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A VERDADEIRA MÁGICA

OSHO
CONTOS E LENDAS

A primeira pergunta:

Osho,
Eu entendi que você disse outro dia, no discurso, que Jesus não andou sobre a água e que não
existem milagres como tais. Mas, praticando o samyama do udana sutra de Patânjali, o homem
não é capaz de fazer isso?
Por favor, comente.
Anand Guenter,

<>Repito que não há milagres como tais, porque toda a existência é um milagre. Que outros
milagres mais podem existir? Cada momento, cada evento, é miraculoso.

A pessoa religiosa é aquela para quem tudo, do mais comum ao mais extraordinário, tornou-se
um milagre. A semente desabrochando folhas verdes, não é isso um milagre muito maior do que
qualquer sujeito andando sobre as águas no Mar da Galiléia? Um pássaro voando no céu, ao
vento, não é isso um milagre maior do que qualquer pessoa andando no fogo? As rosas, os lótus,
os cravos, os milhões de flores... - e você não vê nenhum milagre neles.

E fica procurando por coisas estúpidas. Alguém materializando um relógio suíço - isso é um
milagre; e a rosa não é um milagre.

Alguém fabricando cinza benta - isso é um milagre... e o homem que fabrica cinza benta não
passa de um asno; e um passarinho chamando à distância não é um milagre.

Você está cego, completamente cego e insano. Você só pode acreditar em coisas infantis. Você
não está em busca da verdadeira mágica da vida; eis por que estúpidos mágicos podem
enganá-lo.

Simplesmente existir é mais do que a pessoa pode acreditar. Ser capaz de respirar, ser capaz de
ver a aurora, ser capaz de ouvir o chilrear dos pássaros, ser capaz de sentir amor, oração,
gratidão, silêncio... Este exato momento... - isto é um milagre.

O silêncio que o abarca, o amor que transpira entre mim e vocês, a comunhão, o satsang com
corações abertos como lótus - vocês me bebendo com tanta
vulnerabilidade, com tão imensa confiança... - que mais milagres são necessários para provar que
a existência é um mistério?...

Isto aconteceu:

Um grande mahatma - grande porque ele andava sobre a água - foi ver Ramakrishna
Paramahansa.

Ramakrishna morava em Dakshineshwar, perto de Calcutá, à beira do Ganges.

Ele estava sentado debaixo de uma árvore, a banyan, olhando para a beleza do Ganges fluindo,
quando chegou o mahatma - e, é claro, tais pessoas estão em grandes viagens de ego.

Então como ele podia andar sobre as águas, é claro que ele era grandioso. A própria vibração
dele estava dizendo: "mais santo do que tu".
Ele parou em frente de Ramakrishna e disse: "Ouvi dizer que as pessoas o consideram um grande
místico - mas você pode andar sobre as águas?".

Ramakrishna disse: "Não, eu não posso andar sobre as águas. Na verdade, eu nem sei nadar!
Você pode?".

E então, o homem disse: "Posso sim, eu posso andar sobre as águas.".

Ramakrishna perguntou: "Senhor, por favor, diga-me quanto tempo levou para você aprender a
arte?"

O homem disse: "Dediquei dezoito anos para aprender a arte de andar sobre as águas.".

E Ramakrishna começou a rir como uma criancinha, e disse:

"Isso é uma estupidez, porque, sempre que eu quero ir à outra margem, o barqueiro me leva, e
custa só um centavo! Por um centavo eu posso ir à outra margem - e você perdeu dezoito anos?
Vale só um centavo, não mais do que isso. E você se considera santo!?".

O mesmo tipo de história aconteceu com aquela misteriosa muçulmana, Rabiya.

Hasan, um místico sufi, foi ver Rabiya e queria mostrar-lhe seus poderes. O próprio desejo de
mostrar seus poderes já é feio: é político, não é religioso, absolutamente, não é espiritual.

Ele falava de outras coisas, mas ficou esperando o momento certo para entrar, de modo que
pudesse mostrar seus poderes.

E Rabiya disse: "Está na hora de eu ler o meu Alcorão. Você vai participar, recitando o Alcorão
comigo?".

E este era o momento certo pelo qual ele estava esperando.

Ele disse: "Vamos até a água." - o lago estava bem defronte deles -"Andaremos sobre as águas
enquanto recitamos o Alcorão!".

Rabiya disse: "Andar sobre as águas recitando o Alcorão? Isso não me atrai muito. Você não vê as
nuvens brancas no céu? Poderíamos ir lá, sentarmos sobre a nuvem e recitar o Alcorão.".

Hasan disse: "Mas eu não sei como voar no céu. Você aprendeu a arte de voar no céu?".

