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Stand-Up Comedy

THE BOOK

de Judy Carter

Tradução: Emilio Boechat e Aldo Camolez


AS SEIS DESCULPAS ESFARRAPADAS1 PARA NÃO SE
SUBIR AO PALCO

“É CLARO QUE EU SOU ENGRAÇADO EM FESTAS, MAS...”

Desculpa #1: “Eu tenho medo”

O obstáculo número um para se fazer comédia é o MEDO. E


esta é uma reação muito apropriada. Vamos encarar,
se ficar de pé sozinho sobre um palco diante de um
bando de estranhos não amedronta você, então,
algo deve estar errado. Consulte um médico.
Não há problema em ficar nervoso. É muito humano.
Todo “performer” de sucesso luta com o medo,
então, não permita que isso o impeça de correr atrás
dos seus sonhos. Em todos esses anos em que tenho
me apresentado, eu não consigo pensar em uma só
vez em que não tenha ficado nervosa. O truque é ir
em frente apesar do sentimento de medo.
Normalmente, o medo desaparece assim que você
pisa no palco.
Não entre em pânico. O medo é um assunto tão
poderoso com meus alunos que eu dediquei um
capítulo inteiro a este tema, incluindo exercícios
para controlá-lo. Olhe pelo lado bom: ao menos, se
apresentar em público o manterá normal.

DESCULPA #2: “Eu sou tímido...”

Bem, eu também sou. Muitos comediantes que fazem stand-up


são bem tímidos em suas vidas privadas, e subir em um palco é um
grande modo de se liberar. Pessoas tímidas como você tem muita
coisa para extravasar, e o palco lhe fornece uma arena onde libertar
suas críticas reprimidas sobre o mundo. Eu descobri que, quanto mais
quieta é uma pessoa fora do palco, mas ela tem a dizer sobre o palco.
Uma vez que elas tenham uma chance de serem ouvidas, meus
alunos tímidos são aqueles que eu não consigo fazer com que parem
de falar.

1
Lame.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 2 Judy Carter


DESCULPA #3: “Eu sou apenas um idiota qualquer...”

E daí? Antes de terem uma carreira bem sucedida como


comediantes, Jay Leno era mecânico e Roseanne Barr era uma dona
de casa com três filhos.

“I’ve been married fourteen years and I have three kids.


Obviously, I breed well in captivity.”
“Eu estou casada há quatorze anos e tenho três filhos.
Obviamente, eu procrio bem em cativeiro.”
- Roseanne Barr

Você não tem que ser uma pessoa sofisticada para fazer
comédia. As pessoas não vão a um night club para ouvir ponderações
intelectuais. Eles querem rir. O desafio é encontrar o humor nas suas
experiências mais cotidianas. Ser astuto e esperto ajuda, mas encare,
esta é a América, um lugar onde pessoas totalmente inexpressivas e
pouco atraentes conquistam altos níveis de fama e fortuna.

Desculpa #4: “Eu sou feio, eu sou gordo, eu sou...”

Darryl Hannah talvez seja realmente lindíssima, mas será que


ela é capaz de fazer as pessoas rirem? Ok, quem se importa, certo?
Stand-up é um dos poucos lugares no showbiz que aceita pessoas de
todas as formas e tamanhos. De fato, uma distinção física pode até
mesmo ser a base de seu ato. Phyllis Diller e o falecido e grande
Jackie Gleason, entre outros, construíram suas carreiras no fato de
ser gordo ou pouco atraente. A comediante Geri Jewell desenvolve
seu ato em cima do fato de ter paralisia cerebral:

“I don’t understand why people will go out of their way to


drink, so they can walk like me.”
“Eu não entendo porque as pessoas se embriagam, será
que é para andar como eu?”.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 3 Judy Carter


A característica que a sociedade enxerga como uma
imperfeição pode trabalhar a seu favor. O Capítulo 2 ensina
como transformar aquele peso a mais em risadas a mais.

Desculpa #5: “Eu não sei como escrever material para


comédia”

Stand-up não tem nada ver com anotar palavras em uma


folha de papel. Ela tem a ver com dizer palavras – se
apresentar. Stand-up é uma performance ao vivo, não um
livro para se passar o tempo. Por esta razão, eu desencorajo
meus alunos iniciantes a escrever seu material. No capítulo
2 existem exercícios sobre como criar seu material gravando
suas conversas em um gravador. Se você não pode falar,
você não pode criar material.

Desculpa # 6: “Quando eu fico diante das pessoas, eu tenho vontade


de cuspir.”
Consulte um analista. Stand-up não é para você.

Stand-up é algo difícil e exige um bocado de trabalho duro. Mas


a recompensa de se fazer comédia é imensa. Não existe sentimento
maior no mundo do que sentir que a platéia está do seu lado, que ela
o entende, e o ama. Momentos como estes fazem com que todo o
esforço valha a pena.
Andy Warhol uma vez disse que no futuro todo mundo seria
famoso por quinze minutos. Com este livro, quando os seus quinze
minutos chegarem, pelo menos, você não será chato.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 4 Judy Carter


Capítulo 1

COMEÇANDO

O que faz as pessoas rirem?

“Palavras que tem o som de K nelas são engraçadas.


Cheesecake é engraçado. Tomate não é engraçado. Cleveland é
engraçado. Maruland não é engraçado...”

Neil Simon

O que é engraçado?
Eu estou constantemente abismada com as coisas que as
pessoas acham que são engraçadas e com aquelas que elas acham
que não são. Alguns riem de um cara qualquer escorregando em uma
casca de banana. Alguns rirão somente do Hitler escorregando em
uma casca de banana. Então, o que é engraçado? Se alguém ri, é
engraçado.
Uma platéia rirá de qualquer coisa, de tudo e de absolutamente
nada. Tentar deduzir o que pode agradar uma platéia é como tentar
decidir o que cozinhar para a sua família. Não importa o que você
faça, alguém irá detestar.
Eu tenho visto muitos comediantes deixarem o palco depois de
um número que arrasou, deprimidos porque tudo o que eles viram foi
um cara na terceira fileira não rir da quarta piada. Todos os que riram
na sala foram afogados pelo silêncio de um único sujeito. E não
importa se este cara não estava no clima para rir porque ele perdeu
sua família inteira em um incêndio e parou ali para um beber um
drinque, antes de cometer o suicídio.

Acredite em Você
O empresário Buddy Morra, que descobriu David Letterman e
também Robin Williams e Billy Crystal, entre outros, diz que: “você
não deve dar a uma platéia o que ela quer. Dê a ela o que você quer.
A maioria dos comediantes vai descer ao nível da platéia para fazer o
seu número funcionar, quando de fato, o que você deveria fazer é
trazer a platéia para o seu nível”.
A primeira vez em que Morra viu David Letterman, ele
imediatamente percebeu que David poderia chegar a ter o seu
próprio show porque ele tinha a sua identidade própria. Morra sente o
que separa comediantes que são especiais dos outros que apenas
tentam agradar. Você tem que acreditar em você mesmo.
Stand-Up Comedy – The BookPágina 5 Judy Carter
É difícil engolir a idéia de que você não pode fazer com que
todos gostem de você. Vale a pena repetir 2: Você não pode e não é
capaz de fazer com que todos amem você. Você tem que subir ao
palco com um desejo apaixonado e a intenção de comunicar seus
pensamentos e sentimentos, e não apenas fazer as pessoas rirem.

Cinco Grandes Segredos para fazer as pessoas rirem

Segredo #1: Não conte piadas.

As pessoas confundem stand-up com contar piadas. Quando eu vou a


uma festa e digo que eu faço stand-up, as pessoas, inevitavelmente,
dizem: “Verdade?... Conte uma piada!” Quando eu digo a eles que eu
não conheço nenhuma piada, eles não entendem. “Mas, você é uma
comediante de stand-up, certo?” Agora, quando eu vou a festas, eu
digo as pessoas que eu faço programa.
Contar piada é um jeito velho de fazer comédia.

“Dois portugueses entram em um bar...” 3

O novo estilo de comédia é a comédia pessoal. Seu número é


sobre você: seus dilemas viscerais, seu corpo, seu casamento, seu
divórcio, seu vício...
Tente encontrar piadas no ato de Sam Kinison. Não existe
nenhuma piada.

“Se você alguma vez pensar em se casar, senhor, apenas


lembre-se dessa expressão – ahhhhhhhhh!”.

Sam vai de cliente a cliente, cara a cara e grita. O humor de


Kinison vem de uma atitude extrema em relação às mulheres, ao
Vietnam e às crianças famintas. Sua atitude raivosa e consistente é a
força que move o seu sucesso.
Meus alunos, que escolhem tópicos que são verdadeiros e,
mesmo, dolorosos para eles, são muito mais bem sucedidos do que
aqueles que escolhem tópicos que pensam ser engraçados ou
esquisitos. A bem da verdade, quanto mais sincero for o seu material,
melhor. As pessoas adoram rir do sofrimento dos outros. Eu não
tenho certeza do porquê. Talvez porque eles estejam felizes de que
isso não esteja acontecendo com eles.
Paula Poundstone, a Silvia Plath da comédia, faz um ‘bloco de
piadas’4 a respeito de sua desastrada tentativa de suicídio.

2
(this one’s worth repeating):
3
“Two Jews walked into a bar…”
4
chunk

Stand-Up Comedy – The BookPágina 6 Judy Carter


“Eu tentei usar monóxido de carbono, mas meu prédio tem
uma garagem subterrânea gigantesca, então, aquilo estava
levando muito tempo. Eu tinha levado uma pilha de livros e
alguns salgadinhos. As pessoas passariam e bateriam na
minha janela e diriam, “Como está indo esse suicídio?” E eu
diria, “Está indo bem, obrigada, eu me senti sonolento hoje
mais cedo”.

A desolação de Garry Shandling sobre ser rejeitado pelas


mulheres fez dele um comediante milionário.

“I broke up with my girlfriend. She moved in with another


guy, and I draw the line at that.”
“Eu rompi com a minha namorada. Ele foi morar com outro
cara e eu tenho os meus limites.”

Um dos principais equívocos sobre ser engraçados é que você


tem que ser aquele tipo de pessoa alegre e pra cima o tempo todo.
Mentira. É bem mais interessante assistir alguém lutando com os
seus problemas do que um tipo espirituoso, perfeito e sabe tudo.
Você já notou que não há muitos monges que são comediantes?
Lembre-se... quanto mais miserável for a sua vida, melhor será o seu
número. O truque é estar disposto a expor você mesmo o mais que
você puder, sem ser preso.

Segredo # 2: Não conte estórias.

Histórias engraçadas geralmente não funcionam. O erro mais


comum que meus alunos cometem quando eles começam a levantar
idéias para o seu número é contar histórias a respeito de alguma
coisa “engraçada” que realmente aconteceu com eles:

“Não, não, escute... isso é a pura verdade!”

Histórias podem ser verdadeiras, mas elas raramente são


engraçadas e, inevitavelmente, terminam com:

“Bem... eu queria que você estivesse lá.”

Outra razão porque histórias não funcionam é porque a platéia


dos night clubs, muito freqüentemente, está bêbada e sua atenção
tem curta duração. Qualquer piada que seja mais longa que cinco
linhas, sem um desfecho engraçado, está em maus lençóis.
Bob Fisher, proprietário do L.A.’s Ice House e responsável pela
agenda de sete clubes de comédia, não contratará contadores de
histórias que falem por cinco minutos sem criar um desfecho

Stand-Up Comedy – The BookPágina 7 Judy Carter


engraçado. “Eu procuro pelo tipo de comediante que trabalha com
preparação e desfecho, ao contrário do contador de histórias, porque
eu preciso de um comediante que dê a platéia um certo número de
risadas por minuto.”
Histórias também não funcionam porque elas são,
freqüentemente, contadas no passado:

“Então, lá estava eu numa loja de departamentos. E essa


senhora caminhou em minha direção e me perguntou se eu
trabalhava lá. Então, eu disse a ela: ‘Sim’, e ‘todos os
televisores estão de graça, hoje.”

Este é o mesmo material contado pelo comediante Bob Dubac, no


presente e não em forma de história:

“Para dar algumas risadas e relaxar, eu recomendo ir a


uma loja de departamentos e fingir que você é um dos
empregados. Quando alguém aparece e te pergunta, ‘Você
trabalha aqui?’ diga a ele ‘Sim’ e só hoje estamos com uma
promoção onde você leva qualquer aparelho de TV
inteiramente grátis. Sente-se e aprecie a diversão”.

Mantenha distância de histórias. O que é engraçado é simplesmente


o jeito com que você olha mesmo para o mais mundano dos
acontecimentos, do mesmo modo como as observações de Larry
Miller a respeito dos fios de telefone:

“Como esses fios de telefone podem ficar tão enroscados?


Como? Tudo o que eu faço é atender ao telefone, falar, e
desligar. Eu não atendo, dou uma estrela, uma cambalhota
e, então, desligo.”

Segredo #3: Não Tente Ser Engraçado.

“Você não tem que agir como um babaca para conseguir


risadas.”

Se eu disser para você agora “seja engraçado”, o que você


faria? Muitas pessoas, provavelmente, começariam a fazer caretas,
pular para cima e para baixo, e fazer algo que poderia colocá-las em
um hospício.
Ser engraçado não tem nada a ver com agir de modo estranho
ou ultrajante. Quando mais estranho você for, menos as pessoas te
entenderão, e ninguém ri quando está confuso. Por mais excêntrico
que comediantes como Howie Mandel e Sam Kinison, sejam, eles
fazem um esforço enorme para comunicar suas idéias de forma clara.
Agir de maneira estúpida pode ser engraçado se você estiver

Stand-Up Comedy – The BookPágina 8 Judy Carter


atuando para crianças de cinco anos de idade. Entretanto, trabalhos
em jardins da infância não surgem com freqüência e o salário é
miserável.
Comediantes novatos têm uma tendência a tentar serem
engraçados. Vá a uma noite de amadores e observe esses
comediantes. Um cara sobe no palco com a intenção de ser bacana.
Ele fala a sua primeira linha e ninguém ri. Então, ele se esforça mais
para ser engraçado. Ele está falando mais alto, ele está gesticulando,
ele está se tornando um homem em desespero. De repente, você
sente que se você não rir, este cara irá para casa e cometerá suicídio
e será culpa sua. Não é surpresa que daqui por diante nada que ele
faça seja engraçado. Quanto mais forte ele tenta ser engraçado, mais
você reza, ‘Por favor, Deus, faça ele parar!’
Se você está no palco querendo desesperadamente uma
explosão de gargalhadas, uma risada, ou “a tee hee”, você será
responsável por não conseguir nenhuma delas. Nada aborrece mais
as pessoas do que quando elas pensam que alguém quer algo delas.
Não interessa se é amor ou risadas, isso precisa ser dado
gratuitamente. Exatamente como as pessoas mais desesperadas por
amor acabam morando sozinhas em Winnebagos, os comediantes
mais desesperados por risadas terminam tendo que manter os seus
empregos convencionais.

Segredo #4: Seja Sério.

Comédia é um negócio sério.


O ato perfeito é engraçado para a platéia e sério para você.
Imagine que você seja uma prostituta... uma puta comediante. Em
outras palavras, o único que tem que gostar é quem está pagando.
Se for engraçado para você e não para o cliente, então você não fez o
seu trabalho direito.
O comediante comprometido com o seu ato pode fazer uma
platéia rir apenas com a força, a intensidade da confidência de um
monólogo. Realmente não importa sobre o que se está falando. Se a
discussão é sobre o papa, ou sobre “pólipo”, ou mesmo a “pólipo” do
papa, é o comprometimento do comediante com o seu material que
carrega o seu ato. O comprometimento em comunicar, de tornar as
idéias claras, fornecerá todo o combustível de que você precisa. À
vontade de se comunicar é a única razão sã para se subir em um
palco, sempre.
Por que? Se você não acredita no que você está falando, muito
menos a platéia acreditará. O tópico que você escolher não tem que
ser sério, mas a sua atitude a respeito dele, sim. Seja falando sobre
amor, ou gaze, fale com o seu público como se suas palavras fossem
modificar as suas vidas. Don Rickles faz a platéia vir abaixo

Stand-Up Comedy – The BookPágina 9 Judy Carter


simplesmente falando com empolgação em uma língua que ninguém
entende. É a sua atitude seriíssima sobre o “nonsense” que faz a
platéia rir.
O comediante Steven Wright tem levado a seriedade a novas
dimensões com o seu jeito de alguém que acabou de sair da tumba e
sua expressão impassível:

“Eu moro em uma rua de mão única e sem saída. Eu não


entendo como seu cheguei lá.”

Segredo #5: Relaxe

Lembre-se... é uma comédia o que você está fazendo, não uma


cirurgia do cérebro. Relaxe e divirta-se.

A maneira de fazer as pessoas rirem é:


 Relaxe e seja você mesmo.
 Descubra a importância, a seriedade do seu material
 Divirta-se.

Se você realmente entendeu esses princípios, você está pronto


para começar:

Workshop # 1
ESTUDANDO O TRABALHO DOS COMEDIANTES

Quando você assiste a um bom comediante, você nunca deveria


estar consciente da estrutura de seu ato – você deveria estar muito
ocupado rindo. Bons comediantes aparentam estar falando com
espontaneidade e de improviso. “Eles simplesmente acordaram lá e
são engraçados”. O que muitas pessoas não imaginam todos os
comediantes em atuação estruturam seus atos em fórmulas de
comédias muito específicas.
Muitos anos atrás, eu apareci em um especial de novos
comediantes para a HBO. Também na agenda do programa estava
um novo comediante chamado Robin Williams. Eu estava
particularmente curiosa para vê-lo ensaiar, porque, como quase todo
mundo, eu tinha a impressão de que seu número fosse totalmente
improvisado. Não era verdade. Durante o ensaio, na medida em que
eu espiava a conversa dele com o diretor, ficou muito claro que todo
o seu número tinha sido bem mapeado.

“Primeiro, eu aparecerei no palco e farei minha “morte do


esperma”, e então, eu faço a minha paródia de
Shakespeare, e depois...”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 10 Judy Carter


Robin realmente improvisa durante o seu número, mas um
exame de perto mostra que ele tem um começo, um meio e um fim,
e cada parte é dividida na fórmula da preparação (setup) e desfecho
(punch) da piada. O que faz dele brilhante é sua habilidade para fazer
cada bloco de piadas parecer totalmente improvisado.
Este exercício irá revelar para você que um número de comédia
é um material altamente estruturado onde toda atitude, palavra e
grunhidos são meticulosamente determinados. Analisar o material
de comédia já testado pode ser uma grande experiência de
aprendizado. Entender como funciona a apresentação de outra
pessoa o deixará perto de descobrir a sua própria.
1. Grave um comediante que você gosta. (Assista TV ou alugue
fitas de vídeo apresentadas pelo seu comediante favorito.)
2. Assista a fita várias vezes.
3. Anote as respostas para as seguintes perguntas.
a. Qual é a atitude do começo ao final do show? (isto é, O
comediante é raivoso? Frustrado? Confuso? Preocupado?
Etc.). Anote aqui:

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________

b. Liste os tópicos (assuntos) tratados naquela rotina de


piadas (isto é, namoro, casamento, restaurantes, etc.)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_

c. O que você gosta e o que você não gosta a respeito deste


comediante?

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________

d. Memorize três minutos do ato deste comediante e o diga


em voz alta.

OBS.: Você não deve NUNCA, eu repito, NUNCA apresentar


publicamente o material de outro comediante. Este exercício é
planejado para ajudá-lo a perceber como soa o material de bons
profissionais. Apresente o material de outra pessoa mesmo para
somente uma outra pessoa é roubo e não vai levá-lo muito longe.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 11 Judy Carter


Agora... antes de passarmos a criação do seu próprio ato, existe
um pequeno demônio com o qual devemos tomar cuidado...

Lidando com o Medo

“Lembre-se, comédia não mata.”

As pessoas me dizem, “Eu nunca poderia fazer stand-up. Eu


ficaria amuito assustado.” Bem, o que há de novo? Eu gostaria que
essas pessoas pudessem ver a pessoa miserável e aniquilada que eu
era antes de ir em frente. Em todos esses anos em que eu tenho me
apresentado, eu nunca superei o medo de estar no palco. Não
importa se eu estou atuando para um pequeno grupo de pessoas, em
frente de uma multidão enlouquecida de milhares, ou apenas
pensando sobre a minha apresentação, eu ainda tenho ataques
selvagens de ansiedade. Eu me sinto absolutamente petrificada e
convencida de que a minha morte está próxima.
Paula Poundstone, uma bem sucedida comediante que fez
incontáveis aparições no Show de Carson e em especiais da HBO,
compara standup com paraquedismo. “Na primeira vez em que eu
pulei de um aeroplano, algo importante deu errado e eu pensei que
fosse morrer. E depois de aterrissar em segurança, meu primeiro
pensamento foi que isto era exatamente a mesma sensação que
fazer o Tonight Show.”
Infelizmente, não existe cura para o medo do palco. A boa
notícia é que, não somente o medo desaparece logo que você
aterrissa sobre o palco, mas que existe uma maneira de tornar o seu
medo controlável – e não é fazendo algo contra a lei.
Antes de aprender a lidar com o meu medo de modo
satisfatoriamente, eu tentei de tudo para cessar o terror que tinha
em atuar. Álcool e drogas foram um desastre. Eles me faziam
esquecer o meu número e reter água.
Pode não existir uma cura para o medo, mas existe uma
maneira de não deixar que ele controle a sua vida.
O truque para lidar com o medo é seguir em frente a despeito
da sensação de terror. A primeira vez em que Arsênio Hall ouviu seu
nome sendo anunciado no palco, ele correu aterrorizado porta afora.
Mesmo seu medo tendo persistido, ele de encheu de coragem para
tentar novamente. Anos depois, ele terminou com o seu nome nos
letreiros das principais casas de espetáculos, estrelando filmes com
Eddie Murphy e apresentando seu próprio talk show.
Stand-up requer coragem. É o que distingue os homens dos
meninos, as mulheres da garotas. Isso é o que é chamado
popularmente de “colocar o seu cu na reta”.
No primeiro dia de cada nova classe eu pergunto aos meus
estudantes, “Quantos de vocês morrem de medo de subir em um
palco?” Toda a classe levanta a mão. Eles admitem que estão

Stand-Up Comedy – The BookPágina 12 Judy Carter


aterrorizados. Eles querem a cura. Eu não tenho a cura.
Desapontados, alguns alunos abandonam o curso. Outros querem seu
dinheiro de volta. E os corajosos que restaram, ficam ali pela
diversão. Do modo como eu vejo, se você gosta de montanha russa,
você amará stand-up. Lembra-se? Você entra na fila, pensando que
será divertido, quando a fila se move, você começa a suar. Começa a
pensar que aquela foi realmente uma idéia estúpida. Você é o
primeiro da fila. Você entra no carro. Seu coração está pulando.
Talvez você morra. Entra em pânico, quer fugir. Os carrinhos
começam a escalar aquela subida interminável e, então –
wheeeeeee! Quando o trajeto termina, você sai do carrinho e não
pode esperar para fazer tudo de novo.
A medicina tem mostrado que o medo e a excitação produzem a
mesma reação física – “caganeira” (diarréia). Pessoas que evitam
assumir riscos (risk-taking) têm vidas desinteressantes. Eles querem
se proteger de sentir medo ou perder o controle. É precisamente
esta sensação de perder o controle que proporciona excitação e faz
de uma apresentação interessante de se assistir. Depois de anos
dessa loucura, eu percebi que se eu não sentia um pouco de medo,
não seria excitante. As raras vezes em que subo ao palco sem sentir
medo eu, hoje em dia, fico preocupada. De fato, o dia em que eu não
ficar mais nervosa será o dia em que eu desistirei da stand-up e
assumirei algon realmente assustador – como me casar.
Stand-up é um grande barato se você consegue superar aquela
voz crítica que lhe diz para ficar na cama com um quarto de “Rocky
Road”. Se você for mais do tipo divertido você tem uma consciência
(um crítico dentro de você) que reclama sem parar (yaps away) toda
a vez que você tenta algo novo. Meu crítico interior tem reclamado
sem parar nos últimos dez minutos: “Você não pode dizer ‘pinto’ em
um livro. Agora você ofenderá todo mundo. Pare de escrever e se
case já.”
Como você pode imaginar, não é nada agradável de se conviver
com este meu lado crítico (Slash – criticar - como eu gosto de chamá-
lo). Mas, como uma sombra, nós estamos presos um ao outro. Eu
cheguei a conclusão de que eu sempre terei uma consciência que
fala comigo como se eu fosse a escória da terra. Minha salvação tem
sido parar de fingir que ela não existe. Eu, agora, aceito minha
consciência e atualmente, descobri que os seu comentários podem
ser divertidos – às vezes. Eu garanto que, quando você começar a
criar o seu material, seu crítico surgirá soprando no seu ouvido coisas
horríveis para que você pare. Este é o momento em que a mioria das
pessoas desiste. Antes de você prosseguir, eu recomendo
enormemente que você faça esse exercício de controle do seu crítico
interior.

