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Processo excluído por não ter sido concluído em virtude de pedido de vista: RE 593068/SC.
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos ou por ter sido decidido com base em
peculiaridades do caso concreto: ADI 2545/DF.
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei estadual tratando sobre a venda de títulos de capitalização.
TRIBUNAIS DE CONTAS
É inconstitucional norma da CE que preveja competir à ALE julgar as contas do Poder Legislativo.
É inconstitucional norma de CE que dispensa o parecer prévio no julgamento das contas dos Prefeitos caso o TCE
não o elabore no prazo de 180 dias.
MINISTÉRIO PÚBLICO
O PGJ somente pode ser reconduzido uma única vez.
POLÍCIA CIVIL
Chefe da Polícia Civil tem que ser um Delegado de carreira, mas não se pode limitar aos que integram a última
classe.
DIREITO ADMINISTRATIVO
ANISTIADO POLÍTICO
Pagamento dos valores retroativos a anistiados políticos.
REGIME PREVIDENCIÁRIO
Carteira de Previdência estadual para serventuários, notários e registradores.
MANDADO DE SEGURANÇA
MS contra ato do Ministro que não efetuou pagamento dos valores atrasados a anistiado político.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IR / IPI
União pode conceder incentivos relacionados com o IR e o IPI mesmo que isso diminua os repasses destinados ao FPM.
ADI
A Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) ajuizou ADI contra esta lei estadual afirmando que
ela é inconstitucional porque compete privativamente à União legislar sobre a matéria.
Defesa
O Estado-membro defendeu a constitucionalidade da lei, afirmando que ela trata sobre direito do
consumidor, assunto que é de competência concorrente, de sorte que o ente estadual possui autorização
para legislar (art. 24, VIII, da CF/88).
Afastou-se a alegação de que a lei trata sobre direito do consumidor. O Estado-membro só poderá legislar
sobre as matérias do art. 24 (dentre elas, a defesa do consumidor) se houver situações peculiares que
justifiquem a lei. É isso que se extrai dos §§ 2º e 3º do art. 24:
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
TRIBUNAIS DE CONTAS
É inconstitucional norma da CE que preveja competir à ALE julgar as contas do Poder Legislativo
As contas dos demais administradores que lidem com verbas federais serão julgados pelo TCU?
SIM. De acordo com a CF/88, o TCU irá julgar as contas de todos os administradores que lidem com verbas
federais, salvo as do Presidente da República (que são julgadas pelo Parlamento). Essa é a interpretação
que se chega a partir da leitura dos incisos I e II do art. 71.
Essas regras acima expostas são aplicáveis também para os Tribunais de Contas estaduais?
SIM. Os Tribunais de Contas estaduais são competentes para julgar as contas dos administradores que lidem
com verbas estaduais ou municipais, com exceção das contas dos chefes do Poder Executivo (Governador e
Prefeitos).
Desse modo, o TCE irá julgar as contas de todos os administradores que lidem com verbas estaduais ou
municipais, salvo as do Governador e dos Prefeitos.
As contas do Governador são julgadas pela Assembleia Legislativa, após o TCE elaborar um parecer.
As contas dos Prefeitos são julgadas pelas respectivas Câmaras Municipais, após o TCE elaborar um parecer.
TRIBUNAIS DE CONTAS
É inconstitucional norma de CE que dispensa o parecer prévio no julgamento das contas
dos Prefeitos caso o TCE não o elabore no prazo de 180 dias
Determinada Constituição Estadual prevê que, se o TCE não elaborar, no prazo de 180 dias, o
parecer prévio na prestação de contas do Prefeito, o processo deverá ser encaminhado à
Câmara Municipal e esta julgará as contas mesmo sem o parecer.
Esta previsão é inconstitucional por violar o art. 31, § 2º, da CF/88. Pela leitura desse
dispositivo, a elaboração do parecer prévio é sempre necessária e a Câmara Municipal
somente poderá dele discordar se houver manifestação de, no mínimo, 2/3 dos Vereadores.
Assim, a CE/SE criou uma exceção na qual a Câmara Municipal poderia julgar as contas dos
Prefeitos mesmo sem parecer do TCE. Ocorre que esta nova situação não encontra abrigo na
Constituição Federal, sendo, portanto, inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que, se o TCE não elaborar parecer prévio
em determinado prazo, o processo de prestação de contas do Prefeito deverá ser encaminhado à
Câmara Municipal e esta julgará as contas mesmo sem o parecer.
STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
A permissão para que as Câmaras Legislativas apreciem as contas anuais dos Prefeitos mesmo sem parecer
do TCE, caso este não o ofereça em 180 dias, viola o art. 31, § 2º, da CF/88. Pela leitura desse dispositivo, a
elaboração do parecer prévio é sempre necessária e a Câmara Municipal somente poderá dele discordar
se houver manifestação de, no mínimo, 2/3 dos Vereadores.
