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caderno do

PROFESSOR

HISTÓRIA
ensino médio
3a SÉRIE
volume 3 - 2009
Coordenação do Desenvolvimento dos Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins,
Professores Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino
Ghisleine Trigo Silveira e Sayonara Pereira

AUTORES Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,


Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches
Ciências Humanas e suas Tecnologias Neto, Mauro Betti e Sérgio Roberto Silveira
Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira
Luís Martins e Renê José Trentin Silveira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues,
Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo
Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Araujo, Regina Célia Bega dos Santos e Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
Sérgio Adas José Luís Marques López Landeira e João Henrique
História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Nogueira Mateos
Governador Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Matemática
José Serra Raquel dos Santos Funari
Matemática: Nílson José Machado, Carlos
Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da
Vice-Governador
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli
Alberto Goldman Schrijnemaekers
Caderno do Gestor
Secretário da Educação Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Paulo Renato Souza Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice
Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Murrie
Secretário-Adjunto Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Guilherme Bueno de Camargo Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Equipe de Produção
Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza
Chefe de Gabinete Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo
Fernando Padula Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Carla de
de Camargo Meira Leite, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias
Coordenadora de Estudos e Normas Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina de Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov,
Pedagógicas Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes,
Valéria de Souza Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Renata Elsa
Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Stark, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias
Coordenador de Ensino da Região Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Moretti
Metropolitana da Grande São Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Equipe Editorial
José Benedito de Oliveira Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Coordenação Executiva: Angela Sprenger
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume
Coordenador de Ensino do Interior Assessores: Denise Blanes e Luis Márcio Barbosa
Rubens Antonio Mandetta Física: Luis Carlos de Menezes,
Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie
Presidente da Fundação para o Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo
Edição e Produção Editorial: Conexão Editorial,
Desenvolvimento da Educação – FDE de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto
Edições Jogo de Amarelinha, Verba Editorial e Occy
Fábio Bonini Simões de Lima de Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira,
Design (projeto gráfico).
Sonia Salem e Yassuko Hosoume
Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes APOIO
Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, FDE – Fundação para o Desenvolvimento da
Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Educação
Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria
EXECUÇÃO Fernanda Penteado Lamas e Yvone CTP, Impressão e Acabamento
Mussa Esperidião Esdeva Indústria Gráfica
Coordenação Geral
Maria Inês Fini
Concepção
Guiomar Namo de Mello A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais
Lino de Macedo secretarias de educação do país, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegi-
Luis Carlos de Menezes dos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei no 9.610/98.
Maria Inês Fini * Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não
Ruy Berger estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.

GESTÃO
Fundação Carlos Alberto Vanzolini Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

Presidente do Conselho Curador: São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.


Antonio Rafael Namur Muscat S239c Caderno do professor: história, ensino médio - 3ª série, volume 3 / Secretaria
da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Diego López Silva,
Presidente da Diretoria Executiva:
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli, Raquel dos Santos Funari, Paulo
Mauro Zilbovicius
Miceli. – São Paulo : SEE, 2009.
Diretor de Gestão de Tecnologias
aplicadas à Educação: ISBN 978-85-7849-341-7
Guilherme Ary Plonski
1. História 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Silva,
Coordenadoras Executivas de Projetos:
Diego López. III. Silva, Glaydson José da. IV. Bugelli, Mônica Lungov. V. Funari,
Beatriz Scavazza e Angela Sprenger
Raquel dos Santos. VI. Miceli, Paulo. VII. Título.
CDU: 373.5:93/99
COORDENAÇÃO TÉCNICA
CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas
Caras professoras e caros professores,

Tenho a grata satisfação de entregar-lhes o volume 3 dos Cadernos do Professor.

Vocês constatarão que as excelentes críticas e sugestões recebidas dos profis-


sionais da rede estão incorporadas ao novo texto do currículo. A partir dessas
mesmas sugestões, também organizamos e produzimos os Cadernos do Aluno.

Recebemos informações constantes acerca do grande esforço que tem caracte-


rizado as ações de professoras, professores e especialistas de nossa rede para
promover mais aprendizagem aos alunos.

A equipe da Secretaria segue muito motivada para apoiá-los, mobilizando


todos os recursos possíveis para garantir-lhes melhores condições de trabalho.

Contamos mais uma vez com a colaboração de vocês.

Paulo Renato Souza


Secretário da Educação do Estado de São Paulo
Sumário
São Paulo faz escola – Uma Proposta Curricular para o Estado 5
Ficha do Caderno 7
Orientação sobre os conteúdos do Caderno 8
Situação de Aprendizagem 1 – Terror atômico: o homem tem futuro? 10
Situação de Aprendizagem 2 – Revolução Cubana e produção cultural 15
Situação de Aprendizagem 3 – Movimento operário no Brasil nas décadas de 1950
e 1960 21
Situação de Aprendizagem 4 – Tortura e direitos humanos na América Latina 26
Considerações finais 32
SãO PaUlO Faz ESCOla – Uma PROPOSta
CURRiCUlaR PaRa O EStadO

Prezado(a) professor(a),

É com muita satisfação que lhe entregamos mais um volume dos Cadernos do Professor, parte
integrante da Proposta Curricular de 5ª- a 8ª- séries do Ensino Fundamental – Ciclo II e do Ensino
Médio do Estado de São Paulo. É sempre oportuno relembrar que esta é a nova versão, que traz
também a sua autoria, uma vez que inclui as sugestões e críticas recebidas após a implantação da
Proposta.

É também necessário relembrar que os Cadernos do Professor espelharam-se, de forma objetiva,


na Base Curricular, referência comum a todas as escolas da rede estadual, e deram origem à produção
dos Cadernos dos Alunos, justa reivindicação de professores, pais e famílias para que nossas crianças
e jovens possuíssem registros acadêmicos pessoais mais organizados e para que o tempo de trabalho
em sala de aula pudesse ser melhor aproveitado.

Já temos as primeiras notícias sobre o sucesso do uso dos dois Cadernos em sala de aula. Este
mérito é, sem dúvida, de todos os profissionais da nossa rede, especialmente seu, professor!

O objetivo dos Cadernos sempre será o de apoiar os professores em suas práticas de sala de
aula. Podemos dizer que este objetivo está sendo alcançado, porque os professores da rede pública
do Estado de São Paulo fizeram dos Cadernos um instrumento pedagógico com bons resultados.

Ao entregar a você estes novos volumes, reiteramos nossa confiança no seu trabalho e contamos
mais uma vez com seu entusiasmo e dedicação para que todas as crianças e jovens da nossa rede
possam ter acesso a uma educação básica de qualidade cada vez maior.

maria inês Fini


Coordenadora Geral
Projeto São Paulo Faz Escola

5
FiCha dO CadERnO
nome da disciplina: História

área: Ciências Humanas e suas Tecnologias

Etapa da educação básica: Ensino Médio

Série: 3a

Volume: 3

temas e conteúdos: O mundo pós-Segunda Guerra e a Guerra


Fria: movimentos sociais e políticos na Amé-
rica Latina e no Brasil nas décadas de 1950 e
1960

Populismo e os golpes militares no Brasil e na


América Latina

7
ORiEntaçãO SObRE OS COntEúdOS dO CadERnO
Caro(a) professor(a), soviéticos desarmaram ou armaram exércitos,
instituíram ou destituíram governos, colabo-
Neste Caderno, os temas de História se- rando eficazmente para a construção de uma
lecionados referem-se ao século XX, mais atmosfera de medo relacionado à possibili-
especificamente ao contexto pós-Segunda dade de uma guerra atômica, comandada, à
Guerra Mundial. Em geral, são assuntos distância, por alguns botões. Cabia aos de-
polêmicos, que instigam a discussão e o de- mais países o alinhamento a um dos lados,
bate, o que ajuda sobremaneira o trabalho para tentar garantir a segurança nacional
docente, pois os estudantes, de maneira ge- contra os “invasores”, fossem eles do Exérci-
ral, entram em contato com pessoas que vi- to Vermelho ou de jovens vestidos com calças
venciaram os acontecimentos tratados por jeans e penteados com brilhantina. Na África
você. e na Ásia, novas nações surgiram, livrando-se
do domínio das antigas potências colonialis-
Conteúdos priorizados tas, mas sujeitando-se à nova bipolaridade
mundial.
Após a Segunda Guerra Mundial, as po-
tências vencedoras, Estados Unidos e União Ainda hoje, encontramos em nossa cultura
Soviética, estabeleceram domínios bélicos e diversos resquícios da Guerra Fria, como as
geopolíticos em diversas regiões do mundo. sequelas deixadas pela ascensão de ditaduras
Os aliados dessas potências adotaram, res- militares na América Latina, a infiltração do
pectivamente, o capitalismo ou o socialismo american way of life e a construção de um ar-
como sistema sociopolítico para seu respecti- senal atômico mundial.
vo país, e a introdução desses modelos recon-
figurou divisões políticas, culturas milenares, Assim, o estudo desses temas acrescenta
exércitos, indústrias, armamentos, esportes, muito significado ao mundo contemporâneo,
padrões de consumo e de comportamento. pois, apesar de o Muro de Berlim ter caído e a
A expansão simultânea instigou a competiti- União Soviética entrado em colapso, perma-
vidade entre os dois modelos para propagar neceram a Otan, a CIA e as heranças do regi-
seus feitos e melhorias em um mundo quase me de Fidel Castro, entre diversos elementos
destruído. Em 20 anos, deixamos de falar da originados nessa época.
destruição provocada pela guerra e passamos
a discutir as viagens de astronautas pelo es- Competências e habilidades
paço: enquanto isso, na Terra, uma tênue paz
era mantida por estoques de armas nucleares Essas Situações de Aprendizagem priori-
ameaçadoras, que faziam com que as bombas zam as principais competências avaliadas no
lançadas sobre o Japão parecessem obsoletas Enem, como o domínio da norma culta da
e de pouquíssimo efeito destruidor. língua portuguesa, a construção de argumen-
tação consistente e a elaboração de propostas
Em um mundo dividido entre capitalistas e de intervenção solidária na sociedade. As ha-
socialistas, a liberdade de pensamento político bilidades, específicas para cada Situação de
não era uma conquista fácil. Para garantir os Aprendizagem, encontram-se enumeradas no
seus rincões de influência, norte-americanos e início de cada sugestão de atividade.