Workshop # 2
LIDANDO COM O SEU LADO CRÍTICO

Stand-Up Comedy – The BookPágina 13 Judy Carter


Quando eu tento ignorar o meu lado crítico, sua voz apenas
aumenta de volume. Então, eu fiz um trato com ela. Eu lhe dou um
tempo ininterrupto para falar com uma condição: que ela dê uma
volta enquanto eu estou criando. Funciona.
NOTA: Faça este exercício toda a vez em que você tiver um
ataque de ansiedade, ou um bloqueio de criação. Primeiro, leve o seu
lado crítico para dar uma volta. Permitir que o seu lado crítico se
expresse plenamente pode libertar o medo e restaurar seu processo
criativo.
Dê uma volta em torno do quarteirão e critique você mesmo em
voz alta, enquanto caminha (faça isso em um lugar onde você não vai
esbarrar em pessoas que você conhece e ser confundido com um
“bagperson” - vagabundo, drogado, bêbado). Dê um nome ao seu
senso crítico. Deixe tudo “numa boa”.
Ou, você pode dar uma volta e gritar com a sua voz crítica como
se ela fosse uma assustadora pessoinha. Esteja certo de que tudo
dará certo. Faça acordos – barganhe.
“Certo, Slash, eu vou fazer uma dieta, se você, primeiro, me
deixar terminar este capítulo, ok?”
Eu cheguei num ponto em que descobri que o meu lado crítico é
hilário – da mesma forma que eu descobri que todos os psicóticos
paranóicos são cheios de humor.
Então, dialogue com o seu lado crítico. Tirar o seu crítico de
dentro do armário e o conhecer a luz o tornará menos perigoso e,
talvez, ainda lhe forneça material engraçado. Sendo assim, pegue
papel e lápis. É hora de ouvir o que o seu lado crítico tem a dizer. Por
três ou cinco minutos:
 Anote tudo que ele diz, assim como um escrivão de um
tribunal – não avalie nada, simplesmente registre.
 Escreva as suas respostas. Dialogue com o desgraçado. Para
distinguir entre as duas vozes, experimente escrever como o
crítico com a sua mão direita, e como você mesmo com a
esquerda.
 Releia o que você escreveu e pergunte a si mesmo:
a) O seu lado crítico soa familiar? Se positivo... com quem
ele se parece? (meu chefe, minha mãe, meu irmão, etc.).
Escreva a sua resposta aqui:

______________________________________________________________________
__________________________________________________________________

b) Que tipo de relacionamento você tem com o seu lado


crítico? (mãe e filho, pai e pilha, carrasco e vítima,

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professor e aluno, etc.) Anote todos os seus
pensamentos. Alguns poderão soar vagos. Tudo bem.

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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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c) O seu lado crítico é razoável? Em algum momento ele


para de lhe criticar? Como você lida com ele? Como você
faz com que ele se cale? (Inclua beber e comer se isso faz
parte da sua anestesia.)

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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

O objetivo deste exercício foi libertar os seus demônios e colocar


você no controle do seu processo criativo. Uma vez que nós
relaxamos e paramos de lutar com nós mesmos, nosso crítico interior
pode nos suprir com um valioso material cômico. O próximo capítulo
mostrará como transformar o seu lado crítico em material cômico.

RESUMO

Lembre-se dessas regras e você e você estará preparado para um


bom começo:
1. Encare com seriedade o que você diz sobre o palco. Se
comprometa com o seu material.
2. Não tente ser engraçado. Não espere nada do público.
3. Não conte piadas ou histórias. Seja você mesmo.
4. Controle o seu lado crítico. Quando estiver com medo, dialogue
com o seu crítico interior.
5. Relaxe. Divirta-se.

Agora, vamos avançar para criar a sua apresentação de morte.

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Stand-Up Comedy – The BookPágina 16 Judy Carter
Capítulo 2

REUNINDO MATERIAL

“Podemos conversar?” “Claro... mas sobre o que?”

Você tem toneladas de material: sua vida

Você não tem que olhar no jornal para encontrar material. Todo o
material de que você necessita está dentro de você. É só o caso de
descobri-lo, colocá-lo para fora e entregá-lo para o público. Mesmo se
você nunca esteve sobre o palco antes, eu tenho certeza de que você
já fez um número. Lembra-se daquela festa onde você começou a
falar mal do seu ex-marido, as pessoas ficaram vidradas em você e
rolaram de rir? Ou, que tal aquela vez na terapia, quando você matou
o seu analista de rir, desesperada com o seu peso, ou divertiu o
carteiro reclamando das contas? Tudo isso poderia servir de material
para a sua apresentação.
Neste capítulo, nós iremos reunir seus temas, seu material cru.
No Capítulo 3 nós o transformaremos em rotinas engraçadas. Então,
por onde começar? O modo de começar a desenvolver material é
encontrar:
 A sua atitude
 Os assuntos de seu interesse
 E a conexão entre os dois

Descobrindo a sua Atitude

“Ninguém me respeitao...”
- Rodney Dangerfield
-
Quando um cantor canta, ele põe para fora os seus sentimentos.
Bons comediantes não contam piadas, simplesmente, eles se
apresentam com uma atitude emocional muito específica. Atitude é a
força vital de um ato. O material não pode ser emocionalmente
neutro. Os temas do seu interesse tem que te deixar com repulsa,
machucar você, deixa-lo excitado, porque o público não reage a
palavras, ele reage a sentimentos.
Toda pequena parte de seu material tem uma atitude específica,
tais como “Eu estou preocupado com...” ou, “EU AMO...” ou “Eu estou
FURIOSO com...” Este pedaço de um ato de Margareth Smith mostra
como ela se sente a respeito de seu empresário.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 17 Judy Carter


“I hate my manager. He’s always giving me advices like
‘Wear red lipstick up there. Look pretty.’ What if I’m not
funny and it´s coming out of these big old red lips? It’s like
being a crummy outfielder with a paisley mitt.”

“Eu detesto o meu empresário. Ele está sempre me dando


conselhos do tipo ‘Use batom vermelho quando estiver no
palco. Você fica bonita.’ E se eu não estou sendo engraçada
e o que eu disser sair de dentro desses grandes e velhos
lábios vermelhos? Minha boca vai parecer uma luva de
beisebol de um arremessador decrépito.”

Uma aluna de Spacy, Valerie Webber, se preocupa com coisas


estranhas:

“Eu fico intrigada com lapelas. Elas têm uma casa para
botão, mas nenhum botão. E para que servem aquelas
dobras em “V”? Se você juntá-las, elas formam um
quadrado? Quem inventou isso, Jean Paul Sartre? Lapelas!
Lapelas! Lapelas! A vida é um grande mistério!”

E a aluna Roseanne Keaton adora ser negra:

“Eu adoro ser Negra porque isso faz com que os meus
amigos brancos sintam-se muito liberais. Eu alugo a mim
mesma todos os dias de Martin Luther King como um
suporte áudio visual. Isso faz com que eu me sinta especial,
como a última uva passa em uma tigela de cereais.”

Atitude não deve ser confundida com persona. A maioria dos


comediantes tem uma atitude diferente para cada trecho de seu
material, e durante o seu número, eles pulam de algo que os deixa
com raiva para alguma coisa da qual eles têm orgulho, e depois para
algo que os deixam preocupados.
Uma persona é quando o comediante tem uma atitude
emocional específica para todo o seu número e todo o seu material
está ligado a isso.
Por exemplo:
Rodney Dangerfield – “Ninguém me respeita...”

Jay Leno – “Aqui está uma coisa estúpida...”

Richards Lewis – “Eu estou sofrendo...”

Todas as “piadas” que eles contam iluminam o modo particular


como eles trabalham o seu ponto de vista. Você pode sempre

Stand-Up Comedy – The BookPágina 18 Judy Carter


identificar a persona de um comediante. Esta é uma ciosa que nunca
está ofuscada.

“Eu liguei para o meu médico. Disse a ele que estava com
diarréia. Ele me pôs na espera. A história da minha vida...
nenhum respeito.”

- Rodney Dangerfield

“Eu vi um anúncio estúpido do lançamento de um novo


forno microondas que pode cozinhar uma refeição em dez
segundos. Será que existem pessoas que dizem, ‘Hei, eu já
estou em casa há mais de dez segundos, onde diabos está
o meu jantar?. ”

- Jay Leno

“Eu estou sofrendo... Eu deveria produzir um show no Radio


City: A Noite das Cem Ansiedades... Minha mãe trouxe uma
antena parabólica judia, ela capta problemas de outras
famílias... Para os feriados eu lhe comprei um candelabro
judeu que acende com resistência e um forno que reclama
da comida...”

- Richard Lewis

Comprar material para comédia antes de você ter uma persona


definida será um desperdício de dinheiro. Quando escritores de
comédia criam material para outros artistas, eles primeiro devem se
familiarizar com a persona daquele comediante. Material que é
perfeito para Richard Lewis provavelmente será um desastre nas
mãos de Jay Leno. Pessoas que roubam material cometem o erro de
roubar as piadas de um comediante sem a sua persona. Eu estava
me apresentando numa campanha beneficente para levantar fundos
e esta loira adolescente de olhos azuis tinha memorizado um número
de Bil Cosby palavra por palavra. Ela foi um fiasco. Mesmo que ela
tenha dito o material palavra por palavra, o que estava errado era a
atitude de Cosby: seu entusiasmo quase infantil pelo mundo em que
ele vive. Pessoas que roubam material estão destinadas ao fracasso.
Elas evitam o verdadeiro trabalho da stand-up – cavar fundo dentro
delas mesmas e descobrir seu jeito único e particular de enxergar o
mundo.
Muitos alunos querem saber logo qual deve ser a atitude deles.
Infelizmente, sua atitude geral, sua persona sobre o palco, não é algo
que você possa conscientemente planejar. Ao contrário,
preferivelmente, ela é algo que se desenvolve a medida em que você

Stand-Up Comedy – The BookPágina 19 Judy Carter


descobre os temas de seu interesse. Então, por enquanto, não se
preocupe com isso.
Na próxima sessão você começará o processo de cavar um
monte de tópicos e testar diferentes atitudes.
Aqui estão alguns tópicos dos meus alunos ao lado das suas
atitudes correspondentes:

TOPICOS ATITUDES
Correntes AMA
Minha pedicure AMA
Bárbara Bush ADORA
Gaze SE PREOCUPA
Liver spots (pedaços de fígado?) SE PREOCUPA
Ser um nerd SE ORGULHA
Cachorros quentes de graça AMEDRONTADO
Biquínis “peludos” (Fur Bikinis) AMEDRONTADO
O alergia de pele de minha mãe ODEIA
Mímica ODEIA
Pessoas que desembrulham balas ODEIA
nos teatros

Escolhendo os seus Tópicos


As coisas mudaram desde Lenny Bruce. Nos dias de hoje, há
pouca coisa que um comediante não possa dizer sobre o palco. Todos
nós sabemos sobre o que não podemos falar na TV. George Carlin fez
uma rotina cômica sobre os sete palavrões. Se você se sente que tem
autoridade para falar de alguma coisa e fala sobre ela com
comprometimento, você pode fofocar sobre qualquer coisa. Não
verifique se algum outro comediante está falando sobre o mesmo
assunto. Vá em frente. Se você se sentir inseguro a respeito de certos
tópicos, evite-os. Tudo isso tem a ver com você se sentir confortável
e comprometido com o seu tópico. Aqui vão alguns conselhos:

Tópicos Que Farão As Pessoas Jogarem Coisas Em Você

1. Piadas racistas. Não fale mal de negros, judeus, hispânicos,


orientais e assim por diante a menos que aconteça de você ser
negro, judeu, hispânico, oriental, etc. O mundo não precisa de
mais racismo e você não precisa de um nariz quebrado. Isso
também inclui falar mal dos homens se você é uma mulher e
vice versa. Ao invés de “Mulheres são difíceis de se lidar...”,
tente, “Eu tenho medo de mulheres fortes...” Expressar seus
medos interiores ao invés de reclamar sobre os outros resulta
em material melhor e o torna mais atraente.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 20 Judy Carter


2. Doenças. Não use câncer, AIDS, ou outra doença terminal como
um tópico a menos que você queira uma platéia deprimida e
com os olhos cheios de lágrimas.
3. Imagens nojentas. Evite criar metáforas gráficas (graphic
imagery) tais como qualquer coisa que pingue dos orifícios do
corpo humano. A platéia pode estar comendo.
4. Palavrões. Depende de como você os usa. Comediantes como
Kinison, Pryor e Carlin se utilizam deles com bom resultado, mas
comediantes preguiçosos usam palavrões porque eles não
conseguem imaginar como fazer algo ficar engraçado e pensam
que palavrões ajudarão. Em muitos casos, comediantes sem
talento usarão palavrões como uma maneira de camuflar sua
falta de paixão.

Um número cheio de palavrões não ajudará a arrumar trabalho.


Proprietários de Clubes de Comédia, tais como Jan Smith do Igby’s
Comedy Club de Los Angeles, fica relutante em contratar um ato
obsceno, especialmente de alguém que vai abrir um show porque
isso dá o tom para o show e tornará as coisas difíceis para os
outros que se apresentarem depois se eles não tem a mesma veia
obscena. Ao invés de termos literais de mal gosto, eu encorajo
meus alunos a usar eufemismos.
O comediante Jordan Brady tem um bloco de piadas em que ele
substitui por um efeito sonoro a palavra “foda”.

“A única coisa que eu gosto a respeito dos filmes pornôs é


aquele tema musical do início dos anos setenta (diz em
ritmo de jazz): “Bau chick a boom bau”. Quando você ouvia
esta música, sabia o que ia acontecer. A dona de casa está
sozinha, o jardineiro entra para beber água, e... ‘bau chick
a boom bau’. Ele poderia ter bebido da mangueira, mas ele
queria um pouco de: ‘bau chick a boom bau’.”

Essa piada, usada em um show matutino da CBS, mostra um


exemplo de como Jordan trabalha sem “sujeira”.
Palavrões podem se tornar bengalas para o comediante
preguiçoso e desesperado. Mas, se este é o seu estilo e você não
quer se apresentar na TV, pau no cú, use-os.

Quem é Você
A maneira correta de se construir um ato cômico é descobrir o
que você sente efetivamente sobre:
 O seu eu exterior (aparência física)
 O seu eu interior (temas pessoais, isto é, infância, pais,
escola, relacionamentos)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 21 Judy Carter


 O mundo em que você vive (comentários sociais,
política, etc.)

Os próximos exercícios tratarão da identificação de seus traços


externos e internos. (Comentário social e humor político é mais
complicado e será abordado no Capítulo 4). Eu lhe farei perguntas
muito pessoais. É essencial que você diga a verdade. Material
baseado em coisas verdadeiras estabelece uma relação pessoal com
a platéia. Mais tarde, no capítulo 3, você aprenderá como exagerar a
verdade para torna-la engraçada, mas nesse momento, seja honesto
e crível. A diversão virá mais tarde.
Eu também irei lhe pedir um monte de informações. Preencha
tanto itens quanto puder porque desenvolver material é como
alimentar peixes de briga Siameses. Eles precisam botar dois mil
ovos para que apenas dez filhotes sobrevivam. Não se critique,
apenas siga as instruções.

Traços Negativos de Personalidade


Existe alguma coisa a respeito de sua personalidade que o deixe
embaraçado? Você possui algum traço psicológico, ou um defeito de
caráter, ou alguma fraqueza que você tente esconder. Alguma coisa
que você ficaria envergonhado de revelar em um primeiro encontro?
Você é um comedor compulsivo? Um perdedor? Egoísta?
Aparentemente, traços negativos são solo fértil para bom
material. Jack Benny construiu seu ato inteiro no fato dele não
valorizar a si mesmo. Muito comediantes falam sobre seus fracassos
com as mulheres.

“Eu tenho baixa auto-estima. Quando eu estava na cama,


eu fantasiava que EU era outra pessoa.”

- Richard Lewis
Todo mundo tem traços que não são aceitáveis socialmente.
Quando mais embaraçante eles forem, melhores serão as “piadas”
que resultarão deles. As pessoas vão a um clube e pagam no mínimo
dois drinques para escutar coisas que elas simplesmente pensam a
respeito. O comportamento apropriado na vida real é perfeitamente
de acordo para o palco.

“Eu pensava que tinha síndrome pré menstrual. Mas, meu


médico disse, ‘Eu tenho boas e más notícias. A boa notícia
é que você não tem síndrome pré menstrual. A má notícia é
que você é uma piranha.”
- Rhonda Bates

Stand-Up Comedy – The BookPágina 22 Judy Carter


Tenha em mente que seus traços negativos precisam ser críveis.
Uma platéia não comprará um homem bonitão falando sobre como
ele é mal sucedido com as mulheres. Nem tão pouco, comprará uma
mulher magra falando sobre quão gorda ela é, a menos que ela diga
isso com sarcasmo. Mesmo que você se ache gordo, ou feio, a menos
que os outros também achem, você confundirá a platéia. Você tem
que estabelecer credibilidade com o público. Você precisa ser
autêntico e convincente. Diga a verdade.

“Eu tive que me mudar para Nova Iorque por motivos de


saúde. Eu sou extremamente paranóico e Nova Iorque é o
único lugar onde meus medos são justificados.”

- Anita Wise

Lembre-se, você não precisa inventar nada porque a verdade é o


suficiente para entreter.

Workshop # 3
TRAÇOS NEGATIVOS DE PERSONALIDADE

Hora de se confessar

Anote a seguir seus traços negativos de personalidade. Quanto


mais negativo, melhor. Tenha em mente que você esta anotando
traços psicológicos. Evite escrever traços físico, como unha
encravada (biter nail), magreza, caspa, e assim por diante.
Aqui vão alguns exemplos de meus alunos: comedor compulsivo,
piranha, CDF, pessoa que fala demais, neurótico, fracassado,
alcoólatra, mentiroso, vagabunda, quadrado, confuso, um filho da
puta que só se preocupa consigo mesmo.

1. ________________________________________________________________
2. ________________________________________________________________
3. ________________________________________________________________
4. ________________________________________________________________
5. ________________________________________________________________
6. ________________________________________________________________
7. ________________________________________________________________
8. ________________________________________________________________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 23 Judy Carter


9. ________________________________________________________________
10. ________________________________________________________________

Workshop # 4
CARACTERÍSTICAS ÚNICAS

Existe alguma coisa a seu respeito que o torne único? Você tem
uma ocupação incomum? O ato de uma aluna, Belinda Ware, foi
baseado no seu emprego estranho.

“Eu sou coveira no Forest Lawn. Não é tão ruim. Meus


clientes não reclamam.”

A aluna Joan Gibson era “caminhoneira”:

“Algumas pessoas pensam que mulheres não podem dirigir


caminhões. Ei, eu sou capaz de manobrar em vagas
minúsculas e de me segurar para ir ao banheiro por três mil
milhas, e minha bunda pode criar hemorróidas tão grandes
quanto as desse cara aqui.”

Você tem uma religião curiosa?

“Telling your parents you want to be a comedian is rough,


especially they’re Mormons. I remember sitting them down
and saying, ‘Now look, Mom, Dad, Mom, Mom, Mon…”

“Contar para os seus pais que você quer ser um


comediante é dureza, especialmente quando eles são
Mormons. Eu me lembro de pedir para que eles se
sentassem e dizer, ‘Agora, olhem, mãe, pai, mãe, mãe...”

Você tem alguma deficiência? A surda Katherine Buckley passou


para as semifinais de um concurso de comédia, sua primeira
experiência no palco, em parte porque seu material tratava de forma
honesta e aberta com a sua incapacidade de ouvir, enquanto ela
dava um novo tratamento a um tópico tradicional das comédias,
namoros:

“I haven’t had a date in two and a half years, but, maybe


that´s because I haven’t heard the phone ring.”

“Ninguém me convida para sair já há dois anos e meio.


Talvez, isso tenha alguma relação com o fato de eu não
escutar o telefone.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 24 Judy Carter


Ou, existe alguma coisa única a respeito de sua família? A aluna
Linda Adelman baseou seu ato em um tópico muito arriscado, seus
pais são sobreviventes do holocausto:

“... então, eu agrada-los, mas, não importava o quanto eu


limpasse a minha casa, quando eles me visitavam as
primeiros palavras que saíam da boca de meu pai eram ‘Eu
sinto cheiro de gás!’”

