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Lisboa
2009/2010
Lisboa
2009/2010
Resumo
fonte/autor @ – As figuras com este símbolo foram recolhidas da internet, muitas encontram-se em
diversos portais. Quanto não indico o autor é porque a fonte não detinha o autor da figura ou por
lapso meu na altura da obtenção da imagem. Na bibliografia exponho alguns portais que considerei
relevantes e fiáveis para explicar a origem das imagens recolhidas.
fonte/autor T.L. – As figuras com este símbolo são da minha autoria. São desenhos de um modelo
experimental para a Tríade Utopia.
CPC – Corpo de Protecção da Comunidade – Uso esta sigla durante o II Capítulo para fazer
referência ao serviço de salvaguarda do cidadão, formado por elementos capazes de actuarem em
todo o tipo de urgências e cuidados cívicos. Este ―Corpo‖ surge da fusão das várias forças de
segurança e intervenção militares e civis: polícia, bombeiros, socorristas, entre outros, numa só força
pública mais eficiente, capaz de actuar de forma optimizada.
………………………………………………………………………………………………
Índice
1 – Introdução …………………………………………………………………………………………………7
2 – Definir Cidade – Designações Históricas ……………………………………………………………...9
3 – Definir Utopia – Ideal Social …………………………………...………………………………………12
T1 – Tópicos a favor da Cidade Utópica …………………………………………………………. …...14
4 – Utopias e Modelos Urbanos da Antiguidade ………………………………………………………...15
5 – A idade de Ouro das Utopias – século XIX ………………………………………………………….20
T2 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………………………………………...………. 29
6 – ―Modernismos‖ e ―Utopismos‖ do século XX …………………………………………..…………….30
7 – A Cidade não é uma Árvore ……………………………………………………………………...……55
T3 – Tópicos a favor da cidade Utópica ……………………….………………………………...……..59
8 – Duas grandes Utopias do início do nosso século ………………………………………...…………60
8.1 - Introdução ……………………..……………………………………………………....…………..60
8.2 - Cidade Utópica Masdar – Norman Foster ………………………………. ……….……….…..61
8.3 - Cidade Utópica Auroville – Sri Aurobindo Ashram ……………………….….……....…...…..66
8.4 - Reflexão sobre duas grandes Utopias do início do nosso século. …………...…......…..….74
9 – Conclusão Final………………………………………………………………………………………….76
10 – Tópicos finais a favor da Cidade Utópica …………………………………………………….…….84
Índice
Índice
IV Bibliografia……………………………………………………………………………………...………245
1 – Introdução
Os movimentos utópicos e
vanguardistas mais relevantes da história
da cidade moldaram o mundo em que
vivemos das mais variadas formas.
Impossibilitado de relatar
minuciosamente toda a grande
diversidade de Utopias ao longo dos
tempos, caso em que estaria a criar uma
enciclopédia do «Utopismo», o que só
literariamente seria justificável, debrucei-
me sobre o tema a partir de alguns dados
Torre de Babel – Pintura
que entendi relevantes da história das fonte/autor: Pieter Elder @
Utopias do Urbanismo.
Todas as metrópoles e culturas, do
Ocidente ao Oriente, tiveram e têm planos
utópicos para as suas cidades. A utopia é
uma força criadora, responsável por
movimentos filosóficos, artísticos, sociais,
políticos e, em síntese, pelo desejo em
criar, inovar, mudar, melhorar.
As lições históricas servem de
alavanca para o meu modelo de cidade
utópica e elucidam-nos para a
Representação da cidade da Babilónia
significância intemporal do tema, repleto
Mesopotâmia (2000 a.C.)
de luta e de procura por um pensamento, fonte/autor @
uma urbe, uma sociedade e um mundo
ideal, uma procura sempre incerta e
assombrada por uma panóplia de
acontecimentos internos e externos.
sonhos, tudo estruturado segundo as c.4 - CARLO CATTANEO (De La città considerata
come principio ideale delle storie italiane - 1858)
necessidades de quem nela habita, em
cumplicidade com o exterior e com a urbe.
