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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary

reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Simulação de casos clínicos


- ênfase: Análise de softwares,
alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de
referências e interpretação de exames bioquímicos
Professora Ms. Maria Cláudia Bernardes Spexoto

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Análise de softwares 3
Informatização como apoio da prática clínica 3
Análise comparativa de softwares aplicados à Nutrição Clínica 3

Alimentos fonte 6

Dietary reference intakes – DRIs e padrões de referências 8


Breve histórico 8
SUMÁRIO Operacionalização dos cálculos das DRIs 8
Análise do consumo individual 10
Análise do consumo de energia 15
Análise da adequação dos macronutrientes 21

Interpretação de exames bioquímicos 22


Avaliação hematológica 22
Avaliação bioquímica 23
Desnutrição energético-proteica 25
Índice de risco nutricional (IRN) 25
Teste do estado dos micronutrientes 26
Dislipidemia 27
Biomarcador do estado inflamatório 29
Anemias carenciais 29

Referências bibliográficas 30

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

ANÁLISE DE SOFTWARES durante e após o atendimento ao paciente. Entre


elas, destacam-se a análise da composição química
da dieta, a avaliação clínica e do estado nutricional
Informatização como apoio da prática
do paciente, além, é claro, da prescrição da terapia
clínica nutricional.

O acesso às informações permeia o mundo


Ganhar tempo e facilitar os cálculos nutricionais,
contemporâneo. Mesmo com a miscigenação de
com protocolos preestabelecidos que viabilizem, de
culturas e valores, uma coisa todos têm em comum:
certa forma, o diagnóstico e a tomada de decisão,
vivemos em uma sociedade informatizada.
é o que desejamos. Entretanto, sugere-se que os
programas de computador sejam avaliados com
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios,
cautela e minuciosamente. No tópico a seguir,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
compararemos três softwares de apoio à Nutrição
2009) calculou o percentual de domicílios urbanos
Clínica que são líderes de mercado nacional e um
com “acesso a serviços de iluminação elétrica, telefone
que se destaca pela gratuidade.
fixo, posse de computador, geladeira, televisão em
cores e máquina de lavar”.
Embora sejam softwares especializados da área,
conhecer profundamente todos os protocolos de
Embora essa combinação de itens tenha sido
atendimento nutricional não é pré-requisito para
observada apenas em 22,5% dos domicílios
“alimentá-los”. Qualquer indivíduo bem treinado
brasileiros, e ainda que seja notória a desigualdade
pode introduzir os dados e as informações extraídas
social entre as regiões do Brasil, chama a atenção
do processo de avaliação nutricional. A maioria dos
a curva de incremento ao comparar com os dados
softwares possui uma interface bastante amigável.
publicados em 2003, quando o valor era de 13,6%
(IBGE, 2009).
Para perfazer sua utilização, independentemente
de qual seja escolhido para trabalhar, é indiscutível
Para muitas pessoas, o computador é uma
a importância de o nutricionista apropriar-se do
ferramenta de trabalho indispensável, e, no geral,
conhecimento e posicionar-se sempre com olhar
parte de nossas tarefas no dia a dia remetem ao
crítico diante de todos os resultados dos cálculos,
seu uso. A agilidade no processamento de dados e
bem como dos relatórios que são emitidos.
informações possibilita uma intervenção precoce nos
mais diversos segmentos profissionais.
Análise comparativa de softwares
Não é menos importante que a Nutrição tenha aplicados à Nutrição Clínica
sido presenteada com a tecnologia da informatização
e viva também nessa era, com o uso de softwares Para a elaboração desta tabela comparativa, os
especializados, equipamentos sofisticados e softwares de apoio à Nutrição Clínica foram eleitos
aplicativos nas mais diversas áreas de atuação do por preencherem os requisitos necessários ao
nutricionista. atendimento clínico.

Em especial, os softwares especializados de apoio Para facilitar a dinâmica de interpretação, todos os


incorporaram-se à rotina do nutricionista clínico, uma critérios avaliados e encontrados receberam um sinal
vez que inúmeras operações podem ser realizadas de positivo [ ], de acordo com a tabela 1.

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Tabela 1. Análise comparativa de softwares aplicados a Nutrição Clínica

Software 1 Software 2 Software 3 Software 4


Avanutri DietPro dietWin Nutwin
Revolution 5.5i Profissional
Plus
Análise da composição química da dieta
Tabela de composição de alimentos

Tabela de composição TACO 4ª edição

Possibilidade de cadastrar receitas

Possibilidade de cadastrar alimentos

Avaliação gráfica do perfil da ingestão alimentar

Relatórios

Registro fotográfico de medidas caseiras

Alimentos fonte

Avaliação clínica do paciente


Sinais e sintomas

Exames laboratoriais

Fármacos e suplementos nutricionais

Interação droga-nutriente

Avaliação do estado nutricional


Peso teórico

Antropometria

Classificação pelo IMC

Protocolos de composição corporal

Diagnóstico nutricional

Protocolo de avaliação para gestantes

Protocolo de avaliação para atletas

Protocolo de avaliação para crianças

Protocolo de avaliação para idosos

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Gasto energético total

Análise de carga glicêmica por refeição

Ferramenta de contagem de carboidrato

Prescrição dietética
Configuração de personalização de usuário

Modelos de orientações por patologias

Lista de equivalentes de porções

Gráficos de distribuição percentual dos macronutrientes

Gratuidade

Exporta dados

O quadro 1 representa uma síntese dos softwares em relação às tabelas de composição de alimentos
disponíveis.

Quadro 1. Tabelas de composição de alimentos disponíveis nos softwares avaliados.

Softwares TACO 4ª IBGE/ENDEF b PHILIPPI c USDA d USP e


edição ª
Avanutri
Revolution
DietPro 5.5i

dietWin
Profissional
Plus
Nutwin

a (UNICAMP-NEPA, 2011); b (IBGE, 1999); c (PHILIPPI, 2002); d (USDA, 2001); e (USP, 2008).

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ALIMENTOS FONTE Tradicionalmente, pela cultura dos povos, os


alimentos in natura são fáceis de ser reconhecidos
Neste tópico, abordaremos as características como alimentos fonte. Em contrapartida, nos
dos alimentos “fonte” (conhecidos como source) alimentos industrializados, ou seja, prontos para o
e “rico em” (conhecidos como high ou alto teor ou consumo, há uma necessidade particular de ressaltar
alto conteúdo), que nos permitirão conhecer o que quando o produto possui algo de destaque no
realmente os discrimina dos demais. Esses termos são que tange à quantidade (“fonte” = menor teor de
atribuídos segundo critérios estabelecidos na tabela 2. nutriente; “rico em” = alto teor de nutriente).

Diante de uma gripe, por exemplo, o apelo é sempre Para que isso ocorra, a Portaria SVS/MS nº
para os alimentos fonte e/ou ricos em vitamina C. 27/98 regulamenta a informação nutricional
Assim, escolhemos o melhor alimento a ser ingerido complementar (INC), cujo significado “é a declaração
para combater a doença que proporcionará realmente de propriedades nutricionais particulares, relativas ao
benefícios por ser abundante em vitamina C e logo seu valor energético e o seu conteúdo de proteínas,
nos recordamos da fruta laranja. gorduras, carboidratos, fibras alimentares, vitaminas
e ou minerais” (BRASIL, 1998). O uso da INC em
Mas você já parou para pensar por que a laranja rotulagens, por exemplo, é de caráter opcional, mas
é reconhecida como um alimento fonte de vitamina deve obrigatoriamente ser expressa por 100 g (para
C? E outros, como a acerola e o kiwi, o que faz esses sólidos) ou 100 mL (para líquidos) do produto.
alimentos serem caracterizados como alimento fonte
ou muitas vezes ricos nessa vitamina?