Assim, a CE/SE criou uma exceção na qual a Câmara Municipal poderia julgar as contas dos Prefeitos
mesmo sem parecer do TCE. Ocorre que esta nova situação não encontra abrigo na Constituição Federal,
sendo, portanto, inconstitucional.
Em suma, a norma estadual não poderia excepcionar o que CF não excepcionou.
MINISTÉRIO PÚBLICO
O PGJ somente pode ser reconduzido uma única vez
Foi proposta uma ADI contra a parte final deste dispositivo. O argumento foi o de que a expressão
"permitida a recondução" autoriza que o PGJ possa ser reconduzido para o cargo mais de uma vez, o que
viola a Constituição Federal.
Essa previsão contraria o art. 128, § 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução:
Art. 128 (...)
§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será
nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
Obs: não há impedimento para que uma pessoa seja PGJ, seja reconduzida, passe um mandato fora do
cargo e, depois, seja novamente nomeada. O que se impede é a ocorrência de três mandatos
consecutivos.
POLÍCIA CIVIL
Chefe da Polícia Civil tem que ser um Delegado de carreira,
mas não se pode limitar aos que integram a última classe
Esse parâmetro estabelecido pela CF/88 deverá ser seguido pelas Constituições Estaduais por força do
princípio da simetria. Em outras palavras, se as Cartas estaduais forem tratar sobre a Polícia Civil e seu
chefe, não poderão prever regra diferente do que preconiza o § 4º acima.
A Constituição Estadual poderá prever que o chefe da Polícia Civil será alguém que não é Delegado?
NÃO. É inconstitucional dispositivo de Constituição estadual que preveja que o chefe da Polícia Civil seja
alguém que não integre a carreira. Isso porque, como vimos, essa pessoa deverá ser obrigatoriamente um
Delegado de Polícia de carreira.
A Constituição Estadual poderá exigir que o chefe da Polícia Civil seja um Delegado de Polícia integrante
da classe final da carreira?
Também NÃO.
É inconstitucional dispositivo de CE que exija que o Superintendente da Polícia Civil seja um delegado de
polícia integrante da classe final da carreira.
STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
DIREITO ADMINISTRATIVO
ANISTIADO POLÍTICO
Pagamento dos valores retroativos a anistiados políticos
A Lei nº 10.559/2002 regulamentou o art. 8º do ADCT e a concessão dessa reparação econômica para os
anistiados. Veja:
Art. 1º O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos:
I - declaração da condição de anistiado político;
II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal,
permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade, nas condições
estabelecidas no caput e nos §§ 1º e 5º do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
Se houver previsão no orçamento da União para o pagamento das reparações econômicas aos
anistiados, o Poder Judiciário poderá determinar na ação judicial o pagamento desses valores ao autor?
SIM. Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados
políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União pode ser condenada a
promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias.
A União teria êxito em sua defesa se alegasse que, em tese, o pagamento dos valores retroativos levaria
a uma situação de exaustão orçamentária? Em outras palavras, a União teria sucesso em alegar, de
forma genérica, que decisões desse tipo podem levar à União à insolvência?
NÃO. A inexistência de recursos deve ser real, demonstrada de forma concreta. Não basta que a União
alegue que as decisões judiciais poderão levar a Administração à exaustão orçamentária. A exaustão já
deve estar presente, a indisponibilidade de caixa deve ser situação presente e não mera possibilidade
futura, o que deve ser analisado em cada caso.
Trata-se da aplicação do princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF/88) no âmbito das despesas públicas.
O administrador de recursos públicos somente pode gastar aquilo e na forma que a lei autoriza.
Por isso, a Administração Pública deve atuar de acordo com parâmetros e valores determinados pela Lei
Orçamentária Anual (LOA), que, por sua vez, deve estar adequada à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
e ao Plano Plurianual.
Ficando demonstrado que existe dotação orçamentária, não há afronta ao princípio da legalidade da
despesa pública ou às regras constitucionais que impõem limitações às despesas de pessoal e concessões
de vantagens e benefícios pessoais.
E se ficar demonstrado, no caso concreto, que não há disponibilidade orçamentária para o pagamento
da reparação econômica?
Se não houver disponibilidade orçamentária no exercício em curso ou esta for insuficiente, a União deverá
ser condenada a incluir a previsão dos respectivos recursos no projeto de lei orçamentária do ano seguinte.