O comediante Blake Clark baseia seu ato no fato de ser um


veterano da guerra do Vietnã:

“Estou escrevendo um livro sobre minhas experiências


durante a Guerra do Vietnã que vai se chamar, Um Guia
dos Bares e Tavernas de Montreal.”

Você tem uma característica singular? Se tiver, anote-a aqui:

______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Workshop # 5
SEU EU EXTERIOR

Uma ótima maneira de abrir uma apresentação é fazer piada


com o mais óbvio – com o que você se parece. Você é magro, gordo,
de alguma etnia, e assim por diante? Pode ser algo tão simples
quanto o seu cabelo. Uma das minhas alunas tinha cabelo em
abundância. Ela subia no palco, esperava um momento, e então, dizia
com nenhuma expressão em seu rosto:

“Eu detesto meu cabelo.”

Isso fazia a casa vir abaixo. Nenhuma piada, nenhum desfecho,


simplesmente a verdade nua e crua com uma atitude cheia de
honestidade como “Eu detesto...”
Outro aluno tinha um visual completamente inexpressivo
(wimpy-looking). Suas primeiras palavras no palco eram:

“Ok, eu sou um nerd...”

Então, ele prosseguia falando sobre o seu orgulho em ser um


nerd.

“... quem mais levaria você ao aeroporto a uma da


manhã?”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 25 Judy Carter


Sua atitude era: “Eu me orgulho...”
Outra aluna tinha um visual muito, muito, muito rude. Ela era
guarda de segurança de dois metros com uma cicatriz de corte de
faca no seu rosto. Sua primeiras palavras depois de encarar a platéia
por alguns minutos era:

“Está certo, eu não sou a porra de uma debutante.”

Sua atitude era: “Eu estou zangada...”


Outros itens de traços externos dos meus alunos incluíam: “Eu
sou japonês...”; “Ombros largos...” (um aluno vestindo largas
ombreiras); “Eu sou açougueiro...” (uma garota com visual
masculino); “Eu sou negro...”; “Eu estou na meia idade...”; “Eu sou
deficiente...”; “Eu sou alto...”
Agora é sua vez. Qual é a primeira coisa que uma pessoa nota
em você? Existe alguma coisa em você que se destaca visualmente?
Se você não sabe, então, pergunte a um amigo. Pergunte a um
colega comediante, a um amigo ou a estranhos no meio da rua.
Estranhos são a melhor fonte de informação porque eles são como a
sua platéia – um grupo de pessoas que você não conhece. Seja o que
for, deve ser verdadeiro e óbvio.
Aqui estão mais alguns exemplos de meus alunos: gordo, magro,
cabeludo, narigudo, sexy, bonita, mal vestida, Negro, Caucasiano,
Latino, etc.
Escreva as suas respostas aqui:
1. _________________________________________________________________
2. _________________________________________________________________

Esses traços físicos não serão engraçados agora, mas eles serão
de grande ajuda para a criação de material no Capítulo 3.
Se esse exercício sobre traços físicos não tiver resultado em
nenhum material, não se preocupe. Muitos dos meus alunos não
têm traços físicos notáveis o suficiente para se brincar a respeito.

Um Dia na Vida do Seu Eu Interior


Quais são os assuntos pessoais com os quais você está lutando
nesse exato momento? O que você odeia? O que te preocupa? O
que o assusta?
A medida em que o dia passa, observe quais pensamentos
parecem surgir repetidamente em sua mente. Observe o que
habita a sua mente. Sobre que relacionamentos você tem pensado
a respeito. Mãe? Pai? Contador? Cães? O que incomoda você?
Temas que são viscerais para os meus alunos vão da guerra
nuclear ao chupão. CARREGUE UM PEQUENO CADERNO. Não

Stand-Up Comedy – The BookPágina 26 Judy Carter


censure ou julgue o que você estiver pensando, apenas fique
atento a eles e tome nota.
Um momento ideal para esta atividade escrita é logo quando
você se levanta. Eu descobri que o que eu escrevo é menos
“bloqueado” se é a primeira coisa que eu faço de manhã. E eu
quero dizer a primeira coisa mesmo, antes de sair da cama, antes
de tomar café. Deixe este livro e uma caneta perto da sua cama.
Se você não funciona antes de tomar um café, então, faça algum à
noite, antes de dormir e deixe em uma garrafa térmica ao lado da
cama. Quando você fizer esse exercício, talvez você fique perplexo
com o que sai de você:

“Eu odeio poeira em agulhas de toca-disco, tíquetes


de estacionamento, circo...”
“Eu tenho medo de absorventes, aviões, escuridão, da
morte...”
“Eu me preocupo com comida com olhos, ficar velho,
meu rosto enrugando...”

Workshop # 6
COISAS QUE VOCÊ ODEIA

Faça uma lista das coisas que você odeia. Coisas que o
desagradam. Escolha tópicos que sejam mais pessoais. Um pai é
melhor do que um tio. Tópicos que tem sido terreno fértil para boas
piadas são: cirurgia plástica, encontros às escuras, homens que
cospem, pelos que crescem em lugarem incomuns, ninfomaníacas
(bimbos), proctologistas, o modo como o meu pai come, a alergia
da minha mãe...
Carregue esta lista com você durante todo o dia e anote ao
menos dez coisas que você odeia. Não corte nada. Seja brutal,
irreverente, e o mais específico que puder. Odiar “o modo como
minha mãe se levanta da cama” é melhor do que odiar sua mãe.
Odiar Couve de Bruxelas é melhor do que odiar verduras. Não
preencha a lista de uma só vez. Seja genuíno e tenha paciência
enquanto você reúne as sementes de seu ato.

1. Eu odeio
_________________________________________________________
2. Eu
odeio__________________________________________________________
3. Eu
odeio__________________________________________________________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 27 Judy Carter


4. Eu
odeio__________________________________________________________
5. Eu
odeio__________________________________________________________
6. Eu
odeio__________________________________________________________
7. Eu
odeio__________________________________________________________
8. Eu
odeio__________________________________________________________
9. Eu
odeio__________________________________________________________
10. Eu
odeio__________________________________________________________

Workshop # 7
COISAS QUE TE PREOCUPAM

Mais uma vez, seja específico o tanto quanto possível. Se


preocupar com manchas na pele é melhor do que se preocupar
com envelhecimento em geral. Anote todas as coisas excêntricas
com as quais você se preocupa.

1. Eu me preocupo com
_________________________________________________
2. Eu me preocupo com
_________________________________________________
3. Eu me preocupo com
_________________________________________________
4. Eu me preocupo com
_________________________________________________
5. Eu me preocupo com
_________________________________________________
6. Eu me preocupo com
_________________________________________________
7. Eu me preocupo com
_________________________________________________
8. Eu me preocupo com
_________________________________________________
9. Eu me preocupo com
_________________________________________________
10. Eu me preocupo com
_________________________________________________

Workshop # 8
COISAS QUE TE ASSUSTAM

Stand-Up Comedy – The BookPágina 28 Judy Carter


Anote todas aquelas coisa que te assustam. Lembre-se que
precisam ser itens que realmente te dão medo. Fique longe das
coisas típicas como guerra nuclear e descubra aquelas pequenas
coisa incomuns como bicho da batata, biquínis peludos, correntes,
mecânicos de automóveis, morrer em um avião...

1. Eu tenho medo de
_________________________________________________
2. Eu tenho medo de
_________________________________________________
3. Eu tenho medo de
_________________________________________________
4. Eu tenho medo de
_________________________________________________
5. Eu tenho medo de
_________________________________________________
6. Eu tenho medo de
_________________________________________________
7. Eu tenho medo de
_________________________________________________
8. Eu tenho medo de
_________________________________________________
9. Eu tenho medo de
_________________________________________________
10. Eu tenho medo de
_________________________________________________

Workshop # 9
ATITUDE

Adicionando Atitude

Antes de você organizar seus itens como material de stand-up,


você precisa captar o sentimento para você irá falar sobre seu tópico
com uma atitude específica.
Até agora você tem várias listas:
 Traços negativos de personalidade
 Características singulares
 Atributos físicos que chamam atenção
 Coisas que você odeia
Stand-Up Comedy – The BookPágina 29 Judy Carter
 Coisas que te preocupam
 Coisas que te dão medo

Como eu disse antes, todos os tópicos devem ser representados


com uma atitude específica. Para captar este sentimento, escreva
todo o seu material em pequenos pedaços de papel e os coloque
em uma bolsa. Pegue um gravador portátil ou uma caneta e papel.
Encontre um lugar reservado onde você possa caminhar e falar
com você mesmo sem ficar constrangido. Tire um tópico da sua
coleção de temas e comece a falar sobre ele o mais rápido que
você puder no gravador, ou escrever o mais ligeiro possível, de
maneira que você liberte todo o seu ódio, preocupação, medo ou
orgulho. Exagere esses sentimentos.
Você está zangado com a sua vida amorosa? Grite, expresse
todo o seu ódio no gravador ou escrevendo tudo sobre sua vida
amoroso que o deixa furioso e o porquê. Pergunte a si mesmo,
“Porque isso me irrita e quais seriam algumas conclusões
engraçadas?” Solte-se. Por exemplo:

“Eu estou zangada por ser solteira. Porque todos os


príncipes com quem eu saio viram sapos no final? Estou
zangada por ser uma mulher na casa dos trinta que
começa a pensar em ter filhos enquanto os homens de
trinta anos começam a pensar em sair com meninas que
poderiam ser suas filhas. Estou zangada com Florence
Henderson. Eu não sei porque eu passo noites acordada
pensando sobre ela, talvez seja porque ela é tão normal. Eu
tenho raiva de não ser normal. Que, ao invés de ter dois
filhos e um marido, eu tenha dois gatos e um cachorro. Há
alguma coisa de errado com uma mulher que prefere a
companhia de seu cachorro ao invés de sair com um
homem? Eu não sei... talvez eu seja meio humana, meio
cachorro. Deveria haver um livro com o título Mulheres Que
Amam Demais Os Cães...”

Permita-se expressar livremente, de forma plena a sua atitude.


Se envolva profundamente. Seja intenso. Seja apaixonado. Não
tente ser engraçado. Grite, fala com todo o sentimento sobre
qualquer coisa que vier a sua cabeça a respeito daquele tópico.
Não pense muito. Quando você esgotar o que tem a dizer, continue
repetindo, “Eu odeio (seu tópico)” de novo e de novo. As coisa
boas geralmente surgem quando você não tem mais o que dizer.
Se você está preocupado com alguma coisa, seja você mesmo,
seja autêntico:

“Eu estou preocupado sobre ter trinta e poucos...


Envelhecer me preocupa. Embora eu nunca tenha pensado

Stand-Up Comedy – The BookPágina 30 Judy Carter


que eu me preocuparia em envelhecer já que meu nome é
Judy e eu nunca conheci uma idosa que se chamasse Judy.
Agora, isso é uma realidade. Talvez, alguma coisa aconteça
com as garotas que tem nomes jovens tais como Debby,
Judy e Susie. Em uma certa idade, eles te obrigam a mudar
seu nome para Dóris, Edna ou Mirtes. Eu estou preocupada.
Quando isso acontece? Quando é esse dia em que eu serei
considerada velha. Eu me preocupo que um dia eu acorde
e não importa o calor que esteja fazendo... eu queira vestir
um casaco. Eu me preocupo que eu fique eu fique velha e
comece a espalhar potes de balas por toda a casa. Eu
estou preocupada em ter um desejo incontrolável de
comprar uma bolsa preta de vinil. Me preocupa que, um
dia, eu entre no meu carro e o volante seja grande demais.
Eu me preocupo... etc.”

Atitudes contrastantes
Uma maneira eficiente de criar material é usar uma atitude
oposta em relação a um tema e falar sobre ele com sarcasmo e
cinismo. Não existe nada de engraçado sobre “Eu sou em cara
selvagem e louco”. Mas, quando Steve Martin diz essas palavras com
uma atitude forte, ele faz a platéia vir abaixo.Sua atitude é ter
orgulho em ser elvagem e louco. E ele passa essa informação com
um comprometimento exagerado.
David Letterman construiu sua carreira a partir desta técnica de
sarcasmo, cinismo e ironia:

“Oh, sim, teremos um grande show esta noite, um show


excitante, você pode até sentir essa de que alguma coisa extra
especial vai acontecer hoje à noite.”

Nas minha aulas, quando meus alunos empacam, eu sugiro que


eles identifiquem em uma palavra uma atitude improvável para seus
temas e falem sobre ela usando a técnica do sarcasmo. Por exemplo,
uma aluna tinha “ser solteira” em sua lista de “coisas que eu odeio”.
Quando ela se expressou com exagero a respeito de como ela odiava
ser solteira, aquilo soou como se ela estivesse se lamentando e
reclamando. O material ficou bem melhor quando ela mudou a
atitude de ódio para adoração e o falou com a técnica do sarcasmo:

“Oh, eu simplesmente adoro ser solteira... Eu adoro, adoro! É


muito mais divertido por um bracelete sem ajuda de ninguém. E
eu tenho passatempos fascinantes, do tipo tecer e fazer
edredons a partir dessas luvas que a gente usa para tirar coisas
do forno.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 31 Judy Carter


Workshop # 10
FALANCO COM SARCASMO

Para ter uma idéia de como isso funciona, experimente usar a


atitude de AMAR para um item que da lista de coisas que você odeia.
Grite, se expresse com intensidade sobre o quanto você ama aquele
item em um tom de sarcasmo, ironia e cinismo. Tente falar sobre isso
do jeito que você acha que o David Letterman falaria.

Workshop # 11
SENTINDO ORGULHO

Outra maneira de criar atitudes contrastantes ou atípicas é


adicionar a atitude de “Eu me orgulho” aos itens de sua lista de
traços negativos de personalidade. A maioria das pessoa se
envergonham de serem fracassadas, mas, quando você finge ter a
atitude incomum de “Eu me orgulho de ser um fracassado”, você
liberta o potencial da comédia.

“Eu me orgulho de ser um fracasso... É algo no que eu sou


bom. Ei, pelo menos eu sou confiável. Se você precisa de
alguém que ponha tudo a perder, você pode contar
comigo.”

Aqui, o comediante deficiente Gene Mitchener dá um enfoque


absolutamente novo para um tópico difícil:

“Eu me orgulho em ser deficiente físico. Se não fosse por


caras como eu, vocês perderiam o dia todo procurando por
uma vaga para estacionar.”

Pratique esta técnica de ter uma atitude contrária, agregando a


atitude de ter orgulho de seus traços negativos de personalidade e/
ou de suas características singulares. Por exemplo:

Eu tenho orgulho de __ser um


fracassado_______________________________________
PORQUE: Eu economizo em
telefonemas________________________________________

______________________________________________________________________
_

Stand-Up Comedy – The BookPágina 32 Judy Carter


Eu me orgulho de: de só pensar em
mim__________________________________________________
PORQUE: eu não tenho de fingir que eu me interesso pelos
outros______________

______________________________________________________________________
_

Eu me orgulho de: ser um


fudido_____________________________________________
PORQUE: Eu consegui uma bolsa para fazer
terapia_______________________

______________________________________________________________________
_

Eu me orgulho de: deixar tudo pra mais


tarde___________________________________
PORQUE: isso me livra de me tornar um viciado em
trabalho________________

______________________________________________________________________
_.

Agora, escreva você.


Pegue das listas que você fez no exercício #3 e 4 e coloque as
considerações interessantes aqui. Use tanto os seus traços negativos
de personalidade como também suas características singulares.
Lembre-se, ninguém mais vai ler o que você escreveu e não existem
respostas certas ou erradas.

1. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 33 Judy Carter


2. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

3. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

4. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 34 Judy Carter


_____________________________________________________

_____________________________________________________

5. Eu me orgulho de
_____________________________________________________
PORQUE:
_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

Agora, experimente o exercício de falar estes tópicos com vigor e


sentimento o mais rápido que puder usando a atitude “Eu tenho
orgulho”. Imagine que vocês ta falando para alguém. Pratique
conversar sobre os seus temas como se você estivesse defendendo a
si mesmo para esta pessoa. Você não tem que suar literalmente as
palavras “Eu tenho orgulho”. Você pode simplesmente sentir. Por
exemplo, “Eu tenho orgulho de ser um CDF!” se torna “Certo, eu sou
um CDF.” A, então, defenda a você mesmo dando ênfase nas
vantagens de ser um CDF assim como fez meu aluno Steve Guentner:

“Eu não tenho vergonha. CDF’s tem um monte de


qualidades. Nós somos bons para a economia. Quem mais
compra todas essas calculadoras, meias brancas, óculos,
protetores de camisa, camisas xadrez, réguas de arquiteto,
computadores, vídeos do seriado Jornada nas Estrelas,
livros de ficção científica, e blocos de zona azul? CDF’s!
CDF’s prestam serviços valorosos. Quem se candidata a
presidente? CDF’s! Quem lhe dará uma carona ao
aeroporto as três da manhã? CDF’s!”

Misture e Combine
Trabalhe misturando e combinando mais de seus tópicos em
atitudes inusitadas. Se você é um cara, ‘adorar mulheres obesas’ é
muito mais interessante e simpático do que ‘odiar garotas gordas’. Se

Stand-Up Comedy – The BookPágina 35 Judy Carter


você é uma garota e um tema da sua lista de características
exteriores são suas coxas, por exemplo, tente uma atitude
improvável de “amor”.

“Eu ano minhas coxas gordas. Elas me mentem aquecida


no inverno e mesmo que eu ficasse isolada no Círculo
Ártico, elas poderiam manter várias pessoas aquecidas.
Sim, elas poderiam. Isso daria a elas algo para segurar...”

Com muita freqüência, meus alunos terão respostas típicas em


suas listas de coisas que eles odeiam, tais como ‘Eu odeio ficar em
filas’, ou, ‘Eu odeio receber multas’. Então, o que é novo?
Provavelmente, conduzir para um final engraçado de matar. Mas,
agora, troque tudo de lugar, de modo que fique assim, ‘Eu amo
receber multas’ e assista o potencial da comédia se revelar:

“Eu amo receber multas. Eu acho que eu simplesmente


gosto de ganhar atenção de um homem com uma arma.
Isso me faz sentir notada. Eu gasto todo o meu dia
escolhendo uma roupa especial e, então, saio de casa e
acelero. E você conhece aquela sensação excitante quando
você enxerga aquelas luzes vermelhas no seu espelho
retrovisor? Meu coração vai até a boca e me sufoca. É
melhor do que fazer sexo...”

Workshop # 12
MISTURANDO E COMBINANDO ATITUDES

Para praticar, ponha suas mãos para trabalhar em expressar-se


com vigor a respeito dos seguintes tópicos com estas atitudes
inusitadas:

1. “Eu odeio sexo”.


2. “Eu tenho medo de clipes”.
3. “Eu me preocupo com “fótons”.

Agora, experimente gritar no seu gravador usando atitudes


inusitadas com os seus tópicos. Se odiar verduras congeladas não
funciona para você, então, experimente outra atitude. Tente “Eu
tenho medo de verduras congeladas’, ou, “Eu me preocupo”, sinta a
sensação. Continue falando. Se nada cier a mente, prossiga repetindo
a sua atitude. “Eu estou zangado... Estou zangado...” Deixe ser
apanhado pela paixão do momento. Se você perceber que está
falando sobre alguma coisa totalmente diferente do que você tinha
planejado, tudo bem. Deixe que seu espírito o guie. Vá na onda. Não
tente ser engraçado. Apenas, real e prossiga. Realmente se

Stand-Up Comedy – The BookPágina 36 Judy Carter


somprometa com a atitude e as palavras virão. Se não, continue com
outro tópico.

Workshop # 13
ACHANDO AS PÉROLAS NO MEIO DO LIXO

Existe a possibilidade de, no meio de toda a sua falação, existir


algum material engraçado.

1. Escute repetidamente a fita que você gravou e perceba que


partes soam como se fossem engraçadas. Ou, talvez, alguma
coisa que você tenha dito lhe dê uma idéia para algo
completamente diferente. Lembre-se, não conte piadas. Cada
pedaço tem de consistir de uma atitude atrelada a um tópico.

2. Trabalhe com um parceiro. Criar um sistema de ajuda enquanto


está estudando este livro é altamente recomendado. Nas
minhas aulas, é obrigatório para meus alunos trabalhar dez
minutos cada manhã em seus atos eles mesmos e se reunir ao
menos uma vez por semana com um companheiro de curso. Ter
alguém para reagir ao seu material ajudará a aprender o que é
engraçado e o encorajará a desenvolver mais material. Além
disso, só o fato de ter alguém para olhar enquanto você diz o
seu material é um passo crucial para falar diante de uma
platéia.

3. Teste seu material no seu trabalho, com amigos, ou com o


carteiro. Aviso: nunca deixe as pessoas saberem que elas estão
sendo usadas como cobaias da comédia. Nunca introduza o seu
material com “Você acha que isso é engraçado?” porque eles
não acharão engraçado. Coloque o seu material sutilmente no
meio de uma conversa. O melhor lugar possível é uma festa,
ou um bar onde as pessoas não te conheçam.
A aluna Jennifer Heath experimentou material na lavanderia:

“Eu me preocupo com essas bolinhas que aparecem nas


roupas. De onde elas vêm? Eu lavo minhas roupas várias
vezes e sempre aparecem essas bolinhas, mas minhas
roupas não diminuem de tamanho. E por que, não importa
qual seja a cor das roupas que você lava, as bolinhas são
sempre cinzas?”

4. Se alguém rir, anote palavra por palavra o que você disse de


modo a lembrar-se o que foi dito exatamente da maneira pela
qual você obteve a risada. E parabéns. Você tem o primeiro
pedaço do seu ato.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 37 Judy Carter


5. Se ninguém rir de nada, continue tentando material diferente ou
amigos diferentes. Não o importa o que você faça, não desista.

Lembre-se que quando uma platéia vê um comediante fazer cinco


minutos no programa do Johnny Carson, o que eles não vêem é todo
o material que ele teve que jogar fora. As vezes, haverá talvez
apenas um pequeno fragmento de idéia em uma das duas gravações
ou anotações a respeito de um tópico que você poderá usar em
algum lugar. O comediante Jerry Seinfeld diz que muito do seu
material surge para ele dos hábitos que ele segue enquanto está no
toalete. Você gastará cerca de de uma hora jogando conversa fora
para obter cada três minutos de material – se você tiver sorte.