Tabela 2. Critérios estabelecidos para atributos aos alimentos “fonte” e “rico em”

Nutriente Alimento fonte Alimento rico em


Proteína Mínimo 5% da DRI por 100 mL Mínimo 10% da DRI por 100 mL
Mínimo 10% da DRI por 100 g Mínimo 20% da DRI por 100 g
Fibra alimentar Mínimo de 1,5 g de fibras em 100 mL Mínimo de 3,0 g de fibras em 100mL
Mínimo de 3,0 g de fibras em 100 g Mínimo de 6,0 g de fibras em 100g
Vitaminas e minerais Mínimo de 7,5% da DRI por 100 mL Mínimo de 15% da DRI por 100 mL
Mínimo de 15% da DRI por 100 g Mínimo de 30% da DRI por 100 g

DRI = dietary reference intakes. Fonte: Brasil, 1998.

Por exemplo, vamos observar a composição de 100 g de arroz integral cozido com base no levantamento
da tabela TACO 4ª ed. (UNICAMP, 2011).

Quadro 2. Composição nutricional parcial do arroz integral cozido, com base na tabela TACO
4ª ed.

Alimento Energia (kcal) Proteína (g) Lipídio (g) Carboidrato (g) Fibra alimentar (g)
Arroz integral, 124 2,6 1,0 25,8 2,7
cozido (100 g)

Fonte: UNICAMP, 2011.

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O arroz integral cozido é um alimento fonte de fibra ou rico em fibras?

Para ser um alimento denominado como fonte de fibra, ele deve conter no mínimo 3,0 g em 100 g e, para
ser um alimento rico em fibra, deve conter no mínimo 6,0 g de fibras em 100 g.

Portanto, arroz integral cozido, segundo a tabela de composição de alimentos supracitada, é fonte de fibra
ou rico em fibra? Já vimos que não, embora a quantidade de fibras (2,7 g) esteja muito próxima do mínimo
(3,0 g) para caracterizá-lo como um alimento fonte.

Vamos demonstrar com outro exemplo, o caso da laranja citada, famosa pela vitamina C.

Quadro 3. Composição nutricional parcial da laranja pera crua, com base na tabela TACO 4ª
ed.

Alimento Energia Proteína Lipídio Carboidrato Fibra alimentar Vitamina


(kcal) (g) (g) (g) (g) C (mg)
Laranja, pera, 37 1,0 0,1 8,9 0,8 53,7
crua (100 g)

Fonte: UNICAMP, 2011.

De acordo com o critério ilustrado pela tabela 2, Homens adultos:


para ser fonte de vitaminas e minerais, o alimento
deve conter no mínimo 15% da DRI por 100 g de 15% de 90 mg = 13,5 mg
alimento sólido e, para ser rico, deve conter no
mínimo 30% da DRI por 100 g. 30% de 90 mg = 27,0 mg

Com base no quadro anterior, pode-se afirmar que Note que a quantidade de vitamina C presente
a laranja pera crua é fonte de vitamina C ou rica em na laranja pera crua faz com que ela seja realmente
vitamina C? um alimento não somente “fonte”, mas “rico em”
vitamina C, pois o valor que corresponde a essa
O primeiro passo é descobrir qual a recomendação vitamina em 100 g do alimento sólido (53,7 mg) é
de vitamina C segundo a DRI. As recommended superior ao mínimo desejado de 30%, 22,5 mg e
dietary allowances (RDA) dessa vitamina para um 27,0 mg, respectivamente, para mulheres e homens
indivíduo adulto é de 75 mg/dia para as mulheres adultos.
e 90 mg/dia para os homens. Com base nessa
informação: Dessa maneira, podemos atribuir se um alimento
é fonte ou rico em determinado nutriente com base
Mulheres adultas: no critério estabelecido pelo Ministério da Saúde.

15% de 75 mg = 11,25 mg

30% de 75 mg = 22,5 mg

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DIETARY REFERENCE INTAKES – DRIS E (em português, necessidade média estimada),


adequate intake (AI) (em português, ingestão
PADRÕES DE REFERÊNCIAS adequada), recommended dietary allowances (RDA)
(em português, ingestão dietética recomendada)
Breve histórico e tolerable upper intake level (UL) (em português,
limite de ingestão máxima tolerável).
No século XX, nutricionistas e profissionais da
área da nutrição utilizavam as recommended dietary
Além de evitar as carências nutricionais, as DRIs
allowances (RDA) para avaliar e planejar o consumo
foram estabelecidas com o objetivo de minimizar
alimentar de indivíduos, interpretar o consumo
os riscos de doenças crônicas (DC), entre elas,
alimentar de populações, e ainda rotulagem
neoplasias, osteoporose e doenças cardiovasculares
nutricional. A última versão da RDA foi publicada em
(DCV).
1989.

A mudança de maior repercussão com a vinda das


Naquela época, o objetivo principal era minimizar
DRIs foi quanto aos cálculos de adequação nutricional,
ou evitar as doenças referentes a carências
que, com a RDA, resolviam-se com uma simples regra
nutricionais, em especial as hipovitaminoses.
de três da matemática. Atualmente, as aplicações
de cálculos e testes estatísticos sofisticaram-se e
No início dos anos 1990, uma união de cientistas
aprimoraram nossas avaliações dietéticas.
norte-americanos e canadenses, associados ao
Institute of Medicine (IOM) da National Academy of
Embora tenha sido utilizada uma população
Sciences, dos Estados Unidos, e à Health Canada,
essencialmente saudável para se estabelecer os
iniciaram as primeiras revisões das aplicações das
valores de referência hoje utilizados, eles valem
RDA. O processo de desenvolvimento das DRIs
como padrões também em situações particulares de
iniciou-se em 1993, com um simpósio organizado
doenças.
pelo Food and Nutrition Board (FNB) e peloo IOM.

Um pouco mais tarde, em 1997, foram criadas Operacionalização dos cálculos das DRIs
as dietary reference intakes (DRIs), um novo
Para a aplicação correta das DRIs, é necessário
conjunto de referências de valores nutricionais, que,
compreender o significado prático de cada
em português denominam-se ingestão dietética
subconjunto de recomendações, descritos na tabela
de referência (IDR). Elas são compreendidas nos
3, a seguir.
subconjuntos estimated average requirement (EAR)

Tabela 3. Recomendações e significado prático das Dietary Reference Intakes - DRIs

Recomendações O que significa?


EAR É o valor suficiente para garantir o requerimento de 50% dos indivíduos
sadios compreendidos em um determinado ciclo da vida.
RDA É o nível de consumo alimentar de cada nutriente suficiente para satisfazer
os requerimentos de quase todo indivíduo saudável (entre 97% e 98%)
compreendido em determinado grupo, gênero, faixa etária e ciclo da vida.
AI É um valor de consumo recomendável, baseado em levantamentos,
determinações de dados experimentais,ou ainda estimativas de ingestão de
nutrientes para grupos populacionais sadios, que se considera adequado.
É um valor utilizado quando a RDA não pode ser determinada.