O tema acima foi julgado em recurso extraordinário sob o rito da repercussão geral tendo sido firmadas
as seguintes teses:
1 - Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento de requisição ou determinação de
providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no prazo previsto nos artigos 12,
parágrafo 4º, e 18, caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de 2002, caracteriza ilegalidade e violação de
direito líquido e certo.
2 - Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento das indenizações devidas aos anistiados
políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a União há de promover o
pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias.
3 - Na ausência ou na insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à
União promover sua previsão no projeto de lei orçamentária imediatamente seguinte.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).
REGIME PREVIDENCIÁRIO
Carteira de Previdência estadual para serventuários, notários e registradores
Na década de 70, o Estado de São Paulo criou uma Carteira de Previdência para beneficiar
serventuários, notários e registradores das serventias extrajudiciais do Estado. Vale ressaltar
que parte das receitas era oriunda de valores repassados pelos cofres públicos.
Com a atual redação da CF/88, em especial após a EC 20/98, este regime de Previdência deixou
de ter suporte na Constituição, não se identificando com nenhum dos modelos nela previstos.
Esta Carteira não pode ser considerada regime próprio (art. 40 da CF/88) porque os notários e
Desse modo, era um plano de previdência criado pelo Estado para uma classe específica: serventuários,
notários e registradores das serventias extrajudiciais do Estado.
Entre outras, a Lei previa três principais fontes de renda para manter esta Carteira de Previdência:
1) contribuições mensais dos segurados;
2) repasse de um percentual dos emolumentos (obs: emolumentos é o nome dado ao valor cobrado pelos
titulares de serventias notariais e registrais pelos serviços desempenhados nos cartórios);
3) subvenção do Estado, ou seja, um valor repassado pelo Governo.
A administração desta Carteira de Previdência ficou sob a responsabilidade de uma autarquia estadual
denominada "Instituto de Previdência do Estado de São Paulo" (IPESP) que, em 2010, passou a se chamar
"Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo".
Situação peculiar
Com a atual redação da Constituição Federal de 1988, a existência da referida Carteira de Previdência
mostrou-se juridicamente inadequada. Isso porque o STF decidiu que os notários e registradores não são
servidores públicos nem ocupam cargo público. Não recebem remuneração paga pelos cofres públicos e
não se submetem às regras de aposentadoria previstas para os servidores públicos.
Como não são servidores públicos, eles devem estão filiados e devem contribuir para o regime geral de
previdência social (RGPS), administrado pelo INSS, sendo considerados contribuintes individuais:
(...) 1. O artigo 40, § 1º, inciso II, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC 20/98,
está restrito aos cargos efetivos da União, dos Estados-membros , do Distrito Federal e dos Municípios ---
Logo, em tese, não haveria motivos para eles estarem filiados a um regime jurídico mantido pelo Poder Público.
Lei nº 14.016/2010
Diante deste cenário, em 2010, o Estado de São Paulo editou a Lei nº 14.016/2010 na qual declarou que a
Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas da Justiça do Estado estava em processo de
extinção. Veja o que disse o art. 2º:
Artigo 2º - A Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas da Justiça do Estado, financeiramente
autônoma e com patrimônio próprio, por não se enquadrar no regime de previdência complementar e
demais normas previdenciárias, passa a denominar-se Carteira de Previdência das Serventias Notariais e
de Registro - Carteira das Serventias, e a reger-se, em regime de extinção, pelo disposto nesta lei.
O ponto mais polêmico, contudo, foi o art. 3º da Lei que previu que o Estado de São Paulo, a partir
daquele momento, não tinha mais nenhuma responsabilidade com o pagamento dos benefícios
previdenciários. Assim, a própria Carteira é quem deverá manter sua saúde financeira e equilíbrio notarial,
não sendo permitido o aporte de recursos públicos do Estado. Confira:
Artigo 3º É vedada a inclusão na lei orçamentária anual, bem como em suas alterações, de qualquer recurso
do Estado para pagamento de benefícios e pensões de responsabilidade da Carteira das Serventias.
§ 1º - Em nenhuma hipótese o Estado, incluindo as entidades da administração indireta, responde, direta
ou indiretamente, pelo pagamento dos benefícios já concedidos ou que venham a ser concedidos no
âmbito da Carteira das Serventias, tampouco por qualquer indenização a seus participantes ou por
insuficiência patrimonial passada, presente ou futura.
§ 2º - Responderá exclusivamente o patrimônio da Carteira das Serventias por eventuais ônus relativos a
contribuições previdenciárias não recolhidas, bem como por valores relativos à compensação
previdenciária do Regime Geral de Previdência Social.
§ 3º - Os precatórios judiciais relativos à Carteira das Serventias pendentes na data da publicação desta lei,
ou que venham a ser expedidos, serão pagos com recursos da Carteira.
