Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
[...]
AMÉRICA CENTRAL
A presença do índio, pelo menos na parte continental, é
pequena numericamente; mas sua influência cultural é forte, devido à
grande mestiçagem aí existente. O país, dessa região, cuja presença
indígena é mais forte, é a Guatemala. Lá, oitenta por cento de sua
população são formados de camponeses: indígenas ou mestiços; este
pequeno país é praticamente propriedade de uma empresa norte-
americana - a United Fruit -, que controla grandes latifúndios, estradas
de ferro, as telecomunicações etc. Os indígenas e mestiços, mesmo
quando são minifundiários, trabalham como peões, a baixo salários,
para os latifúndios da United Fruit ou das oligarquias locais.
Praticamente, toda a população de índios e mestiços é composta de
analfabetos. Esta população é tão pobre que nem sapatos usa. Um
quarto das crianças indígenas e mestiças morre antes de completar um
ano de vida. Nas Antilhas (ilhas da América Central), a população
indígena foi praticamente exterminada à época da colonização e foi
substituída por escravos negros. A influência indígena aí é quase
inexistente.
Enquanto os colonos, o
clero e a Coroa discutiam sobre a
melhor forma de conduzir a
questão indígena, os nativos
tentaram, de várias maneiras,
resistir à dominação portuguesa.
Uma forma de resistência indígena,
conhecida pelo nome de Santidade,
ocorreu inicialmente em São
Vicente, em 1551, ganhando força
em Ilhéus e no Recôncavo baiano,
no final do século XVI. Oprimidos
pelas ações dos jesuítas e dos
colonos, os índios usaram como
forma de resistência os próprios
símbolos de seus dominadores, os
símbolos da religião católica, seus
rituais e figuras. Elaboraram um culto sincrético e messiânico,
misturando suas crenças e ritos aos da religião católica e dando
origem, assim, a um novo culto religioso, a Santidade.
Para Stuart Schwartz, "o culto da Santidade parece ter sido
uma combinação da crença dos tupinambás em um paraíso terrestre
com a hierarquia e os ícones do catolicismo. Centrava-se em ídolos
feitos de cabaças ou pedras, dos quais se dizia possuírem poderes
sagrados. Em honra aos santos entoavam novos cânticos e realizavam
cerimônias que podiam durar dias a fio e onde se consumia grande
quantidade de bebida alcoólica e infusões de tabaco. Aparentemente
esses rituais visavam a introduzir transes catatônicos nos
participantes."
Os nativos adotaram os símbolos e a hierarquia da Igreja
Católica. Seus líderes proclamavam-se "papas", que nomeavam
"bispos" e também enviavam "missionários" para difundir o culto e
pregar a resistência contra os portugueses. Rezavam usando um terço,
colocavam tábuas sagradas, como símbolos, em suas igrejas
localizadas nas propriedades dos senhores. Nelas instalavam um ídolo
ao qual chamavam de Maria. Alguns senhores de engenho, como, por
exemplo, Fernão Cabral de Ataíde, aderiram ao movimento e
permitiram a celebração desses rituais em suas fazendas, motivo pelo
qual foram perseguidos pelas autoridades da Coroa.
No período entre 1560 e 1627, a Santidade sobreviveu no sul
da Bahia. Índios, e mais tarde negros escravos africanos ou crioulos
fugidos, uniam-se em operações militares contra os povoados
habitados por portugueses, especialmente contra as plantações de
cana-de-açúcar e os engenhos do sul do Recôncavo. Assim, tornavam-
se cada vez mais ameaçadores e temidos.
Conforme o relato do Governador Diogo de Menezes, em
1610, havia mais de 20 mil índios e escravos fugidos nas aldeias, onde
ainda se praticava a nomeação de "bispos e papas". Com o
exacerbamento dessa situação, a Metrópole, em 1613, agiu mais
drasticamente. Declarou uma guerra de extermínio a essas aldeias,
devolvendo os fugitivos aos seus donos e vendendo os índios como
escravos para outras capitanias.
A ação portuguesa foi vitoriosa, apesar de até o século XVIII
haver notícias de guerra entre os colonos e os índios, especialmente no
interior da Bahia. A última referência específica sobre a Santidade
data de 1627, quando um bando atacou o engenho de Nicolau Soares,
matando escravos, saqueando a propriedade e levando os índios ali
residentes.
