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História
da Igreja
Presbiteriana
do Brasil
1859 a 1888
Goiânia-GO
Março de 2015
1
Bibliografia 76
Apêndice 1 – Presbitérios da IPB até 1945
Apêndice 2 – O uso da sarça como símbolo da IPB
2
Introdução.
O objetivo deste curso é fornecer uma visão panorâmica, porém crítica, da
História da IPB, visando uma formação pastoral mais comprometida com
princípios do que a mera descrição dos fatos por si sós. O trabalho não é
plenamente original, nem tampouco exaustivo.
Busca-se enfatizar e avaliar os pontos mais importantes da história da IPB
analisando principalmente temas, em vez de seguir uma abordagem linear da sua
história.
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3
a) Genebra.
Genebra havia abraçado o protestantismo reformado em maio de 1536, sob a
liderança de Guilherme Farel (1489-1565). Este, sabendo que o autor
das Institutas estava de passagem pela cidade, o “convenceu” a permanecer ali e
ajudá-lo. Logo, Calvino e Farel entraram em conflito com os magistrados de
Genebra e dois anos depois foram expulsos. Calvino seguiu então para
Estrasburgo, onde passou os três anos mais felizes e produtivos da sua carreira
(1538-1541).
Os magistrados de Genebra insistiram no seu retorno. Calvino teve um
relacionamento tenso com as autoridades municipais até 1555. No final desse
período, em 1553, o médico espanhol Miguel Serveto foi condenado e executado
por heresia. Em 1559, um ano especialmente significativo, o reformador tornou-se
cidadão de Genebra, fundou a sua Academia, embrião da Universidade de
Genebra, e publicou a última edição das Institutas.
A visão do reformador francês era tornar Genebra uma cidade-cristã-modelo
através da reorganização da Igreja, de um ministério bem preparado, de leis que
expressassem uma ética bíblica e de um sistema educacional completo e gratuito.
O resultado foi que Genebra tornou-se um grande centro do protestantismo,
preparando líderes reformados para toda a Europa e abrigando centenas de
refugiados. Foi essa a origem das Igrejas reformadas (continente europeu) ou
presbiterianas (Ilhas Britânicas). Os principais países em que se difundiu o
movimento reformado foram, além da Suíça e da França, o sul da Alemanha, a
Holanda, a Hungria e a Escócia.
b) Inglaterra
Henrique VIII (1491-1547) começou a reinar em 1509. Era casado com a
princesa espanhola Catarina de Aragão, viúva do seu irmão, que não conseguiu
dar-lhe um filho varão, mas somente uma filha, Maria. Henrique pediu ao papa
Clemente VII que anulasse o seu casamento com Catarina para que pudesse casar-
se com Ana Bolena, mas o papa não pode atendê-lo. Em 1533, Thomas Cranmer
(1489-1556) foi nomeado arcebispo de Cantuária e poucos meses depois declarou
nulo o casamento do rei. Em 1534, o parlamento aprovou o Ato de Supremacia,
pelo qual a Igreja Católica inglesa desvinculou-se de Roma e o rei foi declarado
“Protetor e Único Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra.”
Henrique morreu na fé católica e foi sucedido no trono por Eduardo VI
(1547-1553), o filho que teve com Jane Seymour. Os tutores do jovem rei
implantaram a Reforma na Inglaterra e puseram fim às perseguições contra os
protestantes. Foram aprovados dois importantes documentos escritos pelo
arcebispo Cranmer, o Livro de Oração Comum (1549; revisto em 1552) e
1
Reformas do Século XVI; Alderi Matos. http://www.mackenzie.br/6962.html. Acesso em 05/03/2015.
4
os Quarenta e Dois Artigos (1553), uma síntese das teologias luterana e calvinista.
Eduardo morreu ainda jovem, sendo sucedido por sua irmã Maria Tudor (1553-
1558), conhecida como “a sanguinária”, filha de Catarina de Aragão. Maria
perseguiu os líderes protestantes e muitos foram levados à fogueira. Os mártires
mais famosos foram Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer. Muitos
outros, os chamados “exilados marianos”, foram para Genebra, Estrasburgo e
outras cidades protestantes.
Com a morte de Maria, subiu ao trono sua meio-irmã Elizabete I (1558-
1603), filha de Ana Bolena, em cujo reinado a Inglaterra tornou-se definitivamente
protestante. Em 1563, foi promulgado o Ato de Uniformidade, que aprovou
os Trinta e Nove Artigos. O resultado foi o acordo anglicano, que reuniu elementos
das principais teologias evangélicas, bem como traços católicos, especialmente na
área da liturgia. Os puritanos surgiram no reinado de Elizabete e foram assim
chamados porque reivindicavam uma Igreja pura em sua doutrina, culto e forma de
governo. Reprimidos na Inglaterra, muitos puritanos foram para a América do
Norte, estabelecendo-se em Plymouth (1620) e Boston (1630), na Nova Inglaterra.
No século 17, no contexto da guerra civil entre o rei Carlos I e um
parlamento puritano, foi convocada a Assembléia de Westminster (1643-1649),
que elaborou uma série de documentos calvinistas para a Igreja da Inglaterra, entre
os quais a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, que se tornaram os
principais símbolos confessionais das Igrejas reformadas ou presbiterianas.
c) Escócia.
O presbiterianismo foi introduzido graças aos esforços do reformador John
Knox (†1572), um discípulo de Calvino que, após passar alguns anos em Genebra
e em Zurique, retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o parlamento
escocês criou a Igreja da Escócia (presbiteriana). Knox fez oposição tenaz à rainha
católica Maria Stuart (1542-1587), prima de Elizabete, que viveu na França (1548-
1561) e voltou à Escócia para tomar posse do trono. A aceitação do protestantismo
ocorreu no contexto da luta pela independência do domínio francês.
Foi na Escócia que surgiu o conceito político-religioso de
“presbiterianismo”. Os reis ingleses e escoceses sempre foram firmes defensores
do episcopalismo, ou seja, de uma Igreja governada por bispos. A razão disso é
que, sendo os bispos nomeados pelos reis, a Igreja seria mais facilmente controlada
pelo estado e serviria aos interesses do mesmo. À luz das Escrituras, os
presbiterianos insistiram em uma Igreja governada por oficiais eleitos pela
comunidade, os presbíteros, tornando assim a Igreja livre da tutela do Estado. Foi
somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-
se definitivamente na Escócia.
d) Países Baixos.
Os Países Baixos eram parte do Sacro Império Germânico e depois ficaram
sob o domínio da Espanha. Durante o reinado do imperador Carlos V, surgiram
naquela região luteranos, anabatistas e principalmente calvinistas, por volta de
5
e) Irlanda.
No século 16, quando o rei Henrique VIII criou a Igreja Anglicana, separada
de Roma, os irlandeses recusaram-se a aceitá-la. Seguiu-se um longo período de
guerras em que o norte da ilha ficou praticamente despovoado. Foi então que o rei
Tiago I resolveu colonizar essa região através de imigrantes escoceses e ingleses,
criando em 1606 a Colônia de Ulster. Esses imigrantes eram calvinistas e muitos
deles presbiterianos. Após uma rebelião em que os católicos massacraram grande
número de presbiterianos (1641), o parlamento inglês enviou dez mil soldados à
região, quase todos escoceses. Os capelães das tropas organizaram igrejas e
promoveram a eleição de oficiais. Finalmente, no dia 10 de junho de 1642, em
Carrickfergus, perto de Belfast, foi organizado o primeiro presbitério da Irlanda.
Em 1659 já havia cinco presbitérios.
Durante quase todo o século 17 e início do século 18, os “escoceses-
irlandeses” sofreram com as ações repressivas de diversos monarcas ingleses, nos
aspectos político, econômico e religioso. Além disso, experimentaram calamidades
naturais como secas rigorosas e a fome e pobreza resultantes. Com isso, muitos
deles resolveram migrar para a América do Norte, principalmente a partir de 1717.
Segundo uma estimativa conservadora, até 1776 pelo menos 250.000 cruzaram o
Atlântico para o Novo Mundo (algumas estatísticas falam em 500.000). Em 1706,
sob a liderança de Francis Makemie, um pastor emigrado da Irlanda, havia sido
organizado o primeiro concílio presbiteriano dos Estados Unidos, o Presbitério de
Filadélfia. Os escoceses-irlandeses radicados em Nova Jersey, Pensilvânia,
Virgínia e nas Carolinas do Norte e do Sul foram os principais responsáveis pela
formação da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA). Eles
também foram o principal grupo que lutou pela independência da nova nação.
No século 18, as divisões ocorridas na Igreja da Escócia afetaram o
presbiterianismo irlandês. Por cerca de um século existiram lado a lado o histórico
Sínodo de Ulster e o Sínodo da Secessão, que voltaram a se unir em 1840,
formando a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana da Irlanda. A Irlanda do
Norte separou-se do restante do país em 1921, ficando ligada ao Reino Unido. Em
6
1970, a Igreja Presbiteriana tinha uma comunidade total de 400.000 aderentes, das
quais 140.000 eram membros comungantes. Contava com 567 igrejas locais, 537
pastores e 5.917 presbíteros. A cidade de Belfast, com meio milhão de habitantes, é
o principal centro presbiteriano. Existem duas escolas de teologia, uma em Belfast
e outra em Londonderry. Dois fatores prejudicaram o crescimento dessa igreja no
passado: A emigração de milhares de membros para outras terras e as divisões e
discórdias causadas por questões doutrinárias e litúrgicas. Apesar desses reveses,
talvez até por causa dos mesmos, a Igreja Presbiteriana da Irlanda é hoje uma
igreja forte, unida e conservadora.
