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O uso do exame neuropsicológico para

estruturar uma intervenção


ELIANE CORRÊA MIOTTO

A neuropsicologia integra conhecimentos diagnosticas e o planejamento de interven-


de diversos campos de atuação, entre eles ções pertinentes a cada caso,
a psicologia, a neurologia, a psiquiatria, a O exame neuropsicológico comumen-
fonoaudiologia, a pedagogia, entre oulros, Le utilizado nas investigações diagnosticas
e atua em diversos contextos, incluindo o pode ser didaticamente dividido em qua-
clínico, o experimental, o de pesquisa, o de tro etapas:
ensino e o forense. Este capítulo centra-se
no contexto clínico da neuropsicología, que 1. entrevista clínica ou anamnese, pa-
tem como principais objetivos: ra obtenção de informações relevan-
tes acerca das dificuldades cognitivas,
1. auxiliar no diagnóstico de quadros história clínica, educacional e ocupa-
neuroiógicos e neuropsiquiátricos cional, antecedentes, medicações atuais
2. estabelecer a natureza e a extensão do com possível impacto na cognição
comprometimento cognitivo e com- 2. avaliação das funções cognitivas, in-
portamental decorrente de tais qua- cluindo funcionamento intelectual,
dros memória, linguagem, leitura, escrita,
3. delinear as habilidades "fortes e fracas", cálculo, funções executivas, atencio-
promovendo um mapeamento mais nais, visioperceptivas, visioespaciais e
efetivo do funcionamento cognitivo praxias
4. propor intervenções voltadas para as 3. avaliação do humor
alterações cognitivas e comportamen- 4. conclusão a partir do raciocínio clíni-
tais co, interpretação quantitativa e qualita-
5. avaliar os efeitos dessas intervenções e tiva dos resultados
de procedimentos cirúrgicos ou trata-
mentos farmacológicos O exame neuropsicológico que visa a
esclarecimentos diagnósticos avalia o fun-
O exame neuropsicológico é um dos cionamerfto cognitivo geral e identifica
métodos diagnósticos mais refinados e es- áreas específicas desse funcionamento que
pecíficos para se alcançar grande parte se situam abaixo ou dentro do esperado em
dos objetivos elencados (Lezak, Howien- comparação a um grupo de pessoas com
sori, Bigler, & Tranel, 2012; Miotto, 2012). idade e escolaridade semelhantes. Se a fun-
Os resultados obtidos por meio desse exa- ção prejudicada, por exemplo, é a memó-
me auxiliam a investigação de hipóteses ria, é possível saber se o comprometimento
\0 * •Malloy-Dinb/Maítds, Abreu &'Fuetites:'forgs.) : "... :

engloba a aprendizagem ou a retenção de 2. Qual o impacto dessas dificuldades na


novas informações, se é específico para funcionalidade, nas atividades instru-
conteúdos verbais» visioespaciais ou ambos mentais de vida diária (A1VD), nas ati-
e se há interferência dos processos atencío- vidades ocupacionais, familiares, pes-
nais e executivos nas alterações de memó- soais e sociais? Seguindo o exemplo do
ria. O exame neuropsicológico possibilita, caso anterior, foi necessário afastar-se
dessa maneira, um mapeamento das "for- das atividades laboratívas ou dos estu-
ças e fraquezas", ou habilidades cognitivas dos? Não utiliza rnaís o transporte pú-
preservadas e prejudicadas. Para esse pro- blico ou automóvel?
pósito, a utilização de testes neuropsicoló- 3. Como são realizadas as AVE) e ativida-
gicos padronizados é fundamental, desde des ocupacionaís atualmente? Há ne-
que validados e padronizados para a popu- cessidade de ajuda ou supervisão para
lação ern que serão utilizados. conduzir a rotina diária, realizar com-
No entanto, quando o exame neuro- pras, administrar as finanças, lembrar-
psicológico visa auxiliar o planejamento e -se de compromissos, manusear as me-
a estruturação de intervenções neuropsico- dicações?
lógicas, é necessário ampliar e complemen- 4. Quais as estratégias que o paciente uti-
tar o espectro de investigação e abranger liza atualmente para lidar com essas di-
uma avaliação mais detalhada do compor- ficuldades? Por exemplo, passou a fa-
tamento, da funcionalidade e das estraté- zer uso dos recursos do celular, corno
gias atuais utilizadas para lidar com as al- alarmes e agenda, para se lembrar de
terações cognitivas, as incapacidades e as compromissos e do horário das medi-
desvantagens. Ou seja, deve haver uma cações? Ou tornou-se dependente do
análise do impacto, e não apenas do qua- cuidador ou familiar para essas ativida-
dro neurológico ou neuropsiquiátrico, mas des, que antes eram realizadas de ma-
de diversas condições que possam interfe- neira independente?
rir na capacidade funcional e no compor- 5. Quais os recursos, auxílios externos e
tamento do indivíduo (World Health Or- estratégias que eram utilizados antes
ganization [WHO], 2001), A participação do quadro neurológico ou neuropsi-
de uma equipe interdisciplinar, composta quiátrico?
por terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e 6. Quais as dificuldades que geram maior
fonoaudiólogo, seria ideaj para uma avalia- sofrimento ou preocupação para o pa-
ção mais abrangente. ciente e o familiar?
Ern se tratando de exame neuropsico- 7. A família está envolvida na recupera-
lógico para estruturar uma intervenção, é ção do paciente, ou ele reside sozinho e
necessário que este possa auxiliar a respon- não pode contar com a ajuda dos fami-
der a perguntas, tais corno: liares ou de um cuidador? 9
8. Há presença de quadro de alteração do
1. Quais são as dificuldades encontra- humor, incluindo depressão ou ansie- •
das na vida real decorrentes do quadro dade, que possa estar acentuando as di-
neurológico ou neuropsiquiátrico? No ficuldades cognitivas e influenciando
caso de uma alteração de memória epi- a participação e a recuperação do pa-
sódica verbal, é possível que haja difi- ciente?
culdades para aprender e reter novas 9. O paciente apresenta alguma alteração
informações lidas em jornal, textos e li- comportamental ou redução da au-
vros, em conversas, aulas, conferências tocrítica decorrente do quadro clíni-
e reuniões? co? Há evidência de alguma alteração
'. Neuropsicoiogia • 211 :