8
História - 3a série - Volume 3

metodologia e estratégias avaliação


No volume anterior, utilizamos em algu- A avaliação das Situações de Aprendizagem
mas atividades o cinema como importante deste Caderno deve privilegiar a compreensão
base de estudos e discussões. Neste Caderno, política da dinâmica instaurada no pós-guerra
além do cinema, incorporaremos um vasto e a reorganização das alianças e dos interes-
material para trabalho e estudos, disponível ses políticos em função da chamada “Guerra
na produção fonográfica da época. O desen- Fria”. Nessa perspectiva, a compreensão crí-
volvimento tecnológico, o crescimento do tica da situação da América Latina e, especi-
consumo nas classes mais jovens, a massifi- ficamente, do Brasil devem ser aferidas pela
cação da cultura e outros vários fatores con- análise dos diferentes produtos resultantes dos
tribuíram para a profusão de grupos musicais processos de aprendizagem propostos.
e movimentos culturais de comportamento,
moda e arte ligados à música “pop”. Uma Seguimos aqui a tendência iniciada no vo-
onda que nasceu tímida, com jovens que re- lume anterior, que prioriza os produtos rela-
cuperavam músicas e vestimentas de grupos cionados às habilidades de leitura e escrita.
negros do interior dos Estados Unidos, como Como já foi proposto nos Cadernos anterio-
o blues e o jeans, propagou-se em uma veloci- res, nossa sugestão é que se abra espaço para
dade impressionante, refletindo uma série de uma avaliação atitudinal durante a condução
sentimentos da época, como o terror atômico, das atividades, pois o envolvimento do corpo
a possibilidade de uma “guerra nas estrelas” discente é fundamental para que os objetivos
e a iminência de guerras e revoluções. sejam atingidos.

9
SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 1
TERROR ATôMICO: O HOMEM TEM FUTURO?
A corrida armamentista e tecnológica da como filmes e até desenhos animados que ensi-
Guerra Fria motivou em seus contemporâneos navam crianças a se proteger de ataques atômi-
o medo – bastante justificável – de uma guerra cos1, filmes catastróficos que retratavam o fim
de dimensões nunca antes vistas pela humani- do mundo, músicas e propagandas de rádio e
dade. O poder de destruição das novas armas televisão que preparavam a população para um
atômicas, desenvolvidas pelos Estados Unidos possível ataque. Em meio a tudo isso, o filósofo
e pela União Soviética, instigava a imaginação e inglês Bertrand Russel perguntava no próprio
contribuía para o clima de insegurança genera- título de um livro, editado em 1961: Has man a
lizada. Há vários indícios desse temor coletivo, future? [Tem futuro o homem?].

tempo previsto: 2 aulas.

Conteúdos e temas: Guerra Fria e corrida armamentista.

Competências e habilidades: contextualizar e ordenar os eventos históricos, compreendendo a importân-


cia dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais; relacionar e analisar versos de música com
contexto histórico específico.

Estratégias: leitura e produção de textos.

Recursos: textos e letras de música.

avaliação: produção de texto.

Pré-requisitos curriculares leitura do texto do Caderno do Aluno e com a


explicação de que o nome “biquíni” refere-se a
Esta atividade pode ser realizada no início um arquipélago do Pacífico, onde foram reali-
dos estudos sobre Guerra Fria. Para melhor zados os primeiros testes com a Bomba H. A
aproveitamento, os alunos devem possuir co- nova arma – produzida em grande quantidade
nhecimentos básicos sobre a corrida arma- durante a Guerra Fria – possuía poder de des-
mentista e a rivalidade bipolar mundial (EUA truição muito maior do que as bombas lan-
× URSS) que marcaram o período. çadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945,
e era capaz de destruir países por completo.
Sondagem e sensibilização O filme veiculado no mundo todo, mostrando
a Ilha de Biquíni desaparecer em meio a um
Pergunte aos alunos se alguém sabe a re- imenso cogumelo de fumaça, chocou o mun-
lação entre os biquínis e a Guerra Fria. No do. Assim como, por motivos diversos, os bi-
início, é possível haver certo estranhamento quínis que desfilavam nas praias, nas décadas
por parte deles, que pode ser superado com a de 1950-60, também chocaram.

1
Há um bom vídeo produzido pelo governo dos Estados Unidos, facilmente encontrado na internet, chamado
Duck and cover, que ensina um método para as crianças se protegerem de um ataque atômico, atirando-se ao chão
e cobrindo-se.

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História - 3a série - Volume 3

© Torsten Blackwood/AFP-Getty Images


Atol de Biquíni, localizado no arquipélago Marshal - Sul do Pacífico.

Roteiro para aplicação da Situação de aprendizagem


Leia com seus alunos o seguinte texto:

diego López Silva

Você sabe qual é a relação entre os biquínis e a Guerra Fria? A palavra “biquíni” nomeia um atol
localizado em um arquipélago do Pacífico, onde foram realizados os primeiros testes com a Bomba H.
A nova arma – produzida em grande quantidade durante a Guerra Fria – possuía poder de destruição
muito maior do que as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, e era capaz de destruir
países por completo. Na época dos testes, foi veiculada uma imagem no mundo todo, em que o Atol de
Biquíni desaparecia em meio a um imenso cogumelo de fumaça. Essa imagem chocou o mundo, assim
como, por motivos diversos, os biquínis que desfilavam nas praias, nas décadas de 1950-60.
A corrida armamentista e tecnológica da Guerra Fria motivou em seus contemporâneos o medo –
bastante justificável – de uma guerra de dimensões nunca antes vistas pela humanidade. O poder de des-
truição das novas armas atômicas, desenvolvidas pelos Estados Unidos e pela União Soviética, instigava
a imaginação e contribuía para o clima de insegurança generalizada.
Pode a humanidade escapar da destruição total? Foi com esta preocupação que o filósofo Bertrand
Russell escreveu seu livro Has man a future? [Tem futuro o homem?], alertando sobre os riscos e desafios
que a humanidade teria de enfrentar para fazer frente às consequências nefastas que o desenvolvimento
científico traria, especialmente no que se refere à tecnologia de guerra. Para ele, esse desenvolvimento,
mais cedo ou mais tarde, cobraria seu preço.
O contexto em que ele escreveu o livro estava fortemente marcado pelo medo de que a Guerra Fria pu-
desse transformar-se em conflito nuclear aberto entre as duas superpotências mundiais (EUA e URSS). Era
o “terror atômico”, que atingiu a humanidade a partir da Segunda Guerra Mundial, e que vaticinava um
triste fim para toda a vida na Terra.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

11
O “terror atômico” presente no texto ques- Após a entrega dos textos, faça uma
tiona a própria continuidade e sobrevivência correção oral estimulando a participação
da humanidade. As preocupações do autor de todos os alunos. Este é um importante
justificam-se pelo contexto da época, pois a dé- momento para que, coletivamente, sejam
cada de 1960 foi marcada pelo aumento do ar- construídas as relações possíveis entre o
senal de destruição em massa e das hostilidades conteúdo explicitado nas músicas, o con-
entre os blocos militares da Guerra Fria – do texto e a produção de Russell. Também é
lado capitalista, a Otan e, do lado socialista, o importante para que sejam compreendidos
Pacto de Varsóvia. Após a Revolução Cubana, os critérios que vão nortear a correção do
com a Crise dos Mísseis, e o início do macar- material entregue. Esses critérios deverão
tismo nos Estados Unidos, os ânimos estavam ser estabelecidos considerando as caracte-
exaltados e a possibilidade de uma guerra de rísticas do seu grupo de alunos em relação à
destruição total mostrava-se factível. produção textual.

Por conta disso, o clima apocalíptico estava Por fim, existe no Caderno do Aluno a
sempre presente na literatura, na mídia e nas solicitação de que sejam realizadas duas si-
manifestações artísticas, como a música. No tuações de pesquisa, visando a ampliação
caso das músicas norte-americanas, há uma temática: uma individual sobre músicas na
infinidade delas tratando do temor atômico e época da Guerra Fria e outra em grupo sobre
da ameaça comunista. Chamadas publicitárias Jogos Olímpicos que marcaram o período.
por rádio e televisão alertavam a população
para a iminência de um ataque, enquanto gru- avaliação da Situação de
pos musicais cantavam a “Era Atômica” em aprendizagem
músicas ingênuas ou razoavelmente tendencio-
sas, algumas, inclusive, patrocinadas pelo pró- Ao receber os textos dos alunos, procure
prio governo norte-americano. identificar as pesquisas feitas e a habilidade
em perceber que uma música – assim como
Solicite aos alunos que façam uma pesqui- outras manifestações culturais – reflete as in-
sa individual, na internet, sobre músicas de fluências da época em que foi produzida. Não
protesto influenciadas pela corrida atômica e valorize comentários que apresentem opiniões
pelas guerras decorrentes das rivalidades entre pessoais, como, “bom”, “ruim”, “chato” ou
EUA e URSS, como a Guerra do Vietnã, por “legal”.
exemplo.
Entre os diversos elementos que os alunos
Seria interessante que os alunos comparas- podem investigar nos versos da música, exem-
sem o termo atômico e de ameaça comunista, plificamos:
expressos nas letras de música ou em outras
a) a mensagem de alerta contida no texto
fontes à referência que se faz ao livro de Ber-
de abertura do Roteiro para aplicação
trand Russell, especialmente considerando a da Situação de Aprendizagem, inspi-
pergunta: “Pode a humanidade escapar da des­ rada no livro Has man a future?, de
truição total?”. Oriente-os a produzir um tex- Bertrand Russell;
to introdutório de contextualização à análise
proposta, de forma a subsidiar o estabeleci- b) as menções poéticas à bomba, como em
mento das relações entre o conteúdo das letras “som do trovão” e “uma onda que po-
das músicas e a Guerra Fria. deria afundar o mundo”;

