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Sumário
Em agosto de 2007 ficou claro que os créditos hipotecários subprime, com taxas de juro
inicialmente baixas - lançados como medida de suplantar a crise surgida do afundamento dos
dotcom em 2001 e dos atentados de 11 de setembro do mesmo ano - estavam a gerar uma
bolha imobiliária que se esfumou quando surgiu, na sua base, um grande número de famílias
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insolventes. Como esses créditos haviam sido titularizados, isto é, incorporados em sucessivas
emissões de títulos, aos seus titulares restavam duas opções: vendê-los com prejuízo ou
mantê-los em carteira, sob o risco de um prejuízo superior.
Assim, a recessão não se ancorou numa quebra da procura. À data, o gasto público era
crescente na maior parte das economias e até os beneficiários dos subprimes viam os seus
salários crescerem e a suscitarem tentações de maior consumo. Porém, ainda em 2006, nos
EUA, houve uma queda dos lucros como resultado de uma acumulação excessiva de capital –
não havia pão para tanto chouriço, como se diz em Espanha; e, num contexto de baixa
rendabilidade, o investimento não tem atrativos, sobrando daí impactos negativos na chamada
“economia real”, na procura, no emprego e nos rendimentos. Isso afetou, de imediato, uma
larga camada de trabalhadores pobres, a quem havia sido incutida a ideia de que os seus
imóveis, em valorização, lhes permitiriam garantir um maior endividamento… carro novo,
obras na casa, viagens... A crise financeira que entretanto se havia desencadeado contraiu o
crédito, parou projetos de investimento, gerou desemprego e, só então, essa enorme massa
de gente, arruinada, reduziu drasticamente o seu consumo.
Como o sistema financeiro é uma amálgama única, sem fronteiras, o contágio aos bancos
europeus foi imediato, fazendo ruir também as bolhas imobiliárias europeias, com a paragem
de pagamentos aos bancos. Estes, com a acumulação de créditos concedidos sem reembolso,
ainda em agosto de 2007, recorreram ao prestimoso BCE, pensando que se tratasse de uma
simples crise de liquidez, tivesse inundado o chamado mercado, colocando à disposição dos
bancos € 203700 M; o que comparado com os atuais € 30000 M mensais do conta-gotas do
Draghi é uma enormidade. Entretanto, nos EUA, o FED absorveu $ 600000 M em títulos em
novembro de 2008, $ 750000 em março do ano seguinte, bem como procedeu a uma emissão
de $ 300000 M de títulos do Tesouro, para além de colocação de dinheiro no mercado a taxas
próximas de 0% em outubro de 2008, a que se seguiram outras ações. O Banco de Inglaterra,
por seu turno, iniciou intervenções idênticas em 2009, com £ 165000 M, no ano seguinte
adicionados com mais £ 175000 M, para além de outras ações posteriores.
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Em Espanha, à população foi colocada pelo governo, primeiro o de Zapatero e depois o de Rajoy, face a uma
fatura de € 122000 M de ajudas aos bancos http://fleed.pt/dinheiro/reestruturacao-da-banca-espanhola-ja-custou-
122-milhoes-de-euros. Por seu turno, o estudo Oliver - Wyman – Beyond Restrutcturing: The New Agenda –
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combater os… deficits públicos dali resultantes; por um lado, nada desse menu levanta dúvidas
a um neoliberal e, por outro, sendo o mesmo claramente anti-social, fica demonstrada à
saciedade a quem servem e para que servem as classes políticas.
Toda esta utilização dos Estados para transferirem recursos da população para o sistema
financeiro e para o capital, em geral, faz parte de uma trama bem urdida que desenvolvemos
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há pouco tempo , em que estão comprometidos os partidos de direita, com vocação
governativa, bem como os da dita esquerda que pedem humildemente reestruturações de
dívida, como se se estivesse numa relação comercial típica; recusando, portanto, colocar em
causa toda a lógica do capital e a punção permanente, em geral exercida sobre os povos, para
a captura destes através dos aparelhos de estado.
Segundo os neoliberais o Estado é culpado de absorver os recursos que faltam aos investidores
para fomentarem o relançamento da procura, o que constitui apenas propaganda justificativa
das políticas de compressão de gastos sociais e concentração de capitais e rendimentos nos
mais ricos.