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UL É o mais alto nível de ingestão de um nutriente que não causará


efeitos adversos à saúde na maioria dos indivíduos. Acima
desse valor, o risco de efeitos adversos aumenta.
AMDR ¹ É a variação percentual aceitável para a ingestão dos macronutrientes
em relação ao total de energia necessário. Os valores percentuais
estão associados à redução do risco de doenças crônicas.
EER ² É o consumo médio de energia requerido para manter o balanço
energético nos indivíduos saudáveis, considerando o peso
normal, estatura, nível de atividade física compatíveis.

¹ AMDR – Acceptable Macronutrient Distribution Range; ² EER – Estimated Energy Requirement. Fonte: IOM, 2000a.

Para melhor compreensão dos cálculos que serão executados posteriormente, é válido explicar que a RDA
é derivada matematicamente da EAR e do desvio-padrão (DP) da necessidade do nutriente, sob a hipótese
afirmativa de normalidade deste, ou seja, a distribuição normal é a distribuição simétrica em torno da média.
Sendo assim, a média e a mediana são iguais. Portanto, RDA = EAR + 2DPnecessidade.

A figura 1 representa a distribuição normal hipotética com ingestão média recomendada maior ou igual
a +2DP do valor da média (µ).

Figura 1. Distribuição normal hipotética com ingestão média recomendada maior ou igual a +2 DP do valor da média (µ). Fonte:
Adaptado de IOM, 2000a.

Quando não há valores que estimem o DP da ingestão, assume-se um coeficiente de variação (CV),
pelo qual CV = DPnecessidade/necessidade média x 100. Esse coeficiente é, na maioria dos nutrientes,
representado pelo valor de 10%. Na tabela 4, são mostrados os valores de CV das necessidades de nutrientes
que apresentam valores de necessidade média estimada (EAR).

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Tabela 4. Coeficiente de variação (CV) das Para uma interpretação inicial, pode-se concluir
necessidades de nutrientes que apresentam (tabela 5):
valores de necessidade média estimada (EAR)
Tabela 5. Interpretação do valor da dife-
Nutriente com EAR CV (%) rença entre a média observada de ingestão e a
Macronutrientes necessidade ou requerimento médio
Carboidrato 15
Proteína 12 Valor da diferença (D) Interpretação
Vitaminas Grande e positiva¹ Ingestão suficiente
Vitamina A 20 Grande e negativa² Ingestão insuficiente
Niacina 15
¹ Grande e positiva: ingestão observada muito maior que a
Minerais exigência mediana; ² Grande e negativa: ingestão observada
Cobre 15 muito menor que a exigência mediana. Fonte: Adaptado de IOM,
2000a.
Iodo 20
Molibdênio 15
Análise do consumo individual
Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.
A seguir, será apresentado um passo a passo para
Para se estabelecer a adequação da ingestão a análise do consumo individual (quadro 4).
alimentar de um indivíduo, é necessário conhecermos
a ingestão habitual dele para compararmos com o Quadro 4. Passo a passo e pré-requisitos
que ele realmente precisa (necessidade). para a análise do consumo individual

Deve-se ressaltar que a ingestão habitual envolve Levante o consumo alimentar do indivíduo,
1 lembrando que as DRIs sugerem no
uma grande variação na alimentação do indivíduo, mínimo dois dias de levantamento.
conhecida como variabilidade intrapessoal, uma vez Faça a triagem de qual subconjunto
que dificilmente comemos os mesmos alimentos 2
será mais apropriado para a avaliação
(EAR, AI ou UL), lembrando que
todos os dias. Ou seja, em nosso dia a dia, há
a EAR é a primeira escolha.
uma variação nos alimentos que ingerimos quali e Verifique se há informação sobre o
quantitativamente. coeficiente de variação (CV) da ingestão
do nutriente e se este não ultrapassa
3 60% (critério mínimo para prosseguir
Na tentativa de resolver o problema dessa com a análise). Caso ultrapasse, a
variação, foi desenvolvido um método estatístico avaliação deverá ser realizada de maneira
qualitativa (falaremos a seguir).
que possibilita estimar a ingestão habitual com mais
Se os critérios forem satisfatórios,
confiança. realize o cálculo do valor de Z, que
4
significa a probabilidade da adequação,
Na prática clínica, comparamos a ingestão de e, em seguida, interprete o achado.

um indivíduo com a RDA, mas, para os grupos


populacionais, é difícil efetuar tal operação. O valor
de EAR expressa melhor essa estimativa de exigência
de um indivíduo. As inferências sobre a adequação
da dieta de um indivíduo podem ser feitas a partir
da análise da diferença (D) entre a média observada
de ingestão (Mi) e a necessidade ou requerimento
médio (EAR). Portanto, D = Mi – EAR.

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Selecionando o valor de EAR para o cálculo Onde:

É utilizada para os nutrientes que possuem o valor Z = Diferença (D) da média de ingestão em relação
de EAR, que são: à EAR dividida pelo desvio-padrão dessa diferença
(DPD), que corresponde à probabilidade de o valor
Vitaminas: A, C, D, E, B12, B6, tiamina, estar associado à distribuição normal.
riboflavina, niacina e folato.
Mi = média da ingestão em n dias.
Minerais: cálcio, cobre, iodo, ferro, magnésio,
fósforo, molibdênio, selênio e zinco. Vnec = variância da necessidade, que é igual a
10% da EAR para a maioria dos nutrientes.
Macronutrientes: carboidrato e proteína.
Vint = variância intrapessoal da ingestão, obtida
A equação 1 é utilizada para cálculo dos nutrientes pelo quadrado do desvio-padrão intrapessoal (DPi)
que possuem EAR e RDA: (obtido em inquéritos dietéticos populacionais –
tabela 6).
Equação 1. Equação utilizada para cálculo
dos nutrientes que possuem EAR. n = número de dias de inquéritos alimentares.

Tabela 6. Valores de desvio-padrão (DP) da variação intrapessoal de nutrientes em ambos os


gêneros nas diferentes faixas etárias

Nutriente DP intrapessoal (DPi)


Crianças Adolescentes Adultos Adultos
4 a 8 anos 9 a 18 anos 19 a 51 anos > 51 anos
Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
Energia (kcal) 427 478 628 800 576 854 448 590
Macronutrientes
Gordura total (g) 21,3 23,9 29,8 38,2 29,9 42,7 24 31,8
Gordura 8,5 9,6 11,3 15,3 10,9 15,9 8,6 11,4
saturada (g)
Gordura 8,6 9,9 12,4 15,5 12 17,4 9,7 13
monoinsaturada
(g)
Gordura poli- 5,1 5,5 7,3 8,7 8,4 11,3 7 8,8
insaturada (g)
Carboidrato (g) 61,7 70,8 88,1 113 75,2 109 59,9 79,5
Proteína (g) 19,2 20,4 26,2 33,9 26,6 40,4 22,1 28,6
Fibra (g) 4,6 5,3 6,2 8,7 6,5 9,2 5,9 7,7
Colesterol (mg) 129 137 145 199 168 227 144 201

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Micronutrientes
Vitamina A (μg) 808 723 852 898 1300 1160 1255 1619
Carotenoides 452 454 549 681 799 875 796 919
(RE)
Vitamina E (mg) 3 3 4 5 5 7 6 9
Vitamina C (mg) 61 74 81 93 73 93 61 72
Tiamina (mg) 0,5 0,5 0,6 0,8 0,6 0,9 0,5 0,7
Riboflavina (mg) 0,6 0,7 0,7 1 0,6 1 0,6 0,8
Niacina (mg) 6 7 8 11 9 12 7 9
Vitamina B6 (μg) 0,6 0,7 0,7 1 0,8 1 0,6 0,8
Folato (μg) 99 117 128 176 131 180 120 150
Vitamina 9,6 4,7 5,5 5 12 13 10 14
B12 (μg)
Cálcio (mg) 313 353 374 505 325 429 256 339
Fósforo (mg) 321 352 410 542 395 573 313 408
Magnésio (mg) 61 71 86 109 86 122 74 94
Ferro (mg) 5 6 6 9 7 9 5 7
Zinco (mg) 3 4 5 8 6 9 5 8
Cobre (mg) 0,4 0,4 0,5 0,6 0,6 0,7 0,5 0,7
Sódio (mg) 930 957 1313 1630 1839 1819 1016 1323
Potássio (mg) 631 750 866 1130 851 1147 723 922

Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.