12
História - 3a série - Volume 3

c) a crítica ao “sonho americano”; critérios deveriam ser levados em conta


para selecionar os que sobreviveriam, o que
d) o “temor” atômico. equivale a uma possibilidade para o renasci­
mento da eugenia e dos ideais nazistas.
Proposta de questões para avaliação
2. durante a Guerra Fria, em alguns momen-
1. No filme Dr. Fantástico ou Como aprendi a tos, as duas potências mundiais (EUA e
parar de me preocupar e amar a bomba, de URSS) envolviam-se em conflitos indiretos,
Stanley Kubrick, filmado em 1962, a perso- mas que demonstravam a força e a expan-
nagem principal é um cientista alemão que são de ideais opostos. Cite ao menos dois
trabalha para o governo norte-americano. conflitos indiretos da Guerra Fria entre as
Uma cadeia de incidentes dispara o arsenal duas principais superpotências da época.
atômico das duas potências nucleares da
época e, em uma das principais cenas, no Os alunos podem citar a Guerra da Coreia
interior de um abrigo subterrâneo, discute- (1950­1953), Guerra do Vietnã (1959­1975),
se quem deveria ser salvo da morte para, invasão do Afeganistão (1979­1989), Revo­
depois de passados os efeitos das bombas, lução Cubana (1959) e Revolução Chinesa
repovoar a Terra. Sarcasticamente, o dr. (1949). No caso da data da Guerra do Vie­
Fantástico fala sobre a seleção dos “melhores tnã há historiadores que antecipam o início
exemplares da espécie” e dos sacrifícios que
para 1956­1957 ou apresentam o término
deveriam ser feitos, tais como abandonar a
em 1973 ou 1975.
monogamia para salvar a humanidade.
3. (Fuvest – 2001) A era de paz e cooperação
a) Qual é a relação entre o poderio atômico
que muitos esperavam que se seguiria à vi-
desenvolvido na época e a Guerra Fria?
tória dos aliados na Segunda Guerra Mun-
Havia, por parte dos Estados Unidos e da dial não resistiu até o final dos anos 1940,
União Soviética, um grande arsenal atômico tendo sido substituída pela “Guerra Fria”
de reserva para evitar hostilidades. Trata­ entre as grandes potências e por “guerras
va­se de uma corrida tecnológica e bélica quentes” localizadas.
para a proteção de aliados e territórios.
Considerando a “Guerra Fria”:
b) Qual é a relação entre a cena descrita
acima e o Holocausto? Como o diretor a) explique as divergências fundamentais
aproxima os efeitos da Segunda Guerra entre as grandes potências.
Mundial e os da Guerra Fria?
As grandes potências divergiam, basicamen­
Temia­se, na época, que, depois da utiliza­ te, quanto aos diferentes modelos socioeco­
ção da primeira bomba, ataques em cadeia nômicos que seguiam e defendiam. Após a
destruíssem a vida na Terra. O massacre Segunda Guerra Mundial, as áreas recons­
seria generalizado e, sob a ótica da perso­ truídas pelos Estados Unidos e pela União
nagem de Kubrick (Dr. Fantástico), seria Soviética foram divididas, adotando­se os
necessário selecionar, como defendiam os modelos de seus centros.
nazistas, os “melhores da espécie” para se
proteger dos efeitos da radiação. Ou seja, b) relacione a “Guerra Fria” com um con-
como não havia proteção para todos, alguns flito de “guerra quente”.

13
A Guerra Fria teve alguns momentos bas­ c) uma campanha de investigações que
tante agitados e “quentes”, tais como a se voltou contra sindicalistas, intelec-
Guerra do Vietnã e a Guerra da Coreia. tuais e cientistas e poupou os artistas de
Hollywood, os diretores de cinema e os
4. (Coordenadoria de Admissão aos Cursos escritores norte-americanos.
Regulares – FGV – 2003) durante o perío-
do da Guerra Fria, o cenário internacional d) uma campanha publicitária que procu-
foi marcado: rava enaltecer o senador Joseph McCar-
thy, candidato republicano à presidência
a) pela expansão de regimes comunistas dos Estados Unidos, que era profunda-
no interior da América Latina e na Eu-
mente anticomunista.
ropa Ocidental.
e) uma política de aproximação entre os
b) pela bipolarização do poder mundial, en-
volvendo as duas superpotências, União EUA e a União Soviética liderada, na
Soviética e Estados Unidos da América. década de 1940, pelo socialista Joseph
McCarthy, em virtude da necessidade
c) pela militarização da Alemanha, a des- de derrotar o nazifascismo.
peito das decisões das conferências de
Yalta e Potsdam. O macartismo, cujo nome refere­se ao se­
nador Joseph McCarthy, foi uma política
d) pela polarização do mundo em dois blocos, de perseguições e investigações que levou à
compostos por URSS, Inglaterra, EUA e condenação centenas de pessoas acusadas de
França, contra Alemanha, Itália e Japão. colaboração ou defesa do comunismo. Charles
Chaplin – o popular Carlitos – e o casal
e) pelo equilíbrio de forças entre os países
desenvolvidos e os países do chamado Rosenberg são exemplos de pessoas que so­
Terceiro Mundo. freram perseguições dessa política.

A Guerra Fria bipolarizou os poderes bé­ Propostas de Situações de


licos e econômicos entre Estados Unidos e Recuperação
União Soviética.
Após o término dos estudos sobre as ori-
5. (Coordenadoria de Admissão aos Cursos gens e o funcionamento da “ordem bipo-
Regulares – FGV – 2005) Podemos definir lar”, que durou aproximadamente 50 anos, é
o macartismo como: importante ressaltar para os alunos que não
atingiram as médias escolares as diferenças
a) uma dura campanha de investigações entre os dois blocos, principalmente as ideolo-
dirigida por parlamentares norte-ameri- gias capitalista e socialista, as alianças milita-
canos, voltada a quem fosse considerado res, os planos de reconstrução econômica e os
suspeito de subversão ou colaboração principais aliados de cada lado. Em seguida,
com os países comunistas. você pode aplicar as duas sugestões a seguir.

b) uma campanha antissemita que se es- Proposta 1


tabeleceu nos Estados Unidos, após a
Segunda Guerra Mundial, e que inves- Organize, em conjunto com os alunos, um
tigava as vinculações entre os judeus e quadro de duas colunas, cada uma relacionada
os dirigentes soviéticos. a uma das principais ideologias da Guerra Fria.

14
História - 3a série - Volume 3

Entregue a eles as seguintes informações, de lo: Ática, 2002. Livro de consulta para alunos
forma que não saibam a que coluna se referem, sobre a Guerra Fria. Possui boas indicações
e peça que as coloquem nos espaços conside- de leituras e trechos de documentos.
rados corretos: Pacto de Varsóvia, Otan, Plano
Marshal, Comecon, doutrina Truman, Revolu- HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos. São
ção Chinesa e Revolução Cubana. Em seguida, Paulo: Companhia das Letras, 1995. Indica-
solicite que elaborem uma definição para cada do para estudo do século XX, possui análises
um dos termos, destacando o sentido histórico, das principais transformações provocadas
as principais características e ocorrências e o pela bipolaridade no mundo.
significado da sigla, quando for o caso.
Filme
Proposta 2
Boa noite e boa sorte (Good night, and good
Em um mapa-múndi retirado de um livro luck). direção: George Clooney. EUA, 2005.
didático ou de um atlas histórico-geográfico,
93 min. Inadequado para menores de 14 anos.
peça aos alunos que localizem as principais
áreas de influência de cada bloco, assinalando O filme retrata a política norte-americana li-
aliados e conflitos. Ao selecionar um mapa, gada ao senador Joseph McCarthy.
atente para as transformações ocorridas nas
fronteiras europeias, principalmente desde a Site
queda do Muro de Berlim.
Conelrad. disponível em: <http://www.
Recursos para ampliar a perspectiva conelrad.com>. Acesso em: 24 jun. 2009.
do professor e do aluno para a Apesar de estar em inglês, trata-se de uma ex-
compreensão do tema celente base de pesquisa de vídeos e músicas
sobre a propaganda e a cultura musical rela-
livros cionadas à Guerra Fria. Caso ache necessário,
solicite a participação do professor de inglês
dIAS JÚNIOR, José Augusto; ROUBICEK, para melhor aproveitar o valioso material do
Rafael. Guerra Fria: a era do medo. São Pau- site, convidando-o a participar da atividade.

SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 2
REVOLUçãO CUBANA E PROdUçãO CULTURAL
A Revolução Cubana de 1959 foi muito fazem parte do imaginário popular do século
importante para o fortalecimento de figuras XX e deste início do XXI, motivando elogios
históricas, como Fidel Castro e Ernesto Che e críticas, mas sempre mobilizando sentimen-
Guevara, no imaginário da população que vi- tos apaixonados.
veu na segunda metade do século XX. Uma
grande variedade de estudiosos se debruçou Nesta Situação de Aprendizagem, vamos
sobre suas vidas e feitos políticos, assim como, discutir um aspecto muito controverso da
ainda hoje, grande número de pessoas traz Revolução Cubana: a liberdade artística e de
estampado nos bonés, nas camisetas, nos ca- expressão na ilha, que após 1959 passou a ser
dernos e até mesmo no braço o semblante de conduzida pelos ideais revolucionários, levan-
Che, na famosa fotografia de Alberto Korda. do aqueles que não se enquadraram a fugir,
de fato, a Revolução Cubana e seus líderes ser presos, executados ou a pedir asilo.

15
tempo previsto: 2 aulas.

Conteúdos e temas: Revolução Cubana e Guerra Fria.

Competências e habilidades: confrontar interpretações diversas de situações ou fatos comparando dife-


rentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos
argumentos utilizados.

Estratégias: análise de texto, discussão em grupo e debate.

Recursos: textos para análise.

avaliação: análise de texto, construção argumentativa e participação no debate.