ADI
O PSOL ajuizou ADI contra a Lei alegando que a Lei deixa desprotegidos cerca de dez mil notários, oficiais
de registro, escreventes e auxiliares de cartórios, além de seus beneficiários. Nas palavras da autora,
“torna-se plenamente possível que segurados que tenham contribuído por toda a vida para a anterior
Carteira das Serventias não oficializadas da Justiça do Estado possam ter seus benefícios negados ou
prejudicados pela insuficiência de fundos ou desequilíbrio atuarial".
EC 20/98
Com a EC 20/98, o regime criado pela Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas deixou de
ter suporte na Constituição Federal, não se identificando com nenhum dos modelos nela previstos.
Segurança jurídica
Diante disso, constatando-se que a atual Carteira Previdenciária não encontra guarida na Constituição,
restaram duas possibilidades sobre o que fazer com ela: adequar as fontes de custeio e as regras da
Carteira ao regime complementar inaugurado com a reforma da Previdência ou fazer a sua liquidação
(extinção).
Para o STF, entretanto, seja qual fosse a alternativa adotada, o legislador deveria tomar as cautelas
necessárias para evitar uma violação ao princípio da segurança jurídica.
Assim, o art. 3º afronta a segurança jurídica ao prever que o Estado de São Paulo não irá mais ter qualquer
responsabilidade sobre a Carteira.
Os participantes não podem assumir o dever de arcar com os prejuízos da ausência da principal fonte de
custeio da Carteira.
Mas a conduta da Administração Pública ao editar a lei foi lícita... Este modelo não é previsto na
Constituição...
Mesmo assim. Ainda que a decisão da Administração Pública de extinguir a Carteira de Previdência tenha
sido uma conduta lícita, mesmo assim o Estado deverá continuar sendo responsável caso ocorram prejuízos
aos segurados. Isso porque a responsabilidade civil do Estado não acontece apenas nos casos de atos ilícitos,
podendo também ocorrer, algumas hipóteses excepcionais, ainda que ele tenha agido de forma lícita. Este é
um exemplo. O Estado agiu de forma lícita, mas deverá continuar responsável civilmente.
Conclusões do STF
Ante o exposto, o STF decidiu:
a) declarar a inconstitucionalidade do caput e do § 1º do art. 3º da Lei nº 14.016/2010;
b) conferir interpretação conforme à Constituição ao restante do diploma impugnado, proclamando que
as regras da Lei nº 14.016/2010 não se aplicam a quem, na data da publicação da lei, já estava em gozo
de benefício ou tinha cumprido, com base no regime anterior, os requisitos necessários à concessão; e
c) quanto aos que não implementaram todos os requisitos, conferir interpretação conforme para
garantir-lhes a faculdade da contagem de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria pelo
RGPS, nos termos do art. 201, § 9º, da CF/88, ficando o Estado responsável pelas decorrências
financeiras da compensação referida.
STF. Plenário. ADI 4420/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em
16/11/2016 (Info 847).
PRECATÓRIOS
Decisão que determina pagamento de valores atrasados
a anistiado político não se submete aos precatórios
A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça o
pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado político
não se submete ao regime dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma imediata.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).
Quando o Poder Judiciário determina o pagamento desses valores atrasados ao anistiado político, isso
deverá ser feito por meio de precatório (art. 100 da CF/88)?
NÃO. O regime de indenização dos anistiados é especialíssimo. Tem, inclusive, previsão constitucional
explícita no ADCT. Assim, o tempo de espera para o ressarcimento, para a indenização de vida aos
anistiados é particularmente longo superando, muitas vezes, três décadas.
Logo, submeter os anistiados ao regime comum dos precatórios iria contrariar os objetivos da Constituição
de reparar os danos causados aos anistiados.
Além disso, há outro argumento: o art. 100 trata de valores devidos pela Fazenda Pública em virtude de
sentença judiciária. Ocorre que, no caso do mandado de segurança não se está condenando o Poder
Público ao pagamento de um determinado valor em razão de uma decisão judicial. Na verdade, a
Administração Pública já reconheceu, administrativamente, por meio da Portaria do MJ, que o autor
possui direito àquele valor decorrente da declaração de anistiado.
Desse modo, pode-se dizer que a dívida da Fazenda Pública não foi reconhecida por meio de uma decisão
do Poder Judiciário. A discussão tratada no MS diz respeito ao momento do pagamento.
O que se tem no caso é uma obrigação de fazer que cabia à União e que está sendo descumprida.
Assim, sendo a segurança concedida, deverá a União efetuar o pagamento imediato dos valores atrasados
ao anistiado, não sendo necessário ingressar no regime dos precatórios.
A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça o
pagamento dos valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado político não
se submete ao regime dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma imediata.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento dos
valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art. 8º do ADCT).
