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Criminologia
3ª edição
2015
A E scola de C hicago e a explicação ecológica do crime
C A P Í T U L O I V
A Escola de Chicago
e a explicação
ecológica do crime
Sumário • 1. Introdução; 2. Objeto e método; 3. Principais repre-
sentantes; 4. Consequências político-criminais; 5. Críticas; 6. Con-
clusões; Quadro sinótico; Questões.
1. INTRODUÇÃO
Respeitável setor da doutrina considera a Escola de Chicago um
dos focos de expansão mais poderosos e influentes da Sociologia cri-
minal1. A razão para a denominação Escola de Chicago, e não ecologia
criminal, é dupla: por um lado deriva da explosão urbana na cidade de
Chicago; por outro, da criação do primeiro departamento de sociologia
do mundo na Universidade de Chicago.
No tocante ao primeiro aspecto, Park, um dos principais teóricos
da escola, jornalista de formação, com vinte e cinco anos de observação
e coleta de dados, constatou que a população de Chicago, entre os anos
de 1860 e 1910, dobrava a cada dez anos, com as ondas de imigração2.
Evidente que um salto demográfico dessa natureza, potencializado
pela diversidade cultural, proporciona uma série de problemas sociais,
especialmente os de índole criminal. Por outro lado, esta multifaceta-
da realidade social que emergia na cidade desperta o departamento de
Sociologia da Universidade de Chicago para a investigação sociológica.
Dentro da perspectiva da Escola de Chicago, a compreensão do
crime sistematiza-se a partir da observação de que a gênese delitiva
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2. OBJETO E MÉTODO
O poderoso processo de industrialização do século XX promoveu
o quadro de explosão demográfica retratado acima, transformando a
cidade de Chicago, já naquela época, em uma cidade cosmopolita, um
caldeirão de etnias, culturas e religiões aglomeradas em guetos, regi-
ões, pois, marcadas pela desordem e conflito. Não bastasse a desordem
típica desta nova grande cidade, também houve o êxodo rural, cidades
com economias de estrutura agrícola perdiam população para os gran-
des centros industriais.
Este é o cenário onde se desenvolve a ideologia do mellting pot,
no qual os elementos mais heterogêneos e conflitivos devem fun-
dir-se para criar uma nova sociedade, um novo mundo para viver3.
Daí o porquê da Escola de Chicago constituir uma sociologia da
cidade ou ecologia social da cidade, concentrando-se no estudo
da distribuição das zonas de trabalho e residência, distribuição de
serviços, estrutura dos lugares públicos e privados e na profusão de
doenças.
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3. PRINCIPAIS REPRESENTANTES
Inicialmente, as investigações desenvolvidas pelo Departamento
de Sociologia da Universidade de Chicago eram pouco rigorosas cien-
tificamente, de modo que, apenas em 1910, com William I. Thomas,
tem-se início pesquisas mais comprometidas, consolidando-se, já nos
anos de 1920, com os trabalhos desenvolvidos por Robert Park e Er-
nest Burgess, além de Clifford R. Shaw e Henry D. Mckay.
De Thomas, para além da utilização da metodologia estatística, a
Escola de Chicago retira o conceito fundamental de desorganização
social, compreendido, segundo ele, como impossibilidade de definir
modelos e padrões de condutas coletivas, decorrendo daí a ausência de
limites para o indivíduo expressar suas inclinações4.
Park apropria-se dos conceitos fundamentais da ecologia. Com
efeito, para ele, a cidade representava um organismo vivo, que, à
semelhança, cresce, invade determinadas áreas, as domina e expulsa
outras formas de vida existentes. Isto ficou claro, por exemplo, nos
estados do sul estadunidense, primeiro ocupados apenas por árvo-
res, vegetação perene, pinheiros, estabilizando, finalmente, com car-
valhos-nogueira. Este processo, que os ecologistas descrevem como
“invasão, dominação e sucessão”, foi transplantado por ele para ex-
plicar similarmente a história das Américas e a invasão, dominação e
sucessão no território dos nativos americanos5.