Resumo
Até agora você:

 Aprontou as suas listas de tópicos


 Desenvolveu as atitudes para cada tópico
 Desenvolveu as atitudes inusitadas para seus tópicos
 Gravou você se expressando com vigor a respeito de cada
tópico
 Trabalhou com um parceiro de comédia
 Testou seu material com amigos e estranhos
 Anotou o material que fez as pessoas rirem

Guarde todo o material escrito e gravado. No próximo capítulo você


aprenderá fórmulas de comédia para transformar este material ainda
cru em rotinas cômicas de matar de rir.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 38 Judy Carter


Capítulo 3

Tornando seu Material Engraçado

As fórmulas
Até o presente momento, você já gravou a si mesmo
expressando seus tópicos com vigor e testou um pouco do seu
material. Muito provavelmente, alguma parte de seu material
provocou risadas enquanto outra parte foi recebida com um frio
silêncio. Você, provavelmente, também descobriu que o material que
obteve risadas na primeira tentativa, não funcionou quando testado
novamente. Não se assuste. Neste capítulo, você irá moldar e
transformar tudo o que pos para fora com vigor, em material
profissional de comédia por meio de fórmulas específicas da stand-
up.
Você, talvez, esteja resmungando baixinho “Por que ela não me
deu essas fórmulas logo no começo e acabou logo com isso?”. Boa
pergunta.
Eu descobri que material baseado apenas em fórmulas soa
artificial, sem alma, e não é engraçado. Falta paixão. E paixão tem de
vir em primeiro lugar. Paixão fornece o combustível, o movimento, a
inspiração que irá guiá-lo através do seu ato. A paixão revela a sua
essência – diz quem você realmente é. Mas, paixão e talento não são
suficientes. Você deve ser capaz de tornar as suas idéias
compreensíveis, inteligíveis e fazê-las claras para a platéia.
Mantenha isso em mente, você agora está preparado para
aprender as fórmulas que o ajudarão a moldar e estruturar idéias de
modo que a platéia entenda exatamente o que você está tentando
comunicar.
Eu não posso dizer com certeza absoluta do que uma platéia irá
rir, mas eu posso dizer com certeza ela não achará graça de algo que
ela não entende. Lembre-se, a maioria das pessoas em um night club
está bêbada. Enquanto você está sobre o palco com o material que
faz sentido perfeitamente para você, para a sua mãe e para o seu
confeiteiro, a questão se torna: será claro para algum cara excitado,
com duas margaritas agindo abaixo de sua cintura, que somente está
interessado em transar?

Preparação / Desfecho
Todo material de stad-up deve ser organizado na fórmula de
preparação (setup) e desfecho (punch). Se seu material não está
organizado desta maneira, você não está fazendo standup. Talvez

Stand-Up Comedy – The BookPágina 39 Judy Carter


você esteja contando uma história engraçada, recitando uma poesia,
fazendo um discurso, mas isso não é standup. Stand-Up comedy é
uma forma muito específica de entretenimento, e consiste em uma
coleção de preparações e desfechos (setups e punches).
O desfecho é quando a audiência ri. A preparação é aquela linha
ou duas que conduz até o desfecho.

SETUP:
“Minha mãe é uma típica mãe judia. Uma vez ela esteve
em um julgamento e tiveram que mandá-la para casa...”

PUNCH:
“Ela insistiu que era culpada.”

A preparação (setup) é a parte sem graça da piada. É a parte da


piada que contém a informação que introduz a matéria, o tema, o
assunto da piada.

SETUP:
“At my gym they have free weights...”

“Na minha academia eles tem aqueles pesos individuais...”

PUNCH:
“So, I took them home.”

“Então, eu levei os meus para casa.”


- Steve Smith

A preparação cria expectativa. O desfecho entrega a piada.

SETUP:
“I’m into Jewish bondage…”

“Eu estou interessado pela subserviência judaica...”

PUNCH:
“… that’s having your money tied up an IRA account.”

“... que é ter o seu dinheiro parado em uma conta do SUS.”

- Noodles Levenstein

Mesmo dentro de uma piada de uma linha só existe uma


preparação e um desfecho.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 40 Judy Carter


SETUP:
“I used to be a virgin, but I gave it up...”

“Eu acreditava na virgindade, mas desisti...”

“Eu já fui virgem, mas desisti...”

PUNCH:
“… there was no money in it.”

“... ganho muito mais dinheiro sendo uma vagabunda.”

“... não se ganha dinheiro com isso.”

- Marsha Warfield
SETUP:
“Se pessoas que não enxergam usam óculos...”

PUNCH:
“Por que os surdos não usam protetores de orelha?”

SETUP:
“I’m a great lover...”

“Eu sou um grande amante...”

PUNCH:
“… I bet.”

“... Eu aposto.”

- Emo Philips

Uma preparação bem feita seduz a platéia a prestar atenção em


você. Um bom desfecho força a platéia a ter uma reação. Aqui, Rita
Rodner prepara o desfecho fazendo uma pergunta a platéia que os
arrasta em uma direção:

SETUP:(PERGUNTA)
“Why are women wearing perfumes that smell like
flowers?”

“Por que mulheres usam perfumes com fragrância de


flores?”

Então, o desfecho é sua inusitada reação a preparação:

Stand-Up Comedy – The BookPágina 41 Judy Carter


PUNCH:
“Men don’t like flowers. I’ve been wearing a great scent. It’s
called ‘New Car Interior’.”

“Homens não gostam de flores. Eu agora uso uma


excelente fragrância. Ela se chama: ‘Interior de Carro
Novo’.”

Emo Philips ganha a atenção da platéia usando uma preparação


que choca o público:

SETUP:
“Probably the toughest time in anyone’s life is when you
have to murder a loved one because they’re the devil...”

“Provavelmente, o momento mais duro na vida de qualquer


pessoa é quando você tem que matar alguém que você
ama porque ele é o demônio...”

PUNCH:
“… Other than that, it’s been a good day.”

“... tirando isso, tem sido um bom dia.”

E o mais importante, o desfecho contrasta com a preparação de


uma maneira inesperada.

SETUP:
“I’m a quadrasexual.”

“Eu sou um ‘trocasexual’.”

PUNCH:
“That means I’ll do anything with anyone for a quarter.”

“Isso significa que eu farei qualquer coisa com qualquer um


por um trocado.”

- Ed Bluestone

Um desfecho sem uma preparação é como sexo sem


preliminares. Imagine quere beijar alguém. Um amante amador se
apressa sem se preocupar em preparar o beijo para o que virá. Um
amante mais habilidoso prepara a situação, primeiramente, talvez,
tocando a nuca. Então, tirando seus óculos. Aproximando-se devagar
da sua amada e, então... o beijo.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 42 Judy Carter


Você deve ter notado que as piadas acima não contém uma
atitude específica tal como “Eu odeio” ou “Eu me orgulho” e assim
por diante. Quando lapidam seu material no formato de preparação e
desfecho, os comediantes mais profissionais irão interpretar sua
atitude ao invés de dizê-la de forma explícita. Por exemplo, a atitude
de Rudner no trecho acima poderia ser “Eu odeio mulheres que usam
perfumes que tem cheiro de flores.” A atitude da piada de Bluestone
poderia ser, “Eu me orgulho de seu um ‘trocasexual’.” A atitude é,
então, comunicada na maneira como o comediante expressa seu
material.

Workshop # 14
IDENTIFICAÇÃO DA PREPARAÇÃO E DO DESFECHO

Grave um comediante da TV. Transcreva e analise dois minutos


do material dele ou dela. Responda as seguintes perguntas:

1. Quais são os desfechos?


2. Quais são as preparações?
3. Conte os desfechos.
4. Em média, quantas linhas têm a preparação de cada desfecho?
5. Você poderia identificar a atitude do comediante em cada
preparação?

Descobrindo Seus Desfechos


O primeiro passo na organização de seu ato é identificar quais
são as suas tiradas engraçadas – o desfecho de suas piadas.
Assustador, não? Muitos estudantes perdem a coragem aqui porque
eles não pensam que o que eles dizem tem alguma coisa de
engraçado.
Eu repito: Você não está tentando ser engraçado. Você tem que
se expressar com vigor, em voz alta a respeito dos temas e assuntos
pelos quais você se relaciona de maneira apaixonada. Para Woody
Allen, não existe nada de engraçado sobre seu medo da morte.

“I don’t mind death, I just don’t want to be there when it


happens.”

“Eu não me importo com a morte, eu só não quero estar lá


quando ela chegar.”

Para a minha aluna Nancy Wilson, não há nada de divertido em


sua luta com o alcoolismo.

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“I would drink because I wasn’t married...”
Stand-Up Comedy – The BookPágina 43 Judy Carter
“Eu bebia porque não era casada...”

PUNCH:(EXAGERO)
“… and then I would drink because I was married.”

“E, então, passei a beber porque era casada.”

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Then I would drink because I couldn’t find my kids…”

“Então, bebia porque não conseguia encontrar meus


filhos...”

PUNCH:
(EXAGERO)
“…and then I would drink because I found them”

“E, então, passava a beber porque eu os encontrei.”

SETUP:
(INFORMAÇÃO)
“Quando eu larguei a bebida eu percebi que eu tinha
gêmios idênticos... Eu sequer tinha me dado conta disso...”

PUNCH:(EXAGERO)
“Eu pensava que todo o tempo eu estava vendo dobrado.”

É engraçado observar alguém envolvido com suas batalhas e


interesses. Até este ponto, você não es´ta necessariamente
capacitado a analisar o seu material. Com o objetivo de descobrir
seus desfechos ou tiradas, você precisa estar disposto a testar o seu
material diante outras pessoas. Lembre-se, não deixe que eles
saibam que você está experimentando suas piadas. Apenas comece a
falar do seu corte de cabelo:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I just hate my hair. I was out with my boyfriend looking like
some pre Rafaelite dream…”

“Eu simplesmente odeio meu cabelo. Eu saí com o meu


namorado parecendo um sonho renascentista...”

PUNCH:(EXAGERO)
“… I woke up de next morning looking like Don King.”

“...na manhã seguinte, acordei parecendo o Tony Tornado.”

- A aluna Mary Edith Burrel

Stand-Up Comedy – The BookPágina 44 Judy Carter


Ou, para o seu farmacêutico:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“I hate flavored douches...”

“Eu detesto banhos aromatizados...”

PUNCH: (EXAGERO)
“… If I was meant to smell like a strawberry, I would have
been born in a basket with a green thing growing out of my
head.”

“... se eu estivesse preocupado em cheirar como um


morango, eu teria nascido em uma cesta e teria uma coisa
verde saindo do topo da minha cabeça.”
- A aluna Jennifer Health

Carregue o gravador na sua bolsa e o leve para todo lugar. E eu


falo sério quando digo: TODO LUGAR. Mesmo no meio de uma transa,
comediantes precisam estar preparados para gozar e dizer “Espere
um minuto, preciso dar um tempo com a sacanagem e dar uma
atenção aqui”.
Escute a sua gravação. Onde todo mundo riu, ali está a sua
tirada, o seu desfecho. Você talvez tenha perdido uma transa, mas
conseguiu um pequeno trecho de material.
Lembre-se: Standup exige culhões.

Workshop # 15
DESFECHOS

Ouça a sua gravação e a transcreva para o papel, espaço duplo,


no mínimo três páginas das suas lamúrias. Sublinhe todos os
desfechos cômicos, os lugares onde você espera que as pessoas
riam. Então, leia…

Moldando O Seu Ato No Formato de Preparação e


Desfecho
“Eu não imaginava que isso seria um trabalho tão árduo. Eu
pensei que comédia fosse supostamente para ser
divertida.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 45 Judy Carter


Este é o estágio em minha aula onde os meus alunos querem
pular fora.
É péssimo que escrever comédia não seja a bagunça que
aparentava ser nos shows de TV do Dick Van Dyke. Sally, Rod and
Buddy davam a impressão de que os escritores saiam falando
bobagens, rindo uns dos outros com tiradas preciosas cada vez que
abriam a boca. Qualquer pessoa que já esteve perto de um escritor
de comédia de verdade sabe que às vezes, a procura pela preparação
ideal para uma piada sobre roupas íntimas é tratada com a
intensidade e seriedade de uma estratégia de negociação de
armamentos. Algum material surgirá pronto, como um (like a colt), e
algum será parecido com um poema épico ou uma escultura que
você segue lapidando por semanas, meses, ou mesmo anos.
Eu lhe prometo que uma vez que você domine as técnicas deste
capítulo, a diversão aparecerá. Ela vem quando você apresenta um
material que foi tão bem elaborado que a platéia fica na palma da
sua mão. Então, não desista, arregace as mangas e vamos trabalhar
no seu ato.

Preparações
O problema mais comum do material iniciante dos meus alunos
é que eles têm preparações muito longas. A melhor preparação é
curta. A minha avaliação científica revela que o tempo de atenção de
uma platéia de alcoolizada é de uma a quatro linhas. Quanto mais
rápido você chegar ao desfecho, mais eficiente será o seu
número.Isso não significa que você vai falar a respeito de cada tópico
em apenas cinco linhas. Você pode fazer trinta minutos a respeito de
seu cachorro desde que a sua rotina cômica esteja organizada em
uma coleção de pequenas preparações e desfechos.
Eis um exemplo de uma preparação muito longo do aluno Harry
Redlich:

“Eu simplesmente não entendo esta obsessão por


celebridades dos anos cinqüenta e sessenta. Tipo, Elvis, as
pessoas estão desapontadas porque ele morreu. Ou, Janis
Joplin morreu tão jovem. Eu sei que é trágico, mas eu acho
que um monte dessas lendas se deram bem por terem
morrido cedo, porque...”

DESFECHO:
“... eu, pessoalmente não gostaria de ver Janis Joplin como
uma dessas celebridades que aparecem no Qual é a
Música.”

Redlich começa com uma reparação falsa partindo do fato de


que o desfecho não tem nada a ver com Elvis ou com a obsessão por

Stand-Up Comedy – The BookPágina 46 Judy Carter


celebridades. Com o objetivo de preparar o desfecho, eu encorajo
meus alunos para realmente olhar para o que eles estão tentando
dizer e onde eles querem chegar. Redlich está de fato tentando
comunicar o modo como Hollywood banaliza as suas estrelas.
Examine como a preparação agora se torna “um tema geral” e o
desfecho vira um “exemplo específico”.

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Nos dias de hoje é duro ser um astro. Eu estou feliz que
muitas estrelas tenham morrido jovens...”

PUNCH: (EXAGERO)
“... Sério, você gostaria realmente de ver Janis Joplin no
Qual É A Música?”

Você pode ter mais de um desfecho. Muitas vezes uma piada


terá um setup e, então, três desfechos. Jerry Seinfeld é um mestre
nisso. Ele faz uma preparação e, então, um desfecho que faz você rir.
Ele faz outro desfecho e você ri, e quando você pensa que não há
mais nada o que dizer, ele adiciona outro desfecho. (Tome nota da
escalada de absurdos dos desfechos de Seinfeld)

SETUP:(INFORMAÇÃO VERDADEIRA)
“Eu sou de Long Island. Meus pais acabaram de se mudar
para a Flórida ano passado.”

PUNCH:(FABRICADA)
“… Eles não queriam se mudar para a Flórida, mas eles
estão na casa dos sessenta e é o que manda a lei.”

PUNCH:(ABSURDO MAIOR)
“… Existe a polícia para aposentados que chega e te
enquadra quando você vai fazer sessenta anos.”

PUNCH: (MAIS ABSURDO AINDA)


“… Eles andam em carinhos de golf com sirenes, ‘Certo,
Tiozinho, ponha o taco no banco de trás. Largue a pá de
neve, largue!”

O melhor desfecho é também o que fala a verdade. Dê uma


olhada na piada deste aluno:

SETUP:(INFORMAÇÃO FALSA)
“Eu acabei de perder 20 quilos. Como eu consegui?”

PUNCH:

Stand-Up Comedy – The BookPágina 47 Judy Carter


“… Eu apenas acordei um dia e mandei a minha namorada
passear.”

Este aluno, então, insistiu com um trecho sobre ser modelo


masculino. Mesmo ele nos dizendo “Não, é verdade!” uma vez que
nós percebêssemos que havíamos sido enganados na sua primeira
piada, que de fato, ele não havia perdido peso, nós não estávamos
mais dispostos a cooperar com ele na próxima piada. Evidente, você
possa talvez conseguir uma risada com uma piada como esta, mas
você também perderá sua credibilidade. Agora, não importa o esforço
que você faça, a platéia está pensando que todas as suas
preparações são uma fraude. Construa a sua credibilidade a partir de
preparações verdadeiras, honestas e sem complicações. Então, pire
nos desfechos.

Workshop # 16
CONDENSANDO SUAS PREPARAÇÕES

Lembre-se, toda preparação conduz a um desfecho. Se alguma


coisa não é o desfecho, então, tem que fazer parte da preparação. Se
não, elimine-a. Stand-up é parecido com poesia haiku. Não existem
palavras sobrando. Toda sílaba é elaborada, julgada e tem que estar
na medida exata. Observe este trecho revisado do aluno Eric Dickley:

“Eu amo mulheres. Eu gosto em particular das mulheres


que estão em forma, de verdade. Eu entrei numa aula de
aeróbica e conheci esta garota linda. Mas, Mulheres podem
ser são perigosas. Eu estou saindo com esta instrutora de
aeróbica e elas têm um corpo fantástico! Realmente em
forma! Nós brigamos uma vez e ela me deu um pontapé na
bunda. Mas, tudo bem. Eu aprendi como me defender...”

PUNCH:
“... eu desligo a música.”

Lembre-se que preparações precisam ser verdadeiras. Às vezes,


apenas trocando algumas poucas palavras você dará autenticidade a
uma preparação, exatamente como fez um aluno, George Chase:

SETUP: (falso)
“Eu odeio sinais de trânsito. Eles estão em toda a parte me
dizendo o que fazer: ‘pare’, dê passagem’, ‘ultrapasse’.
Minha mãe, recentemente, arrumou um emprego no
departamento de estradas e eu acho que ela
enlouqueceu...”

punch:

Stand-Up Comedy – The BookPágina 48 Judy Carter


“’Ligue para sua irmã’, ‘troque de cuecas’, ‘se case’.”

Esta é uma boa premissa, mas a preparação contém uma


mentira nela. A mãe de Chase não trabalha no departamento de
estradas. Isto pode ser facilmente retificado, mudando-se a frase
“Minha mãe recentemente, arrumou um emprego no departamento
de estradas” para “Eu acho que, se minha mãe trabalhasse no
departamento de estradas...”
Agora, experimente você. Você tem datilografadas três páginas
de material e já sublinhou os desfechos. Estude seu material com
atenção e:

 Apague todas as palavras redundantes.


 Condense a preparação de cada trecho.
 Reescreva cada preparação deixando-a objetiva e verdadeira.

Contrastando a Preparação com o Desfecho


Um modo poderoso de criar material de stand-up é ter uma
preparação que contraste com o desfecho. A preparação guia a
platéia por uma estrada reta e o desfecho é uma curva brusca a
esquerda quando ela menos espera.
Por exemplo:
Lá está você com alguém que você deseja beijar e você está
seguro “preparando” o beijo, movendo-se sutilmente em direção a
ele ou ela, e então... você espirra. Você não irá transar, mas
conseguirá uma risada – e para a maioria dos comediantes, isso é
melhor. Uma boa preparação manipula a platéia a prever uma coisa
e, então, apresenta algo inesperado. O Humor é criado indo de
encontro ao que é previsível.
Uma maneira de criar contraste entre a preparação e o desfecho
é ter uma atitude radicalmente diferente no desfecho. Dê uma olhada
nesta típica e simples piada de Mestre de Cerimônia:

Setup: (amigavelmente)
“Parece que temos uma grande platéia esta noite...”

punch: (hostilidade)
“... exceto por vocês.”

A preparação é dita de forma simples e honesta, com a atitude


de “Eu amo estar aqui...” implícita. Então, o desfecho cria o contraste
com a preparação por meio da atitude de hostilidade, como nesta
abertura de Bob Saget:

SETUP:(AMIGÁVEL, COM SARCASMO)


“Vocês são um grande público. Eu amo vocês!”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 49 Judy Carter


PUNCH: (HOSTILIDADE)
“... Eu só queria poder levar todos vocês para um banho de
jacuzzi e deixar cair uma torradeira elétrica dentro da
banheira!”

Aqui, Jay Leno diz a preparação com uma atitude neutra, de


informação, então, manda o desfecho com sarcasmo:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“No Mcdonald eles tem esses brindes de promoções e as
placas dizem, ‘Oferta válida somente para clientes do
McDonald’s!”

PUNCH: (SARCASMO)
“... Agora, eles são um grupo fechado!”

Pense na preparação como a parte lógica, informativa da piada e


o desfecho como uma mudança inesperada ou um exagero extremo.
Observe esta tentativa de piada:

SETUP:
(INFORMAÇÃO)
“Meu namorado é do tipo muito egoísta.”

PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Ele gosta dele mais do que gosta de mim.”

Isto não é muito engraçado porque o desfecho é uma conclusão


previsível da preparação. Mas, exagerar o comportamento do
namorado, torna o material engraçado:

PUNCH:(HOSTILIDADE)
“Quantos homens, você conhece, gritam o próprio nome
quando eles transam?”

Aqui, Ellen DeGeneres prepara sua piada conversando sobre


“cabeças de alces”:

SETUP:(INFORMAÇÃO REALISTA)
“Você pergunta para as pessoas por que elas tem cabeças
de alces penduradas em suas paredes. Elas sempre dizem,
‘Porque é um animal tão bonito’.”

Então, no desfecho, ela muda para sua “mãe”:

“... Eu acho minha mãe atraente, mas eu guardo


fotografias dela.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 50 Judy Carter


SETUP: (AMIGÁVEL, COM SARCASMO)
“... My girlfriend thinks she’s impressing me because she
lifts weights...”

“... Minha namorada pensa que me impressiona porque ela


levanta pesos...”

“... Minha namorada pensa que me impressiona porque ela


puxa um ferro.”

PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... I tell her, ‘If you want to impress me, pick up this
check’.”

“... Eu digo a ela, ‘Se quer me impressionar, pegue este


cheque.”

“... Eu digo a ela, ‘Se quer me impressionar, puxe a


carteira’.”

Aqui, Eric contrasta um objeto pesado com algo leve e, ao mesmo


tempo, expressa o seu ponto de vista.
Aqui vai um exemplo de uma piada onde a preparação fornece
uma informação racional, sana, enquanto o desfecho contrasta por
ser completamente absurdo.

SETUP: (REALÍSTICO)
“Eu fui a uma conferência para bulimicas e anorexicas. Foi
um pesadelo...”

PUNCH: (ABSURDO)
“... As bulímicas comeram as anoréxicas.”
- Monica Piper

Em todas as piadas acima, as preparações (setups) são


racionais, informativas e plausíveis. A platéia é fisgada
emocionalmente pela informação presente na preparação (setup).

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Eu brinquei muito com o meu avô, quando eu era
criança...”