É válido lembrar que as variâncias (Vnec e Vint) são calculadas como o quadrado dos desvios-padrões,
DPn (igual a 10% da EAR, no geral) e DPi, respectivamente.

Para a interpretação do resultado do valor de Z, verifica-se de acordo com a tabela 7. O resultado final
deve ser multiplicado por 100 para obter o percentual de probabilidade de adequação.

Tabela 7. Interpretação do resultado final dos valores correspondentes a Z (probabilidade)

Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está adequada


> 2,00 0,98
> 1,65 0,95
> 1,50 0,93
> 1,25 0,90
> 1,00 0,85
> 0,86 0,80
> 0,68 0,75
> 0,50 0,70
Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão
habitual está adequada/inadequada
>0 0,50

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Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está adequada


< -0,50 0,70
< -0,85 0,80
< -1,00 0,85
< -1,50 0,93
< -1,65 0,95
< -2,00 0,98

Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.

Como havíamos salientado, os nutrientes que É preciso lembrar que os valores de AI são
possuem CV da ingestão intrapessoal superior a 60% utilizados somente quando os de EAR não estiverem
deverão ser interpretados de forma qualitativa. Os estabelecidos.
que têm essa particularidade são as vitaminas A,
B12, C e E. Outro fato importante a ser destacado é que, se
o valor de Mi for menor que o da AI, a adequação
Interpretação qualitativa pelos valores de EAR e da ingestão não pode ser efetuada, ou seja, as
RDA estimativas de risco aos nutrientes não podem ser
determinadas. Sendo assim, utiliza-se a análise
Na tabela 8, pode-se conhecer como se qualitativa da ingestão pelo valor de AI (tabela 9).
proporciona a análise qualitativa dos nutrientes que
não são passíveis de cálculos de adequação. A equação 2 é utilizada para cálculo dos nutrientes
que possuem AI e UL:
Tabela 8. Interpretação qualitativa pelos
valores de EAR e RDA Equação 2. Equação utilizada para cálculo
dos nutrientes que possuem AI e UL
Valor da ingestão média Interpretação
qualitativa
< EAR Ingestão inadequada
> EAR e < RDA Ingestão inadequada
No caso de muitos dias de Ingestão adequada
registros alimentares = RDA
Onde:
No caso de poucos dias de Ingestão adequada
registros alimentares > RDA
Z = corresponde à probabilidade do valor estar
Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.
associado à distribuição normal.

Selecionado o valor de AI ou UL para o cálculo Mi = média da ingestão em n dias.

É utilizada para os nutrientes que não possuem AI: valor da ingestão adequada para determinado
o valor de EAR, a saber: ácidos linolênico, linoleico nutriente.
e pantotênico, água, biotina, colina, cloro, cromo,
fibras, flúor, manganês, potássio, sódio e vitamina K. DPi = desvio-padrão intrapessoal (DPi) (obtido em
inquéritos dietéticos populacionais – tabela 6).

n = número de dias de inquéritos alimentares.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Caso o nutriente possua o valor de UL, utiliza-se A análise perante os valores de UL também pode
a mesma equação para os valores de AI (equação ser feita de maneira qualitativa (tabela 10), assim
2) com o objetivo de se determinar o risco de o como descrevemos para os demais subconjuntos.
indivíduo apresentar efeitos adversos a determinados
nutrientes quando há consumo excessivo. Basta Tabela 10. Interpretação qualitativa pelos
substituir o valor de AI na equação pelo valor de UL valores de UL
do nutriente que se deseja investigar.
Valor da Interpretação qualitativa
ingestão média
Tabela 9. Interpretação qualitativa pelos
≥ UL Há risco potencial de efeito
valores de AI adverso e/ou toxicidade.
< UL A ingestão provavelmente
Valor da Interpretação qualitativa será segura.
ingestão média
≥ AI A ingestão provavelmente estará Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.
adequada quando avaliada
por uma grande quantidade Para a interpretação do resultado do valor de Z
de registros alimentares.
calculado por meio do AI, verifica-se de acordo com
< AI A adequação da ingestão
não pode ser calculada a tabela 11. O resultado final deve ser multiplicado
por 100 para obter o percentual de probabilidade de
Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.
adequação.

Tabela 11. Interpretação do resultado final dos valores correspondentes a Z (probabilidade)


quando utilizados os valores de AI

Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está adequada


> 2,00 0,98
> 1,65 0,95
> 1,50 0,93
> 1,25 0,90
> 1,00 0,85
> 0,85 0,80
> 0,68 0,75
> 0,50 0,70
>0 0,50
< -0,50 0,30
< -0,85 0,20
< -1,00 0,15

Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.

Para a interpretação do resultado do valor de Z calculado por meio do UL, verifica-se de acordo com
a tabela 12. O resultado final deve ser multiplicado por 100 para obter o percentual de probabilidade de
adequação.

14
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Tabela 12. Interpretação do resultado final dos valores correspondentes a Z (probabilidade)


quando utilizados os valores de UL

Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está excessiva


> 2,00 0,98
> 1,65 0,95
> 1,50 0,93
> 1,25 0,90
> 1,00 0,85
> 0,86 0,80
> 0,68 0,75
> 0,50 0,70
Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está excessiva,
porém segura
>0 0,50
Z Probabilidade de se concluir corretamente se a ingestão habitual está segura
< -0,50 0,70
< -0,85 0,80
< -1,00 0,85

Fonte: Adaptado de IOM, 2000a.

Análise do consumo de energia e ciclos da vida, também estratificada para indivíduos


com peso normal e com excesso de peso.
Estimated energy requirement (EER) é o consumo
médio de energia requerido para manter o balanço É notório que todas as equações são baseadas na
energético nos indivíduos saudáveis, considerando equação preditiva (equação 3):
peso normal, estatura e nível de atividade física
compatível. Equação 3. Equação preditiva do GET.

O mesmo grupo de cientistas dos Estados Unidos GET = A + B x idade + NAF x D x peso + E x estatura
e do Canadá que desenvolveu a metodologia de
cálculos e análise dos resultados para se verificar a Onde:
adequação da ingestão de nutrientes estabeleceu
também equações que estimam a necessidade de A = constante.
energia requerida para suprir o gasto energético total
B = coeficiente etário (idade determinada em
(GET) diário e manter o organismo em equilíbrio para
anos).
diferentes faixas etárias, entre 0 e 100 anos, gêneros
e ciclos da vida. Essas equações foram determinadas
D = coeficiente de peso (peso determinado em
a partir da técnica da água duplamente marcada,
quilogramas).
reconhecida como “padrão-ouro” (gold standard)
para determinação do GET, ou, em inglês, total E = coeficiente de altura (altura determinada em
energy expenditure (TEE). metros).