comportamental ou transtorno neu- apresenta sugestões de informações a se-


ropsiquiátrico, abuso de substância ilí- rem obtidas durante a entrevista clínica.
cita ou álcool anterior à instalação do As informações contidas no Quadro
quadro clínico? 14.1 devem ser abordadas com o paciente
10. Existem fatores oa condições externas e o familiar ou cuidador, Em se tratando de
que precipitam as alterações cognitivas atendimento infantil, os dados relevantes
ou comportamentais? de história clínica são obtidos com os pais
ou responsáveis.
Para que questões como essas elenca- Na realidade brasileira, um dos tópicos
das possam ser adequadamente aborda- a serem investigados de maneira detalha-
das em um exame neuropsicológico, é ne- da 6 o grau de escolaridade, se frequentou
cessário o uso de métodos complementares escola pública ou privada, o nível socio-
aos testes neuropsícológícos padronizados. econômico e cultural, a ocupação ou pro-
Para esse fim, deve-se adotar uma aborda- fissão do paciente, uma vez que até o mo-
gem comportamental e funcional baseada mento não existem testes padronizados que
em avaliações ecológicas, entrevistas, esca- avaliem o funcionamento pré-mórbido ou
las de comportamento, atividades de vida prévio na população brasileira (Miotto,
diária (AVD) e problemas cognitivos en- 2012). Além disso, a interpretação dos re-
contrados na vída real (Miotto, 2015). Es- sultados de uma pessoa com baixa escola-
sa abordagem permite ao neuropsicologo ridade deve ser distinta daquela com alta
atuar de maneira mais específica e eficaz escolaridade. Exemplos da importância de
em comportamentos, íncapacídades e des- se obter essas informações se aplicam a ca-
vantagens que pessoas com quadros neuro- sos de pessoas com alta escolaridade e ativi-
lógicos possam apresentar. dade profissional intelectualmente deman-
O processo e as etapas do exame neu- dante em que um resultado quantitativo
ropsicoíógico com vistas a estruturar e sub- obtido dentro da média para a idade ern
sidiar uma intervenção serão detalhados a um teste cognitivo pode reíletir um declí-
seguir. nio leve da função avaliada pelo teste> uma
vez que o funcionamento esperado seria
acima da média. Esse raciocínio clínico no
ENTREVISTA CLÍNICA momento de interpretar os resultados do
exame neuropsicológico é de grande rele-
A entrevista clínica deve ser realizada pre- vância para auxiliar no diagnóstico e pla-
ferencialmente com o paciente e o familiar nejamento de intervenções mais adequada-
em conjunto e, posteriormente, com cada mente dírecio nadas.
um deles em momentos distintos, possibili- Uma das grandes limitações em nos-
tando privacidade para o relato das queixas. so contexto é o número reduzido de ins-
Ela geralmente é iniciada com perguntas trumentos padronizados para a popula-
semiestruturadas e depois complementada ção brasileira levando-se em consideração
com questionários e escalas específicos pa- estratificações como idade e escolarida-
ra o cuidador ou o familiar. de, No entanto, importantes avanços nes-
O objetivo é obter o máximo de infor- se sentido foram obtidos por meio dos es-
mações sobre o quadro clínico atual do pa- tudos de diversos centros no Brasil. Alguns
ciente, com descrição detalhada das alte- desses estudos estão citados no Quadro
rações cognitivas e comportam.entais e do 14.2.
impacto dessas alterações nas AVD, ativida- Como descrito, a investigação de in-
des ocupacionais e sociais. O Quadro 14.1 formações referentes ao humor, ao
2 T 2 ' » Malloy-DIniz, Mattos, Abreu'& fuçiites (orgs.)

QUADRO 14.1 > Informações/relevantes a sèr-errv obtidas tia entrevista clínica.'