Pré-requisitos curriculares
artigo iii
Para a realização desta Situação de Parágrafo 1o: Não é lícito conceder asilo
Aprendizagem, recomenda-se que os alunos a pessoas que, na ocasião em que o solicitem,
conheçam o processo revolucionário cubano tenham sido acusadas de delitos comuns,
e suas repercussões ao longo do século XX, processadas ou condenadas por esse motivo
mais detalhadamente: pelos tribunais ordinários competentes, sem
haverem cumprido as penas respectivas; nem
f Independência de Cuba; a desertores das forças de terra, mar e ar, sal-
vo quando os fatos que motivarem o pedido
f Protecionismo norte-americano: dou- de asilo, seja qual for o caso, apresentem cla-
trina Monroe, Corolário Roosevelt, Emen- ramente caráter político.
da Platt e o contexto pré-revolucionário;
disponível em: <http://www.oas.org/juridico/portuguese/
f Linhas gerais da Revolução: principais treaties/A-46.htm>. Acesso em: 24 jun. 2009.
etapas e aproximação com a União Soviética;

f Construção do regime castrista.

Sondagem e sensibilização Relembre, em conjunto com a sala, casos


de pedidos de asilo, como nos Jogos Pan-ame-
Pergunte aos alunos o que eles entendem ricanos do Rio Janeiro, envolvendo a
por asilo político. Em seguida, leia com eles equipe de boxeadores de Cuba e, mais re-
o seguinte trecho da Convenção sobre Asilo centemente, dos músicos do conjunto Los
diplomático, da Organização dos Estados Galanes. A pergunta feita no Caderno do
Americanos (OEA), também reproduzido no Aluno é: por que cubanos pedem asilo polí­
Caderno do Aluno: tico ao Brasil?

16
História - 3a série - Volume 3

Roteiro para aplicação da Situação 2a etapa: os integrantes de cada grupo


de aprendizagem devem discutir suas opiniões pessoais sobre
os textos, escrevendo no Caderno do Aluno
Em seguida, divida a classe em dois gru- as opiniões divergentes e a opinião geral do
pos e atribua a cada um deles um trecho de grupo.
texto diferente sobre a situação cultural cuba-
na. Os textos estão reproduzidos no Caderno 3a etapa: organize os alunos em círculo
do Aluno, como também os procedimentos para os grupos apresentarem as opiniões
metodológicos para o desenvolvimento da dos autores dos textos lidos e, em seguida,
proposta. deixe que os alunos escolham livre- os resultados do debate e das opiniões do
mente os grupos, de acordo com suas opiniões grupo.
e posicionamentos políticos, mas equilibre o
número de participantes em cada um deles. As O mediador do debate será você; portanto,
equipes devem proceder, separadamente, em adote um posicionamento crítico, questionan-
duas etapas; finalmente, a sala toda participa do os alunos sobre as opiniões apresentadas
simultaneamente do fechamento. e instigando a participação de diversos mem-
bros de cada grupo. As etapas desta atividade
1a etapa: peça para os grupos analisarem o podem ser realizadas em duas aulas, uma para
posicionamento do autor de seu texto, ou seja, a preparação do material e a outra para a rea-
entender a posição política do autor sem, ainda, lização do debate.
expressar suas opiniões pessoais. Peça que mon-
tem uma pequena explicação para toda a classe. Textos para os grupos:

texto 1
músicos cubanos oficializam pedido de refúgio
Paloma Santos
da Agência Brasil

Brasília – Os músicos cubanos que desapareceram durante uma turnê em Recife formalizaram hoje (17)
um pedido de refúgio no Ministério da Justiça. A assessoria de imprensa do Ministério informou que o caso
será julgado pelo Conselho Nacional de Refugiados (Conare) em março, na próxima sessão do Conselho.
Ainda de acordo com o Ministério da Justiça, até o julgamento os músicos Miguel Ángel Costafre-
da, Arodis Verdecia Pompa e Juán Alcides díaz estão sob proteção e têm liberdade para circular no país
e até mesmo para tirar carteira de trabalho.
Segundo o advogado dos cubanos, José Antônio Ferreira, eles não correm qualquer risco de serem
deportados até o julgamento. “O governo Lula jamais deportará cubanos para agradar Fidel Castro.”
Ferreira disse que os músicos foram designados pelo governo de Cuba para fazer apresentações no
Brasil “porque não havia quem pudesse vir, embora a situação política deles naquele país fosse de per-
seguição”.
O motivo da perseguição seria a insistência dos três em pesquisar ritmos latinos à revelia do governo
cubano. “Eles são estudiosos de música erudita e teimavam com o governo em fazer pesquisas sobre os
estilos musicais da América Latina. Por isso, eram criticados e perseguidos no país”, disse o advogado.
O advogado refere-se ao pedido como “asilo político”, mas, de acordo com a assessoria de imprensa
do Ministério, trata-se de um pedido de “refúgio”. “É apenas uma linguagem, mas os dois têm o mesmo
sentido”, afirmou Ferreira.

17
A assessoria do Ministério disse, no entanto, que o asilo político é destinado àqueles que se sentem perse-
guidos no seu país. Já o pedido de refúgio tem o objetivo de proteger aqueles que tiveram de abandonar seu
país porque sua vida ou liberdade estavam em perigo, por razões ligadas a raça, religião ou crença política.
disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/12/17/materia.2007-12-17.6315175349/view>.
Acesso em: 11 jun. 2009.

texto 2
Resposta da Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil– José Martí aos comentários feitos por músicos cubanos que
pediram asilo na televisão, no dia 16/12/2007.

O Capítulo de Brasília da Associação Nacional de Cubanos Residentes no Brasil – José Martí (An-
creb-JM) deseja expressar seu repúdio às insidiosas afirmações feitas no programa Fantástico do do-
mingo, 16 de dezembro, com base na entrevista de três músicos cubanos que decidiram ficar no Brasil
reclamando asilo político.
Em primeiro lugar, esses cubanos não são perseguidos políticos. Saíram de Cuba sem problemas,
para cumprir um contrato no Brasil. Se decidiram ficar, foi pela própria vontade deles. O reclamo de
perseguição política é um ardil para poder obter com maior facilidade a residência neste país.
[...] Os problemas que o povo cubano enfrenta com toda decisão são causados em grandíssima me-
dida pelo bloqueio norte-americano e as crescentes medidas agressivas contra nosso país feitas pela
administração Bush. Isso é ignorado maliciosamente por vocês.
Nós, cubanos residentes no Brasil, que amamos nossa pátria e a nossa Revolução, nos pergunta-
mos: por que não falam dos avanços de Cuba na saúde, na educação, na cultura e outras esferas, apesar
de tantos obstáculos e pressões externas? Por que não falam da ajuda internacional que Cuba presta
a dúzias de países desenvolvidos no mundo? Por que não falam dos milhares de médicos cubanos que
estão brindando esse aporte humanitário? Por que não falam da luta que Cuba trava diariamente para
avançar e mostrar crescimentos no PIB nos últimos anos? Por que não falam desse povo que merece
respeito e mais respeito pela sua dignidade e exemplo?

avaliação da Situação de músicos à situação vivida por eles em Cuba e a


aprendizagem crítica feita à suposta liberdade de expressão que
existe na ilha. Como encarar a manutenção do
Como a Situação de Aprendizagem apre-
sentada tem o objetivo de estimular a leitura e regime socialista com exílios e censuras? Aliás,
a compreensão do posicionamento dos autores tal análise permitiria uma reflexão mais ampla:
dos textos sugeridos, é importante que os alunos será que somente na ilha de Cuba há censura?
tenham identificado o ponto de vista contido nos Será que nas sociedades capitalistas que apre­
textos lidos, a autoria, o contexto em que foram goam a liberdade de expressão e pensamento há
escritos e o posicionamento político adotado. liberdade de fato? Como o capitalismo torna­se
Avalie também o envolvimento e a apresentação uma forma de censura? Será que podemos real­
de argumentos que demonstram a complexida- mente compor, escrever, sem nos preocuparmos
de da questão proposta para discussão e se eles com direitos autorais nas mãos de grandes cor­
foram capazes de expressar os múltiplos interes- porações? Um grupo de músicos que não atrai
ses envolvidos no pedido de asilo dos músicos interesse do mercado e não consegue sobreviver
cubanos. Há posicionamentos muito importan- da própria música não é, de certa forma, censu­
tes que devem ser exaltados, como as críticas dos rado pela economia de mercado?

18
História - 3a série - Volume 3

Propostas de questões para a avaliação volucionárias. Atuou como médico de sindi­


catos e participou de revoluções de caráter
1. (Comvest/Vestibular Unicamp – 2001) Com socialista na América e na África.
o fim da Guerra Hispano-Americana, a
condição da retirada militar americana de b) Qual era a política de Cuba para a Amé-
Cuba foi a aprovação da Emenda Platt, rica Latina do período?
uma emenda à Constituição cubana que
determinou as relações cubano-america- Cuba pretendia ser um bastião do socialis­
nas de 1901 a 1934. mo na América Latina. Sua aproximação
com a União Soviética fortaleceu belica­
a) Qual era o conteúdo da Emenda Platt? mente a ilha, incomodando o domínio nor­
te­americano na região.
A Emenda Platt facilitava a influência dos
Estados Unidos no Caribe e na América c) Por que os governos militares da Améri-
Central e criava um dispositivo legal para in­ ca Latina perseguiam Che Guevara?
terferências em Cuba, tornando a ilha, prati­
camente, um protetorado norte­americano. Grande parte dos governos militares na
América Latina era de direita, defendia os
b) Qual era a política norte-americana interesses norte­americanos e, no contexto
para a América Latina, evidenciada na de bipolaridade da Guerra Fria, a ideologia
Emenda Platt? capitalista. Che era um líder socialista.
O intervencionismo ligado à política do 3. No século XX, os exércitos de campone-
Big Stick (Corolário Roosevelt), o “gran­ ses não eram profissionais. Na Coreia, no
de porrete” dos Estados Unidos para lidar Vietnã e em Cuba, os soldados não tinham
com os vizinhos. uniformes, camuflavam-se em meio à po-
pulação, e a guerrilha era a principal orga-
c) Como a Revolução Cubana de 1959 nização tática.
contestou a política norte-americana do Caracterize a guerrilha, utilizando a afir-
pós-guerra para a América Latina? mação acima e a Revolução Cubana como
exemplo.
A Revolução Cubana aproximou a ilha cari­
benha da União Soviética e criou um contra­ A guerrilha é constituída por um exército
ponto ao domínio norte­americano na região. não profissional, fundido à população ci­
2. (Comvest/Vestibular Unicamp – 1998) “Em vil. Utiliza táticas de tocaia, emboscadas
10 de outubro de 1967, o jornal Folha da e ataques­surpresa. Não possui um quartel
Tarde noticiou a morte de Ernesto ‘Che’ aparente e esconde­se em regiões de difícil
Guevara: “Autoridades militares da Bolívia acesso, tais como matas e ruínas. A Revo­
confirmaram que Guevara morreu no do- lução Cubana de 1959 utilizou uma guerri­
mingo, quando um grupo guerrilheiro foi lha nesses moldes para derrubar as tropas
dizimado por forças do governo. É provável de Fulgêncio Batista.
que a morte do revolucionário configure um 4. (Fuvest – 1999) Sobre a Revolução Cuba-
revés na intenção do primeiro-ministro de na, é correto afirmar que:
Cuba, Fidel Castro, de exportar sua revolu-
ção para as Américas”. (Texto adaptado.) a) um número expressivo de padres católi-
cos compunha as principais lideranças
a) Quem foi Che Guevara? revolucionárias.
Ernesto Guevara, apelidado Che (uma b) o êxito da revolução só foi possível
expressão argentina), era um médico que graças ao apoio econômico de diversos
dedicou sua vida a causas populares e re­ países da América Latina.

