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^£Stratégi4
STARBUCKS
TRADUÇÃO THEREZA
FONSECA
<2
ELSEVIER CAMPUS
Do original: The Starbucks Experience
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por McGraw-HilI
Copyright © 2007 by Joseph A. Michelli © 2007, Elsevier Editora Ltda.
ClP-Brasil. Catalogação-na-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
M57e Michelli, Joseph A., 1960-
A estratégia Starbucks: 5 princípios para transformar sua
empresa em uma experiência extraordinária / Joseph
Michelli; tradução de Thereza Ferreira Fonseca. - Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007 - 3a Reimpressão.
*Nota da Tradutora: Bebida preparada à base de café, leite desnatado, baunilha e espuma, que
pode ser servida quente ou gelada.
com Lara Wyss, de Relações de Mídia. Lara, juntamente com Dub Hay, vice-
presidente sênior de Compras Globais e de Café, e toda a equipe do Centro de
Apoio Starbucks aos Agricultores da Costa Rica, serviram de guia para minha
Agradecimentos
Hill, mas também foi minha confidente, torcedora, crítica honesta e amiga.
Martha é uma voz inspiradora em tempos turbulentos. Ela também se
associou a meu incrível agente editorial, Lloyd Rich, para garantir que todos
os aspectos legais fossem meticulosamente cobertos. Donya Dickerson e o
ótimo Jeffrey Krames da McGraw-Hill fizeram com destreza o que poucos
editores conseguem: deram forma a esta obra e a encaminharam diretamente
para o mercado que eu mais queria atingir. Seus comentários criteriosos e
oportunos levaram o manuscrito para outro patamar.
Um sem-número de pessoas leu este livro em suas várias interações,
acrescentando algo ao produto final e, entre elas, estão Nora Michelli, Heidi
Newman, Judy Stenftenagel, Judy Dreis, Alice Manning e Ruth Mannino.
No aspecto artístico, o talento de Anthony Landi, Terry Moore e Heather
Sams não passa despercebido. O trabalho de Jack Heffron no Guia do Leitor
reflete seu talento raro em transformar idéias em oportunidades de
aprendizado. Sou grato por isso.
Na verdade, este livro devia espelhar o nome de dois autores. A energia
e a alma são de Lynn Stenftenagel. Lynn, minha assistente e gerente
administrativa, entrevistou, pesquisou, editou, reescreveu, compilou, chorou
por este livro e o adorou. Sem ela, ele teria sido um panfleto, e bem pobre,
na melhor das hipóteses. Sinto-me honrado por ela ter permitido que eu o
escrevesse com ela.
Como sempre, este livro não poderia ter sido escrito sem o amor e o
apoio de minha família e meus amigos. Posso ter escrito um monte de
palavras no texto, mas nunca consigo encontrá-las para expressar minha
gratidão a um Deus que me deu tanto. Nora, nós já passamos por tanta
coisa! Obrigado por continuar se esforçando no interesse da família. Aceite
minha mais profunda e sincera gratidão por tudo que compartilhou comigo
durante nossa vida juntos. Fiona e Andrew, agora vou desligar meu
computador e ir para casa, mas, antes, levanto esta xícara a todos que
fizeram parte de A Estratégia Starbucks e faço este singelo brinde de
gratidão.
Prefácio
• Consultoria a CEOs
• Treinamento corporativo
• Serviços de desenvolvimento de equipes de liderança
• Estratégias de facilitação de grupo e formação de equipe
• Plano de desenvolvimento individual
• Criação de sistemas de gestão aberta
• Programas de gestão e de treinamento de linha de frente per-
sonalizados
S um ári o
Introdução i
Bibliografia 169
índice 183
Introdução
todos e não deixando nosso pessoal para trás, é um exemplo notável de como
construir um negócio da maneira correta.” Do ponto de vista da Starbucks, essa
“maneira correta” de fazer negócios significa realmente transformar os
funcionários em sócios - acionistas com participação no resultado da empresa.
A liderança da Starbucks apresenta uma filosofia de renovação em uma
época em que muitos CEOs embolsam milhões, enquanto deixam insolventes
os fundos de pensão de seus funcionários. Os executivos da empresa
continuam, com respeito e boa vontade, a compartilhar os lucros com seu
pessoal. Com a partilha, os parceiros reconhecem o vínculo direto entre seus
esforços e o sucesso da organização.
A importância desse ganho compartilhado reflete-se nas conversas com
indivíduos como Omollo Gaya, um parceiro Starbucks do Kenya que emigrou
para os Estados Unidos. Quando estava na sala de degustação de café no
Centro de Apoio Starbucks, em Seattle, Omollo confidenciou: “Eu vendi
minhas opções de compra de ações da empresa depois de seis anos, e peguei os
US$25 mil para construir uma nova casa de quatro dormitórios para minha
mãe, que é viúva. Esta é minha empresa. Eu sou o dono e sou responsável por
gerar excelência, assim como o tratamento que recebi também foi excelente.” A
lucratividade da Starbucks foi boa para Omollo e, de modo recíproca, a paixão
e o senso de responsabilidade de Omollo beneficiam a empresa.
Muitos dirigentes e líderes empresariais não falam a seus funcionários
sobre a importância do lucro. É como se “lucro” fosse um palavrão ou uma
preocupação que não diz respeito aos trabalhadores. Em contrapartida, a
direção da Starbucks fez um trabalho excepcional em vincular o ganho
financeiro dos parceiros ao lucro da Starbucks e em ajudá-los a entender que o
lucro é a força vital dos negócios. Até a declaração de missão reconhece que os
parceiros precisam comprometer-se com a “lucratividade, a qual é essencial
para o sucesso futuro”. Os lucros aumentam não apenas a amplitude do
mercado da Starbucks, mas também a esfera de ação de sua influência social
positiva e a capacidade de proporcionar benefícios de qualidade para os
parceiros. Os benefícios incluem seguro-saúde para os empregados que traba-
lham 20 horas semanais, algo que os parceiros Starbucks recebiam muito antes
de tal coisa ser considerada, quanto mais adotada, por outras organizações.
Mas o tratamento que os parceiros recebem na empresa vai muito além de
opções de compra de ações e seguro-saúde. Por exemplo, eles recebem amplo
treinamento em conhecimento do produto, princípios orientadores de sucesso,
autonomia pessoal e a importância de proporcionar experiências amigáveis
para o cliente. Em contraste chocante com as 500 maiores empresas
Introdução
Para conseguir isso, a atmosfera das lojas deve ser convidativa; ela deve
ser um lugar onde a pessoa se sinta bem sozinha ou na companhia de amigos.
Esse ambiente, não raro chamado de “terceiro lugar” pelos parceiros Starbucks,
deve ter calor humano único que o diferencie dos dois primeiros lugares na
vida da maioria das pessoas: casa e escritório.
Os clientes podem personalizar seu café, com a ajuda simultânea do
barista (palavra italiana para barman e termo usado na Starbucks para
preparador de café). A personalização visa satisfazer as expectativas especiais
de cada cliente e geralmente envolve temperaturas específicas, leite de soja e
jatos de sabores variados. Não é raro ouvir pedidos personalizados para
bebidas tão complicadas como “quad (quatro jatos de expresso) com dois jatos
de baunilha, i e 1/4 de jato de avelãs sem açúcar, ristretto latte (expresso curto
com leite) com 1/4 de leite de soja, metade desnatada, 1/4 de leite orgânico
extraquente, três cubos de gelo e chantili”. Pedidos como esse são apenas parte
da riqueza da Experiência Starbucks personalizada.
Embora detalhes aparentemente intermináveis façam parte da criação do
vínculo emocional que sentem os clientes leais da empresa, normalmente o
aspecto mais importante desse vínculo é o investimento pessoal dos parceiros.
Como Howard Schultz observou no brandchan- nel.com:
Seth Godin, autor de A Vaca Roxa, relata a diferença que observou entre os
funcionários da Starbucks e os de estabelecimentos varejistas similares.
Quando Seth se dirigia para uma loja Starbucks, ele ouviu, por acaso, dois
jovens de um restaurante de fast-food próximo reclamando, em detalhes,
de seus empregos. Em contrapartida, ao entrar na Starbucks, Seth “notou,
pendurado bem no canto, aparentemente para que não fosse examinado
pelos clientes, um quadro de avisos. Estava cheio de fotos de funcionários.
O pessoal em um piquenique, num parque de diversões, fazendo
brincadeiras... se fosse possível preparar um chá de ervas com entusiasmo,
era isso que faziam. Se fosse possível tornar prazerosa uma operação de
US$4, eles conseguiam”.
Godin relata como os parceiros daquela Starbucks “agiam como se
fossem os donos da loja”, de maneira sólida e competente. Nas palavras
dele, os funcionários optaram por descobrir a alegria em seu trabalho, “o
que ajudava não apenas a Starbucks, mas também eles próprios. Tudo de
que eu precisava fazer era olhar pela janela para ver a diferença. Acho que
aqui há uma grande lição. Não apenas para os profissionais de marketingj
que vendem soluções de interação... mas também para os funcionários”.
Essa grande lição é a Experiência Starbucks - um comprometimento com o
bem comum de todos os funcionários e clientes. Isso é possível com a
criação de sistemas que responsabilizem a liderança e os funcionários por
esse comprometimento, compartilhando a recompensa da tarefa árdua e
encorajando a lucratividade. Ao projetar a visão da melhor experiência
possível para o cliente e ajudar constantemente os parceiros a
concretizarem essa visão, a liderança da Starbucks vê seu pessoal
incrementar os negócios e o lucro crescer.
Introdução
permanecer vigilante
Apesar do sucesso da empresa, a direção da Starbucks tem consciência da
vulnerabilidade atual e futura. Por exemplo, quanto maior fica a empresa, mais
difícil será sustentar a inigualável Experiência Starbucks. Resumindo, nas
palavras de Howard Schultz, a Starbucks tem de trabalhar “para permanecer
pequena enquanto cresce”. Com esse intuito, o futuro da empresa reside nos
milhões de interações positivas diárias de seus parceiros em toda a organização.
Anne Ewing, diretora de desenvolvimento para a região do Meio- Oeste,
declara: “O café é esse fantástico produto agrícola que serve de veículo para
iniciarmos a conversa com o cliente, nos serve de ponte. Café tem vida própria e
uma rica história, e nós vamos contá-la. No final, nosso sucesso está ligado às
diferenças sutis nas lojas, que resultam em algo especial. Devemos permanecer
vigilantes em relação a muitas coisas: nossa concepção, como os parceiros se
sentem quando colocam o avental verde, e criar um lugar especial para nosso
pessoal trabalhar e para receber nossos clientes.”
Para a diretoria da Starbucks, a criação de interações “especiais” com os
clientes é um desafio extraordinário. A força de trabalho cresceu de forma
exponencial, de ioo, em 1987, para mais de 100 mil, em 2006. Em virtude do
crescimento rápido e contundente da Starbucks, sua direção enfrenta o desafio
de atrair mão-de-obra de qualidade e treiná-la ao estilo da empresa, ao mesmo
tempo que sustenta a cultura na qual os funcionários se esmeram nas relações
com os clientes. E quase como um número gigante de malabarismo, no meio da
agitada rua principal de uma feira e, vez por outra, as bolas da empresa caem
no chão. Mas esse é o preço do ingresso para uma enorme máquina de
crescimento como a Starbucks. Embora sem nunca cair na armadilha do
convencimento, a alta direção tem consciência de que a empresa tem uma
vantagem. A cultura inigualável, a familiaridade da marca e a singularidade da
experiência do cliente garantem o retomo dos consumidores.
Dave Olson, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Cultura e
Liderança, colocá muito bem a questão ao afirmar: “Não importa quantos
milhões ou bilhões de xícaras de café a Starbucks serve se a que você tomar não
lhe cair bem. A empresa deve conseguir desempenhar em um nível automático
de regularidade, e esse é realmente o compromisso. Serviremos uma bebida
que seja sempre de seu agrado - e criaremos uma experiência durante o
processo! A experiência deve estar ao gosto do cliente.”
Embora em algumas empresas a sinceridade dessa declaração possa ser
questionada, na Starbucks, exemplos concretos de cooperação com o cliente
podem ser verificados em todos os níveis. Os parceiros buscam
Introdução
Muitos outros, que são mais bem-informados do que eu, chegaram a essa
conclusão. Ao contrário, o princípio deste livro é fazer uma revelação clara e
profunda sobre a inigualável Experiência Starbucks. É uma experiência que
tem impacto sobre o setor de café, o mundo dos negócios em sentido mais
amplo, o meio ambiente, parceiros, clientes e comunidades desde Seattle,
Washington, a Darjeeling, Índia.
De minha pesquisa de 18 meses no mundo da Starbucks, ouvindo o que
dizem os líderes da empresa e observando o que fazem, extraí cinco princípios
essenciais nos negócios, que norteiam seu sucesso fenomenal. Eles são
apresentados na expectativa de que você os aplique a seu caso em particular,
para enriquecer a influência de sua liderança nos negócios e mais além. A
Experiência Starbucks expressa princípios simples, embora não simplistas,
voltados para resultados, que podem ser incrivelmente poderosos quando
aplicados:
PRINCÍPIO 1
Aja como se
fosse o dono!
Ser acolhedor
Da mesma forma que a maioria das pessoas não pensaria em convidar
amigos para ir à sua casa e não lhes dispensar atenção, muitos líderes
empresariais não conseguem tornar suas empresas igualmente acolhe-
doras. Na Starbucks, “ser acolhedor” é uma maneira essencial para que a
visita do cliente comece de forma positiva. É também a base para
estabelecer um ambiente confortável e cordial. Permite que os parcei-
ros forjem um vínculo com os clientes, de modo que os consumidores ocasionais se
tomem regulares, muitos dos quais acabam sendo clientes para sempre.
Muitas perguntas importantes do cliente são respondidas nos primeiros
momentos da interação comercial. Os funcionários se preocupam em me conhecer?
Eles se lembram de mim? Atenderão minhas necessidades? Sou importante? Sou
invisível?
A direção da Starbucks reconhece que essas são as principais preocupações de
qualquer pessoa com quem a empresa faz negócios. A equipe de líderes valoriza a
criação de uma experiência acolhedora, precisamente para que os clientes saibam
PRINCÍPIO 1
mandamos alguém preparar um , Toffee Nut Latte,3 porque quem não gosta de
um? Nós lhe dissemos: 4 esqueça o café simples, fizemos este Toffee Nut Latte
para você - hoje é por conta da casa, para você experimentar. Ela ficou
emocionada. Foi embora, e não pensamos muito no assunto, a não ser que
ficamos feli- j zes por tê-la feito feliz.”