Os problemas de dívida não são exclusivos dos países ditos desenvolvidos. Em África, por
exemplo, segundo The Jubilee Debt Campaign em finais de 2017 havia 28 países em risco de
incumprimento contra 11 com baixo risco, contra 15 e 24, respetivamente em 2013; e há casos
em que a dívida é paga através de procedimentos subreptícios, com o aumento dos preços das
exportações, aproveitando a grande procura por parte da China quanto a matérias-primas.
European Banking 2017 - mostra um diagrama das fusões que conduziram a uma grande concentração do sistema
bancário no estado espanhol
2
http://www.slideshare.net/durgarrai/como-o-sistema-financeiro-captura-a-humanidade-atravs-da-dvida
http://www.slideshare.net/durgarrai/como-o-sistema-financeiro-captura-a-humanidade-atravs-da-dvida-2
http://www.slideshare.net/durgarrai/como-o-sistema-financeiro-captura-a-humanidade-atravs-da-dvida-3
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As alegrias e as tristezas dos mercados financeiros podem mais formalmente ser apresentadas
como no gráfico seguinte, onde se observa o aumento do número e da riqueza dos
bilionários… uma vez que milionário passou a ser uma situação … demasiado comum e
irrelevante.
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Fonte
primária: http://money.visualcapitalist.com/ Cálculo em Out/2017 (1 B = 1000 000 M)
Embora infame, não deixa de ser curioso que os bancos atuem num plano global quando daí
retiram benefícios e, quando a crise surge e os activos se esfumam em dívida incobrável e sem
valor, exijam a nacionalização dos estragos, transferindo-os para a população, em termos de
austeridade, desemprego, cortes em responsabilidades sociais, privatizações (energia,
aeroportos, correios, por exemplo, em Portugal), resgates (assunção de prejuízos da banca),
nacionalizações, formais ou encobertas (BPN, BES, por exemplo, também em Portugal)3; com
essas transferências tendo o alto patrocínio das instituições plurinacionais, como o FMI, o BCE,
a Comissão Europeia e dos cosméticos parlamentos nacionais. Uma filosofia de roubo,
privatização de benefícios, socialização de perdas…
Na zona euro, o crédito malparado encontra-se a um nível mais de 2.5 vezes superior ao
observado em 2007; e os países com indicadores mais perigosos são, em fins de 2016, a Grécia
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(45.9% do crédito total), Chipre (45%), Portugal (19.5%) e Itália (15.3%) , valores
substancialmente superiores aos dos países da Europa Ocidental e do Norte. Numa zona
económica que se pretende integrada e de políticas homogéneas, a solidariedade manifesta-se
no rateio das perdas… pelos mais pobres.
O quadro que se segue mostra sinteticamente elementos sobre uma ilusória saída da crise
iniciada em 2008 que, por sua vez, ampliou a quebra de 2001, da bolha tecnológica que muitos
consideravam o início da bem-aventurança eterna, do fim da História, após a implosão do
“Império do Mal” soviético. Um site na internet era tido, à época, como suficiente para a
inclusão numa nova economia com elevados crescimentos nos índices Nasdaq5; afinal, esse
delírio morreu na infância. Hoje não se fala mais de nova economia mas sim de catadupas de
start-ups que, na sua esmagadora maioria, se afogam em bares nas noites de Lisboa, em época
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http://grazia-tanta.blogspot.pt/2016/07/bail-in-ou-bail-out-o-mesmo-baile-outra.html
http://www.slideshare.net/durgarrai/o-sistema-bancrio-portugus-bancos-com-pernas-de-barro
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/07/hecatombe-bes.html
http://www.slideshare.net/durgarrai/nacionalizao-da-banca-piada-ou-mistificao
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Oliver Wyman – Beyond Restrutcturing: The New Agenda – European Banking 2017
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À época divulgámos a frase “Não se porte como um basbaque, aplique dinheiro no Nasdaq!”
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de Websummit e de provinciana euforia governamental; com alguns a jantar no… Panteão,
sonhando transformar start-ups em unicórnios6.