Nas tabelas de 13 a 20, serão apresentadas as NAF = nível de atividade física.


equações específicas para cada faixa etária, gêneros

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Tabela 13. Equação para determinação da necessidade de energia para crianças de 0 a 2 anos

Idade
Sexo Necessidade de energia
Meses
MeF GET (kcal/d) = 89 x peso - 100
MeF NEE (kcal/d) = GET + estoque de energia
0-3 MeF NEE = GET + 175 (kcal para estoque de energia)
4 –6 MeF NEE = GET + 56 (kcal para estoque de energia)
7 –12 MeF NEE = GET + 22 (kcal para estoque de energia)
13 – 35 MeF NEE = GET + 20 (kcal para estoque de energia)

GET: Independentemente do sexo, correlacionado ao peso, mas não à estatura ou à idade. Atividade física limitada. Fonte: Adaptada
de IOM, 2005.

Tabela 14. Equação para determinação da necessidade de energia para crianças de 3 a 8 anos

Idade
Sexo Necessidade de energia
Anos
NEE = GET + 20 (kcal para estoque de energia)
M GET (kcal/d) = 88,5 – 61,9 x idade + NAF x 26,7 x peso + 903 x altura
0-3
F GET (kcal/d) = 135,5 – 30,8 x idade + NAF x 10 x peso + 934 x altura
MeF NAF = 1,00 = sedentário
NAF = 1,16 = pouco ativo
NAF = 1,31 = ativo
NAF = 1,56 = muito ativo

GET: grande variação na taxa de crescimento entre sexos. Não há variação na AF entre sexos. NEE: 20 kcal/dia para estoque de
energia. Fonte: Adaptada de IOM, 2005.

Tabela 15. Equação para determinação da necessidade de energia para crianças e adolescentes
de 9 a 18 anos

Idade
Sexo Necessidade de energia
Anos
NEE = GET + 25 (kcal para estoque de energia)
M GET (kcal/d) = 88,5 – 61,9 x idade + NAF x 26,7 x peso + 903 x altura
9 – 18
F GET (kcal/d) = 135,5 – 30,8 x idade + NAF x 10 x peso + 934 x altura
M NAF = 1,00 = sedentário
NAF = 1,13 = pouco ativo
NAF = 1,26 = ativo
NAF = 1,42 = muito ativo
F NAF = 1,00 = sedentário
NAF = 1,16 = pouco ativo
NAF = 1,31 = ativo
NAF = 1,56 = muito ativo

GET: variação da atividade física entre sexos e quatro níveis atividade (atividades recreacionais). NEE: 25 kcal/dia para estoque de
energia e para crescimento e maturação (arranco do crescimento). Fonte: Adaptada de IOM, 2005.

16
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reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Tabela 16. Equação para determinação da necessidade de energia para crianças e adolescentes
de 3 a 18 anos com excesso de peso (pré-obesidade e obesidade)

Idade
Sexo Gasto de energia
Anos
3–18 M GET (kcal/d) = 114 – 50,9 x idade + NAF x 19,5 x peso + 1161,4 x altura
3–18 F GET (kcal/d) = 389 – 41,2 x idade + NAF x 15,0 x peso + 701,6 x altura
3–18 M AF = 1,00 = sedentário
AF = 1,12 = pouco ativo
AF = 1,24 = ativo
AF = 1,45 = muito ativo
3–18 F AF = 1,00 = sedentário
AF = 1,18 = pouco ativo
AF = 1,35 = ativo
AF = 1,60 = muito ativo

Risco de obesidade: IMC nos percentis 85 e 95 (pré-obeso); IMC > percentil 95 (obeso). NEE não estimado. Fonte: Adaptada de
IOM, 2005.

Tabela 17. Equação para determinação da necessidade de energia para adultos de 19 anos ou
mais com índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m².

Idade
Sexo Necessidade de energia
Anos
NEE = GET
≥ 19 M GET (kcal/d) = 662 – 9,53 x idade + NAF x 15,91 x peso + 539,6 x altura
≥ 19 F GET (kcal/d) = 354 – 6,91 x idade + NAF x 9,36 x peso + 726 x altura
M AF = 1,00 = sedentário
AF = 1,11 = pouco ativo
AF = 1,25 = ativo
AF = 1,48 = muito ativo
F AF = 1,00 = sedentário
AF = 1,12 = pouco ativo
AF = 1,27 = ativo
AF = 1,45 = muito ativo

Atividade física: Indivíduos com 1 < NAF < 2,5. NEE = GET. Fonte: Adaptada de IOM, 2005.

Tabela 18. Equação para determinação da necessidade de energia para adultos de 19 anos ou
mais com índice de massa corporal (IMC) superior a 25 kg/m²
Idade
Sexo Gasto de energia
Anos
≥ 19 M GET (kcal/d) = 1086 – 10,1 x idade + NAF x 13,7 x peso + 416 x altura
≥ 19 F GET (kcal/d) = 448 – 7,95 x idade + NAF x 11,4 x peso + 619 x altura

17
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

≥ 19 M AF = 1,00 = sedentário
AF = 1,12 = pouco ativo
AF = 1,29 = ativo
AF = 1,59 = muito ativo
≥ 19 F AF = 1,00 = Sedentário
AF = 1,16 = Pouco Ativo
AF = 1,27 = Ativo
AF = 1,44 = Muito Ativo

NEE não estimada, pois sobrepeso/obesidade em longo prazo não são consistentes com boa saúde. NEE visa à manutenção da saúde
por um longo período. Fonte: Adaptada de IOM, 2005.

Tabela 19. Equação para determinação da necessidade de energia para adolescentes e adultas
durante a gravidez

Idade
Necessidade de energia
Anos
NEE = NEE adolescente + estoque de energia na gravidez
14-18 1º trimestre:
NEE1 Tri = NEE adolescente + 0 (estoque de energia)
14-18 2º trimestre:
NEE2 Tri = NEE adolescente + 160 kcal (8 kcal/semana x 20 semanas) + 180 kcal
14-18 3º trimestre:
NEE3 Tri = NEE adolescente + 272 kcal (8 kcal/semana x 34 semanas) + 180 kcal
NEE = NEE adulto + estoque de energia na gravidez
19-50 1º trimestre:
NEE1 Tri = NEE adulto + 0 (estoque de energia)
19-50 2º Trimestre:
NEE2 Tri = NEE adulto + 160 kcal (8 kcal/semana x 20 semanas) + 180 kcal
19-50 3º Trimestre:
NEE3 Tri = NEE adulto + 272 kcal (8 kcal/semana x 34 semanas) + 180 kcal

IMC pré-gravidez: > 18,5 kg/m2 e <25 kg/m2. Adicional de energia adicionada só a 2º e 3º trimestres. GET e ganho de peso são
menores no 1º trimestre. Fonte: Adaptada de IOM, 2005.

Tabela 20. Equação para determinação da necessidade de energia para adolescentes e adultas
durante a lactação.

Idade
Necessidade de energia
Anos
Mulheres lactantes adolescentes
14-18 NEE = NEE adolescente + energia para produção de leite – perda de peso
1º semestre:
NEE1 Sem = NEE adolescente + 500 (produção de leite) – 170 (perda de peso)

18
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
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14-18 2º semestre:
NEE1 Sem = NEE adolescente + 400 (produção de leite) – 0 (perda de peso)
Mulheres lactantes adultas
19-50 NEE = NEE adulto + energia para produção de leite – perda de peso
19-50 1º semestre:
NEE1 Sem = NEE adulto + 500 (produção de leite) – 170 (perda de peso)
19-50 2º semestre:
NEE2 Sem = NEE adulto + 400 (produção de leite) – 0 (perda de peso)

IMC pré-gravidez: > 18,5 kg/m2 e <25 kg/m2. Perda de peso nos seis meses pós-parto: 0,8 kg/mês (170 kcal/d). Fonte: Adaptada
de IOM, 2005.