2
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/58714~11_1_01_10-18-11_AM~O_Protestantismo_no_Brasil.html.
Acesso em 06/03/2015.
7
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3
Alderi S. Matos, “O Presbiterianismo Norte-Americano (I)”, Brasil Presbiteriano, ano 48, nº 610/ julho de 2005,
p. 4.
4
Robert H. Nichols, História da Igreja Cristã, ECC, p.301.
5
Terri Williams, Cronologia da História Eclesiástica. Ed. Vida Nova. Prancha 33, p. 97
9
7
Terri Williams, Cronologia da História Eclesiástica. Ed. Vida Nova. Prancha 34, p. 98
11
8
Robert H. Nichols, História da Igreja Cristã, ECC, p.306.
12
9
W. A. Hoffecker, “Teologia da Nova Escola”, EHTIC, vol.3, Vida Nova, p.498.
10
Alderi S. Matos, Apostila Movimento Reformado – Sinopse Histórica, CPPGAJ, Março de 2001, p.16. Trabalho
não publicado.
11
Hoffecker, “Teologia da Nova Escola”, EHTIC, vol.III, p.498.
12
Alderi S. Matos, “O Presbiterianismo Norte-Americano (II)”, Brasil Presbiteriano, ano 48, nº 611/Agosto de
2005; p.4.
13
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, ECC, p. 13.
13
Em 1879 A PCUS adotou o Livro de Ordem Eclesiástica, que dava aos presbíteros maior
espaço na vida da igreja. Os presbíteros deviam ser ordenados por meio de imposição de mãos,
participarem da ordenação dos pastores impondo suas mãos sobre estes e fariam parte do quórum
para o funcionamento dos concílios, o que não acontecia na PCUSA.15
14
Alderi S. Matos, “O Presbiterianismo Norte-Americano (II)”, Brasil Presbiteriano, ano 48, nº 611/Agosto de
2005; p.4.
15
Adão Carlos do Nascimento. Paz Nas Estrelas, p. 42.
16
Mark A. Noll, “Charles Hodge”, EHTIC, vol.2, Vida Nova, p.254.
17
W. A. Hoffecker. “Nathanael William Taylor”, EHTIC vol. 3; Vida Nova, p. 4333,434.
18
Mark A. Noll. “Teologia de Mercersburg”. EHTIC, vol. 3, Vida Nova, p. 484,485.
14
O Século XX.
Em 1903, a PCUSA alterou levemente três parágrafos da Confissão de Fé e
acrescentou dois capítulos novos, sendo um sobre o Espírito Santo e outro sobre o
Amor de Deus e as Missões. Outra alteração mais controvertida veio a seguir,
quando se atenuaram as afirmações sobre os decretos de Deus. Isso facilitou a
fusão com parte da Igreja de Cumberland, em 1906, que defendia o livre-arbítrio e
rejeitava a doutrina da depravação total.19
Na década de 1920-1930 a igreja presbiteriana foi muito abalada pela
controvérsia Modernista-Fundamentalista, causando a fundação da Igreja
Presbiteriana Ortodoxa, em 1936, por John Gresham Machen (1881-1937) e do
Seminário de Westminster, na Filadélfia. Os modernistas (liberais) assumiram
sucessivamente o controle do Seminário de Princeton (doutrina); Junta de
Missões estrangeiras (expansão) e da Assembléia Geral (administração).
Em 1930, a PCUSA foi a primeira denominação norte-americana a ordenar
mulheres para ao presbiterato, o que levou à conseqüente ordenação ao ministério
em 1956. Apesar dessas controvérsias internas, entre 1900 e 1957, as igrejas
presbiterianas saltaram de um milhão para três milhões de membros.
Em 1958, a PCUSA fundiu-se com a pequena Igreja Presbiteriana Unida da
América do Norte e formaram a Igreja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos,
preservando a sigla PCUSA. Essa nova denominação reformou em termos neo-
ortodoxos a Confissão de Westminster em 1967, rompendo com o texto original. A
PCUS manteve-se conservadora até a década de 1960.
Em 1983, PCUSA e PCUS se fundiram novamente formando a atual Igreja
Presbiteriana dos EUA, de tendência liberal e influência declinante na vida de seu
país. Antes disso, muitos elementos conservadores deixaram suas igrejas-mães e
criaram duas novas denominações presbiterianas: a Igreja Presbiteriana da América
(PCA – 1973 = oriundos da igreja do sul - PCUS) e a Igreja Presbiteriana
Evangélica (EPC – 1981 = oriundos da igreja do norte - PCUSA). Enquanto a
19
Alderi s. Matos, “O Presbiterianismo Norte-Americano (III)”, Brasil Presbiteriano, ano 48, nº 612/ setembro de
2005, p.4.
15
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Vida na América.
Ashbel Green Simonton nasceu no pequeno
povoado de West Hanover, condado de Dalphin, sul da
Pensilvânia, a 20 de janeiro de 1833. Sua mãe chamava-se
Martha Davis Snodgrass, filha do Rev. James Snodgrass,
que pastoreou por 58 anos uma igreja presbiteriana na
região. Seu pai, Dr. Willian Simonton, era o médico da
cidade, presbiteriano de ascendência escocesa-irlandesa,
fora eleito por duas vezes para o Congresso norte-
americano. Ele era o filho caçula de uma família de 9
irmãos Seu tio, o Rev. Willian D. Snodgrass, tinha
doutorado em Divindade. Seu nome era uma homenagem
ao Rev. Ashbel Green, líder presbiteriano e presidente do
Colégio de Nova Jersey. Ele era um ministro
presbiteriano e faleceu em 1848. Pastoreou a Segunda
Igreja Presbiteriana de Filadélfia por 25 anos, capelão do Congresso Nacional
americano de 1792 a 1800, um dos fundadores do Seminário de Princeton em
1812, moderador da Assembléia Geral da PCUSA em 1824 e presidente da
Universidade de Princeton de 1812 a 1822. Ficou conhecido por impor um rígido
código de disciplina e uma pesada carga religiosa aos alunos.22
Com a morte do pai e do avô materno em 1846, sua família mudou-se para
Harrisburg, a capital do estado. Em 1852 Ashbel formou-se no Colégio de Nova
Jersey, futura Universidade de Princeton. Nos dois anos seguintes trabalhou como
20
Alderi S. matos, “O Presbiterianismo Norte-Americano (III)”, Brasil Presbiteriano, ano 48, nº 612/setembro de
2005, p.4.
21
Ibid, p. 4.
22
Wilton O. Assis, Ashbel Green Simonton – O Missionário dos Tristes Trópicos, Caderno de Pós-Graduação,
Editora Mackenzie, São Paulo, 2001, p.18, nota 3.
16
23
Ashbel G. Simonton, O Diário de Simonton – 1852-1866, 2ª ed. revisada e ampliada, ECC, 03/02/1854, p.52.
24
Simonton, O Diário de Simonton, 03/06/1854, p.59.
25
Ibid, 04/09/1855, p.94.
26
Ibid, 04/09/1855, p.95.
17
4º. “Comunhão constante e íntima com Deus para alcançar grandes vitórias
na vida espiritual. Esta é a primeira grande qualificação para a obra do
ministério, pois como falar aos outros sobre uma coisa de que não se tem
experiência?”
5º. O cultivo do dom da oração.
6º. Preservar a saúde com exercícios ao ar livre e boa dieta alimentar.
7º. Ser cuidadoso com o “comportamento exterior”, para não parecer leviano,
respeitando até mesmo preconceitos populares e reprimindo sentimentos
inocentes e sem maldades a fim de não ser mal entendido por outros.
Simonton inicia com uma oração o ano de 1858. Termina a prece, dizendo:
"faz o Teu rosto resplandecer sobre mim e tem misericórdia de mim;
levanta sobre mim a luz do teu rosto e dá-me a paz".29 No inicio do semestre
letivo anota suas dificuldades com relação ao Hebraico e o Árabe. Dizia esquecer
tão depressa quanto os aprendia. No mês de novembro, candidatou-se na Junta de
Missões Estrangeiras da PCUSA, citando o Brasil como campo de sua preferência,
deixando, no entanto, a decisão final aos cuidados da Junta, confiando na "mão da
Providência".30
No dia 13 de dezembro, em Georgetown, D.C., recebeu a confirmação de
seu pedido. Foi ordenado missionário (14/04/1859) pelo Presbitério de Carlisle.
Em maio de 1859, a Assembléia Geral da PCUSA aprovou a sua nomeação,
enviando-o ao Brasil “para explorar o território, verificar os meios de atingir
27
Simonton, O Diário de Simonton, 14/10/1855, p. 96, 97.
28
Ibid. 28/10/1855, p. 97.
29
Ibid, 1º/01/1858, p.110.
30
Ibid, 27/11/1858, p.111.
18
com sucesso a mente dos naturais da terra e testar até que ponto a
legislação favorável à tolerância religiosa será mantida”.31
Missionário no Brasil.