Uma cidade é um local de ―…união”,
“… rodeado por muralhas” (c.2), onde as
pessoas vivem cooperantes. ‖…todas as
partes do conjunto se destinam ao encontro,
utilidade e comodidade dos habitantes”. (c.2),
garantindo melhores condições de vida,
protecção contra inimigos e produção de Veneza Antiga
bens essenciais. fonte/autor @
grande que se perde a noção do todo, do c.6 – MAX WEBER (De die Stadf, Archiv fur
Sozialwissenscharft, XLVII - 1920)
concreto e particular, dos habitantes entre si,
c.7 - PIERRE LAVEDAN (De Geographie des Villes,
característicos de um grupo de vivência” (c.6). Paris - 1936)
cidade.
melhoramento.
aquém do que os seus criadores fonte/autor: Benévolo 1999 – grav. Gustave Doré @
forma de sustentabilidade.
Os arquitectos desta época alimentam A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
O homem daria significado aos A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
“ (…) Seu fracasso explica-se pelo A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
carácter coercivo e repressivo da sua
organização, e, sobretudo, pela sua ruptura
com a realidade sócio-económica
contemporânea.
Estas experiências pertencem para nós ao
terreno das curiosidades sociológicas. Como
contrapartida, os modelos do pré-urbanismo
apresentam hoje considerável interesse
epistemológico. Pela sua origem crítica e
sua fé inocente no imaginário, anunciam o
mesmo método do urbanismo, cujos
planeamentos seguiram um curso parecido
ao longo do século XX. São modelos de
modelos.” (Choay, Françoise; El
Urbanismo: Utopias y realidades pag.32)
O discurso marca o auge das vontades A Idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
Algumas propostas exprimem uma A idade de Ouro das Utopias – séc. XIX
3- Organismo urbano sustentável, com condições de vida saudáveis em todo o seu tecido urbano
e a sociedade, valorizando todos os elementos de forma intregadora, dando o mesmo valor
arquitectónico a espaços públicos e privados, sem descriminação das classes.
4- Estrutura urbana organizada segundo regras relacionadas com a Natureza planetária e
cósmica, capaz de melhorar a sociedade consciencializando-a da harmonia frágil entre si e o mundo.
5- Os ideais urbanos para a cidade terão de transpor a sua filosofia para o desenho urbano de
forma coerente e realizável.
«comum», na «personalidade», na
«realidade localizada».
Existiram melhorias urbanas
significativas nos últimos projectos do
movimento Moderno, surgindo mais
compatibilidades urbanas entre os
diferentes sectores e realidades da urbe,
Desenho – Plano Urbano Modernista
no entanto os seus resultados nunca
fonte/autor: Le Corbusier @
foram muito positivos.
americanas e europeias.
complexas.
A frase budista que nos diz, «não A Cidade não é uma Árvore
6- O plano utópico ideal de cidade deverá evitar os erros urbanos do passado e as forças modais
implantadas na sociedade de forma a responder cientificamente ao seu objectivo e desprender-se
dos vários condicionalismos sociais, culturais, económicos, políticos, industriais, entre outros.
7- A urbe é um organismo vivo, dinâmico e complexo, que deve dar reposta às necessidades
sociais, pessoais e colectivas de forma ergonómica e humanizante e só funciona segundo uma
estrutura semi-reticulada em sintonia com as realidades existentes e pretendidas na urbe.
8.1 - Introdução
8.2 - Cidade Utópica Masdar City no deserto de Abu Dhabi - Norman Foster
Apesar da crítica há que frisar que este Utopia Masdar City Norman Foster
Não se negoceia, por norma, com Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
Desenvolvimento Sustentável.
Acontece que após 40 anos tendo em Utopia Auroville Sri Aurobindo Ashram
fonte/autor @
de ser auto-sustentável.