Todos nós brincamos com nossos avós ou conhecemos pessoas


que brincaram. Uma vez que você estabeleça entre você e o público
algo real para ambas as partes, você pode ir fundo no desfecho, de
um modo selvagem.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 51 Judy Carter


PUNCH: (INFORMAÇÃO)
“... Embora ele estivesse morto, meus pais o tinham
cremado e coloca suas cinzas no meu Etch-a-Sketch.”
- Alan Harvey

Não esqueça o que falamos sobre atitude. Lembre-se, cada


preparação tem de conter uma atitude. Você pode ter muitas atitudes
diferentes em um ato, mas cada preparação e desfecho tem de ter
uma atitude específica. A atitude não tem de ser expressa
literalmente em “Eu amo... Eu odeio...”. Elas podem estar na sua
interpretação. A maneira como você diz certas palavras será o
suficiente para indicar seus sentimentos.
Por exemplo, a atitude de Paul Provenza é: ele odeia
pessoas que fumam cigarros.

SETUP:(NORMAL)
“Vocês sabem o que me incomoda? Pessoas que fumam em
restaurantes...”

PUNCH: (LUNÁTICO)
“É por isso que eu carrego sempre uma pistola de água
carregada com gasolina.”

Marsha Warfield odeia mulheres esqueléticas:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Eu odeio mulheres esqueléticas, especialmente quando
elas dizem coisas como ‘Às vezes eu esqueço de comer’.”

PUNCH: (REAÇÃO HOSTIL)


“... Agora, eu já esqueci nome de solteira da minha mãe e
as minhas chaves, mas você tem que ser um tipo
especialmente estúpido para esquecer de comer.”

Note que nos exemplos acima, os comediantes verbalizam suas


atitudes: “Eu odeio”. Eis um material de Roseanne Barr onde a
atitude não é dita verbalmente, mas mostrada pelo tom de voz,
expressão facial e linguagem corporal. O que é engraçado é sua
atitude diametralmente oposta. Leia esta piada com se ela tivesse
orgulho de ser mãe.

“Da maneira que eu vejo, se meus filhos ainda estão vivos


quando meu marido chega do trabalho, então, eu fiz a
minha parte.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 52 Judy Carter


- Roseanne Barr
Workshop # 17
CRIANDO CONTRASTE ENTRE A PREPARAÇÃO E O DESFECHO

Até o momento você tem:


 Várias páginas datilografadas de suas considerações, ditas com
vigor e atitude
 Desfechos sublinhados
 As preparações condensadas

Agora, observe cada preparação/desfecho e responda as seguintes


perguntas:
1. Cada preparação é plausível, carrega uma informação e está
escrita de forma simples e clara?
2. Cada desfecho contrasta com a preparação seguindo uma
dessas formulas:

SETUP (preparação) PUNCH (desfecho)


Informativo Exagero
Tema geral Exemplo específico
Sadio Insano
Realista Fantasioso
Ponto de vista adulto Ponto de vista infantil
Fato Ficção

3. Cada trecho contém uma atitude? Qual é? (Lembre-se, você


não precisa dizer a atitude em palavras, você pode mostrá-la
em sua voz, expressão do rosto e corporal. Mas, você precisa
saber qual é a sua atitude em cada trecho. Lembre-se,
atitudes podem mudar de trecho para trecho. Você pode ir
direto de “Eu odeio...” para “Eu amo...” sem nenhuma
transição).

Workshop # 18
USANDO SARCASMO COM A SUA LISTA DO EU EXTERIOR

No Capítulo 2 você escreveu itens que eram fisicamente óbvios


em você. (Veja o Workshop #5 Seu Eu Exterior) Dizer o que é o
oposto do óbvio é uma maneira confiável de fazer as pessoas rirem.
Por exemplo, aqui estão algumas observações sarcásticas que tem
funcionado:
Um aluno muito gordo conseguiu uma enorme gargalhada
abrindo seu ato com

“Olá, meu nome é Al Barlaan e, sim, eu sou um deus do


sexo das Felipinas.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 53 Judy Carter


Outra aluna, Ruth Reyerson, era loira e estava acima do peso.
Ela subiu ao palco e disse,

“Eu sei o que vocês estão pensando... Barbie.”

Quando a risada diminuiu, ela prosseguiu:

“Eu sou como a Barbie, cabalos loiros, olhos azuis, exceto


por uma coisa. A Barbie não come.”

A aluna Beverly Jackson, uma maravilhosa loira de seios fartos,


abriu com:

“Eu sei o que os homens estão pensando... Mais uma


cientista da Nasa! Os homens olham para mim e todos
pensam a mesma coisa. ‘Você é tão... brilhante’.”

Em todos esses exemplos, a preparação é a respeito de sua


aparência física e o desfecho é uma reação sarcástica. Pelo fato da
preparação ser implícita, seu traço físico tem de ser muito óbvio.
Na pagina (...) você selecionou duas características físicas que
se sobressaem (isto é, gordo, baixinho, macho, etc.). Copie-as em
baixo e escreva vários antônimos (opostos). Seja sarcástico o tanto
quanto possível. Se você se esquecer, experimente um dicionário de
sinônimos e antônimos ou um de palavras correlatas (Thesaurus).
Por exemplo:
Característica.
1.esquelética___________________________________________

Opostos (antônimos):
Machão, amante latino_______________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 2.gorda_______________________________________________
__

Opostos (antônimos):
anoréxica____________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Agora, experimente você com seus próprios traços físicos:


(OBS.: Se você não tiver nenhum traço físico fora do normal, e a
maioria dos meus alunos não tem, simplesmente pule para o próximo
exercício)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 54 Judy Carter


Característica 1._____________
___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 2._____________
___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Característica 3._____________
___________________________________________

Opostos (antônimos):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Ser sarcástico a respeito de seus próprios atributos físicos pode


servir como uma boa maneira de abrir o seu show. Escreva algumas
linhas e veja se alguns dos atributos escritos acima lembra algo
engraçado para você. Se a resposta for sim, tenha em mente para a
sua abertura.

Seis Formulas adicionais de comédia


Cada trecho de seu material precisa ter uma preparação, um
desfecho e uma atitude. Estas seis fórmulas adicionais são
opcionais. Elas são ferramentas que lhe ajudarão a dar clareza e
humor ao seu material.
As seis ferramentas adicionais são:
 Comparações
 Figuras de linguagem (metáforas)
 Observações
 Imitações
 Listas
 Bordões (call backs)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 55 Judy Carter


Comparações
Comparar um assunto a outro é simples e uma forma muito
eficiente de organizar o seu material. Por exemplo, se um dos seus
tópicos é sobre os seus pais, então compare a geração deles com a
sua.

SETUP: (GERAÇÃO DOS PAIS)


“Meu pai tinha três empregos e freqüentava a escola à
noite...”

PUNCH: (SUA GERAÇÃO)


“... Se eu vou a lavanderia e ao banco no mesmo dia... eu
preciso de uma soneca.”
- Larry Miller

O cômico nascido na Rússia Yakov Smirnoff compara seu país aos


Estados Unidos:

SETUP:(COMEDIANTES AMERICANOS)
“Comediantes americanos podem dizer qualquer coisa que
eles quiserem...”

PUNCH: (COMEDIANTES RUSSOS)


“... Na Rússia, você tem que ser muito seletivo sobre que
piadas contar. Se você disser, ‘Leve minha mulher, por
favor’, quando você chegar em casa, ela desapareceu.”

Aqui, Lótus Weinstock compara suas convicções atuais com suas


convicções do passado:

SETUP:
(PASSADO)
“Uma vez eu já quis mudar o mundo...”

PUNCH: (AGORA)
“... agora, eu só quero deixar este recinto com alguma
dignidade.”

Aqui, Bill Maher compara suas religiões:

SETUP:
(INFORMAÇÃO)
“Minha mãe é judia e meu pai é católico. Eu fui educado
como católico – com uma mente de judeu.”

PUNCH: (EXAGERO)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 56 Judy Carter


“... Quando eu vou me confessar, eu sempre levo meu
advogado comigo: ‘Me abençoe, Padre, porque eu pequei e
acho que já conhece meu advogado, Mr Cohen’.”

Mais uma vez, observe que em todas essas piadas, cada punch
(desfecho) é um exagero, uma torcida, ou uma mudança de direção
da preparação (setup). A preparação (setup) é séria e lógica, e a
preparação (punch) revela a platéia que você está brincando. A
preparação estabelece a realidade coletiva e o desfecho (punch)
comunica sua visão particular do mundo, seu ponto de vista distinto.

Workshop # 19
COMPARAÇÕES

Neste exercício você vai escrever comparações usando alguns


dos temas listados nos exercícios do Capítulo 2. Estude com atenção
as suas listas de ’Eu odeio’, ‘Eu me preocupo’ e ‘Eu tenho medo’ e
veja se algum desses tópicos que você listou poderiam ser
conduzidos para esta fórmula. Por exemplo, se você tinha ‘política’
em uma das suas listas, compare lados opostos de uma discussão ou
escola filosófica:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“Liberals feel unworthy of their possessions...”

“Liberais sentem-se indignos de suas posses...”


“Liberais se sentem culpados de ter posses...”

PUNCH: (EXAGERO)
“... Conservatives fell they deserve everything they’ve
stolen.”

“... Conservadores sentem que merecem tudo o que eles


roubaram.”
“... Conservadores se acham dignos de possuir tudo o que
eles roubaram.”

- Mort Sahl
Observe com atenção outros workshops no Capítulo 2. Se na sua
lista de características singulares você tem listado que você é uma
mistura de religiões e raças, então as compare:

SETUP:
(INFORMAÇÃO)
“Minha filha é metade negra e metade judia...”

PUNCH: (EXAGERO)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 57 Judy Carter


“... isso quer dizer que se estivéssemos na Segunda Guerra
Mundial, ela teria que se esconder e limpara a casa.”

- A aluna Roseanne Katon

Agora, faça você. Procure nos exercícios do Capítulo 2 e veja


quais os tópicos se encaixariam nesta fórmula e preencha as
lacunas:

1. Item da lista:
___________________________________________________
Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

2. Item da lista:
___________________________________________________
Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

3. Item da lista:
___________________________________________________
Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

4. Item da lista:
___________________________________________________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 58 Judy Carter


Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

5. Item da lista:
___________________________________________________
Um lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Outro lado:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Se você empacou, esqueceu, aqui estão alguns tópicos


adicionais que você pode usar em comparações:
 Compare sua cidade natal com onde você vive agora
 Compare seus medos atuais com os medos que tinha
quando era pequeno, ou enquanto crescia
 Compare a geração dos seus pais com a sua
 Compare a vida de seu cachorro com a sua
 Compare as vantagens e desvantagens de ser casado, ou
de ser solteiro
 Compare sua vida sexual com a de sua avó.

Figuras de Linguagem – Metáforas - Analogia


“Sexo é como o ar...
... você não sente falta até que você não tenha.”

Uma metáfora é quando um objeto é comparado com outro. Na


comédia, analogias são ferramentas muito poderosas porque elas
criam imagens. Comediantes comparam o que eles estão falando
com uma referência comum da cultura popular, ou com uma
experiência que todos nós já tivemos. Analogias são geralmente
introduzidas com um “Isto é como...”
Analogias podem ser usadas em uma preparação:

Stand-Up Comedy – The BookPágina 59 Judy Carter


“There’s this guy sitting next to me... looks like a squid in
strech pants… So you know, I’m ready to spawn… so then,
he starts puffin’ on a cigar the size of God’s ego… And I
said, ‘Excuse me, but if I wanted to shorten my life, I’d date
ya!’”

“Tem esse cara sentando perto de mim... que parece um


polvo dentro de calças de moleton... Então, vocês sabem,
eu estou pronta para ovular... Ai, ele começa a dar
baforadas em um cigarro do tamanho do ego de Deus... E,
eu digo, ‘Me desculpe, mas, se eu quisesse encurtar minha
vida, eu sairia com você’.”

- Judy Tenuta

Ou, analogias podem ser utilizadas como o desfecho:

“A Princesa Di, ela cuidou direitinho da sua vida, não


cuidou? Esse Charles, ele é como um Cartão Gold Visa com
orelhas.”

- Carol Montgomery

Estes são exemplos de boas analogias, onde o comediante cria


uma imagem extrema, absurda usando referências comuns. Eis
alguns exemplos de algumas analogias ruins.

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they
have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale
parecem ter...”

PUNCH: (DESFECHO SEM GRAÇA)


“... a large package.”
“... um grande pacote.”

Uma boa analogia pode realmente endireitar uma frase:

SETUP:(INFORMAÇÃO)
“In bathing suits, those Chippendale dancers look like they
have...”
“Em roupas de banho estes dançarinos de Chippendale
parecem ter...”

PUNCH: (DESFECHO REVISADO)


“... a bag of marbles in Vaseline.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 60 Judy Carter


“... uma bolsa de bolas de gude na valesina.”

Quanto mais fora do normal a comparação, mais engraçado


poderá ser o material. Pense em termos da criação de uma figura que
leve a platéia a uma mini viagem de ácido.

SETUP:
“Sexo quando você se casa é como ir ao 7-Eleven...”

PUNCH:
“... Não existe muita variedade, mas às três da manhã, está
sempre lá.”

- Carol Leifer

SETUP: (INFORMAÇÃO REALISTA)


“I put my clothes in the cleaners and then don’t have the
money to get them out again…”
“Eu coloquei minhas roupas para lavar e agora não tenho
dinheiro para tirá-las de lá novamente...”

PUNCH: (EXAGERO EXTREMO)


“... it’s like they’re in jail waiting on me to spring’em… I
have to go in there every so often and say, ‘Can I just see
the pants?’.”
“... É como se elas estivessem na cadeia esperando que eu
as libertasse... Eu tenho que ir lá com freqüência e digo,
‘Será que posso ver pelo menos as calças?’.”

- Paula Poundstone

Workshop # 20
ANALOGIAS

Exercite suas mãos criando imagens por meio de analogias. Por


exemplo:

SETUP: Você está me encarando...


PUNCH: como uma lava lamp____________________________________

SETUP: A garçonete era tão lerda que ...


PUNCH: ela parecia uma lesma que tomou um valium __________

Stand-Up Comedy – The BookPágina 61 Judy Carter


Agora, tente você. Lembre-se que isto é apenas um exercício
prático. Anote qualquer coisa que lhe venha a cabeça. Não existem
respostas certas ou erradas.

1. Setup (preparação): Chicago é tão quente:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

2. Setup (preparação): Minha mãe é tão gorda, ela parece::


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

3. Setup (preparação): Meu quarto é tão bagunçado, ele


parece:
Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

4. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

5. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

_________________________________________________________________

Eis algumas das analogias que alguns comediantes tem usado


com as preparações anteriores:

1. Setup (preparação): Chicago é tão quente:


Punch (desfecho):

É como o traseiro de alguém sobre o seu peito lambendo a sua cara.


- A aluna Ellen Totleben

2. Setup (preparação): Minha mãe é tão gorda, ela parece::


Punch (desfecho):

Um Balão inflável na Parada do Dia de Ação de graças da Macy.


Shelley Winters e Orson Wells no mesmo vestido.

- A aluna Carrie Williams


Stand-Up Comedy – The BookPágina 62 Judy Carter
3. Setup (preparação): Meu quarto é tão bagunçado, ele
parece:
Punch (desfecho):

O lixão da cidade num dia calmo.


- A aluna Carrie Williams

4. Setup (preparação): Sexo gostoso para Dr. Ruth é como:


Punch (desfecho):

Um bom vinho com queijo cottage.

- George Wallace

5. Setup (preparação): Ela estava me olhando como:


Punch (desfecho):

Um mongolóide assistindo um número de mágica.

- David Spade

Observações do cotidiano

“Ever wonder why there’s a permanent-press selection on a


iron?”
“Morro de curiosidade de saber porque os ferro de passar
tem uma seleção para permanente?”

No dicionário, a definição para uma observação é “exame


cuidadoso, especialmente de fenômenos naturais.” Observações são
onde o comediante tenta dar sentido a um mundo que não faz
sentido.

“Have you ever noticed that your garbage weighs more


than your groceries?”
“Você já notou que o seu lixo pesa mais do que os seus
mantimentos?”

É trabalho do comediante observar o mundo em que ele ou ela


vive e tecer comentários a respeito. Observações cômicas são
observações específicas vistas através de sua perspectiva única
sobre até mesmo o mais ordinário dos elementos das nossas vidas.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 63 Judy Carter


Repare como as seguintes observações são todas comentários a
respeito dos absurdos encontrados em nossa vida cotidiana:

“Have you ever notice that mice don’t have shoulders?”


“Você já notou alguma vez que os camundongos não tem
ombros?”
- George Carlin

“Why is it that in Seven Eleven stores, they’ve got $10,000


worth of cameras watching 20 cents worth of Twinkies?”
“O que é isso nas lojas do Seven Eleven, eles gastam 10 mil
dólares em um sistema de câmeras para vigiar chocolates
de 20 centavos?”
- Jay Leno

“What is it about American fathers as they grow older that


makes them dress like flags from other countries?”
“O que há com os pais americanos a medida em que eles
envelhecem que faz com que eles se vistam como
bandeiras de outros países?”
- Cary Odes

“Did you ever notice when you blow in a dog’s face he gets
mad at you, but when you take him in a car, he sticks his
head out the window?”
“Você já reparou que quando você sopra na cara de um
cachorro ele fica furioso, mas quando você o leva para
passear de carro, ele estica a cabeça para fora da janela?”
- Steve Bluestein

Observações podem ser curtas, de uma linha apenas, mas é


preferível usar a observação como preparação e sua reação
espontânea a observação como o desfecho. Usando esta técnica,
uma observação pode se estender para criar uma rotina inteira, como
no caso da rotina criativa de Jerry Seinfeld a respeito das bolas de
algodão:

SETUP:(OBSERVAÇÃO)
“Ladies, what’s the deal on cotton balls?”
“Senhoritas, qual é lance com as bolas de algodão?”

PUNCH: (REAÇÃO)
“... I have no cotton balls, I’m getting along just fine. I’ve
never had one, never bought one, never needed one, I’ve
never been in a situation where I thought to myself, ‘I could
use a cotton ball right now’.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 64 Judy Carter


“... Eu não tenho bolas de algodão e estou lidando muito
bem com isso. Eu nunca tive, nunca comprei, nunca
precisei de uma bola de algodão. Eu nunca estive em uma
situação onde eu pensasse ‘Eu poderia usar uma bola de
algodão nesse exato momento’.”

SETUP:(OBSERVAÇÃO)
“… Women need millions of cotton balls every single day.”
“... Mulheres precisam de milhões de bolas de algodão,
todo santo dia.”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... They buy these bags like peat moss bags, and two days
later they’re all out…”
“... Elas compram essas bolsas do tipo (peat moss bags), e
dois dias depois, elas estão completamente vazias.”

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… The only place I ever see them is at the bottom of your
little wastebasket…”
“... O único lugar onde eu as vejo é no topo daquelas suas
pequenas lixeirinhas.”

PUNCH: (REAÇÃO)
“... There’s always two or three that look like they’ve been
through some horrible experience…”
“... Há sempre duas ou três que parecem ter passado por
uma experiência horrível...”

SETUP: (OBSERVAÇÃO)
“… I once went out with a girl left a ziplock baggy of cotton
balls over my house…”
“... Uma vez, eu sai com uma garota que esqueceu na
minha casa uma bolsa de zíper cheia de bolas de algodão..”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... I took them out and put them on the kitchen floor like
little tumbleweeds. I thought maybe the cockroaches would
see it, figure that this is a dead town, ‘let’s move on’.”
“... Eu tirei as bolas da bolsa e as coloquei no chão da
cozinha como se fossem pequenas bolas de feno (que
vemos nesses filmes antigos do velho oeste). Eu pensei
que, talvez, as baratas veriam aquilo e imaginassem que
estivessem em uma cidade fantasma, ‘Vamos para outro
lugar’.”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 65 Judy Carter


“… Or when I go to the doctor, before he gives me the shot
he puts the alcohol on me with a cotton ball, so I give him
one of mine, just trying to get rid of it. Then he gives me
the prescription…”
“... Ou, quando eu vou ao medico, antes dele me aplicar a
injeção, ele põe um pouco de álcool em uma bola de
algodão, então, eu lhe daria uma das minhas, tentando me
livrar logo dela. Então, ele me dá o remédio...”

PUNCH: (ANALOGIA)
“... I take it home, open up the bottle, there’s another
cotton ball in there. You can’t get out of this rat race.”
“... Eu o levo para casa, abro o vidro e lá está outra bola de
algodão. Você não consegue sair deste círculo vicioso.”

Workshop # 21
OBSERVAÇÕES

Transformando o Cotidiano em Material de Comédia


Eu descobri que é simplesmente impossível sentar e escrever
material proveniente de observações. Observações são fragmentos
de dados que circulam através de seus pensamento enquanto você
está envolvido no cotidiano da vida. Carregue um caderno aonde
você for e anote essas observações no momento em que elas lhe
ocorrem. Então, experimente-as com as pessoas com a preparação:
“Você já notou que...”
Pratique escrever observações sobre estes tópicos:

Observações sobre compras:


Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Observações sobre seu animal de estimação:


Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Observações sobre seu corpo:


Stand-Up Comedy – The BookPágina 66 Judy Carter
Você já notou que:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Imitações
“... e deixe me apresentá-los ao meu alter ego.”

Imitação não significa ser Rich Little, quando você faz menção a
celebridades. Significa copiar, interpretar as pessoas sobre as quais
você está falando. Torne-se elas. Imite suas vozes, sua linguagem de
corpo. Lembre-se, stand-up é visualmente tediosa. Em muitos Clubes
de Comédia tudo o que a platéia tem para olhar é uma cortina preta,
um foco de luz forte e você. Desde o momento em que o visual dos
Clubes parece ter sido desenhado por Kafka, quanto mais vozes,
expressões faciais e movimento de corpo você trouxer para o seu ato,
mais visualmente atrativo ele se tornará.
As pessoas adoram transformações. Ao invés de ficar falando
sobre sua mãe na terceira pessoa, fale sobre ela como se você fosse
a sua mãe. Interprete-a. Imite o seu estilo, postura e voz. Não precisa
ser exatamente o jeito que ela fala. A menos que ela seja uma estrela
de cinema, ninguém vai saber exatamente como é a voz da sua mãe.
O aluno Howard Gluss tinha escrito em sua lista de “coisas que eu
odeio” que odiava o jeito de sua mãe sair da cama. Ele estendeu isso
a uma rotina histérica de interpretação.
Você não tem que se limitar a imitar apenas pessoas. Se você
está falando sobre Deus, como minha aluna Loretta Colla fez, seja
Deus:

“I wonder if God is chubby, his son is anorexic… Could


you imagine Him at an Overeaters Anonymous
meeting: (IN A DEEP VOICE-OVER) ‘Hi, my name is God,
and I’m an overeaters and overachiever’. ‘Hi, God!”.
“Eu imagino se Deus fosse obeso, e seu filho anoréxico...
Você conseguiria imaginar Deus na reunião dos Comedores
Compulsivos Anônimos: (FAZENDO UMA VOZ SOTURNA) ‘Oi,
meu nome é Deus e eu sou um comedor compulsivo e um
cara bem sucedido demais’. ‘Oi, Deus!’.”.