No quadro 5, será apresentado o passo a passo para efetuar a análise quantitativa do consumo individual
de energia.

Quadro 5. Passo a passo para efetuar a análise quantitativa do consumo individual de energia

1 Levante o consumo alimentar calórico e analise-o.


2 Calcule a estimativa do gasto energético utilizando as equações preditivas EER.
3 Calcule o intervalo de variação (EER + 2DP). É possível observar o DP na tabela 22 (a seguir).
4 Compare o consumo de energia com o intervalo da EER calculado.
5 Interprete.

É possível avaliar e analisar a adequação de energia pelo IMC individual (tabela 21). Veja que o indivíduo que
é capaz de manter o peso dentro da faixa correspondente aos valores normais (> 18,5 e < 25) provavelmente
mantém ingestão energética adequada.

Tabela 21. Análise qualitativa da ingestão de energia pelo IMC

Faixa IMC (kg/m²) Interpretação possível


IMC > 18,5 e < 25 Ingestão de energia adequada.
IMC < 18,5 Ingestão de energia inadequada.
IMC > 25 Ingestão de energia excessiva.

Tabela 22. Desvio-padrão estimado, por gêneros e faixas etárias, da EER (kcal/dia).

Idade (anos) Homens Mulheres


3 a 18 58 68
≥ 19 199 162

Exemplo: P. R. S., sexo masculino, 40 anos de idade, 67 kg e 1,70 m, atividade física igual a pouco ativo
(NAF 1,11), com média de ingestão de energia igual a 2.500 kcal. Desvio-padrão estimado para homens
≥ 19 anos igual a 199 (valor extraído da tabela 22).

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Resposta:

»» Análise pelo IMC = 67/(1,70)² = 23,18 kg/m².

»» Pelo IMC, constata-se ingestão de energia adequada.

»» EER para homem de 40 anos e IMC normal (escolher a equação que se aplica às características):

GET (kcal/d) = 662 – (9,53 x idade) + NAF x (15,91 x peso + 539,6 x altura)

GET (kcal/d) = 662 – (9,53 x 40) + 1,11 x (15,91 x 67) + (539,6 x 1,70)

GET = 662 – 381,2 + 1,11 x (1065,97 + 917,32)

GET = 280,8 + 2.201,45 = 2.482,25 ~ 2.480,00kcal/dia.

»» Intervalo de variação (± 2DP): lembrando que DP = 199:

2.480kcal ± 2 x DP = 2.480 kcal ± 2 x 199

2.480 kcal ± 398

Ou seja, 2.480 kcal – 398 e 2.480 + 398.

Interpretação: a média de ingestão do indivíduo (2.500 kcal) encontra-se adequada por se apresentar
dentro do intervalo.

Para maior aproximação do valor do NAF, em inglês physical activity level (PAL), correspondente às
atividades do indivíduo, a tabela 23 lista as atividades relacionadas ao NAF de acordo com os gêneros e faixas
etárias.

Tabela 23. Relação entre as atividades e o valor do NAF correspondente com os gêneros e
faixas etárias

Meninos Meninas Homens Mulheres


Nível de atividade Atividades 3 a 18 anos ≥ 19 anos
física (NAF)
Sendentário Trabalhos domésticos de esforço 1,00 1,00 1,00 1,00
leve a moderado, caminhadas
relacionadas às atividades do dia a
dia, ficar sentado por muitas horas.
Pouco ativo Atividade física moderada diariamente: 1,13 1,16 1,11 1,12
30 a 60 minutos (5 km/h a 7
km/h), atividades do dia a dia.
Ativo Atividade física moderada diariamente: 1,26 1,31 1,25 1,27
≥ 60 minutos, atividades do dia a dia.

20
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Muito ativo Atividade física moderada diariamente: 1,42 1,56 1,48 1,45
≥ 60 minutos + 60 minutos de atividade
vigorosa ou 120 minutos de atividade
moderada, atividades do dia a dia.

Fonte: Adaptado de IOM, 2005.

Análise da adequação dos macronutrientes

AMDR (acceptable macronutrient distribution range) é a variação percentual aceitável para a ingestão dos
macronutrientes em relação ao total de energia necessário. Se o indivíduo estabelecer uma ingestão dentro
da faixa recomendada (tabela 24), os resultados estarão associados à redução do risco de doenças crônicas.

Nota-se que para todos os macronutrientes são estabelecidos intervalos com limites inferior e superior,
com base sempre na ingestão total. Qualquer valor abaixo do limite inferior implicará ingestão insuficiente ou
inadequada, e qualquer valor acima do limite superior implicará ingestão excessiva. A ingestão é interpretada
como adequada quando feita dentro do intervalo.

Tabela 24. Variação percentual aceitável para os macronutrientes - AMDR – Acceptable


Macronutrient Distribution Range.

Carboidrato Proteína total Gordura total Ácidos Ácidos


total graxos poli- graxos poli-
insaturados insaturados
(ácido linoleico (ácido
- n-6) linolênico - n-3)
Crianças e adolescentes
1 a 3 anos 45-65% 5-20% 30-40% 5-10% 0,6-1,2%
4 a 18 anos 45-65% 10-30% 25-35% 5-10% 0,6-1,2%
Homens e mulheres *
≥ 19 anos 45-65% 10-35% 20-35% 5-10% 0,6-1,2%

* Inclui gestantes e lactantes. Fonte: Adaptado de IOM, 2005.

21
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

INTERPRETAÇÃO DE EXAMES O profissional nutricionista está devidamente autorizado


a solicitar tais exames, desde que estejam relacionados
BIOQUÍMICOS com alimentação e nutrição humana. Essa permissão
Os exames bioquímicos e laboratoriais dá-se de acordo com a lei nº 8.234/91, art. 4º, VIII, e
auxiliam no diagnóstico nutricional dos mais apropriadamente pelas Resoluções do Conselho
pacientes, funcionando como complemento. Federal de Nutricionista nº 236/00 (estabelece critérios
Para este tópico, foram selecionados os mais sobre solicitações de exames laboratoriais na área de
solicitados na rotina de um nutricionista clínico. nutrição clínica e dá outras providências) e nº 306/03
(dispõe sobre a solicitação de exames laboratoriais na
Nas tabelas de 25 a 30, serão expostos área da nutrição clínica, revoga a Resolução 236/00 e dá
os exames, os valores de referência e a outras providências). Esta última, no art. 1º, estabelece:
interpretação de forma categorizada e “Compete ao nutricionista a solicitação de exames
sistemática. O quadro 6 classificará as anemias laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à
carenciais. evolução nutricional do cliente-paciente”.

Avaliação hematológica
Tabela 25. Interpretação da avaliação hematológica do sangue.

