigração em massa, principalmente de judeus russos.
O principal livro sagrado judeu é a Tora; o Antigo Testamento para os Cristãos, mas
organizada de uma forma diferente e sem os livros de Salmos e Provérbios. Na Torá,
constam as leis transmitidas por Deus ao suposto povo escolhido. No judaísmo, é
permitido o álcool - desde que com moderação - e o tabaco é tolerado. O vinho deve vir
de produtores judeus. Jogos de azar são desaconselhados. Além disso, há uma extensa
lista de comidas proibidas.
A circuncisão é tradição, devendo ser feita oito dias após o nascimento. O homem - aos
13 anos - passa pelo Bar Mitsvá, cerimônia de passagem para a vida adulta. A mulher
tem o Bat Mitsvá, aos 12 anos e é função dela conhecer muito bem as regras
alimentares. Devido à circuncisão, a taxa de câncer de útero nas mulheres judias é bem
menor do que em outras etnias.
A família e o casamento são de suma importância para os judeus. O casamento é
considerado o modo de vida ideal, próximo da Vontade de Deus. Judeus ortodoxos
costumam se casar entre si apenas.
O ISLAMISMO
mundo. É a religião que mais cresce, devido à alta taxa de fertilidade das mulheres
muçulmanas (cerca de 4,1 filhos por mulher, oscilando bastante entre os países).
Têm em Allah seu Deus e em Abu al-Qasim Muhammad ibn 'Abd Allah ibn 'Abd al-
Muttalib ibn Hashim (ou simplesmente Maomé) seu profeta. Esse não é um ser divino -
como Jesus é para os Cristãos - mas sim um mensageiro de Allah. Conta-se que Maomé
recebeu a ordem para que profetizasse a mensagem de Allah do Anjo Gabriel, quando
meditava numa caverna em 613. Embora tenha enfrentado a resistência de muita gente
devota do paganismo, arrebanhou muitos seguidores na sua viajem a Meca em 615,
onde pregou até 622. Nesse ano, houve a Hégira (fuga) para Medina. Em 627, Maomé
volta com seus seguidores para Meca, conquistando a cidade.
“Não há Deus senão Allah, e Maomé é seu profeta” é a frase que resume a máxima
muçulmana. Os cinco pilares da religião são, nessa ordem: o credo; a oração; a
caridade; o jejum e a peregrinação a Meca, que deve ser feita pelo menos uma vez na
vida por todo muçulmano que tiver condições financeiras e saúde para isso.
Álcool, tabaco, drogas em geral e jogos de azar são totalmente proibidos.
Mulheres devem vestir o “Chador” (véu), a partir da menarca até o fim da vida. O
tamanho, forma, e locais obrigatórios de uso dependem dos costumes de cada região.
O divórcio é permitido, ainda que Maomé tenha dito que “é a atividade legal menos
preferida por Deus”. Apesar dessa diretriz, o índice de divórcio nos países de maioria
muçulmana são os mais altos do mundo.
Para os mais ortodoxos, só o Corão escrito em árabe tem valor; porém, hoje, é muito
comum se aceitar em outros idiomas.
O ISLAM E O CRISTIANISMO
No Corão, Maomé trata com muito respeito os Cristãos, considerando-os um povo muito
bom e caridoso. Fala de Jesus como um homem iluminado, que veio para trazer o bem
e a paz à Terra, negando – porém - sua divindade. O respeito e a tolerância são
ensinados e obedecidos pelos muçulmanos em geral. Durante o domínio árabe em
Jerusalém, os Cristãos não foram expulsos e - mesmo em tempos de conflitos - era
proibido tocar em qualquer Igreja ou mesmo entrar sem permissão nelas. Saladino -
líder militar árabe - costumava se ajoelhar e fazer uma reverência sempre que passava
por uma, pois entendia que aquela era um símbolo importante para alguém.
Os ensinamentos se mantêm até hoje; porém, o imperialismo ocidental acaba por criar
o ódio entre grupos extremistas. Esses grupos - normalmente repudiados pela maioria
dos muçulmanos - promovem atentados terroristas, caos, desordem pública e
psicológica nas pessoas.