Rabiya disse: "Os pássaros podem voar no céu; isso não é bem uma arte... Os peixes podem nadar
no rio, no lago; isso não é bem uma arte... Hasan, volte à razão! Eu só estava brincando. Eu não
posso ir até as nuvens, eu não posso andar sobre as águas.

Mas o verdadeiro milagre é que, ao recitar o Alcorão, eu desapareço. Você pode fazer isso?
Somente a recitação permanece, a cantiga permanece - o cantador desaparece, eu não mais
sou.".

Eu concordo com Rabiya. Tem havido muito poucas mulheres que podem ser chamadas de
Mestres; Rabiya é uma delas.

Você me pergunta, Guenter: Eu entendi que você disse outro dia no discurso, que Jesus não
andou sobre a água.

Disse, sim, porque eu respeito Jesus muitíssimo, eu não posso acreditar que ele fosse tão estúpido a
ponto de andar sobre as águas.
E você diz: Você também disse que não existem milagres como tais.

Disse, sim, não há milagre como tais, porque o todo da vida é miraculoso.

Você estar aqui e em nenhum outro lugar mais... - não é isso um milagre?

Por que você está aqui? Por que existe toda essa existência?

Não é isso tremendamente misterioso, miraculoso? E você fica perguntando coisinhas. Essas
coisinhas são todas inventadas; são pequenos truques mágicos - ou são coisas que só existem nas
histórias.

Ouvi contar que Jesus, Lucas, João... os três estavam indo até o barco que estava no meio do
lago. Lucas andava sobre a água, então, João também andou
sobre a água; ambos chegaram ao barco.

Então, Jesus os seguiu e começou a afundar.

Lucas disse a João: "Deveríamos dizer a ele onde estão as pedras?" .

E esta anedota:

Numa cidadezinha, havia um lago, cujas águas eram conhecidas como milagrosas. As pessoas
chegavam ao lago, mergulhavam em suas águas e saíam
do outro lado, curadas.

"Vi de tudo, aqui!" - afirmava um antigo morador da cidade - "Vi um cego pular no lago e sair do
outro lado, gritando: 'Posso ver! Posso ver! "', Um velho e pobre aleijado, ouvindo essa história,
decidiu ir ele mesmo até o lago milagroso. Quando chegou lá, ele viu um homem de uma perna
só pular no lago e sair do outro lado, gritando sem acreditar: "Eu posso andar! Tenho duas
pernas!".

O aleijado não pôde esperar mais, então, pulou da sua velha cadeira-de-rodas e empurrou-se
para dentro do lago...

As pessoas da cidade puxaram-no do outro lado, morto.

Mas a cadeira-de-rodas saiu com os aros novinhos em folha!

Parece que a cadeira-de-rodas conhecia a arte de Patânjali e o segredo de fazer milagres!

Os Sutras de Patânjali certamente mencionam milagres, mas por uma razão totalmente diferente,
não pela razão, Guentar, que você pensa.

Patânjali escreveu um capítulo separado sobre siddhis, milagres, com específico propósito de que
ninguém deveria ficar envolvido em tais coisas.

Foi para inibir, para proibir. Não é seu propósito, que você fique interessado em milagres. Seu
propósito é muito claro.

Ele diz que aqueles que se perdem nos milagres, estão perdidos numa floresta.

Certamente existem poderes dentro de você, poderes escondidos dentro de você, dos quais
você não está consciente. E quando você começa a aprofundar-se em meditação, esses
poderes escondidos começam a se manifestar por si mesmos, e há toda a possibilidade de que
você possa ser tentado por esses poderes. Não há nada de miraculoso neles; eles são tão naturais
como qualquer outra lei. Nós simplesmente não compreendemos a lei subjacente a eles, por isso
os chamamos de "milagres".

Por exemplo, se você meditar, logo, logo, perceberá o fato de que você pode ler os pensamentos
dos outros. Ora, isso parecerá milagre: antes de a pessoa ter feito a pergunta, você poderá
respondê-la. E ela se surpreenderá e você será venerado como um grande santo.

Mas você está é sendo muito estúpido, porque, de algum modo, você livrou-se das suas próprias
idéias; agora você está ficando interessado nas idéias de outras pessoas.

Se as suas idéias eram inúteis - você acha que as idéias das outras pessoas são muito
significativas?

Levou uma longa, árdua caminhada livrar-se, de algum modo, da sua mente, e agora você caiu
num problema maior.

Milhões de mentes ao seu redor e, assim que passa alguém por perto, você lerá seus
pensamentos. Você perdeu o ponto principal!