Diferentemente de uma ação de cobrança, que é proposta para o pagamento de valores
atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança impetrado para que seja cumpra
norma editada pela própria Administração (Portaria do Ministro da Justiça).
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o pagamento dos valores
atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado político (art. 8º do ADCT).
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).
IR / IPI
União pode conceder incentivos relacionados com o IR e o IPI
mesmo que isso diminua os repasses destinados ao FPM
Atenção: são 22,5% distribuídos ao longo do ano + 1% até o dia 10 do mês de julho de cada ano + 1% até o
dia 10 do mês de dezembro de cada ano. Logo, o total é 24,5%.
Obs: o Fundo de Participação dos Municípios é um instrumento contábil utilizado para facilitar o repasse,
permitindo uma melhor organização dos valores para que depois eles sejam repartidos entre os Municípios.
Para fins didáticos, você pode imaginar o FPM como sendo uma conta bancária onde o dinheiro é depositado
para depois ser dividido entre os Municípios, segundo critérios previstos na legislação.
Tese fixada
Como o recurso extraordinário do Município foi julgado sob o rito da repercussão geral e havia inúmeros
outros processos sobrestados, o STF definiu uma tese sobre o tema que valerá para os casos semelhantes:
É constitucional a concessão regular de incentivos, benefícios e isenções fiscais relativos ao Imposto de
Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados por parte da União em relação ao Fundo de
Participação de Municípios e respectivas quotas devidas às Municipalidades.
STF. Plenário. RE 705423/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847).
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
REGIME PREVIDENCIÁRIO
Carteira de Previdência estadual para serventuários, notários e registradores
Na década de 70, o Estado de São Paulo criou uma Carteira de Previdência para beneficiar
serventuários, notários e registradores das serventias extrajudiciais do Estado. Vale ressaltar
que parte das receitas era oriunda de valores repassados pelos cofres públicos.
Com a atual redação da CF/88, em especial após a EC 20/98, este regime de Previdência deixou
de ter suporte na Constituição, não se identificando com nenhum dos modelos nela previstos.
Esta Carteira não pode ser considerada regime próprio (art. 40 da CF/88) porque os notários e
registradores não são servidores públicos. Também não pode ser tida como previdência
privada por força da vedação contida no art. 202, § 3º.
Diante disso, foi lícita a decisão do Estado de São Paulo de extinguir esta Carteira. Contudo, é
inconstitucional os dispositivos contidos na lei prevendo que o Estado não irá mais ser
responsável pelo pagamento de qualquer benefício ou pensão decorrente desta carteira (art.
3º, caput e § 1º da Lei nº 14.507/2002).
Ante o exposto, o STF decidiu:
a) declarar a inconstitucionalidade do caput e do § 1º do art. 3º da Lei nº 14.016/2010;
b) conferir interpretação conforme à Constituição ao restante do diploma impugnado,
proclamando que as regras da Lei nº 14.016/2010 não se aplicam a quem, na data da
publicação da lei, já estava em gozo de benefício ou tinha cumprido, com base no regime
anterior, os requisitos necessários à concessão; e
c) quanto aos que não implementaram todos os requisitos, conferir interpretação conforme
para garantir-lhes a faculdade da contagem de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria pelo RGPS, nos termos do art. 201, § 9º, da CF/88, ficando o Estado responsável
pelas decorrências financeiras da compensação referida.
STF. Plenário. ADI 4420/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em
16/11/2016 (Info 847).
Desse modo, era um plano de previdência criado pelo Estado para uma classe específica: serventuários,
notários e registradores das serventias extrajudiciais do Estado.
Entre outras, a Lei previa três principais fontes de renda para manter esta Carteira de Previdência:
1) contribuições mensais dos segurados;
2) repasse de um percentual dos emolumentos (obs: emolumentos é o nome dado ao valor cobrado pelos
titulares de serventias notariais e registrais pelos serviços desempenhados nos cartórios);
3) subvenção do Estado, ou seja, um valor repassado pelo Governo.
A administração desta Carteira de Previdência ficou sob a responsabilidade de uma autarquia estadual
denominada "Instituto de Previdência do Estado de São Paulo" (IPESP) que, em 2010, passou a se chamar
"Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo".
Situação peculiar
Com a atual redação da Constituição Federal de 1988, a existência da referida Carteira de Previdência
mostrou-se juridicamente inadequada. Isso porque o STF decidiu que os notários e registradores não são
servidores públicos nem ocupam cargo público. Não recebem remuneração paga pelos cofres públicos e
não se submetem às regras de aposentadoria previstas para os servidores públicos.
