29/12/2017 Exército israelense recebe autorização para destruir casas em Rafah - 16/05/2004 - UOL Últimas Notícias

Internacional

16/05/2004 - 18h19
Exército israelense recebe autorização para destruir casas em Rafah

JERUSALÉM, 16 mai (AFP) - O exército da Israel recebeu a autorização da Suprema Corte de seu país para
continuar destruindo as casas dos palestinos em Rafah, sul da Faixa de Gaza, um dia depois de uma grande
manifestação em Tel Aviv a favor de uma retirada militar dessa região.

A Suprema Corte de Israel rejeitou as apelações apresentadas contra a destruição de casas em Rafah. Mais de
1.000 palestinos foram parar nas ruas depois da demolição de 88 moradias, segundo a Agência das Nações Unidas
para a Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNRWA).

Em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, afirmou que destruição de casas palestinas por
parte do exército israelense em Rafah é uma agressão cruel. O gabinete de seu primeiro-ministro, Ahmed Qorei,
denunciou estas demolições, qualificando-as de "limpeza étnica". O secretário de Estado americano, Colin Powell,
a União Européia e a ONU criticaram a ação do exército israelense. "Não pensamos que seja produtivo", disse
Powell.

Os juízes da Suprema Corte consideraram que as destruições de casas executadas até o momento não foram
decididas a título de dissuasão ou punição, mas por motivos operacionais, e nessas condições mão existem
motivos para proibi-las, segundo fontes judiciais.

O procurador do Estado israelense, Enar Helman, afirmou que não existem mais apelações possíveis para os
palestinos, já que a destruição de casas obedece necessidades operacionais imediatas com o objetivo de provocar o
fracasso dos ataques palestinos, ou no caso da vida dos soldados correr risco.

A Corte havia emitido no sábado uma ordem provisória proibindo a destruição de casas até que os juízes se
pronunciassem sobre a legalidade de 13 apelações apresentadas por famílias palestinas.

O comandante das tropas israelenses na Faixa de Gaza, general Shmuel Zakai, afirmou à rádio pública que 40
casas foram destruídas durante o fim de semana nas operações de busca dos pedaços dos corpos dos soldados
mortos na quarta-feira nessa região.

"É completamente falso nos acusar de termos destruído essas casas como vingança ou a título de punição
coletiva", disse o general Zakai. "As casas que destruímos eram utilizadas por palestinos que disparavam contra
nossos soldados ou se escondiam depois de ataques com morteiro", acrescentou.

Israel prevê destruir "centenas de casas vazias" no chamado corredor da Filadelfia, que separa a Faixa de Gaza do
Egito, para impedir a escavação de túneis usados para o contrabando de armas, declarou durante reunião semanal
do gabinete israelense o chefe do estado-maior, general Moshé Yaalon, citado pela rádio pública.

Segundo o general Yaalon, os palestinos planejam transportar por Rafah mísseis Katiuska capazes de atingir todo
o território israelense,

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, disse ter entrado em contato com o Egito para que as autoridades
daquele país impeçam o contrabando de armas a partir do seu território.

Sharon justificou as operações em Rafah durante a reunião semanal do Conselho de ministros. "As ações têm
como objetivo deixar as organizações terroristas sem oxigênio", afirmou. numa referência ao contrabando de
armas, de acordo com a presidência do Conselho.

"Não permitiremos que o terrorismo palestino tenha a capacidade de ameaçar o coração de Israel (...) inclusive
depois da nossa separação", continuou. No plano político, o presidente israelense Mosheh Katzav afirmou este
domingo que a "maioria dos israelenses" é favorável a uma retirada da Faixa de Gaza, um dia depois de uma das
mais importantes manifestações dos últimos anos. No sábado, mais 150.000 pessoas saíram às ruas em Tel Aviv
para pedir a evacuação do território.

De acordo com pesquisas divulgadas na sexta-feira, mais de 70% dos israelenses desejam a retirada da Faixa de
Gaza defendida por Sharon, mas que os membros de seu partido, o Likud, rejeitaram no início do mês.

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