Tópicos Conteúdos a serem explorados


História do Datada ocorrência ou.de:iniVidedescricã'qdo4^9^oc!iVícò;bytrasinforiiiações
quadra clínico relevantes (p. exy no caso dêtraUrnatismocfantencefálico»'.houve perda de.consciên-
cia eàrnnésia pós-traurná'íÍça?.Np caso deui-n quaçtro demenciál, o. início foi. insidioso
ou abrupto?).'. • •. - , • . . '•'.'..'.' '•' "•. '' " ' . ! . - ' ' . ' " .' ' : •
Queixas .-,' , . Descrição detalhada das alterações cognitivas, englobandaSreás da memória, ím-^ .
principais .' • gyag^m, atençâOj',f unções executivas, víslòespacíaís, praxiaseeficiôncia-mtelectual,
'• • ' • . • alterações de compàrtamen tolhido e frequência -das queixas,' .• . - - . - , ; . : . _.
Impacto nas _ ' ;.'-.' Atívidades instrumental s'de vjda -diária quê foram -afetsdás'pelas dificuldades en.ível
atividades .;. . de dependência [p. ex,, apresenta/dificuldades para se lembrarde cpmpVp.rrtíssos, ad-
Ínstrumentais;e •ministraras medicações .è a vida financeira; perdesse em caminhos fonhécíd
básicas devida , •' Atividades básicas de vida 'diária que'forarri •comprometidas-íp; ex.) neciíssita; de"
diária '. •. ' . ajuda para deambular, yestif-sé, alinientar.~se> etc.), • . ' ;• ' • • -, '-, •;
Impacto nas. '..;, . Atividades qcupacionãis: foi necessário afastasse'das atividades ocupacíonais.pu
atividades . profissionais? Permánenternente ou por período espe.cifiqO.de tempo'?; ' s
oçupacíonaise sociais Atividades sociais: continua participando.de eventos'sócia is é.fãrníjiarês?' - ' 'v
UsoatuaFde alguma estratégia ou auxíli.o éXternbpara ajudar na realização d,e'átividádes •
estratégias •diárias?
çompensatórías
Presença de altera- .Há história, prévia ou atua! de'sintomas-d e ansieda.de ou depressão? Há evidência de
ção do humor ou do redução .da autocrítica, dajnj<;iativa( quadro dê apatia ou agitação e desinibiça.o?
comportamento
Fatores "Há fatores ou situações que desencadeiam algum.desses cprnportamshtòs?= •• v .
deseneadeantes
Suporte famiííàr •É possívercOntar com a ajuda-de familiarès'ou 'éufdadOfes7-Está jrisérido em.ativida- 9
e sócia l •dêssociais? • • . •. ' • ' - . • = • . . .•'• . ,',' ''.. . • '

Antecedentes • • Há bistóíia prévia de^do.enças, internações,-cirurgias, ab'us_q cfe-substàncias ilícitas ou 9
pessoais è familiares, álcool, etç.? Háihfstória familiar dê quadrós.neurofógicõs ou rièurb psiquiátricos?
9
9
comportamento e à funcionalidade é de de ansiedade e depressão, sendo que du- 9
extrema relevância para o exame neuropsi- rante a entrevista clínica esses sintomas se 9
coJógico com o foco em intervenção. Esses tornam evidentes. Esse fato pode estar rela- 9
tópicos serão abordados de maneira mais cionado a fato rés como limitação de algu- 9
detalhada a seguir. mas escalas ern mensurar todas as possíveis
9
dimensões dos sintomas apresentados pe-
los pacientes ou dificuldade de alguns pa- 9
AVALIAÇÃO DO HUMOR cientes em relacionar seu estado emocional 9
com a descrição dos sintomas nas escalas. 9
No que tange ao humor, além da entrevista Entre as principais escalas de humor
clínica, é necessário utilizar escalas de hu- utilizadas para investigação de sintomas
mor, para que tanto dados qualitativos co- de ansiedade e depressão, encontram-se a
mo quantitativos possam ser analisados. É Escala, de Depressão e Ansiedade de Beck
possível encontrar situações nas quais as (Beck & Steer, 1990; Beck, Steer, & Brown,
respostas dos pacientes em escalas de hu- 1996), a Escala Hospitalar de Ansiedade e
mor não apontam sintonias significativos de Depressão (Zigmond & Snaith, 1983) e 9
9

9
•QUADRO..14^2 ».;Je£'tèsneurops1có(óg
.-!!•„;„„.,>„. papg:a .população .brasileira • • " / / : . ' . • • . ' • ;"--';..::'.[;: •'.'-.- : . •:\."-',:: ' . ' '

Teste Estudos publicados

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Lèarning TestjRAVLT}-\;Apf:endí^agemAtiditÍvô--vçrbal dê Rey: Normas para uma população brasileira.
sròlogià, 36(3J,. 79-83, •" '' •' . . : - . . ' . ' . .'•;. :-'
'.dè:Rãala;:aVvMelo; L. R, Nícolato/R., Moraes, E'. N., Bicalhp,'M'.X Hamdan; A. C'. .
& MalJóy-.DÍniz,H L. UQl'2aj.-T;IdedignIdade e yálidade.de construtò do Teste de
:;Ap:rèn.dizàgérn Auditívo-verp'a'1 de.Rey.ém''|dósos brasileiros. Revista de Psiquiatria
' ' ' ' " ' '' " ' ' ' '

Hopkins: Verba!' -' / ./• :^Miptto/E'C,;GampanhoJQ,'K.R.^Rpdt:i5ues,.M;A. M., Serrao, V.J., de Lúcia, M. C. S.,-St
LèarningTest-R / .. " ;. Scáff, M;:(20.12}.'HopkínsverbaUeafnÍng.test-7Í'èvÍ5ed aríd briefyisuospatial memory;
Brjef Visual Mempry'; '• test-reyised: PreíiminãTynõrm'atívé.data fòrthèBra^iij^n populatíon. Arquivos de

