Sie sind auf Seite 1von 4

AULA 6 – LÍNGUA PORTUGUESA

MACHADO DE ASSIS
Machado não tinha compromisso com editoras, por isso ele tinha muito tempo entre a
publicação de um livro e outro o que possibilitou muito espaço para a reflexão. Ele tinha
planejamento e coerência em sua obra. As características machadianas são:
• narrador multiperspectivado;
• interação entre narrador e leitor;
• análise psicológica dos personagens – digressão;
• despreocupação com a cronologia dos fatos;
• ironia e crítica à sociedade hipócrita – ceticismo;
• personagens femininas fortíssimas;
• crítica à superficialidade religiosa.
Segundo a teoria tradicional, o narrador pode ser narrador-personagem (participa da
história), narrador-observador (em terceira pessoa, simplesmente vê o que acontece) ou
narrador onisciente (sabe tudo). Machado cria um narrador que é mais que onisciente. Brás
Cubas era um narrador personagem, mas o fato de estar morto dá a ele características de
onisciência. Brás Cubas era os três narradores e ainda conversava (e conhecia) os leitores. O
narrador machadiano tem muitas perspectivas. [Há também a nomenclatura de narrador-
intruso devido às intervenções que ele faz ao dialogar com o leitor.]
Machado não diz que o homem é fruto do meio, mas sim que o homem forma o meio.
Toda obra machadiana investiga a natureza humana. Ele mostra para o leitor uma ação do
personagem e começa a refletir sobre ela.
Machado não rompe totalmente com a cronologia, mas mistura o tempo cronológico
com o tempo psicológico (o tempo da memória).
A ironia é o movimento de dizer de outra maneira. Por meio da ironia, ele critica a
sociedade, sobretudo sua hipocrisia. Em um determinado capítulo, Brás Cubas encontra uma
moeda de ouro, vai até uma delegacia e a entrega. Isso aparece em todos os jornais, e ele passou
a ser conhecido como uma pessoa honesta, ética. Tempos depois, ele encontrou um pacote de
dinheiro, levou-o para casa. Teve uma crise de consciência e decidiu dedicar o dinheiro à
caridade. Doou à Dona Plácida (que acobertava seu caso de adultério com Virgília).
No capítulo Teoria do Benefício, ele conta que no livro Elogio à Loucura os animais se
ajudam. Brás Cubas vai desvendando dizendo que não há ajuda reciproca e conclui percebendo
que ‘a memória do beneficiador é muito maior do que a do que foi beneficiado’.
No conto A Causa Secreta, um rapaz recém-formado em medicina vê um homem
esfaqueado. Ele tenta ajudar, mas já havia alguém o rapaz. Esse alguém era Fortunato. Fortunato
não era médico, mas não deixava o médico chegar perto do ferido. Quando o rapaz ficou bem,
foi agradecer a boa ação. Fortunato não aceitou o agradecimento. O rapaz ficou furioso. O
médico viu Fortunato no teatro, esse último assistiu à tragédia com entusiasmo, mas na hora da
comédia foi embora. Quando começou a trabalhar na Santa Casa, o médico viu que Fortunato
ajudava na ala dos tuberculosos. Fortunato queria construir um hospital. Após se aproximar de
Fortunato, o médico descobriu que a esposa dele sofria de crise de nervos - não podia ouvir um
barulho. Foi então que ele descobriu que Fortunato tinha um porão no qual torturava animais.
O médico constatou que a bondade de Fortunato nada mais era do que um sadismo – ele se
deleitava em ver o outro sofrer.
Virgília preferiu casar com Lobo Neves e não com Brás Cubas, porque Lobo Neves
poderia leva-la a ser marquesa. Porém, ela amava Brás Cubas. Então, ela casou com um e tinha
um caso com o outro. As personagens femininas de Machado são muito fortes - elas decidem.
Quando Lobo Neves morreu, Virgília chorou de verdade – ela gostava verdadeiramente do
marido. Quando ela ficou viúva de um, ela ficou viúva dos dois.
O narrador de Dom Casmurro é um narrador-personagem. Capitu é colocada desde o
começo do livro como uma mulher forte “Capitu era muito mais mulher do que eu era homem”.
No início da história, Bentinho resolve assistir a uma peça de teatro: Otelo. Otelo é uma história
de ciúme, ele mata Desdemona por ciúme. Essa história ilustra a narrativa de Bentinho.
O livro Esaú e Jacó foi muito criticado. É um livro que fala da passagem da monarquia
para a república. Chegou a haver críticas que diziam que na verdade a verdadeira autora das
obras era Dona Carolina, a recém-falecida esposa de Machado.
Machado dizia que se as pessoas de fato fossem religiosas, elas seriam mais amistosas
e éticas. Ele via que todo altruísmo tinha fundamentação em interesse. Por isso, fez várias
referências à religiosidade de fachada. Em Esaú e Jacó, natividade ao descobrir que estava
grávida foi se consultar com uma cabocla que não disse nada em especial. Ao voltar para casa,
Natividade deu dinheiro ao irmão das almas. E em uma outra ocasião, foi à missa. Ele mostra o
caráter social da religião.

“Apenas, no Brasil, se fatores de ordem econômica e social — comuns a todos os países


americanos — devem ter contribuído largamente para o prestígio das profissões liberais,
convém não esquecer que o mesmo prestígio já as cercava tradicionalmente na mãe-
pátria. Em quase todas as épocas da história portuguesa uma carta de bacharel valeu
quase tanto como uma carta de recomendação nas pretensões a altos cargos públicos.
No século XVII, a crer no que afiança a Arte de furtar, mais de cem estudantes
conseguiam colar grau na Universidade de Coimbra todos os anos, a fim de obterem
empregos públicos, sem nunca terem estado em Coimbra.” (Sergio Buarque de Holanda.
Raízes do Brasil)

Tem um episódio no que Brás Cubas se apaixonou por uma prostituta, então seu pai
decidiu manda-lo a Portugal.