Outro grande choque de civilizações ocorre na Europa, onde a imigração massiva de
turcos e africanos muçulmanos tem gerado atritos. De um lado, os imigrantes - que não
querem abandonar suas tradições, mas justificam ter deixado sua terra em busca de
oportunidades - de outro, os europeus - que vêem concorrência, desemprego e
segurança pública comprometidos devido a essas imigrações. Em meio a esse contexto,
nascem grupos extremistas dos dois lados, inclusive de inspiração neonazista.
O CRISTIANISMO
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O Catolicismo Romano
O Protestantismo
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impostos à Igreja - que queria lucrar sem a culpa e as ameaças ao inferno que o Papa
colocava em suas cabeças. Apesar de reverenciado como um libertário, Lutero apoiou o
massacre de camponeses.
As Igrejas Protestantes negam os santos, o Papa, as indulgências e reduz os
Sacramentos a apenas dois: o Batismo (luteranos batizam crianças; outras Igrejas
Protestantes apenas adultos) e a Eucaristia.
Diferentemente da Igreja Católica, que proíbe o casamento dos sacerdotes, os
Protestantes aceitam e até recomendam.
A Igreja em si geralmente é vista como um caminho até Cristo, mas é Ele quem salva;
é Ele quem se deve reverenciar.
A Igreja Protestante desmembrou-se em Calvinistas, Batistas, Anglicanos, Mórmons,
Testemunhas de Jeová, entre outros.
Embora tenham grandes diferenças, há semelhanças visíveis entre todas essas Igrejas:
São todas monoteístas, crendo em Jesus como Salvador; têm uma noção moral
bem parecida quanto a assuntos como castidade, casamento, divórcio, adultério,
homossexualismo, aborto;
Permitem o álcool, embora seja da conduta do bom cristão não abusar;
São tolerantes com o tabagismo, embora desaconselhem isso para os fiéis;
Proíbem totalmente drogas além dessas, pois dizem que os afasta de Deus;
Proíbem o jogo, embora promoções, sorteios, rifas e loterias governamentais
sejam toleradas;
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Apesar das inúmeras Igrejas e religiões existentes (cada uma com seus ritos, crenças e
mitos) existe algo em comum entre elas. É a chamada Regra de Ouro que está presente em
todas as religiões e diz:
“Faça aos outros aquilo que gostarias que fosse feito a ti
e não faça aos outros aquilo que não gostarias que fosse feito a ti.”
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
UM FENÔMENO ATUAL
Escolhemos alguns criadores de teorias psicológicas que têm visões distintas sobre a religião.
São eles: Freud, Jung e Viktor Frankl.
Freud diz que todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização. Ela nos impõe regras que
nos oprimem e nos frustram. Não podemos tomar a mulher que queremos como objeto
sexual; não é possível matar sem hesitação o rival ao amor dela ou qualquer outra pessoa
que se colocasse no caminho. Não se pode pegar os pertences de uma pessoa sem pedir
licença. Os homens sentem como um pesado fardo os sacrifícios que a civilização deles
espera, a fim de tornar possível a vida comunitária (Freud, S., ).
O homem, segundo Freud é oprimido pela sua cultura. Para isso, ele desenvolveu meios a fim
de lidar com essa opressão; um desses meios, é a via da religião.
O ser humano teme aquilo que não pode controlar: como as forças da natureza; tem dúvidas
existenciais (Qual é o sentido da vida?, Como o mundo começou?, etc); sente-se
desamparado perante um mundo caótico e opressor .Tudo isso - segundo Freud - gera uma
pesada carga psíquica no homem, o qual consegue aliviá-la nas crenças religiosas.