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' / H e ^ ^ ^ '

deTa'ula,IJvSchJottfeIdtíQCD.>{yipreiraiXv/Cota/Ivi.;.Bícalhò,M.A., Rornano-Silva, M.
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Pernéintia Ratihg.: 'ni;ance of the
ScaTé . .126-330,; '-
.;Arnarál-.Gáryaihq, V., &'Caraméljí(R (2012}..NormatÍve data for healthy middl.e-
' Cbgrlitive :aged and eidèrly performance ohÁddânbropke'sCognitiveExaminatioh-Revised.
. Examinalibn '.CognÍtivéanáBehav!ora!Nearologyr2S(2)- 72-76. '. . • ' • ' ' : '
í TrailMaklrtgTest -•Harntíán, A'..Cf, &Hamidanr.É.:[vl. (2009)^ Effectsof age and education le.Veí on IheTrail

>, K; R.,R.o.mão/M.'A.,'Machado, M.A. R.,SerrãojV.T.,Çputinho/D.G.C, .


Bêntité,:G. R, Gi,... Lúcia, M. Q S:íSÒ'T4). Performance of an aduit Braziliansample on

Torre de Londres :de Paula, _LJ., Costa,'O; S., Moraes/t N.,-NÍçolatfo, R(, & Máloy-Dniz, L F.
Cpntrib.uições.daTorre.de-Londres p^rá o exame.do planejamento em Fdosos com
còinprõmetifTiènto cognitivo leve. Revi5ta^europ5ÍcologÍG[Lotinoameficana,^(2),
,Í6-2V ' ' .'-. • • .. V õ'"'' " ' •- . • :- " •' / •
214 • Malloy-Diniz, Mattos, Abreu â Fuentes (órgs.í

a Hscala de Depressão Geríátrica (Yesavage de Cartões, Teste de Programação de Ação,


et ai, 1983). Procura da Chave, Julgamento Temporal»
"Mapa do Zoológico e Teste Modificado dos
Seis Elementos. O Rivermead Behavioural
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL Memory Test2 é uma bateria de testes eco-
lógicos que avalia as dificuldades de memó-
Para a avaliação do comportamento, são ria comumente encontradas na vida real,
utilizadas escalas, testes ecológicos, entre- com versões para adultos e crianças. O Vir-
vista semiestruturada e análise de com- tual Planning Test (Miotto & Morris, 1998;
portamento (Miotto, 2015). Entre as esca- Miotto, Evans, de Lúcia, Sc Scaff, 2009) ava-
las para investigação do comportamento, lia planejamento, organização, sequencia-
há a escala DEX da bateria Behavíoural rnento e inibição de ações irrelevantes no
Assessment of the Dysexecutive Syndrome contexto da vida diária por meio de ativi-
(BADS),1 que identifica problemas encon- dades cotidianas que precisam ser realiza-
trados na vida diária relacionados às fun- das durante a semana e atividades relacio-
ções executivas, como planejamento, to- nadas a uma viagem a ser realizada no fim
mada de decisões, resolução de problemas, dessa semana utilizando um tabuleiro com
entre outros, e possibilita a comparação os dias semanais e cartões a serem selecío-
dos resultados entre pacientes e cuidadores nados para cada atividade.
ou familiares. Para investigação de proble- Outra forma de avaliar ecologicamen-
mas de memória na vida cotídiana, existem te o funcionamento cognitivo é mediante
os questionários e inventários Subjective tarefas funcionais elaboradas no ambiente
Memory Questionnaire (Bennett-Levy & natural. Um exemplo prático desse tipo de
Powellj 1980) e o. Cognitive Faiíures Ques- tarefa pode ser encontrado no estudo rea-
tionnaire (Broadbent, Cooper, Fítzgerald, lizado em parceria corn o Centro de Rea-
& Parker, 1982), e, para dificuldades de me- bilitação Neurops LCO lógica OliverZangwill,
mória prospectiva e retrospectiva, o Prós- criado pela Profa. Dra. Barbara Wilson em
pective and Retrospectiva Memory Ques- Ely, em Cambridge, Inglaterra (Miotto et
tionnaire (Crawford, Smíth> Maylot, Delia ai, 2009). Nesse estudo, pacientes da popu-
Salla, & Logie, 2003). O Questionário Eu- lação brasileira com lesões crónicas adqui-
ropeu de Lesão Cerebral (EBIQ) abrange ridas nas regiões frontais foram submetidos
áreas da vida real que são comumente afe~ a um programa de reabilitação das disfun-
tadas após lesões adquiridas, entre elas o ções executivas e atencionais, denomina-
domínio cognitivo, a motivação, a impulsi- do Attention and Problem Solving (APS),
vidade, a depressão, o isolamento, a comu- e avaliados antes e depois do programa
nicação, somático e físico (Deloche, Della- com testes padronizados, ecológicos e tare-
tolas, & Christensen, 2000), fas funcionais. Unia dessas tarefas envolvia
A utilização de testes ecológicos possibi- a realização de 10 atividades em urna rua
lita a obtenção de medidas quantitativas em próxima ao local onde os pacientes foram
um cenário mais realista e próximo da vi- avaliados. As atividades elaboradas para es-
da cotidiana das pessoas. A bateria BADS é sa tarefa foram baseadas nas dificuldades
composta por testes ecológicos e semelhan- de planejamento, organização, sequência-
tes a atividades da vida real que avaliam as mento e resolução de problemas encontra-
dificuldades de .funcionamento executi- dos nos pacientes do estudo. Para que to-
vo, entre eles Teste de Mudança de Regras das as atividades pudessem ser realizadas

Disponível em: www.pearsqnassessrnents.corri, - Disponível em: www.psychcorp.co.uk.