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Avaliação hematológica
Hemograma Leucócitos: 4.000 a Alguns tipos de Alcoolismo.
11.000 células/mm³. tumor: hepatoma, Anemias hemolíticas.
Neutrófilos bastonetes: fibromioma, meningioma, Anemias hemorrágicas.
3-5% (150 a 400 feocromocitoma. Hepatopatias.
células/mm³). Doença renal: hidronefrose, Neoplasias.
Neutrófilos segmentados: glomerulonefrite Produção deficiente
55-65% (3.000 a focal, cistos. de eritropoetina.
5.000 células/mm³). Hipóxia. Síndrome da
Eosinófilos: 2-6% (100 Transplante renal. imunodeficiência adquirida.
a 300 células/mm³). Anemia ferropênica,
Basófilos: 0-1% (50 a talassemias - por síntese
80 células/mm³). deficiente de hemoglobina.
Monócitos: 4-8% (200 Deficiência de vitamina
a 650 células/mm³). B12 e ácido fólico - por
Linfócitos: 20-30% (1.500 síntese deficiente de
a 2.500 células/mm³). nucleoproteínas.

Hemácias:
Homens: 4.500.000 a
6.000.000 células/mm³.
Mulheres: 4.000.000 a
5.500.000 células/mm³.

Hemoglobina:
Homens: 13,5-18 g/dL.
Mulheres: 12-16 g/dL.

22
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Hematócrito:
Homens: 40-54%.
Mulheres: 37-47%.

VCM: 80-100 fl.


HCM: 27-32 pg.
CHCM: 32-35%.

HCM: hemoglobina corpuscular média; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média; VCM: volume corpuscular médio.
Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

Avaliação bioquímica
Tabela 26. Interpretação da avaliação bioquímica do sangue

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Avaliação bioquímica do sangue
Glicose jejum Normal: < 100 mg/dL. Diabetes mellitus. Hiperinsulinismo.
Pré-diabetes: ≥ 100 mg/ Intolerância à glicose. Hipoglicemiantes orais.
dL e < 126 mg/dL. Síndrome de Cushing. Hipoglicemia autoimune.
Diabetes: > 126 mg/dL, Pancreatites. Doenças enzimáticas,
com exames adicionais Estresse. pancreáticas, distúrbios
confirmatórios. funcionais pós-
gastrectomias.
Distúrbios endócrinos.
Insulinoma.
Hipoglicemia alimentar.

Hemoglobina glicada Normal: < 6%. Álcool. -


Risco para desenvolver Anemia ferropriva.
diabetes mellitus: 6-6,5%. Insuficiência renal crônica
Diabetes mellitus: > 6,5%. com ou sem diálise.
Intoxicação por chumbo.
Triglicerídeos séricos
aumentados.

Insulina plasmática 2,5-25 UI/mL. Insulinoma. Diabetes mellitus grave


Hipoglicemia reativa após associada a cetose e
ingestão de glicose. perda ponderal.
Síndrome autoimune
de insulina.
Diabetes mellitus
leve não tratado em
pacientes obesos.

Teste oral de Normal: < 140 mg/dL. Anticoncepcionais orais. Hipoglicemiantes orais.
tolerância à glicose Pré-diabetes: ≥ 140 mg/ Corticosteroides. Heparina.
dL e < 200mg/dL. Diuréticos (em especial Ácido acetilsalicílico.
Diabetes mellitus: os tiazídicos). Anti-histamínicos.
≥ 200 mg/dL. Fenitoína. Inibidores de monoamina
Ácido nicotínico. oxidase (MAO).

23
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Leptina Mulheres: 3,8 ±1,8 ng/mL. Ingestão alimentar Hiperfagia.


Homens: 7,4 ±3,7 ng/mL. controlada. Emagrecimento.
Obesidade (não ocorre
regulação do apetite
pela hipóstese de
resistência à leptina).

Cálcio sérico Cálcio total: 8,8- Hipertireoidismo. Acidose tubular renal.


10,2 mg/dL. Síndrome de Cushing. Atividade ineficaz
Cálcio iônico: 4-5,6 mg/dL. Insuficiência suprarrenal. da vitamina D.
Hiperparatireoidismo Hipomagnesemia.
primário e secundário. Hipoparatireoidismo.
Insuficiência renal Ingestão insuficiente
aguda e crônica. de cálcio e/ou vitamina
Mieloma múltiplo. D e/ou fósforo.
Neoplasias malignas: Insuficiência renal
mama, rim e pulmão. crônica com uremia e
retenção de fósforo.
Pancreatite.
Doenças gastrintestinais.

Ferritina sérica Homens: 30-300 ng/mL. Câncer. Depleção de estoques


Mulheres: 10-200 ng/mL. Doenças hepáticas. de ferro.
Inflamação.
Sobrecarga de ferro.

Ácido fólico sérico 5-15 mg/dL. Anemia perniciosa. Neoplasias.


Dieta vegetariana. Gravidez.
Síndrome de alça cega. Hipertireoidismo.
Transfusão sanguínea. Anemias hemolíticas.
Alcoolismo.
Anorexia.
Doenças crônicas.
Má absorção do tipo
doença celíaca.

Ferro sérico 30-160 µg/dL. Dano hepático agudo. Anemia ferropênica.


Anemias hemolíticas. Aneminas normocrômicas
Talassemia. das infecções e
doenças crônicas.
Menstruação.

Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

24
Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Desnutrição energético-proteica
Tabela 27. Interpretação da avaliação da desnutrição energético-proteica

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Desnutrição energético-proteica
Albumina sérica Nutrido: > 3,5 mg/dL. Desidratação. Síndromes de má absorção.
Levemente desnutrido: Infusões endovenosas Infecções.
3-3,5 mg/dL. de albumina. Neoplasias.
Moderadamente Traumas.
desnutrido: 2,4-2,9 mg/dL. Hemodiluição.
Gravemente desnutrido: Edema.
< 2,4 mg/dL. Ascite.
Queimaduras.
Enteropatias perdedoras
de proteína.
Doença hepática.
Síndrome nefrótica.

Pré-albumina Normal: 15,1-42 mg/dL. Linfoma de Hodgkin Desnutrição proteica.


Desnutrição leve: Estados inflamatórios.
10-15 mg/dL. Doenças malignas.
Desnutrição moderada: Falência hepática e renal.
5-9,9 mg/dL.
Desnutrição grave:
< 5 mg/dL.

Proteína ligadora 3-5 mEq/dL. Enfermidades Desnutrição energético-


de retinol (PLR) renais crônicas. proteica.
Enfermidades hepáticas.

Transferrina sérica 230-390 mg/dL. Gestação. Anemia ferropênica.


Uso de progestágenos. Anemias de infecções
Hepatite aguda. e doenças crônicas.
Talassemia. Desnutrição.
Ingestão aumentada Estados catabólicos
de ferro. agudos.

Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

Índice de risco nutricional (IRN) Onde:

Determina o risco de o paciente desenvolver desnu- ALB: albumina (mg/dL)


trição, com parâmetros empregados rotineiramente
no núcleo hospitalar (Fórmula 1). % peso usual: peso atual x 100/peso usual.

Fórmula 1. Índice de Risco Nutricional Interpretação:


(MULLEN et al., 1979)
IRN ≥ 100% = Estado nutricional adequado ou
IRN = (15,9 x ALB) + (0,417 x % peso usual) normal.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

IRN entre 97,5% e 99,9% = Desnutrição moderada.

IRN < 97,5% = Desnutrição grave.

Teste do estado dos micronutrientes


Tabela 28. Interpretação da avaliação de vitaminas e minerais

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Teste do estado dos micronutrientes
Vitamina A sérica 1,2-4,2 µmol/L. Ingestão suplementar Doenças pancreáticas.
(retinol sérico) excessiva. Hipotireoidismo.
Má nutrição.
Tuberculose disseminada.
Vitamina B1 sérica Observar valores Leucemias. Alcoolismo.
(tiamina sérica) de referência dos Linfoma de Hodgkin. Diabetes mellitus.
laboratórios.ª Diarreia prolongada.
Dieta deficiente.
Doenças hipercatabólicas.
Infecção.
Queimaduras.