Embarcou para o Brasil na manhã de 18 de junho de 1859, a bordo do
"Banshee". Escreve: "Estou só. Sinto agora, pela primeira vez, a realidade
que havia freqüentemente antecipado com temor".32 Desembarcou no Rio na
Manhã ensolarada de 12 de Agosto de 1859. Ele descreve a experiência em seu
diário hora por hora. Por volta das 9:30 da manhã ele escreve:
...Minha religião é muito morta, minhas orações caem por terra, faltando-lhes
o impulso do sentimento jubiloso e vivo. Por isso vou implorar a Deus. Vou
buscar a renovação de minha vocação e consciência de amar Aquele cuja
palavra prego. Senhor, fala comigo como fizeste com Pedro, convencendo-
me da necessidade de amor e produzindo no meu íntimo, por Teu poderoso
comando, a graça celeste que me capacite a alimentar Teus cordeiros e
Tuas ovelhas.35
31
Boanerges Ribeiro, Citado por Richard Sturz em: Earle E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, Vida
Nova, p.369.
32
Simonton, O Diário de Simonton, 28/06/1859, p. 112.
33
Simonton, O Diário de Simonton, p. 125.
34
Ibid, 02/12/1859, p. 133.
35
Ibid, 31/12/1859, p. 137.
19
36
Ibid, 21/07/1860, p. 142.
37
Simonton, O Diário de Simonton, 28/06/1864, p. 164.
38
Ibid, 31/12/1866, p.174.
39
O Rev. Alderi diz ter sido o diagnóstico de sua morte “febre biliosa” (Alderi S. Matos, Os Pioneiros
Presbiterianos do Brasil – 1859-1900, ECC, São Paulo, 2004, p. 29).
40
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. I, p.84.
20
Para a Igreja do Rio: “_ Deus levantará outro para por no meu lugar. Ele
fará a sua própria obra com os seus próprios instrumentos”.
Para sua irmã Elizabeth: “_ Devemos apenas nos recostar nos Braços
Eternos e estar sossegados”.
O Diário de Simonton
O Diário de Simonton se divide em três partes distintas:41
1. Viagem e trabalho no sul dos EUA (1852-1854).
2. Estudo de Direito, conversão, vocação ministerial e preparo teológico em
Princeton (1854-1859).
3. Trabalho missionário no Brasil (1859-1866).
a) Trabalho inicial no Rio de Janeiro até a organização da I. P. do Rio
(06/1859-03/1862).
b) Furlough nos EUA, casamento e retorno ao campo (03/1862-07/1863).
c) Continuação do ministério no Brasil, criação do Imprensa Evangélica, do
Presbitério do Rio e do Seminário (07/1863-12/1866).
Uma omissão que não deixa de ser interessante no Diário de Simonton é que
não há qualquer referência à Guerra do Paraguai (1864-1870).
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41
Alderi S. Matos. Introdução ao Diário de Simonton, p.11.
42
Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, 2 vols., CEP, São Paulo, 2ª ed. 1992.
43
Alderi S. Matos, “Igreja Presbiteriana – 150 anos Evangelizando o Brasil”. Encarte na Bíblia Sagrada - Edição
Histórica, SBB; 32 páginas, 2009.
44
Termo cunhado pelo Rev. Arival D. Cassimiro. “Interpretando a História”. Jornal O Mediador, Ano I, nº 02, Abril
de 2000, p. 3.
21
1. Questão Colonização.
O Brasil foi colonizado pelos portugueses. Sua colonização religiosa foi
católica desde o início (04/1500 – a primeira missa no Brasil), que era subserviente
ao Estado. A preocupação primária da colonização foi comercial e não religiosa;
buscavam mercadorias e matéria prima.
A implantação do catolicismo foi muito mais causal para o Estado, como
para se manter de bem com a Igreja. Apesar da aliança entre a Igreja Católica e o
Estado português, o rei nunca permitiu à igreja liberdade suficiente para crescer e
realizar sua tarefa evangelizadora no Brasil. Comparando-se o desenvolvimento da
igreja católica no Brasil e nos EUA pode-se concluir que depois de 100 anos
presente nos EUA, a Igreja Católica tinha ali 84 bispos e arcebispos, enquanto que
em igual período no Brasil havia apenas uma diocese, a de Salvador-BA. Depois
de 200 anos, sete; e após 300 anos, apenas 10.45
100 anos 200 anos 300 anos
EUA 84 bispos e arcebispos
Brasil 1 diocese 7 dioceses 10 dioceses
45
Earlie E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, p.303.
46
Alderi S. Matos, “Eventos Marcantes da História do Cristianismo no Brasil”. Em: Mark A. Noll, Momentos
Decisivos na História do Cristianismo, ECC, p.334.
22
2. Questão Denominacional:
A evangelização foi denominacional e não nacional. São as denominações
que se desenvolvem e não a igreja nacional.
a) Fator organizacional.
Kalley se preocupou menos que Simonton e Blackford com a questão
organizacional. Kalley não tinha formação teológica formal em um seminário. Era
médico, e embora tivesse sido ordenado pela Igreja Presbiteriana Escocesa, seu
trabalho missionário sempre teve feições de trabalho leigo que influenciaram
decisivamente o trabalho protestante no Brasil.
b) Nativismo.
23
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a. Antecedentes.
1. Os acordos quanto à liberdade de culto dos ingleses de 1810 e a Constituição
de 1824.
Os ingleses poderiam realizar cultos e até construírem templos, desde que
não tivessem aparência exterior de templo. O primeiro templo protestante no Brasil
foi construído em 1819 pelos anglicanos ingleses e o segundo pelos alemães em
1837.47
47
Emile Leonárd, O Protestantismo Brasileiro, JUERP/ASTE, p.41. veja as notas 58 e 59.
24
Nunca vi família tão excelente, com suficientes recursos, viver tão mal.
Escravos por toda a parte, uns atrapalhando os outros; tábuas abandonadas
25
55
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p. 44.
56
Ibid, p.46.
29
4. Outros Colaboradores.
Simonton também contou com o apoio valioso e decisivo de elementos
"nacionais" (brasileiros e portugueses). Um dos primeiros foi Antonio dos Santos
Neves, um funcionário do Ministério da Guerra, taquígrafo do Senado e poeta.
Santos Neves foi recebido por profissão de fé pelo Rev. Blackford quando
Simonton estava nos Estados Unidos. Entre outras contribuições, ele foi autor de
muitos hinos e um dedicado colaborador de Simonton no jornal Imprensa
Evangélica.
Outros personagens que merecem destaque foram os três únicos estudantes
que Simonton teve no seminário que criou no Rio de Janeiro em maio de 1867:
Modesto Perestrello de Barros Carvalhosa, Antonio Bandeira Trajano e
Miguel Gonçalves Torres, todos eles nascidos em Portugal e membros da novel
Igreja Presbiteriana de São Paulo (o quarto estudante, Antonio Pedro de
Cerqueira Leite, só ingressou no seminário após a morte de Simonton). Os três
discípulos do pioneiro foram denodados ministros presbiterianos, o primeiro em
São Paulo e no Paraná, o segundo no Rio de Janeiro e o terceiro em Caldas, Minas
Gerais.
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30
Hoje o Sr. B (Blackford) e minha irmã nos deixaram para ocupar São Paulo
como nova estação ligada à nossa Missão. É uma data importante na
história da Missão vindo, como vem, multiplicar nossas responsabilidades.57
a) São Paulo:
A província de São Paulo havia sido visitada por colportores, que também
pregavam o evangelho por onde visitavam. Kidder (1845); Fletcher (1855) e
Corfield (1857). Este último deixou livros para serem vendidos em Santos, São
Paulo e Campinas.
Blackford e Simonton haviam feito visita de reconhecimento em 1861. Em
1862, um dos motivos da viagem de Simonton aos EUA era discutir com os
membros da Junta de Nova York a viabilidade de se abrir uma nova sede
missionária em São Paulo, sem abandonar a do Rio de Janeiro. 58 A transferência
tinha sido aprovada em 1861, mas não foi realizada, devido à dificuldade de
Blackford em encontrar uma casa vazia “de qualquer espécie” para aluguel.59
Haviam muitos ingleses comerciantes residindo em São Paulo. Dentre eles
W. D. Pitt, vindo do Rio e membro da igreja de Kalley. Imediatamente ofereceu a
sua casa para os cultos. Blackford e Elizabeth mudaram-se definitivamente para
São Paulo em 6/10/1863, e realizou o primeiro culto nesta cidade em 18/10/63.
Pregou no texto de 1 Timóteo 2.5 em inglês para 14 pessoas na Sala Inglesa de
Leitura.60
Uma semana depois visitou várias cidades do interior, chegando até São
Carlos, onde Schneider havia trabalho sem sucesso. De volta, começou a pregar em
português (29/11/63), mas os cultos em inglês ainda foram mantidos por mais um
ano. Isso porque, enquanto os cultos em português, a princípio contava com uma
assistência de apenas 7 ou 8 pessoas, os cultos em inglês cresceram de 5 para 40
pessoas.
