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USO DE UMA ARGILA PARAIBANA PARA TRATAMENTO DE ÓLEO VEGETAL

RESIDENCIAL PÓS-CONSUMO
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Elaine Patrícia ARAÚJO , Libânia da Silva RIBEIRO, Alessandra dos Santos SILVA, Flaviano de
Souza ALVES, Edcleide Maria ARAÚJO
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Departamento de Ciências e Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Campina Grande/
UFCG, Campus I, Campina Grande-PB. E-mail: elainepatriciaaraujo@yahoo.com.br

RESUMO

As argilas podem ser usadas como adsorventes em processos de clareamento na indústria têxtil e de
alimentos, em processos de remediação de solos, como descorantes em óleos vegetais e em
camadas de base e cobertura de aterros sanitários. O interesse em seu uso está relacionado
principalmente à busca por materiais que não agridam o meio ambiente quando descartados, à
abundância das reservas mundiais e ao seu baixo custo. O óleo vegetal residencial quando usado
perde seus nutrientes, sua aparência escurece, fica mais viscoso e com odor desagradável. Por não
se misturar com a água, a presença desses óleos nos rios cria uma barreira que dificulta a entrada
de luz e oxigenação, comprometendo a base da cadeia alimentar aquática, além de contribuir para a
ocorrência de enchentes. A reciclagem desse óleo vegetal pode contribuir para reduzir o descarte
descontrolado e ambientalmente perigoso. Contudo, o emprego deste óleo na produção de biodiesel
requer um tratamento prévio à reação de transesterificação, que compreende a retirada de partículas
sólidas contaminantes e a adequação da cor e odor. Esta pesquisa teve o propósito de estudar uma
argila de nome comercial Tonsil avaliando sua potencialidade no tratamento de óleos vegetais
residenciais pós-consumo para produção de biocombustível. Foram analisadas e comparadas à
viscosidade e o teor de acidez dos óleos vegetais virgem, pós-consumo sem tratamento e pós-
consumo tratado com a argila. De acordo com os resultados obtidos, o óleo tratado com a argila
apresentou resultados satisfatórios para uma posterior utilização como biocombustível.

PALAVRAS-CHAVE: argila, óleo vegetal residencial, biocombustível, meio ambiente.

1 INTRODUÇÃO

As argilas bentoníticas, de acordo com suas propriedades catalíticas e


adsortivas, são empregadas industrialmente como catalisadoras, suportes catalíticos
e adsorventes. Em termos de consumo, o uso mais importante desse material é na
purificação, descoramento e estabilização de óleos vegetais. A capacidade adsortiva
desses materiais aumenta com o tratamento com ácidos fortes, geralmente são
utilizados ácidos sulfúricos ou clorídricos. A presença destes ácidos modifica a
estrutura das argilas (FOLETTO et al., 2001).
A capacidade adsortiva das argilas descorantes melhora com o aumento da
área específica. A argila descorante adsorve alguns tipos de ligação melhor que
outras. Moléculas polares ou polarizáveis são bem adsorvidas por estas argilas. No
entanto, a capacidade adsortiva da argila descorante fica reduzida se o óleo contiver
sabões ou gomas em excesso, que neutralizem os sítios ácidos o mesmo
acontecendo quando há muitos ácidos graxos livres, que, como substâncias
altamente polares, ocupam parte da superfície do argilomineral (BARAÚNA, 2006).
O poder descorante de uma argila pode ser devido, isolada ou
simultaneamente, aos seguintes fatores: filtração simples, que corresponde à
retenção das partículas coloridas dispersas no óleo nos capilares da argila;
adsorção seletiva de corantes dissolvidos e atividade catalítica da argila (SANTOS,
1992).
A transformação do óleo vegetal pós-consumo em energia renovável pode
começar pela filtragem com argila, que retira boa parte dos resíduos deixados
pelo processo de fritura, e logo depois é retirada a água que está misturada a se
óleo. Dependendo das condições em que se encontra, ele pode passar por uma
purificação química que retirará os últimos resíduos. Esse óleo recebe a adição
de álcool e uma substância catalisadora. Colocado no reator e agitado a
temperaturas específicas transformam-se em biocombustível e após seu refino
pode ser usado em motores capacitados para queimá-lo.
De acordo com Sanibal e Filho (2008), o Brasil não tem nenhum
regulamento que defina legalmente o monitoramento de descarte para óleo e
gorduras de fritura. Existem normas que regulamentam a adequação de um óleo
para o consumo no Brasil, as NTA 50, que mencionam alguns itens físico-químicos
para o controle da adequação desse óleo: índice de iodo, valor de peróxido e
índice de acidez, no entanto não se referem aos óleos e gorduras de fritura.
Diante desta problemática, esta pesquisa teve o propósito de estudar uma
argila de nome comercial Tonsil avaliando sua potencialidade no tratamento de
óleos vegetais residenciais pós-consumo para produção de biocombustível por
meio das análises de viscosidade e teor de acidez.