A comediante Mônica Piper faz um bloco de piadas em que ela


finge ser seu cachorro examinando seus namorados:

“So you got a job? Oh, yeah, how long? Eight-six to


eighty-eight? Okay, that’s fourteen years, that’s good.
You’re not one of those guys who just pretends to
Stand-Up Comedy – The BookPágina 67 Judy Carter
throw a ball, are ya? I hate that. She didn’t give you
that line about you’re the only one, huh? Wish I had a
Milk Bone for every guy she’s dragged back here
(SNIFFING) Oh, I see you still got yours. She made me
get rid of mine.”
“Então, você tem um emprego? Oh, sim, há quanto tempo?
De oitenta e seis a oitenta e oito? Certo, quatorze anos,
isso é bom (?). Você não é um desses caras que apenas
fingem que jogam a bola, é? Eu odeio isso. Ela não disse
pra você aquela frase sobre você ser o único, hem? Quisera
eu dar um ossinho para cada sujeito que ela arrasta pra cá.
(CHEIRANDO) Oh, eu vejo que você ainda tem os seu. Ela
fez com que eu me livrasse do meu.”

Comunicar-se com a sua voz e seu corpo é uma técnica


poderosa que mostra imaginação.

Workshop # 22
IMITAÇÃO

Tornando-se outra pessoa.

Veja novamente seu material escrito ou gravado com vigor e


muita expressividade:
 Quem são as pessoas as quais você menciona?
 Interprete um dialogo com este pessoa.
 Transforme-se nelas, fisicamente e verbalmente:
o Como elas agiriam se estivessem com muita raiva/ Se
elas estivessem apaixonadas?
o Como elas andam, comem?
o Que hábitos elas possuem que você possa imitar?

Fazer listas
Criar Listas Que Façam As Pessoas Rirem

Listas criam bons desfechos. Existem diferentes maneiras de


você utilizar as listas para fazer as pessoas rirem. A primeira maneira
é com a “Lista de Três”. A fórmula da comédia funciona da seguinte

Stand-Up Comedy – The BookPágina 68 Judy Carter


maneira: as duas primeiras coisas da lista têm alguma coisa em
comum (preparação) e a última é algo inesperado (desfecho).
Por exemplo:

SETUP: (COMUM)
“Eu gosto de pensar em mim mesma como uma mulher de
influência européia: (1) maquiagem por Germaine Monteil
(2) unhas por Fabergé...”.

PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) corpo por Häagen-Dazs”.

Na lista de três, a preparação inclui os dois primeiro itens da


lista. Eles são racionais e lógicos. O desfecho é o terceiro item, que é
a mudança de direção.

SETUP:
(RACIONAL)
“Sendo árabe, eu tenho os mesmos interesses que vocês.
Quando eu vou comprar um carro, eu procura pelas
mesmas coisas: (1) cor (2) estilo...”.

PUNCH: (INESPERADO)
“... (3) quantos reféns cabem no porta-malas”.
- o aluno May Rahal

Workshop # 23
FAZER LISTAS

Aqui está um exemplo tirado do material de começo de curso de


um dos meus alunos:

SETUP: (RACIONAL)
“Eu não consigo entender porque minha mulher me deixou:
(1) Talvez tenha sido porque eu largava minhas roupas pelo
chão (2) Talvez tenha sido porque eu deixava a tampa do
vaso levantada...”.

PUNCH: (NOT FUNNY)


“... (3) ou, talvez, tenha sido porque eu lia por horas
trancado no banheiro”.

O problema neste trecho é que o terceiro item não contrasta


com os dois primeiros. Desde que os dois primeiros são ordinários,

Stand-Up Comedy – The BookPágina 69 Judy Carter


para fazer funcionar, o último item precisa ser significante. Sendo
assim:

PUNCH: (NOT FUNNY)


“... (3) ou, talvez, tenha sido a aeromoça”.

Examine atentamente o seu material e veja se há algum


desfecho que possa ser quebrado em uma lista de três.

Referência / Bordões (Callbacks)


Um “call back” é quando você faz referência, mais tarde em seu
número, a algo que você disse anteriormente.
Ellen DeGeneres usa “call backs” em seu ato. No começo de sua
apresentação, ela faz uma série de piadas sobre a sua avó:

SETUP: (INFORMAÇÃO)
“Cachorros detestam quando você sopra na cara deles. Eu
lhe digo quem realmente detesta isso – minha avó...”.

PUNCH: (EXAGERO)
“... o que é estranho, porque quando nós estamos andando
de carro, ela adora esticar a sua cabeça para fora da
janela”.

Mais tarde, em seu ato, DeGeneres faz uma referência (um “call
back”) a sua avó.

SETUP: (INFORMAÇÃO / IMITAÇÃO)


“I think everybody has a philosophical side to them. I grew
up that way because of my grandmother. At a very young
age she said to me, ‘Life is like a blender. You have so many
different speeds, you have mix, blend, stir, puree, and you
never use them all. In life you have so many different
abilities and you never use them all.”
“Eu penso que todo mundo tem um lodo filosófico em
relação a si mesmo. Eu cresci deste jeito por causa da
minha avó. Quando eu era muito nova, ela me disse, ‘A
vida é como um liquidificador. Você tem tantas velocidades
diferentes, misturar, bater, agitar, purê, e você nunca usa
todas elas. Na vida, você tem tantas habilidades diferentes
e você nunca usa todas elas.”.

PUNCH: (CALL BACK)

Stand-Up Comedy – The BookPágina 70 Judy Carter


“I said, ‘Grandma’ and then I just blow in her face… I don’t
really like her.”
“... Eu disse, ‘Vó’, e então, simplesmente sopro na sua
cara... Eu não gosto dela, realmente.”

“Call Backs” são populares com a platéia porque eles ajudam o


comediante a desenvolver uma intimidade especial com o público.
Sua mãe está fazendo um “call back” toda vez que vocês estão
juntos e ela lembra da noite em que você queimou as suas
panquecas. Ou, toda vez em que você e seu primo estão juntos e
você recorda (”call back”) como avó de vocês esconde seu dinheiro
na jarra de biscoitos.

Workshop # 22
CALLBACKS (BORDÕES)

Examine o seu material e veja se existe algum assunto, emoção,


ou frase que você possa usar em um “call back”, ou seja, como uma
referência reincidente, ou bordão.
Se você usar “call backs” (referências), lembre-se, a piada
original precisa ter obtido uma boa risada e funcionar sozinha. Se
você puder trabalhar alguns “call backs”, você descobrirá que a
platéia realmente os aprecia.

Uma Nota Final:


Você não tem que incorporar todas essas ferramentas em seu
ato. E acho que muitos alunos são mais bem sucedidos em uma
técnica ou outra. Você, talvez, descubra que faz listas, naturalmente,
ou que a maioria do seu material é de observações do dia a dia, ou
que você fala em imagens.
Trabalhe repetidamente em seu material escrito e nas suas
“digressões a respeito dos seus tópicos” moldando e expandido-os
por meio destas ferramentas:

COMPARISONS
 Você tem assuntos onde pode ponderar dois lados?

ANALOGIAS
 Examine seu ato atentamente em busca de qualquer coisa que
você tenha mencionado – como a casa onde você cresceu, seu
chefe, qualquer coisa- e faça uma imagem e descreva, a partir
de uma analogia. Compare com alguma coisa bem visual e
compreensível. Adicione quantas analogias forem possíveis.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 71 Judy Carter


OBSERVAÇÕES
 Mantenha seus olhos abertos e observe os mais cotidianos
absurdos da vida.

IMITAÇÕES
 Se você menciona alguma pessoa, ou animal, ou mesmo objetos
inanimados, pratique transformar-se neles ao invés de falar
sobre eles. Teste as possibilidades de se tornar outras pessoas.
Seu ato deveria conter uma série de personagens de sua vida.
Interprete-os. Você não tem que ser um grande ator ou sentir
qualquer coisa. Faça uma caricatura deles. Divirta-se e grave o
que sair de sua boca.

FAZER LISTAS
 Três é o número mágico na comédia.

“CALL BACKS” (REFERÊNCIAS)


 Faça referência a alguma coisa que você mencionou
anteriormente em seu número.

Resumo:
Até este momento você tem:
 Um esboço escrito de seu ato
 Seu material organizado no formato de preparação (setup) e
desfecho (punch).
 Todas as palavras desnecessárias apagadas.
 Seu ato construído a partir de uma ou mais dessas técnicas:
o Comparações
o Analogias
o Observações
o Imitações
o Listas
o “Call backs” (referências)

Parabéns por ter completado todos os exercícios até aqui.


Relaxe, a parte mais difícil já terminou, e o resto é velejar
tranqüilamente. No próximo capítulo você aprenderá vários estilos de
comédia provenientes de alguns dos maiores comediantes.
Capítulo 4

ADQUIRINDO ESTILO

Stand-Up Comedy – The BookPágina 72 Judy Carter


Criando Seu Próprio Estilo
“Não outra galinha de borracha!”

Até agora, nós mantivemos o foco na criação da stand-up a


partir de seus temas pessoais: descobrindo os assuntos do seu
interesse, ou assuntos que refletem o mundo que o cerca,
formatando-os em preparação e desfecho, e comunicando-os
verbalmente para uma platéia. Puristas acreditam que esta é a única
forma de stand-up. Existem, entretanto, muitos comediantes de
sucesso que empregam outros estilos de comédias, incluindo:
 Adereços5.
 Humor político
 Imitações de pessoas famosas6
 Personagens
 Música

Eu comecei fazendo truques de mágica. No começo, eu estava


petrificada para falar com a platéia, então, eu me escondia atrás dos
meus adereços de mágica7. Rasgar um jornal, ter alguma coisa “para
fazer”, ajudava a reduzir o meu medo, mas era o truque que recebia
os aplausos, não eu. À medida que minha confiança crescia, eu
comecei a criar truques de mágica que eram a expressão de meus
dilemas; truques que eram, de fato, metáforas para o que estava
acontecendo dentro de mim mesma. Tendo obsessão por dietas, eu
criei a “Levitação do Talo do Aipo”, que eu comia enquanto ele
flutuava. Como uma expressão da minha rebeldia, eu fazia o desafio-
mortal: “A Escapada da Cinta8 da Minha Avó”. E durante meu período
de fúria, como meu número final, eu apresentava ”Serrando um
Homem ao Meio” com uma serra Black And Decker. À medida que os
anos passavam, entretanto, eu senti a necessidade de expressar
sentimentos mais complexos, sentimentos que não podiam ser
expressos em truques de mágica. Conseqüentemente, eu comecei a
falar mais e fazer menos mágica. Então, uma noite, eu subi ao palco
totalmente desprovida de qualquer adereço 9. Isso não foi resultado
de um ato de coragem, ao invés disso, foi o resultado da minha
chegada ao clube, enquanto a minha mala ia para New Jersey.
Muitos comediantes de sucesso usam adereços. Gallagher fez
uma carreira a partir de melancias espatifadas com seu “sledge-
amatic”. Bruce Mahler usa uma galinha morta como um fantoche. O
selvagem Gary Mule Deer carrega uma lata de lixo cheia de adereços
para o palco, incluindo: uma galinha de borracha, uma máquina de
5
props
6
impressions
7
magic props
8
girdle
9
propless

Stand-Up Comedy – The BookPágina 73 Judy Carter


escrever, um snorkel e nadadeiras, um babador com a figura de uma
lagosta gigante10, um mata moscas gigante, um cavalo de brinquedo,
um rifle, montes de sapos de brinquedo, o laço de uma forca, um cão
empalhado, Dorito Chips (ele toca guitarra com os salgadinhos),
abacates de verdade, e hambúrgueres siameses grudados a um
bolo11. E isso é apenas para a abertura de cinco minutos do seu ato.
Adereços podem enriquecer o seu ato, mas, utilizados de
maneira imprópria, eles podem ofuscar a pequena coisa em que você
quer que a platéia preste atenção: você. É você que precisa
conquistar a risada, não o adereço. Alguns comediantes iniciantes
usam adereços para se esconder por detrás deles, como se
dissessem, “Não olhe para mim, olhe para estas engenhocas”. Se
você decidir usar adereços, lembre-se de que todas as regras da
stand-up ainda se aplicam. Não é suficiente segurar algum item
ridículo e dizer, “Isto não é estúpido?” Você precisa ter uma atitude a
respeito do que você está apresentando. A engenhoca tem que ter
alguma coisa a ver com você e sua visão da vida.

Humor Político
Se você está interessado em humor político, o jornal é a sua
grande fonte de material. Onde quer que a magnífica lente da mídia
decida descer, sempre haverá uma piada. O problema é que escrever
material político neste mundo de passos largos pode ser um exercício
inútil; sua melhor risada pode desaparecer a medida em que as
manchetes mudam. Alguém pode estar na mídia todos os dias por
um mês e, duas semanas mais tarde, o nome dele ou dela não ser
sequer mais reconhecido. Você se recorda do nome do candidato que
concorreu à eleição com Gerald Ford?
Quando se está fazendo material rapidamente perecível, é
necessário encontrar um lugar onde você possa se apresentar
semanalmente, quando não, diariamente. O comediante político Will
Durst trabalhava praticamente todas as noites da semana, mudando
seu número, diariamente.

“This is the same Justice Department that suspects the


Teamsters are linked to the mob. Suspects. They’re also
inclined to believe that fire is hot, but they’re note sure.”
“Este é o mesmo Departamento de Justiça que acha que o
Sindicato tem ligação com a máfia. Suspeitas. Eles também
estão inclinados a acreditar que o fogo é quente, mas eles
não estão absolutamente certos”.
- Will Durst

10
a giant lobster bib
11
Siamese quarter-pounder hamburgers joined together at the bun

Stand-Up Comedy – The BookPágina 74 Judy Carter


Durst sente que, se alguma coisa acontece e ele não lida com
ela, naquele dia, sobre o palco, ele é uma farsa como comediante
social contemporâneo.
Outros comediantes políticos eminentes incluem Dennis Miller
do Saturday Night Live, que faz uma sátira aos noticiários, e o
comediante de sátira política e pianista Mark Russell, que tem o seu
próprio show no Russell Hotel em Washington, D.C. assim como na
National Public Television.
Além de escrever material atual, a maior parte dos comediantes
de sátira política tem um material básico e sólido de trinta minutos
que pode sobreviver ao teste do tempo e onde todas as regras da
preparação e desfecho ainda se aplicam.

SETUP:(INFORMATIVO)
“Charles Manson appeared at his latest parole hearing with
a swastika carved into his forhead...”
“Charles Manson se apresentou em sua última audiência da
condicional com uma suástica tatuada em sua testa...”

PUNCH: (RESPOSTA SARCÁSTICA)


“… what better way to show the board you’re putting your
act together?”
“… que jeito melhor de mostrar a comissão que você está
colocando a sua cabeça em ordem...”.

- Dennis Miller

Quando estiver fazendo humor político, lembre-se de que, não


importa o quão engraçado seja uma piada, para rir, a platéia precisa
concordar com seu ponto de vista político. Por exemplo:

SETUP: (INFORMATIVO)
“I don’t understand these ‘Right-to-Lifers’. Have you
noticed that they are the same people who are for the
death penalty? Now, figure that?”
“... Eu não entendo estes caras que defendem o direito a
vida (e, por isso são contra o aborto)! Já reparou que eles
são os mesmos que defendem a pena de morte? Agora,
imagine uma coisa dessas?”

PUNCH: (EXAGERO)
(IMITANDO-OS) “… ‘save the fetus, wait until you’re sure
it’s a human being, then electrocute that bastard to
death’!”
(IMITANDO-OS) “… ‘salvem o feto, esperem até ter certeza
de que ele é um ser humano, então, eletrocute o
desgraçado até a morte”.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 75 Judy Carter


Com esta piada, eu matei de rir a platéia em uma festa
beneficente em prol do movimento pelo Direito de Escolha (Pro-
Choice) e consegui uns apupos fora do palco num banquete Batista.
Isto não significa que você fundamenta seu material nas
necessidades dos sentimentos da platéia. Ao contrário, ser vaiada
não me impediu de usar a piada do aborto. Eu descobri que material
polêmico pode não fazer a platéia rir, mas a desperta. Mark Russell
também acredita em assumir riscos: “... quando você é conhecido
como um sacana12, eles esperam não concordar com você. Eles
querem esta (carne vermelha) “red meat”.
Russell, que chama a si mesmo de um “ofensor dos direitos
iguais”, acredita que não há problema em aborrecer a platéia, desde
que você bata em ambos os lados de um dilema. Se você está se
apresentando para um grupo específico, tipo a Organização Nacional
das Mulheres, ‘você pode escapar com um material que aborda um
ponto de vista de apenas um lado da questão’ 13.

SETUP:
(INFORMATIVO)
My mother is against abortion for another reason…”
“Minha mãe é contra o aborto por outra razão...”

PUNCH: (CONTRASTE)
“… … she doesn’t fell it’s fair to kill the fetus and let the
father live”
“… ela não sente que seja justo matar o feto e deixar o pai
vivo”.
- John DeBillis

Para estabelecer credibilidade, um comediante político precisa


descobrir o equilíbrio em seu ponto de vista. Russell escreve material
do mesmo modo que a legislação é escrita: ele faz concessões, tira
um pouco de um lado, e um pouco do outro.
Johnny Carson é o mestre da opinião equilibrada. Se ele bate nos
Democratas, ele equilibra batendo também nos Republicanos. A
platéia precisa sentir uma noção de jogo limpo e Carson dá isso a ela.
Entretanto, você jamais encontrará Carson fazendo piadas que
pegam pesado com dilemas delicados tais como aborto, racismo, e
assim por diante. Quando estiver apresentando material político para
a televisão, é necessário, freqüentemente, fazê-lo de modo seguro
agarrando-se a um material que está em sintonia com a opinião
nacional, tal como:

SETUP: (INFORMATIVO)
12
satirist
13
you can get away with a one-sided slant to your material .

Stand-Up Comedy – The BookPágina 76 Judy Carter


“Weight lifters are now taking steroids and male
hormones…”
“Levantadores de peso estão, atualmente, tomando
esteróides e hormônios masculinos...”

PUNCH: (EXAGERO)
“… one guy had so much male hormone in him, he had to
be classified as an East German woman!”
“… um cara tinha tanto hormônio masculino dentro dele
que ele teve que ser classificado como uma mulher da
Alemanha Oriental”.
- Carl Wolfson

Esta piada irá funcionar na televisão porque ela ridiculariza um


país que, àquela época, era emocionalmente neutro. Se esta piada
estivesse ridicularizando Israel, por exemplo, ela teria tido momentos
difíceis passando pelos censores da rede de TV.
Do mesmo modo, um número político precisa estar equilibrado
com material sobre você. Se você vai criticar e atacar as imperfeições
do presidente, dê um tempo igual aos seus próprios defeitos. Um
pouco de humor auto depreciativo faz com que você parece humano,
falível para a platéia e faz com que eles riam mais confortavelmente.
Políticos usam esta técnica porque eles sabem que ridicularizar as
próprias falhas faz com que eles pareçam mais humanos, e elegíveis.
Eu desencorajo novatos em stand-up a fazer humor político. É
mais fácil obter risadas com material baseado em seus dilemas
pessoais. Quando você está fazendo material a respeito de você
mesmo, ninguém vai questionar a sua credibilidade. Mas, quando
você está fazendo humor político, não é suficiente ter uma atitude
forte. A menos que eles sejam Walter Conkite (um famoso repórter
político norte americano), comediantes de stand-up que fazem
comentários a respeito de outras pessoas precisam estabelecer suas
qualificações por meio de um material especialmente inteligente e
habilmente construído.

Dicas E Recomendações Para Fazer Humor Político


 Leia o jornal diariamente.
 Habitue-se a escrever algumas linhas todos os dias.
 Equilibre o seu ponto de vista.
 Tenha algum material que seja auto depreciativo.
 Mantenha um estoque de material que passe pelo teste do
tempo.
 Nunca abra com o seu material novo. Abra com suas piadas
infalíveis, frases versáteis que você sabe que irão “prime the
pump” e faça os rir e, então, introduza as coisas novas.
 Organize o seu material no formato de preparação e desfecho.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 77 Judy Carter


 Se você está se apresentando fora da cidade, peça para que lhe
enviem antes matérias dos jornais, de maneira que você
conheça quais são os dilemas daquele local. Mark Russell
descobre três ou quatro coisas extremamente óbvias que estão
acontecendo localmente – itens a respeito dos quais a
população da cidade está interessada, tais como buracos nas
rodovias, tráfego, as pequenas faltas do xerife, e daí por diante.
 Saiba sobre o que você está falando.