Em dezembro de 1864, os cultos passaram a ser realizados na rua Nova de
São José, nº 1 (hoje, Libero Badaró), próxima ao largo de São Bento. Nesse local
Blackford foi muito auxiliado por William D. Pitt e William Esher. O primeiro era
inglês e tinha sido um dos 14 fundadores da igreja de Kalley no Rio, servindo
inclusive como presbítero dessa igreja por algum tempo, até mudar-se para São
Paulo. Depois foi ordenado ao ministério pela IPB. O segundo era irlandês e foi
convertido ao evangelho por meio de Pitt.
A igreja de São Paulo foi organizada em 5/03/1865, com profissão de fé de 6
pessoas. Dentre estes contavam os futuros pastores: Antônio Bandeira Trajano e
57
Simonton, O Diário de Simonton, p.162.
58
Simonton, O Diário de Simonton, p. 153.
59
Ibid., p.150.
60
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.38
31
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Por que não trabalhou pela reforma, sem deixar a Igreja Romana?... Quando
um edifício em desmoronamento ameaça completa ruína, é impossível
continuar a residir nele, mas sai-se dele, ao menos até que seja reconstruído
sobre bases firmes, sob pena de ficar com ele sepultado... Do sentir a
necessidade de uma reforma ao tornar-se o reformador mesmo, a diferença
é a que vai do possível ao impossível. Sentir a necessidade da reforma, e
por conseqüência fugir à ruína iminente, eis a parte do homem, que compara
o Evangelho com a prática e os dogmas da Igreja Romana; porém, o efetuar
eu a reforma, ficando no seio da Igreja, não cabia no possível. 65
62
Ibid, p. 24.
63
Ibid, p. 33.
64
Ibid, p.34. Cf.: Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p. 40.
65
José Manoel da Conceição, Sentença de Excomunhão e Sua Resposta, 03/05/1867. O texto integral foi publicado
no Correio Paulistano de 20/04/1867. Trecho extraído de: Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil,
p. 122. Veja a nota nº 231.
33
66
Richard J. Sturz, “A Implantação do Protestantismo na América Latina”. Em: Earle E. Cairns, O Cristianismo
Através dos Séculos, Vida Nova, p. 369.
67
Essa é a razão porque na IPB o dia do pastor é comemorado nessa data.
68
Elben M. Lenz César, História da Evangelização do Brasil – Dos Jesuítas aos Neopentecostais, Ultimato, Viçosa,
2000, p.110.
69
Alberto C.C. Ribeiro. Cartas às Missões Estrangeiras de Nova Iorque, p. 5. Trabalho não publicado em pdf
eletrônico. Carta datada de 06/05/1865.
34
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35
8. AS IGREJAS PIONEIRAS.
a) Brotas-SP.
Blackford fez sua primeira visita a Brotas em fevereiro de 1865 a convite de
José Manuel da Conceição. A cidade fica a mais de 200 Km da capital paulista.
Como fruto do trabalho conjunto de ambos, organizou-se ali a 3ª igreja
presbiteriana no Brasil a 13/11/1865, não na cidade, mas no sítio de Antônio
Francisco Gouveia. Em Brotas, grande número de escravos e negros libertos
aceitaram a fé presbiteriana.70
Não obstante estar a sede no Rio de Janeiro, a maior congregação
presbiteriana, por vários anos, foi a de Brotas, província de São Paulo, devido à
influência e trabalho do ex-padre, Rev. José Manoel da Conceição. O avanço da
obra presbiteriana, na cidade de Brotas e arredores, prenunciava a importância da
zona rural para o protestantismo brasileiro.
Trecho do Relatório do Missionário F. J. C. Schneider
O desejo desse povo de ouvir e aprender o evangelho faz gosto ver. Poucos
deles sabem ler; e contudo muitos fazem progresso mui rápido na vida
espiritual, e com muito zelo propagam, quanto lhes é possível, o
conhecimento do evangelho entre seus parentes e conhecidos. As vezes
ficava de todo admirado de ver gente que nenhuma letra sabia ler, falar com
tanto acerto e animação sobre a graça de Deus e a salvação que Jesus nos
adquiriu. Foi para mim uma prova evidente de ser o evangelho de Jesus
Cristo uma virtude de Deus para tornar sábios os simples, capaz de encher
duma sabedoria divina os mais ignorantes que o recebem em seu coração.71
70
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.57.
71
F. J. C. Schneider, 12/07/1867, arquivo da IPB. Citado em: Reily, História Documental do Protestantismo no
Brasil, p. 118/119.
72
G. Chamberlain, 10/07/1866; arquivo da IPB. Citado em: Reily, História Documental do Protestantismo no
Brasil, p. 119.
36
b) Lorena-SP.
Em junho de 1866, José Manoel da Conceição chegou a Lorena-SP,
acompanhado de Carvalhosa. Foi impedido oficialmente de pregar. Blackford
dirigiu um protesto oficial ao Vice-Presidente da Província, anexando o ofício
policial de impedimento. Pedia providências. No retorno de sua viagem
missionária, Conceição pode então pregar ali. Com a ida de Conceição aos EUA,
coube a Blackford, estando no Rio de Janeiro continuar o trabalho, recebendo os
primeiros convertidos e organizando a igreja em 17/05/1868.
Em Lorena houve dura oposição do vigário católico, que chegou a conduzir
entre 30 ou 40 pessoas num motim tentando espancar os missionários
Chamberlain, Conceição e o hospedeiro Sr. Carneiro. Nesse incidente, muitos
membros da igreja ficaram feridos e pelo menos um foi espancado até quase a
morte.74
c) Borda da Mata-MG.
d) Sorocaba-SP.
Foi organizada em 1º/09/1869, pelo
Rev. Blackford com 5 membros. Conceição e Blackford pregaram por ali em 1866
a bons auditórios. Conceição havia sido vigário ali e isso facilitou em muito a
aceitação do Evangelho na cidade, então com cerca de 5 mil habitantes.
Com a organização da igreja de Sorocaba, encerra-se o primeiro período da
história da IPB. Havia muito trabalho e pouco obreiros. Na reunião do Presbitério
foi enviada carta à junta americana pedindo reforços, pelo menos mais 6 homens
“decididamente ativos”!77
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a) Imprensa Evangélica.
O primeiro número do Jornal Imprensa
Evangélica foi fundado em 24/10/1864, por Simonton,
Blackford e Conceição. No dia seguinte ao batismo de
José Manoel da Conceição. A primeira publicação data
de 5/11/1864, com uma tiragem de 450 exemplares.78
Simonton escreveu em seu diário:
O objetivo original era que sua publicação fosse semanal, mas, logo se
percebeu que não haveria condições para isso. O jornal passou a ter tiragem
quinzenal logo depois de seu segundo número. No editorial vinha escrito:
76
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.63.
77
Citado por Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.102.
78
Alderi S. Matos, “A Atividade Literária dos Presbiterianos no Brasil”. Em: Fides Reformata, vol. XII, nº 2, 2007,
p.45.
79
Ashbel G. Simonton, O Diário de Simonton: 1852-1866, 2ª ed., São Paulo, ECC, data de 24/10/1864, p.168.
38
“Publica-se aos primeiros e terceiros sábados de cada mês”.80 A sua circulação foi
noticiada por alguns jornais do Rio de Janeiro. Uma nota em “O Diário” aprecia o
Imprensa Evangélica dizendo que é um jornal “escrito com dignidade”.81
Era impresso na Tipografia Perseverança, que ficava na Rua do Hospício nº
99. O preço do exemplar era 520 réis e as assinaturas podiam ser anuais, semestrais
ou trimestrais. Nos primeiros anos, o formato era de oito páginas tamanho 20 por
30 centímetros, podendo ser facilmente encadernado.
Os artigos cumpriam uma agenda de temas variados, incluindo exposições e
preleções bíblicas, documentos e história das igrejas reformadas; traduções de
artigos estrangeiros, notícias do crescimento do protestantismo em outros países,
biografias, ficção evangélica e algumas séries. A interminável polêmica com o
catolicismo vai aparecer depois, quando o Jornal Católico “O Apóstolo” passar a
denunciar a ação protestante no país. Também será somente mais tarde que o
Jornal terá como logotipo uma âncora dentro de um coração.82
Seu alvo principal era formar uma base doutrinária para a instrução no culto
doméstico. Essa é a razão porque o Imprensa Evangélica foi muito útil na difusão
da fé presbiteriana e no crescimento das igrejas mais distantes. As famílias e as
igrejas se reuniam em torno da leitura desse jornal suprindo a constante falta de
pastores para as recém implantadas igrejas locais, edificando, instruindo e
estimulando a fé de muitos. Sabe-se que pelo menos a igreja de Ubatuba nasceu
como resultado direto de sua leitura antes da chegada dos primeiros pregadores.83
Em 1867, Simonton escreve no seu relatório anual:
A importância de uma folha evangélica não pode ser contestada. Por este
meio instruímos muitos que não estão ao alcance de outros meios
atualmente empregados na pregação do Evangelho. Mesmo nesta Corte
sucede isto. Um número de pessoas, talvez maior que se pensa, só tem
notícia do Evangelho por meio da leitura da Imprensa Evangélica. Folgo em
participar que, com raras exceções, os assinantes do ano passado
continuaram. Tem aparecido número considerável de novas assinaturas,
quase todas dessa Corte.84
80
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p.50.
81
ibid, p.51.
82
Ibid, p. 52.
83
Alderi S. Matos, “A Atividade Literária dos Presbiterianos no Brasil”. Em: Fides Reformata, vol. XII, nº 2, 2007,
p.46.