Provavelmente isso deve-se também
ao seu reduzido número de habitantes de
pouco menos de 2000, sendo um pouco
menos de 500 habitantes menores de
idade. Talvez com os 50.000 habitantes
pretendidos pela Fundação Auroville e
com uma estrutura urbana mais eficaz,
Auroville fosse capaz de atingir a
sustentabilidade e prosperidade tão Praia – Arredores Auroville
9 – CONCLUSÃO FINAL
e humana, independentemente da
estrutura urbana, injustiças surgirão, As soluções propostas para as bases
crime, descrédito pelos poderes da cidade surgem de uma visão pessoal
governamentais e todo o tipo de conflitos agregada a alguns pensadores utópicos e
sociais. a estudos científicos. O mundo da Utopia
Sem uma estrutura urbana Psico- não se esgota nas soluções propostas,
Energética que reflicta bons ideais e acompanhadas por algumas reflexões e
ambientes saudáveis na urbe, as pessoas críticas às cidades e comunidades
terão dificuldade em encontrar conforto contemporâneas, elas são uma procura
sensorial e psíquico nos seus espaços e contínua de perfeição, e por conseguinte
estruturas, desvalorizando-os, afastando- os resultados do meu trabalho poderão
se, revoltando-se, deprimindo-se e dar origem a muitas outras soluções e
acabam por ficar mais vulneráveis aos visões não expostas no decorrer da tese.
conflitos, às doenças, aos problemas
sociais e económicos.
Sem uma estrutura Bio-Tecnológica
coerente e sustentável, os cidadãos não
farão bom uso dos seus recursos, com
danos económicos e sociais evidentes,
tanto para a sociedade como para o
planeta.
Seria interessante formar um quadro de
estudo com estes factores em cidades
existentes e perceber afinal o que lhes
falta para se tornarem uma cidade a
caminho da cidade ideal, «do paraíso
urbano».
Este capítulo não é só como uma forma
de gerar directrizes para uma cidade
utópica «ideal», mas também como uma
crítica aberta às cidades de hoje,
convidando as consciências à reflexão, ao
debate, à descoberta de novas soluções.
2 - BASE SÓCIO-POLÍTICA
2.1 - Introdução
Alegoria – Globalização
Fonte/autor: Porto IX Cartoon World Festival @
e identificação, cada vez maior, com toda humanidade como um todo, consciente do
realidade de cada povo. Todas as variáveis interagem entre si. Por exemplo,
aqueles com habilidades mais desenvolvidas tendem a buscar
aprimoramento educacional, mais educação pode aumentar as
habilidades. A experiência reforçará os benefícios da educação
e aumentará as habilidades.
A fórmula assegura que o incentivo material ou salarial do
trabalhador é apenas um entre oito importantes factores que
motivam o indivíduo a ser produtivo, e que, por conseguinte, ele
não deve ser estimado além da sua real capacidade.
A Aliança Internacional de
Cooperativas define cooperativa como:
―Uma cooperativa é uma associação
autónoma de pessoas, unidas
voluntariamente em busca de aspirações
e necessidades económicas, sociais e
culturais comuns, através de uma
empresa constituída e controlada
conjuntamente e democraticamente‖.
As cooperativas apresentam uma
grande vantagem sobre as empresas
públicas e privadas devido ao interesse
Alegoria – Cooperativismo
pessoal acrescido, dos seus membros, no fonte/autor @
seu sucesso, já que também são
proprietários da mesma.
Regras básicas para o sistema de
cooperativas:
- Apenas quem trabalha numa cooperativa pode ser seu membro. Os trabalhadores
associam-se à cooperativa experimentalmente, antes de se tornarem donos.
- Cada membro um voto.
- O controlo da firma e o direito dos activos e lucros são baseados na contribuição em
termos de trabalho e não do valor do capital ou da propriedade de cada um.
As cooperativas, segundo uma gestão empresarial cuidada, virada para os interesses do
colectivo, elevam o espírito comunitário, o sentido de responsabilidade social, a
autoconfiança socio-económica, criam empregos estáveis e contribuem para a riqueza de
todos.
- O sistema de cooperativas é um ponto fulcral na organização da economia de PROUT.
A agricultura, a indústria, o comércio e o sistema bancário serão organizados por meio de
cooperativas de produtores e consumidores.
Três requisitos para o bom funcionamento:
1º Administradores honestos e de confiança (escolhidos pela comunidade e sujeitos a
avaliações).
2º Administração estrita; com uma contabilidade transparente; acessível a todos os
membros da cooperativa e ao público.