Retomando o passo sobre a não saída da crise, observa-se que as medidas neoliberais não
conseguem elevar o nível real do fetiche PIB, nem reduzir as desigualdades, nem aumentar a
segurança e a tranquilidade em vastas áreas do planeta; e pelo contrário, ao criarem
obrigações laborais não pagas (horas extraordinárias, estágios, contrapartidas de trabalho para
a concessão de subsídios) se vai vulgarizando um regresso às corveias medievais. Face ao
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Uma start-up que rapidamente atinge um valor de $ 1000 M
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“Por detrás das encomendas, um exército de homens invisíveis” (Courier Internacional, Maio/2013)
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modelo neoliberal é fraca concorrência da escola keynesiana agarrada ao finado tempo dos 30
gloriosos anos.
No seu conjunto, o neoliberalismo tenta aplicar medidas técnicas para que os “mercados”
funcionem e o PIB cresça, no sentido de a mole humana se manter passiva, embebida e
embebedada em consumo e dívida. Esse conveniente conservadorismo está bem patente na
consigna para Davos-2018, "Criando um futuro compartilhado num mundo fraturado". Os
zeladores dessa partilha (os ricos, naturalmente) gostam desse mundo fraturado, cujas
fraturas e desigualdades (eles, os capitalistas) reproduzem a cada minuto. Para edulcorar
(eternizando) as fraturas, propôs-se em Davos um qualitative easing sugerido como forma de
demarcação dos cinzentos banqueiros centrais que praticam o quantitative easing; uma
proposta para um mundo “mais verde, mais equitativo, mais respeitador da diversidade e
sobretudo da paridade de género”, um politicamente correto que deve encantar a nata das
classes políticas e do mundo dos negócios, presentes em Davos.
Por outro lado, o comércio global está longe de criar alegrias e já levanta medidas
protecionistas junto da administração Trump, sem formas mais expeditas de evitar a próxima
liderança mundial da China - revelada na sessão Davos-2017, onde Xi Jiping foi a estrela - ao
assumir-se como o motor da economia global e o grande defensor do clima.
Resta saber se a China evitará a sua própria bolha imobiliária e os altos níveis de dívida
detidos, apontados como um rinoceronte cinzento do qual ninguém se deve aproximar; e se o
FED e o BCE serão capazes de aguentar a próxima crise do sistema financeiro, uma vez que,
segundo Kenneth Rogoff, os bancos centrais “não têm sequer um plano A para lhe fazer face..
A nível político, as democracias de mercado são rotinas que não entusiasmam sequer os
votantes, perante o ranger de dentes das classes políticas face aos elevados níveis de
abstenção; esse modelo de adulterada representação vai gerando pestíferos produtos como os
Trumps, Orbáns, Kaczinskys ou o asséptico Macron… O nacionalismo reaparece na sequência
do fracasso de políticas de integração, transforma-se em xenofobia perante a chegada de
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milhões de migrantes fugidos à miséria e à guerra e, tenderá a assumir-se como fascismo, nos
tempos mais próximos. Pior e contrariamente a épocas de um passado recente, não há
esquerdas com uma compreensão atualizada da realidade, nem projeto ou capacidade
mobilizadora, cingindo-se ao encaminhamento das vítimas do neoliberalismo para o rotineiro
voto, para uma escolha falseada entre formações mais à direita ou menos à direita.
Os neoliberais consideram a crise que se vem arrastando como resultado do atraso dos bancos
centrais em baixarem a taxa de juro e aplicarem o quantitative easing (QE) que vem
celebrizando Draghi.
Não será bem assim, por duas razões. Uma, dada a continuidade do programa de
financiamento dos bancos que o BCE vem cumprindo, há mais de três anos deixando sempre
antever que isso não será eterno; e depois, porque o BCE, ainda em 2007, inundou os bancos
com uma injeção de dinheiro, como referimos no ponto 1 deste texto. Esse financiamento
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monetário que vem promovendo taxas de juro baixíssimas e mesmo negativas , deveria,
teoricamente favorecer o investimento – o que não tem acontecido. Mesmo havendo na UE,
em 2016, menos 25% de bancos e menos 14% em activos face a 2008, não se poderá dizer que
a concessão de crédito passe por grande euforia.
