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"Falando de uma maneira geral, os efeitos da corrente no corpo humano são os seguintes:
• mais do que 0.2 A; não existe fibrilação mas verificam-se queimaduras muito graves e
cessa a respiração.
A gama intermédia que vai de 0.1 a 0.2 A é, por estranho que pareça, a que origina a maior
parte das mortes nas situações comuns, porque a este nível de intensidade inicia-se a fi-
brilação do coração, que consiste numa contração muscular espasmódica e incontrolada do
coração. A quebra da corrente sanguínea daí resultante origina rapidamente a morte. Acima
de 0.2 A o coração simplesmente pára, e as medidas normais de primeiros socorros podem
restabelecer o seu funcionamento. Mas o único processo para deter a fibrilação é um outro
choque eléctrico controlado. Por isso, correntes entre 0.1 e 0.2 A são mais mortais do que
correntes mais intensas. A intensidade que passa por uma vítima é geralmente determinada
pela resistência da pele que vai de cerca de 1000 Ω para peles molhadas até 500 000 Ω para
peles secas. A resistência interna é menor do que a da pele, estando compreendida entre 100
e 500 Ω. Para voltagens superiores a cerca de 240 V, geralmente resulta a perfuração da pele
pela corrente."
Jearl Walker, O Grande Circo da Física, Gradiva, Lisboa, 1975.
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3 Resistência e Lei de Ohm 2007-11-21 20
Com o ohmímetro confira o valor da resistência entre os dois extremos e entre o terminal
central e um dos extremos, enquanto roda a barra do potenciómetro.
Ligue uma pilha entre os dois extremos do potenciómetro; obtém-se assim um divisor de
voltagem pois a diferença de potencial entre um dos extremos do potenciómetro e o terminal
no meio varia entre zero e a voltagem máxima da pilha, quando se faz rodar a barra. Confira
com o voltímetro a variação da diferença de potencial no divisor de voltagem, entre 0 e um
valor perto de 9 V.
Ligue uma resistência ao divisor de voltagem. Variando a diferença de potencial no divisor
entre 0 e o valor máximo, encontre os valores da corrente na resistência, para vários valores
da diferença de potencial. Faça um gráfico com a corrente no eixo dos x e a diferença
de potencial no eixo dos y; esse gráfico designa-se por característica tensão-corrente. O
declíve da recta obtida é o valor da resistência.
I I I
∆V = R I
Onde R é uma constante chamada resistência, que corresponde ao declíve da caracterís-
tica tensão-corrente. Nos materiais não ohmicos (b e c na figura anterior) o declíve não é
constante, o que indica que a resistência é diferente para diferentes valores da diferença de
potencial.
No sistema internacional de unidades, a unidade usada para medir a resistência é o ohm,
designado pela letra grega omega maiúscula, Ω, e equivalente a uma resistência em que uma
voltagem de um volt produz uma corrente de um ampere:
V
1Ω=1
A
A barra mais fina e mais comprida representa o eléctrodo positivo, e a barra mais curta e
grossa o eléctrodo negativo. Uma pilha fornece energia electrostática, devido às reacções
químicas entre os eléctrodos e o electrólito, mas também dissipa alguma energia em calor.
Assim, a característica da pilha é a soma da função constante ∆V = ε mais a característica
de uma resistência r (resistência interna):
∆V
ε r
∆V
receptor
gerador
I I
+ − + −
ε r ε r
gerador receptor
∆V = ε − rI
e a pilha fornece ao circuito uma potência:
Pg = Iε − I 2 r
de salientar que parte da energia libertada nas reacções químicas é dissipada em calor dentro
da própria pilha.
No modo de receptor, a diferença de potencial entre os eléctrodos é:
∆V = ε + rI
e a pilha dissipa potência eléctrica:
Pr = Iε + I 2 r
Essa potência pode ser toda dissipada em calor, se a pilha não for recarregável. Numa pilha
recarregável, a fracção Iε da potência absorvida é usada para inverter as reacções químicas
entre os eléctrodos e o electrólito.
Um interruptor de duas vias, aberto ou fechado, representa-se nos diagramas de circuito
assim:
r 9V
A C
R
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Usam-se 4 riscas de cores para indicar o valor da resistência. As 2 primeiras riscas (que estão
mais perto de um extremo) combinam-se para produzir um número com dois algarismos. A
terceira risca indica a ordem de grandeza desse número, em ohms. A quarta risca diz qual é
a tolerância (erro relativo) desse valor.