84
Relatórios de Simonton, 1867. Citado por Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p.51.
85
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.52.
39
86
Ibid, p.86.
87
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.311.
88
Ibid, p.323.
89
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.317.
90
ibid, p.326.
40
91
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p. 88.
92
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.311.
41
O Rev. Miguel Torres vem trazer-nos a Palavra de Deus, mas causa pena
vê-lo tão doente e fraco, a ponto de, chegando aqui, ficar dois e três dias de
cama, antes de começar o serviço. Levanta-se, porém, alegre: prega, canta,
encanta a igreja com seu admirável exemplo.95
não chegou a ser seu aluno, pois ingressou no seminário somente em 1868. Um
incidente pitoresco e constrangedor o fez desistir do seminário em 1870,
retornando a Brotas. Só retornou ao seminário em 1872, por meio de uma
intervenção do Rev. George Chamberlain. Foi licenciado em 1873 e ordenado ao
ministério em 08/08/1876. Seu mais importante campo de trabalho foi o de
Sorocaba-SP. Em função de sua habilidade musical criou em 1876 o primeiro coral
da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Foi um incansável evangelista empreendendo inúmeras viagens a cavalo
pelo sertão paulista, onde organizou especialmente a igreja de Itapeva-SP
(04/05/1879) e Guareí-SP (12/06/1882). Faleceu durante a reunião do Presbitério
do Rio de Janeiro em 31/08/1883 aos 38 anos de idade. Ele havia pregado um
sermão horas antes em Lucas 7.39-48.
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igreja do Sul (PCUS): George Nash Morton e Edward Lane. Eles se fixaram em
Campinas-SP, região onde residiam muitas famílias norte-americanas que vieram
para o Brasil após a Guerra Civil em seu país (1861-1865). Aportaram no Rio de
Janeiro em 17/08/1869, chegando a Campinas-SP no início de setembro.
Em 1870, Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e, em 1873, o
famoso, porém efêmero, Colégio Internacional. Foi organizado o presbitério de
São Paulo em 1872, que funcionou até 1877, quando o Comitê de Nashville o
dissolveu. Ele só reorganizado em 1887, por ocasião da organização do Sínodo. Os
missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o
Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o
incansável Rev. John Boyle, falecido em 1892.
Os obreiros da PCUS foram também os pioneiros presbiterianos no nordeste
e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John
Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw,
pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o “médico amado” de
Pernambuco (Garanhuns). O mais conhecido dentre os primeiros pastores
brasileiros do nordeste foi o Rev. Belmiro de Araújo César, patriarca de uma
grande família presbiteriana.
Enquanto isso, os missionários da Igreja do norte dos Estados Unidos,
auxiliados por novos colegas, davam continuidade ao seu trabalho. Seus principais
campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e Blackford, o Rev.
John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo em 1874, e Nova
Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos
pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e
especialmente São Paulo.
Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870
a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie
College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane.
No interior da província, destacou-se o Rev. João
Fernandes Dagama (1830-1906), português da Ilha da
Madeira, foi um dos convertidos pelo ministério do Rev.
Kalley naquela ilha. A perseguição o fez fugir para os Estados Unidos, onde
estudou teologia numa escola dirigida por certo Rev. Miller.98 Foi ordenado ao
ministério pelo presbitério de Springfield em 1869 e enviado ao Brasil pela
PCUSA em 1870. O itinerário de seu ministério no interior de São Paulo foi
marcado inicialmente pela assistência a famílias evangélicas saídas de Brotas rumo
ao sertão paulistano.99 Dagama foi o desbravador do oeste paulista por onde viajou
constantemente abrindo novos campos. A ele se deve a organização das igrejas de
Rio Novo e Rio Claro (1873); Dois Córregos e São Carlos (1875); Araraquara
(1879); Pirassununga (1885); Boa Vista do Jacaré (1891). O centro de seu
ministério foi Rio Claro, onde, além da igreja, fundou uma escola primária em
1873. A sistemática criação de escolas ao lado das congregações foi uma
98
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.72.
99
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.73.
45
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1. Estrangeiros:
Especialmente anglo-saxões, americanos do norte e portugueses. Os
americanos eram comerciantes e industriários e fugitivos das conseqüências da
Guerra de Secessão. A maioria deles, porém, eram trabalhadores agrícolas e
pequenos proprietários de terras.
2. Brasileiros:
a) A conversão de famílias inteiras. Ex.: A família Gouveia de Brotas. Com a
conversão do patriarca, abria-se a porta para a conversão de toda a família.
Mesmo que o cabeça da família não se convertia, mas se tornava simpático ao
protestantismo, era comum isso acontecer.
b) Grandes proprietários de fazendas: a maior parte das igrejas rurais se fundaram
nas fazendas ou em pequenas propriedades rurais chamadas de sítios. Ex. A
100
Ibid, p.74.
101
Ibid, p.76.
46
3. Profissionais:
a) Militares: O general Abreu e Lima, que se batizou somente no fim da vida, mas
que era defensor do protestantismo (Rio de Janeiro).
b) Médicos: O médico Fausto de Souza, e outros.
c) Comerciantes e artesãos: José Zacarias de Miranda (Oficial de Alfaiate) e
(entalhista de tartaruga), depois se tornou pastor. João Batista de Lima. Joaquim
Pereira da Silva, diácono da igreja de São Paulo era vendedor ambulante.
d) Intelectuais: Poetas e romancistas como A. J. dos Santos Neves, que serviu à
igreja compondo alguns de seus hinos e que participou da fundação do Jornal
“Imprensa Evangélica”; também Júlio César Ribeiro Vaughan, da Igreja de
São Paulo, foi pregador e tradutor. Vital Brasil foi membro da igreja de São
Paulo por um tempo.103 No campo da educação, destacamos Remígio de
Cerqueira Leite, presbítero da igreja de São Paulo e amigo intimo de Eduardo
Carlos Pereira.
Publicações e Hinários:104
1. Salmos e Hinos. O primeiro hinário evangélico publicado no Brasil foi o
Salmos e Hinos, elaborado pelo casal Robert e Sara Kalley em 1861, com 18
salmos e 32 hinos. Ele foi revisado e ampliado diversas vezes. Este foi o primeiro
hinário brasileiro e até hoje é o de maior divulgação. Também foi a Sra. Sara
Kalley quem organizou a primeira publicação da coleção de hinos para coral
Música Sacra em 1868. Além disso funcionava uma classe de música às quartas-
feiras, antes do culto da noite na Igreja Fluminense, com uma freqüência de até 33
alunos na classe de 1871.
2. Cânticos Sagrados. Nos cultos do trabalho presbiterianos o Salmos e
Hinos foi adotado imediatamente à sua publicação. Em 1867, Blackford pediu
permissão ao Dr. Kalley para que incluisse alguns hinos do Salmos e Hinos na
coletânea de hinos que estava preparando para os presbiterianos. Kalley não
consentiu a publicação parcial, mas somente integral. O resultado foi que 1867
publicou-se a primeira edição do hinário Cânticos Sagrados com os Salmos e
Hinos anexado no final. Este hinário se dividia em duas partes: A primeira com 80
102
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.273.
103
Émile G-Leonatd, O Protestantismo Brasileiro, p.103.
104
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p. 275-281.
47
ficavam aos cuidados dos leigos. Estes liam sermões dos pastores e artigos do
Jornal Imprensa Evangélica, e cantavam muito.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
105
Júlio Andrade Ferreira. História da IPB, vol. 1, p. 116.
106
Colégio Internacional. http://www.campinasdeantigamente.com.br/2014/09/colegio-internacional.html. acesso
em 28/05/2015.
107
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p. 117.
108
Paulo Augusto Moraes. Campinas e a História do Protestantismo no Brasil;
http://www.centrodememoria.unicamp.br/sarao/revista05/sarao_ol_texto1.htm. Acesso em 28/05/2015.
49
109
Benedito N. Garcez, O Mackenzie, p.42.
110
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p.141.
111
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol.1, p.142.
112
Boanerges Ribeiro, Igreja Presbiteriana no Brasil – da Autonomia ao Cisma, Livraria O Semeador, p.279.
113
Boanerges Ribeiro, Igreja Presbiteriana no Brasil – da Autonomia ao Cisma, Livraria O Semeador, p.36.
50
c) Missionárias Educadoras
Mary Parker Dascomb.115
Foi a primeira missionária educadora enviada pela PCUSA
ao Brasil. Nasceu em 30/06/1842 em Providence, Rhode Island.
Passou sua infância e mocidade em Oberlin, onde conheceu e
recebeu influência do reavivalista Charles Finney (1792-1875),
com sua ênfase na conversão individual, perfeccionismo cristão e
reformas sociais.
Veio ao Brasil pela primeira vez em 1866, quando conheceu Simonton e
Horace Lane. Retornou como missionária no final de 1869 para trabalhar
inicialmente no Rio de Janeiro na escola paroquial da igreja e depois em Brotas.
Em 1871, assumiu a direção da recém criada Escola Americana em São
Paulo, onde também lecionava matemática e auxiliava o Rev. Chamberlain na
igreja como organista. Implantou o sistema misto (meninos e meninas juntos na
mesma sala) na escola americana. Por sua orientação, o Rev. Antônio Trajano
elaborou e publicou a Aritmética Progressiva, que se tornou famosa nas escolas
brasileiras atingindo mais de 20 edições.