“O sistema de Cooperativas é o
melhor sistema de produção agrícola e
industrial (…) … Ele ajudará qualquer
país a ser auto-suficiente na produção de
alimentos e produtos agrícolas em geral,
acabando com a escassez de alimento.” –
(P.R. Sarkar)
arroz, feijão, milho, vegetais, frutas, rural que atenda às necessidades básicas
no local e uma padaria que produz pão espiritual a todos os seus membros.
O sistema capitalista global ganhou proporções e políticas pouco viáveis a longo prazo,
e o sistema cooperativo de PROUT poderá mesmo um dia revelar-se o sistema socio-
económico do futuro, segundo alguns defensores da sua filosofia:
As escolas para crianças até aos 8-10 Soluções Sócio-Urbanas Educação - Urbe
barreiras vegetais e com a colocação das As casas serão acessíveis por vias de
numa área central com uma área superior Núcleo Mãe da Cidade
parte interna do Parque das Nações. Penso que a única forma de um tecido
Esta espécie de selva arquitectónica, destes resultar seria esperar que todo o
3 - BASE PSICO-ENERGÉTICA
representativa da forma que surge com maior julgue por si os efeitos causados na água.
musical. fonte/autor @
de sobrevivência em sociedade.
4 - BASE BIO-TECNOLÓGICA
4.1 – Introdução
dispendiosa.
Bioplástico
rapidamente. fonte/autor @
Os pesquisadores desenvolveram um
processo industrial para reciclar esses Lixo Electrónico – Placas
As vias de circulação principais serão Parque Monte Laa – exemplo de distribuição pedonal
independente dentro de um núcleo urbano
permeadas por corredores verdes que fonte/autor @
unirão, através da sua malha em teia, o
tecido verde da cidade. As vias periféricas
encontrarão nos limites da cidade as auto-
estradas e os terminais de ligação aos
transportes de alta velocidade, aéreos e
terrestres.
Os custos dimensionais das vias
podem ser minimizados com transportes
públicos realmente eficazes e apelativos,
Vias de trânsito envolto de biodiversidade vegetal
que a meu ver, imagem dos exemplos de fonte/autor @
Pode ainda ter funções especiais como Propostas Estruturais para a Cidade
definidos.
> Espaço Comunitário de > Parques industriais com fábricas > A via rápida de
produção, confecção e de manufactura e distribuição de circunvalação define a charneira
investigação de produtos e todos os bens consumíveis, entre a primeira periferia e a
serviços da cidade essenciais e de luxo e serviços do segunda periferia e liga a cidade
> Gerir o governo e sustento sector terciário compatíveis como a todo o tecido produtivo e as
da cidade em todas as áreas, sector secundário e primário auto-estradas que ligam a cidade
segundo a política > Terminais e linhas de transporte ao território exterior. A via
Neo-humanista e de público: Porto de Pesca e porto de principal de circunvalação tem
Auto-sustentabilidade mercadorias e embarcações, características de auto-estrada
> Criar uma cintura de mercados alimentares, estação de com 3 ou mais faixas para cada
desenvolvimento periférico comboios público e de mercadorias, sentido, separadas por pelo
dinâmico, capaz de mudar aeródromo, terminais e paragens do menos 7 metros e envoltas em
ocasionalmente de funções, de táxi público corredores verdes com pelo
armazém para armazém ou de > Núcleos Universitários: menos 30 metros de largura
fábrica para fábrica caso faculdades, equipamento desportivo, > As linhas de transporte
necessário, nunca quebrando anfiteatros, cantina, biblioteca, público acompanham a via
rigidamente a produção nem espaços comerciais, serviços distribuindo as pessoas pelos
despedindo trabalhadores que estratégicos, CPC, escritórios das vários sectores
podem circular entre sectores de cooperativas e empresas, residências > Os núcleos Universitários
produção e investigação públicas, equipamentos de são os essenciais, e estão
> Implantar o principal tecido manutenção, centros de investigação espalhados de forma a permitir o
produtivo da cidade de forma e laboratórios, entre outros funcionamento temático do
acessível, evitando conflitos > Equipamento urbano geral e tecido industrial e cientifico
urbanos dentro da cidade espaços verdes públicos pretendido, em pontos opostos
> Envolver psico- > Centrais de reciclagem, da cidade. Todo o anel urbano
energéticamente a urbe e a produção de energia, tratamento e de produção permitirá a ligação
comunidade no desenvolvimento transformação de detritos orgânicos e com locais de produção e com