O processo de crescimento descrito por Park foi apropriado e sis-
tematizado com Burgess, na famosa teoria das zonas concêntricas.
Explicava ele que a cidade expande-se radialmente, de dentro para
fora, em círculos concêntricos, descritos como zonas.
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4. CONSEQUÊNCIAS POLÍTICO-CRIMINAIS
5. CRÍTICAS
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6. CONCLUSÕES
Evidente que a Escola de Chicago não foi um rotundo fracasso,
muito pelo contrário. Apesar das críticas, as repercussões da Socio-
logia urbana foram extremamente positivas, especialmente pelo seu
empirismo e espírito reformista.
Não pode ser negado o avanço que a escola implementa ao com-
preender a cidade como campo de interações, ou seja, compreendê-
-la como algo muito além da simples estrutura material. Daí
porque, também deve-se à escola o mérito de incentivar programas
de intervenção urbana, a exemplo dos já mencionados programas de
revitalização de áreas degradadas.
Contudo, talvez, a contribuição mais significativa da explicação
ecológica foi a utilização do método qualitativo de investigação e
de outros métodos de investigação como a análise de documentos,
mapa social, análise documental, os quais permanecem largamente
aceitos.
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QUADRO SINÓTICO
QUESTÕES
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IV. A Teoria da Retribuição, também chamada absoluta, concebe a pena como o mal
injusto com que a ordem jurídica responde à injustiça do mal praticado pelo crimi-
noso, seja como retribuição de caráter divino (Stahl, Bekker), ou de caráter moral
(Kant), ou de caráter jurídico (Hegel, Pessina).
V. A Escola de Política Criminal ou Escola Sociológica Alemã reúne entre os seus pos-
tulados a distinção entre imputáveis e inimputáveis - prevendo pena para os "nor-
mais" e medida de segurança para os "perigosos" - e a eliminação ou substituição
das penas privativas de liberdade de curta duração.
a) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
b) Apenas as assertivas III e V estão corretas.
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
d) Apenas as assertivas III, IV e V estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.
GABARITO
01 D 02 B 03 E
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Í ndice analítico
Índice analítico
Abolicionismo
• anômico » 184, 288, 289.
• estigmatizante » 138, 236, 242, 243, 288.
• eventos criminalizáveis » 129, 287, 288.
• seletivo » 236, 260, 288, 289, 292.
Anomia
• estrutura social defeituosa » 185, 186, 187, 195.
• função da pena » 182, 262, 263, 278.
• solidariedade mecânica » 179.
• solidariedade orgânica » 179.
• utilidade do crime » 180, 181, 182.
Associação diferencial
• aprendizagem » 207, 208, 215, 217, 221, 222, 223, 224, 225, 268.
• crime de colarinho branco » 213, 218, 219.
• danosidade social » 143, 144, 219, 222.
• leis da imitação » 209, 210.
• organização social diferencial » 216.
Cifras
• cifra negra » 141, 289.
• cifras douradas » 141, 221.
• cifras ocultas » 268.
• criminalidade legal » 140.
Criminologia
• acadêmica » 149.
• analítica » 150.
• aplicada » 149
• científica » 149
• clínica » 150.
• conflito » 87, 88, 91.
• consenso » 130, 143, 147.
• controle social formal » 99, 146, 147, 173, 294.
• controle social informal » 146, 147, 171, 172.
• interdisciplinaridade » 126.
• método » 121, 122, 123, 124, 125, 127, 148, 150
• microcriminologia » 150.
• multidisciplinaridade » 126.
• objeto » 121, 122, 123, 124, 125, 127, 128, 129, 130, 132, 138, 139, 147, 148.
• sistema » 126, 131, 132, 133, 134, 139, 144, 146, 148, 149.
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