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Os fatos sociais devem ser tratados como coisas, pensamentos e conhecimentos que
não são naturalmente estabelecidos no senso crítico das pessoas, ou seja, que requerem
estudo e análise para serem compreendidos e propriamente utilizados. Seu estudo deve
ser feito de maneira neutra, sem a presença de considerações que remetam à suas
características, origens ou qualquer aspecto do tipo, para que não haja ambiguidades na
tese final.
Tais fatos não podem ser algo conhecido, ou previamente assimilados. É necessário
que o assunto em questão seja quase totalmente novo, e que as opiniões do indivíduo
sejam formadas a partir do momento em que ele comece a averiguar tal fenômeno
social.
O processo em questão é essencial para o estudo da vida social, pois para melhor
compreensão dos fatos, é preciso acompanha-los do lado de fora, ou seja, como coisas
que nos pertencem e que podem passar a integrar nossa mente de alguma forma. Isso se
torna mais complicado quando a atividade de descobrimento de certo fato requer o
acesso de traços que foram herdados, que não foram constituídos pela ação intelectual
pessoal do indivíduo. Logo, é importante ser cuidadoso para não limitar-se durante a
consideração dos elementos presentes, nem mesmo deixar que conclusões prévias
comandem seu julgamento atual.
É necessário considerar-se virgem de experiência, abraçar a dormência da descoberta.
Estar preparado para ser maravilhado e espantado, considerar todas as possibilidades e
opções, ter paciência e sempre, sem exceções, voltar ao mesmo método de
determinação.
Tratando-se da maneira como a sociedade funciona, é incorreto pensar que todos
reagiram a um certo fato da mesma maneira, assim como dizer que ao repetir uma ação,
uma pessoa irá agir de acordo com a primeira vez. Isso acontece porque absorvemos e
transformamos informação, fazemos dela degraus, pontes, escudos ou espadas. A
constante modificação na avenida do comportamento permite e exige que os estudiosos
da sociedade não se prendam a um conceito definido, mas o usem como referência para
fundamentar um novo.
Para entender a maneira como a sociedade se vê, é preciso tomar como ponto de partida
sua natureza, e não a de seus indivíduos. Se ela condena certos modos de
comportamento, é porque eles vão de encontro com um ou mais de seus princípios
fundamentais. Assim, a solução de determinados problemas nunca será apresentada,
pois as informações necessárias para tal conclusão foram ignoradas pela mesma.
Entretanto, o reconhecimento das divergências e a busca por um consenso entre as
variadas características são um bom caminho a ser seguido. Por exemplo, observar os
fatores que as atraem ou repelem pode ser produtivo, pois, embora elas apresentem
passados e destinos diferentes, elas se manifestam nos indivíduos de maneira
homogênea.
Para que tal tarefa seja desenvolvida com integridade e sucesso, é preciso que o
pesquisador não confunda os aspectos e características dos objetos investigados. Trata-
se do cientista não se perder em um emaranhando de intuições preconcebidas em
experiências passadas. Parte disso é não exprimir todas as características de um fato
social, e assim, não constituir uma única definição possível.
Questiona-se também a definição de fato social, de que ele é tudo que se produz na
sociedade, mas a sociedade, não é necessariamente a causa do fato. Ademais, existe a
consideração das condutas tomadas pelos indivíduos; que pode ser fruto da moral ou do
meio físico, individual ou em grupo, voltada para uma razão pessoal ou para algo além
de sua esfera de influência.
Apesar de absorver o impacto gerado pelas crenças e cultura no geral, a maneira com
que lidamos com determinada situação é diferente. Quando o indivíduo discorda de tal
realidade, com o tempo, acaba se conformando, pois não a pode impedir de existir. Com
isso, é obrigado a considerá-la e mesmo que seja difícil, tomá-la com ferramenta para
tentar mudar algo imposto pela sociedade.