Como não são servidores públicos, eles devem estão filiados e devem contribuir para o regime geral de
previdência social (RGPS), administrado pelo INSS, sendo considerados contribuintes individuais:
(...) 1. O artigo 40, § 1º, inciso II, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC 20/98,
está restrito aos cargos efetivos da União, dos Estados-membros , do Distrito Federal e dos Municípios ---
incluídas as autarquias e fundações.
2. Os serviços de registros públicos, cartorários e notariais são exercidos em caráter privado por delegação
do Poder Público --- serviço público não-privativo.
3. Os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público
efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores públicos, não lhes alcançando a
compulsoriedade imposta pelo mencionado artigo 40 da CB/88 --- aposentadoria compulsória aos setenta
anos de idade.
4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
STF. Plenário. ADI 2602/MG, Relator p/ Acórdão Min. Eros Grau, julgado em 24/11/2005.
Logo, em tese, não haveria motivos para eles estarem filiados a um regime jurídico mantido pelo Poder Público.
Lei nº 14.016/2010
Diante deste cenário, em 2010, o Estado de São Paulo editou a Lei nº 14.016/2010 na qual declarou que a
Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas da Justiça do Estado estava em processo de
extinção. Veja o que disse o art. 2º:
Artigo 2º - A Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas da Justiça do Estado, financeiramente
autônoma e com patrimônio próprio, por não se enquadrar no regime de previdência complementar e
O ponto mais polêmico, contudo, foi o art. 3º da Lei que previu que o Estado de São Paulo, a partir
daquele momento, não tinha mais nenhuma responsabilidade com o pagamento dos benefícios
previdenciários. Assim, a própria Carteira é quem deverá manter sua saúde financeira e equilíbrio notarial,
não sendo permitido o aporte de recursos públicos do Estado. Confira:
Artigo 3º É vedada a inclusão na lei orçamentária anual, bem como em suas alterações, de qualquer recurso
do Estado para pagamento de benefícios e pensões de responsabilidade da Carteira das Serventias.
§ 1º - Em nenhuma hipótese o Estado, incluindo as entidades da administração indireta, responde, direta
ou indiretamente, pelo pagamento dos benefícios já concedidos ou que venham a ser concedidos no
âmbito da Carteira das Serventias, tampouco por qualquer indenização a seus participantes ou por
insuficiência patrimonial passada, presente ou futura.
§ 2º - Responderá exclusivamente o patrimônio da Carteira das Serventias por eventuais ônus relativos a
contribuições previdenciárias não recolhidas, bem como por valores relativos à compensação
previdenciária do Regime Geral de Previdência Social.
§ 3º - Os precatórios judiciais relativos à Carteira das Serventias pendentes na data da publicação desta lei,
ou que venham a ser expedidos, serão pagos com recursos da Carteira.
ADI
O PSOL ajuizou ADI contra a Lei alegando que a Lei deixa desprotegidos cerca de dez mil notários, oficiais
de registro, escreventes e auxiliares de cartórios, além de seus beneficiários. Nas palavras da autora,
“torna-se plenamente possível que segurados que tenham contribuído por toda a vida para a anterior
Carteira das Serventias não oficializadas da Justiça do Estado possam ter seus benefícios negados ou
prejudicados pela insuficiência de fundos ou desequilíbrio atuarial".
EC 20/98
Com a EC 20/98, o regime criado pela Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas deixou de
ter suporte na Constituição Federal, não se identificando com nenhum dos modelos nela previstos.
Como vimos acima, os notários e registradores não são servidores públicos titulares de cargos efetivos.
Logo, eles não podem ser incluídos no regime próprio de previdência previsto no art. 40 da CF/88.
Também não podem mais participar de entidade fechada de previdência privada patrocinada por ente
público, por força da vedação contida no art. 202, § 3º, da CF/88:
Art. 202 (...)
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras
entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua
contribuição normal poderá exceder a do segurado. (Incluído pela EC 20/98)
Segurança jurídica
Diante disso, constatando-se que a atual Carteira Previdenciária não encontra guarida na Constituição,
restaram duas possibilidades sobre o que fazer com ela: adequar as fontes de custeio e as regras da Carteira
ao regime complementar inaugurado com a reforma da Previdência ou fazer a sua liquidação (extinção).
Para o STF, entretanto, seja qual fosse a alternativa adotada, o legislador deveria tomar as cautelas
necessárias para evitar uma violação ao princípio da segurança jurídica.
Assim, o art. 3º afronta a segurança jurídica ao prever que o Estado de São Paulo não irá mais ter qualquer
responsabilidade sobre a Carteira.
Mas a conduta da Administração Pública ao editar a lei foi lícita... Este modelo não é previsto na
Constituição...