tecnológico e produtivo da inorgânicos, depósitos de produtos e as vias secundárias de
cidade de forma cooperante, mercadorias exploração do território
com departamentos compatíveis > Infraestruturas urbanas de > Os equipamentos de
lado a lado, incentivando uma distribuição de energia, água, transporte de grande
maior comunhão de esforços e esgotos, comunicações, entre outros; envergadura e linhas ferroviárias
dos recursos, maximizando vias rápidas e acessos viários estão ligadas com as auto-
beneficamente a economia, a > Hospital periférico, Quartel CPC, estradas de saída da cidade, a
educação, a produtividade e a Centros de Correcção social e linha de transporte público fará a
sociedade em geral, gerando tratamento mental circunvalação junto à zona de
riqueza e sustentabilidade > Edifícios do governo da produção prestando acesso aos
comunidade e serviços de apoio serviços
> Espaço Comunitário de > Campos de cultivo e > Implica a exploração do território
exploração, produção e estufas, campos de exploração periférico, consoante as
investigação dos recursos de minério, entre outros necessidades e soluções de
orgânicos e minerais respeitando > Equipamentos de produção produção que permitam à cidade ser
a biodiversidade sustentável e investigação de produtos auto-suficiente ao nível de produtos
> Produzir Energia renovável > Equipamentos e essenciais
nos campos abertos de infraestruturas de apoio: bombas > O solo é tratado de forma a
produção, aproveitando os de irrigação, canais de água, manter a sua fertilidade e
campos de cultivo armazéns e estaleiros de propriedades saudáveis respeitando
> Fornecer à comunidade: trabalho com serviços a biodiversidade e os ecossistemas;
turismo ecológico, educação, essenciais, entre outras desenvolvendo culturas orgânicas,
formação, contacto com o meio > Centrais energéticas, campos vida animal e vegetal e exploração de
rural e a natureza de painéis solares e eólicos e minerais, de forma sustentável
> Reabilitar pessoas com outros equipamentos geradores > Não existirá monoculturas mas
desordens sociais e psíquicas, de energia renovável justificáveis sim culturas ecológicas, seguindo a
usando as potencialidades da 2ª > Linhas de comunicação e política ecológica
periferia em contacto com a electricidade aparelhadas às > Acessos viários ao mar ou lago
natureza, os campos de Auto-Estradas da cidade, com vias simples, com
produção e a prestação de > Infraestruturas de piso se possível permeável de forma
serviços abastecimento da cidade de a produzir pouco impacto na biosfera
> Promover o equilíbrio psico- forma sustentável > Toda a produção está
energético ligado ao ciclo de vida > Equipamentos educativos e relacionada com a zona industrial e
da produção, fertilidade, turísticos com acesso aos núcleos académicos, situados no
harmonia, entre a Natureza e o campos de produção e limite da 2ª periferia
Homem, gerando um potencial observação da biodiversidade > As Auto-estradas de acesso ao
de produção elevado, com > Terminais de transporte tecido urbano da cidade são criadas
alimentos ricos, saudáveis, público rural de forma a minimizar o impacto com
libertos de toxinas. Este ciclo > Auto-estradas de a natureza, recorrendo a pontes e
cinético beneficiará a sociedade atravessamento da biosfera túneis, podendo em alguns troços,
em todos os aspectos envolvente de ligação da cidade por razões funcionais e estratégicas,
> Colmatar algumas ao território e vias secundárias estarem junto ao solo
necessidades estratégicas de de acesso a equipamentos > O transporte público de pessoas
instalações de equipamentos da estratégicos e aos campos de será de carácter rural, diferente do
2ª periferia que não interfiram na produção transporte público urbano, não
biosfera negativamente > Grandes infra-estruturas da exigindo infraestruturas
2ª periferia Industrial que façam
parte das necessidades
produtivas
Fig. 9 - Estudo urbano para uma zona de grande fluxo da Cidade (Exe. – Núcleos Académicos)
3 – Fig. 16
Fig. 37 – Perspectiva de parte da Biosfera e da Aldeia Ecológica (em segundo plano o sector
Macrocósmico e Espacial)
5 - CONCLUSÃO FINAL
Conclusão Final
Arrisco mesmo a dizer que a humanidade entrou num novo obscurantismo provocado
não pela falta, mas sim pelo excesso de informações contraditórias consoante os jogos de
interesses, numa luta constante entre a verdade e os poderes «imperialistas» que dominam
as «massas».