Isso não é inteligência. É um ato muito estúpido da sua parte, muito medíocre, ficar envolvido
com as idéias de outras pessoas e começar a lê-Ias. É claro, elas começarão a ficar muito
impressionadas e o venerarão, mas toda a adoração delas simplesmente reforçará o seu ego. E
logo, logo, você verá que, à medida que o ego se torna forte novamente, sua mente retoma e
você pára de ler as idéias de outras pessoas.

Aí, então, você tem de inventar estratégias, de modo que possa continuar reivindicando o poder
que certa vez existiu e que não mais existe. É muito difícil aceitar a derrota.

Então a pessoa se toma uma charlatã, uma impostora. No começo, pode ter sido algum poder
interior, que se tomou manifesto nela; agora ela o perdeu. Mas
como dizer às pessoas que "eu o perdi"? No momento em que ela disser que o perdeu, toda a
veneração e os seguidores desaparecerão.

Patânjali escreveu um capítulo inteiro só para deixá-lo ciente de que essas coisas são possíveis.

Há possibilidades, escondidas em você, nem sonhadas por você; elas podem tornar-se manifestas
quando você for para dentro.

Mas não fique de modo algum envolvido com elas; permaneça uma testemunha.

Mantenha-se não-tentado e continue indo para dentro. E a tentação será grande. Não existem
demônios nem Satãs tentando-o; é a sua própria mente e
suas capacidades interiores que o tentam.

Pela mesma razão eu nego os milagres. Eu não quero que vocês se tomem interessados em
qualquer espécie de coisa que possa se tomar uma distração
da verdadeira busca.

Sei, perfeitamente bem que, se o peixe pode nadar dentro da água e o pássaro pode voar no
céu, há a possibilidade de que, através de certas práticas de
iogas, o seu corpo possa começar a levitar.

Você pode perder a atração da gravidade sobre você - você pode livrar-se dela através de
certo processo de respiração. Você pode tomar-se quase sem peso e, então, você pode andar
sobre as águas ou voar no céu.
Mas eu condeno todas essas coisas pela mesma razão que Patânjali as menciona, porque a
minha própria experiência foi esta: que a menção de Patânjali não foi de nenhuma ajuda. Se ele
não as tivesse mencionado, teria sido muito melhor, porque as pessoas são muito tolas...

Na verdade, as pessoas lêem mais aquele capítulo. Os Sutras de Patânjali contêm somente quatro
capítulos. Três capítulos têm de ser praticados e o quarto tem de ser evitado. Mas as pessoas
ficam interessadas somente no quarto, e, se elas estão interessadas nos três, estão interessadas nos
três somente como um meio em direção ao quarto. O objetivo de Patânjali ficou completamente
perdido.

Depois de cinco mil anos de busca espiritual e de tateio na escuridão e de observação de


milhões de pessoas, esta é a minha conclusão: se Patânjali não tivesse mencionado aqueles
milagres, muito mais pessoas teriam sido beneficiadas.

É a mesma história... Deus disse a Adão e Eva para não comerem o fruto da Árvore do
Conhecimento - e eles ficaram interessados nele. No Jardim do Éden, havia milhões de árvores;
eles não ficaram interessados em nenhuma outra árvore. Ficaram tentados cada vez mais pela
Árvore do Conhecimento. "Por que Deus a proibiu?..." O fruto proibido tomou-se mais atraente.
Nós todos sabemos que o beijo proibido é muito mais doce - e o beijo roubado pode dar
diabetes! É puro açúcar branco.

No dia em que Deus disse a Adão "Não coma desta árvore.", desse dia em diante, Adão deve ter
sonhado com a árvore sem parar. Ele deve ter passeado de manhã, de tarde e de noite ao redor
da árvore, muitas vezes num dia, para ver se a árvore ainda existia, ou não, e como os frutos
estavam crescendo. Vocês podem imaginar o quanto ele deve ter pensado nela sempre e cada
vez mais.

E é puro absurdo dizer-se que o Demônio veio em forma de serpente para tentá-lo - Deus foi
suficiente.

Sua proibição foi suficiente para tentá-lo. Não havia nenhuma necessidade do Demônio,
nenhuma necessidade da chegada de nenhuma cobra.

Diga a qualquer criança "Não faça isso!" e haverá toda a possibilidade de ela desejar fazê-lo.

Meu pai me disse: "Antes que seja tarde demais, quero dizer-lhe que não fume.".

E eu lhe disse: "Agora, isso será difícil para mim!".

Ele disse: "O que você quer dizer?".

Eu respondi: "Eu jamais tinha pensado nisso. Na verdade, essa simples idéia parecia tola para mim.
Ao invés de respirar ar puro, botar fumaça suja para dentro e para fora... E você ainda tem de
pagar por isso! E tem de sofrer por isso. E eu tenho visto as pessoas tossindo e ainda assim
fumando!...".