Freud diz que muito da força da religião têm sua origem na infância do ser humano. Ele diz
que o homem - ao personificar as forças da natureza, por exemplo - está seguindo um
modelo infantil. O sujeito, durante a infância, aprendeu das pessoas de seu primeiro
ambiente que a maneira de influenciá-las é estabelecer um relacionamento com elas; assim,
mais tarde, tendo o mesmo fim em vista, trata tudo o mais com que se depara da mesma
maneira que tratou aquelas pessoas.
Além disso - na infância - experienciamos uma impressão terrificante de desamparo que
desperta a necessidade de proteção, a qual é completamente proporcionada pelo pai. Esse
desamparo perdura através da vida, o que torna necessário afinar-se à existência de um pai;
porém, um pai mais poderoso.
Assim, a crença divina ameniza nosso temor dos perigos da vida; o estabelecimento de uma
ordem moral mundial assegura a realização das exigências de justiça. As respostas aos
enigmas que tentam a curiosidade do homem (como, por exemplo: como o universo
começou?) são saciadas, o que constitui alivio enorme para a psique individual.
As idéias religiosas são ilusões; realizações dos mais antigos, fortes e prementes desejos da
humanidade. O segredo da força das doutrinas religiosas reside na força desses desejos.
Segundo uma avaliação de Viktor Frankl, Jung deslocou a religiosidade inconsciente para o id.
No sentido que Jung lhe deu, o eu não era responsável pelo elemento religioso, este não era
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De acordo com Jung, com efeito, a religiosidade inconsciente está ligada a arquétipos
religiosos, a elementos do inconsciente arcaico ou coletivo. Na realidade, a religiosidade
inconsciente em Jung muito pouco tem a ver com uma decisão pessoal do homem;
representa muito mais um evento coletivo, “típico”, justamente arquetípico, “no” homem
(Frankl, V. 1992, 50).
Viktor Frankl destaca que para Jung e sua escola (...) a religiosidade é algo essencialmente
instintivo. H. Bänzinger chega a declarar sem rodeios: “Podemos falar de um “impulso
religioso” como falamos de um impulso sexual ou agressivo (Frankl, V. 1992, 50).
Da mesma forma que a logoterapia, como aplicação clínica da análise existencial, acrescentou
o espiritual ao psicológico (que era até então praticamente o único objeto da psicoterapia),
ela passou a aprender e ensinar a ver o espiritual também dentro do inconsciente, algo como
um “logos” inconsciente; ao id, como inconsciente instintivo, foi acrescentado, como nova
descoberta, o inconsciente espiritual. Com esta espiritualidade inconsciente do homem, que
qualificamos como inteiramente pertencente ao eu, descobrimos aquela profundeza
inconsciente, onde são tomadas as grandes decisões existencialmente autênticas (...) (Frankl,
V. 1992, 47).
Esta fé inconsciente do homem, que aqui se nos revela e está englobada e incluída no
conceito de seu “inconsciente transcendente”, significaria então que sempre houve em nós
uma tendência inconsciente em direção a Deus, que sempre tivemos uma ligação intencional,
embora inconsciente, com Deus. E é justamente este Deus que denominamos de Deus
inconsciente (Frankl, V. 1992, 48).
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Da mesma forma que para Freud, para Jung o inconsciente, e assim também o inconsciente
“religioso”, continua sendo algo que determina a pessoa. Para nós, no entanto, a religiosidade
inconsciente e, de modo geral, todo inconsciente espiritual, constituem um ser inconsciente
que decide, e não um ser impelido a partir do inconsciente. Para nós, o inconsciente espiritual
e, sobretudo, a religiosidade inconsciente, ou seja, o “inconsciente transcendente”, não são
um inconsciente determinante, mas existente (Frankl, V, 1992, 50).
REFERÊNCIAS
Frankl, V. (1992) A presença ignorada de Deus. São Leopoldo: Editora Sinodal; Petrópolis:
Editora Vozes.
Freud, S. (1927) O futuro de uma ilusão. Em Freud, S. (1987) Edição Standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud. 2 ed. Rio de Janeiro: Imago.
Gaarder, J., Hellen, V., Notaker, H. (2000) O Livro das Religiões. São Paulo: Editora
Schwarcz.
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