O BCE tem estado à espera que a inflação suba como prova de “aquecimento” da economia,
para então finalizar o quantitative easing; o que parece caricato perante o nº 1 do artº 127
(sobre a política monetária) do Tratado de Lisboa onde se afirma que “O objectivo primordial
do Sistema Europeu de Bancos Centrais, adiante designado "SEBC", é a manutenção da
estabilidade dos preços”; isto é… contrariar a inflação.
Por outro lado, a última fonte citada refere que os ativos dos fundos de investimento
cresceram 160% no período 2008/16, numa reafirmação de que o metier daqueles fundos é a
especulação imobiliária e bolsista; nenhum negócio envolvendo a produção de bens ou
serviços consegue, durante oito anos, taxas de valorização de 20% por ano. Quando soarem os
primeiros indícios de um próximo rebentamento da bolha serão lestos em venderem os seus
títulos com o mínimo de perdas, preparando-se, em seguida, para a compra de “galinha gorda
por pouco dinheiro”, activos vendidos ao desbarato. Em Portugal, a troika obrigou à venda de
empresas e participações estatais; no caso do nacionalizado BPN, o mesmo foi vendido por €
40 M, depois de o Estado ter concentrado as perdas e os dejetos num (seu) veículo ou bad
bank chamado Parvaloren. Neste caso, o que foi vendido não foi uma galinha, gorda ou magra
mas… as penas.
A função dos reguladores, mormente do BCE, não é evitar o rebentamento da próxima bolha
mas adiar ao máximo o momento do rebentamento. É com essa preocupação que o
“mercado” e os bancos centrais anseiam que a atividade económica se auto-sustente, que as
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Para as taxas de nulas ou negativas, usam-se, em inglês, os acrónimos ZIRP – Zero interest rate policy e NIRP –
Negative interest rate policy, respetivamente.
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empresas e as famílias se endividem, alimentando assim as cascatas de títulos, imbrincados
uns nos outros, através de mecanismos de titularização. No entanto, o crescimento… não
acontece, como se evidenciou atrás; se a China, o grande animador da economia mundial, com
o PIB a crescer 6.9% o ano passado, se constipar, onde se irá manifestar a pneumonia? O
Trump, à cautela optou pelo aumento das encomendas internas de armamento, como
referimos na epígrafe, o que nada tem de tranquilizador.
No capítulo da dívida, os neoliberais, dizem que os governos a devem reduzir para que o
crédito não falte para a atividade investidora; e, em complemento, pressionam para a redução
dos gastos públicos, nas áreas da saúde, nos salários, na educação, nas pensões (a palavra
austeridade, entretanto, saiu de cena). As multinacionais e o sistema financeiro preferem,
naturalmente, que o dinheiro dos impostos se destine ao investimento público em
infraestruturas nos apoios ao desenvolvimento regional para que o empreendedorismo se
possa evidenciar sob a forma de um capitalismo avaro em capitais próprios e sedento de
subsídios, incentivos, isenções, avales, perdões e prescrições de dívidas ao Estado e à
Segurança Social. E, mesmo na satisfação de necessidades públicas, são suficientemente
inventivos para fomentar as parcerias público-privadas, onde serviços públicos são adjudicados
a privados (autoestradas e serviços de saúde, educação, serviços ou de transportes), pagos aos
“investidores” com alta rendabilidade, assegurada através de transferências de dinheiro dos
impostos; malbaratado pela classe política, detentora coletiva da chave do pote. O que seria
dos grupos Lusoponte, Brisa, Cuf, Luz-Saúde e da Igreja Católica se terminasse o caudal de
fundos públicos de que são destinatários? Essas parcerias são negócios sem risco entre
empresas e governos, com gente da classe política dos dois lados da mesa e dinheiro sujo a
circular debaixo daquela.
Tudo isto acontece com o sábio aproveitamento da ausência de uma esquerda na Europa,
capaz de gerar contestação; e ainda, da cordata presença dos burocratas sindicais numa
concertação social com cheiro de corporativismo, um género de trindade, com um pai que
governa, uma mãe gestora da casa e um filho, refilão mas obediente.
