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O DECESSO DE INANA AO INFERNO

Por Artur Felisberto.

Do "Grande Superior" ela ansiou pelo "Grande Inferior".


Do "Grande Superior" a deusa ansiou pelo "Grande Inferior".
Do "Grande Superior" Inana ansiou pelo Grande Inferior".
A minha senhora abandonou o vasto Céu, abandonou a vasta Terra,
Ao mundo inferior ela desceu,
Inana abandonou o vasto Céu, abandonou a vasta Terra,
Ao mundo dos infernos ela desceu,
Abandonou o poder de rei, abandonou o poder de rainha,
Ao reino dos mortos ela desceu.

Ela abandonou os aposentos de En,


Ela abandonou os aposentos de Lagar e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-ana em Unug , e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-muc-kalama em Bad-tibira e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Giguna em Zabalam e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-cara em Adab e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Barag-dur-jara em Nibru e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Hursaj-kalama em Kic e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E- Ulmac em Agade , e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Ibgal em Umma e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E- Dilmuna em Urim e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Amac-e-kug em Kisiga e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-ecdam-kug em Jirsu e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-sig-mece-du em Isin e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Anzagar em Akcak e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o Nijin-jar-kug em Curuppag e desceu aos Infernos.
Ela abandonou o E-cag-hula em Kazallu e desceu aos Infernos.

Ela reuniu os sete mês das leis divinas.


Ela tomou-as em suas mãos.
Com os mês das leis divinas a seus pés, ela se preparou.
Ela colocou a shugurra, a coroa da estepe, em sua cabeça.
Ela arranjou os anéis escuros do cabelo em sua testa.
Pequenas pedras de lápis-lazúli ela pôs ao pescoço,
Deixou o fio duplo de contas cair no peito,
Ela pintou os olhos com a pomada "Deixai-o vir, Deixai-o vir".
Atou ao peito o corpete "Vem, homem, vem cá!"
E envolveu o seu corpo no manto pala de rainha.
Duas pedras nunuz gémeas ela colocou ao peito,
Colocou uma pulseira de ouro no pulso,
E tomou a rodízio e a linha de medição na mão.

Inana caminhou para o mundo inferior,


O seu vizir Ninshubur seguia a seu lado,
A pura Inana diz para Ninshubur:
"Ó tu que és o meu apoio constante,
Figura 1: Ninshubur & Inana.
Meu vizir de E-Ana das palavras favoráveis,
Meu cavaleiro das palavras verdadeiras,
Estou descendo ao mundo inferior.
Eu vou-lhe dar instruções:
Minhas instruções devem ser seguidas,
Vou-lhe dizer algo que deve ser observado:
Quando eu tiver chegado ao mundo inferior,
Solta lamentações por mim, como nas ruínas,
Na sala de reunião dos deuses toca o tambor por mim,
Na casa dos deuses faça a ronda e procura-me,
"Macera os teus olhos para mim,
Lacera o nariz para mim.
Flagela as tuas orelhas para mim, em público
Em privado, fustiga as tuas nádegas para mim.
Como um pedinte, um traje pobre veste por mim,
Para o Ekur, a casa de Enlil, sozinho dirige os teus passos.
Ao entrares no Ekur, a casa de Enlil,
Chora perante Enlil:
"Ó pai Enlil,
Que a tua filha não seja ferida de morte no mundo inferior,
Que o teu bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja entalhada dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja condenada à morte no mundo inferior".
Se Enlil se não puser do teu lado, segue para Ur.
Em Ur, ao entrares em casa, da terra,
O Ekishnugal, a casa de Nanna,
Chora perante Nanna:
"Ó pai Nanna,
Que a tua filha não não seja ferida de morte no mundo inferior,
Que o tem bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja entalhada dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja condenada à morte no mundo inferior".

Se Nanna não se puser do teu lado, segue para Eridu.


Em Eridu, ao entrares em casa de Enki,
Chora perante Enki:
"Ó pai Enki,
Que a tua filha não não seja ferida de morte no mundo inferior,
Que o tem bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja entalhada dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja condenada à morte no mundo inferior".
O pai Enki, senhor da sabedoria,
Que conhece o "alimento da vida", que conhece a "água da vida",
Certamente me trará à vida.