Mas esse não é o melhor da história, como explica Angela. “Alguns j dias
depois, recebemos flores em agradecimento por ‘ter salvado a vida j dela’. A
carta explicava que ela estava num dia péssimo. Depois de ha- |
ver passado em nossa loja, ela se sentiu reconfortada, conseguiu administrar seus
problemas e até ajudar outra pessoa a se sentir melhor. Hoje ela é uma de nossas clientes
habituais.”
Angela e suas colegas tomaram a iniciativa de criar uma experiência muito além de
qualquer coisa que a cliente poderia ter esperado. Isso é ser autêntico e agir como se a
empresa fosse sua.
Nós não estamos no ramo de café para servir pessoas, mas no ramo de
pessoas para servir café. O valor da marca Starbucks é o humanitarismo e a
familiaridade com o que acontece nas comunidades... Lembramo-nos
continuamente da necessidade e do desejo intenso de contato com o ser
humano e a sociedade, que é uma força nova e poderosa para determinar as
preferências do consumidor... O ambiente da Starbucks tornou-se tão
importante como o próprio café.
Descobrir
Enquanto ouvir é essencial para estabelecer a ligação, o sucesso do negó- do requer a
identificação das necessidades e da situação individual de cada cliente. De maneira
curiosa, a relação com o cliente começa do mesmo modo que um relacionamento
amoroso - procurando compreender í as necessidades e desejos do outro.
Lamentavelmente, muitas relações (com o cliente ou o romance) terminam
simplesmente porque uma ou am- ) bas as partes interrompem o processo de
descoberta.
Embora o atendimento ao cliente não tenha nada a ver com romance, a Starbucks
sabe que a descoberta é essencial para desenvolver um vínculo autêntico e singular. É por
meio da pesquisa que descobrimos as qualidades especiais de cada cliente e, às vezes, os
Aja como se fosse o dono!
ajudamos a ter a conscientização de necessidades que eles nem sabiam que tinham.
A barista Susan, de Ohio, comenta: “Há pessoas que vêm à minha Starbucks para
olhar nossos produtos. Eu gosto muito de vender cafeteiras porque sei que posso endossar
o produto. Aprendi tudo sobre nossas máquinas de café e faço com que a pessoa adquira a
que mais lhe convém. Eu uso o modelo ‘criar o vínculo, descobrir e agir*. Normalmente
pergunto: Você faz café só para você? Porque nesse caso French Press talvez fosse o ideal.
Se quiser preparar 12 xícaras de café de uma vez, então temos a Starbucks Barista Aroma
Grande™. É impressionante como as pessoas ficam felizes quando você as ajuda a
satisfazer uma necessidade.”
Agir
Embora muitas empresas realmente criem um vínculo com os clientes e descubram suas
necessidades, elas nem sempre agem sobre o resultado da descoberta. Têm muito
interesse e pouco empenho para dar atenção à real necessidade do consumidor. Os
clientes sentem-se traídos quando são levados a acreditar que sua contribuição é
importante e depois constatam que suas preferências são ignoradas. Os parceiros da Star-
bucks são treinados não apenas para ouvir os clientes, mas para agir de imediato com
base no que ouvem e para aprender com essas experiências para interações futuras.
Betty Doria, de Middle Island, Nova York, reforça esse conceito. Betty e o marido
estavam viajando pelo Tennessee, quando “pegaram o caminho errado e, por acaso,
descobriram uma Starbucks. Havia um cartaz na loja sobre café com malte. Malte de
verdade! Eu fiquei tão empolgada porque não via isso desde minha infância no Brooklyn.
Comecei a conversar com a gerente e lhe contar como se fazia café com malte de verdade
naquela época”. Entretanto, relata Betty, a gerente
“fez meu café com malte, e não ficou muito bom”. Mas em vez de ignorar a
insatisfação, ela ouviu Betty e as duas trabalharam juntas para preparar a bebida a
seu gosto. Ouvir e agir - esses foram os ingredientes essenciais para o sucesso da
experiência de Betty, bem como de todos os clientes e da equipe.
Crie o vínculo, descubra e aja. Todos nós podemos infundir esses elementos em
nossas relações - com colegas, supervisores, subordinados e clientes.
tempo de lazer para se reunir no Parque Burnley e plantar árvores com outros
voluntários. Para mim foi um dia divertido, em que passei a observar o
espírito de coleguismo que existe entre os parceiros da Starbucks. À minha es-
querda, havia parceiros com lama até os cotovelos, plantando árvores e
conversando com as famílias do local e, à minha direita, esta- vam Rohan e
Celeste, que distribuíam café aos voluntários no intervalo e conversavam
orgulhosamente sobre as amostras Fair Trade Certified™4 de Timor
Lorosae.” Stefanie e suas companheiras de equipe demonstram o que é
possível realizar, nas esferas pessoal e social, quando os líderes encorajam
seus funcionários a se envolver 30 na prestação de serviços à comunidade e ao
meio ambiente, como se fosse de sua total responsabilidade.
D®
Olhando para dentro
A sensação de participação - e respeito mútuo - é cada vez mais rara no 1
ambiente de trabalho atual. Para piorar, colegas de trabalho normal -1 mente
tratam uns aos outros muito pior do que tratam os clientes. Me- 1 didas que
mostram consideração de parte da liderança podem servir 1 para encorajar
uma conduta atenciosa e respeitosa entre os funcio- j nários.
Quando a consideração se torna parte da cultura da empresa*] ocorrem
exemplos surpreendentes de altruísmo, e a vida de todos se en-1 riquece. Por
exemplo, Mary Champaine era gerente de uma loja Star- *
bucks Urban Coffee Opportunity, administrada por meio de empreendimento conjunto
com a Johnson Development Corporation, que serve de veículo para fomentar o
desenvolvimento econômico em regiões carentes de recursos financeiros.
Mary já recebera mais do que sua quota de adversidade pessoal. O filho foi morto
em um crime violento, e o marido morreu de câncer. Ademais, antes de ir trabalhar na
Starbucks, ela havia perdido o emprego em uma empresa que fora à falência. Todavia,
apesar de toda a confusão pessoal, Mary tinha um comprometimento fora do comum
com a equipe e sua loja. Durante uma greve de ônibus em Los Angeles, ela passava para
Ser bem-informado
Quando a equipe de líderes da Starbucks pede aos parceiros para “serem bem-
informados”, ela os está incentivando a “adorar o que fazem e compartilhar isso com
outras pessoas”. Na era da informação, não importa como ganhamos a vida, nós
agregamos valor a nossos esforços quando adquirimos conhecimento relativo a nosso
Aja como se fosse o dono!
trabalho. E o que é mais importante, à medida que ficamos mais informados, nosso
valor para a empresa, nossa autoconfiança e o impacto real que exercemos- sobre os
outros também aumentam.
Os dirigentes da Starbucks não apenas estimulam os parceiros a aperfeiçoar seus
conhecimentos nas áreas de café e atendimento ao cliente, mas também oferecem
incentivos e oportunidades de treinamento formal para aquisição desses
conhecimentos. Além disso, os executivos da empresa têm consciência de algo que
poucos líderes empresariais percebem: compartilhar conhecimento com os clientes
resulta em consumidores mais sofisticados. Em conseqüência, os clientes desenvolvem
uma paixão por seus produtos e serviços e tornam-se ávidos para investigar as nuances
sutis que sua empresa apresenta.
Atualmente, no que foi muito habilmente chamado de economia do conhecimento
e serviço, cada um de nós agrega valor à empresa ao melhorar a experiência do cliente.
Em contrapartida, eles oferecem lealdade à empresa e nos visitam na condição de
conselheiros confiáveis e não apenas como agentes de uma transação.
Treinamento formal
Na Starbucks, todos os parceiros são incentivados a desenvolver conhecimentos sobre
café que possam levar a idéias a serem utilizadas com o cliente. Por exemplo, os
parceiros usam seu conhecimento para ajudar os clientes a reconhecer como um café
fresco e de alta qualidade proporciona um perfil de sabor delicioso, causado pela
liberação dos óleos aromáticos do produto. A aquisição desse conhecimento é fo-
mentada pela liderança por meio de iniciativas como o programa “passaporte de café”,
no qual os parceiros recebem um livreto de 104 páginas que eles preenchem nos
primeiros 90 dias de trabalho.
O livreto inclui um mapa das regiões de cultivo do café, informações sobre lavoura e
torração, condições de degustação, fundamentos da preparação, uma tabela de sabores
complementares e uma relação dos cafés fornecidos pela Starbucks. Espera-se que os
parceiros não apenas usem o passaporte como referência, mas também anotem, duas
vezes por ano, degustações dos principais cafés da empresa. Fora isso, eles recebem
meio quilo de café grátis semanalmente, a fim de garantir que continuem a desenvolver
o conhecimento sobre café e o gosto apurado pelos produtos da Starbucks.
À medida que evoluem, os baristas são estimulados a explorar a possibilidade de se
tornarem “Mestre Barista”, designação reservada aos parceiros da Starbucks que têm
paixão em se tornar verdadeiros experts em café. Para conseguir essa designação e usar
avental preto, o barista deve completar um número significativo de horas de treina-
mento remunerado, passar por uma série de provas discursivas com excelente
aproveitamento e conduzir várias degustações de café. Normalmente, o treinamento se
dá em um período de três meses e envolve a apresentação de seminários e mesas-
redondas.
Embora faça sentido que parceiros com contato direto com o
cliente, como os baristas, obtenham essa especialização, os líderes da
Starbucks encorajam a obtenção desse certificado em toda a empresa.
Como resultado, não é incomum ver seminários de Mestres Baristas
realizados nos departamentos jurídico ou de marketing - ou em qual-
quer outro departamento ou área da empresa, incluindo a da equipe de
apoio.
Treinamento é uma proposta cara e geralmente é um dos primeiros
itens do orçamento a serem cortados quando uma empresa necessita
incrementar o resultado financeiro. À luz dessa realidade, podemos nos
perguntar por que a Starbucks gasta tanto em treinamento, embora seja
quase impossível mensurar o impacto financeiro real dessa iniciativa.
A resposta está no adágio “conhecimento é poder”. Quanto mais um
funcionário conhece o produto - sua origem, suas propriedades 34
maior a diferença que esse funcionário fará na vida do cliente. Seja ~
qual for o produto ou serviço, os clientes confiam em pessoas bem-|
informadas para atendê-las e se lembram dessas pessoas e suas empre-
sas quando têm outras necessidades. Embora intangível, o poder do
conhecimento torna o treinamento um bom investimento para a Star- \
bucks e seus clientes.
Envolvimento na loja
Uma das melhores maneiras de se envolver é olhar em volta de seu escritório ou
loja - exatamente como um investigador da cena de um crime - em busca de pistas
sobre a forma de melhorar a experiência do cliente e a empresa. Um grupo de
baristas de uma Starbucks da Califórnia fez isso e percebeu que havia número
significativo de clientes regu- lares que eram deficientes auditivos. Os baristas
então decidiram tomar aulas de sinais, no tempo livre, para poder se comunicar
mais eficazmente com esses clientes.
Como resultado desses esforços, a reputação da Starbucks na comunidade dos
deficientes auditivos se espalhou bem além daquela localidade da Califórnia. Com
PRINCÍPIO 1
efeito, a empresa é agora um local de encontro conhecido para clientes com
deficiência auditiva nos Estados Unidos e Canadá e é citada no
www.deafcoffee.com, um site com informações sobre a forma de iniciar ou se filiar
a um clube de café para deficientes auditivos. Esses clubes atendem clientes com
essa deficiência que querem se reunir, bater papo e tomar café juntos na Starbucks.
ou em outros locais que oferecem apoio.
Envolvimento na empresa
A gerência da Starbucks faz questão de ouvir e responder às idéias e sugestões dos
parceiros. O resultado desse interesse é que os parceiros, com freqüência, assumem
Aja como se fosse o dono!
a responsabilidade de sugerir e defender idéias para novos produtos, com base nas
informações que recebem dos clientes. Ao se envolver no desenvolvimento de
produtos e na expansão dos serviços, os parceiros assumem postura proativa para o
futuro da empresa. Em vez de esperar por pistas da matriz, todos na Starbucks são
encarregados de pesquisar idéias novas e melhores que atendam e superem as
necessidades dos clientes.
Esse fenômeno de os parceiros sugerirem inovações acontece em todas as partes
do mundo. Dai Ichikawa, gerente de equipe de bebidas e café em grão em Tóquio,
Japão, conta sobre um ex-gerente de loja {e atualmente gerente de equipe de
tradição de café), Hiromitsu Hatta, que teve curiosidade para descobrir se “cubos de
gelatina”, uma sobremesa popular naquele país, poderiam ser adicionados ao
Frappuccir no®. Dai explica: “Eu era gerente regional na época em que Hiromitsu
se divertia com um produto de gelatina de café nos fundos da loja. Ele o mostrou
para mim e decidimos experimentá-lo no verão seguinte. Foi um sucesso, e nós o
lançamos no Japão inteiro.”
Quando o Coffee Jelly Frappuccino® surgiu em todas as Starbucks do Japão,
exigiu grande mão-de-obra. Como Dai revela: “Inicialmente fazíamos os cubos de
gelatina na loja. Preparávamos o café, cortávamos a gelatina de café em cubos e a
adicionávamos no fundo do copo de Coffee Frappuccino®. Com o passar do tempo,
descobrimos um modo mais fácil de preparar essa delícia de verão.” Foi
necessário muito trabalho para Hiromitsu ir a uma loja da região, comprar
gelatina e testar as fórmulas em sua loja Starbucks. Mas ele explica com
simplicidade: “Era a coisa certa a fazer. Esta é a minha empresa.”
Além disso, quando lhe perguntaram por que decidiu compartilhar sua
idéia com o gerente regional, Hiromitsu respondeu: “Eu sabia que ele daria
atenção e decidiria que era bom para os clientes.” A equipe de líderes criou a
expectativa de que os parceiros devem se envolver no aperfeiçoamento da
empresa e também a cultura de que os parceiros esperam ser ouvidos ao
apresentarem suas idéias.
Muitos avanços da empresa simplesmente são resultado de um enfoque
persistente nas maneiras de tornar a vida do cliente mais fácil. Dina
Campion, gerente regional em Los Angeles (a qual, entre outras coisas,
recebeu crédito parcial pela criação do Frappuccino®), destaca 38 os drive-
throughs na categoria de conveniências para o cliente: “Na Starbucks, eles
PRINCÍPIO 1
Envolvimento na comunidade
O envolvimento na comunidade pode assumir muitas formas, que vão desde
criar um ponto de encontro e apoiar os eventos comunitários, até servir
como voluntário em atividades. A liderança da Starbucks estimula e apóia o
engajamento em todas essas áreas. A gerente de loja^ Nerieda Hemandez
relata um meio simples pelo qual os parceiros da
empresa ofereceram suas aptidões e seu local de trabalho para a comunidade.