Para que tal ação seja “classificada” como fato social, é preciso que vários indivíduos
misturem opiniões e pensamentos diversos para a geração de um produto novo, algo
fora do campo de reflexão, que instigue e fixe e estabeleça essa nova maneira de
julgamento. Essa ação grupal pode ser definida como instituição, ou seja, uma atitude
tomada em coletividade, sendo assim, a Sociologia seria denominada uma ciência das
instituições.
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Assim como possuímos duas consciências (uma regida pela sociedade e outra
totalmente ligado à nossa essência), há também dois tipos de solidariedade positiva que
devemos discutir –a mecânica e a orgânica. A primeira liga o indivíduo à sociedade, sem
nenhum ponto intermediário, já a segunda utiliza a sociedade para extrair partes que a
compõem.
Na solidariedade mecânica, o indivíduo é apenas parte de um todo, uma coisa da qual a
sociedade dispõe. Sendo assim, nesses tipo social, os direitos pessoais não o valor que
deveriam, ou seja, ainda não são distinguidos dos direitos reais.
Já na orgânica, a divisão do trabalho e a libertação da interatividade individual é
necessária. Nela implica-se que os indivíduos sejam diferentes entre si, e mesmo
desenvolvendo a mesma tarefa, ele devem introduzir características pessoais, e quanto
mais especializada a atividade for, mais espaço para demonstrar sua individualidade
será exigido.
As consciências individuais e coletivas funcionam de maneira diferente, mas não estão
localizadas em locais distintos. Embora desiguais, as duas estão ligadas uma à outra,
pois em suma importância, têm o benefício do indivíduo como função mútua, logo, são
solidárias.
A singularidade pode significar um risco para um modelo de sociedade onde a
solidariedade presente é a mecânica, por isso, as vezes certas ações são punidas como
crime, sem que sejam nocivas para a sociedade. A causa desses atos não é recente, as
diversas formas de intenção constituídas ao longo da história tornam possível o
constante surgimento de pensamentos que, de alguma maneira, não vão de acordo com
algum fim útil.
A influência gerada pelas atitudes coletivas exercem bastante poder na sociedade,
podem por exemplo, tornar algo velho novo. No entanto, para que a decisão seja
desfeita, ou seja, as regras sejam mudadas, é preciso que haja cuidado para que as
conquistas do vínculo social não fiquem perdidas no processo.
Quando alguma lei e infringida, a pena nem sempre serve para punir o culpado ou
intimidar possíveis futuros infratores, porém, estabelece um sentido de manutenção da
coesão social, fazendo prevalecer toda a vitalidade da consciência comum. A dor repara
o dano que o crime fez a sociedade, ela não tem o papel de espalhar a crueldade
gratuitamente; mas simboliza a necessidade de preservar a integridade dos sentimentos
coletivos. Certifica-se que as penas são aplicadas nos criminosos, mas tem seu maior
impacto nas pessoas honestas, pois é nelas que o espírito de coletividade ainda está
vivo, e tal medida drástica serve para reforçar a barreira protetora do mesmo.
Ao valorizar e depositar energia nas ações coletivas, o indivíduo consegue obter
resultados mais expressivos na sociedade em que habita. Incrementar a relação grupal
com suas ânsias pessoais é uma medida que torna a relação menos restrita às normas
iniciais. A vida social não depende apenas da herança intelectual, nem das descobertas
realizadas atualmente; é preciso manter-se aberto para mudanças e atualizações.
Reconhecer que, mesmo que a união seja forte, ela necessita da sociedade, de suas
problemáticas e facilidades para sobreviver.
A divisão do trabalho dá origem a regras jurídicas que determinam a natureza e as
relações das funções divididas, e que caso sejam violadas, acarretam em medidas
reparadoras. Logo, há usos de costumes comuns a uma mesma ordem de funcionários e
que nenhum deles pode infringir sem incorrer na censura da corporação. Entretanto, a
força presente nas infrações profissionais e menor que as quebras da moral pública.