RECAPITULANDO A CHEGADA AO BRASIL
Na chegada ao Brasil, os portugueses se depararam com os
nativos indígenas. Estes, inicialmente, não se mostraram hostis,
estabelecendo, com os estrangeiros, atividades de escambo entre os
produtos aqui existentes, como o pau-brasil, em troca de presentes
vindos de Portugal, constituídos por pequenos utensílios domésticos.
Devido à necessidade de mão-de-obra para a extração do pau-brasil e
outros recursos naturais, o colonizador português começou, aos
poucos, a escravização indígena. Para a exploração da cana-de-açúcar,
os senhores de engenho se utilizaram de mão-de-obra indígena nas
plantações e no beneficiamento do produto, desmembrando milhares
de tribos existentes no território. Logo surgiram inúmeros conflitos
entre os indígenas e o povo colonizador, em defesa de suas terras e
contra a escravidão.De cultura desconhecida e completamente
diferente dos europeus, os índios não obedeciam aos mandos dos
senhores de engenho. Eles tinham sua própria religião, caçavam para
sobreviver, conheciam as matas e seus segredos e não se sujeitavam a
viver em cativeiro.Os indígenas brasileiros do período colonial viviam
duplamente acuados: os jesuítas almejavam convertê-los ao
Catolicismo e aos valores europeus, e os brancos visavam utilizá-los
como mão-de-obra escrava.Nas Missões Jesuítas, não existia
propriedade privada, e a economia era basicamente agrícola. A fim de
facilitar a catequização e o controle, os padres atuaram na mudança de
hábitos dos índios nômades, tornando-os sedentários: a facilidade da
obtenção de alimento, com o cultivo da terra, fez com que os índios
conseguissem alimentar tribos inteiras, sem a necessidade da caça pelo
alimento. A Igreja Católica, representada pelos jesuítas, proibiu a
escravidão indígena, já que seu interesse era catequizar os índios,
difundindo, além da religião católica, um novo modelo de organização
social, econômica e política.Entre 1530 a 1570, os maiores centros
produtores de cana-de-açúcar, as capitanias de Pernambuco e da
Bahia, necessitavam cada vez mais de mão-de-obra nos canaviais. A
Coroa Portuguesa, dividida entre a Igreja e a pressão dos senhores de
engenho, deixou lacunas na legislação que proibia a escravização dos
índios, cerrando os olhos para as barbáries cometidas: crianças tiradas
à força das aldeias para receberem educação nos colégios jesuítas,
índias estupradas pelos sedentos colonos e as doenças, exclusivas dos
brancos, que dizimaram milhares de índios.Contudo, a população
indígena não assitiu impassiva à ação colonial ou mesmo da Igreja.
Entre 1554 e 1567, os índios Tupinambá lideraram uma revolta, que
ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. Esse grupo se
rebelou contra os colonizadores portugueses, envolvendo também os
índios Guaianazes e Aimorés.Enquanto o impasse gerado entre os
colonos, o clero e a Coroa não se resolvia, os nativos tentavam resistir
à dominação dos brancos.
A Santidade, um tipo de culto que adaptava os rituais católicos
ensinados pelos jesuítas, iniciou-se em 1551 na capitania de São
Vicente, região de São Paulo, e ganhou forças em Ilhéus e no
Recôncavo Baiano.Para compensar as perdas com escravos indígenas
e apaziguar a briga com a Igreja Católica, o tráfico negreiro foi
intensificado no Brasil colônia, principalmente no início do século 17.
Atividade altamente rentável para a Coroa portuguesa, os
escravos vinham da África, principalmente de Angola, Moçambique e
Congo. No início, o Brasil possuía cerca de cinco milhões de índios.
Hoje, essa população foi reduzida para aproximadamente 300.000.
Sua cultura foi manchada pela influência do homem branco. São raras
as tribos que ainda preservam seus costumes. Atualmente, a luta pela
demarcação das reservas indígenas e os confrontos entre garimpeiros,
produtores rurais e índios pelo uso da terra são frequentes,
principalmente na região Norte do país. O governo brasileiro pouco
intervém nessas questões.
RITUAIS INDÍGENAS QUE NÃO SE APAGAM: A
CATEQUIZAÇÃO FRUSTRADA
Ronaldo Vainfas
REFERÊNCIAS
http://multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/santidade.html
http://diversitas.fflch.usp.br/node/2202
https://brainly.com.br/tarefa/78505