Mesmo assim. Ainda que a decisão da Administração Pública de extinguir a Carteira de Previdência tenha
sido uma conduta lícita, mesmo assim o Estado deverá continuar sendo responsável caso ocorram prejuízos
aos segurados. Isso porque a responsabilidade civil do Estado não acontece apenas nos casos de atos ilícitos,
podendo também ocorrer, algumas hipóteses excepcionais, ainda que ele tenha agido de forma lícita. Este é
um exemplo. O Estado agiu de forma lícita, mas deverá continuar responsável civilmente.
Conclusões do STF
Ante o exposto, o STF decidiu:
a) declarar a inconstitucionalidade do caput e do § 1º do art. 3º da Lei nº 14.016/2010;
b) conferir interpretação conforme à Constituição ao restante do diploma impugnado, proclamando que
as regras da Lei nº 14.016/2010 não se aplicam a quem, na data da publicação da lei, já estava em gozo
de benefício ou tinha cumprido, com base no regime anterior, os requisitos necessários à concessão; e
c) quanto aos que não implementaram todos os requisitos, conferir interpretação conforme para
garantir-lhes a faculdade da contagem de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria pelo
RGPS, nos termos do art. 201, § 9º, da CF/88, ficando o Estado responsável pelas decorrências
financeiras da compensação referida.
STF. Plenário. ADI 4420/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em
16/11/2016 (Info 847).
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) É inconstitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a comercialização de títulos de
capitalização, proibindo a venda casada e prevendo regras para a publicidade desses produtos. ( )
2) (Juiz TJ/PE 2013 - adaptada) Compete exclusivamente à Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco julgar as contas do Poder Legislativo apresentadas obrigatoriamente pela Mesa. ( )
3) É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja que compete privativamente à
Assembleia Legislativa julgar as contas do Poder Legislativo estadual. ( )
4) (PGM Curitiba 2015) O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete julgar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
da República, no prazo de sessenta dias a contar de seu recebimento. ( )
5) (PGM Salvador 2015 CESPE) Compete ao TCU apreciar e julgar as contas prestadas anualmente pelo
presidente da República, no prazo de sessenta dias contados do seu recebimento. ( )
6) (Juiz TJAM 2016 CESPE) O TCU é competente para julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por valores públicos da administração direta e indireta, tendo eficácia de título executivo
as decisões desse tribunal das quais resulte imputação de débito ou multa. ( )
7) (DPE/MG 2014) Aos Tribunais de Contas dos Estados compete julgar as contas prestadas anualmente
pelo Governador e Prefeitos. ( )
8) É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que, se o TCE não elaborar parecer
prévio em determinado prazo, o processo de prestação de contas do Prefeito deverá ser encaminhado
à Câmara Municipal e esta julgará as contas mesmo sem o parecer. ( )
Gabarito
1. C 2. E 3. C 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E 10. C 11. E 12. C
CLIPPING DO D JE
14 a 18 de novembro de 2016
ADI N. 3.802-DF
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Ministério Público Eleitoral. Artigo 79, caput e parágrafo único, da Lei Complementar nº 75/93.
Vício formal. Iniciativa legislativa. Vício material. Ofensa à autonomia administrativa dos ministérios públicos estaduais. Não ocorrência.
Improcedência da ação.
1. Detém o Procurador-Geral da República, de acordo com o art. 128, § 5º, da Constituição Federal, a prerrogativa, ao lado daquela já atribuída ao
chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, d, CF), de iniciativa dos projetos legislativos que versem sobre a organização e as atribuições do Ministério Público
Eleitoral, do qual é chefe, atuando como seu procurador-geral. Tratando-se de atribuição do Ministério Público Federal (arts. 72 e 78), nada mais natural que
as regras de designação dos membros do Ministério Público para desempenhar as funções junto à Justiça Eleitoral sejam disciplinadas na legislação que
dispõe, exatamente, sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União, no caso a Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de
1993.
2. O fato de o promotor eleitoral (membro do ministério público estadual) ser designado pelo procurador regional eleitoral (membro do MPF) não
viola a autonomia administrativa do ministério público estadual. Apesar de haver a participação do ministério público dos estados na composição do
Ministério Público Eleitoral – cumulando o membro da instituição as duas funções –, ambas não se confundem, haja vista possuírem conjuntos diversos de
atribuições, cada qual na esfera delimitada pela Constituição Federal e pelos demais atos normativos de regência. A subordinação hierárquico-administrativa
– não funcional – do promotor eleitoral é estabelecida em relação ao procurador regional eleitoral, e não em relação ao procurador-geral de justiça. Ante tal
fato, nada mais lógico que o ato formal de “designação” do promotor eleitoral seja feito pelo superior na função eleitoral, e não pelo superior nas funções
comuns.