V',';.: .; rteurópsicòlógia • 215

em 15 minutos, era necessário que o pa- encontradas na vida real DEX, e não nos
ciente planejasse suas ações antes de iniciar testes neuropsicológicos padronizados. Es-
as atividades, uma vez que e]as foram apre- se achado é compatível com resultados pré-
sentadas de forma escrita em um cartão se- vios de programas de reabilitação cognitiva
guindo uma sequência aleatória de locais ecológicos, nos quais a melhora decorren-
a serem visitados na rua. Se o paciente se- te dos programas é identificada por meio
guisse a ordem das atívidades tal qual es- de medidas que se assemelham às ativida-
tava no cartão, não conseguiria realizar to- des da vida real (Ávila, Botino, Carvalho,
das elas no prazo de 15 minutos, uma vez & Miotto, 2004; Hampstead et ai., 2011;
que essa ordem o levava a transitar pela rua Miotto, 2007,2002).
retornando aos mesmos pontos repetida- A avaliação comportamental tam-
mente e, dessa maneira, tornando o padrão bém pode ser realizada mediante a análise
de respostas impulsivo e ineficiente. A Fi- funcional ou avaliação dos "antecedentes,
gura 14.1 mostra um esboço dos locais que comportamento e consequências" (ACC)
o paciente era solicitado a visitar e, ao lado, (Wilson 2009). Essa análise possibilita in-
as atÍAádades a serem realizadas. Antes do vestigar se determinados comportamentos
programa APS, os pacientes apresentaram são desencadeados por estímulos ou fato-
um padrão de resposta errático, impulsivo e res específicos e as consequências decor-
ineficiente, não sendo possível para a maio- rentes do comportamento. Podemos exem-
ria completar todas as atividades dentro do plificar essa análise com um exemplo de
tempo estipulado. Após o programa, hou- uma paciente que, após sofrer um trauma-
ve melhora significativa dos pacientes nessa tismo craniencefálico envolvendo as áreas
tarefa funcional com novas atividades, e es- frontais e temporais cerebrais, apresenta-
sa melhora estava associada a um compor- va comportamento de choro sempre que
tamento menos impulsivo e mais estratégi- um familiar ou cuidador se aproximava de-
co. É importante ressaltar que a melhora do la para tentar fazer contato e estabelecer
desempenho cognitivo e comportamental uma conversa. Normalmente, pergunta-
observada nesse grupo de pacientes após o va-se à paciente: "como você está?". Dian-
programa APS ocorreu especialmente nes- te de seu comportamento de choro, havia
sa tarefa funcional, no teste ecológico VIP e a consequência de ser interrompida qual-
no questionário de dificuldades executivas quer atividade que estivesse realizando. Em

TAREFAS FUNCIONAIS :

1 -Verificar o horário de funciona mènto/da


*
Início

.
2, Escrever o hora rio nq papel' - '. Lanchonete Banca de jornal.
3.' Verifkar.-Q preço de um caderno univelr
sitárfo ' . • . . ' '. '
4. Escreve t ó: preço' do caderno nó pape) •• -" • : Papelaria. Lavanderia
.5. 'Comprar um jornal cofnaté-R$.'XX '/. •
6 . Verifica r pfçço'da';r«Vi?t3. XX' ' . - . - . • • •••..' • -p
•; • • Mercado. •. •• "• Padaria
;7- ..Escrever o' prççò dá revista no papel' ,:
8. Devolver o troco à instrutora. ' . • . . .
• 9. ". Deyolver-p.apeí é lápisemprestados . • ••. ,: ' Fàfrnácia • • .. Sapataria
10. Retornarão ponto Inicia l às T 4: "í 5. . '

Figura 14.1 Exemplo de tarefa funcional aplicada em um recinto natural.


Fonte: A partir do estudo de Mioíto e colaboradores (2009).
2.1.6 ;• Maltoy-bifírz, fartos/'Abreu-&;fuen'tes (olrgs.j.1