19
c) o caráter socialista da revolução só foi Propostas de Situações de
assumido em abril de 1961, ainda que a Recuperação
vitória tenha acontecido em janeiro de
1959. O estudo da Revolução Cubana permi-
te diversos enfoques e direcionamentos, mas
d) a vitória da Revolução deve ser desvin- é importante salientar o contexto da Guerra
culada da luta guerrilheira na Sierra Fria, o posicionamento geográfico da ilha, vi-
Maestra. zinha dos Estados Unidos, e a construção do
regime de Fidel Castro. Para a recuperação,
e) o principal líder da revolução, Fidel sugerimos duas propostas.
Castro, militou no Partido Comunista
Cubano desde sua juventude. Proposta 1

A Revolução não contava, desde seu início, Após uma breve explanação sobre a Re-
volução Cubana, peça aos alunos que mon-
com o apoio da União Soviética, tendo os
tem um quadro comparativo de Cuba antes e
revolucionários se aproximado da União depois da Revolução. Sugira que pesquisem
Soviética para fortalecer a ilha diante do diferentes aspectos do governo de Fidel e en-
controle norte­americano. foquem as transformações políticas, econômi-
cas, culturais e de relações exteriores.
5. (Coordenadoria de Admissão aos Cursos
Regulares – FGV – 2005) A Emenda Platt, Proposta 2
definida pelo Congresso norte-americano
em 1901, estabelecia: Os alunos podem montar um jornal com
explicações sobre os eventos da Revolução,
contendo fotos presentes em livros e relatos
a) a não-interferência dos Estados Unidos da época. O jornal pode conter ainda infor-
nos assuntos internos das Repúblicas mações a respeito de outros acontecimentos
do Caribe. do período e uma pequena biografia dos en-
volvidos. Solicite aos alunos que, para orga-
b) a incorporação de Cuba como um dos nizar o jornal, observem uma publicação de
componentes da federação norte-ameri- grande circulação diária, com a finalidade
cana. de compreender a disposição dos temas, se-
ções, diagramação e estética em geral. Lem-
c) o direito de intervenção político-militar bre-os de escolher as principais manchetes e
norte-americana em Cuba. de não esquecer o editorial.

d) o fim da escravidão e a adoção do prin- Recursos para ampliar a perspectiva


cípio dos direitos humanos em Cuba. do professor e do aluno para a
compreensão do tema
e) a independência de Cuba e a renúncia
da Espanha ao controle de sua ex-co- livros
lônia.
ANdERSON, John Lee. Che Guevara – uma
A emenda constitucional, sugerida pelo se­ biografia. São Paulo: Objetiva, 1997. Biografia
nador norte­americano Oliver Platt, facili­ do líder revolucionário Ernesto Che Guevara es-
tava as intervenções norte­americanas nas crita por um jornalista norte-americano. Apre-
ilhas caribenhas. senta diversos documentos e é de fácil leitura.

20
História - 3a série - Volume 3

SAdER, Eder. A revolução cubana. São Paulo: argentino. Sua leitura é uma curiosa contra-
Moderna, 1985. Livro muito acessível sobre o posição da publicação sugerida antes, seguida
tema; boa indicação de leitura tanto para alu- de uma discussão sobre a memória de Che.
nos quanto para professores.
Filmes
Revistas
Che. direção: Steven Soderbergh. Espanha,
Revista Caros Amigos. Edição especial “Che”, França, Estados Unidos, 2008. 126 min. Bio-
outubro de 2000. Essa edição especial foi re- grafia de Ernesto Che Guevara.
servada à memória de Ernesto Che Guevara.
Sua leitura é muito interessante como con- Diários de motocicleta. direção: Walter Sal-
traponto da publicação indicada abaixo. les. Brasil, 2004. 130 min. Inadequado para
menores de 12 anos. Filme que reproduz uma
Revista Veja. Edição 2028, “Especial Che”, viagem de motocicleta pela América Latina
outubro de 2007. Uma reportagem que deni- feita por Ernesto Guevara, ainda jovem, e seu
gre a imagem criada em torno do guerrilheiro amigo Alberto Granado.

SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 3
MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
NAS dÉCAdAS dE 1950 E 1960

Analisar o crescimento e a organização amplo crescimento e pela organização de


do movimento operário no Brasil nas déca- manifestações grevistas e reivindicações de
das de 1950 e 1960 é muito interessante para classe até a implantação do regime militar,
embasar o estudo de períodos posteriores da em 1964 (que será estudado posteriormente),
História do Brasil e da América Latina. No o que alterou fortemente os rumos do sindi-
caso do Brasil, o período foi marcado pelo calismo brasileiro.

tempo previsto: 1 aula.


Conteúdos e temas: manifestações sociais e políticas no Brasil e na América Latina nas décadas de 1950
e 1960.
Competências e habilidades: dada uma distribuição estatística de variável social ou econômica, traduzir e
interpretar as informações disponíveis ou reorganizá-las, objetivando interpolações ou extrapolações.
Estratégias: análise de dados e textos.
Recursos: textos e tabelas.
avaliação: produção de texto.

Pré-requisitos curriculares
as manifestações sociais e políticas no Brasil e
O momento ideal para a realização desta na América Latina. Os alunos devem possuir
atividade é o encerramento dos estudos sobre conhecimentos sobre:

21
f democratização pós-Segunda Guerra Mun- Em seguida, em conjunto com a classe,
dial; construa um gráfico para explicitar o aumen-
f a Guerra Fria e os movimentos sindicais na to do número de greves após 1960. Procure
América Latina; ressaltar que a tabela talvez não revele com
f avanço do sindicalismo nas décadas de precisão todas as greves da época, pois pos-
1950 e 1960; sivelmente ocorreram diversas manifesta-
f crescimento econômico, urbanização e ções menores que não foram contabilizadas.
consumo nas décadas de 1950 e 1960. Contudo, há um visível aumento após 1960.
Pergunte aos alunos se eles sabem os moti-
Sondagem e sensibilização vos desse crescimento. Caso não tenham in-
formações específicas, estimule-os a formular
Para iniciar a atividade, analise com os alu- hipóteses utilizando indutores, como os su-
nos a tabela apresentada a seguir com o núme- geridos a seguir:
ro de greves que ocorreram no Rio de Janeiro
entre 1954 e 1964. a) Como vocês imaginam a situação eco-
nômica do Brasil na década de 1960?
Greves na cidade do Rio de Janeiro
1954-1964 b) Vocês sabem qual era a posição do Bra-
sil diante do contexto internacional nes-
ano número de greves se período?
1954 14
c) Qual seria o fator político que justi-
1955 18 ficaria o ano de 1963 ter sido recorde
em greves, como mostra a tabela ana-
1956 22 lisada?
1957 16
Aproveite a oportunidade para carac­
1958 7 terizar a situação de déficit público
após a gestão de Juscelino Kubitschek,
1959 32 o alinhamento do Brasil aos interesses
1960 35 norte­americanos na Guerra Fria e o de­
sencadeamento do plano de reformas de
1961 56 João Goulart a partir de 1963 como fato­
res causadores de greves.
1962 61
1963 77 Roteiro para aplicação da Situação
de aprendizagem
1964 38
À medida que as respostas dos alunos fo-
Total 376 rem surgindo, conduza a demonstração dos
dados a seguir, contextualizando suas colo-
Fontes: Imprensa diária (Biblioteca Nacional) e dossiês
policiais (Arquivo público do Estado do Rio de Janeiro) cações.
– Marcelo Badaró Mattos (UFF). Greves, sindicatos e
repressão no Rio de Janeiro (1954-1964) – Revista Brasi­
leira de História, v. 24, n. 47, 2004. p. 241-70. disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbh/v24n47/a10v2447.pdf>.
Acesso em: 30 jun. 2009.

22
História - 3a série - Volume 3

inflação no período 1960 Cr$ 9.440,00


1954 27,1% 1961 Cr$ 13.216,00
1955 11,8% 1962 Não disponível
1956 22,6% 1963 Cr$ 21.000,00
1957 12,7% 1964 Cr$ 42.000,00
1958 12,4% Fonte: departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos – dIEESE. disponível em:
1959 35,9% <http://www.dieese.org.br/esp/salmin/salmin00.xml>.
Acesso em: 11 jun. 2009.
1960 25,4%
1961 34,7%
Peça aos alunos que relacionem a tabela de
1962 50,1% inflação com a tabela que apresenta os valores
do salário mínimo da época, demonstrando
1963 78,4%
que a inflação acumulada é maior do que os
1964 89,9% reajustes do salário mínimo dos trabalhadores.