2 METODOLOGIA

Identificação da argila

A argila cálcica utilizada para o descoramento do óleo vegetal residencial foi a


argila bentonítica (Figura 1) de nome comercial Tonsil, com granulometria de malha
200 (0,074mm) fornecida e identificada pela empresa BENTONISA - Bentonita do
Nordeste S/A, localizada em João Pessoa-PB.

Figura 1. Argila bentonítica cálcica Tonsil.

Fonte: Araújo, 2009

Óleo vegetal pós-consumo

Amostra de óleo vegetal pós-consumo sem tratamento, Figura 2, foi coletada


em uma residência localizada na cidade de Campina Grande-PB. Este óleo
apresentava cor escura e odor desagradável. Uma amostra de óleo vegetal de soja
virgem foi adquirida em um estabelecimento comercial com o intuito de realizar uma
comparação com as amostras de óleos vegetais pós-consumo sem tratamento e
pós-consumo tratadas com a argila estudada. O óleo de soja foi escolhido para
comparação por ser um dos mais utilizados no mercado nacional e por seu baixo
valor comercial em relação aos outros óleos vegetais comestíveis.
Figura 2. Amostra de óleo vegetal pós-consumo coletada em uma residência
na cidade de Campina Grande-PB.

A metodologia utilizada para o descoramento dos óleos vegetais pós-


consumo tratados com uma argila bentonítica cálcica de nome colmercial Tonsil, da
região paraibana foi adaptada a partir da literatura de Souza Santos (1992).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1- Valores de viscosidade e teores de acidez, dos óleos vegetais virgem,


pós-consumo sem tratamento e pós-consumo tratado com a argila de nome
comercial Tonsil.
Óleo vegetal Óleo vegetal
pós-consumo pós-
Óleo “virgem” sem tratamento consumo
tratado com
argila Tonsil

Viscosidade 34,57 35,45 32,47


2
(mm /s)