“Realizamos uma noite de karaokê”, explica Nerieda. “Alguns de nossos parceiros
se apresentaram, e também alguns membros da comunidade. Começou como algo
pequeno, anunciado no quadro de avisos, e acabou se tornando um grande
acontecimento. A noite de karaokê fez tanto sucesso que os clientes exigiram que ela
fosse feita mais de uma vez por mês. Era variada e muito divertida para todas as
idades. Obviamente nós servíamos amostras de alimentos e bebidas.”
Outros parceiros Starbucks identificam e dão atenção às necessidades da
comunidade através de suas lojas. Isso provoca sincera gratidão por parte de seus
membros. Robin Jones, que trabalhou em um centro de treinamento tecnológico em
Columbus, Ohio, observou o impacto positivo dos parceiros da Starbucks sobre um
grupo de pessoas do qual ela fazia parte.
Como Robin observa: “Oferecíamos treinamento gratuito para os desempregados e
subempregados da comunidade. Como estávamos localizados no centro da cidade,
muitos de nossos alunos eram moradores de rua. Muitos deles não haviam comido
nada antes de vir para a aula. Alguns vinham e ficavam o dia todo só por causa da
comida doada pelos parceiros.”
Aja como se fosse o dono!
Tu do imp o rt a
"Freqüentemente subestimamos o
nosso redor.M
- LEO BUSCAGLIA
Tudo importa
H oward Schultz gosta de dizer que “varejo são detalhes”. Na verdade, tudo nos
negócios são detalhes. Quando detalhes são negligenciados ou não
percebidos, até o mais paciente dos clientes pode ficar frustrado, e erros
onerosos podem ocorrer. Infelizmente, só um pequeno percentual de clientes
insatisfeitos queixa-se para a gerência. Eles simplesmente vão a outro lugar,
gastam nos concorrentes os dólares ganhos arduamente e compartilham seu
descontentamento com grande número de familiares, amigos e conhecidos.
Os líderes da Starbucks têm consciência de que seu navio de sucesso pode
afundar se eles deixarem de cuidar tanto dos componentes do porão (aspectos
invisíveis) como daqueles do convés (à vista do consumidor), os quais constituem
a experiência do cliente. Por mais injusto que possa parecer, “tudo importa” no
mundo dos negócios. No momento em que você pensar que algo não importa...
apronte-se para esgotar a água do navio.
I
Depois de ler o exemplo, os parceiros recebem uma rápida análise
crítica sobre como Ashley fez a diferença para o autor do
comentário:
parceiros sobre essa abordagem, eles dizem que ela rapidamente os 1 ajudou a
se tornar parte da equipe. Eles se sentem confiantes mais depressa porque
podem prever as experiências dos clientes e aprender com situações positivas
e negativas. O aprendizado fica mais rápido. J Parceiros mais experientes
acham que as situações confirmam seus es- 1 forços em relação aos clientes.
Ao contarem suas histórias, eles reco-i nhecem que a empresa como um todo
presta atenção ao que eles estão fazendo. Quando uma história positiva é
apresentada, anotamos o número da história no final para que todos saibam
quem fez algo í certo. As histórias, por conseguinte, também servem como
forma de reconhecimento. ”
Por fim, qualquer líder empresarial pode procurar meios de usar o cliente
ou seus comentários como uma ferramenta de aprendizado. ■ Esse
treinamento não apenas demonstra aos funcionários como se es- ■ merar em
suas funções, mas também os motiva, os mantêm envolvidos!
62 e desenvolve espírito de equipe.
^^ Os gerentes da Starbucks também notaram benefícios decorrentes f
de outras iniciativas de treinamento. Além de fornecer feedback diretol do
cliente aos parceiros, os líderes da empresa criam meios divertidos de realçar
a resolução de problemas, coerentes com as Cinco Maneiras de Ser.
Especificamente, eles desenvolveram um jogo de treinamento! chamado
Experiência Starbucks de Dentro para Fora. O objetivo do jogo é conseguir
uma ligação intensa com o cliente. Para isso, o parceiro tenta ver mais do que
apenas a apresentação externa e tenta se idenJ tificar com a experiência
interna do cliente.
O jogo usa dados, cartas e fichas e começa com um exercício de in-
terpretação de papel entre dois parceiros, um que desempenha o barisã ta e o
outro que desempenha o cliente. No jogo, o cliente indicado lê a informação
de contexto que está escrita do lado de fora do cartão! Pode ser algo como:
“Vim comprar café em grãos, paro e sorrio para a barista.” Em seguida, o
“cliente” joga os dados para determinar o que está acontecendo na loja,
quantas pessoas estão na fila, hora do dia e outros fatores que tornam possível
a qualquer pessoa perceber o que está acontecendo.
Antes do início da interação entre a pessoa que interpreta o cliente e a pessoa que
interpreta o parceiro, só o cliente lê o interior do cartão, que explica a experiência
interna que ele irá representar. O cliente pode usar linguagem corporal ou palavras para
PRINCÍPIO 1
comunicar sua experiência interna, mas não pode dizer realmente o que está sentindo.
O parceiro tenta lidar com a situação, de maneira empática, e recebe feedback do cliente
e dos observadores sobre a ligação que estabeleceu com os comportamentos do avental
verde. Nessa altura, o cliente escolhido revela o que estava realmente acontecendo em
seu interior.
No jogo, cada rodada é “vencida” se o cliente sentir que o parceiro identificou o que
era mais importante para ele na hora de sua visita e se ocorreu uma experiência
memorável. Um exemplo de uma carta do jogo é a seguinte:
Pistas visuais do cliente Você está cantarolando baixinho músicas de Natal e parece estar
alegre, mas visivelmente com pressa.
O que está acontecendo no interior do cliente f Você teve de parar para tomar uma
bebida, mas só tem 20 minutos antes de retornar ao escritório para a festa de Natal dos
funcionários. Você ainda não comprou nada para a festa e ainda tem de parar no
supermercado.
_
“tudo importa” consegue a lealdade do cliente e se evidencia dos modos mais
estranhos.
A cliente Mara Siegler relata como os menores e aparentemente mais estranhos
detalhes são importantes. “Há vários problemas específicos de Nova York”, diz ela,
mas “talvez o mais sério e mais insuportável fisicamente é a falta de banheiros
públicos. Não importa onde eu me encontre na cidade, há sempre uma Starbucks a
um raio de cinco quadras. E, para crédito deles, os banheiros da Starbucks são geral-
mente limpos. Analistas de negócios, gurus de marketing e empresas concorrentes
podem analisar a ascensão desse conglomerado o quanto quiserem e darem um
bilhão de razões para seu sucesso, Mas, creia-me, não importa a música, o sabor do
dia ou a disponibilidade de serviço wireless, o sucesso da Starbucks deve-se
inteiramente aos banheiros limpos e gratuitos”. Os clientes observam as pequenas
coisas - até a limpeza dos banheiros. Portanto, é importante que todas as empresas
peçam a seus clientes informações sobre os detalhes que mais os interessam. Não
raro, as respostas a essas perguntas dão aos líderes a oportunidade de captar
detalhes dos quais, de outra maneira, não teriam tomado conhecimento.
Os líderes devem ter a tarefa de não apenas pesquisar os detalhes de maior
importância para os clientes, mas também aqueles de maior interesse para os
funcionários. Se a liderança souber o que importa para os funcionários, ficará mais
fácil animá-los e motivá-los a se empenhar constantemente - inclusive nos aspectos
menos prazerosos de suas funções. A barista Bernadette Harris confessa: “Eu não
gostava de preparar Frappuccinos®. Eu nem sempre ficava contente de sair de
minha área de bebidas quentes para preparar uma bebida que levava o dobro do
tempo. Uma cliente me ajudou a ter uma visão diferente das bebidas misturadas.
Uma mulher vinha todos os dias de manhã e pedia um mocha Frappuccino®. Ela
estava sempre com pressa e mal falava alguma coisa. Uma noite ela chegou e disse
que seu marido estava no carro. Em seguida, passou a nos agradecer por sempre
prepararmos a bebida de maneira tão gentil. Embora ela, pessoalmente, não bebesse
Starbucks, era a única coisa que seu marido conseguia ingerir depois da
quimioterapia. ”
O recurso da direção, portanto, é fazer com que os funcionários tenham visão
mais abrangente e percebam que os pequenos componentes de suas tarefas diárias
podem realmente ter impacto transformacio- nal sobre os clientes e as pessoas com
quem trabalham, sem falar na re- ; putação e missão globais da empresa.
Quando os membros da equipe observam constantemente os detalhes, são
muitas vezes recompensados pelo reconhecimento inespe-1 rado dos clientes. A
diretora regional Carla Archambault relata o caso de uma barista, Susan, que estava
Tudo importa
sendo transferida para outra loja. “Como é comum acontecer com nossos parceiros”,
explica 1 Carla, “Susan recebeu flores de clientes no seu último dia na loja.;
Enquanto trabalhou na loja, Susan tinha assumido o compromisso de fazer sorrir
um determinado cliente, mais bem descrito como do tipo < rabugento. Pode parecer
algo pequeno, mas para Susan era importan* J te. Ela dizia: ‘Não sei o que está
acontecendo na vida desse homem, i mas vou fazê-lo feliz.’ Ela sempre se
comunicava com um sorriso no rosto, mas ele nunca sorria ou demonstrava
qualquer alegria em resri posta aos esforços dela.”
“No dia da saída de Susan”, prosseguiu Carla, “o homem ouviu por acaso que
era o último dia dela. Ele retornou antes do final do tur-i no e lhe trouxe um cartão.
A mensagem do cartão era intensa. Dizia;! ‘Só quero que você saiba o quanto
significou para mim vir à sua loja todos os dias. Quero que saiba que eu vinha aqui
especialmente para ver seu sorriso e que você vez diferença em minha vida.’” Susan
se esforçou para fazer as pequenas coisas necessárias para demonstrar que esse
cliente desafiador era importante para ela.
O comportamento de Susan é coerente com uma mensagem inequívoca de
liderança que é predominante na Starbucks, ou seja, que não apenas tudo importa,
mas que também “todos importam”. Cons^H qüentemente, recomenda-se aos
parceiros dominar os detalhes necegj sários para se conduzirem de acordo com As
Cinco Maneiras de Ser.í Esse esforço assegura que todos, não apenas os clientes que
gastam
Tudo importa
mais ou os mais leais, saibam que são importantes a partir do momento que
entram em uma loja Starbucks.
Kimberly Kelly, ex-gerente de loja e atualmente especialista em operações de
lojas licenciadas, mostra que impacto essa abordagem de que tudo e todos
importam pode ter. “Havia uma cliente regular maravilhosa”, diz Kimberly, “de
setenta e poucos anos, chamada Irene, que havia sido professora e diretora de
colégio. Ela e o marido visitavam a loja diariamente - ir a Starbucks era um
acontecimento para eles. O marido usava sempre um blazer, ela se vestia com muita
elegância, e eles pediam sempre a mesma coisa: um café grande e uma xícara extra
para poder dividir. Também pediam um brioche e dois garfos e uma faca para fazer
o mesmo. O casal pegava o café e o brioche, dirigia-se vagarosamente para a mesa e
passava talvez uma hora e pouco conversando um com o outro e desfrutando aquele
tempo juntos”.
Kimberly disse que o casal parou de ir a Starbucks, e ela se preocupou com eles.
Um dia ela encontrou Irene no banco e ela lhe contou que o marido havia morrido
de um ataque cardíaco repentino. Kimberly a encorajou a voltar com ela para a
Starbucks assim que terminasse o que fora fazer no banco. Kimberly prosseguiu:
“Irene foi até minha loja e, quando se aproximou do balcão, ficou ali parada e disse:
‘Kimberly, eu nem sei o que pedir porque nós sempre dividíamos as coisas.’ Eu
disse simplesmente: ‘Quer saber uma coisa? Hoje vou dividir a xícara de café e o
brioche com você.’ Nós nos sentamos e conversamos por cerca de meia hora. Ela me
contou como sentia saudades do marido e como era difícil para ela seguir em frente
com sua vida. Alguns dias depois, Irene voltou à loja. Usava um bonito vestido. Ela
disse: ‘Agora estou pronta para fazer isto sozinha.’ Perguntou se poderia pedir uma
xícara de café menor. Ela pegou o brioche, apenas um garfo dessa vez, e a faca. Ela
partiu o brioche ao meio e me disse: ‘Acho que ele vai ter de durar dois dias.’”
Então é o café, a música, os sofás, o ritmo descontraído, os sorrisos ou os
banheiros gratuitos? Na Starbucks, é a atenção aos detalhes de todas as coisas -
porque tudo importa. Os detalhes que são importantes para os clientes são tão
variados quanto são os clientes que a empresa atende. Mas uma coisa é
incontestável: quando uma empresa ajuda seus funcionários a incutir orgulho,
excelência e bom humor em cada aspecto de suas funções, esses trabalhadores
literalmente têm a oportunidade de mudar a vida das pessoas ao redor.
alegria.”
PRINCÍPIO 3
- RABINDRANATH TAGORE
Surpresa e encantamento
O impacto da expectativa
Quando o Cracker Jack® foi lançado, os clientes ficaram realmente
maravilhados. Mas muita coisa mudou em cem anos, e os consumido-
res.de hoje são muito mais exigentes e difíceis de satisfazer. Para com-
plicar ainda mais, os clientes desenvolveram um desejo aparentemente
insaciável pelo original e surpreendente. Graças a tecnologias e inovações
que pareciam impossíveis há apenas poucos anos, estamos vivendo na era
do “preciso disso agora, e é melhor que seja excelente”.
Atualmente a maioria de nós espera ganhar um prêmio como o do
Cracker Jack® em quase tudo que compra, desde televisores (de alta defi-
PRINCÍPIO 1
nição) a telefones minúsculos, que também tiram fotos, e a carros que falam
e nos dizem qual é a próxima entrada à direita. Grande parte dos con-i sumi
dores não tem limite para o que consideram um “bom” produto e torce o
nariz para qualquer coisa que não os deixe “deslumbrados”. Parece que
todos nós estamos sempre esperando pela próxima mania, o toque original,
o prêmio mágico inesperado no fundo de alguma caixa grudentati Embora
seja um pouco ilógico, os líderes sabem que até os clientes satisfeitos
querem compras que lhes proporcionem maior prazer, alegria ou diversão.
As pessoas querem mais empolgação, embora não necessariamente uma
produção completa. A liderança da Starbucks demonstra como qualquer
empresa pode conseguir essa combinação do esperado e inesperado. No
processo, ela demonstra que você pode | deve permanecer fiel ao espírito e
aos valores de sua empresa.
perguntou se eu queria beber alguma coisa”. Como Michael disse: “A Starbucks ‘tem o
dom’.”
Embora nenhuma empresa, inclusive a Starbucks, sempre acerte, a barista
certamente “acertou” daquela vez. A decisão dela de abrir a porta não custou nada à
Starbucks e ganhou muito - um cliente para sempre! Para Michael, representou a
surpresa em sua caixa de pipoca caramelada, uma surpresa que enriqueceu sua relação
já positiva com a marca.