Fonte: Almanaque Folha. disponível em: <http:// Há, portanto, uma relação direta entre a
almanaque.folha.uol.com.br>. Acesso em: 24 jun. 2009.
situação econômica do período e o aumento
das greves no Rio de Janeiro, informado na
Construa um gráfico com os dados infla- primeira tabela. Porém, somente a conjuntu-
cionários no período, em conjunto com a sala, ra econômica não é suficiente para explicar
ressaltando que há uma clara semelhança en- o andamento da história do sindicalismo no
tre o aumento da inflação e o aumento da Brasil. Além disso, devemos considerar o con-
quantidade de greves. Por quê? Qual é o efeito texto externo.
da inflação na vida das pessoas?
Na década de 1950, o socialismo avançou
A inflação é a desvalorização da moeda, em diversos países. Em 1949, a China transfor-
e para a maioria da população ela significa mou-se em uma república socialista. O expan-
queda do poder aquisitivo, principalmente sionismo da Coreia do Norte de 1950 a 1953,
quando não ocorre aumento salarial para a formação do Vietnã do Norte socialista de
compensar essa desvalorização. Ou seja, os Ho Chi Minh e a Revolução Cubana, em 1959,
preços dos produtos são reajustados, mas embalavam movimentos socialistas no mundo
os salários não. todo, apesar do duro golpe de 1956, quando os
crimes de Stálin foram revelados pelo novo che-
Salários mínimos no período (em fe do governo soviético, Nikita Krushev, o que
Cruzeiro – o padrão monetário da época) decepcionou muitos dos seus defensores.
1952 Cr$ 1.190,00
O sindicalismo brasileiro tinha uma forte
1954 Cr$ 2.300,00 ligação com o comunismo, e o fechamento
1956 Cr$ 3.700,00 do Partido Comunista, em 1947, não afastou
seus membros da militância política e sindi-
1959 Cr$ 5.900,00
calista. diversos sindicatos foram criados ao

23
longo do período estudado – em 1952, eram respostas que retratarem a reorganização das
2.085, número que, em 1964, chegou a 3.187, informações apresentadas durante a aula em
segundo o IBGE. forma de texto. As interpolações ou extrapo-
lações devem ser claras e coerentes.
Como esta Situação de Aprendizagem é
bastante expositiva – visando municiar o alu- Propostas de questões para avaliação
no com dados específicos sobre uma realidade
já estudada previamente –, e considerando o 1. O rádio acompanhou a história política do
objetivo de explicitar o contexto de cresci- Brasil, tendo sido utilizado por Vargas, pela
mento do movimento operário no Brasil após democracia e pela ditadura. Qual foi a impor-
o período varguista, sugerimos que a avalia- tância do rádio nas décadas de 1950 e 1960?
ção do conteúdo seja feita com base em uma
análise escrita pelos alunos, semelhante à que O rádio era o principal meio de difusão
foi feita na sala de aula em conjunto com o cultural nas décadas de 1950 e 1960 e suas
professor. novelas, músicas e notícias eram escutadas
por imensa parcela da população.
Portanto, discuta com os alunos e peça a
eles que respondam às seguintes questões em 2. O regime democrático no Brasil não avançou
uma folha avulsa e que a entreguem a você: de maneira linear, pois em 1954, 1961 e 1964 a
política brasileira viveu momentos de grande
a) Como o contexto da Guerra Fria in- tensão política. Caracterize esses momentos.
fluenciou a história do sindicalismo
brasileiro?
A democracia brasileira pós­Segunda
Guerra Mundial sofreu diversas tentativas
b) Como a economia incentivou o aumento
de golpes e violações dos direitos democrá­
das greves de trabalhadores no Brasil?
ticos, como a liberdade política, as eleições
e a liberdade de expressão. Nas datas re­
c) Qual é a importância dos sindicatos
para a constituição dos direitos do tra- feridas, ocorreram rupturas de mandatos
balhador, tanto nas décadas de 1950 e presidenciais que abalaram o andamento
1960 quanto hoje? republicano: em 1954, houve o suicídio de
Vargas e uma tentativa frustrada de golpe
d) Por que o socialismo está diretamente das forças armadas; em 1961, foi a vez da
ligado às lutas sindicais? renúncia de Jânio Quadros, motivada – se­
gundo suas palavras – por pressões exter­
avaliação da Situação de nas; em 1964, começou o regime militar no
aprendizagem Brasil.

O objetivo desta Situação de Aprendiza- 3. (Fuvest – 1996) depois da Segunda Guer-


gem é trabalhar a habilidade do aluno de, ra Mundial, os Estados Unidos conquista-
“dada uma distribuição estatística de variá- ram um lugar hegemônico tanto no plano
vel social e econômica, traduzir e interpretar mais geral da América Latina quanto no
as informações disponíveis, ou reorganizá- plano mais específico do Brasil. Isso ocor-
las, objetivando interpolações ou extrapo- reu, também, na área cultural. discorra
lações”, seguindo as orientações do exame sobre essa afirmativa, fundamentando
do Enem. Serão consideradas adequadas as seus argumentos.

24
História - 3a série - Volume 3

Depois da Segunda Guerra Mundial, por diversos caminhos. Porém, a crescente


os norte­americanos passaram a expor­ manifestação e a organização do operariado
tar o “american way of life” com mui­ latino-americano são um bom fio condutor
ta intensidade. Fazia parte de seu apoio para tratar dos temas relativos à questão.
econômico aos países destruídos e aos Para os alunos que não conseguiram rela-
novos aliados a demonstração da quali­ cionar tal fenômeno à Guerra Fria e ao des-
dade de vida e de consumo praticada em gaste político e econômico do populismo,
seu país. Paralelamente, a música popu­ segue uma sugestão de trabalho.
lar foi marcadamente influenciada pelo
rock­n’­roll, nascido nos Estados Unidos, Apresente, de maneira expositiva, o con-
enquanto o cinema – um poderoso veícu­ texto geral da Guerra Fria e seus efeitos na
lo de comunicação – difundia hábitos e América Latina. Em seguida, peça aos alunos
modas norte­americanos. que:
4. (Fuvest – 2002) É possível constatar seme- a) pesquisem sobre os princípios básicos
lhanças entre os governos de Getúlio Var- do socialismo marxista e sua relação
gas (Brasil), Lázaro Cárdenas (México) e com o sindicalismo na América Latina.
Juan domingo Perón (Argentina), pois es-
ses líderes: b) para melhor compreender o funciona-
a) assumiram a mesma posição diante da mento de uma organização sindical,
Segunda Guerra. pesquisem em sua cidade ou nas cidades
próximas um sindicato para responder
b) buscaram o apoio político das classes a questões como:
populares.
c) defenderam e puseram em prática ideias f Qual é o objetivo dessa instituição?
fascistas. f Qual é sua origem?
f Quais são os valores defendidos por ela?
d) nacionalizaram o petróleo e as estradas f Quais são os setores em que ela atua?
de ferro.
e) chegaram ao poder por intermédio de Com as informações das pesquisas, solici-
um golpe. te aos alunos que redijam um texto histórico
do sindicalismo nas décadas de 1950 e 1960
Os políticos indicados constituíram a base e o entreguem para avaliação. Em seguida,
de seu governo por meio da busca de apoio peça que exponham as informações da pes-
popular, concedendo benefícios aos traba­ quisa realizada com o sindicato e expliquem
lhadores e adotando medidas populares. em que aspectos o sindicalismo de hoje, re-
presentado pela organização pesquisada, se
diferencia do sindicalismo nas décadas de
Proposta de Situação de 1950 e 1960.
Recuperação
Como trata-se de uma temática distante do
O conteúdo relacionado ao estudo do cotidiano da maioria dos estudantes do Ensi-
tema “Movimentos sociais e políticos na no Médio, ajude-os a expressar os conceitos
América Latina e no Brasil nas décadas de corretamente, colaborando nas análises que
1950 e 1960” é vasto e pode ser conduzido eles apresentarem.

25
Recursos para ampliar a perspectiva Revista
do professor e do aluno para a
compreensão do tema dUARTE, Adriano Luiz; FONTES, Paulo. O
populismo visto da periferia: adhemarismo e
livros janismo nos bairros da Mooca e São Miguel
Paulista, 1947-1953. Unicamp, Cadernos Ar­
SAdER, Eder; HIRATA, Helena; LÖWY, quivo Edgard Leuenroth, v. 11, 2004. p. 87-122.
Michael; CASTRO, Sandra. Movimento ope­
Filme
rário brasileiro 1900­1979: introdução a uma
história do movimento operário brasileiro no Jango. direção: Silvio Tendler. Brasil, 1984.
século XX. Belo Horizonte: Vega, 1980. Co- documentário que retrata a vida de João
letânea de textos sobre o sindicalismo brasi- Goulart e a década de 1960, por meio de de-
leiro que utilizou documentação do arquivo poimentos de importantes políticos da época.
Edgard Leuenroth, da Universidade Estadu-
al de Campinas (Unicamp). Site

SINGER, Paul. A formação da classe operá­ Paixão e romance. disponível em: <http://
w w w. p a i x a o e ro m a n c e. c o m / 6 0 d e c a d a /
ria. São Paulo: Atual, 1985. O professor Paul
001aber60/haber60.htm>. Acesso em: 24 jun.
Singer retrata a origem e a construção do sin- 2009. Site que contém diversas músicas da dé-
dicalismo no Brasil, grande parte dessa histó- cada de 1960, com letras e a possibilidade de
ria vivenciada por ele. escutá-las.

SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 4
TORTURA E dIREITOS HUMANOS NA AMÉRICA LATINA

Esta Situação de Aprendizagem envolve sobre os desaparecimentos e as torturas que mar-


um tema delicado e que ainda não foi tratado caram os anos de ditadura militar (1964-1985).
com a seriedade necessária pelas autoridades Outros países latino-americanos, que viveram
brasileiras. Nosso país é criticado por diversas situações semelhantes, já investigaram seu pas-
organizações mundiais que lutam pelos direitos sado, localizaram corpos de desaparecidos e
humanos, em razão da falta de investigações abriram seus arquivos secretos para o público.

tempo previsto: 1 aula.