um primeiro momento, os familiares e cui- 5. lembrar-se de compromissos


dadores não entendiam o motivo do choro
9
6. permanecer ou sair de casa desacom-
imotivado da paciente. Após a análise fun- panhado
cional ACC e verificação do fator precipí- 7. dirigir ou utilizar transporte público
tante, ficou claro que a pergunta que era
feita à paciente despertava uma avalanche Entre as escalas utilizadas e preenchi-
de emoções e, consequentemente, o choro das por familiares ou cuidadores para se
e interrupção das atividades em andamen- avaliar o grau de independência em tais
to. Foi sugerida uma mudança na forma de atividades, encontram-se as Escalas Katz 9
abordar a paciente, e, em vez de perguntar (Katz, Ford, Moskowitz, Jackson, & Jaffe, 9
"como você está?" os familiares e cuidado- 1963) e Pfeffer (Pfeffer, Kurosaki, Harrah, 9
res foram orientados a fazer um comentá- Chance, & Filós, 1982).
rio positivo sobre a atividade que a paciente
eslava realizando naquele momento, como,
por exemplo, "este filme parece interessan- AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES COGNITIVAS
te... do que se trata?" Essa mudança possi-
bilitou a continuidade do engajamento da AJém da avaliação dos tópicos delineados,
paciente na atividade que estava desempe- é importante incluir no exame neuropsi-
nhando, e ela não apresentou mais o com- cológico a aplicação de testes de memória,
portamento de choro. aprendizagem de novas informações, lin-
guagem, funções visioperccptivas, visioes-
9
paciais, executivas, atencionais, premas e 9
AVALIAÇÃO DA funcionamento intelectual. O Quadro 14.2
FUNCIONALIDADE E DAS AVD elenca alguns dos testes com normas e da-
dos psicométricos preliminares de estudos
Para a avaliação da funcionalidade e das ati- de diversos centros no Brasil para a popu-
vidades de vida diária, no que tange às AVD lação brasileira. A seguir, serão descritas as
básicas, é necessário investigar se o paciente principais funções cognitivas avaliadas em
as realiza de forma independente, com au- um exame neurop s i cológico» cora exem-
xílio/supervísão ou se é totalmente depen- plos de testes cognitivos pertinentes a ca- 9
dente para a realização de atividades como: da função. 9
-* 9
1. alimentar-se
2. banhar-se MEMÓRIA 9
3. vestir-se 9
4. usar o banheiro A memória é um sistema complexo com-
posto por vários subsistemas mediados por •
5. locomover-se 9
mecanismos e circuitos cerebrais distin-
tos (Baddeley, 2000; Squire, 1986; Tulving,
9
Em relação às AVD instrumentais, de-
ve-se investigar se é capaz de realizar ativi- 2002). Didaticamente, podemos classificai- 9
dades como: os sistemas da memória em declarativo, ou 9
acessível à consciência, e não declarativo. 9
L gerenciar a rotina diária AJém disso, os processos de memória po-
2. realizar compras dem se classificar em memória operacional
3. manusear medicações e de curto prazo e memória de longo prazo.
4. administrar finanças Na área clínica, os processos de memória
9
9
^europsicología • 21.7

declarativa delongo prazo mais comumen- Memória episódica


te investigados em uni exame neuropsico-
lógko abrangem a memória episódica e a A memória episódica é o sistema capaz de
memória semântica. Dentro da memória armazenar informações e eventos vividos
não declarativa, há a memória implícita e em um determinado tempo e espaço (Tul-
de procedimento. A memória prospectiva é ving, 2002). Por meio desse sistema, pode-
um subsistema relacionado à recordação de mos recordar trajetos, o que fizemos no dia
uma intenção para realizar uma ação no fu- anterior ou em nossas últimas férias, o local
turo (Graf &Utti, 200L). Á seguir, esses sis- onde guardamos objetos pessoais ou esta-
temas serão abordados separadamente. cionamos nosso automóvel. Trata-se de um
dos sistemas mais frequentemente afetados
após lesões cerebrais adquiridas e quadros
Memória operacional e de curto prazo demência is. Entre os testes ncuropsicológi-
cos que avaliam esse sistema, podemos en-
Essa memória é o sistema responsável pe- contrar: o Rey Auditory Verbal Learning
lo armazenamento de informações na or- Test (RAVLT), com normas para a popu-
dem de segundos ou de poucos minutos lação brasileira (Quadro 14.2), o Hopkins
(Baddeldey, 2000). Além disso, esse sistema Verbal Learning Test - Revised (HVLT-R)
permite a manipulação de informações ne- e o Brief Visual Memory Test - Revised
cessárias para o processamento de funções (BVMT-R), com normas preliminares pa-
cognitivas superiores, entre elas a habili- ra a população brasileira (Quadro 14.2),
dade de cálculo, linguagem, resolução de o teste Figura de Rey, o Recognition Me-
problemas, etc. Os principais componen- mory Test, que avalia reconhecimento ver-
tes desse sistema incluem o executivo cen- bal e visual, o Camden Memory Test (tes-
tral, responsável pela manipulação e orga- tes com estímulos da vida real que avaliam
nização dos estímulos, a alça fonológica e a memória de reconhecimento visual, e ver-
articulatória, capaz de codificar estímulos bal), a bateria Wechsler de Memória, com
verbais fonéticos, o esboço visioespacial, os subtestes Memória Lógica, Pares Asso-
responsável pela codificação de estímulos ciados, Listas de Palavras, Reconhecimen-
vi si o espaciais, o registro episódico, que po- to de Faces, Figuras de Família, Reprodução
de armazenar informações ou episódios, e Visual, além de testes de memória opera-
a memória sensória! tátil. Os principais tes- cional verbal e visioespacial, e o Wide Ran-
tes que avaliam a memória operacional e de ge Assessment of Memory and Learning
curto prazo abrangem (Strauss, Sherman, (WRAML), que avalia aprendizagem c me-
&Spreen,2006): mória de curto e de longo prazo em crian-
ças, adultos e idosos.
1. Dígitos or^em direta e indireta, das es-
calas Wechsler de Inteligência e de Me-
mória <i Memória semântica
2. Span Espacial ordem direta e indireta,
da escala Wechsler
l de Memória Esse sistema de memória é responsável pe-
3. Sequência de Números e Letras, das es- los conhecimentos gerais que adquirimos e
calas Wechsler de Inteligência armazenamos ao longo da vida e que estão
4. Repetição de Sentenças e Janela Digital, diretamente relacionados à escolaridade e
do Wide Range Assessment of Memory à cultura, como, por exemplo, saber que o
and Learning. Pão de Açúcar é um ponto turístico no Rio
218 * MàHoy-Diniz, Mattos, Abreu:& f ueníes (orgs.)