Ocultam, claro está, que nesse aumento da dívida pública teve um peso determinante o
resgate de bancos ou a absorção do seu malparado. Como se sabe, em Portugal nos casos BPN,
BES, Banif e na estatal CGD, segundo o Banco de Portugal, o sistema bancário português
perdeu € 50000 M (cerca de 27% do PIB de 2016!); e muita dessa perda foi transferida para o
Estado, deduzido no rendimento da população que paga impostos. Também, como é sabido, a
Irlanda apresentou, ao ser intervencionada pela troika, um deficit de… 32%, resultado da
absorção dos prejuízos do Anglo Irish Bank; e o estado espanhol reestruturou o seu sistema
bancário (como referimos em 1.), com o comprometimento do rendimento e das vidas de
milhões de desempregados e centenas de milhares de despojados das suas casas.
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Sobre o economicismo:
http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/05/o-economicismo-ou-o-discurso-do.html
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Olivier Blanchard é um alto quadro do FMI que em maio de 2017 esteve em Portugal a
industriar a elite politica e financeira lusa, sobre a doxa neoliberal. Na sua douta opinião o
estoiro da bolha financeira em 2007/8, nada teve de inerente ao sistema capitalista mas “foi o
resultado da imprudência financeira de uns bancos não regulados” ou do “pânico financeiro”10;
a atitude estouvada de ovelhas ranhosas, um azar, portanto. Eugene Fama, recente laureado
com o “nobel” da economia mostra-se mais modesto: “Não sabemos o que causa as
recessões”e “a teoria económica não é muito boa na hora de explicar as oscilações na
actividade económica”. Este tipo de afirmações exemplificam o pensamento petrificado de
gente de tal modo integrada no sistema capitalista que não é capaz de o submeter à crítica,
parecendo adoptar a posição a-histórica de que o capitalismo é imutável, que tem um caráter
cósmico, inscrito nas estrelas.
Como, ficámos a saber pelo “nobel” Krugman, ser competitivo exige o sacrifício de uma
população pobre e acossada por anos de austeridade e que as multinacionais lhe agradeceriam
se houvesse esse nivelamento, à custa dos de baixo. O mesmo Krugman, afinado com o colega
neoliberal Fama também aponta, no seu livro sobre a crise “End this Depression Now”, que
não há necessidade de explicar a recessão mas de adoptar políticas para sair dela. Muito
prático e pouco científico, Krugman, sem o saber, subscreve um dito bem português, “todos ao
molho e fé em Deus”; ou, se se preferir, a fé liberal da mão invisível…
Os tecnocratas keynesianos não aprofundam a análise das crises e das limitações da política
económica seguida pelas instituições estatais ou plurinacionais porque, como conservadores,
não se querem confrontar com o capitalismo na sua esgotada realidade. Refugiam-se em
modelos macroeconómicos com centenas de variáveis, na procura de um crescimento
harmonioso, com a hipócrita equidade refletida no recente forum de Davos, acima referido
(ver ponto 2.). Qualquer ideologia ou religião transporta nos seus genes a recusa de factos e
realidades que a ponham em causa… quando não o ostracismo ou a perseguição dos
descrentes. Recordamos aqui uma hilariante e desastrada atitude de keynesianos portugueses,
defensores de que o governo Passos - o diligente funcionário da troika e grande subscritor de
dívida pública - procedesse a uma… auditoria à dívida pública.
http://www.slideshare.net/durgarrai/economicismo-doena-mental-do-neoliberalismo
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Esta e outras situações neste ponto constam em “La Larga Depresión” de Michael Roberts
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Os primeiros economistas, com Adam Smith, Ricardo e Marx à cabeça, tomaram a economia
política como uma disciplina de análise da natureza do capitalismo, enquanto sistema
económico, social e político. Posteriormente, com Jean-Baptiste Say, os marginalistas, Alfred
Marshall e os pesos-pesados do neoliberalismo, a economia abandonou o seu complemento
“política” para se transformar em mero cálculo, aplicado a uma realidade desintegrada do
tempo histórico; a atitude estúpida, de quem quer adaptar a realidade aos seus preconceitos
ideológicos.
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
http://grazia-tanta.blogspot.com/
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Abordámos o tema aqui a propósito das business schools atuais
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