Conteúdos e temas: populismo e ditaduras militares na América Latina.

Competências e habilidades: comparar processos de formação socioeconômica, relacionando-os com


seu contexto histórico e geográfico.

Estratégias: análise de música da época.

Recursos: excertos de textos e letra de música.

avaliação: produção de texto.

26
História - 3a série - Volume 3

Pré-requisitos curriculares A morte de Stuart Angel foi revelada pelo


relato de outro preso, Alex Polari, que presen-
Recomenda-se que os alunos tenham conhe- ciou a tortura de Stuart no pátio da prisão da
cimento da situação política na América Latina Aeronáutica. Segundo o relato de Polari, o
quando da instalação dos regimes militares. rapaz havia sido amarrado em um jipe e ar-
rastado com o rosto junto ao escapamento do
Sondagem e sensibilização automóvel. Stuart, que já teria sido torturado
anteriormente, não resistiu aos ferimentos e
Inicie a aula comentando com os alunos morreu. Suspeita-se de que seu corpo, como
o sigilo que envolve os arquivos militares da diversos outros, foi atirado no mar.
época da ditadura militar brasileira. Há uma
série de arquivos que estão fechados à pesqui- Esta Situação de Aprendizagem está cen-
sa e à consulta pública por 30 anos, segundo a trada na leitura da letra da música “Angélica”,
Lei no 11.111, de maio de 2005, que confirma o composta por Miltinho e Chico Buarque, em
decreto no 4.553, de 2002. Ressalte aos alunos homenagem a zuzu Angel, que faleceu em 14
que há diversas famílias que não conhecem o de abril de 1976.
paradeiro de seus parentes desaparecidos na
época, não sabem onde seus corpos foram en-
terrados ou como morreram. angélica
Miltinho e Chico Buarque, 1977

Note que nesse momento não se preten- Quem é essa mulher


de responder a essa questão. No entanto, Que canta sempre esse estribilho?
ao final da Situação de Aprendizagem os Só queria embalar meu filho
alunos deverão ter se apropriado de in- Que mora na escuridão do mar
formações que lhes permitam argumentar
Quem é essa mulher
sobre o assunto. Se julgar interessante, ins-
Que canta sempre esse lamento?
tigue a curiosidade dos alunos com a se- Só queria lembrar o tormento
guinte questão: Por que o Brasil não libera o Que fez meu filho suspirar
acesso às informações contidas nos arquivos
militares? Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Roteiro para aplicação da Situa- Só queria agasalhar meu anjo
ção de aprendizagem E deixar seu corpo descansar

Há um caso de desaparecimento na ditadu- Quem é essa mulher


ra militar brasileira que comoveu grande parte Que canta como dobra um sino?
da população e causou muitas discussões na Queria cantar por meu menino
época: o desaparecimento de Stuart Angel, es- Que ele já não pode mais cantar
tudante, filho da estilista zuzu Angel, ocorrido
em 1971. A mãe lutou para conhecer o desfe- Quem é essa mulher
cho da vida de seu filho e enterrar seu corpo. Que canta sempre esse estribilho?
zuzu Angel morreu, em 1976, em um acidente Só queria embalar meu filho
de carro, cujas causas nunca foram explicadas. Que mora na escuridão do mar
Um filme feito em 2006 retrata o drama de Warner Chappell Edições Musicais Ltda © by Marola
zuzu, interpretada por Patrícia Pillar, que pode Edições Musicais. Todos os direitos reservados.
servir de base para você preparar a aula.

27
Peça aos alunos que pesquisem a letra, e Pública e Social (dops) e os destacamentos de
que busquem ver alguns dos clipes que podem Operações de Informações (dOI). O jornalista
ser facilmente encontrados na internet, a par- Élio Gáspari comenta que “seria muita inge-
tir do nome do autor e da música. Você pode nuidade acreditar que os generais Emílio Mé-
também levar a música para ser ouvida pelos dici e Orlando Geisel criaram os dOIs sem ter
alunos em sala de aula, se assim julgar conve- percebido que a sigla se confundia com a tercei-
niente, como também apresentar a letra utili- ra pessoa do singular do presente indicativo do
zando algum recurso audiovisual. verbo doer”3. Grande parte do aparato técnico
dos órgãos de repressão brasileiros foi aprendi-
Como exercício, pede-se no Caderno do Alu- do com agentes da CIA norte-americana; aliás,
no que, após o contato com a letra da música, o Plano Condor demonstrou a preocupação do
os alunos escolham e analisem três versos que governo dos Estados Unidos com os rumos da
sejam representativos da situação vivida por política sul-americana.
zuzu Angel. Lembre-os de considerar na análi-
se os conhecimentos sobre os processos de tor- O Brasil não era a única nação da América
tura utilizados durante a ditadura militar, como Latina a passar por um período de ditadura mili-
sobre outras irregularidades de que se tem notí- tar, estabelecida – aqui e nos demais países – sob
cia envolvendo o governo militar e civis. direta influência dos Estados Unidos, como na
derrubada do presidente Salvador Allende, no
No momento da correção da atividade, Chile (1973), sucedida por uma das mais violen-
procure destacar e explicar alguns versos-cha- tas e duradouras ditaduras latino-americanas,
ve, como: mantida sob o comando do General Pinochet.

f “Só queria embalar meu filho / que mora O governo brasileiro, a exemplo dos de-
na escuridão do mar”; mais, negava a tortura, como na carta divul-
f “Só queria lembrar o tormento / que fez gada pelo Planalto, em 1970:
meu filho suspirar”;
f “Só queria agasalhar meu anjo / e deixar
seu corpo descansar”. “Não há tortura em nossas prisões. Tam-
bém não há presos políticos. Essa intriga, na
É interessante ressaltar aos alunos que di- sua desfaçatez, busca gerar discórdia entre
versos setores da sociedade civil da época de- nações democráticas, amigas e aliadas, es-
fendiam a atuação do Exército em repressão tancar o fluxo de investimentos no país, em
aos grupos de resistência, qualificados como uma palavra, enfraquecer o Brasil e com isso
subversivos e terroristas. enfraquecer a comunidade de nações livres.”
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo:
A tortura era operacionalizada por uma Companhia das Letras, 2002. p. 287.
máquina que encobria assassinatos, criando
justificativas infundadas, além de prender e
torturar pessoas para obter informações, ten- Peça aos alunos que discutam o excerto
do diversas linhas de financiamento, inclusive acima e respondam, depois de uma breve dis-
privadas, e sendo burocraticamente complexa. cussão, às seguintes questões, reproduzidas no
São exemplos dessa máquina a Operação Ban- Caderno do Aluno, em forma de avaliação in-
deirante (Oban), o departamento de Ordem dividual ou em pequenos grupos.

2
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 175.

28
História - 3a série - Volume 3

a) Por que o governo militar insistia em b) Os torturados eram pessoas considera­


afirmar que não havia tortura? das subversivas, ou simplesmente pessoas
que a máquina de repressão considerava
b) Quem eram os torturados e qual o mo- fontes de informações importantes. Outros
tivo de sua prisão? eram perseguidos pela polícia por envolvi­
mento em grupos de contestação mais di­
c) Por que o governo norte-americano reta ao regime, havendo entre eles aqueles
sustentava ditaduras na América Lati- que promoviam assaltos a bancos, atenta­
na? Qual é a relação entre esse apoio e o dos contra apoiadores do regime militar e
contexto da Guerra Fria? sequestros de autoridades diplomáticas in­
ternacionais.

“Após a Segunda Guerra Mundial, com c) Os governos ditatoriais sul­americanos,


a sua inclusão na declaração dos direitos em sua grande maioria, eram regimes de di­
Humanos, o acesso às informações em do- reita que abominavam a ideologia socialis­
cumentos de arquivo deixou de ser privilégio ta. No contexto da Guerra Fria, sustentar
dos historiadores e passou a ser um direito ditaduras militares era uma forma eficaz
do cidadão.”
para os norte­americanos conterem o avan­
COSTA, Célia. M. Leite. Memória proibida. In: ço do socialismo.
Revista Nossa História. Ano 2, n. 16, fevereiro de
2005. p. 70. d) Há diversas implicações, tais como a des­
coberta de mais nomes ligados à tortura e que
ainda hoje estão vivos. No Brasil, durante as
d) Relacione o texto da historiadora à res-
negociações de abertura do regime, a anistia
trição ao acesso às informações dos ar-
foi geral. Militares libertaram presos políti­
quivos sobre a ditadura.
cos e conseguiram garantir a manutenção do
avaliação da Situação de sigilo sobre documentos incriminatórios.
aprendizagem
Propostas de questões para avaliação
A avaliação dos produtos concentra-se,
principalmente, na habilidade de leitura e es- 1. “Havia outra porta. Não era, exatamente, a
crita dos alunos. Procure argumentação sólida escolhida por outro presidente. Esse [refere-
e coerente, de acordo com o estudo do contex- se a Vargas], por motivos vários, admitira
to da época nesta Situação de Aprendizagem. um inquérito e, só muito tarde, percebeu
que o procedimento objetivava a sua pes-
Para cada questão, espera-se que os alunos soa. Só lhe restou a dignidade na morte.
respondam: Vi, claramente, isso. Não era contingência
a que me devesse entregar, porque, mercê de
a) Os governos militares latino­americanos, deus, mantinha ainda a dignidade em vida.
de maneira geral, mascaravam a ditadura Por isso renunciei.”
para evitar críticas de órgãos internacio­
nais de defesa dos direitos humanos. Como, QUAdROS, Jânio. Razões da renúncia. Impresso divul-
legalmente, não poderia haver tortura no gado em 15 de março de 1962. In: KOIFMAN, Fábio
Brasil, ela era praticada nas dependências (Org.). Presidentes do Brasil. São Paulo: Cultura, 2002.
de prisões e quartéis. p. 514.