Como ocorreu com Michael, a maioria dos acontecimentos positivos inesperados é
orgânica e espontânea, não artificial ou forçada. Há uma necessidade, e BAM! - alguém
intervém e a satisfaz. Curiosamente, as necessidades de muitos clientes nunca são
realmente declaradas, mas descobri-las não exige aptidão física. É só uma questão de
ser aberto e atento. A capacidade de prever as surpresas de que os clientes irão gostar
simplesmente faz parte da cultura corporativa da Starbucks voltada para o serviço.
Um perfeito exemplo disso vem de uma biblioteca que estava sendo transferida
para um novo local. Diversos bibliotecários eram clientes diários de uma Starbucks
próxima. Quando a gerente da Starbucks descobriu a mudança, decidiu comprar café
para os bibliotecários e levar no novo endereço. Também localizou a loja da Starbucks
mais próxima deles e os apresentou aos baristas. A liderança estabelece a importância
de prever necessidades e surpreender as pessoas atendidas pela empresa,«
Seja preparando café, desenvolvendo programas ou limpando o chão, o
compromisso com surpresa e encantamento transforma a própria natureza do
trabalho. O emprego deixa de consistir apenas nas palavras escritas na descrição de
cargo e se amplia para incluir o oferecimento de experiências inesperadas.
PRINCÍPIO 1
• Que lembranças você tem de gentilezas adicionais inesperadas que recebeu como
cliente ou como membro de equipe? Essas surpresas foram planejadas antecipada-
mente ou espontâneas?
Não há abordagem simplista para surpreender os clientes (por si-* nal, nem
colegas). Uma estratégia não serve para todas as finalidades e não tem de ser
restrita a atividades divertidas como a festa do sorve| te. Tudo que é preciso são
gestos autênticos e significativos. As SUÉS
Surpresa e encantamento
presas mais autênticas são aquelas muitas vezes associadas aos produtos e serviços
regulares da empresa. Por exemplo, a Starbucks distribuiu graciosamente livros de poesia
escritos por autores de países produtores de café: Indonésia e países da África e América
Latina.
Celebrar artistas desses países forneceu à empresa uma maneira singular de
compartilhar informações sobre as várias regiões de cultivo do café, ao mesmo tempo em
que intensifica a experiência do cliente nas lojas. O reconhecimento veio de pessoas como a
professora Nady- ne, que captou a essência de uma grande surpresa quando disse: “Essa
poesia me comoveu. Eu a compartilhei com amigos. Mais do que isso, falei dela para
muitas pessoas que conheço. Olhem, eu vim por causa do café. Vou ficar cliente porque a
empresa me ofereceu algo que eu realmente nunca esperei encontrar como consumidora.
Eles me ofereceram poder de reflexão e alegria.”
Surpresas também são um ótimo meio de lançar um novo produto ou serviço de uma
maneira que exige pouco esforço e dinheiro. Um exemplo excelente vem da cliente Moira
Stevenson: “Era o ritual de domingo à tarde. Eu e minha melhor amiga nos encontrávamos
na Starbucks do nosso bairro e conversávamos sobre nossas últimas tragédias. Aquele
domingo não foi diferente - foi o que aconteceu quando terminamos nossos lattes que o
tornou especial. Quando nos levantamos da mesa, um funcionário da Starbucks estava
andando pelo recinto carregando uma bandeja com pequenas xícaras cheias de uma bebida
gelada. O novo Frappuccino® tinha acabado de ser lançado para o verão, e estavam
distribuindo amostras gratuitas a título de comemoração. ”
“Aceitamos as amostras com satisfação e, quando olhamos em volta, percebemos que a
nossa Starbucks favorita tinha se transformado em um minicoquetel. Num instante, o café
ficou cheio não apenas dos clientes regulares, mas também de conversas e um elo comum —
a bebida. Foi bom porque nós paramos o que estávamos fazendo e interagimos uns com os
outros.” Nesse caso, o lançamento de um novo produto realmente tomou-se um evento que
encorajou os clientes a experimentarem algo novo de forma não intimidante.
Os clientes podem sentir prazer em algo tão simples como uma tro*; ca de informações.
Duane, um cliente razoavelmente novo da Starbucks, chama a atenção para o seguinte: “Eu
estava na seção de músil cas de uma Starbucks local. Nunca havia visto uma antes. A barista
se deu ao trabalho de me mostrar como eu podia ouvir todas as músicas de graça. Pude ouvir
músicas inteiras de artistas que eu não conhecia Perdi a noção do tempo. Eu já estava lá há
três horas, tomando café e ouvindo música pela qual não tive de pagar nada. Incrível!” A
reaçã® de Duane foi um pouco exagerada, uma vez que tudo que recebeu foram umas dicas
de um parceiro sobre como fazer para ouvir as músicas. Porém, aquela pequena ajuda
transformou-se em horas agradáveis de descoberta e surpresa para ele.
Embora o fornecimento de informações possa enriquecer a expe*! riência positiva do
cliente, introduzir um elemento de diversão nas ati*| vidades normais (e geralmente
banais) do dia-a-dia também pode produzir resultados notáveis. Brad Montgomery, cliente
habitual da StarJ bucks, é um humorista motivacional por profissão e, portanto, muito
atento àqueles raros exemplos em que as pessoas se envolvem em brita] cadeiras. Brad se
deparou com o espírito alegre de uma barista da eml presa, que fez de uma simples
experiência de comprar café algo muito l mais significativo.
Conforme ele relata: “Eu estava batendo papo com a mulher atráfcj do balcão. Era uma
pessoa divertida e tinha um largo sorriso. Quando j me devolveu o cartão de crédito, ela o
estendeu para que eu o pegasse J Mas aí entra a parte mais interessante: quando eu o
agarrei, ela não soll tou. Eu puxava, mas ela segurava firme. Ergui os olhos para ela, e binJ
go! Ela estava com um grande sorriso no rosto. Ela estava consegujjM do. Estava usando
essa pitada de humor no trabalho para introduzirl um momento divertido em nosso dia.
Humor no local de trabalho?j Pode apostar! Ela demonstrou que acrescentando um sorriso
ou dois| aqui e ali pode mudar o dia para melhor. E se você tiver uma série de > dias como
esse...”
Como mostra a experiência de Brad, os atos mais simples freqüenj temente criam uma
grande ligação entre as pessoas. Ira Shull, um clienij te de Shirley, Massachusetts, conta
sobre uma ocasião em que o interesse autêntico o pegou de surpresa. “No verão passado, eu
e minha esposa viajamos para Seattle”, ele explica, “e eu queria tomar meu café da manhã e
voltar para o hotel o mais depressa possível. Então fui até uma Starbucks e fiquei na fila
juntamente com uma porção de homens de terno e gravata, e eu com meu calção de
ginástica que chegava quase nos meus chinelos. Eu cheguei no balcão e já ia fazer o pedido
quando o barista, um rapaz jovem de cavanhaque, perguntou: ‘Como foi seu fim de semana
“Fiquei de boca aberta e balbuciei em voz baixa”, continua Ira. “Eu havia esperado uma
pergunta trivial, não esse tipo de abertura familiar e, atrevo-me a dizer, íntima entre dois
confidentes. Fiquei impressionado, pois acredito que civilidade e cortesia são duas coisas
importantes que estão faltando em nossa vida hoje. A única resposta que consegui dar foi:
‘Eu não sou daqui.’”
“O barista imediatamente perguntou: ‘Ah, de onde o senhor é?’” E Ira comenta: “Ele
realmente parecia sincero, o que eu achava difícil de acreditar. Expliquei onde morava e o
que nós estávamos fazendo nas férias, e tivemos uma boa conversa. Quando eu estava
pondo creme no meu café, uma mulher que me ouvira conversando com o barista também
entrou na conversa, e nós três batemos um papo amigável. Ela e o barista começaram a me
Surpresa e encantamento
dar dicas sobre o que visitar em Seattle. Fiquei muito contente. Mesmo que tivesse sido uma
conversa sem importância, eu havia feito, incidentalmente, um rápido contato com pessoas
que provavelmente jamais veria novamente. Quando isso acontece, na Starbucks ou em
qualquer outro lugar, é sempre uma surpresa agradável.”
Em vez de incentivar palavras repetitivas no atendimento ao cliente, como “tenha um
bom dia” ou outras mensagens padrão, líderes de sucesso ajudam os funcionários a
procurar oportunidades verdadeiras para fazer o positivamente inesperado. Seja em
benefício de clientes, colegas de trabalho ou fornecedores, a disposição de demonstrar
interesse verdadeiro em outra pessoa está entre as surpresas mais agradáveis.
As surpresas anticonvencionais
PRINCÍPIO 1
geralmente são as
melhores
A alta direção da Starbucks sabe que uma das coisas mais importantes sobre
surpresas é que elas são completamente portáteis. Você pode; compartilhá-las em
qualquer lugar, o que tem o benefício adicional de possibilitar que você as faça
para clientes atuais, futuros, e até para pesi soas que não seriam vistas nem
mortas em sua empresa. As surpresa* podem ir aonde você encontra pessoas,
não apenas onde as pessoas effp contram você.
Essas “surpresas móveis” também proporcionam a oportunidade de alcançar o
que o guru de gestão Peter Drucker chamou de “não- clientes”. Um grupo de gerentes
regionais decidiu organizar uma degustação de café para toda a cidade. De acordo com um
dos gerente* “Nós a chamamos de hora do cafezinho para a cidade inteira. Enviamos 10
Mestres Baristas - parceiros certificados com base em seu co- 86 nhecimento sobre café,
processo de cultivo, processamento etc. - à es- tação de trem para montarem uma mesa.
Distribuímos café de graça à vontade para todos os usuários de trem - todos os que subissem
ou descessem de um trem. O público ficou surpreso, e também foi uma ótimJ oportunidade
para nós... Estávamos festejando o café Fair Trade Certí-i fied™; a Starbucks foi uma das
primeiras empresas a vender esse produto nos Estados Unidos.”
O principal objetivo do brinde foi surpreender e comemorar. Em conseqüência,
os usuários de trem tiveram uma experiência agradável que não foi usada como
artifício para fazê-los entrar nas lojas. Um dos gerentes regionais do evento explica:
“Não tentamos vender os produtos da Starbucks. Só quisemos fazer algo divertido e
prazeroso, embora eu imagine que, por meio do processo, algumas pessoas possam
tfr ficado sabendo de nosso envolvimento com o café Fair Trade, nossÉ compromisso
de apoiar os agricultores e que encaramos as questões s|| ciais com seriedade.”
O poder daquele dia, tanto para os parceiros da Starbucks com« para os usuários
de trem, teve origem na natureza totalmente inesperal da do evento. Não foi um golpe
de publicidade com anúncios reluzes]
Surpresa e encantamento
tes. O café gratuito simplesmente caiu em mãos de usuários de trem desprevenidos. Quem
pensaria que qualquer empresa procuraria surpreender pessoas que estavam cuidando de
seu dia-a-dia?
Embora o café de brinde da estação de trem não tenha sido essencialmente planejado
para publicidade, a Starbucks utilizou o elemento surpresa como parte de suas campanhas
publicitárias. Em alguns casos, em vez de simplesmente comprar espaços em outdoors, a
empresa colocava copos magnéticos de café de tamanho normal na capota de táxis. Para o
observador desatento, era como se o copo tivesse sido deixado lá por acaso. Os motoristas
de táxi também estavam envolvidos na surpresa. Eles deviam dar cupons de brinde da
Starbucks para indivíduos que avisassem o taxista que o copo estava sobre a capota. Essa
idéia original estabeleceu uma relação interativa entre o anúncio (ou seja, o copo
magnético) e os bons samaritanos que reparavam nele e se davam ao trabalho de ser
prestativos.
A equipe de líderes da Starbucks não direciona às surpresas apenas aos clientes e
potenciais clientes, mas também as estende aos parceiros. Em 2004, por exemplo, os
parceiros da Starbucks (que satisfaziam critérios básicos, como ter trabalhado 500 horas
durante o ano) eram presenteados com um bônus inesperado de férias, no valor de US$250.
Jim, um barista de Washington, D.C., comenta: “Eu nunca trabalhei para uma empresa no
setor alimentício ou de serviços que concedesse a todos os funcionários de baixo escalão um
bônus de valor tão alto. Reparem que esse bônus não era de gerentes de loja para cima,
mas, sim, para baristas e supervisores de turno. Esse é o pessoal que trabalha duro todo dia
preparando lattes para os clientes.”
Quando os líderes se preocupam o suficiente para surpreender seu pessoal, o moral dos
funcionários se eleva vertiginosamente, e ocorre a formação de modelos importantes. Os
funcionários não apenas se empenham no trabalho com mais paixão, mas também se
sentem energi- zados. Essa energia é contagiante e pessoas dentro e fora da empresa se
beneficiam desse entusiasmo.
Crie sua própria experiência
PRINCÍPIO 1
Eventos inesperados podem ser usados não apenas para criar uma cultura positiva e
dinâmica, mas também para incentivar parcerias in- comuns. Um exemplo espantoso disso
ocorreu quando um parceiro da empresa trabalhou com outros funcionários e membros de
sua comunidade para compartilhar seu amor pelo café Starbucks com soldados do outro
lado do mundo.
Um mês antes de ser enviado para as montanhas escarpadas do Afeganistão, o sargento
Scott Matthews, um mecânico de helicóptero ; Black Hawk, e vários de seus companheiros
da Guarda Nacional compraram uma máquina de café expresso. Adquiriram também um
supri- ; mento inicial de café de uma loja da Starbucks em Atascadero, Califór* i nia, onde a
cunhada do sargento Matthews, Amy Mueller, trabalhava. 1 Amy, que era barista, não só
providenciou a remessa e entrega da má- I quina, mas também atuou com seu gerente de
loja, clientes e outros | parceiros da Starbucks para fornecer remessas bimensais de café
grátis | para Bagram, Afegnistão.
Surpresa e encantamento
Conforme Amy explica: “Meu trabalho era manter o fluxo das remessas. Tudo começou
quando comentei com alguns clientes regulares sobre o assunto, e eles quiseram participar.
Posteriormente, decorei uma jarra e obtive permissão de meu gerente para colocá-la sobre
o balcão de entrega de pedidos. Os clientes colocavam notas de US$20; eu ficava
espantada. Recolhemos cerca de US$450 em donativos. Um cliente me falou como era
importante que nossos soldados soubessem que pensávamos neles. Ele e os filhos fizeram
presentes de Natal, que remeteram para o Afeganistão. Nós também mandamos copos de
papel com o logotipo da empresa para que houvesse o verdadeiro clima Starbucks.”
Por sorte, um soldado da unidade do sargento Matthews era um ex-barista Starbucks.
