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A Situação Existencial do Idoso

O estudo da psicopatologia da velhice a partir de três aspectos concretos:


saúde mental, percepção do envelhecimento e autonomia funcional.
Segundo César Vásquez Olcese (2001), parece haver diferenças
significativas entre saúde mental e percepção do envelhecimento.

Em países como o nosso, cheios dos problemas derivados do


subdesenvolvimento e de necessidades cada vez maiores, normalmente o
Estado tende a fixar sua atenção e esforço na solução de problemas
conjunturais, problemas que afligem à generalidade dos habitantes. O
estado empobrecido não prestigia determinados setores da população,
como exigiria a terceira idade.

Por isso, é quase certo dizer que os idosos de nossa sociedade estão
marginados. Eles estão excluídos da produção contra sua vontade, tornam-
se pouco consumidores, tendem a consumir maiores recursos da saúde, e
acabam sobrevivendo a expensas de uma sociedade quase sempre hostil,
recebendo as ajudas caridosas que esta se digna oferecer-lhes. Estão
excluídos da produção porque ninguém lhes dá emprego, tornam-se pouco
consumidores porque não têm dinheiro, não têm dinheiro porque ninguém
lhes dá emprego, e consomem recursos da saúde porque adoecem, e
adoecem mais porque não têm recursos para a saúde. Forma-se assim um
deplorável círculo vicioso.

A mídia foi a primeira a detectar essa situação deplorável dos idosos. Os


idosos só aparecem em propaganda de planos de saúde, no marketing de
supermercados estão as pessoas de meia idade e todos os demais prazeres
da vida são monopolizados pelos jovens, irrequietos, barulhentos e
coloridos. Mas quem para a conta dos prazeres são as pessoas de meia
idade e quem ajudou a erigir a estrutura social, essa mesma estrutura
social dos prazeres, forma os idosos.

Infelizmente, um dos sintomas deste descuido social geral para com o idoso
é o escasso conhecimento que se tem de sua realidade psicológica, de sua
subjetividade e da percepção que ele tem de si mesmo e do mundo em que
vive. Os estudos referidos à velhice se concentram, em geral, nos aspectos
demográficos, socioeconômicos, de seguridade social e de saúde física,
deixando de lado a saúde emocional e o colorido dos sentimentos da pessoa
que envelhece.

É pois, imperioso que a sociedade de um modo geral, e a medicina


psiquiátrica em particular, se aproximem e conheçam a dimensão subjetiva,
a problemática da saúde emocional e as potencialidades subjacentes do
idoso. Muito pouco se sabe sobre como o idoso percebe a si mesmo e a seu
envelhecimento, e isso será apenas o primeiro passo para estabelecer uma
atenção psicológica e rastrear os fatores materiais e sociais que a
determinam a angustia e a depressão que rodeiam o envelhecimento.

A Saúde Mental do Idoso


Saúde Mental poderia ser entendida como o equilíbrio psíquico que resulta
da interação da pessoa com a realidade. Essa realidade é o meio
circundante que permite à pessoa desenvolver suas potencialidades
humanas e, normalmente, essas potencialidades estão estreitamente
associadas à satisfação das necessidades humanas.

Uma das principais necessidades humanas básicas, para o idoso ou


qualquer um outro, é a chamada Autonomia Funcional. Esta, diz respeito à
capacidade que tem a pessoa para valer-se de si mesmo, interatuar com o
ambiente e satisfazer suas necessidades.

Percepção do envelhecimento é a manifestação subjetiva das alterações


sofridas a nível somático e funcional, atribuibuídas ao envelhecimento. Isto
se expressa numa troca da identidade pessoal, a imagem corporal, a
autovalorização, etc. Operacionalmente pode definir-se como a auto-
atribuição de traços de velhice. Assim sendo, a percepção do
envelhecimento se dá, mais destacadamente, nas seguintes observações:

Alterações na aparência física


A grande maioria dos idosos se percebe com menos cabelo, cabelos brancos
(91.2%); manchas e rugas na pele (81.1%); problemas de visão e de
audição (74.9%); déficit na força muscular (59.7%), etc. A isso se associa
uma característica psicológica, que é um forte apego ao passado (57.2%).