Meu próprio avô sofreu de tosse toda a sua vida. E os médicos viviam dizendo: "Não fume."; mas
isso era impossível para ele. Até o fim, ele continuou a fumar.

Assim, eu disse: "Observar o meu avô foi o bastante. Por que você tinha de me dizer "não fume"?
Agora eu posso garantir-lhe que vou fumar!".

E naquele mesmo dia eu fumei pela primeira vez. É claro que foi ruim - uma experiência ruim: as
lágrimas vieram aos meus olhos e comecei a tossir. Eu não podia acreditar que milhões de pessoas
estivessem fazendo aquilo. Mas eu disse ao meu pai: "Fumei hoje e já parei. Não tivesse você me
dito, eu não teria nem tentado. Há milhões de coisas no mundo pelas quais se interessar.".
O mesmo erro foi cometido por Patânjali, com todas as boas intenções. Ele mencionou, em
detalhes, todos os siddhis, todos os poderes que são possíveis, só para tornar o buscador ciente -
mas ele mesmo está completamente inconsciente da tolice das pessoas que vão ler esses sutras.

Na verdade, naqueles dias, os Sutras de Patânjali não foram escritos; assim, era seguro, porque
eles foram revelados do Mestre aos discípulos, oralmente; eles foram revelados somente para as
pessoas que eram bastante inteligentes, suficientemente capazes. Mas agora o perigo está
amplamente difundido. Quem quer que seja que leia os sutras de Patânjali, torna-se
imediatamente interessado no capítulo que existe especificamente para lhes proibir.

Mas eis como são as pessoas; não somente gente miúda, mas gente que é muito inteligente,
gente importante... - elas também se tomam interessadas nas coisas que são proibidas.

Por exemplo: J. Krishnamurti, uma das pessoas mais inteligentes dos dias de hoje, ainda lê
romances policiais e pela simples razão que, na sua infância, quando todos gostavam de histórias
e de romances policiais, eles foram-lhe proibidos. Era tudo observado: o que ele comia, o que ele
lia, onde ele ia... Ele cresceu como um prisioneiro. Dos nove aos vinte e cinco anos, ele foi
continuamente observado - nem um único momento de solitude. E aquele velho sujo, Leadbeater,
que era seu guardião, indicado por Annie Bessant, a presidente da Sociedade Teosófica, seguia-o
como uma sombra.

E sempre havia alguém ali com um olho nele, porque ele iria ser o Professor do Mundo.

Ora, ao Professor do Mundo não pode ser permitido fumar cigarros, jogar cartas, xadrez, ou
experimentar drogas psicodélicas, nem se apaixonar por uma garota.

Não lhe foi permitida a companhia de nenhuma garota da sua própria idade.

Quando ele tinha treze anos, foi-lhe permitida somente a companhia de uma mulher de quarenta
e mesmo assim houve rumores então, por todo o mundo de
que eles se apaixonaram. A mulher tinha quarenta anos e a mulher o tinha quase na conta de
filho dela, mas o rumor foi não largamente espalhado que eles finalmente foram separados -
foram obrigados a se separarem. Eles tinham se apaixonado de certo modo: ele começou a
amá-la como sua mãe e ela começou a amá-lo como a um filho. Mas nem isso era correto -
qualquer espécie de apego poderia deter o progresso do Mestre do Mundo. E, é claro, nenhum
romance policial, nenhuma história...

Quando ele ficou livre, uma vez que ele declarou aos vinte e cinco anos que "Eu não vou ser o
Professor do Mundo. Eu dissolvo a organização que foi feita especialmente para mim..." - uma
grande organização tinha sido criada para receber o Professor do Mundo, a Ordem da Estrela do
Oriente; ele dissolveu a Ordem.

Devolveu todas as propriedades que pertenciam à Ordem; devolveu todos os donativos que
tinham sido dados à Ordem. Aos vinte e cinco anos, ele ficou livre dos teosofistas. Desde então,
ele jamais leu o Gita, o Alcorão, a Bíblia os Upanishads, o Tao Te Ching, o Talmude. Desde então,
ele ficou lendo somente romances policiais. É assim que a mente funciona. Aquela proibição
ainda é um remanescente.

Guenter, não é que eu não esteja ciente de que existem muitos poderes escondidos no homem,
mas eu não quero que vocês fiquem interessados neles. Daí eu simplesmente dizer que eles são
estúpidos.

E existem muito mais coisas miraculosas acontecendo à sua volta. Interesse-se por elas, porque
todo o meu esforço aqui é o de ajudar o crescimento espiritual de vocês não de atrapalhá-lo.

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