Matthews e companhia abriram um próspero café improvisado em sua base, perto da linha
de fogo, semelhante a um Starbucks. O sargento Matthews comenta: “Era necessário um
passe especial para entrar em nossa zona, mas as pessoas vinham com os detentores de
passes só para tomar nossa versão da Experiência Starbucks.” Foi criado um site para os
familiares dos soldados, mostrando imagens do café perto da linha de fogo, com a bandeira
da Starbucks desfraldada ao vento.
Quando a mídia acidentalmente descobriu o site, oficiais da justiça militar encorajaram
Matthews a cogitar o fechamento do café, por receio de que ele desrespeitasse os direitos de
propriedade da Starbucks. No momento crítico, David Silldorff, gerente de programas
governamentais e militares, entrou em contato com o sargento Matthews e permitiu o uso do
nome Starbucks em localização não oficial no Afeganistão. Então David fez a pergunta
mágica no mundo da surpresa e encantamento: “Vocês precisam de mais alguma coisa?”
Logo depois, David enviou um moedor de café do Centro de Apoio Starbucks, o qual foi
muito bem recebido.
O sargento Matthews acrescentou: “Não tenho palavras para explicar a alegria que esse
café nos trouxe. Tinha um gosto da terra natal surpreendentemente maravilhoso. Meus
companheiros e eu seremos eternamente gratos aos baristas, a Troy, gerente da loja de
Atascadero,
e a todo o pessoal da Starbucks pelo apoio. Também sou grato pela ma-
neira como aquela pequena loja ofereceu a tantas pessoas a oportunidade
de contribuir para nossos esforços. Uma pessoa enviou um bilhete,
juntamente com a doação de café, que realmente me deixou empolgado.
Ele dizia: ‘Quis fazer algo por vocês, mas não sabia a quem recorrer.
Tomem uma xícara de café por minha conta.’”
Embora a barista Amy possa ter iniciado o fluxo de café para a
Starbucks do sargento Matthews, ela também deu a muitas outras pessoas
a oportunidade de dedicar sua própria energia. Os clientes que
participaram do projeto conseguiram compartilhar a alegria de ajudar o
próximo. Como resultado, esses clientes envolveram-se com a Starbucks
de modo único e tocaram pessoas positivamente. Quando empresas se
PRINCÍPIO 1
qüências para toda uma vida quando conseguiram os recursos de uma das mais
renomadas celebridades mundiais.
Bernadette era mãe solteira de três crianças e sua família triplicou de tamanho,
literalmente da noite para o dia, depois que ela tirou da custódia do Estado seis
sobrinhos. Seus colegas na Starbucks conheciam o coração grande de Bernadette e seu
pequeno apartamento, de modo que lançaram uma campanha geral para atrair a
atenção dos produtores do programa de televisão de Oprah Winfrey. Sem o conhe-
cimento de Bernadette, os outros parceiros da loja fizeram todo o possível para que
Oprah ajudasse a colega. Eles a assediavam com apelos em favor de Bernadette. Por
fim, Oprah surpreendeu Bernadette ao aparecer no balcão da Starbucks onde ela
trabalhava. Em atenção aos pedidos de ajuda dos colegas de Bernadette, Oprah
proporcionou uma jornada de compras para todas as crianças sob os cuidados da
barista e, o que é mais importante, uma casa nova e mobiliada para Bernadette e sua
família.
Em uma cultura como a da Starbucks, em que os líderes surpreendem os
funcionários e estes, por sua vez, os clientes, não é de admirar que os colegas de
Bernadette procurassem surpreendê-la positivamente. Todavia, o que geralmente
passa despercebido é que essa energia dinâmica motiva os cÜentes a surpreenderem-
se mutuamente.
A barista Danielle declara: “Eu estava trabalhando no drive- through e um senhor
me disse que gostaria de pagar a bebida do cliente seguinte. Esse cliente resolveu
continuar com a surpresa, pagando pelas bebidas do carro que estava atrás dele. Isso
se prolongou por mais 11 carros; todo mundo ficou comovido, e eu estava quase
chorando.” Surpresa e encantamento repetidas vezes, para 11 carros consecutivos. Mas
11 carros não são nada comparados a um drive-through da Starbucks, que registrou
33 carros consecutivos que foram merecedores de momentos semelhantes de
surpresa. Jim Alling, presidente da Starbucks U.S. Business, observou, em uma
reunião de acionistas, que essas histórias de “passar adiante as boas ações recebidas”
fazem refletir como surpresa e encantamento podem ter início nas ações de um par-
ceiro da Starbucks, simplesmente “por causa de uma xícara de café”.
PRINCÍPIO 1
Encantando os clientes
Já foi dito que as duas únicas coisas de que temos certeza são a morte e os
impostos. Não seria ótimo se experiência e qualidade compatíveis fossem uma
coisa igualmente certa? Como a coerência é rara e valorizada, empresas que a
dominam acabam prosperando.
A previsibilidade produz o encantamento do consumidor. As pessoas
ficam satisfeitas quando sabem que uma empresa cumpre o que promete. E,
mesmo quando algo sai errado, um funcionário ou gerente ainda pode
encantar o cliente fazendo um esforço extra para acertar # coisas.
Encantamento é resultado de um comprometimento inabalável de criar uma
relação de conforto e confiança com o cliente.
Surpresa e encantamento
7Nota da Tradutora: Café expresso com calda de chocolate branco, uma porção
generosa de leite momo e uma camada de chantili.
PRINCÍPIO 1
Se, ao final de cada dia, você e seus colegas empregaram energia adicional para
encantar as pessoas além de só satisfazê-las, acabarão sendo recompensados com
resultados extraordinários. Brad Stevens, vice-presidente de marketing da
Starbucks, resume o assunto muito bem: “Ao criar de maneira constante lojas
amigáveis, nós nos tornamos a sala de estar da vizinhança. Não estamos satisfeitos
em sermos apreciados. Queremos ser amados. Não estamos procurando pelo amor
romântico ou o amor que uma mãe tem pelo filho. Estamos procurando por aquela
situação rara em que as pessoas dizem: ‘Ah, eu amo essa empresa/ Ou: ‘Eu amo essa
bebida. Eu amo esse pessoal.’ Nós queremos aquele senso de afinidade. Eu sei que é
uma audácia ter essa meta, querer ser uma empresa amada, mas acho que se
alguma empresa pode conseguir isso, nós também. É não abrindo mão dessas
maneiras de interagir com o cliente e encantá-lo que acabaremos chegando lá.”
Previsibilidade, coerência, ritual, hábito, comunidade e reparação de falhas - se
você e sua empresa tiverem êxito em encantar todas as pessoas com quem
trabalham, vocês serão uma empresa amada e, no processo, seus clientes
conseguirão a pipoca caramelada e o prêmio.
O que você pode fazer para consolidar a previsibilidade de sua empresa, seja na área
dos produtos, seja na de serviços?
Como você pode assegurar que sua empresa encante os clientes com mais constância e
se torne parte de suas rotinas e rituais?
prêmio. ,
Abrace a oposição
- AUTOR DESCONHECIDO
Abrace a oposição
0 poeta alemão Heinrich Heine observou uma vez que uma pessoa “só se
beneficia do elogio” quando “valoriza a crítica”. Valorizar a crítica é peça
importante do quebra-cabeça Starbucks, e desempenha grande papel no
componente “abrace a oposição” delineado neste capítulo. Abraçar a oposição
envolve um conjunto complexo de habilidades que possibilita a empresas e
indivíduos criarem oportunidades quando se defrontam com ceticismo, irritação ou
desconfiança.
Esse princípio exige que os líderes diferenciem clientes que querem ter suas
preocupações resolvidas daqueles indivíduos que nunca param de reclamar e nunca
estão satisfeitos. Abraçar a oposição envolve mais coisas do que simplesmente
apaziguar pessoas ou grupos que representam um desafio. Ela foca em aprender com
indivíduos que nem sempre são fáceis de ouvir.
Nos negócios, é ótimo ver o nome de sua empresa na imprensa quando as coisas
estão indo bem. É uma história muito diferente quando a mídia visa sua empresa
negativamente. Foi isso o que aconteceu com a Starbucks quando a coluna escrita
por David M. Martin, consul- tor-chefe de treinamento da NCBS, apareceu no site
bankstocks.com, de Tom Brown.
A coluna, cujo título era “Acorde e sinta o cheiro do latte”, foi uma crítica
impiedosa e detalhada sobre problemas relacionados a serviços de lojas licenciadas
pela Starbucks. De acordo com David: “A característica da Starbucks que mais me
atraía começou a enfraquecer. Essa característica é a regularidade. Basicamente, eu
acho que antes era extremamente difícil ter uma experiência desagradável na
Starbucks. Não importava a hora do dia ou da noite, em qual cidade você estivesse
ou o produto que você comprasse - você poderia contar com bom serviço e que o
produto teria o sabor que você esperava.
Atualmente, sem pensar duas vezes, posso dar dois endereços da Starbucks,
perto de minha casa, nos quais você terá uma chance, de no mínimo 50%, de ter uma
surpresa desagradável em relação ao produto ou serviço. E também informo que
esses dois endereços são lojas “licenciadas” instaladas dentro de outro varejista.”
David, que é especialista em atendimento ao cliente no setor bancário, resume
sua frustração, observando o seguinte:
“Uma lição que acho que todos podemos tirar desse fato é que nenhuma marca é
invulnerável. Já ouvi grande número de bancos mencionarem a Starbucks como
inspiração para lojas de boa marca e agradáveis aos clientes, mas até um fenômeno
como a Starbucks, com uma base grande e fiel de clientes, pode ter fendas na
armadura quando seu nível de serviço perde regularidade. E geralmente não é um
PRINCÍPIO 4
acontecimento isolado e expressivo que enfraquece uma marca. Na maioria das vezes,
é um desgaste gradual que pode ser explicado como problema temporário ou, talvez,
‘dificuldades iniciais’. Freqüentemente, ‘a exceção’ da qualidade um pouco inferior
com o tempo vira regra. As instalações parecem as mesmas, mas a experiência do
cliente piorou [ênfase adicionada]. ”
Em muitas empresas, publicidade tão negativa pode ser descartada como opinião
de um jornalista exasperado, ou contestada por líderes que se recusam a participar de
uma auto-análise aberta e franca. Outros líderes empresariais podem tentar
neutralizar a crítica negativa distraindo os clientes com promoções ou outros
artifícios.
A direção da Starbucks, por outro lado, construiu uma empresa com a disposição
de ouvir as críticas atentamente, portanto, as reclamações são tratadas de maneira
direta e determinada, como evidenciado pelo relato de David Martin logo depois que
sua coluna negativa sobre a Starbucks foi publicada:
“Alguns dias após a divulgação da coluna, eu estava no aeroporto e peguei uma
mensagem na caixa postal que me chamou a atenção. Era de um senhor chamado
Gregg Johnson... vice-presidente sênior de novos negócios da Starbucks. Ele declarou
que havia lido a coluna e que apreciaria a oportunidade de discuti-la comigo. Acho
que estremeci de medo...
Consegui ligar para Gregg naquela tarde. Recordo-me de ter me preparado para
um diálogo desagradável. Sei que muitos diretores tornam-se superdefensivos
quando recebem avaliação negativa. Nada poderia estar mais longe da verdade.
Para começar, Gregg me agradeceu pelo interesse. Em seguida, se desculpou
pelas vezes em que sua empresa deixou de proporcionar o tipo de experiência que se
esforça para obter e o cliente espera. Em dez segundos, ele tinha tornado a ligação
agradável [ênfase adicionada].”
No final, David e Gregg desenvolveram uma relação positiva e contínua, e Gregg
e outros líderes da Starbucks fizeram palestras em eventos patrocinados pela
organização de David. Gregg chegou até a utilizar a crítica inicial de David como
ferramenta de treinamento para parceiros das lojas licenciadas.
Da perspectiva de David:
Macrooposição
Nada na natureza cresce sem enfrentar forças restritivas.
Sementes enfrentam a resistência da crosta do solo. Árvores
resistem ao vento. Animais são limitados por outros animais.
Empresas e pessoas, principalmente aquelas que crescem e se
desenvolvem rapidamente, enfrentam a oposição de forças
dinâmicas sociais e de mercado. A Starbucks teve uma taxa de
crescimento quase sem precedentes. Esse crescimento, aliado
a seu acesso aberto ao público, colocou sua liderança frente a
frente com muita oposição e, freqüentemente, envolveu a
empresa em muitas contestações sociais.
Embora a Starbucks compre aproximadamente 4% de
todo o café vendido no mundo, a empresa fica mais exposta
ao escrutínio público do que compradores de café muito
PRINCÍPIO 1
maiores que vendem seus produtos principalmente nos
supermercados. Quando surgem questões como o
compromisso de comprar café Fair Trade, é possível que o
noticiário
Abrace a oposição
8 *Nota da Tradutora: Café especial com preço mais elevado e vendido para com-
pradores individuais.
PRINCÍPIO 1
Em um ambiente empresarial, no qual muitos líderes monitoram rigorosamente
a divulgação de qualquer mensagem de marca - e, às vezes, ameaçam com processo
legal quando alguém de fora mexe com sua imagem - os executivos da Starbucks, ao
contrário, construíram a marca com sucesso, lançando mão de uma postura
freqüentemente mais descontraída.
De que maneira você pode usar a crítica dirigida à sua empresa para aprimorar seu
trabalho e o de sua equipe?
Para alguns problemas, ouvir é tudo que é preciso. Isso oferece espaço para
críticas e discussões construtivas. Outros tipos de oposição exigem ação direta. Os
grandes líderes sabem quando ouvir não é suficiente.
A liderança da Starbucks tomou medidas imediatas quando começaram a surgir
problemas sociais, sobre condições de vida e práticas ambientais em países em
desenvolvimento, produtores de café. De acordo com Dub Hay, vice-presidente sênior
de Compras Globais e de Café: “Em vez de ignorar as opiniões daqueles que
expressaram preo
Abrace a oposição
cupação sobre a maneira como apanhadores de café migrantes são tratados ou sobre
práticas ambientais dos fazendeiros de café, nosso pessoal do departamento de café
começou a trabalhar com grupos preocupados com problemas sociais, que estavam
entre os que mais reivindicavam. Em conjunto com essas organizações e a
Conservation International, os membros da equipe Starbucks desenvolveram
diretrizes de compra de café com responsabilidade social chamadas práticas CAFE
(Coffee and Farmer Equity). Essas diretrizes destinam-se a auxiliar nossos
compradores a trabalhar com os agricultores de café, a fim de garantir um produto de
alta qualidade e promover relações justas com agricultores, trabalhadores e
comunidades, bem como a proteger o meio ambiente.”