de Janeiro, que o tigre é um animal selva- e lembrar-se de transmitir um ou dois re-


gem> etc. Os testes que avaliam esse sistema cados. O Carnbridge Prospectiva Memory
incluem os subtestes Vocabulário e Infor- Test (Wilson, Emslie, Foley, Shiel, & Wãt-
mação, das escalas Wechsler de Inteligência son, 2005) é um instrumento de memória
para crianças e adultos, o BoSton Naming prospectiva que inclui tarefas baseadas no
Test, a Fluência Verbal Categórica (animais, tempo e em eventos.
itens de supermercado, vestimenta, etc.),
o Pyramids and Palm Trees (Strauss et ai,
2006). LINGUAGEM
A investigação da linguagem é complexa
Memória implícita e abrange os domínios da nomeação, pro-
dução oral, compreensão, repetição, es-
Esse sistema possibilita adquirir gradual- crita, leitura e cálculo (ver Miotto [2012]
mente uma habilidade percepto-motora para detalhes sobre esses domínios e alte-
por meio da exposição repetida e abran- rações relacionadas à linguagem decorren-
ge um conjunto de subsistemas, entre os tes de quadros neurológicos). Para avalia-
quais pré-aiivacão, memória procedural e ção da produção oral, utilizam-se testes de
formação de hábito. Pode ser avaliado por descrição de cenas, como o Roubo dos Bis-
rneio da aprendizagem de palavras ou ima- coitos, da bateria Boston Diagnostic Apha-
gens mediante a repetida exposição dos sia Examination (BDAE),3 Para compreen-
fragmentos dessas palavras ou imagens, co- são, há o Token Test, com normas para a
mo no teste de Gollins Fragmented Pictu- população brasileira (Quadro 14.2), o sub-
teste Vocabulário do WAIS-III/WISC-IV, as

res and Words, e mediante a apresentação
de parte de uma palavra (verMiotto [2012] baterias BDAE e Psycholinguistic Assess- •
ments of Language Processing in Aphasia 9
para uma descrição mais detalhada desses
processos e exemplos de testes a serern uti- (PAiPA).4 Para avaliar a nomeação, o teste
lizados). Boston Naming, da bateria BDAE, tem si-
do o mais utilizado, e há normas prelimi-
nares para a população brasileira (Quadro
9
14.2). Para avaliar leitura, escrita e cálculo 9
Memória prospectiva
-» em crianças, há o Teste de Desempenho Es-
A memória prospectiva é um dos siste- colar e o subteste Aritmética, do WAIS-I1I 9
mas mais utilizados no cotidíano e en- eWISC-IV.
volve tarefas como lembrar-se do horá- 9
rio das medicações, transmitir um recado,
comparecer a um compromisso. Esse sis- FUNÇÕES VISIOPERCEPTIVAS
tema possibilita criar intenções e recor- EVISIOESPACIAIS
dar-se dessas intenções no futuro para que 9
ações possam ser implementadas (Graf & As funções visioperceptivas abrangem a ca- 9
Utti, 2001). As diferentes versões da bateria pacidade associada à identificação e ao re-
ecológica RBMT incluem tarefas de memó- conhecimento de objetos e apresentam
ria prospectiva, como solicitar ao pacien- subsistemas que consistem nos proces-
te que se lembre de perguntar quando se- sos primários, entre eles acuidade visuaí.
rá a próxima consulta/sessão depois de um
período específico de tempo, solicitar que 3 Disponível em: www.pearsonassessments.com. 9
o examinador devolva pertences pessoais 4 Disponível em; wwwpsyprcss.com. 9
9
Neuropsicólogía • 21 9

discriminação de formas, cor, textura, mo- e Categóricaj Wisconsin Card Sorting Test,
vimentos e posição, os quais podem ser ava- BADS, Hayling and Brixton, Torre de Lon-
liados pelo Cortical Vision Screening Test dres, com normas preliminares para a po-
(CORVIST)5 e pela bateria Visual Object pulação brasileira (Quadro .14.2)> Delis-Ka-
and Space Perception (VOSP).6 Os proces- plan Executive Function System (D-KEFS).
sos perceptívos integram os processos vi- Em relação aos processos atencionais
suais primários em estruturas perceptivas no contexto da área clínica, são comumente
coerentes como a forma de urn objeto e po- avaliadas a atenção concentrada, alternada
dem ser avaliados pelo CORVIST, VOSP e, e seíetiva. A atenção concentrada, que é um
qualitativamente, pelo Teste de Nomeação estado de prontidão por períodos prolon-
de Boston. gados para processar informações, pode ser
As funções vísioespaciais possibilitam avaliada pelo teste D2 (Cetepp),7 Teste de
uma análise da posição e localização espa- Atenção Concentrada (AC, Vetor),8 Conli-
cial de objetos no espaço e em relação a nós nuous Performance Test (CPT)9 e Test of
mesmos e podem ser avaliadas pelo VOSP, Everyday Aítention (TEA).10 Para a aten-
Cópia da Figura de Rey, Desenho do Reló- ção alternada, ou seja, capacidade de al-
gio (ver Miotto [2012] para uma descrição ternar o foco atencional em duas ou mais
pormenorizada dessas funções e instru- fontes de estimulação, utilizam-se o Trail
mentos de avaliação). Making Test A e B> com normas prelimi-
A visioconstrução ou praxia construti- nares para a população brasileira (Quadro
va são comumente avaliadas pelo subteste 14.2), o Color Trail Test, com padronização
Cubos, do WAIS-III/WISC-III/WASI, Có- brasileira pela Pearson, e o Symbol Digit
pia da Figura de Rey, Desenho do Relógio, Test (Straus et ai., 2006). A atenção seletiva,
cópia de figuras tridimensionais. que envolve a capacidade de manter a aten-
ção em uma fonte de estímulo ignorando-
-se distratores, pode ser avaliada pelo Stroop
FUNÇÕES EXECUTIVAS E ATENCIONAIS Test (Strauss et ai., 2006).