No exemplo acima, as riscas são laranja, preta, azul e prateada, que conduzem ao valor:
30 × 106 Ω(±10%)
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3.5 Resistividade
A resistência de um condutor ohmico é devida às colisões entre as cargas de condução e os
átomos ou iões. As cargas de condução são aceleradas pela força electrostática, mas devido
às colisões acabam por atingir uma velocidade média constante. A resistência é determinada
pela relação que existir entre a velocidade média atingida e a diferença de potencial (por
unidade de comprimento) que produz o movimento. Os factores que determinam o valor da
resistência são:
• a natureza do material;
• o tamanho do condutor
• a temperatura;
L L
2R
A A
R
__ A
2
A
L
L
R=ρ
A
onde a constante de proporcionalidade, ρ, é a resistividade do material, que dependerá da
temperatura, e da natureza do material.
proporcional a T
5
proporcional a T T
(ρ − ρ20 ) /ρ20
α=
T − 20
onde ρ20 é o valor da resistividade a 20 graus centígrados, e T é a temperatura, medida em
graus centígrados. Cada material tem um coeficiente de temperatura diferente; se soubermos
o coeficiente de temperatura e a resistividade a 20◦ C, poderemos calcular a resistividade a
outras temperaturas. A tabela seguinte mostra os valores medidos da resistividade a 20◦ C e
do coeficiente de temperatura de vários metais.
3.7 Supercondutividade
Em 1911, o físico holandês Kamerlingh Onnes (1853-1926) descobriu que a resistividade de
alguns condutores diminui drasticamente quando a temperatura se aproxima do zero absoluto
(−273◦ C).
O gráfico mostra os valores medidos por Onnes para a resistividade do mercúrio, perto dos
4 graus Kelvin (−269◦ C)
Mercúrio
Tc = 4.2 K T /K
2 4 6
Por baixo de uma temperatura crítica (4.2 K no caso do mercúrio) a resistividade nos
supercondutores diminui num factor de aproximadamente 1012 , ficando praticamente nula.
Isso implica a possibilidade de manter uma corrente a circular no supercondutor, durante
alguns anos, sem existirem fontes de força electro-motriz!
Nas experiências de levitação magnética coloca-se um disco de material semicondutor sobre
um íman. O íman induz no disco correntes eléctricas que produzem um campo magnético
oposto ao campo do íman; em condições normais, essas correntes desaparecem rapidamente
devido ao efeito dissipativo no disco. No entanto, se o sistema é arrefecido até a temperatura
ser menor que a temperatura crítica do disco supercondutor, as correntes persistem e o disco
eleva-se no ar devido à repulsão magnética:
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Essas experiências têm a dificuldade de não ser fácil atingir temperaturas tão baixas e manté-
las durante algum tempo. Mas hoje em dia já foram descobertos materiais com temperaturas
críticas muito mais elevadas, embora ainda na ordem dos −150◦ C.
O princípio da levitação magnética já está a ser aplicado comercialmente, no combóio Ma-
glev em Xangai. O combóio possui barras supercondutoras em vez de rodas, e os carris
são substituídos por uma calha onde vários electro-ímanes produzem campos magnéticos no
momento em que o combóio passa perto deles. A levitação magnética reduz drásticamente o
atrito entre o combóio e a calha, sendo preciso uma força propulsora muito menor. A força
propulsora é produzida alternando os campos magnéticos dos electro-ímanes na calha, o qual
produz, para além da força vertical que contraria o peso, uma força que faz acelerar ou travar
o combóio.
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2. Duas fontes de tensão reversíveis são montadas em paralelo com uma resistência va-
riável R (ver figura). Sejam, por exemplo, as suas fem tais que ε1 > ε2 . O modo de
funcionamento das duas fontes (gerador ou receptor) depende do valor da resistência
R?
r1 r2
R
ε1 ε2
(a) R
(b) 2R
(c) R/2
(d) 4R
(e) R/4
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5. A temperatura num dado momento é 12◦ C. Quanto deve aumentar a temperatura para
que a resistência de um fio de cobre aumente 10 %?
10. Um fio de níquel-cromo de 1.8 mm de diâmetro vai ser usado para construir uma
caldeira de água que produza 8 g de vapor de água por segundo. A fonte de alimentação
a ser usada fornece tensão contínua de 220 V. Calcule o comprimento que deve ter o
fio. (O calor de evaporação da água é de 2257.2 J/g.)
11. Para uma dada bateria, com fem ε e resistência interna r, qual é o valor da resistência
externa R que deve ser ligada aos terminais para que a potência dissipada em calor na
resistência R seja máxima? Desenhe o gráfico da potência dissipada em função de R.
3.9 Respostas
1. (a) Verdadeiro; (b) falso.
2. A fonte com fem maior será sempre gerador, independentemente do valor de R. Para
valores baixos de R, a fonte com fem menor comporta-se como receptor, mas por cima
de um determinado valor de R (que pode ser calculado facilmente e não depende do
valor da resistência interna r2 ), passa a comportar-se como gerador.
3. d.
4. c.
5. 24.8◦ C
6. 1.2 Ω
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10. 6.6 m
11. R = r