De 1873 a 1876 trabalhou em Brotas e depois em Rio Claro, na escola
fundada pelo Rev. Dagama. Ali recebeu a ajuda da missionária Elmira (Ella) Kuhl.
Foram grandes amigas e companheiras para o resto de suas vidas. De 1876 a 1880
retornou aos EUA, quando obteve seu Mestrado (MA). De volta ao Brasil, assumiu
a liderança do internato feminino da Escola Americana.
114
Chamberlain, carta a Lane datada de 26/6/1902. Citada por Boanerges Ribeiro, Ibid., p.299.
115
Alderi S. Matos. Os Pioneiros, p. 66-71.
51
Elmira Kuhl.116
Nasceu em 13/01/1842 em Cooper Hill, perto de
Flemington, Nova Jersey. Excelente professora e
administradora, foi enviada pela PCUSA ao Brasil
aonde chegou em 07/06/1874. Serviu na escola de Rio
Claro ao lado da Miss. Mary P. Dascomb, que se
tornou sua amiga inseparável.
Em 1877 trabalhou na Escola Americana em São
Paulo onde permaneceu por 12 anos. Ali era reconhecida como excelente
professora e notável evangelista. Mudou-se para Botucatu em 1889 e ao lado da
Miss. Dascomb foi transferida para Curitiba em 1891, para trabalharem juntas
numa filial da Escola Americana por mais quase 25 anos!. Em Curitiba, a Miss.
Elmira Kuhl trabalhou intensamente também na escola dominical, sociedade
feminina e em atividades evangelísticas.
Faleceu aos 75 anos de idade em Nova York, oito dias depois da morte da
Miss. Dascomb. Após a morte das duas missionárias, a Escola Americana de
Curitiba entrou em declínio e o patrimônio foi vendido ao Rev. Luiz Lens de
Araújo César.
116
Alderi S. Matos. Os Pioneiros, p.86-89.
117
Alderi S. Matos. Os Pioneiros, p. 182-185.
52
Ela iniciou uma escola para meninas em 1873 em Campinas com apenas 6
alunas. De 1875 a 1880 teve de voltar aos EUA duas vezes para tratamento de
saúde. Em 1882, de volta ao Brasil, tornou-se auxiliar da missionária Charlotte
Kemper. Logo depois dedicou-se exclusivamente ao trabalho evangelístico.
Em 1887 passou a trabalhar como missionária educadora novamente,
servindo à PCUSA, mas sendo mantida sob a jurisdição da PCUS, inicialmente em
São Paulo e depois em Botucatu até 1893, sendo uma influência muito positiva na
formação de Erasmo Braga e Franklin do Nascimento. Foi uma escritora assídua
nos periódicos presbiterianos The Missionary e Braslian Missions.
Aposentou-se em 1894, retornando para os EUA, vindo a falecer em
16/04/1910.
Charlotte Kemper.118
Nasceu em Warrenton, norte da Virgínia, próximo a
Washington em 21/08/1837. Tinha um temperamento
introvertido, mas dotada de uma inteligência excepcional. Tinha
domínio de álgebra e geometria; latin, grego, italiano, alemão,
francês e hebraico, além de piano, violão e canto. Fez seu curso
teológico em Augusta, onde recebeu forte influência do teólogo
sistemático Robert L. Dabney (1820-1897).
Chegou a Campinas em fevereiro de 1882, aos 45 anos de idade, para
substituir Nannie Henderson, que estava doente. Sua vinda ao Brasil foi uma
exceção feita pelo Comittee de Nashville atendendo a um apelo do Rev. Edward
Lane. Chrlotte dirigiu a escola de moças do Colégio Internacional, em Campinas,
sendo sua superintendente de compras e lecionando várias matérias.
Após um período de férias nos EUA, retornou ao Brasil em dezembro de
1889, acompanhando Mary P. Dascomb, Edward Lane e mais dois novos
missionários: Samuel Rhea Gammon (que se tornaria o grande diretor do Instituto
de Lavras-MG e uma peça importante na tentativa de evitar o cisma de 1903) e o
Rev. Frank A. Cowan (companheiro do rev. John Boyle em sua última viagem por
Goiás).
Quando a febre amarela reapareceu em Campinas no ano de 1892, todos os
missionários se retiraram de campinas exceto Charlotte e Lane. Ela adoeceu e
quase pereceu. Lane cuidou de sua recuperação, e então, ele ficou doente, vindo a
falecer em 26/03/1892. Como não havia nenhum pastor na cidade, ela conduziu o
culto fúnebre e orientou ao jardineiro da chácara a memorizar o Salmo 23 para
recitá-lo no funeral. No final desse mesmo ano, o Colégio Internacional fechou
suas portas em Campinas e transferiu-se para Lavras-MG, vindo a tornar-se anos
depois no Instituto Gammon. Charlotte Kemper passou o resto de sua vida em
Lavras.
Ela foi a tesoureira da Missão Sul da PCUS, e depois do desdobramento com
a Missão Oeste (1904) ficou na Missão Leste. Conhecida por sua imensa bondade
118
Alderi S. Matos. Os Pioneiros, p. 207-211.
53
d) O Seminário.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
122
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p. 195.
55
MG e por fim chegando a Bagagem-MG, onde morava. No ano seguinte ele abriu a
terceira estação missionária da igreja do Sul, que abrangia os estados de Minas e
Goiás. As outras duas eram: Missão Norte (Maranhão, Ceará e Pernambuco),
Missão Sul (Campinas). A Missão de Boyle era sediada em Bagagem-MG e ficou
com o nome de Missão Interior.123
Boyle foi, ao lado de Blackford, o principal arquiteto do Sínodo de 1888.
Sua proposta era de dar à igreja brasileira autonomia plena, inclusive com a
entrega das instituições educacionais à direção dos pastores brasileiros, contudo,
Blackford não concordou, e foi aprovada uma autonomia parcial, onde os pastores
nacionais obtiveram apenas jurisdição eclesiástica sobre as suas igrejas. Boyle,
porém avisou que isso causaria muitos problemas. No Sínodo, Blackford foi eleito
moderador e Boyle, vice-moderador.
Ainda em 1889, Boyle fundou o jornal O Evangelista, que foi caracterizado
pela polêmica com o catolicismo.
Boyle faleceu em 1892, vitimado por um enfarte aos 42 anos de idade. Júlio
Andrade chama o ano de 1892 de “ano fatídico”.124 Blackford já havia falecido em
1890 em Atlanta-EUA, fazendo imensa falta à liderança da igreja brasileira. Nesse
ano, contudo, além de Boyle, faleceram: E. M. Pinkerton, na Bahia; Edward Lane,
em Campinas-SP; James Dick, em Fortaleza-CE; Miguel Torres, em Caldas-MG.
Todas essas mortes foram um duro golpe no andamento das questões do seminário
e do sistema de evangelização que deveria receber a prioridade no Brasil. A morte
desses gigantes abriu as portas para o desenvolvimento mais tranqüilo do
Mackenzie e o surgimento de Eduardo Carlos Pereira como grande líder nacional.
Quem poderá se levantar e questionar a mão da providência? As lições de 1892
devem nos chamar à meditação reverente diante do Senhor da Igreja!
Em 1893, por meio da influência de Boyle a IPB chegou a Araguari-MG, de
onde se irradiaria para Patrocínio-MG e daí para o Centro-Oeste brasileiro através
da Missão Oeste do Brasil (1924). Essa Missão fundou o IBEL nessa cidade em
1948, a fim de formar obreiros leigos para auxiliar no trabalho.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Tanto na cidade de São Paulo como do Rio de Janeiro, haviam duas classes
de negros; Os escravos de ganho, que dominando um ofício (carregadores,
pedreiros e aguadeiros) repassavam seus rendimentos aos seus proprietários. E os
escravos libertos, que exerciam pequenas atividades artesanais ou eram pequenos
comerciantes e prestadores de serviços (barbeiros, dentistas ou mesmo médicos dos
mais pobres)127. A escravidão no Brasil não era segregacionista, pois os negros
eram integrados na sociedade colonial, participando inclusive da intimidade dos
senhores brancos, o que facilitava a miscigenação. Todavia, negros e mulatos eram
tratados e mantidos como subalternos, submetidos a trabalhos excessivos e
castigos cruéis, vistos com desconfiança e medo.128
1. O CATOLICISMO E OS NEGROS.
No campo religioso, Richard Sturz enumera pelo menos quatro razões que
fizeram com que a evangelização dos negros fosse um fracasso do catolicismo
brasileiro:129
1º. A constante renovação da população escrava reforçou constantemente as
religiões africanas no Brasil. Até 1850, dificilmente um negro vivesse até a sua
terceira geração, e até 1830, quando se proibiu o tráfico, medidas eram tomadas
para evitar a procriação, visto que a importação de negros adultos ficava mais
barata para os portugueses.
2º. A sobrevivência da religião africana foi garantida no Brasil através das
confrarias e irmandades, que eram grupos de assistência mútua onde se garantia
a segurança individual do negro e o identificava com seus deuses tribais. Em vez
de evangelizar os negros a igreja católica brasileira encorajou indiretamente o
sincretismo do catolicismo com as religiões africanas.