Os fatores sociais e os elementos gerais parecem exercer uma forte


influencia. As mulheres levam mais em conta as mudanças em sua
aparência externa, os homens, por sua vez, ressentem mais a debilidade
física.

Dentro da percepção do envelhecimento, cabe chamar a atenção sobre a


explicação que os idosos realizam de sua velhice, e sobre a rapidez com que
esta se instaura para eles. O ritmo do envelhecimento é percebido de forma
diferente por homens e mulheres. A maioria dos homens (59.1%) pensa
envelhecer de forma lenta ou pouco a pouco. As mulheres (52.7%), em
troca, vêem este processo como algo normal, nem lento nem rápido.

A correlação entre Saúde Mental e Percepção do Envelhecimento faz supor


uma influência negativa dos problemas psicológicos sobre a autopercepção
dos idosos. A presença de ansiedade, irritabilidade, sensação de
insuficiência, de inutilidade, entre outras, pode levar aos idosos a
supervalorizar (e em alguns casos extremos, a acelerar) alguns traços
próprios da velhice.

Da mesma forma, é lícito supor que a presença de certos traços do


envelhecimento e seus efeitos nas vidas das pessoas possam gerar
problemas psicológicos, já que, ao que parece, as limitações do
envelhecimento e a marginalização social concomitante, terminam por
afetar o equilíbrio interno dos indivíduos. O mais provável é que exista uma
influencia recíproca entre ambos fatores, os mesmos que à maneira de um
círculo vicioso se retro-alimentam mutuamente.

Autonomia Funcional
Entre as principais características da perda progressiva da Autonomia
Funcional estão os problemas de mobilidade, de mover-se de um lugar a
outro, principalmente entre lugares distantes (40.9%). Outra limitação
importante está no ato de preparar seus alimentos (32.7%) e, finalmente,
em conseguir as coisas que necessitam (29.6%).

A discriminação que sofrem as mulheres no campo ocupacional, econômico,


familiar e outros, notadamente a descriminação maior da qual foi vítima a
mulher hoje senil, produz um efeito acumulativo que acaba resultando
numa velhice mais problemática.

Tendo uma vida marginalizada e deficitária produz-se, quase sempre, uma


velhice com problemas. Neste sentido, está certo o ditado que diz:
“envelhece-se como se viveu”. Isso significa que o envelhecimento pode ser
problemático na medida em que a vida tenha sido complicada ou, mais
comumente, na medida em que a pessoa teve dificuldade em adaptar-se à
vida.

As condições materiais de existência e o suporte familiar são fatores


decisivos na sensação de Autonomia Funcional dos idosos. Estando suas
necessidades melhores satisfeitas, haverá maior independência e liberdade
de ação.

Em síntese, muitos problemas da Autonomia Funcional podem ser


explicados a partir de fatores individuais, familiares e sociais. Entre os
fatores individuais, em primeiro lugar se encontra o perfil psicológico e
mental prévio da pessoa que envelhece, em seguida vem o nível
educacional, as experiências vitais críticas, os acidentes, as doenças
pregressas e atuais, a ocupação pregressa e atual, etc.

Socialmente, está em primeiro lugar, sem dúvida, a contundente influência


restritiva que a sociedade exerce sobre os idosos, limitando suas
possibilidades de atuação, oprimindo-os sob os modelos e padrões do
"velho", e restringindo suas possibilidades de participação. De modo geral,
não existe uma velhice típica, padrão, característica e igual. Existem
múltiplas velhices; tantas como sociedades, culturas e classes sociais.

A Depressão e outros transtornos do humor, incluindo também as


alterações ansiosas, são problemas psicológicos que, em muitíssimos casos,
se expressam através de uma ampla variedade de transtornos físicos e
funcionais na senilidade. Os próprios sintomas emocionais depressivos e
típicos se constituem numa das principais queixas dos idosos.

Um dos mais adequados modelos de abordagem da depressão na terceira


idade é o modelo bio-psico-social, o qual, como diz o nome, congrega os
aspectos sociais, psicológicos e orgânicos como ingredientes necessários
para produzir e manter o quadro depressivo. Sobre esse modelo bio-
psicosocial, atualmente muito aceito, a medicina poderia atuar com eficácia
num ou dois, ficando o aspecto social submetido à atuação política,
notadamente nessa questão da terceira idade.

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