Enquanto muitos executivos têm pavor de lidar com reclamações, a direção da
Starbucks, na realidade, convida os discordantes para discussões visando à resolução
do problema. Pelo fato de a administração da Starbucks ser sensível aos problemas da
110 globalização, e considerando que seus clientes têm plena convicção de que a
empresa é uma boa administradora de recursos humanos e ambientais, seus
executivos procuraram criar um programa que recompensasse as melhores práticas
dos plantadores de café de países em desenvolvimento, onde a maioria de seu café é
comprada.
Simplificando, não se pode discutir os resultados dessa abordagem envolvente.
As práticas do CAFE oferecem contratos maiores de café quando os produtores
comprovam melhoramentos e excelência em 16 critérios diferentes que envolvem o
meio ambiente, qualidade do café e padrão de vida. Esses melhoramentos são
comprovados por avaliadores independentes.
Em vez de implementar o programa de maneira desordenada, a Starbucks o
conduziu durante dois anos, realizando constantes aperfeiçoamentos. (Mais detalhes
sobre as práticas do CAFE podem ser facilmente encontrados no site da Starbucks:
www.starbucks.com.) Acima de tudo, a vida de muitas pessoas sofreu significativa
melhora por meio da disposição da liderança da Starbucks de acolher críticas
positivamente, visando ao desenvolvimento de soluções do mundo real.
PRINCÍPIO 1
Os executivos da Starbucks, sem dúvida, não sofrem da “síndrome do
avestruz”, enterrando a cabeça na areia quando se deparam com as críticas. Ao
lidar com os problemas rapidamente, a direção da empresa converteu alguns de
seus mais ardentes críticos. A repórter de jornal Stephanie Salter é uma dessas
detratoras, que mudou de opinião por causa da sensibilidade social da empresa.
Em um artigo no Terre Haute Tribune-Star, Stephanie informa que alguns de
seus mais indelicados comentários foram dirigidos à Starbucks: “Desde a época
em que a gigantesca cadeia de cafeterias de Seattle abriu o capital..., fiz gracejos
impiedosos sobre ela.” Em seguida, continua:
“Entretanto, [algo] aconteceu para... incitar-me a admitir o erro... A empresa
atendeu às exigências dos defensores dos direitos dos trabalhadores e começou a
vender café Fair Trade... No contexto geral de comércio global, isso foi um gesto
de apoio... bem recebido por milhares de trabalhadores de café eternamente
explorados nos países em desenvolvimento. Para nós, que tentamos
acompanhar a trajetória entre as mercadorias que compramos e os seres
humanos que as produzem, esse gesto tem significado extremamente positivo.”
Líderes de sucesso não se escondem de desafios difíceis. Tomam a ofensiva
contra problemas polêmicos e complexos com a disposição de se beneficiarem
dos problemas levantados pelos comentaristas ou adversários. No final, tomam
a atitude que não apenas suprime as críticas, mas que, ocasionalmente, acaba
transformando os críticos em aliados da empresa.
Justa ou injusta, a crítica dirigida às empresas pode ser resultado de fatores
fora do controle delas, representando desafios excepcionais para a liderança ao
planejar um meio de controlar a tensão e a oposição. Como é um ícone para as
empresas americanas, a Starbucks tem se deparado com oposição significativa
daqueles que temem a globalização ou que nutrem sentimentos negativos pela
política externa dos Estados Unidos.
Conforme observado no brandchannel.com, o autor John Sim- mons
acredita que as empresas americanas deveriam examinar de que
forma a Starbucks, efetivamente, mudou as percepções negativas no mundo todo.
PRINCÍPIO 1
Do ponto de vista de John, a Starbucks demonstra que:
mesas na Cidade Proibida de Pequim. Mas sua simples presença sofreu oposição da
imprensa. Era a mesma mídia que, durante décadas, apoiava o isolacionismo e a
retórica política antiamericana. Eles promoviam as palavras do presidente Mao Tse-
Tung nos anos 50, quando ele descrevia os Estados Unidos como “o líder das forças
do imperialismo global... o mais perigoso inimigo dos povos do mundo”. Em conse-
qüência, não foi surpresa quando um jornal comparou a presença da Starbucks na
China a um tapa na cara de 1,2 bilhão de cidadãos chineses. Com apenas dois meses
de funcionamento em Pequim, as autoridades locais cogitaram o cancelamento do
alvará de funcionamento de um ano da Starbucks.
Em vez de entrar em pânico, a liderança da empresa ouviu as autoridades locais e
continuou a se ajustar às necessidades dos consumidores chineses e suas
comunidades. A direção executiva da Starbucks, por exemplo, ampliou o tamanho das
lojas na China para proporcionar o espaço que os clientes desejavam e,
progressivamente, enfrentou desafios semelhantes de um mercado singular, tal como
imprimir um novo conceito na relação entre o serviço “para viagem” e “para comer
aqui”. Nos Estados Unidos, aproximadamente 80% das bebidas são encomendadas
“para viagem”, enquanto que na China a relação é invertida, com 80% das bebidas
sendo encomendadas para serem consumidas na loja. Entendendo melhor o mercado
e atendendo»às necessidades singulares da região, a Starbucks está penetrando na
mente dos clientes chineses como restaurante de destino, e não apenas como um
fornecedor americano de bebidas.
De acordo com a repórter Monica Soto Ouchi, do Seattle Times, parece que a
Starbucks superou a crise de aceitação na China e hoje é considerada uma marca de
prestígio. “Com crescente exposição às marcas ocidentais, os jovens modernos e
abastados começaram a ver a Starbucks — ou xing bake, como é chamada lá - como
uma marca que significa sucesso, status e riqueza. Na China, os clientes da Starbucks
costumam andar pela rua com seus copos de café, o logotipo redondo e verde virado
para frente.” Entendendo e cuidando dos problemas de um mercado específico, a
Üderança da Starbucks conseguiu, por fim,
PRINCÍPIO 1
criar uma mensagem de marca muito significativa para a cultura varejista singular da
China.
Nunca se contentando com sucessos passados, os executivos da empresa
continuam atentos às necessidades do mercado chinês enquanto permanecem
receptivos às lições aprendidas com a oposiçáo. A liderança, por exemplo, procurou
meios adicionais de incentivar o envolvimento e o apoio da comunidade, mesmo
quando a empresa era encarada com ceticismo. Os dirigentes da Starbucks
rapidamente perceberam a importância da educação na cultura chinesa. Assim sendo,
seus executivos alocaram US$5 milhões para apoio de projetos educacionais no país.
A dedicação da Starbucks para ajudar aquele mercado a prosperar foi, por sua vez,
elogiada pelo ator Ziyi Zhang, classificado com uma das 100 pessoas mais influentes
em 2005 pela revista Time e astro do filme O Tigre e o Dragão.
Em vez de interpretar como um tapa na cara de seus compatriotas chineses, Ziyi
114 Zhang comentou: “Fiquei comovido quando tomei conhecimento da decisão da
Starbucks de apoiar projetos de educação na China. Como cidadão chinês, fico
profundamente agradecido às empresas globais como a Starbucks por sua filantropia.
Eu as aplaudo e apoio e estou sempre pronto para ser um defensor da generosidade
sem fronteiras.”
A lição do sucesso da Starbucks na China tem duas partes: as empresas não
apenas devem tornar os produtos e serviços que oferecem mais significativos para os
novos mercados, mas também devem saber o que é importante para as pessoas nesses
mercados e demonstrar que se preocupam de verdade pelo bem-estar dos
consumidores.
Parker da Associated Press, dono de uma cadeia de cafés concorrente, Thomas Neir,
observou que as pessoas que tomavam café nas culturas da Ásia geralmente
“passavam cinco minutos misturando Nescafé em água quente, e aquilo era café.
Muito pouca gente sabia que o café era proveniente de um grão.”
Os executivos da Starbucks sabiam que o Japão representava uma grande
oportunidade, embora o chá fosse a bebida favorita. O consumo de café no Japão
estava mais consolidado do que muitos tinham presumido. Por essa razão, o desafio
do mercado japonês envolvia elevação da preferência do consumidor por qualidade,
um obstáculo que a liderança da empresa havia superado com sucesso nos Estados
Unidos.
Ginny prossegue: “Há uma cultura de café profundamente entra- nhada neste
país... máquinas automáticas de café em lata estão por todo lugar, e as pessoas se
reúnem regularmente em pequenos cafés para fazer uma pausa enquanto fumam ou
lêem.”
Para ser bem-sucedida, a Starbucks teve de diferenciar a qualidade de 11
5
seu café daquela que o consumidor japonês já conhecia. A administração
assim fez, de maneira ampla, ensinando aos japoneses que bebiam café a diferença
entre café instantâneo ou enlatado e variedades gourmet aromáticas.
A liderança da Starbucks explicou as diferenças básicas na qualidade do café, dos
tipos de grão aos quatro fundamentos de uma ótima xícara de café (quantidade,
moagem, água e frescor). Essa abordagem educacional repercutiu em uma cultura
que valoriza muito as informações.
Em essência, a liderança propôs-se a ensinar aos consumidores as diferenças
importantes entre o café vendido rotineiramente e a qualidade aprimorada que a
Starbucks podia oferecer. Por meio dos ensinamentos, a Starbucks pegou a oposição
inicial do mercado, resultante da falta de exposição ao café gourmet, e a transformou
em um mercado florescente de café sofisticado no Japão.
Aliás, Ginny Parker informa que a Starbucks mais movimentada “não fica em
Seattle, San Francisco ou Nova York. Ela está bem no centro de Tóquio. A cadeia
americana de café está descobrindo que a Ásia é um mercado vasto, sedento e
inexplorado. De Pequim a Bangcoc, ela
!
está convertendo os amantes de chá em fãs de Frappuccino® e outras bebidas
P R Iobservou
espumantes à base de café”. Ginny N C Í P I O que,
1 em curto período de tempo, a
direção da Startucks conseguiu 250 lojas em io mercados principais da Ásia. Pelo
enfoque contínuo na educação de pessoas em resposta à oposição, o número de lojas
Starbucks é hoje superior a 500 somente no Japão.
Enquanto o mercado asiático requer ensinamento para sobrepor a resistência, na
França a Starbucks se deparou com um consumidor muito sofisticado. Odilia
d,Aramon-Guepín, diretora de Marketing na França, destaca: “A Starbucks
apresentou uma experiência nova e distinta com café. Nossos clientes talvez não
estivessem acostumados com o conceito pedir-e-pagar antes de consumir suas
bebidas, ou até a dar o nome ao barista para proceder ao pedido.Com o tempo, os
clientes dos estabelecimentos franceses adotaram essa conexão humana especial e
freqüentemente comentam quão boa é essa interação com os baristas, tão exclusiva
da Starbucks.”
116 Para ganhar aceitação, a liderança da Starbucks providenciou alimentos que se
adaptassem ao gosto local, incluindo pães tipicamente franceses, como croissant,
pain au chocolat e pain aux raisin. Todos esses itens são orgânicos e produzidos por
padeiros locais.Odilia acrescenta: “Sabemos que um número ainda maior de franceses
está aderindo à Experiência Starbucks em Paris.O café excelente, o serviço simpático
e o ambiente único atraem mais e mais clientes a cada vez que abrimos uma nova loja.
Estamos realmente impressionados com a rapidez com que a comunidade vizinha de
nossas lojas torna a Experiência Starbucks parte do ritual diário.” Frank Boosman,
consultor de marketing estratégico e blogger, destaca o seguinte: “Enquanto aprecio a
cultura tradicional do café parisiense, sei que posso acrescentar leite desnatado a meu
café Starbucks.Sei que poderão preparar qualquer bebida com um descafeinado.Sei
que ninguém estará fumando.Então, sim, eu visitaria a Starbucks em Paris.”
É óbvio que líderes empresariais devem ser culturalmente sensíveis ao dirigir
empresas no exterior, embora essa sensibilidade também seja necessária em seu
próprio país. Em virtude da espantosa diversidade
Abrace a oposição
que existe nos Estados Unidos, algumas comunidades podem ter necessidades
singulares muito diferentes daquelas de outros bairros que estão apenas a poucos
quilômetros de distância.
Esse é o caso de Amy Tingler, gerente regional, que compartilha sua experiência
de trabalho em uma localidade que tem necessidades bem peculiares. “Temos duas
lojas localizadas na região de Squirrel Hill, em Pittsburgh, que é uma comunidade
bastante populosa de judeus”, ela explica. “A empresa desenvolveu produtos como o
café em grãos e certos outros cafés que são kosher. No âmbito da loja em Squirrel
Hill, entretanto, começamos a receber recomendações de que precisávamos para
fazer algumas mudanças em sintonia com a comunidade. Por exemplo, recebíamos
comentários de nossos clientes habituais sobre a música de Natal que estávamos
tocando. Nós levamos a sério essas recomendações e fizemos mudanças.”
Para lidar com os problemas desse mercado específico, a ex-ge- rente regional
Kristena Hard acrescentou: “Pedimos a ajuda de um rabino local, que identificou
quais de nossos produtos eram kosher. Nós então etiquetamos aqueles produtos da
forma adequada. Em essência, pegamos o que a comunidade queria e traduzimos em
ações.”
Não apenas a liderança da Starbucks ouviu e se aliou ao rabino, mas os parceiros
das lojas também demonstraram sua sensibilidade. Kristena observou: “Nossos
parceiros sabem que precisam servir a comunidade e agir de acordo com seus valores
e prioridades. Às vezes, campanhas de nível nacional, que vêm do escritório da
administração, não satisfazem, necessariamente, as necessidades de Squirrel Hill.
Quando isso acontece, nossos parceiros mudam a maneira como os produtos são
apresentados nas lojas. Um ótimo exemplo ocorreu quando parceiros receberam
cestas para as festas da administração central amarradas com fitas verdes e
vermelhas. Literalmente, os parceiros de Squirrel Hill tiraram as fitas e
assubstituíram por fitas nas cores azul e prata. Em pequenos aspectos, esses atos
suavizaram a experiência, expressaram gratidão e demonstraram espírito
comunitário.” Squirrel Hill demonstra o valor de políticas flexíveis para empresas de
todos os tamanhos. Essa adaptabilidade torna uma empresa ágil o
suficiente para atender às necessidades de grupos heterogêneos de mercado.
PRINCÍPIO 1
Assim, os líderes podem buscar maneiras de ajudar seu pessoal a diminuir a oposição
e incorporar a natureza peculiar de uma comunidade por iniciativa própria.
Adotar essa postura flexível pode se constituir em um desafio difícil e frustrante
para muitas empresas. Em conseqüência, os dirigentes geralmente só lidam com as
críticas ou recuam de maneira reativa. Com freqüência, pequenos problemas são
negligenciados até que a retórica negativa assume vida própria. Nesse ponto, o
dirigente tem muito pouca escolha, a não ser enfrentar a questão que, provavelmente,
já se transformou em problema muito maior. A liderança da Starbucks não apenas
tenta reagir a crítica de imediato, mas, onde for possível, ela antevê potenciais áreas
de oposição.