125
Erasmo Braga e K. Krub, The Republic of Brasil (London, World Dominion. 1932), p.13. Citado por Earle
Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, p.352.
126
Wilton O. Assis, Ashbel Green Simonton, O Missionário dos Tristes Trópicos, UPMackenzie, São Paulo, p.38.
127
Ibid., p.39.
128
Almanaque Abril 1998, “Negros”, p.126.
129
Richard J. Sturz, “O Catolicismo Romano na América Latina do Século XIX”. Em Earle E. Cairns, O
Cristianismo Através dos Séculos, p.353,354.
57
132
Duncan A. Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, ASTE, p. 49, itálicos meus..
133
Francisco A. Silva e Pedro Ivo A Bastos, História do Brasil, Moderna, p.107,108.
134
Duncan A. Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, ASTE, p. 49.
135
Ibid, p. 92.
59
poderia se quisesse, tão fraco é o princípio moral neste governo. Tudo o que
podemos fazer é usar diligente e mui discretamente os meios, observar os sinais
dos tempos, e entrar por toda a porta aberta pela Providência, para prestar-lhes
serviço...
136
Almanaque Abril 1998, “Escravidão”, Ed. Abril, p.72,73.
137
Veja a nota 174 de: Duncan A. Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, ASTE, p. 155
138
Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, p. 125.
139
Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, p. 110.
140
Ibid. p. 110.
60
150
Ibid., p.167.
151
Ibid, p.172, 173.
152
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. I, p.84.
153
Reily diz que ele era inglês (Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, p. 159, nota 235).
154
Ibid., p. 127.
155
Ibid, p.159. nota 234.
62
156
E. Vanorden, The Brazilian Christian Herald (Fevereiro-Março 1878), p. 2
157
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p.91.
158
E. C. Pereira, A Religião Christã Em Suas Relações Com a Escravidão, Anexo a: José Carlos Barbosa, Negro
Não Entra Na Igreja, Espia do Lado de Fora – Protestantismo e Escravidão no Brasil Império, UNIMEP, p.201.
159
Lessa, Annaes da 1ª Egreja, p.265 (sic.).
63
5. ACONTECIMENTOS IMPORTANTES.
160
Ibid., p. 265,297. Citado por: Leonard, O Protestantismo Brasileiro, p.101, nota 81.
161
Simonton, O Diário de Simonton, p.167.
162
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, CEP, p.273.
163
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, CEP, p.96.
164
Ibid., p.99. São eles: Jerônimo, José e Bárbara, pertencentes ao Sr. Antônio Joaquim.
165
Alderi S. Matos, Os Pioneiros, p. 44.
166
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.274,275. Veja também; Émile-G Leonard, O Protestantismo
Brasileiro, JUERP/ASTE, p.101.
167
Vicente Themudo Lessa, Annaes da 1ª Egreja Presbyteriana de São Paulo – 1863-1903, São Paulo, 1938, 1ª IPI
de São Paulo, p. 165.
168
Ibid, p. 168.
169
Ibid, p.168.
64
dos batistas, a história de um escravo que recebia maus tratos de seus senhores por
ser um membro piedoso da igreja batista da Bahia (A História dos Batistas do
Brasil, p. 62 t. I); e não deixa de mencionar que o futuro romancista Júlio Ribeiro
apresentou ao batismo na Igreja Presbiteriana de São Paulo, um pequeno escravo a
quem logo libertou, bem como a sua mãe.170
175
Paulo Siepierski, “Missionários Protestantes Estrangeiros no Brasil: Dos primórdios ao Congresso do Panamá”,
in: C. Timóteo Carriker, ed., Missões e a Igreja Brasileira vol. 2, Perspectivas Históricas, Mundo Cristão, p.59.
176
Leonard, O Protestantismo Brasileiro, p.101, nota 81.
177
Ibid., p.74,75.
178
Ibid., p. 117.
179
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. I, p.251. A citação original vem do livro de sua autoria, Galeria
Evangélica, p.95-97.
180
Boanerges Ribeiro, Da Autonomia ao Cisma, p.74.
66
CONCLUSÃO.
Encontramos boa literatura a respeito da posição dos missionários da
PCUSA vindos para o Brasil posicionando-se contrariamente à escravidão e a
favor da abolição, mas o mesmo não nos é possível avaliar definitivamente por
enquanto quanto aos missionários da PCUS.
Apesar de serem contrários à escravidão no Brasil, parece-nos que a Igreja
adotou uma postura mais cautelosa quanto à questão, visto haverem vários e
complexos empecilhos ao seu estabelecimento no Brasil, que lhe chamavam mais a
atenção e lhe cobravam esforços de “sobrevivência” até então.
Mesmo assim, deliberou afirmar a sua posição abolicionista em 1886. Mais
uma vez, Eduardo Carlos Pereira foi o seu profeta com a publicação de sua
brochura abolicionista de 1886. Contudo, entristece-nos o fato de que essa decisão
viesse tão tarde, visto que várias leis anti-escravistas já vinham sendo aprovadas
desde 1850 e o movimento abolicionista ganhara mais força no Brasil desde o fim
da Guerra do Paraguai em 1870.
A Igreja foi aberta à participação dos escravos desde o princípio, simpática
ao movimento abolicionista e manifestou o seu regozijo publicamente e
documentalmente (Presbitério do Rio) quando a abolição veio. Preocupou-se não
somente com a abolição, mas também com a educação dos negros após a mesma.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
181
Boanerges Ribeiro, Da Autonomia ao Cisma, p.76.
182
Lessa, Annaes da 1ª Egreja, p. 232.
67
Blackford que acha isso arriscado, mas concorda que os concílios tenham
jurisdição plena sobre as igrejas e os pastores nacionais, e apenas parcial sobre os
missionários estrangeiros.
A aparente apatia de Boyle revelou suas verdadeiras raízes na relutância dos
missionários da PCUSA de se desligarem totalmente de sua igreja mãe. Blackford
reconheceria de forma misteriosa mais tarde: “Muitas razões se associavam para
nos fazerem relutantes em romper nossa conexão com as igrejas mães (Brazilian
Missions, Junho de 1889, p.43)”.189
Mesmo assim, em 1885, o presbitério do Rio oferece um “Plano de União
das Igrejas Presbiterianas do Brasil”, contendo 10 artigos; dos quais 6 são de Boyle
e 4 de Blackford, o qual foi aceito por todos os missionários.
Em 1886 a Assembléia da Igreja do Norte aprova o Plano; e em 1887 a
Assembléia da Igreja do Sul também o fará.
O novo presbitério organizado no Brasil pela PCUS resolveu nomear a John
Boyle e a G. W. Thompson para consultar à Assembléia Geral da PCUS se o novo
presbitério organizado devia filiar-se a um sínodo norte-americano ou aceitar a
proposta do Presbitério do Rio de Janeiro de unirem-se na organização do Sínodo
Brasileiro, que seria independente das Igrejas nos Estados Unidos.190 Uma outra
comissão deveria corresponder-se com as igrejas do Nordeste brasileiro filiadas à
PCUS sobre a formação de um presbitério a fim de se unirem para a formação do
sínodo brasileiro. O Presbitério de Pernambuco foi organizado em 17/08/1887 a
fim de que o Sínodo pudesse ser formado.
189
Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana do Brasil – Da Autonomia ao Cisma, p.200.
190
Júlio Andrade Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. I, p.285.
191
Ibid, p. 205, 206.
192
E. C. Pereira, Imprensa Evangélica de 31/08/1883. Citado por Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana do
Brasil – Da Autonomia ao Cisma, p.166.
69
5. Missões Nacionais:
Elaborado pelo presbitério do Rio em 1886, embasado numa “Circular
Educativa” baseada em II Coríntios 8 e 9 que incentiva e exortava os crentes a
sustentarem o trabalho, feita por Chamberlain. Mais uma vez é Eduardo Carlos
Pereira quem demonstra o entusiasmo necessário para fazer o projeto da
emancipação efetivar-se. Ele foi o presidente da comissão executiva do Plano
Os fundos arrecadados por este plano ajudariam às igrejas mais fracas, e
seriam distribuídos assim: 1º) Pastores nacionais; 2º) Evangelistas; 3º) Professores
e seminaristas.
A “Revista das Missões Nacionais” seria o órgão de divulgação do Plano de
Missões. O primeiro número é de 31/01/1887. Ela publicava as atividades das
igrejas locais para que estas se conhecessem.
Este Plano criou unidade, compromisso mútuo, conhecimento mútuo e criou
responsabilidade na contribuição. Colaborando, assim, com a formação do Sínodo.
São Paulo e o Presbitério do Rio de Janeiro, pois na PCUSA não havia a exigência
constitucional da participação dos presbíteros.
Para a organização do Sínodo Brasileiro, ambas as igrejas se uniram e ficou
acordado que o Sínodo adotaria como norma constitucional o Livro de Ordem da
PCUS, no qual os presbíteros eram contados no quórum dos concílios. Estavam
presentes ao concílio 27 pastores e 5 presbíteros.195
O ato constitutivo foi lido pelo Rev. Alexander L. Blackford, decano dos
presentes, como segue:
195
Adão Carlos do Nascimento. Paz Nas Estrelas, p.43.
196
Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana do Brasil – Da Autonomia ao Cisma, p. 201.