Impressões14
Impressionistas como Rich Little, Fred Travalena e Marilyn
Michels obtém seus aplausos da transformação de suas vozes,
aparência e linguagem corporal, na de celebridades que são
instantaneamente reconhecidas.
Levando em conta que celebridades vem e vão, estes profissionais
tem um grupo de, no mínimo, setenta e cinco diferentes figuras
públicas e estão aprendendo novas vozes constantemente. A maioria
dos impressionistas15 copiará perfeitamente a voz de uma
celebridade e aspectos físicos e as colocará em situações inusitadas,
como, “E se o Senhor Roger fosse Presidente? Ou “E se John Wayne
tivesse uma conversa com a Doutora Ruth?”.
Paródias de filmes são muito populares com comediantes que
fazem figuras públicas. Michael interpreta O Mágico de Oz inteiro em
três minutos e “E o Vento Levou” em dois minutos, fazendo todos os
papéis. Fred Travalena faz um tributo ao Super-homem, onde Louis
Lane é Doutora Ruth, Jim Nabors é Jimmy Olson, e Super-Homem se
transforma em Elvis Presley.
Impressionistas também imitam cantores. A estreante Valery
Pappas faz Cher, Liza Minelli, e uma imitação perfeita de Phoebe
Snow cantando “The Poetry Man”. Pappas cria suas “impressões”
ouvindo uma canção uma vez após outra, até que ela seja capaz de
re-criar cada suspiro, cara nuance, e, então, ela exagera isto. Pappa
diz:“Impressionistas precisam acentuar as qualidades peculiares das
estrelas. Quando eu faço Liza Minnelli, eu exagero o modo como ela
se entusiasma e “torna aquela canção atrativa para a platéia” 16. Se
Liza interpreta17 a canção em cinqüenta porcento, eu tenho que
torná-la atrativa em 100 porcento.
Existe também o nascimento recente 18 de uma “nova onda” de
‘impressionistas’ tais como Mark McCollum, ganhador de 100 mil
dólares no concurso Star Seach (Em Busca de uma Estrela), que

14
Impressions: A humorous imitation of the voice and mannerisms of a famous person done by an entertainer.
(Impressões: uma imitação humorística da voz e maneirismo de uma pessoa famosa, feita por um artista).
15
(comediantes que imitam pessoas públicas)
16
(sells it)
17
sells
18
hip Breed

Stand-Up Comedy – The BookPágina 78 Judy Carter


saltou as usuais caricaturas de estrelas, para imitar personagens de
cartoons cantando músicas de rock. Seu ato inclui Yosemite Sam à
frente da Silver Bullet Band, a voz profunda e cavernosa (foghorn) de
Leghorn nascida para o rap, e Porky Pig completa com reverb
cantando alto e com vigor uma versão de Pride In The Name Of Love,
do U2.
Se você tem talento para o canto ou para “imitar pessoas
famosas”19, faça as pessoas que são mais facilmente reconhecíveis.
Você pode adicionar algumas imitações obscuras apenas por
diversão, mas imitar pessoas famosas é um negócio, e como
qualquer outro, ‘você tem que fazer algo que as pessoas possam
identificar20’. Travalina sugere que novatos tenham uma preferência
especial pelas pessoas do dia de maior apelo popular (top Box-office
people of the day), e tentem descobrir os seus próprios cinco ou seis
que serão a sua especialidade. Deve ser desencorajador para um
novato ver “impressionistas” que tem visibilidade fazendo cinqüenta
ou cem vozes e pensar, “O que eu vou fazer? Há somente quatro ou
cinco celebridades que nenhum deles ainda faz e estes são aqueles
que você vai dar preferência. É deste jeito que você será notado“.
Você também não precisa ter o talento para imitar vozes para
fazer imitações de pessoas famosas. Existem comediantes que
incorporam imitações de objetos inanimados em seus números. Bill
Kirchenbauer imita objetos inanimados fazendo uma “impressão”
histérica de um caminhão de lixo barulhento às seis da manhã, assim
como imita um chiclete sendo mascado contorcendo seu corpo e
terminando no acento de uma cadeira.
Você pode ter uma idéia desse tipo de “impressões” praticando
tornar-se coisas como:
 Um parquímetro
 Um cachorro numa casa velha
 Um par de óculos de sol barato conversando com um par de
Ray-Bans.
Uma vez que você ‘perca a sua inibição’ 21 em uma imitação, o
elemento mais importante se torna o comprometimento. Se
comprometa totalmente a sua imitação ‘se atirando nela com todo o
seu ser’22.

Caracterizações (Personagens)

Fazer caracterizações é a mesma coisa que fazer imitações de


celebridades, exceto pelo fato de você imitar uma pessoa que não é
famosa, mas que, preferivelmente, seja um esteriópito que
19
(speaking impressions)
20
(you have to do something that people can relate to)
21
get down
22
jumping into it with all tour being

Stand-Up Comedy – The BookPágina 79 Judy Carter


reconhecemos da vida cotidiana: um nerd vendedor de linóleo, uma
desorientada23 Valley Girl, um cara grosso em um bar de solteiros.
Todos nos reconhecemos a Ernestine de Lily Tomlin, a operadora de
telefone ‘mau humorada’24, e a Fontaine de Whoopi Goldberg, a
drogada recuperada.
Muitos atores que fazem caracterizações discordam 25 do formato
preparação / desfecho. Tomlin interpreta suas caracterizações como
se ela estivesse fazendo a cena de uma peça. Como no teatro, existe
uma parede imaginária entre ela e a platéia. O personagem, em
muitos casos, não conversa com o público, como acontece na stand-
up, mas, ao invés disso, fala com outro personagem imaginário. Em
razão da natureza teatral disto, muitas pessoas que fazem
caracterizações se apresentam em cenários 26 teatrais, mais
preferivelmente do que em clubes de stand-up.
Quando você está fazendo um one-woman show (show de uma
mulher), como Tomlin faz, você se dá ao luxo de fazer longos trechos
de um personagem onde você tem tempo para criar momentos
dramáticos. Para um especial da HBO, Whoopi Goldberg permaneceu
em sua personagem Fontaine em toda à uma hora de show.
Entretanto, em um clube de comédia, o proprietário não está
interessado em arte dramática. Ele está interessado em manter seus
clientes rindo. Por esta razão, comediantes de stand-up que fazem
caracterizações às mantém curtas e as ‘trabalham 27 dentro de suas
rotinas’. Robin Williams é um mestre nisso. Para um segmento de três
minutos em um “Comic Relief ’88” que discutia tudo sobre o ‘contra-
gate’ para o Golfo de Hormuz, Williams saltava de uma persona e voz
para outra, incluindo um apresentador de talk-show, um pastor de
TV, um chefe da máfia, Ollie North, Humphrey Bogart, um hippie
‘viajandão’28, George Wallace, e um iraniano.

23
spacey
24
surley
25
deviate
26
settings
27
weave them into their routine
28
zonked-out

Stand-Up Comedy – The BookPágina 80 Judy Carter


Usando Preparação e Desfecho (Setup-punch)
A fórmula da preparação e do desfecho ainda se aplica quando
fazemos caracterizações. A preparação, normalmente, inclui
informação sobre a personagem, e o desfecho é a interpretação
deste personagem. Ir direto de um personagem a outro, sem
nenhuma preparação, às vezes, confunde a platéia a respeito de
quem está falando. Quando o comediante Joey Camen introduz seu
personagem racista, “Cliford Fletcher”, ele prepara seu personagem
com:

“I’m against racism, but I met this guy...”


“Eu sou contra o racismo, mas eu conheci esse cara…”

Com esta preparação, a platéia se dá conta de que não é Camen


que é racista, mas seu personagem ‘provinciano e conservador’ 29.
Esta introdução cria um contexto para o personagem criar vida.
Durante a preparação você se conecta com a audiência, o que é
esperado em um Clube de Comédia, e no desfecho, você interpreta o
personagem, se desconectando da platéia.

Criando uma Personagem


Você pode descobrir personagens a partir de observação das
pessoas que você conhece, como um professor memorável, um
membro da família, ou a mulher por trás do caixa da lavanderia.
Marsha Meyers, membro e criadora do Grupo de Improvisação War
Babies e professora de improvisação, sugere que personagens podem
se desenvolver a partir de um pensamento, uma observação, ou uma
idéia psicológica como “... este cara é exatamente como o uma
lâmpada incandescente”.
Você poderia fazer tudo o que o uma lâmpada de bulbo faria e
improvisar um personagem, muito elétrico, um tipo excêntrico.
Quando criar uma caracterização:
 Rotule em sua própria mente em que categoria o seu
personagem se encaixa ( isto é, mendiga, ciclista,
bibliotecária, ...).
 Pergunte a você mesmo que maneirismos são típicos do
personagem que você escolheu. Por exemplo, se a sua
personagem é uma bibliotecária, maneirismos típicos
poderiam ser o fato dela ser quieta, sistemática, e por ai
vai.

29
red·neck (rµd“nµk”) n. Offensive. Slang. 1. Used as a disparaging term for a member of the
white rural laboring class, especially in the southern United States. 2. One who is regarded as
having a provincial, conservative, often bigoted sociopolitical attitude.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 81 Judy Carter


 Dê ao seu personagem um exagero nos maneirismos que
nós já esperamos. Dê a ele, ou ela, um monte de
características excêntricas. Por exemplo, não apenas faça a
bibliotecária do tipo quieta, mas ela ficar com enxaqueca
mesmo com a queda de um alfinete.
 Descubra maneirismos excêntricos 30 e frases que você
possa usar como bordão (referência) 31. Por exemplo, todos
nós reconhecemos a frase “Oh, com certeza!” 32 da ‘Garota
do Vale’33, ou a risada impertinente34 de Ernestine.
 Dê um ponto de vista ao seu personagem. ‘Faça uma
ligação’35 dos maneirismos do seu personagem com um
dilema. Por exemplo, e se um ciclista entra em uma
biblioteca? Qual é a opinião da bibliotecária a respeito do
ciclista e como isso poderia mudar o seu comportamento?
Você precisa saber como o seu personagem se sente a
respeito de diferentes assuntos, e é importante ser
específico.
o Em quem ele ou ela votaria?
o Qual é a sua religião? Etc.
o Como ele ou ela se comporta em diferentes situações?
o Onde ele ou ela mora?
o Com quem ele ou ela está falando?

Chynthia Szigeti, que dá aulas de improvisação na Groundlings


Improvisational School, de Los Angeles, lugar onde nasceram Pee-
Wee Herman, Laraine Newman, e Phil Hartman, do Saturday Night
Live, ajuda seus alunos a criarem personagens fazendo o que ela
chama “Exercício de Ruminação”:
 Sente-se em uma cadeira e faça o seu personagem falando
como ele tão rápido quanto possível, sem pensar e sem pausas.
 Diga tudo o que você sabe a respeito de seu personagem. Se o
que você tem a dizer se esgotar, simplesmente, prossiga
falando. Depois de cinco minutos, você muito provavelmente
terá consumido todo o seu material.

De acordo com Szigeti, é quando você esgota o seu material, que o


seu personagem começa a falar e quando as boas coisas surgem.
Algumas vezes, é como se você estivesse se “transmutando” 36
naquela pessoa.

30
quirky
31
call backs
32
“Oh, for sure!”
33
“Valley Girl”
34
snortty
35
hook up
36
transchanneling

Stand-Up Comedy – The BookPágina 82 Judy Carter


Música
Paródias, quando um comediante coloca uma nova letra em uma
canção reconhecida, são uma grande maneira de fazer as pessoas
rirem. Dale Gonyea (cantor, compositor e comediante), um jovem
Victor Borge, conseguiria boas risadas mudando:

“You must remember this, a kiss is still a kiss.”


“Você tem de lembrar-se disso, um beijo é sempre um
beijo.”
Para:

“You must remember this, a quiche is still a quiche”


“Você tem de lembrar-se disso, um queijo é sempre um
queijo.”

E em suas mãos, “Downtown” se torna “Groundround”.


Paródias de canções, entretanto, são profissionalmente limitadas
porque você nunca será o autor delas, deste modo, você não poderá
fazê-las na TV. Mais tarde, em sua carreira, Gonyea descobriu que ele
precisava surgir com canções totalmente originais, assim como as
letras. Aqui está um trecho de sua canção original “Name Dropping”:

“Is Shelley Long or Short? Was John Gielgud Good all day?
What did Ernest Heming Weight? Is Glenn Close? Is Jamie
Farr? Did Tommie Tune his own guitar? And what did Stevie
Wonder?”

Um aluno, Jessie Goldberg, descobriu que cantar era a melhor


maneira de expressar a sua simpatia por sua ex-mulher em sua
canção, “Tudo de bom pra você”37:

“I hope you get fat, and get wrinkles on your face. And you
lose all your hair and your teeth fall out of place.
And I hope that you fail in everything you do. Otherwise ll
the best to you.”
“Espero que você engorde, e que rugas em seu rosto
cresçam. Que seus dentes caiam da boca e seus cabelos
desapareçam. Desejo que em tudo o que fizer, você
fracasse pra valer. Por outro lado, eu desejo tudo de bom
para você”.

Se você tem um talento musical, incorpore isso em seu ato. Os


pais de Judy Tenuta lhe compraram um acordeão e aulas de um
37
“All the Best to You”
Stand-Up Comedy – The BookPágina 83 Judy Carter
vendedor de porta em porta, quando ela era uma criança; agora, ela
usa-o em seu número, batendo nas teclas para enfatizar:

“He Said, ‘Judy, Judy, I must possess you’ – ta da da – he


had an accordion, too.”
“Ele disse, ‘Judy, Judy, você tem de ser minha’ – ta da da -
um acordeão ele também tinha”.

E Tenuta canta canções off-kilter, como a Country & Western em


tributo ao papa:

“I just want a cowboy in a long white silky dress.”


“Eu apenas quero um vaqueiro em um longo vestido branco
de seda”.

Charlie Fleischer toca instrumentos de música abstratos


inventados por ele mesmo e termina o seu ato tocando a Quinta de
Beethoven... em uma harmônica.
Então, eis aqui a chance de, finalmente, fazer aquelas aulas de
38
oboé valerem a pena. Tire-o de dentro do armário e veja se pode
encaixá-lo em seu ato.

Descobrindo o seu ’Dom’ 39

Mais cedo ou mais tarde, meus alunos automaticamente


gravitam para o seu dom “cármico”. Não é como se eles tivessem
feito uma escolha intelectual sobre se eles querem usar adereços ou
cantar em seus atos. Isso se desenvolve naturalmente. Quase como
se eles não pudessem evitar. Um aluno escolhia adereços no seu
caminho para a aula. No momento em que ele chegava na classe, ele
tinha uma sacola de papel repleta de coisas esquisitas e intenções 40
que ele não podia esperar para nos mostrar. Outra aluna, apenas
fazia comentários sobre coisas que ela lia nos jornais, enquanto outra
aluna, não importava o quanto ela resistisse, continuava fazendo
caracterizações.
Seu estilo é normalmente formado na infância e você não pode
escapar dele. Quando criança, Charilie Fleischer era bom em arte,
então, em seu ato, ele dava vozes para as suas esculturas em “foam
rubber”. Arco e flecha era a única coisa em que Gary Mule Deer tirou
um ‘A’ no colégio. Isto se tornou o encerramento do seu show,
quando ele usava sua guitarra como um arco e flecha para acertar
um cigarro aceso na boca de uma galinha de borracha. Mark Russell
começou tocando piano quando criança, em Washington, D.C., então,
era natural que ele prosseguisse tocando piano em um hotel do
38
French horn
39
schtick
40
ends

Stand-Up Comedy – The BookPágina 84 Judy Carter


outro lado da rua do Senado e conversar sobre o que estava
acontecendo no congresso dos EUA 41. Victoria Jackson fez uma
primeira aparição explosiva no Tonight Show, fazendo material
acompanhado por números muito hábeis de ginástica, que ela
aprendeu quando era criança. Ao invés de tentar escapar da sua
infância, abrace-a e coloque-a em seu ato.
Se até este ponto você não está certo de que coisas deve
incorporar ao seu númerop, não se preocupe. Seu estilo será revelado
a você. É uma descoberta de quem você já é – do que você foi
moldado42 para fazer. Este processo de descoberta pode acontecer do
dia para a noite, ou, mais comumente, pode levar meses ou anos.

Resumo
Não seja rápido demais para rotular ou limitar você mesmo.
Muitos comediantes fazem do jeito mais simples, usando o formato
da preparação e desfecho básico. De todo jeito, não lute contra as
suas tendências naturais. Se você tem um desejo de tocar tuba, fazer
cantos de passarinhos, cantar uma canção, ou passar roupas, faça.
Seja paciente, seja verdadeiro com você mesmo, siga as suas
inclinações naturais, e seus dons divinos se revelarão para você.

41
Capitol Hill
42
cut out

Stand-Up Comedy – The BookPágina 85 Judy Carter


Capítulo 5

GETTING IT READY

Sua abertura é a parte mais importante do seu ato. Dentro de


dez segundos a platéia irá se decidir se gosta ou não de você. Se
você criar uma má primeira impressão, você gastará o resto de seu
ato tentando consertar os estragos.
Uma boa abertura conecta você com a platéia. Uma boa abertura
tem os pés da realidade. Aqui estão algumas considerações no
momento da escolha de seu número de abertura.

 Faça um comentário sobre algo que é verdadeiramente


perceptível em você, como um nariz grande, cabelos rebeldes, e
daí por diante. Tente abrir o seu ato com um dos itens da sua
lista de características físicas.

“Eu estou preocupado que o meu cabelo cresça,


fique maior do que eu e me leve a lugares onde eu
não quero ir...”.

- da estudante Jennifer Heath

 Abra com alguma coisa que reflita sua “persona”. Uma boa
abertura define quem você é e permite a platéia saber o que ela
pode esperar. Um número de uma de minhas alunas era sobre
sua vida noturna.

“Oh, um banquinho de bar... Me sinto como se


estivesse em casa”.

Se você fará truques de mágica, comece com um troque. Se você


irá demonstrar fúria, na maior parte de seu ato, comece sendo
raivoso. Por exemplo, Judy Tenuta abre seu ato berrando:

“Olá, porcos!”.

A abertura rude e corajosa de Tenuta prepara a audiência para a sua


marca de humor irreverente e hostil.
 Se você não consegue encontrar nada óbvio a seu respeito, abra
com alguma coisa que é óbvia para a platéia. Um comediante
para uma platéia pequena:

“Vocês todos vieram no mesmo carro?”

Stand-Up Comedy – The BookPágina 86 Judy Carter


Quando eu percebi que estava atuando para uma platéia
somente de brancos, eu abri com:

“Olá, gente, não somos todos caucasianos?”.

Abra com um tópico que você e a platéia tenham em comum,


como a cidade onde você vive, o tráfego de lá, a comida do clube, e
assim por diante.
Quando Robin Williams atuou no Metropolitan Opera House, ele
abriu seu ato comentando sobre o enorme candelabro que a platéia
podia ver levantando os olhos para o teto.

“I would like to thank Imelda Marcos for her earings. I


wonder if Pavarotti is over at the Improv going ‘Two Jews
walked into a bar’… ”
“Eu gostaria de agradecer a Imelda Marcos pelos seus
brincos. Eu imagino se o Pavarotti terminasse uma
apresentação no Improv43 mandando aquela piada dos dois
portugues...”

“Olá, Santa Fé, eu gosto de sua cidade! O uniforme da


polícia daqui lembra o da assistência técnica da Brastemp!
Eles mandam você encostar e você diz: O que? Minha
geladeira quebrou de novo?”.

- Paul Rodrigues

Comece seu ato com alguma coisa corriqueira da vida daquelas


pessoas, algo que acabou de acontecer (ou, você pode fingir que
acabou de acontecer). Por exemplo, se você está fazendo uma rotina
sobre o tráfego, diga que isto aconteceu no caminho para o clube,
naquela noite.

“No caminha pra cá, na Via Expressa de Hollywood, eu vi


uma placa indicando: ‘Instituto de Braile – próxima saída à
direita’. Agora, para quem é esta placa? Ela cria um terrível
engarrafamento. Há cantores de blues, cachorros e
bengalas por toda a estrada”.

- Arsênio Hall

 Não comece com Hitler. Isso deixa as pessoas de mau humor.


Guarde assuntos controversos para mais tarde, quando a platéia
estiver com você.

43
nome de um Clube de Stand-up nos Estados Unidos.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 87 Judy Carter


 Não comece com ‘Ei, como estão todos vocês?’ Há tantas
maneiras originais de começar um ato, por que começar com
um clichê?
 Não comece com “Ei, esta coisa está ligada?” Ou... “É tão claro
aqui”. Ou... “Rapaz, eu estou nervoso.” Chamar a atenção para
seus medos no começo de sua apresentação fará somente com
que eles aumentem a medida em que você prosseguir. Isso
deixa todo mundo do lugar nervoso.
 Não comece com um material que dará a platéia uma falsa
impressão a seu respeito (sobre quem você é). Uma de minhas
alunas começou sua apresentação com uma atitude durona e
muito agressiva, que lhe rendeu uma boa risada. Entretanto, ela
perdeu a platéia porque o grosso de seu material não era
agressivo, mas simpáticas e refinadas observações sobre ser
mãe. Então, não dê a platéia uma falsa expectativa. Abra com
algo que você possa manter pelo resto da sua apresentação.
 NÃO abra sua apresentação com material referente a sexo. Você
não quer que a platéia chegue ao clímax nos seus primeiros dez
segundos e, depois, adormeça pelo resto do seu número.

Além disso, saiba qual é a sua atitude. Manter o foco em como


você se sente a respeito do que você está falando ajudará você a
superar o medo do palco e atravessar essa parte difícil de seu
número.

Workshop # 25
A ABERTURA

Pesquise seu material e selecione o melhor material possível para


uma abertura:

 Material a respeito de sua aparência física


 Material que reflita a sua persona.
 Material sobre a platéia.
 Material sobre um tópico comum, cotidiano.
 Material sobre alguma coisa que tenha muito a ver com a sua
vida.

Esboce seu material de abertura aqui:

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Stand-Up Comedy – The BookPágina 88 Judy Carter


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A respeito das Transições

Não se preocupe com transições. O tempo na TV é tão precioso


que um comediante precisa se mover de um pensamento para outro
sem perder tempo com transições estúpidas como:

“E, falando de bananas, eu estava no mercado outro dia


e...”

Na América, nós somos tão sofisticados em relação as stand-ups


que a platéia reconhece quando um comediante está fazendo uma
transição e isso soa artificial. Letterman e Carson tiram sarro deles
mesmos quando eles fazem transições. As próprias transições têm se
tornado piadas elas mesmas. Como diz o comediante Barry Sobel:

“Platéia tola, transições são para crianças.”

Na vida real, as pessoas pulam de um assunto para outro na


medida em que os pensamentos lhes ocorrem. Uma mulher pode
falar sobre seu cachorro doente e, no meio da frase, lembrar-se que
tem de passar na lavanderia. De repente, mudar de tópicos é o que
proporciona um engraçado e inesperado nonsense. Pense no que
acontece quando uma bola quica em uma parede. Ela vai a uma
direção e, então, abruptamente, muda para uma outra direção. Minha
aluna, Patty Louise Iacobello, pula de um tópico a respeito de ser uma
católica piranha, para falar “Ei, saio com um sem-teto” e, de repente,
diz “Certo... agora eu gostaria de cantar uma canção...”
Num quadro na TV, o comediante selvagem Bobcat Goldthwait
fez seu monólogo sobre uma cama de ‘carvão em brasa’ 44 com um
pedaço de carne crua amarrado em seu tornozelo:

“Dois caras entrando em um bar... aiiee!”

Depois da rápida performance, Bobcat abriu um leve sorriso e,


sem nenhuma transição, continuou:

“Deus me disse que me daria oito milhões de dólares se eu


matasse Oral Roberts.”

44
Hot coals

Stand-Up Comedy – The BookPágina 89 Judy Carter


Você descobrirá que certos tópicos naturalmente conduzem a
outros. De qualquer maneira, se eles não conduzirem, não force a
barra. Termine um bloco de piadas. Pare... respire, e comece um novo
tópico com energia e entusiasmo.