Contudo, as normas do meio profissional são tão dominadoras quanto as outras,
obrigam o indivíduo a agir em prol de fins que não lhe são próprios. No entanto, há um
órgão onde nosso grau dependência sempre aumenta: o Estado. Quanto mais estamos
em contato com ele, mais estamos à mercê de lidar com a solidariedade comum.
A ascensão da divisão do trabalho se dá a partir da regressão da estrutura segmentar, ou
seja, a extinção de vários pontos similares isolados. Esse vazios morais perdem força
quando os indivíduos são colocados em um mesmo local, seguindo as mesmas regras, e
sujeitos a ter punições bastante severas. Portanto, a potencialização da divisão do
trabalho está ligada diretamente à dinâmica de sociedade imposta pelo Estado, onde as
pessoas devem agir umas sobre as outras.
A densidade moral cresce junto com a material, como consequência, as sociedades se
tornam mais densas e mais volumosas, ou seja, crescem mais rápido e geram mais
resultados. Geralmente as grandes cidades começam no meio rural, ou via migração,
com a divisão do trabalho mais avançada, é possível acelerar o processo de
desenvolvimento. No entanto, há o risco do aumento do volume não necessariamente
significar aumento na densidade, e com isso, surgem grandes sociedades
desenvolvedoras de atividades repetidas e segmentadas, sem organização nem futuro
promissor.
Para que esse processo seja bem sucedido é essencial que todos os eixos da sociedade
saibam agir em conjunto visando um só objetivo.
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As representações são como filtros dos acontecimentos, pois, apesar ações serem
tomadas no meio material, há inúmeros processo psíquicos pelos quais o indivíduo
passa para determinar seu próximo movimento. Quando isso não acontece, o julgamento
é comprometido, e sua pureza é questionada.
Outra vertente na área do substrato da vida social é a representação coletiva que, de
alguma maneira, está presente na consciência de todos, mas ela não está inteira em
nenhum.
Para que os fatos ocorram, por mais simples que pareçam, eles passam por uma
purificação de conteúdo, onde as experiências selecionadas como mais importantes pelo
portador conferem mais peso na conclusão do raciocínio.
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Não se pode simplesmente julgar uma instituição, prática ou uma máxima moral como
se fossem boas ou más. Existem fatos a serem considerados que vão muito além desses
dois extremos.
Também não se pode esperar que todos os indivíduos de uma sociedade reajam a
determinada ação da mesma forma. Suas concepções, experiências, e trajetórias são
variadas, logo, não produziram um resultado uniforme. Essa diferenças também valem
para como os organismos iram processar certos assuntos e problemas.
Já que nem todos assimilam informações da mesma forma, o que pode ser complicado
para uns, pode ser extremamente fácil na visão de outros. Entender e tentar nivelar essa
desigualdade é a chave para o desenvolvimento da sociedade, o acolhimento das
diversas formas de percepção é essencial para o fortalecimento da intelectualidade
coletiva.
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Como valor-de-uso não mistério. Ela existe para satisfazer as necessidades humanas,
mas só adquire tal valor quando passa pelo trabalho humano. Evidentemente, o ser o
humano a molda de acordo com suas prioridades, principalmente quando a mercadoria
vem de origem natural.
A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as marcas sociais do trabalhado
dos homens, apresentando-as como propriedade social e parte integrada do trabalho
total. Através desse processo, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas
sociais, com características notáveis e omissas aos sentidos.
Os homens estabelecem um sistema de igualdade entre seus trabalhos, mesmo eles
tendo suas diferenças. Ao longo da história, esse método de aceleração no processo
produtivo ganhou mais força e constituiu a economia burguesa.
Todos os modos de produção e formas de mercadoria são mais pluralizados e
uniformes na cultura burguesa, porém, nas formas mais desenvolvidas se desvanece
essa aparência de praticidade.
A aparência de relação direta entre coisas e não pessoas resume o conceito do
fetichismo, que basicamente representa a supervalorização dos produtos e negligencia
em relação aos responsáveis pela sua confecção.