197
Boanerges Ribeiro, Protestantismo no Brasil Monárquico, Ed. Pioneira, 1973, p.144. Na verdade 46 igrejas
ficavam nos Presbitérios de São Paulo e Minas.
71
198
Actas do Sínodo, 1888, p.5,6. Citado por Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana do Brasil – Da Autonomia
ao Cisma, p.202.
72
-------------------------------------------------------------------------------------------------
73
A Monção Smith recebeu esse nome por ter sido Smith o primeiro a assiná-
la. Foi assinada por 4 missionários da PCUS, apenas um da PCUSA (Kyle); 13
pastores nacionais; 14 presbíteros. Foram 35 votos favoráveis, 10 contrários e 2
abstenções.
75
199
Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana no Brasil – da Autonomia ao Cisma, p.332.
76
A Plataforma de 1902.
Elaborada na casa de Pereira em 21/01/1902, começou a ser veiculada em
fevereiro de 1902. Segundo Boanerges, essa data marca a “travessia do Rubicon”
para Pereira, ou seja, dali ele não poderia voltar mais.200
Texto integral da Plataforma:201
1º Independência absoluta, ou soberania espiritual da Igreja
Presbiteriana no Brasil.
2º Desligamento dos missionários dos presbitérios nacionais.
3º Declaração oficial da incompatibilidade da maçonaria com o
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
4º Conversão das Missões Nacionais em Missões Presbiteriais, ou
autonomia dos
presbitérios na evangelização de seus territórios.
5º Educação sistemática dos filhos da Igreja pela Igreja e para a
Igreja.
200
Boanerges Ribeiro, A Igreja Presbiteriana no Brasil – da Autonomia ao Cisma, p.332.
201
Ibid, p. 373.
77
Norte:
Board de Nova York
Sul: BRASIL
Comitee de
Nashville
1. A Justificativa:
A questão da maçonaria foi apenas uma desculpa. A cisão já existia desde a
instituição do Sínodo em 1888, quando ficou claro que Norte e Sul eram rivais
quanto à liderança da IPB. A maçonaria influenciava a formação político-social no
Brasil. O liberalismo maçon ajudou o fortalecimento da Igreja.
NACIONAIS
NORTE
SUL
2. Razões da Cisão.
a) Espírito Cisório.
Esse espírito é uma herança dos americanos. A postura em relação aos
próprios patriotas gerara animosidades entre o norte e o sul. A evangelização do
Brasil coincidiu (para não dizer “colidiu”) com a época da Guerra de Secessão nos
EUA. A grande maioria dos missionários eram norte-americanos e da região sul,
derrotada na guerra.
Aqui no Brasil, esse espírito cisório dos missionários americanos da primeira
geração, foi passado aos pastores nacionais da segunda geração. Os pastores
brasileiros sempre buscavam tirar proveito das intrigas entre os missionários do sul
e do norte.
Eduardo Carlos Pereira era pastor da segunda geração e achava que a única
forma da IPB desvencilhar disso era a autonomia da Igreja brasileira, a entrega da
liderança aos pastores nacionais.
78
Lembrando que o Colégio de São Paulo era ligado ao Board de Nova York e
o Colégio de Campinas, ao Comitê de Nasville.
b) Metodologia Missionária.
A tensão entre onde investir os recursos financeiros. Evangelismo X Escola.
Os investimentos na educação eram um esforço missionário indireto e a
longo prazo, além de caro. Seu objetivo era produzir um ambiente para que o
Evangelho pudesse ser implantado mais facilmente.
As escolas brasileiras eram católicas e os protestantes eram perseguidos. Os
filhos dos protestantes precisavam de escolas. As escolas americanas ganhavam
boa reputação rapidamente e o respeito social. Haviam inovações, pois homens e
mulheres estudavam juntos e não em classes e/ou escolas separadas (Mackenzie).
Dentro desse aspecto havia também a concorrência de duas escolas, a de
Campinas (Colégio Internacional) e a de São Paulo (Mackenzie).
Eduardo Carlos Pereira militava na frente evangelística. O problema foi a
sua crítica severa ao que acontecia no Mackenzie.
d) Questões pessoais.
Havia uma briga pessoal entre o Rev. Álvaro Reis (RJ), que era maçom e o
Rev. Eduardo Carlos Pereira (SP). A igreja de São Paulo elegeu o seu pastor e
alcançou autonomia em agosto de 1888. Surgiu a questão da fundação de um novo
seminário (Colégio Americano) em Campinas-SP. Um grupo queria o Seminário
no Rio e outro em São Paulo. Álvaro Reis assumira o pastorado da igreja do Rio
em 1897 e fundara o jornal O Puritano com a finalidade de concorrer com O
Estandarte. Fora companheiro de Pereira em muitas questões, mas se afastou dele
na questão maçônica e da Nova Bandeira. Arquitetou com Kyle o documento que
provocou a celeuma no plenário de julho de 1903, documento propunha a dentre
outras propostas a retirada total dos missionários dos presbitérios, a eliminação do
rol de membros das igrejas todos os maçons. Depois da reação apresentou um
documento declarando a questão maçônica como “vencida”, ou seja, sem efeito.
e) A Maçonaria.
A questão maçônica não foi a causa principal do cisma. Ela só entrou em
debate em dezembro de 1898 quando o primeiro artigo contrário a ela foi
publicado no Estandarte. A maçonaria foi a causa teológica utilizada para justificar
o cisma. Como justificar um cisma sem um problema doutrinário? A questão
maçônica foi a única encontrada, porque era muito discutida na época.
79
----------------------------------------------------------------------------------------------------
a) Organização da IPI.
No dia 1º de agosto de 1903, os independentes organizaram o seu
presbitério, com quinze presbíteros e sete pastores (Eduardo C. Pereira, Caetano
Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz de Oliveira, Otoniel Mota, Alfredo
Borges Teixeira e Vicente Temudo Lessa). As igrejas de São Paulo, Campinas, S.
Bartolomeu, Cabo Verde, Lençóis, Borda da Mata, Ribeira do Veado, Matão-PR,
Mogi-Mirim (apenas um membro), Cruzeiro, Bela Vista e Avaré (presentes ao
Sínodo). Depois acrescentaram as igrejas de Campestre e Itatiba-MG. Outras
202
Boanerges Ribeiro, Da Autonomia ao Cisma, p. ??
203
Júlio Andrade Ferreira. História da IPB, vol 1, p. ??
80
b) Brigas Judiciais.
Ao cisma seguiu-se a polêmica através da imprensa (O Estandarte X A
Revista das Missões Nacionais); Medidas conciliares drásticas; visitação intensiva
de áreas a ocupar numa competição aberta com o outro grupo. Além disso litígios
judiciais tornaram mais amarga e rancorosa a separação. Alista-se abaixo os quatro
casos mais importantes:
Botucatu-SP
Organizada a 1º/08/1885, era igreja de patrimônio invejável e grande força
evangelística. Foi pastoreada por João Ribeiro de Carvalho Braga, pai do Rev.
Erasmo Braga, até 1900, sendo substituido por Francisco Lotufo. Embora tenha
sido eleito, estranhamente não havia sido empossado no pastorado até à época da
cisão. Em 1901 a questão maçônica irrompeu na igreja e Lotufo era do partido
anti-maçônico. Quando o Sínodo cindiu em 1903, Lotufo não estava presente.
Depois declarou por carta que se desligara do Sínodo, mas que por enquanto não se
ligaria a outra “corporação”. # presbíteros fiéis ao Sínodo entraram na justiça
preventivamente a fim de assegurar posse do templo e da escola paroquial aos
sinodais e destituiram Lotufo do pastorado. O caso foi de fato parar na justiça e os
sinodais ganharam a causa. Os estatutos da igreja declaravam “não terem qualquer
direito a propriedades da Igreja os membros que dela saírem ou forem
excluídos”.204
Campinas-SP
Organizada a 10/07/1870, pelos missionários da PCUS. A igreja cresceu
vagarosamente. Em 1878, quando inaugurou seu templo tinha apenas 33 membros
comungantes; e em 1889, apenas 50 comungantes. O Rev. Bento Ferraz assumiu o
pastorado parcial da igreja em 1900, que estava quase fechando, cooperando com
ele Ernesto Luiz de Oliveira. Ambos eram professores em escola pública de
Campinas. A igreja cresceu rapidamente chegando a 172 comungantes em julho de
1903. Bento Ferraz havia sido exonerado do ministério a pedido alguns anos antes.
Com a sua eleição foi reintegrado. Uma vez que se tornou independente, o Sínodo
anulou sua reintegração e “colação” (posse) no pastorado e designou o Rev.
204
Boanerges Ribeiro, Igreja Evangélica e República Brasileira, p.66.
81
205
Ibid, p. 70.
82
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
206
Júlio A. Ferreira, História da IPB, vol. 1, p.168, 284.
83
Do Sínodo ao Cisma:
208
Anotações em sala de aula de História da IPB, Rev. Jôer Correia Batista, de 07/11/1990. Anotações da prova
aplicada em 28/11/1990.
87
3. A Visão Missionária.
Os missionários americanos pensavam numa evangelização mais lenta. Os
investimentos na educação eram um esforço missionário indireto e a longo prazo,
além de caro. Seu objetivo era produzir um ambiente para que o Evangelho
pudesse ser implantado mais facilmente. A maioria dos obreiros era canalizada
para as escolas e não para o campo.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
88
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