Voltemos ao pêndulo. Um pêndulo gigante, visto ser um mecanismo mecânico, seria
capaz de produzir energia eléctrica de forma auto-sustentável?! Nunca saberemos nos dias
de hoje, a não ser que alguma força económica-social mais positiva na sociedade nos abra
esse caminho.
Não descartando as boas políticas que têm sido desenvolvidas nesta área, a Cidade
Utópica ideal tem de ser imune à falta de consistência científico-tecnológica global e
procurar de forma sintética, transparente, autonomamente e com parcerias viáveis, as
melhores soluções tecnológicas, saudáveis e promissoras para a sua sociedade, evitando
assim muitos dos problemas de saúde contemporâneos.
No desenrolar do desenho da cidade utópica tornou-se evidente, mesmo no seu perfil
físico, que a Cidade UT é praticamente um negativo das cidades metrópoles modernas.
Enquanto em altimetria as cidades modernas formam uma pirâmide, com edificios cada vez
mais altos conforme se avança para o centro da cidade, segundo a especulação imobiliária
e os pressupostos elitistas; a Cidade UT lembra no seu perfil uma ondulação que vai
aumentando do centro para a periferia altimetricamente.
Os edifícios mais altos poderão mesmo ser os edificios de produção de alimentos na 2ª
periferia, permitindo assim culturas controladas em áreas menores. A produção animal será
realizada principalmente na biosfera biodiversificada, optimizada para o efeito, como já foi
falado.
O desenho do Modelo Utópico que apresento está longe de ser uma ideia vanguardista
ou uma nova descoberta estrutural, é simplesmente uma proposta representativa e formal
de uma possível disposição urbana segundo a Cidade UT. O seu tratamento personalizado
alude à política visionária das bases Utópicas desenvolvidas e não à forma estética
específica. A sua estrutura é variável consoante cada caso, cada cidade e morfologia do
terreno. O exercício esquemático demonstra de certa forma as potencialidades das
directrizes desenvolvidas e algumas soluções para a disposição da estrutura urbana.
Recorro a estruturas urbanas em grande parte já cienficamente provadas como eficazes e
não apresento estruturas de bairros pré-definidas, para evitar os erros das utopias do
passado, de caracter impositor sobre como os cidadãos deveriam habitar na Urbe.
Conclusão Final
Seguindo as directrizes das bases, cada bairro, comunidade e cidadão defenirá a sua
habitação, edifício e artérias secundárias de circulação dentro dos bairros. A «educação» da
comunidade implica que esta participe nas soluções urbanas. Quanto mais o cidadão
aprender a intervir nas decisões da sua própria vida mais ele ganha auto-estima e
desenvolvimento cívico, dando mais valor à urbe que o rodeia. Mais dificilmente uma pessoa
vandaliza algo que aceita ou que ajudou a construir. Este processo de participação activa
em consciência do individuo, juntamente com a política de habitação da Cidade UT, é mais
um cenário bem oposto às políticas imobiliárias e urbanas, onde o morador é cada vez mais
impelido a comprar as habitações já feitas, sem grande participação nem consciencialização
das estruturas dos seus bairros, sem conhecer a importância da arquitectura bioclimática
para a sociedade e de como tirar o melhor partido da sua habitação e das tecnologias.
A magnitude dos espaços e das estruturas realça a sua força e caracter; o simbolismo da
Cidade UT está reproduzido como força Psico-Energética por toda a área de influnência.