The Set List45

Agora que você já tem a sua abertura, o meio do seu material


deve ser organizado em uma set list: uma lista com a ordem de suas
piadas. Uma lista de sets é uma lista de palavras chave de sua
apresentação. Assim como os músicos fazem com a lista de canções
que eles cantarão, comediantes fazem uma lista dos blocos de piadas
que eles planejam contar: “Primeiro, eu vou falar sobre encontros,
então, vou falar sobre ficar velho...”
A lista de sets é uma maneira rápida e pessoal de um
comediante ter uma palavra ou frase que, quando é olhada por ele,
lhe faz lembrar imediatamente do seu ato. Muitos comediantes
organizam seu material por assuntos. Quando você ensaiar seu
material, você descobrirá que certos tópicos naturalmente se movem
para outros tópicos. Eu sugiro começar com os tópicos menos
pessoais e terminar com os mais pessoais. Lembre-se, entretanto,
que todo o seu material deve ser a respeito de você.
Aqui está uma velha lista de sets de uma apresentação para um show
de 15 minutos:

Namoro
Medo de dormir sozinha
Namoro pelo computador
Cão
Ficar velha
Ginástica
Cinderela
Relacionamentos

Eu comecei com um bloco de piadas sobre namoro porque havia


muitos casais na platéia e minha falta de sucesso em encontros
amorosos é uma introdução natural para o meu bloco a respeito de
dormir sozinha.

“Assim que eu apago as luzes, minha casa se transforma


em um livro do Stephen King. Eu penso que há um homem
em baixo da cama, um homem escondido no armário, um
homem atrás da porta. Eu quero dizer, onde eles estavam
na noite do baile de formatura, quando eu precisava?”.

45
um pedaço de papel onde está a ordem de suas piadas

Stand-Up Comedy – The BookPágina 90 Judy Carter


E, então, eu faço um pequeno pedaço sobre meu frustrado
namoro pelo computador.

“... ele tinha um ‘Wang’ realmente legal e eu era ‘user


friendly’ a respeito disso, mas eu precisava de um cara com
um hard disk, nada desse negócio de disco flexível!”.

Logicamente, isso me levava a minha preocupação a respeito de


meu relacionamento com o meu cachorro.

“Talvez, eu seja de duas espécies. E estou lendo um livro...


Mulheres Que Amam Demais os Seus Cães...”

E daqui, eu viajo até a minha preocupação em ficar velha.

“... um dia eu vou acordar e, não importa quão quente


esteja, eu vou querer usar um casaco...”

Então, eu faço um pedaço sobre ginástica onde eu falo como


estou lutando contra o envelhecimento, mas:

“Essas academias são todas freqüentadas por ambos os


sexos, você tem de usar um diafragma para entrar na
jacuzzi46. Uma garota ficou grávida no aparelho para as
coxas”.

Nesse ponto, eu sinto que a platéia me conhece melhor e eu me


torno mais íntima, como quando eu falo sobre meu desejo de
encontrar um bom relacionamento e meus desapontamentos:

“Cinderela mentiu para nós. Deveria existir um ‘Betty Ford


Center’ onde eles desprogramassem você te colocando em
uma cadeira elétrica. Toca ‘Algum Dia Meu Príncipe Virá’, te
dão um choque e vem, ‘Ninguém virá... Ninguém virá...
Ninguém Virá...”

DICAS NA HORA DE USAR A SUA ‘SET LIST’

 Organize a sua lista de modo que os assuntos fiquem cada vez


mais pessoais.
Ficar em frente de uma platéia é como sair em um primeiro
encontro. Eles não conhecem você, então não os afugente abrindo
seu show com uma rotina sobre seus pelos pubianos. Muitos
comediantes preferem organizar seus números numa ordem
crescente de intimidade. Comece com tópicos seguros como coisas
referentes ao trabalho, namoro, comida, e assim por diante. Então, a
46
banheira de água quente.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 91 Judy Carter


medida em que você e a platéia se conhecem, prossiga com tópicos
mais pessoais como relacionamentos e sexo.

 Não leve a sua lista para o palco.


A não ser quando os comediantes estão testando material novo,
eles raramente levam suas listas para o palco. Uma aluna estava tão
preocupada em esquecer seu número que ela escreveu a sua lista de
piadas na palma de sua mão. O único problema é que ela suava tanto
que gastou a maior parte de sua apresentação tentando ler a palma
da mão. Uma platéia que paga um “couver” e dois drinques no
mínimo gostaria de pensar que o comediante fez um esforço para
memorizar seu número. Seria como assistir a uma sitcom com os
atores segurando seus roteiros. Só por desencargo de consciência, eu
sempre escrevo minha lista poucas horas antes de eu começar,
escolhendo que material eu quero fazer aquela noite e onde colocar
as coisas novas.

 Use a lista de piadas como uma ferramenta de memorização.


Geralmente, só o ato de escrever a minha lista de blocos de piadas
me ajuda a lembrar meu número e me dá uma idéia geral da ordem
do material porque isso me força a visualizar meus blocos de piadas.
Anotar as palavras código da minha apresentação envia uma imagem
ao meu cérebro do meu ato inteiro.
Organizar o material de acordo com o fluir lógico da sua emoção
faz com que memorizar a ordem seja quase desnecessário. Você
pode ver, a partir da minha lista, como cada assunto está conectado
emocionalmente com o que veio antes. Minha lista é desenhada a
partir da maneira como meu cérebro relaciona as minhas
preocupações a respeito das coisas. É muito natural para mim, ir da
minha preocupação a respeito de não namorar, para a minha
preocupação sobre dormir sozinha. As palavras código da lista, então,
acionam o gatilho da memória para o que eu já sei instintivamente.

 Você não tem que ser perfeito.


Eu nunca segui a minha lista ao pé da letra. Existem sempre coisas
que surgem inesperadamente da minha boca e coisas que eu edito
enquanto eu faço minha performance. A lista é uma sugestão de rota,
mas não fique acorrentado a ela. O caminho mais curto de Los
Angeles para São Francisco é a Interestadual 5. Mas, seja um viajante
que deseja sair da estrada principal e pegar desvios. Mesmo que
você saiba para onde está indo e você tenha mapeado o melhor
caminho para chegar lá, aproveite a oportunidade para explorar as
estradas remotas. Quando você se perder, você saberá que pode
sempre voltar para a estrada principal e atingir o seu destino.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 92 Judy Carter


Workshop # 26
SUA LISTA DE SETS

Limitando-se a uma palavra ou frase, anote os tópicos de sua


performance.

Primeiro Esboço

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Agora, reorganize seu material indo do menos íntimo para o


mais pessoal. Não force a barra para que os tópicos se relacionem
uns com os outros, a não ser que eles se conectem naturalmente.
Lembre-se, você pode saltar de um tópico para outro.

Segundo Esboço

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Stand-Up Comedy – The BookPágina 93 Judy Carter


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Agora, para fixar a lista de sets na sua cabeça, acomode-se


confortavelmente, feche os olhos e imagine uma platéia na sua
frente. Sem olhar para nenhuma anotação, comece a fazer o seu
número e deixe a ordem de seu material surgir, naturalmente.

Escreva o último tratamento da sua lista de sets aqui:

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O Fechamento
“Deixe-os rindo...”

Você precisará modificar a sua lista de sets de maneira que o


material que você sabe que irá arrasar esteja no final de sua
apresentação. Se você está perto do final de seu número e receber
uma grande gargalhada, saia do palco. Alguns comediantes recebem
uma boa gargalhada perto do final de seus números, então, tentam
superar aquela piada e acabam com uma “queda” 47. Deixe-os
querendo mais. Ao invés de fazer tudo o que está na sua lista, se
você obtiver uma grande gargalhada perto do fim do show, diga
“Obrigada e boa noite”, e saia correndo dali.

47
thud

Stand-Up Comedy – The BookPágina 94 Judy Carter


Workshop # 27
O FECHAMENTO

Qual material você acredita que obterá a maior risada? Anote-o aqui:

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Já que é difícil saber exatamente quão longo será o seu número


e que partes arrancarão as reações mais animadas, é melhor estar
preparado para dois finais diferentes, um mais cedo que o outro.
Nesse caso, quando seu tempo acabar, você pode encerrar com uma
risada e não ter que correr atrás da “grande risada” antes que o seu
tempo se esgote.
Possíveis finais de antecipação:
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Como Ensaiar Seu Ato


“Hey, mãe, escute essa.”

Muitos comediantes não ensaiam seus números. Apesar deles


escreverem seu material, eles esperam estar diante de uma platéia
para dizê-lo em público.
Stand-Up Comedy – The BookPágina 95 Judy Carter
Jerry Seinfeld sente que não há necessidade alguma para
ensaios, que você tem que aprender a moldar o material à sua
platéia e não há nada que você possa fazer por sua conta. De acordo
com Seinfeld, “Uma boa apresentação cômica não é um monólogo, é
um diálogo e a platéia faz parte, e você tem que equilibrar os dois
juntos”.
Minha sugestão para iniciantes é memorizar seu número
atuando com atitude e sentimento em frente a seu “parceiro na
comédia” (comedy buddy) e não em frente a um espelho.
O maior medo de um “performer” é que ele ou ela esqueça seu
ato. Conseqüentemente, a partir deste medo, comediantes
memorizam demais o seu material e tornam-se comediantes robôs.
Não importa o que aconteça sobre o palco, eles atuam como
planejado. A garçonete derrubou uma bandeja de drinques, os cliente
estão fazendo uma guerra de comida, e o microfone falhou, ainda
assim, o “performer” prossegue como se nada estivesse
acontecendo. Ser perfeito talvez faça você receber um “A” em
álgebra, mas ser perfeito não tem nada a ver com ser engraçado.
Algumas vezes, a melhor parte do número de um comediante é
quando ele esquece o texto. As pessoas adoram observar outras
pessoas em situações constrangedoras. Por que você pensa que as
pessoas pagam para assistir acrobatas se equilibrando em uma
corda? É a possibilidade de que eles caiam que nos mantém ligados.
Um bom equilibrista da corda bamba fingirá perder o equilíbrio
somente para deixar a platéia mais excitada.
Memorize o seu material, mas, sempre desejando livrar-se dele
para que você possa lidar com o que está acontecendo no momento.
Lembre-se:

NÃO teste material com parentes. Você não praticaria um


striptease com o seu bibliotecário. Não pratique stand-up com a
sua mãe.

TESTE seu material com o seu companheiro de comédia


(comedy buddy), ou, colocando sutilmente no meio de uma
conversa, mas nunca deixe ninguém saber que você está
testando o seu material. Material que arrasa em uma cozinha,
pode fracassar em um clube.

NÃO ensaie o seu material sem, primeiro, entrar em contato


com a sua atitude e visualizar o que você está dizendo. Se você
não fizer isto, seu material vai soar como coleção de palavras
sem vida. As pessoas não respondem a palavras simplesmente;
eles reagem a sentimentos e as imagens por trás das palavras.
A imaginação é uma ferramenta poderosa. Isso obriga você a
vivenciar sobre o que você está falando. A primeira vez que
você conta uma história, você, naturalmente, cria uma imagem

Stand-Up Comedy – The BookPágina 96 Judy Carter


na medida em que você a relembra. A segunda vez em que você
conta a história você, provavelmente, estará mais concentrado
em tentar conseguir uma reação e menos em tentar entrar em
contato com os seus próprios sentimentos. Você estará mais
focado em seus sentimentos se você visualizar sobre o que você
está falando. Isso manterá o seu material vivo e espontâneo.

NÃO ensaie demais. Conheça o seu material, mas não o molde


em concreto, porque você terá de modificar seu número
dependendo da platéia. Você não está se apresentando no
vácuo. Coisas que estão além do seu controle acontecerão. Na
vida real, pessoas da platéia falarão com você. A garçonete
derrubará copos. Você precisa querer deixar seu material aberto,
talvez, abandonar alguma coisa que você planejou para
responder as circunstâncias imediatas.

Eu aprendi isso da maneira mais difícil. Eu fui convidada para


atuar em um acampamento para crianças deficientes. Eu estava
nervosa por ter de atuar para crianças. Como diz o comediante que
faz mágicas, Tom Mullica: “Atuar para crianças é como atravessar um
safári de leões vestindo um pedaço de carne”.
A partir do momento em que eu não tinha nenhum material
apropriado para crianças, eu decidi fazer mais truques de mágicas.
Eu ensaiei e ensaiei. Eu cheguei ao acampamento, muito preparada,
até descobrir que era um acampamento para crianças cegas. Demais
para os meus truques de mágica. Eu subi no palco e disse para a
platéia que eu estava lá semi nua e comentei sobre o frio que estava
fazendo. Bem, o que você teria feito?
Stand-up, como dança de salão, é uma forma de entretenimento
interativa e pessoal. Quem está na platéia sempre afeta o seu
número. Se apresentar diante de uma platéia com a mesma idade
que você é diferente de se apresentar diante de uma platéia com a
idade dos seus pais. O número de uma das minhas alunas era
baseado no fato dela ser lésbica. Seu número foi muito bem recebido
no Festival do Orgulho Gay, mas ela se sairia bem diante de uma
platéia careta? Por não saber como uma platéia reagiria a ela, ela
tinha que se manter flexível. Depois que ela revelou que era lésbica,
uma mulher na fila da frente deixou escapar um: “Arg!” Ela se utilizou
da reação careta e negativa da mulher para improvisar um material
adicional.

“You might want to consider the advantages of being a


lesbian: You don’t have to worry about the toilet seat being
up, you don’t have to worry about disease, and… you never
have to sleep in the wet spot.”
“Você deve considerar as vantagens de ser lésbica: você
não tem que se preocupar se o acento da privada está

Stand-Up Comedy – The BookPágina 97 Judy Carter


levantado, você não tem que se preocupar com doenças
e... você nunca tem que dormir em um lençol melado”.

Foi a sua flexibilidade que fez com que ela se saísse tão bem. E
conseguisse um jantar romântico.
Então... conheça o seu material, mas esteja pronto para fazer
mudanças.

Workshop # 28
O FECHAMENTO

Memorize seu ato, fazendo-o diversas vezes.

 Pratique seu material em blocos de piadas.


 Apresente seu material expressando sempre atitudes fortes.
 Visualize sobre o que você está falando.
 Pratique seu material como se você estivesse se apresentando
para:
o Um grupo de amigos
o Uma convenção dos taxistas de Nova York
o Um grupo de dentistas

Se você perceber que está tendo problemas com a memorização


de certos blocos de piadas, pergunte a si mesmo:

1. Qual é a sua atitude naquele bloco?


2. Você pode visualizar sobre o que você está falando? Você
consegue criar imagens para o que você está falando?
3. A sua preparação para a piada (setup) é simples ou é muito
complicada?

Bom material sai facilmente de sua boca. Se o seu material está


ficando confuso, se livre dele. O material talvez esteja sem graça e
estranho por causa de:

 Um problema de linguagem – a sua escolha de palavras é formal


e muito rígida.
 Uma atitude que não combina – experimente uma nova atitude
e volte a (ranting and raving) vomitar coisas a respeito daquele
assunto com uma atitude diferente como sublinhado no capítulo
2.
 É redundante – encurte seus setups.
 Falta de comprometimento – você está simplesmente entediado
com aquele tópico. Livre-se dele e descubra assuntos que
interessem você de verdade.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 98 Judy Carter


TIMING/ DELIVERY
“Tempo é tudo...”
- George Burns

“Timing” é tão difícil de ensinar - é algo que você tem que


sentir, como no jazz. Há vezes sobre o palco em que meu “timing” é
tão bom, eu estou tão em sincronismo com o universo que eu não
posso fazer nada de errado. E há vezes em que meu “timing” está
tão por fora que, não importa o quanto eu me esforce, eu não consigo
achar um ritmo para o meu número 48. Existe um ritmo da comédia 49;
quando você ganhar mais experiência, você saberá quando o tiver
atingido, e será capaz de deslizar dentro dele mais e mais. Até lá,
aqui vão algumas dicas de técnicas que ajudarão você com o tempo
da comédia e de dizer a piada.

Emocional Tags (Reação ao Punch)


Os pequenos fragmentos de sua emoção 50 é o que você
improvisa depois do desfecho da piada. É a sua resposta genuína e
espontânea ao que você acaba de dizer, e cria uma sensação de
intimidade entre o comediante e a platéia. Pode ser tão simples
como:

“ ‘Yup!’ ‘É isso aí’ ‘Eu sei... eu sei’.”

Da mesma maneira que o arremessador de beisebol tem que


acompanhar o desfecho da jogada depois que a bola parte de sua
mão, um comediante tem que acompanhar o desfecho da jogada 51,
depois que o punch (desfecho da piada) sai de sua boca. Um
fragmento52 é uma maneira de você ir até o fim em sua atitude a
respeito do que está sendo dito. Você tem a sua preparação, então, o
desfecho da piada, e, então, o fragmento final (reação). É o que você
faz enquanto as pessoas estão rindo, ou não.
Você nunca se sentirá da mesma forma no final de cada
desfecho de piada. Desta forma, esse fragmento de reação sempre
será diferente – nunca será algo permanentemente fixo. Serve
unicamente para aquele momento. Deixe espaço para essas reações
ao final de cada “punch”, mas não as ensaie. Não tente ser
engraçadinho, apenas reaja. “Sim... essa é minha mãe!” ou, apenas
um “Viva!” fará bem o serviço. Essa reação também pode ser
acompanhada de alguma expressão em seu rosto. A idéia é não
planejar essas reações, mas deixar espaço para que elas aconteçam.
48
get my act on the groove.
49
comedy groove.
50
emotional tags.
51
follow-through
52
tag emotional

Stand-Up Comedy – The BookPágina 99 Judy Carter


Depois da reação ao desfecho, não se esqueça de respirar. Eu
sei que isso parece estúpido de ser lembrado, mas você ficará
surpreso. Primeiro a preparação (setup), depois o desfecho da piada
(punch), em seguida a reação ao desfecho e, então, respire, dê uma
pausa. Não corra com seu material emendando uma coisa na outra.
Tudo bem ter momentos de silêncio em seu ato, é até necessário. Eu
tenho visto grandes piadas não obterem uma reação porque o
comediante não deixou sequer um momento para a platéia reagir.
Freqüentemente a reação depois do desfecho da piada é o que causa
a risada. “It honks to them”.

Workshop # 28
REAÇÃO APÓS O DESFECHO DA PIADA

A reação ao desfecho da piada não pode ser ensaiada. Elas são


porções espontâneas e genuínas de seu ato, que funcionam naquele
momento. Mas tenha uma sensação de como elas parecem, fazendo
um pedaço de seu número e reagindo a ele, pensando alto depois do
desfecho. Uma reação pode ser sobre como você se sente em
relação ao que acaba de dizer: “Rapaz, essa foi uma idéia idiota”. Ou,
pode ser apenas um ruído: “Uh!” Ou, simplesmente concordar com
um aceno de cabeça. David Letterman costuma usar essa técnica.
Depois de uma piada que não funciona e não obtém uma resposta do
público, ele diz:

“Ei, essa é a piada, pessoal!”.

Acostume-se a deixar um espaço para adicionar pensamentos


depois de um desfecho, tomar fôlego e valorizar esse instante
(creating a moment). Isso é o que vai criar seu ritmo e tornar a sua
apresentação mais parecida com uma conversa onde se dá e recebe.

Resumo

Até agora você tem:

 Escrito a sua abertura


 Esboçado uma lista de piadas por assunto, ou tema
 Decidido qual será o seu encerramento
 Ensaiado o seu número

Todo trabalho que você fez o conduz a um lugar: atuar em frente a


uma platéia de verdade. O próximo capítulo o levará pela mão
através da experiência de uma performance.
Stand-Up Comedy – The BookPágina 100 Judy Carter
Capítulo 6

SUBINDO NO PALCO

“Dying is easy, comedy is hard.”


“Morrer é fácil, comédia é difícil...”.

- Edmund Kean, nineteenth-century actor

É claro que se apresentar é assustador. Mas, você não deveria


gastar um mês fazendo um barco e nunca colocá-lo dentro da
água. Agora é hora de fazer seu ato diante de uma platéia e ver se
ele não afunda.
Mesmo que você não esteja considerando uma carreira como
comediante, é imperativo que você experimente seu ato em um
clube de comédia em uma noite de amadores. Você não pode
entender de verdade os princípios para se fazer rir a menos que se
apresente em um lugar aonde as pessoas vão para rir. Uma vez
que você tenha se apresentado em um Stand-up Club, adicionar
humor a um discurso, fazer uma torrada ou vender piche será
moleza. (Veja o Capítulo 9)
Por hora, você tem uma lista de blocos de piadas de três a vinte
minutos de material. Neste capítulo, eu lhe darei exercícios para
reduzir o seu medo, assim como, dicas de alguns dos maiores
nomes da comédia para guiá-lo através da experiência de se
apresentar em público. Mas, primeiro, você precisa encontrar um
lugar para se apresentar.

Arrumando um Trabalho
(Só vale para os EUA).

Duas horas para começar o show


“O que eu devo usar?”.

Use algo confortável. Evite fazer grandes declarações com as


suas roupas. Se suas roupas forem mais engraçadas do que você...
você está com problemas.
Mulheres: não se vistam de maneira sexy, a menos que esteja
de acordo com a sua persona (à la Mae West). Evite vestidos
apertados e colados, decotes e assim por diante. Sexo e comédia
geralmente não se misturam. Não se fie na minha palavra: a próxima

Stand-Up Comedy – The BookPágina 101 Judy Carter


vez em que estiver fazendo amor, tente contar uma piada e veja o
que acontece.

“Hey, Fred, that looks like a pênis... only smaller.”


“Ei, Fred, isso parece um pênis... só que menor”.

Vesta-se confortavelmente e de forma atraente. Acentue o seu


cérebro e não a seu corpo.
Meia hora para o Show
Informa-se

Verifique com a pessoa no comandoe decubra quanto tempo de


palco você tem. Seja você um amador ou um profissional, sempre
pedirão a você que seu ato fique dentro de um certo período de
tempo.
Noites amadoras em clubes de comédia dão aos comediantes de
qualquer lugar de três a quinze minutos. Descubra se o clube tem
uma maneira de sinalizar quando seu tempo de esgotou. Seja uma
luz vermelha nos bastidores ou o Mestre de cerimônias acendendo
uma luz na sua cara, saia do palco quando seu tempo terminar se
quiser ser convidado para voltar.

Verifique a Platéia

 Quantos anos eles tem?


 Quão bêbados eles estão?
 Qual é a etnia ou gênero sexual predominante na platéia?
 Existe algum grupo de uma grande organização?

Observando o público, ou por meio de uma rápida pesquisa,


você terá uma idéia do tipo de platéia que eles são e que material
você deve acrescentar ou cortar. Da mesma maneira que eu não
fiz truques de mágica pala uma platéia de cegos, você não deveria
apostar grande naquela piada do clitóris para um grupo de
bibliotecárias mórmons.

Stand-Up Comedy – The BookPágina 102 Judy Carter

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