As funções executivas compreendem as ha-


bilidades envolvidas em comportamen- CONSIDERAÇÕES FINAIS
tos complexos, entre os quais planejamen-
to, organização, formulação de objetivos, O exame neuropsicoíógíco que objeti-
resolução de problemas, monitoramen- va estruturar uma intervenção cognitiva
to do comportamento, inibição de respos- ou comportamental deve abranger um es-
tas irrelevantes, raciocínio, abstração, etc. pectro mais amplo de investigação quando
(JLezak et ai, 2012; Miotto, 2012; Miotto et comparado ao exame neuropsicoíógíco que
aL, 2009). A avaliação dessas funções deve visa a apenas esclarecimentos diagnósticos.
abranger o maior número possível de ins- Além das etapas de entrevista clínica (ana-
trumentos, uma vez que nem todas essas rrmese) e avaliação das funções cognitivas,
habilidades encontram-se alteradas den- é necessário avaliar o comportamento, por
tro de um mesmo quadro clínico. Entre os meio dep.tarefas funcionais,* testes ecológicos
O

testes utilizados para avaliação das funções e escalas sensíveis a alterações cognitivas
executivas (Strauss et ai., 2006), encontra-
mos os testes de Fluência Verbal Nominal
7 Disponível em: www.cetepp.com.br.
H Disponível cm: WYV\Y. vetoreditora.com.br.
5 Disponível em: www.psychcorp.co.uk. 9 Disponível em: www.pearsonassessmen.t5,com.
6 Disponíve] em: www.pearsonassessmen.ts.com. Disponível em: www.pear5on.assessments.com.
220

e de comportamento encontradas na vi- Bennert-Levy, J., & Poweil, G. E. (1980). The sub-
da real, estratégias que passaram a ser uti- jective memory questionnaire (SMQ). An inves-
lizadas após a instalação ou incidência do tiga tion into the self-reporting of "real-life" me-
mory sldlls. Britísh Journal of Social and Clinicai
quadro neurológico ou neuropsiquiátrico, Psychology, 19(2), 1 77- J 88.
bem como a maneira como essas altera-
Broadbent> D. E., Cooper, R H, Fítzgerald, R, &
ções afetam as atividades instrumentais e Parker, K, R. (1982). The Cognicive Failures Ques-
básicas do paciente ou sua funcionalida- tionnaire (CFQ) and its correlates. The Brhish
de. Além disso, a análise do comportamen- Journal of Clinicai Psychvlogy, 21(1], 1-16.
to com o uso de técnicas comporta men- Brucki» S. M. D, Nitrini, R., Caramelli R, Bertolucci,
tais é de extrema importância em quadros P. H. E, Sc Okamoto, I. H. (2003). Sugestões para o
nos quais são observadas alterações cogni- usodo rnini-cxamcdo estado mental no Brasil. Ar-
tivas e do comportamento. A investigação quivos de Neitropsiquiatria, 61 (3-B)f 777-781,
do humor é essencial para identificar a pre- Campanholo, K. R., Romão, M. A., Machado, M,
sença de sintomas de ansiedade e depres- A. R., Serrao, V. Tt> Coutinho, D. G. C., Benufe, G.
são e conduzir ou encaminhar o paciente R. G.3 ... Lúcia, M. C. S. (2014). Performance of an
para intervenções complementares. Em re- adult Braxilian sample on the traíl makíng test and
stroop test. Detnentía & Neuropsychofogia, 8(1), 26-31.
sumo, essa ampla abrangência de investi-
gações é necessária, uma vez que o foco da Crawford, J., Smifh, C,, Maylot, E.» Delia Salla, S.,
& Logie, R. (2003). The prospectíve and retrospec-
avaliação não se restringe aos sintomas de-
tiva memory questionnaire (PRMQ); Normatí-
correntes do impacto do quadro neurológi- ve data and latent structure in â large non-clmical
co, mas também aos diversos fatores e con- sample. Memory, J7(3), 261-275.
dições que possam interferir na capacidade de Paula, J. J., Costa, D. S., Moraes, E. N. f Nicolatío,
funcional, no comportamento e na partici- R., & Maltoy-Pinb, L. P. (2012b). Contribuições
pação do indivíduo. da Torre de Londres para o exarne do planejamen-
to em idosos com comprometimento cognitivo le-
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