3. A designação do promotor eleitoral é ato de natureza complexa, resultando da conjugação de vontades tanto do procurador-geral de justiça - que
indicará o membro do ministério público estadual – quanto do procurador regional eleitoral – a quem competirá o ato formal de designação. O art. 79, caput
e parágrafo único, da Lei Complementar nº 75/93 não tem o condão de ofender a autonomia do ministério público estadual, já que não incide sobre a esfera
de atribuições do parquet local, mas sobre ramo diverso da instituição – o Ministério Público Eleitoral, não interferindo, portanto, nas atribuições ou na
organização do ministério público estadual.
4. Ação julgada improcedente.
*noticiado no Informativo 817
TRANSCRIÇÕES
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.
Devido processo legislativo - Controle judicial - Legitimidade ativa ad causam exclusiva do parlamentar em exercício
(Transcrições)
MS 34.518-MC/DF*
RELATOR: Ministro Luix Fux
DIREITO CONSTITUCIONAL. DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. CONTROLE JUDICIAL. CABIMENTO.
LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM EXCLUSIVA DO PARLAMENTAR EM EXERCÍCIO. MANDADO DE SEGURANÇA
CONHECIDO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 60, § 4º, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONTROLE
PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO. DIÁLOGO
LEGISLATIVO QUE BUSCA EQUACIONAR A REALIZAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E O BEM-ESTAR
ANIMAL. LIMITES INSCULPIDOS NO ART. 60, CRFB/88. INOCORRÊNCIA DE FLAGRANTE VIOLAÇÃO ÀS CLÁUSULAS
SUPERCONSTITUCIONAIS QUE PODERIAM IMPEDIR A DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR DO TEMA. PREMATURA
INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA NÃO CONFIGURADOS. MEDIDA
LIMINAR INDEFERIDA.
Decisão: Cuida-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar, impetrado por Ricardo Izar Júnior, Deputado Federal pelo Estado de
São Paulo, objetivando sustar a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional 50/2016, que visa acrescentar “o § 7º ao art. 225 da Constituição
Federal, para permitir a realização das manifestações culturais registradas como patrimônio cultural brasileiro que não atentem contra o bem-estar
animal.
Aponta-se como autoridades coatoras os Exmos. Senadores da República Otto Alencar, Ana Amélia, Antonio Carlos Valadares, Armando
Monteiro, Senador Benedito de Lira, Cidinho Santos, Davi Alcolumbre, Elmano Férrer, Fernando Bezerra Coelho, Flexa Ribeiro, Garibaldi Alves
Filho, Ivo Cassol, Jorge Viana, José Agripino, José Maranhão, José Medeiros, Lídice da Mata, Lindbergh Farias, Magno Malta, Pastor Valadares,
Paulo Rocha, Pedro Chaves, Raimundo Lira, Randolfe Rodrigues, Roberto Muniz, Telmário Mota, Valdir Raupp, e Vanessa Grazziotin, autores da
PEC ora impugnada.
Narra o impetrante que, no dia 19 de outubro de 2016, foi apresentada e lida no Plenário do Senado Federal e, em seguida, no dia 20 de
outubro de 2016, foi publicada no Diário do Senado Federal, a Proposta de Emenda à Constituição 50/2016, de autoria do Senadores apontados como
autoridades coatoras, que possui o seguinte teor, verbis:
PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº , DE 2016
Acrescenta o § 7º ao art. 225 da Constituição Federal, para permitir a realização das manifestações culturais registradas como
patrimônio cultural brasileiro que não atentem contra o bem-estar animal.
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte
Emenda ao texto constitucional:
Art. 1º. O art. 225 da Constituição passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º.
“Art.225....................................................................................................
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as manifestações culturais previstas
no § 1º do art. 215 e registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, desde que regulamentadas em lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.” (NR)
Art. 2º. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 assegurou a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o pleno exercício dos
direitos culturais. Assim, ao mesmo tempo em que protege as manifestações culturais populares (art. 215, caput e § 1º), a Carta Magna protege
os animais contra a crueldade (art. 225, § 1º, VII).
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) foi novamente instado a se manifestar acerca do conflito entre essas normas
constitucionais consagradoras de direitos fundamentais.
Ainda em tramitação no STF, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.983 foi proposta pelo Procurador-Geral da República,
em maio de 2013, contra a Lei nº 15.299, de 8 de janeiro de 2013, do Estado do Ceará, que regulamenta a vaquejada como prática desportiva e
cultural. Em julgamento realizado em 6 de outubro de 2016, o Tribunal considerou procedente o pedido formulado na inicial e, ao declarar a
OUTRAS INFORMAÇÕES
14 a 18 de novembro de 2016