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ESTUDO DIRIGIDO
Primeira Parte
R - Embaraço de investigação (art. 2º, § 1º) - nas mesmas penas incorre quem
embaraçar, isto é, lançar mão de meios de dificultar a investigação criminal.
Revelação da identidade ou imagem do colaborador (art. 18) - revelar a
identidade de colaborador, através de filmagem, fotografia ou qualquer ou meio,
a terceiro estranho no processo, sem sua prévia autorização por escrito. Falsa
Colaboração (art. 19) - Aqui se pune uma desvirtuação do instituto da
colaboração premiada, pois o acusado imputa falsamente a prática de infração
penal por pessoa que sabe ser inocente ou descreve condutas da organização
criminosa que sabe ser inverídicas, com claro intuito de se esvair da condenação
criminal. Violação de sigilo de ação controlada ou infiltração (art. 20) -
representa forma especial do delito do art. 325 do CP que promove um reforço
ao sigilo determinado pela lei para garantir o sucesso de tais ações. Recusa ou
omissão de dados cadastrais, registros, documentos ou informações (art. 21)
- Forma especial de desobediência que envolve a negativa ou omissão de
informações solicitadas pelo magistrado, ministério público ou delegado de
polícia. Uso indevido de dados cadastrais (art. 21, parágrafo único) - incorre
nas mesmas penas do caput deste artigo quem faz uso indevido de tais dados,
seja se apossando, propalando ou divulgando-os.
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h) efeitos penais
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V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da
legislação específica;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da
legislação específica;
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do
art. 11;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e
municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da
instrução criminal.
Dentre esses meios especiais, os incisos III, V, VI e VII, estão abarcados pela
reserva de jurisdição, isto é, necessitam de autorização judicial motivada e
fundamentada para que sejam possíveis sua utilização.
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R - A colaboração premiada, de acordo com a lei, requer efetividade. Diante
disso para que o acusado ou réu possa fazer jus aos prêmios da colaboração, esta
deve ser apta a alcançar um ou mais dos resultados descritos nos incisos do art.
4º. São eles:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização
criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da
organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da
organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
Para além de tais requisitos, a colaboração premiada ainda requer: a) a confissão
do agente; b) efetividade da colaboração com o fornecimento de
informações concretas; c) exame de personalidade do colaborador; d)
natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso;
e) constância; f) elementos de confirmação.
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R - Muitas críticas são proferidas em relação a validade ou não da colaboração
premiada de investigado ou réu colaborador que se encontre preso
provisoriamente. Alguns, a exemplo de Aury Lopes Jr, entendem que o réu preso
sofre coação psicológica para a celebração do acordo, o que comprometeria sua
voluntariedade em celebrá-lo. Aliás, a voluntariedade em colaborar constitui-se
como requisito essencial da celebração do acordo. Esta, inclusive, é verificada
pelo juiz no momento de sua homologação. O que importa para que o acordo
seja firmado sob o manto da voluntariedade, sem coação alguma, ainda que a
iniciativa tenha partido de outro que não o colaborador ou que este tenha sido
influenciado por terceiro a realizar o acordo. O entendimento do SUPREMO, de
acordo com Renato Brasileiro, é o de que a liberdade de que trata essa
voluntariedade em colaborar é psíquica e não física. Desta forma, não importaria
se o colaborador estivesse custodiado no momento da celebração do acordo, de
que fosse respeitada sua voluntariedade.
b) direitos assegurados
R - O tempo de duração de sua atuação deve ser observado de acordo com o que
dispõe o §3º, do art. 10. Assim, a infiltração será autorizada pelo prazo de 06
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(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
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objetiva da adoção dessa medida extraordinária a qual se dá pela demonstração,
a partir de meros indícios, da existência concreta de causa provável que a
legitime; bem como deve haver a plena adequação da medida ao que prescreve a
Constituição.
d) Princípios constitucionais mencionados na decisão
R – Os princípios constitucionais: da colegialidade, da separação dos poderes,
princípio do equilíbrio federativo e da autonomia dos entes federativos, princípio
da simetria.
1
NOVELINO, 2014, p. 399.
2
Idem, p. 399-400.
3
TERMO de Colaboração, ano, p 12.
4
Idem, p. 34.
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Além disso, existe no Termo de Colaboração cláusula na qual se constata a
possibilidade do colaborador revogar a autolimitação de direitos – silêncio e
não-autoincriminação – à qual se submeteu. Evidentemente que o exercício
desses direitos, através da revogação da autolimitação voluntária, pelo
colaborador implica na rescisão do Termo pactuado com o Ministério Público,
por conseguinte, na perda dos benefícios legais auferidos pelo colaborador na
avença. Cabe frisar que tal possibilidade de revogação da autolimitação faz-se
presente na Lei 12.850/2013, ao prever em seu artigo 4o, parágrafo 10, “(...) na
hipótese de retratação da proposta pelas partes, as provas autoincriminatórias
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu
desfavor”5, haja vista que, segundo LIMA (2016), o colaborador não renunciou
à prerrogativa constitucional ao silêncio, mas somente não a exercitou.
Logo, nota-se que na colaboração premiada não há renúncia a direitos
fundamentais, mas somente a autolimitação voluntária dos mesmos. Semelhante
entendimento foi corroborado pelo Ministro Teori Zavascki ao ressalvar, em
relatório sobre homologação do acordo, que “[...] o termo ‘renúncia à garantia
conta a autoincriminação e ao direito ao silêncio’, constante no título VI do
acordo (fl.33), no que possa ser interpretado como renúncia a direitos e
garantias fundamentais, devendo o termo ser interpretado com a expressão
restritiva ‘ao exercício’ da garantia e do direito respectivos no âmbito do
acordo e para seus fins”6.
O caminho pelo qual o Ministro do STF enveredou se assemelha ao tratamento
dispensado por parte da doutrina ao analisar o artigo 4o, parágrafo 14, da Lei
12.850/2013. Destaque-se que nessa análise predomina o entendimento de que o
“a expressão ‘renunciará, (...), ao direito ao silêncio’ deve ser interpretada
como uma escolha de não exercer esse direito que o investigado/acusado faz de
modo voluntário, sendo assistido tecnicamente por advogado e cientificado da
inexistência de obrigação de ‘colaborar para sua própria destruição (nemo
tenetur se detegere)’”.7
Diante do exposto, percebe-se que a renúncia a direitos e garantias
constitucionais presentes no Termo de Colaboração Premiada é interpretada de
forma restritiva como renúncia ao exercício de semelhantes prerrogativas, ou
seja, uma forma do acusado/investigado autolimitar voluntariamente – sem
coerção e ciente das garantias constitucionais – o exercício de direitos como: o
silêncio, não autoincriminação, duplo grau de jurisdição.
5
LIMA, 2016, p. 523.
6
TERMO de Colaboração, p. 265.
7
LIMA, 2016, p. 523.
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REFERÊNCIAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada: volume único.
4. ed. rev. atual. e ampl. - Salvador: JusPDIVM, 2016.
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