Essa abordagem proativa reflete-se no Conselho de Questões Emergentes. Esse
comitê de prestígio composto por altos executivos da Starbucks se reúne
118 regularmente para prever e controlar as áreas com problemas potenciais, buscar
soluções e chegar a um consenso sobre linhas de ação adequadas.
Sandra Taylor, vice-presidente de responsabilidade social corporativa, comenta:
significa não apenas reagir às forças que vêm por trás, mas também observar o
futuro, em busca de soluções ou de outros problemas potenciais ou áreas de conflito.
Embora muita oposição possa ser vencida com paciência e esforço concentrado,
há vezes em que ela é simplesmente forte demais. O desafio da liderança nessas
situações é aceitar que a oposição precisa ser respeitada. Chega uma hora na vida das
empresas em que a oposição aumenta na mesma proporção dos esforços feitos para
neutralizá-la. Esse é um sinal de que o melhor a fazer é simplesmente desistir.
A direção da Starbucks já passou por situações de extrema oposição para entrar
em um mercado. A gerente regional Renny Freet relata uma dessas situações: “Nós
tivemos um problema em Long Beach, Califórnia”, Renny explica. “Estávamos
presentes com sete lojas na região. Como Long Beach é uma grande região
metropolitana, sete lojas não é algo tão expressivo. Encontramos um local na área de
Long Beach chamado Seal Beach. Era um antigo Burger King e estava desocupado.”
Desde o princípio, a loja de Seal Beach enfrentou forte oposição da comunidade,
conta Renny: “Nós íamos às reuniões do conselho da cidade e ouvíamos os cidadãos
que nos viam como uma ameaça às cafe- terias independentes da região. Muitas
dessas cafeterias na realidade eram redes. Alguns dos concorrentes conseguiam
publicar artigos nos jornais locais, falando coisas nem um pouco lisonjeiras sobre nós
e sugerindo que éramos um incômodo. Era difícil para eu ler aqueles artigos e,
francamente, eles não eram verdadeiros.”
Em vez de empreendermos um bombardeio na mídia que deteria a oposição,
Renny afirma, “Nós simplesmente fizemos o habitual. Envolvemo-nos cada vez mais
na comunidade. Organizamos ativida
PRINCÍPIO 1
des de assistência a Seal Beach, com a participação de nossas outras lojas em Long
Beach”.
A história, todavia, não termina com um abraço afetuoso da comunidade. Como
Renny coloca: “Nós acabamos desistindo do local que está vamos buscando porque
sentimos que não era o momento certo.” Mas em vez de culpar a comunidade pela
oposição, Renny conclui: “Sabíamos que não havíamos feito um trabalho tão bom
como poderíamos ao nos envolver na comunidade. Mas, posteriormente, montamos
lojas naquela região, e a oposição não foi nada parecida com o que sofremos no
passado. Abraçar a oposição tem muito a ver com respeitar os pontos de vista dos
outros. Quando a oposição não diminui, é hora de fazer o que é certo e dizer que
haverá outros locais no futuro.” Envolver-se na comunidade (mesmo quando se tem
receio), esperando pacientemente para obter maior aceitação, e, ocasionalmente,
resolver adiar a oportunidade para uma época melhor, revela a disciplina que separa
as grandes empresas daquelas que são impacientes e têm falta de visão.
Seja na comunidade ou nas lojas, os líderes da Starbucks aprenderam que não
124 enfrentar pequenas batalhas geralmente promove um futuro de longo prazo, mais
saudável e mais cooperativo. O ex-gerente de loja Gerald Kyle (atualmente gerente
regional) passou por isso pessoalmente. Ele comenta: “Os clientes da loja do Pike
Place Market chegavam na expectativa de encontrar a mesma linha de pães que
podiam achar em qualquer outra Starbucks. Entretanto, nosso contrato de locação é
bastante restritivo naquele local histórico. Por exemplo, não tínhamos permissão
para vender alimentos frescos e podíamos vender apenas gêneros alimentícios
embalados. Com o passar dos meses, os clientes pediam mais opções de comida.
Portanto, começamos a embalar pães, bolos e tortas para satisfazer as exigências.
Parece que alguns dos outros comerciantes do mercado reclamaram que estávamos
violando nosso contrato ao vender esses artigos embalados.”
Gerald preparou uma argumentação para os dirigentes do mercado, na
expectativa de que pudesse persuadi-los a lhe dar permissão para continuar
vendendo comida. O ponto mais importante de suas alegações era que muitas das
pessoas que reclamaram também estavam
Abrace a oposição
A marca Starbucks teve penetração significativa no ramo musical nos últimos dez
anos. Foi uma jornada perseverante desde a colaboração, em 1995, com a Blue Note
Records, quando foi produzida uma compilação em CD. Momentos importantes
desse período incluíram o álbum com Ray Charles, ganhador do Grammy de 2004, e
relações de sucesso com Herbie Hancock, Elton John, Rolling Stones e muitos outros
expoentes musicais. Atualmente a Starbucks é um trampolim para a carreira de novos
artistas como Antigone Rising e Sonya Kitchell.
A cobertura positiva de mídia que a Starbucks obteve nos últimos anos é prova de
como ela se saiu bem no combate às críticas. Em artigo publicado no site
www.foxnews.com, o colunista Michael Y. Park escreveu: “O que talvez seja o nome
mais poderoso da música não pertence a uma gravadora, a um poderoso executivo do
setor ou a uma banda de prestígio. Na verdade, não pertence a uma empresa de modo
algum associada à música... A Starbucks pode ser o futuro da música nos Estados
Unidos.” Nada apazigua mais a veemência da crítica do que o sucesso que refuta os
céticos.
O mundo está cheio de pessoas que preverão seu fracasso e o de sua empresa.
Embora as críticas possam ser proveitosas para identificar potenciais obstáculos, suas
previsões não são mais do que opiniões (e geralmente sem qualquer conhecimento no
assunto). Líderes empresariais de sucesso sabem como determinar se o céu está desa-
bando ou se o céu é o limite. Por fim, focando em seus valores, objetivos e feedback
que podem torná-las melhor, grandes empresas excedem as expectativas dos clientes,
dos funcionários e das comunidades onde têm negócios.
9Nota da Tradutora: Bebida com chá verde japonês Matcha, misturada com leite e gelo e
coberta de chantili.
Abrace a oposição
Apesar de suas políticas liberais e da busca interminável por liderança para fazer
as coisas de um modo sempre melhor, há vezes em que os parceiros da Starbucks não
podem solucionar um problema. Embora a persistência tenha possibilitado mudar
uma porca de lugar, os executivos da Starbucks não conseguiram fazer muita coisa
para impedir elefantes e outros animais migratórios de atravessar uma plantação de
café perto de Ngorongoro Crater, na Tanzânia. Assim, a Starbucks e a plantação
simplesmente tiveram de aceitar as trilhas definidas pelos animais. Quando a
oposição vence, tudo que resta é seu espírito criativo. Galhofeiramente, a Starbucks
deu o nome de Elephant Kinjia a um dos cafés especiais da Tanzânia, que faz parte de
sua linha de cafés Black Apron Exclusives™. (O nome kinjia significa “caminho” na
língua suaili.)
Embora a trajetória de um elefante não possa ser modificada, muitas outras
formas de oposição podem ser resolvidas por meio da ação de ouvir com atenção e do
compromisso de usar feedback para crescimento de longo prazo. Grandes líderes
abandonam a atitude defensiva e abrem o ouvido e a mente para as opiniões dos
outros, aceitando a
oposição como
ferramenta valiosa
de desenvolvimento.
Crie sua própria experiência
• Até que ponto você e seus líderes empresariais estão dispostos a ouvir críticas dos outros?
• Com que seriedade e antecedência você apresenta as críticas que recebe para ser
solucionadas?
• Quando você evita pessoas por temer que a interação com elas será desagradável ou
conflitante?
• Pense em quantas vezes você diz não no trabalho. Em que situações você poderia ter dito
sim ou, pelo menos, talvez?
N
Idéias para experimentar
ada cresce na natureza sem enfrentar forças restritivas.
• Abraçar a oposição envolve um conjunto complexo de habilidades
que permite a empresas e indivíduos criar oportunidades quando enfrentam
críticas, ceticismo, irritação j e desconfiança.
• Para lidar eficazmente com a oposição, você deve diferenciar as pessoas que
querem que seus problemas sejam resolvidos daquelas que nunca param de
reclamar,
• Embora seja natural evitar contato com detratores, pode-se ganhar muito ao
acolhê-los positivamente nos está-1 gíos iniciais de discussão do problema.
• Quando o problema dos críticos é atenuado, muitas vezes eles podem se tornar
seus defensores mais ardentes, ' I
• É essencial corrigir rapidamente informações incorretas.; |
• Quando são cometidos erros, é importante assumir responsabilidade direta e
inequívoca e complementar com medidas corretivas.
U*
w
PRINCÍPIO 5
,
Deixe sua marca
ANNE FRANK
T odos nós deixamos uma marca no mundo. O que varia é se a marca é
positiva ou negativa. Retribuímos mais do que recebemos ou recebemos
mais do que retribuímos? Isso é especialmente importante no mundo dos
negócios, onde as ações dos dirigentes têm profundo impacto sobre indivíduos
e a sociedade. Alguns líderes ficam satisfeitos em atingir as metas de lucro da
empresa. Economizam em tudo, desde benefícios de empregados até despesas
de capital. Outros, todavia, acreditam que uma importante parte do sucesso da
empresa está ligada ao impacto positivo e de grande eficácia que exercem sobre
a comunidade.
Envolvimento social é essencial para a missão de liderança da Starbucks e,
por conseguinte, a participação na comunidade serve para exportar a
Experiência Starbucks para as pessoas ao redor do mundo. Os executivos da
empresa têm compromisso imenso com liderança corporativa e comunitária, o
que inclui cuidar de sua própria equipe de funcionários, voluntariado nas
comunidades, considerações sobre a qualidade de vida de fornecedores de
produtos, transparência econômica de um extremo a outro da cadeia de
abastecimento, doações de monta para organizações comunitárias nacionais,
doação de sementes para empresas sem fins lucrativos no país e
sustentabilidade planejada para gerações futuras, bem como projetos de
preservação ambiental. E isso é apenas parte da política socialmente ativa da
Starbucks.
Por que a direção de uma empresa investiria tanto tempo e trabalho em
questões sociais? A Starbucks retribui tanto aos funcionários e às comunidades
porque acha que é a coisa certa a fazer ou porque atrai mais negócios? Mesmo
se seus líderes resolvessem, a princípio, ser bons cidadãos corporativos, na
esperança de incrementar os lucros, quase todos que mantêm esse tipo de
compromisso o fazem porque se torna a melhor maneira - a única maneira, de
se fazer negócios. Com base em minha investigação em todos os níveis da
organização Starbucks, concluí que a empresa é autêntica.
A equipe de líderes capta o compromisso social da empresa na declaração
de missão, a qual menciona que a Starbucks “contribuirá positivamente com
nossas comunidades e nosso meio ambiente*.
PRINCÍPIO 1
B
Deixe sua marca
aproximar das comunidades com as quais a Starbucks está envolvida. Como Sue
Mecklenburg, vice-presidente desse grupo afirma: “Eu vi a responsabilidade social
corporativa deixar de ser assunto de filantropia para se tornar o modo como
dirigimos a empresa. É transformacional! **
Todavia, é possível que muitos dirigentes não tenham os mesmos recursos para
empregar em programas voltados para a comunidade, especialmente quando
comparados a uma grande organização como a Starbucks. Na verdade, o tamanho de
uma empresa explica apenas parcialmente a magnitude de seu impacto social. O grau
de consciência de qualquer liderança, e o tamanho de seu coração, também desempe-
nham papel importante. Empresas de portes pequeno e médio podem fazer coisas
incríveis para as pessoas que trabalham para elas e para seus vizinhos. Podem
provocar impacto com poucos recursos.
Infelizmente, líderes de empresas de todos os tamanhos, desde os pequenos
negócios até conglomerados multinacionais, não raro deixam de perceber o que
podem fazer para contribuir para suas comunidades e para a sociedade como um
todo. A equipe de líderes da Starbucks representa um protótipo poderoso de formas
para alcançar sucesso nos negócios, enquanto continua sendo uma força para
melhorar a qualidade de vida de indivíduos e comunidades.
Construir confiança
O valor da marca Starbucks está 100% ligado à confiança que os acionistas
depositam na empresa. A Starbucks recebe permissão de um amplo universo de
pessoas para conduzir os negócios com firmeza, enquanto elas acharem que os
líderes fazem o que prometem. A direção executiva da empresa tem tido sucesso
em inspirar a confiança dos acionistas, pelo fato de cuidar dos funcionários,
enaltecer os clientes, fornecer um produto de qualidade, enriquecer investidores
e melhorar as comunidades de maneira favorável ao meio ambiente.
Fm razão dessas realizações amplamente definidas ■ & de objetivos
permanentes, as pessoas que têm ações da Starbucks avaliam o desempenho da
empresa com relação às suas prioridades, por meio de um conceito denominado
“resultado financeiro triplo”. Essa avaliação exige que a organização informe não
apenas os resultados financeiros, mas também seu impacto social e desempenho
ambiental. Esses resultados são publicados em um relatório anual
Responsabilidade Social Corporativa (RSC), auditado por empresa independente,
podendo ser facilmente verificado, na sua totalidade, diretamente na empresa ou
em seu site, e em versão abreviada nas lojas da Starbucks.
Ao declarar-se francamente favorável às questões sociais e assumir publicamente
a responsabilidade pelo cumprimento de seus compromissos, a empresa atraiu o
interesse de grupos muito variados, entre eles a dos candidatos a cargos de alto
escalão. Sheeba Oriko, uma dessas candidatas, tornou-se parceira da Starbucks no
departamento de TI.
Sheeba declara: “Antes de trabalhar para a Starbucks, trabalhei em diversas
empresas globais. Todas eram bem-sucedidas, mas nunca havia ouvido falar que uma
empresa tinha consciência social. Isso me deixou intrigada. Pesquisei um pouco mais
e descobri que a Starbucks tinha compromisso não apenas com responsabilidade
social, mas também em definir a direção do movimento de responsabilidade social
corporativa e assumir sua liderança. Levei um ano e meio trocando informações para
conseguir um cargo na empresa. Durante esse tempo, continuei pesquisando a
Starbucks e conhecendo parceiros. Quanto mais eu a pesquisava, mais ficava atraída
pelo que ela defendia e por seus objetivos.”
Sheeba, que nasceu no Leste Africano, foi um acréscimo de peso para a
Starbucks. Devido à sua experiência com problemas de água potável em sua terra
natal, Sheeba levou para a empresa não apenas seu conhecimento de TI, mas também
uma paixão e um raro entendimento do impacto da falta de água potável sobre
mulheres e crianças em todo o mundo. Sheeba usou seu conhecimento para trabalhar
com a Starbucks para apoiar projetos de acesso à água potável, por meio de sua
marca de água Ethos™.