Inana desceu ao mundo inferior,


Ao seu mensageiro Ninshubur ela diz:
"Vai, Ninshubur,
Não esqueças as ordens que te dei".
Quando Inana chegou ao palácio, à montanha de lápis-lazúli,
À porta do mundo inferior, ela agiu temerariamente,
No palácio do mundo dos infernos falou temerariamente:
"Abre a casa, Neti, abre a casa, eu, sozinha, quero entrar".

Neti, o porteiro principal dos infernos,


Responde à santa Inana:
"Diz-me, por favor, quem és!"
"Eu sou a rainha do Céu, o sítio onde nasce o Sol".
"Se você é Inana que vai para o Leste,
Diz-me porque vieste à terra donde nunca se retorna!
À estrada cujo viajante não regressa, porque te conduziu aqui o teu coração?"

A santa Inana respondeu-lhe:


"Porque o Touro do Céu, o marido da minha irmã mais velha,
a santa Erec-ki-gala, O senhor Gud-gal-ana, foi assassinado,

Cheguei para participar no velório dos ritos funerários.


Para oferecer generosas libações em copos de cerveja.
Esta é a razão."

Neti falou: "Fique aqui, Inanna, vou falar com a minha rainha.
Vou lhe dar a sua mensagem."
Neti, o porteiro principal do mundo inferior,
Entrou em casa da sua rainha Ereshkigal e diz-lhe:

"Minha amada, uma donzela,


Tão alta como o céu, tão larga quanto a terra,
Tão forte quanto os alicerces das muralha da cidade,
Espera lá fora sozinha aos portões do palácio.

Inana, sua irmã, chegou ao palácio Ganzer.


Ela bateu agressivamente à porta do Inferno.
Ela gritou agressivamente aos portões dos infernos.
Ela abandonou E-Ana e desceu aos infernos.

Ela reuniu os sete mês das leis divinas.


Ela tomou-as em suas mãos.
Com os mês das leis divinas a seus pés, ela se preparou.
Ela colocou a shugurra, a coroa da estepe, em sua cabeça.
Ela arranjou os anéis escuros do cabelo em sua testa.
Pequenas pedras de lápis-lazúli ela pôs ao pescoço,
Deixou o fio duplo de contas cair no peito,
Ela pintou os olhos com a pomada "Deixai-o vir, Deixai-o vir".
Atou ao peito o corpete "Vem, homem, vem cá!"
E envolveu o seu corpo no manto pala de rainha.
Duas pedras nunuz gémeas ela colocou ao peito,
Colocou uma pulseira de ouro no pulso,
E tomou a rodízio e a linha de medição na mão.

Então Ereshkigal beliscou as bordas das coxa,


E mordeu os lábios pois estava cheia de raiva em seu coração.
E disse a Neti, o seu porteiro principal:
"Vem, Neti, porteiro principal dos infernos do Kur.
Não esqueças as ordens que eu te der.
Levanta os ferrolhos das sete portas dos infernos do Kur,
Então, deixe que cada porta do palácio Ganzer seja aberta separadamente.
Quando ela entrar,
Subjuga-a e que seja trazida nua à minha presença".

Neti, o porteiro principal do mundo inferior,


Escutou as palavras da sua rainha.
Levantou os ferrolhos das sete portas do mundo inferior,
Do seu único palácio, Ganzir, o "rosto" do mundo inferior,
Ele abriu cada um das portas separadamente.
Ele disse à santa Inana: "Venha, Inana , e entre".
A shugurra, a "coroa da estepe", da sua cabeça foi retirada,
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na segunda porta,
A vara e o fio de medir de lápis-lazúli foram-lhe retirados.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na terceira porta,
As pequenas pedras de lápis-lazúli foram retiradas do seu pescoço.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na quarta porta,
As pedras gémeas de nunuz foram retiradas do seu peito.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na quinta porta,
A pulseira de ouro foi retirada da sua mão.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na sexta porta,
O peitoral "Vem, homem, vem cá", foi retirado do seu peito.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".
Quando ela entrou na sétima porta,
O vestuário pala da realeza foi retirado do seu corpo.
"Por favor, que é isto?"
"Cala-te, Inana, as leis do mundo inferior são perfeitas,
Ó Inana, não desprezes os ritos do mundo inferior".