Teor de acidez 0,64 2,90 2,44


(mg KOH/g)
Fonte: Araújo, 2009

Como pode ser observado na Tabela 1, o óleo tratado com a argila Tonsil
apresentou uma viscosidade inferior em relação ao óleo virgem, indicando a
possibilidade de uso como biocombustível. Neto et al. (2000), afirmam que a
viscosidade constitui uma propriedade importante dos óleos vegetais, pois seu
controle visa preservar sua característica lubrificante nos motores, bem como um
funcionamento adequado dos sistemas de injeção e bombas de combustível. De
acordo com Melo et al.( 2008), valores de viscosidade superiores ou abaixo da faixa
especificada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis) podem levar a desgaste excessivo nas partes auto - lubrificantes
do sistema de injeção, a um aumento do trabalho e vazamento na bomba de
combustível, além de proporcionar atomização inadequada do combustível, com
consequente combustão incompleta e aumento da emissão de fumaça e material
particulado.
No Brasil, tentou-se fazer uma especificação única para o biodiesel (B100)
semelhante a outras já existentes em alguns países. Porém, existem características
que diferenciam o Brasil, país tropical, de países como os da Europa: a temperatura,
que é elevada durante quase todo o ano e outro fator importante é que na Europa
se reproduz o biodiesel a partir de óleos de uma única espécie vegetal. Como no
Brasil existe uma grande variedade de espécies com uso potencial para produção
de óleos, em muitos casos, é impossível atingir valores de viscosidade conforme os
especificados. As especificações para o diesel convencional e para o biodiesel no
o
Brasil são: viscosidade a 40 C - Portaria ANP 310/01 (diesel) e ANP 255/03
(biodiesel): 2,5-5,5 mm2/s. A viscosidade do biodiesel é consideravelmente
diminuída em relação ao do óleo de origem quando passa para um processo
posterior que é a reação de transesterificação (que é a etapa da conversão, do óleo
ou gordura em ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, que constitui o
biodiesel) (GOMES, 2005).
Quanto ao teor de acidez encontrado nas amostras estudadas de óleos
vegetais pós-consumo tratados, pode ser visto uma diminuição do seu valor quando
comparado ao do óleo vegetal pós-consumo sem tratamento. A Portaria 42/2004 da
ANP estabelece um valor de ≤ 0,80 mg KOH/g para o biodiesel (B100), segundo
Melo et al. (2000). Porém, mesmo que os óleos vegetais tratados não apresentem
resultados de acidez dentro dos valores estabelecidos pela ANP, estes óleos
precisam passar por um processo de tratamento posterior que é a reação de
transesterificação. De acordo com Masson citado por Vergara et al. (2006), a acidez
pode revelar parcialmente o estado de conservação dos óleos e gorduras, pois
quanto maior o número de frituras maior a hidrólise do óleo, com consequente
aumento no conteúdo de ácidos graxos. Sedundo Dantas et al. (2006) o ideal é que
o óleo esteja com índice de acidez menor que 2 mg KOH/g, para que se tenha um
bom rendimento reacional na obtenção de biodiesel e também para evitar
problemas nos motores a diesel.
O teor de acidez pode ser definido como a massa (em mg) de hidróxido de
potássio necessária para neutralizar os ácidos graxos livres não esterificados. Ele
revela também o estado de conservação do biodiesel, pois, com o tempo ocorre a
hidrólise dos ésteres com consequente diminuição do pH devido ao aumento do teor
de ácidos graxos (VASCONCELOS et al., 2009).
O estado de conservação do óleo está relacionado com a natureza e a
qualidade da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza do óleo, com o
processamento e, principalmente, com as condições de conservação. A
decomposição dos glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, enquanto a
rancidez é quase sempre acompanhada da formação de ácido graxo livre (COSTA,
2006). Altos índices de acidez têm um efeito negativo sobre a qualidade do óleo, a
ponto de torná-lo impróprio para a alimentação humana ou até mesmo para fins
carburantes. Além disso, a acidez desses óleos pode catalisar reações
intermoleculares dos triacilgliceróis, ao mesmo tempo em que afeta a estabilidade
térmica do combustível na câmara de combustão. Também, no caso do emprego
carburante do óleo, a elevada acidez livre tem ação corrosiva sobre os componentes
metálicos do motor (DANTAS, 2006) o que pode comprometer seu uso como
biocombustível.

4 CONCLUSÃO

 O óleo vegetal pós-consumo tratado com a argila bentonítica Tonsil


apresentou uma viscosidade inferior em relação ao óleo virgem e o óleo pós-
consumo sem tratamento, o que pode indicar uma boa atividade adsortiva
desta argila e a possibilidade de uso potencial desse óleo como
biocombustível.
 O óleo vegetal tratado com a argila apresentou um teor de acidez inferior ao
óleo vegetal pós-consumo sem tratamento.
 A argila bentonítica Tonsil pode ser considerada adequada para o
descoramento dos óleos vegetais, uma vez que, apresentou resultados
satisfatórios para o efetivo tratamento desse óleo.

REFERÊNCIAS

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em: <www.anp.gov.br>. Acesso em 9 de junho de 2009.

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Ciência e Engenharia de Materiais), Departamento de Engenharia de Materiais.
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