“E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A universidade


esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por
isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei;
uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades, — principalmente de
saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um
acadêmico estróina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo
romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das
constituições escritas. No dia em que a universidade me atestou, em pergaminho, uma
ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de
algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de
alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei as
margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns
ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de
viver, — de prolongar a universidade pela vida adiante...”

Uma das coisas que Machado criticou foi a questão da ciência. Uma porção de
subjetividades é deixada de lado por conta da proeminência da ciência.
Machado vendia doces e assistia às aulas dos corredores. Ele nunca frequentou escolas
oficialmente, mas traduziu textos em inglês, francês e alemão. Ele critica o fato de pessoas terem
o diploma e não ter o conhecimento.

“Mas os positivistas foram apenas os exemplares mais característicos de uma raça


humana que prosperou consideravelmente em nosso país, logo que este começou a ter
consciência de si. De todas as formas de evasão da realidade, a crença mágica no poder
das ideias pareceu-nos a mais dignificante em nossa difícil adolescência política e social.
Trouxemos de terras estranhas um sistema complexo e acabado de preceitos, sem saber
até que ponto se ajustariam às condições da vida brasileira e sem cogitar das mudanças
que tais condições imporiam. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo
democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses
princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade
incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com
familiaridade os governantes. A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-
entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la,
onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham
sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas. E assim
puderam incorporar à situação tradicional, ao menos como fachada ou decoração
externa, alguns lemas que pareciam os mais acertados para a época e eram exaltados
nos livros e discursos.” (“Novos tempos”, p.157-160).

Em Esaú e Jacó, Aires é um bon vivant, um diplomata sem vocação.

“Essa outra vozeria maior e mais remota não caberia aqui, se não fosse a necessidade
de explicar o gesto repentino com que Aires parou na calçada. Parou, tornou a si e
continuou a andar com os olhos no chão e a alma em Caracas. Foi em Caracas, onde ele
servirá na qualidade de adido de legação. Estava em casa, de palestra com uma atriz da
moda, pessoa chistosa e garrida. De repente, ouviram um clamor grande, vozes
tumultuosas, vibrantes, crescentes...
— Que rumor é este, Carmen? perguntou ele entre duas carícias.
— Não se assuste, amigo meu; é o governo que cai.
— Mas eu ouço aclamações...
— Então é o governo que sobe. Não se assuste. Amanhã é tempo de ir cumprimenta-
lo.”

O capítulo Gatuno ilustra a duplicidade que permeia todo o livro.

“A vozeira morreu pouco a pouco, e Aires entrou na Secretaria do Império. Não achou o
ministro, parece, ou a conferência foi curta. Certo é que, saindo à praça, encontrou
partes do magoté que tornavam comentando a prisão e o ladrão. Não diziam ladrão,
mas gatuno, fiando que era mais doce, e tanto bradavam há pouco contra a ação das
praças, como riam agora das lástimas do preso.
— Ora o sujeito!
Mas então... perguntarás tu. Aires não perguntou nada. Ao cabo, havia um fundo de
justiça naquela manifestação dupla e contraditória; foi o que ele pensou. Depois,
imaginou que a grita da multidão protestante era filha de um velho instinto de
resistência à autoridade. Advertiu que o homem, uma vez criado, desobedeceu logo ao
Criador, que aliás lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto
da oposição. Que o homem se acostume às leis, vá; que incline o colo à força e ao bel-
prazer, vá também; é o que se dá com a planta, quando sopra o vento. Mas que abençoe
a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva, a
liberdade do velho Adão. Ia assim cogitando o conselheiro Aires.
Não lhe atribuam todas essas idéias. Pensava assim, como se falasse alto, à mesa ou na
sala de alguém. Era um processo de crítica mansa e delicada, tão convencida em
aparência, que algum ouvinte, à cata de idéias, acabava por lhe apanhar uma ou duas...
Ia a descer pela Rua Sete de Setembro, quando a lembrança da vozeria trouxe a de outra,
maior e mais remota.”

“A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia


rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus
direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo
da luta da burguesia contra os aristocratas. E assim puderam incorporar à situação
tradicional, ao menos como fachada ou decoração externa, alguns lemas que pareciam
os mais acertados para a época e eram exaltados nos livros e discursos.” (“Novos
tempos”, p.157-160).

Em Brás Cubas, Quincas desenvolve a teoria do humanitismo. Quincas acabou com a


riqueza do pai. Brás Cubas encontrou-o mendigando na rua. Quincas roubou o relógio de Brás
Cubas. Tempos depois, Quincas deu outro relógio a Brás Cubas. Ele tinha vendido o relógio
roubado, investiu na Bolsa e ganhou muito dinheiro. Imaginem que há duas vilas que se
alimentam só de batata; com o passar do tempo um grupo vai achar que um deles está comendo
mais batatas que o outro. Do ponto de vista da ciência, os dois repartiriam o campo de batatas,
mas isso não é humano. O humanitismo diz que haveria uma guerra e que o ganhador ficaria
com o campo todo.
Machado chegou a criar um livro só para isso, o Quincas Borba. O humanitismo diz que
se uma pessoa boa tem dinheiro, ela vai atrair pessoas ruins e irá se dar mal. Rubião recebeu a
herança de Quincas Borba e um casal engendrou um plano para tirar tudo dele. No fim, ele se
coroou como o Rei do Nada.

Leituras:
1. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
2. Esaú e Jacó, de Machado de Assis.

Leitura para a Aula 7:


1. O Cortiço, de Aluísio de Azevedo.

Das könnte Ihnen auch gefallen