29
O texto acima é um relato de Jânio Qua- 3. Há indícios da participação norte-america-
dros sobre sua renúncia ao cargo de presi- na na sustentação dos regimes ditatoriais
dente da República, em 1961. Compare o na América Latina. O Plano Condor e o
contexto da sua renúncia ao do suicídio de treinamento das forças bélicas desses países
Vargas, em 1954, baseando-se no texto. pela agência de espionagem norte-americana
(CIA), nascida no contexto da Guerra Fria,
Quando Vargas se suicidou, em 1954, ha­ são dois exemplos.
via uma forte pressão do capital estrangeiro Pergunta-se:
contrária à sua política nacionalista, evi­
a) Quais eram os interesses norte-america-
dente na nacionalização da exploração do
nos na sustentação desses regimes?
Petróleo. As suspeitas levantadas sobre o
envolvimento de Vargas no atentado da Rua As ditaduras militares sul­americanas eram
Toneleiros e o seu passado ditatorial contri­ regimes sustentados pela direita e pelas clas­
buíram para a crise política de seu governo, ses médias dos países em que se instaura­
que, além do suicídio, foi marcado no final ram. Asseguravam um regime de repressão
por uma tentativa de golpe militar. No caso ao avanço do socialismo, além de aliados
de Jânio Quadros, a Guerra Fria chegava à econômicos, nos quais as políticas de desen­
sua década mais acirrada e a perigosa apro­ volvimento nacional, elaboradas pelos go­
ximação entre Brasil e Cuba e o bloco socia­ vernos, favoreciam o capital estrangeiro.
lista não foi aceita pelos norte­americanos e b) Cite dois exemplos de países sul-ameri-
pela direita brasileira. Após a sua renúncia e canos que constituíram ditaduras mili-
um breve governo de seu vice, João Goulart, tares durante a Guerra Fria.
os militares tomaram o poder.
Podemos citar, dentre outros, Argentina,
Chile, Uruguai e Paraguai.
2. “Até o momento em que se constata o
malogro do Plano Trienal, o governo con- 4. (Fuvest – 2002) “Na presidência da Repú-
seguiu um relativo apoio político de ex- blica, em regime que atribui ampla autori-
pressivos setores da burguesia industrial dade e poder pessoal ao chefe de governo,
brasileira (na posse, no plebiscito, na exe- o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem
cução inicial do Plano Trienal etc.). Mas, dúvida alguma, no mais evidente incenti-
vo a todos aqueles que desejam ver o país
diante da incapacidade do Executivo – de
mergulhado no caos, na anarquia, na luta
um lado, em reverter a tendência de estag- civil.” (Manifesto dos ministros militares
nação da economia e, de outro, em pôr fim à Nação, em 29 de agosto de 1961).
às crescentes reivindicações e greves das Esse manifesto revela que os militares:
classes trabalhadoras –, a quase totalidade
da burguesia nacional passou a conspirar a) estavam excluídos de qualquer poder no
ativamente contra o governo.” regime de democracia presidencial.
TOLEdO, Caio Navarro. O governo Goulart e o golpe b) eram favoráveis à manutenção do regi-
de 64. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 117. me democrático e parlamentarista.
Segundo o autor, qual é a explicação para a c) justificavam uma possibilidade de inter-
ascensão dos militares ao poder em 1964? venção armada em regime democrático.
d) apoiavam a interferência externa nas
O autor explica a ascensão dos militares ao po­
questões de política interna do país.
der em virtude de uma ineficiência do Executi­
vo em lidar com a estagnação econômica e com e) eram contrários ao regime socialista im-
as reivindicações das classes trabalhadoras. plantado pelo presidente em exercício.

30
História - 3a série - Volume 3

As medidas divulgadas pelo anúncio das Re­ regime militar no Brasil, por exemplo a Guer-
formas de Base no governo de Goulart e o ra Fria, a repressão e o crescimento econômi-
passado do presidente, ligado ao getulismo, co. A seguir, apresentamos uma sugestão de
contribuíram para a insatisfação das forças trabalho.
armadas com os rumos da política brasilei­
ra, alimentando o forte desejo de intervir e Enumere, em conjunto com os alunos, os
afastar João Goulart da presidência. principais interesses envolvidos e o direciona-
mento político de algumas instituições que an-
5. durante os regimes ditatoriais militares da tecedem a implantação do Regime Militar de
América do Sul, a máquina de repressão 1964, tais como: o governo norte-americano,
criada pelos governos valia-se de práticas a direita burguesa brasileira e o governo de
como prisão, censura e tortura. Sobre a João Goulart. A seguir, oriente-os a pesquisar
tortura no Brasil, no período citado, pode- as características da ditadura militar brasilei-
mos afirmar que: ra e o rumo crescente da repressão política até
a aprovação do AI-5, destacando as medidas
a) era legalizada pela Constituição da épo-
restritivas que impôs à sociedade.
ca, sendo incentivada pelos órgãos de
repressão e pela maioria da população.
Organize os alunos conforme você consi-
b) era pública e divulgada abertamente dere adequado. Sugerimos que sejam forma-
nos meios de comunicação da época, das duplas ou trios. Cada grupo de alunos
tais como jornais e revistas. deverá focar as suas pesquisas em uma ocor-
c) era praticada somente pelas forças de elite rência que envolva repressão aos direitos de
do governo, em locais especiais e prepa- expressão neste período. Elabore uma lista
rados para atender emergências médicas. com episódios que considerar pertinentes.
Aqui sugerimos algumas possibilidades,
d) não era legalizada pela Constituição da como:
época, sendo realizada em porões e pri-
sões, explicando-se as mortes frequentes
a) a morte de Vladimir Herzog;
dos torturados por motivos fantasiosos.
b) a censura à imprensa escrita (neste caso po-
e) não houve, em momento algum, indig- de-se pesquisar especificamente o Pasquim e
nação por parte da sociedade em relação sua trajetória);
à prática da tortura, pois os torturados c) o exílio de Herbert José de Souza, irmão
eram pessoas consideradas “subversi- do cartunista Henfil;
vas” e “inimigas”. d) a repressão ao espetáculo teatral Roda Viva;
A tortura não era oficializada pelo Exérci­ e) a repressão ao movimento estudantil e à
to. Durante a ditadura, a morte e o desa­ União Nacional dos Estudantes (UNE).
parecimento das vítimas de perseguições e
torturas eram justificados como suicídios, Oriente os alunos a construir a biografia
brigas ou simples desaparecimentos. das pessoas em foco, quando for o caso; se
a pesquisa estiver centrada em uma insti­
tuição, oriente­os a construir seu perfil po­
Proposta de Situação de lítico, sua finalidade e atuação na época da
Recuperação ditadura.

Os alunos em recuperação devem focar O produto deverá ser um texto histórico a


seus estudos, quanto a esse assunto, prin- ser entregue para avaliação. Caso haja tem­
cipalmente nos pilares de sustentação do po disponível, organize uma socialização

31
das pesquisas, de maneira que todos possam COSTA, Célia. M. Leite. Memória proibida.
ampliar seus conhecimentos ao partilhar o In: Revista Nossa História. Ano 2, n. 16, fe-
trabalho com os colegas. vereiro de 2005. p. 70-75. Este texto discute
a questão da abertura dos arquivos secretos
Recursos para ampliar a perspectiva para o conhecimento público.
do professor e do aluno para a
compreensão do tema Filmes
livros Cabra cega. direção: Toni Venturi. Brasil,
2005. 107 min. Inadequado para menores de
GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. 14 anos. drama que relata a vida de militantes
São Paulo: Companhia das Letras, 2002. perseguidos pela ditadura militar. Conflitos
_____. A ditadura escancarada. São Paulo: pessoais e a causa da resistência permeiam a
Companhia das Letras, 2002. história de três jovens.
_____. A ditadura derrotada. São Paulo: Com- Zuzu Angel. direção: Sérgio Rezende. Brasil,
panhia das Letras, 2003. 2006. 100 min. Inadequado para menores de
_____. A ditadura encurralada. São Paulo: Com- 14 anos. O filme é baseado na vida da estilis-
panhia da Letras, 2004. ta que buscou conhecer o destino de seu filho,
Os quatro volumes da coleção, fruto de uma preso político no Brasil, cujo corpo desapare-
ampla pesquisa, fornecem um panorama geral ceu nas prisões militares.
da ditadura brasileira.
Site
Revistas
Acervo da luta contra a ditadura. disponível
Coleções Caros Amigos. A ditadura militar no em: <http://www.acervoditadura.rs.gov.br>.
Brasil, volumes 1 a 12. São Paulo: Caros Ami- Acesso em: 24 jun. 2009. Site com lista dos no-
gos, 2008. Série especial da revista com rela- mes dos desaparecidos políticos na época da
tos, fotografias e documentos sobre o regime ditadura militar, músicas censuradas e suges-
militar no Brasil. tões bibliográficas.

COnSidERaçõES FinaiS
As Situações de Aprendizagem propostas amplitude de relações que permitem a produção
para o 3o volume buscam estabelecer as re- de inferências locais na direção das inferências
lações pertinentes entre o contexto político globais, entendendo os destinos políticos do
que caracteriza a Guerra Fria, o desenvol- país como parte de tensões políticas mundiais.
vimento tecnológico e a ética envolvida na
utilização desses avanços com finalidades de As estratégias propostas, ao privilegiarem
dominação. Na divisão do mundo em dois a análise documental, a pesquisa e a produção
blocos políticos, as relações estabelecidas textual, apontam na direção da autonomia in-
entre os EUA e a América Latina têm desta- telectual do aluno que está próximo de fina-
que, tanto do ponto de vista da resistência lizar o Ensino Médio, sendo capaz de buscar
caracterizada pela ocorrência da Revolução informações, analisá-las e expô-las de forma
Cubana como do alinhamento brasileiro autônoma. As sugestões para o 3o volume vi-
aos interesses americanos, analisados no sam também contribuir para uma produção
contexto da ditadura militar de 1964. em sala de aula que enfatize o debate, o posi-
cionamento crítico dos alunos e a valorização
Espera-se que os alunos (re)conheçam o dos direitos humanos, possibilitados pelo co-
contexto político recente da nossa história na nhecimento histórico do período enfocado.
32

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