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jusbrasil.com.br
1 de Agosto de 2017
Mas nem sempre o retorno é o esperado. Não raro os contratos públicos trazem
prejuízos aos licitantes que venceram o certame: não recebem pagamento pelos
serviços ou bens ofertados à coletividade.
Para exemplificar, buscamos a lição de José dos Santos Carvalho Filho, autoridade
no assunto, que afirma que se antes de transcorrer o prazo de 90 dias o contratado
esteja “impedido de dar continuidade ao contrato por força de falta de pagamento,
tem ele direito à rescisão do contrato com culpa da Administração. Fora daí, é
admitir-se a ruína do contratado por falta contratual imputada a outra parte, o que
parece ser inteiramente iníquo e injurídico[5]".
Neste caso, para impedir que órgão público inadimplente há menos de 90 dias
obrigue o particular a continuar cumprindo suas obrigações sem receber qualquer
contraprestação, este deverá recorrer ao Judiciário[7] e ajuizar ação cautelar,
formulando pedido de concessão da tutela preventiva de forma imediata, a fim de
obter autorização para rescindir o contrato administrativo. Esta conduta impedirá
que a Administração lhe penalize em razão de ter cessado o fornecimento.
Desta feita, o particular pode buscar a execução forçada dos valores que tem direito
a receber, com juros contratuais e correção monetária, sobretudo porque se trata
de um credor que possui título executivo materializado na Nota de Empenho[9].
Ocorre que sabemos que a cobrança das Notas de Empenho pelo processo civil de
execução não é de todo satisfatória. Isso porque a Administração inadimplente
honrará seu compromisso do modo que lhe é mais conveniente possível – e mais
prejudicial ao contratado: precatórios[10].
Alguns contratados desistem da execução judicial da nota de empenho no
momento em que a palavra ‘precatório’ surge na proposta de atuação, mas eles não
sabem que o instituto da compensação tributária pode torná-lo vantajoso.
Por esta razão observa-se que, além de a Administração ter de cumprir prazos e
satisfazer dívidas segundo as regras previstas em Lei ou no contrato[14], “está
constrangida a observar uma ordem cronológica, de tal modo que não dispõe de
discricionariedade para escolher a ordem de preferência para pagamento[15].”
Desta feita, inobservâncias à legislação como a vista acima, ou até mesmo atraso
injustificado no pagamento dos empenhos, consagram ato de improbidade
administrativa[16].
Isso significa que, após comprovada a conduta ímproba do agente por meio de
processo judicial, independentemente das sanções penais, civis e administrativas
previstas na legislação específica, poderá haver determinação judicial ordenando
que reembolse a Administração pelo dano causado ou pague multa de até cem
vezes o valor de sua remuneração. Além disso, também poderá perder sua função
pública, ter os direitos políticos suspensos por três a cinco anos, ficar proibido de
contratar com a Administração Pública e ainda de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, mesmo que destinados a empresa da qual seja sócio.
Por conseguinte eventual insuficiência de recursos não pode ser alegada quando
houve programação financeira e elaboração de cronograma de execução mensal de
desembolso. Se a Administração licitou o produto e o empenhou é porque havia
verba disponível para pagamento do fornecedor. E é justamente isto que a Nota de
Empenho garante.
C) ajuizar ação de execução para satisfação da nota de empenho, caso não haja o
pagamento espontâneo após a rescisão ou suspensão do contrato.
[1] Conforme previsão dos artigos777 e788, inciso XV, da Lei Geral de Licitação.
[2] Isto em termos gerais da legislação. Em cada caso concreto deve ser analisado o
contrato firmado.
[5] CARVALHO, José dos Santos Filho. Direito Administrativo. 21ª edição, Rio de
Janeiro, LUMEN JURIS: 2009.
[7] Conforme mencionado acima, trata-se de uma das formas de rescisão previstas
no art.799 da Lei Geral de Licitação.
[11] IRPJ será compensado com precatório emitido pela União, ICMS poderá ser
compensado com precatório emitido pelo mesmo Estado que exige o recolhimento
e, da mesma forma, precatórios municipais poderão ser compensados com ISSQn.
Tratam-se apenas de exemplos.