Vitamina B12 sérica 150-350 pg/mL. Leucemias. Deficiência de ácido


(cianocobalamina) Mieloma múltiplo. fólico na dieta.
Linfoma de Hodgkin. Má absorção em situações
Uremia. como gastrectomia, gastrite
Leucocitose. atrófica e radiação gástrica.
Carcinomas com Doença de Crohn.
metástase hepática. Ressecção ileal.
Anticonvulsivantes. Insuficiência pancreática.
Uso de vitaminas A e C.

Vitamina B2 urinária > 100 µg/dL. - Alcoolismo.


(riboflavina urinária) Má nutrição.
Diarreia crônica.
Síndrome de má absorçã
Vitamina C sérica (ácido 0,6-1,6 mg/dL. Alta absorção de ferro. Alcoolismo.
ascórbico sérico) Anemia falciforme. Doença reumática.
Anemia hemolítica. Escorbuto.
Arritmias cardíacas. Gravidez.
Lesão renal. Hipertireoidismo.
Nefrolitíase (oxalato Insuficiência renal.
de cálcio). Má absorção.

Vitamina D sérica Por HPLC: 20-76 pg/mL. Toxicidade pela vitamina D. Raquitismo.
(calcitriol sérico) Por CPBA: 80-100 nmol/L. Osteomalácia.
Hipertireoidismo
secundário.
Má absorção da vitamina.
Doença hepática grave.
Colestase.
Tuberculose.
Hiperparatireoidismo
primário.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Colecalciferol (D3) Valores < 3 ng/mL Toxicidade pela Deficiência de vitamina D.


e calciferol (7,4 nmol/L) quando pela vitamina D.
dosados juntos.
Vitamina D3
(25-hidroxivitamina
D): 10-68 ng/mL.

Vitamina E plasmática Observar valores de - Alcoolismo.


(tocoferol plasmático) referência laboratórios.ª Doenças degenerativas
neurológicas.
Hiperagregação
plaquetária.
Má absorção intestinal
de gordura devido a
fibrose cística, síndrome
do intestino curto,
pancreatites, carcinoma
pancreático, deficiência
de sais biliares.
Nutrição parenteral
prolongada.

Zinco sérico 7-150 µg/dL. - Cirrose hepática.


Hepatites.
Má absorção.
Nefropatias.
Perdas excessivas, como
em queimaduras graves.

ª Alteração de valor significativa entre os laboratórios. Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

Dislipidemia
Tabela 29. Interpretação da avaliação de dislipidemia.

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Dislipidemia
Colesterol total sérico Ótimo: < 200 mg/dL. Alcoolismo. Anemia crônica.
Limítrofe: 200-239 mg/dL. Colestase. Doença pulmonar
Alto: ≥ 240 mg/dL. Diabetes mellitus obstrutiva crônica.
descompensada. Desnutrição.
Gravidez.
Doenças pancreáticas.
Obstrução biliar.
Hipotireoidismo.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

HDL-Colesterol Baixo: < 40 mg/dL. Consumo leve de álcool. Anemia crômica.


Alto: > 60mg/dL. Exercício vigoroso. Desnutrição.
Tratamento com insulina. Diabetes mellitus
Uso de estrógenos orais. descompensado.
Doenças hepáticas.
Doenças mieloproliferativas.
Falta de exercício físico.
Hipotireoidismo.
Nefrose.
Infarto agudo do miocárdio.
Acidente vascular
encefálico.
Cirurgia.
Traumatismo.
Tabagismo.
Uremia.
Transtornos
mieloproliferativos.

LDL-Colesterol Ótimo: < 100 mg/dL. Hipercolesterolemia Doença grave.


Desejável: 100-129 mg/dL. familiar. Hipolipoproteinemia.
Limítrofe: 130-159 mg/dL. Dieta com alto teor Doença hepatocelular
Alto: 160-189 mg/dL. de colesterol e grave.
Muito alto: ≥ 190 mg/dL. gordura saturada. Anemias crônicas.
Diabetes mellitus.
Síndrome nefrótica.
Anorexia nervosa.
Obstrução ou
doença hepática.
Insuficiência renal crônica.
Mieloma múltiplo.
Hipotireoidismo.
Gravidez.

Triglicerídeos Adultos: Anorexia nervosa. Má nutrição.


Ótimo: < 150 mg/dL. Deficiência de Apo CII Perda de peso recente.
Limítrofe: 150-199 mg/dl. Deficiência de
Alto: 200-499 mg/dL. lipoproteina lipase.
Muito alto: ≥ 500 mg/dL. Diabetes mellitus
descompensado.
Gota.
Gravidez.
Pancreatite. Síndrome
nefrótica.

Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
reference intakes - DRIs, padrões de referências e interpretação de exames bioquímicos

Biomarcador do estado inflamatório


Tabela 30. Interpretação da avaliação de marcador da inflamação.

Interpretação
Exame Valores de referência Situações de aumento Situações de diminuição
Biomarcadores da inflamação
Proteína C-reativa (PC-R) Método qualitativo: Doenças inflamatórias. -
valores negativos. Complicações pós-
Método quantitativo - risco operatórias.
de doença cardiovascular: Dano tecidual: necrose
Risco baixo: < 1 mg/dL. tecidual, neoplasias,
Risco moderado: infarto agudo do
1-3 mg/dL. miocárdio, infecções
Risco alto: > 3 mg/dL. bacterianas e virais.
Normal: < 0,5 mg/dL.

Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

Anemias carenciais
Quadro 6. Classificação das anemias carenciais, alterações laboratoriais e interpretação

Classificação Alterações laboratoriais Interpretação


Anemias microcíticas e hipocrômicas VCM: < 80fL. Anemina ferropriva.
CHCM: < 32%. Anemia sideroblástica.
HCM: diminuída. Talassemias.
Hemocromatose.
Anemia do prematuro.
Anemias normocíticas VCM, HCM e CHCM: normais. Anemia hemorrágica aguda recente.
e normocrômicas VCM: 80-100 fL. Anemias por deficiência na
HCM: 27-32 pg. produção de hemácias.
CHCM: 32-35%. Anemias hemolíticas.
Anemias macrocíticas Aumento do VCM, podendo Sem megaloblastos na medula óssea:
e normocrômicas HCM e CHCM estarem Anemia hemorrágica e hemolítica.
normais ou diminuídas. Anemia secundária ao uso
VCM: > 98-100fL. de antimetabólitos.
CHCM: 32-36%. Anemia das hepatopatias.
HCM: elevada. Com megaloblastos na medula óssea:
Deficiência de B12.
Deficiência de ácido fólico.
Defeito na síntese do DNA.
Anemias macrocíticas e hipercrômicas Aumento de VCM e CHCM. Anemia megaloblástica:
Deficiência de cobalamina por
baixa ingestão ou má absorção.
Anemias hereditárias.
Anemia não megaloblástica:
Anemias hiper-regenerativas.
Anemias por deficiência
de ácido ascórbico ou das
vitaminas do complexo B.
Anemias comuns em hepatopatias
e na anemia aplásica.
HCM: hemoglobina corpuscular média; CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média; VCM: volume corpuscular médio.
Fonte: Adaptado de Calixto-Lima e Reis, 2012.

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Simulação de casos clínicos - ênfase: Análise de softwares, alimentos fonte, cálculos de dietary
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