Facilmente percebemos o simbolismo ―Ventral‖ do Núcleo Mãe e da disposição harmónica
dos equipamentos como parte de um todo. O ―nascimento‖ de boas energias no núcleo e na
cidade vive desta harmonia entre o ―verde‖ da natureza, o ―azul‖ da fonte de vida, o ―amarelo
e castanho‖ da fertilidade, o encarnado entre outras cores no fogo da comunidade e da
animação gerada. O simbolismo chega a ser físico ao recriar símbolos de harmonia
ancestrais nos pavimentos e na estrutura das praças temáticas que identifico no Capítulo III.
O cemitério descansa os antepassados da cidade nas partes calmas do Pulmão da Cidade.
Os canais de água ligam o cemitério ao centro espiritual do Núcleo Mãe de onde podemos
conduzir os mortos por via náutica, levando o seu corpo no leito do elemento da vida, para o
desconhecido e respeitado mundo dos Mortos. Na verdade, tendo em conta os canais de
água que desenvolvi por toda a cidade, esta, numa situação morfológica essencialmente
plana, daria para ser percorrível por via náutica por todo o seu tecido urbano. Vias,
corredores verdes e cursos de água, coabitam cada um com os seus espaços próprios, sem
interferir com as realidades urbanas de cada um deles.
Os tópicos finais do primeiro Capítulo apontam fortemente para as bases da Cidade UT,
abrindo o horizonte a um novo contexto urbano, longe de estar limitado aos desenhos de
estudo da cidade apresentada. Muitos dos pontos da sua estrutura já foram explicados ao
longo da tese, portanto é preferivel conduzir a reflexão académica para as questões de
fundo, revolucionárias e imperativas à urbe.
Conclusão Final
Continuando nos opostos entre a realidade urbana actual e a Cidade UT, a devastação
sistemática da Amazónia é sem dúvida um deles. A promiscuidade do sistema Global
permite a destruição dos recursos da floresta com valor incalculável, para «meia-dúzia» de
pessoas a curto prazo obterem lucros, enquanto o ―colectivo‖ e o planeta é lesado. A
biosfera marítima também tem sofrido agressões ao seu habitat imprescindível, fornecendo
fontes de alimento e rendimento à Humanidade. O seu potencial pode ser aumentado,
criando por exemplo corais artificiais, tal como o potencial dos lagos e rios pode ser
reconquistado com políticas de perservação do eco-sistema e criação de infraestruturas a
favor da biodiversidade. A mesma política poderá ser usada na biosfera terrestre, recriando
as condições do eco-sistema, de forma controlada, reflorestando o território, criando zonas
protegidas para animais de maior consumo humano, lagoas artificiais e vias de acesso
preparadas para acções de preservação e exploração dos recursos da Natureza, entre
outras medidas.
Perguntar se um Eco-sistema Natural seria suficiente para produzir alimentos para a
comunidade é uma questão pertinente; a alimentaçao diária da comunidade iria ficar mais
diversificada, mais variedade de espécies de alimentos vegetais e animais iriam entrar na
nossa dieta e provavelmente teriamos que reduzir o consumo de carne. Como está provado
cientificamente que ingerimos carne em demasia e vegetais em minoria na nossa dieta
regular, esta medida também pode ser benéfica, acompanhando a mudança radical das
políticas utópicas pretendidas.
Dentro da reserva da biosfera as pequenas comunidades, aldeias ecológicas, terão um
papel importante no controlo dos recursos mas também na reabilitação de individuos com
problemas sociais graves. Os centros de reabilitação das aldeias receberão cidadãos com
problemas sociais, económicos e psico-fisicos (mendigos, toxicodependentes, entre outros),.
que não se tenham adaptado e reabilitado no meio urbano da cidade, encaminhados pelos
serviços de ajuda humanitária do Estado e por particulares, tirando-os dos ambientes
conturbados, devolvendo-lhes aos poucos uma vida digna.
Não se compreende como é que numa sociedade moderna e desenvolvida, assistimos à
degradação do ser humano, abandonado pelas famílias, pela sociedade, pelo sistema,
sobrevivendo muitas vezes da ajuda de instituições de caridade, muitas delas não
governamentais. É constrangedor assistir a pessoas que estendem a mão todos os dias nas
ruas nobres da cidade, com problemas de saúde que as impedem de trabalhar obrigando-as
a viver de esmolas.
Conclusão Final
IV - Bibliografia
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