Pessoas talentosas como Sheeba sentem-se freqüentemente atraídas por
empresas socialmente responsáveis, pois sabem que estas oferecem desafio e
satisfação. A maioria de nós quer se envolver em organizações que se preocupem com
algo mais do que o sucesso financeiro. Mesmo assim, antes de você entrar correndo
na sala de seu gerente para promover programas socialmente responsáveis, entenda
que até os mais ardentes defensores de responsabilidade social corporativa re-
conhecem que as vantagens financeiras dessa postura são difíceis de mensurar, ver
ou sentir no curto prazo. Responsabilidade social corporativa não é um modismo a
ser experimentado até que apareça um novo. É uma mudança de paradigma na
maneira de fazer negócios e pode ser uma viagem longa e acidentada, embora
imensamente gratifi- ueixe sua marca
cante. Com compromisso de longo prazo, pode-se,obter ganhos substanciais por meio
do envolvimento com a comunidade. Líderes pacientes produzem benefícios
impressionantes para a empresa e para um mundo social mais amplo.
Práticas do CAFE
Conforme observado, a Starbucks desenvolveu um conjunto de diretrizes evolutivas
para aquisição de café. Se os fornecedores satisfizerem certos critérios, podem
negociar um preço premium para o café que vendem à empresa. Entretanto, se o
fornecedor quiser ser permanente, ele deve se comprometer a ser avaliado com base
em critérios, os quais incluem:
A Starbucks normalmente paga um preço mais alto pelo café do que seus
concorrentes (aproximadamente US$1,26 a mais por libra), e um contrato de
fornecedor Starbucks, sob as diretrizes do CAFE, garante um preço premium que
protege o agricultor da volatilidade do mercado de café. Isso ajuda os fornecedores a
planejar suas empresas cafeeiras de maneira mais estratégica - comprando terra,
investindo em equipamento, aumentando salários dos trabalhadores e conseguindo
empréstimos.
A Starbucks têm de pagar um preço premium fixo em vez de pagar o
menor preço possível para café de qualidade satisfatória? Ela tem de
conceder incentivos para que seus fornecedores se atenham ao meio
ambiente e a melhores condições sociais para seus trabalhadores? Na
prática, não. Mas a organização preferiu ir além de ser apenas um com-
prador de café. A liderança enfoca, em vez disso, as relações com os que
fazem parte da cadeia de abastecimento, confiando na idéia de que se você
melhora o futuro daqueles que o apóiam, seu futuro também estará
garantido.
Contribuição corporativa
À medida que as empresas crescem, elas freqüentemente enfrentam a percepção de
que “grande” eqüivale a “ruim”. Muitas pessoas presumem, por exemplo, que as
grandes empresas perdem o ânimo e a compaixão. Para garantir que a Starbucks
mantivesse o foco na liderança, Howard Schultz criou a The Starbucks Foundation
em 1997. A fundação centralizava as iniciativas de contribuição corporativa da
Starbucks e priorizava o apoio à alfabetização e programas que atingem crianças e
famílias.
Embora a dimensão da contribuição financeira da Starbucks seja
impressionante, no final das contas é o impacto desses dólares que realmente
importa para as pessoas cujas vidas são afetadas. Para o parceiro comunitário
Jumpstart, isso significou mais de uma década de alfabetização e avanço em direção
à meta de que toda criança nos Estados Unidos entre um dia na escola preparada
para ser bem-sucedida. Em 2005, a Fundação Starbucks assumiu o compromisso de
destinar US$1,5 milhão apenas para a Jumpstart. Esse dinheiro tem por finalidade
apoiar as iniciativas da organização nos próximos três anos.
Embora a cifra de US$1,5 milhão não esteja no orçamento da maioria das
entidades filantrópicas, a maior parte das contribuições da Fundação Starbucks está
entre US$10 mil e US$50 mil, e todos esses dólares vão para organizações onde os
parceiros já trabalharam como voluntários. Depois de trabalharem com uma
entidade e testemunharem seu impacto positivo na comunidade, a organização pode
pleitear apoio da fundação.
Uma organização que se beneficiou grandemente da fundação e do trabalho
voluntário dos parceiros da Starbucks foi a DeafHope, um grupo comunitário que
presta serviços às vítimas de violência doméstica portadoras de deficiência auditiva.
Julie Rems-Smario, diretora executiva da DeafHope, revela: “Os funcionários da
Starbucks são nossos anjos - eles foram tão generosos com seu tempo e habilidades,
para refazer e aperfeiçoar nossa rede elétrica visando atender às exigências da
tecnologia e acessibilidade.”
Foi por intermédio da participação dos parceiros que a DeafHope conseguiu uma
contribuição de US$25 mil da Fundação Starbucks. Ju- lie revela que, com o auxílio
da fundação, a DeafHope pôde continuar prestando serviços de apoio aos
sobreviventes e preservar sua missão de acabar com a violência doméstica e sexual
contra mulheres e crianças com deficiência auditiva, por meio da participação de
todos e da educação.
Mas o que representa a missão da DeafHope na vida das pessoas que atende?
Julie revela que uma mãe de quatro filhos lhe disse: “Eu abandonei meu marido
violento, que também estava começando a agredir meus filhos. Eu não tinha para
onde ir. Os abrigos não eram acessíveis. A polícia não acreditava em mim. Meus
filhos e eu precisávamos de segurança, e nós a encontramos na DeafHope.”
Donna Cahill, diretora executiva da Holy Family Day Home, uma organização de
assistência educacional infantil, resume o impacto da contribuição corporativa da
Starbucks. Depois que sua entidade recebeu contribuição de US$50 mil da Fundação
Starbucks, Donna disse simplesmente “Obrigada... Vocês realmente estão servindo
mais do que café em nossa comunidade.”
Para os líderes da Starbucks, servir comunidades os afasta do caminho
tradicional das 500 maiores empresas relacionadas pela revista Fortune. Sandra
Taylor, vice-presidente sênior de Responsabilidade Social Corporativa, observa,
“Nossa divisão Tazo® fez uma parceria com a Mercy Corps para dar apoio a projetos
em 24 povoações em Darjeeling, índia, uma região de cultivo de chá. Um dos projetos
é melhorar a qualidade da água e as condições sanitárias. Por meio dos esforços
realizados até agora, os moradores tiveram redução de 10% nas doenças transmitidas
pela água. Isso é considerável para uma empresa de chá e café!”
Sandra passa a explicar que o projeto Darjeeling também oferece treinamento
vocacional para as famílias plantadoras de chá. “Uma peculiaridade sobre as
fazendas de chá é que só um dos filhos leva avante o negócio da família. Então seja
você dono ou empregado, há filhos que não têm emprego no cultivo de chá e, em
muitos casos, não têm emprego algum. Estamos ajudando jovens da região a
aprender outras profissões, como conserto de equipamentos eletrônicos. Um rapaz
per-
guntou: ‘Por que uma empresa de café se preocuparia conosco e com o que
fazemos?’ Acho que a pergunta deveria ser: ‘Por que não?’ Eles fazem parte da
comunidade.*’
Qual é o tamanho de sua “comunidade” ? Grandes líderes não apenas
desenvolvem suas empresas, mas, durante o processo, tendem a expandir seu
conceito de comunidade. Para a liderança da Starbucks, responsabilidade
social reflete um senso muito amplo de comunidade. Em Cingapura, a empresa
está deixando sua marca ao abrir uma loja que serve de ambiente de
treinamento das habilidades de vida e de trabalho para alunos. A loja, chamada
Pathlight Café, é a primeira do gênero em Cingapura. Oito adolescentes
autistas, com idades entre 12 e 15 anos, estão sendo treinados nas habilidades
necessárias para mexer com dinheiro, atender clientes e preparar sanduíches.
Denise Phua, diretora interina da escola, vê a generosidade da Starbucks como
essencial para os alunos desenvolverem boas habilidades, atitudes e hábitos de
trabalho que os tornarão aptos para contratação futura.
Na vizinha Malásia, a empresa abriu a loja Berjaya Starbucks Coffee e o
Ambulatório Pediátrico Gratuito em Penang, em colaboração com a HOPE
Worldwide. O ambulatório presta atendimento médico gratuito para pessoas sem
recursos para pagar tratamento pediátrico. Para reduzir os custos administrativos,
os parceiros da Starbucks na Malásia trabalham como voluntários na clínica e
auxiliam no trabalho administrativo, na manutenção e preparação da medicação.
Os parceiros também fizeram arrecadação de fundos para o ambulatório e orga-
nizaram doações para as famílias que o visitam. Como se isso não bastasse, eles
também juntam livros e roupas usadas para doar às crianças atendidas no local.
É provável que os pragmáticos questionem por que a direção da Starbucks
facilita o treinamento de adolescentes autistas ou a prestação de serviços médicos.
Em ambos os casos, a empresa atende às necessidades de pessoas que talvez
nunca venham a ser seus clientes. Sua liderança, entretanto, acredita não apenas
que é correto apoiar essas iniciativas, mas que, em contrapartida, esse trabalho
cívico forja alianças mais fortes entre a empresa e os cidadãos, políticos e líderes
comu-
nitários da região. A Starbucks ganha aceitação como membro verdadeiro e
compassivo dessas comunidades, e não apenas como um interesse estrangeiro que
pretende ganhar dinheiro para os cidadãos de seu país.
Voluntariado na comunidade
Ao incentivar funcionários ao voluntariado, líderes empresariais podem causar um
impacto imediato, tangível e de baixo custo nas comu* nidades onde têm negócios.
Os executivos da Starbucks apoiam o voluntariado em diversos níveis, incluindo o
programa “Deixe sua marca”. Coerente com ser envolvido, uma das Cinco Maneiras
de Ser descrita no Princípio i, a empresa desafia os membros de sua equipe a dei-
xarem sua marca pessoal diretamente onde vivem. A título de apoio, a empresa faz
uma contribuição de US$10 por hora, até a importância de US$ 1 mil por projeto,
para a entidade qualificada onde o parceiro presta trabalho voluntário.
Lara Wyss, uma parceira da Starbucks do Departamento de Relações de Mídia,
afirma: “Por cada hora que passo na minha escola, lendo para a classe de minha filha,
a Starbucks faz uma contribuição em dinheiro para essa escola. Eles não estão me
pagando para ser voluntária. Eles estão aumentando o impacto de meu voluntariado
na comunidade.” Um benefício adicional desses programas é que os funcionários
sentem que a empresa realmente se preocupa com seus interesses e eles, por sua vez,
se sentem mais leais à empresa e mais empenhados no trabalho.
Liderança futura
Embora a liderança da Starbucks já tenha deixado uma marca enorme nas
comunidades em todo o mundo, a empresa ainda não terminou. Com
efeito, a administração da Starbucks começou a valorizar a oportunidade
única disponível neste momento da história da empresa. Os dirigentes
têm consciência de que podem mudar mais do que comunidades locais e
de que devem compartilhar as lições que aprenderam até hoje em sua
jornada de responsabilidade social corporativa.
Sandra Taylor resume bem: “Até hoje, na história da Starbucks, nos
dedicamos a fazer a coisa certa. Dirigimos nossa empresa de uma
maneira que reflita nossos valores e princípios, porque consideramos que
seria bom para nossos parceiros e fornecedores, mas apenas nos últimos
anos conversamos sobre como podíamos ser um exemplo para líderes de
outros setores. Não somos tão arrogantes a ponto de dizer ‘sigam o nosso
exemplo’, ‘nós somos os melhores’, ou qualquer coisa assim, mas nós
tivemos sucesso e aprovação pela maneira como comandamos nossa
organização. Acreditamos que podemos oferecer insights para que sejam
modelados por outras empresas.”
Deixe sua marca
• Você pode descobrir meios pelos quais você e sua empresa possam
deixar a maior e mais poderosa marca possível?
• O impacto de suas práticas de negócios poderá ser avaliado por meio
do voluntariado, arrecadação de fundos, contribuições para a
comunidade ou um compromisso mais universal?
• De que forma você acha que essas iniciativas beneficiariam sua
comunidade (recursos voluntários adicionais, término de projetos que
não teriam sido realizados sem a assistência de sua empresa ou de
alguma outra forma)?
• De que forma é possível a responsabilidade social corporativa ajudar sua
empresa?
• De que forma você pode usar o envolvimento com a comunidade para
formar equipes e aumentar a participação dos funcionários?
• O que você está esperando?
Deixe sua marca
mento, que demonstram quando sua equipe está sendo e quando «2o está
sendo aquilo que sua empresa valoriza.
Você pode resolver implementar as idéias da Starbucks em seu negócio,
dando atenção aos detalhes que quase sempre sào negligenciados, no ritmo rápido
de seu dia de trabalho. Em vez de aceitar atalhos e esforços abaixo da média, você
pode optar por desafiar sua equipe ou área de trabalho a adotar a abordagem do
“tudo importa10.
Começando com a visão de como seu negócio poderia ser se estivesse
operando em sua melhor forma, você e sua equipe podem abandonar os obstáculos
que os impedem de desempenhar, de forma constante, em um nível muito
favorável. Esses fatores, que sào a diferença entre comum e extraordinário, podem
aflorar em satisfação do cliente, qualidade do produto, treinamento ou aspectos de
envolvimento social de sua empresa.
Abraçando as opiniões e a oposição dos clientes, grupos comunitários e
funcionários, você terá amplas oportunidades de observar os detalhes que
representam a diferença entre sobreviver e fazer um sucesso excepcional. Com esse
intuito, você pode desejar examinar como você e sua empresa lidam com
discordâncias e críticas. Pode pensar em maneiras de ir além de responder às
reclamações e, na verdade, prevè-las, como faz a liderança da Starbucks. Você
provavelmente encontrará oportunidades de incluir os discordantes nas discussões
para resolução do problema e de criar estruturas em sua empresa que controlem
problemas emergentes.
A Starbucks é um excelente modelo de como uma empresa pode se tomar uma
instituição de ensino. Os líderes da Starbucks sabem da importância de pegar as
opiniões, positivas e negativas, e apresentá-las a toda a empresa para aprendizado e
adaptação coletivos.
É possível que você queira ir direto para os aspectos de "surpresa e
encantamento” de sua empresa, descobrindo de imediato maneiras de manter uma
• Como equipe, quais são seus pontos fortes com relação a aceitar
Introdução
“A história da Starbucks é o exemplo perfeito do ‘imagine!’ em todos os
sentidos. Quando a empresa abriu o capitai... tinha apenas 165 lojas
concentradas em Seattle...”
- Cora Daniels, “Mr. Coffee: The Man behind de $4,75 Frappuccino Makes
de 500”, Fortune, 14 de abril de 1003.