Nua e agachada, Inana entrou na sala do trono.


Ereshkigal ergueu-se do seu trono.
Inana avançou então em direcção ao trono.
Os Annuna, os juízes dos infernos, a cercaram.
Eles julgaram contra ela.

Ereshkigal pregou em Inanna os olhos da morte.


E então falou contra ela as palavras de ira.
Ela proferiu contra ela o grito de culpa.
E uma mulher aflita foi transformada em cadáver,
E como um pedaço de carne podre
Foi pendurada num gancho da parede.

Depois de terem passado três dias e três noites,


O seu vizir Ninshubur,
O seu vizir das palavras favoráveis,
O seu cavaleiro das palavras verdadeiras,
Soltou uma lamentação por ela, como se faz nas ruínas,
Tocou por ela o tambor nos santuários dos deuses,
Fez rondas por ela na casa dos deuses,
Macerou os olhos, lacerou o nariz.
Em particular, flagelou as nádegas para ela.
Como indigente vestiu-se com uma única peça de roupa
E, sozinho, pôs os pés a caminho do E-kur, a casa de Enlil .

Ao entrar no Ekur, a casa de Enlil,


Perante Enlil ele chora: "Ó pai Enlil,
que a tua filha não seja morta no mundo inferior,
Que o teu bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja destruída dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja morta no mundo inferior".

Em sua ira, o pai Enlil respondeu a Nincubura:


"A Minha filha Inana ansiava o grande céu
e ela ambicionava também o grande em abaixo.
Os mês dos infernos são poderes que se desejem
Pois quem os recebe deve permanecer nos infernos.
Quem, chegando a esse lugar, poderia esperar voltar a aparecer?

Como o pai Enlil não se pôs a seu lado, dirigiu-se a Ur.


Em Ur, ao entrar na casa da Terra,
O Ekishnugal, a casa de Nanna,
Perante Nanna ele chora:
"Ó pai Nanna, que a tua filha não seja morta no mundo inferior,
Que o teu bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja destruída dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja morta no mundo inferior".

Em sua fúria, o pai Nanna respondeu a Nincubura:


"A Minha filha Inana ansiava o grande céu
E ela ambicionava também o grande em abaixo.
Os mês dos infernos são poderes que se desejem
Pois quem os recebe deve permanecer nos infernos.
Quem, chegando a esse lugar, poderia esperar voltar a aparecer?

Como o pai Nanna não se pôs a seu lado, partiu para Eridu.
Em Eridu, ao entrar na casa de Enki,
Perante Enki ele chora:
"Ó pai Enki, que a tua filha não seja morta no mundo inferior,
Que o teu bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja destruída dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja morta no mundo inferior".

O pai Enki responde a Ninshubur:


"O que aconteceu então a minha filha? Estou inquieto.
O que aconteceu então a Inana? Estou inquieto.
O que aconteceu então à rainha de todas as terras? Estou inquieto.
O que aconteceu então à hieródula do Céu? Estou inquieto".
Ele tirou surro da uma unha e moldou o kurgarru.
Ele tirou surro de outra unha pintada de vermelho e moldou o kalaturru
Ao kurgarru deu o "alimento da vida",
Ao kalaturru deu a "água da vida",

Então o pai Enki falou para o gala-tura e o kur-jara:


"Um de vocês polvilhe a planta vivificante sobre ela
E o outro a água vivificante.
Vão e dirijam vossos passos para o Sub-mundo.
Voem pelas portas como as moscas.
Deslizem pelos trincos das portas como fantasmas.

"Ereshkigal, a Rainha dos Infernos, estará gemendo


Com os gritos de uma mulher em trabalho de parto.
Nenhum linho se espalha por seu corpo sagrado.
Seus peitos não estão cheios como um navio de carga.
Suas unhas são duras e curvas como patas de ganso.
Seu cabelo estão entrançado como braças de alhos-porros.

"Quando ela gritar "Ai, ai, meu coração", vocês chorem também:
"Ai, ai, minha querida, muito dói o seu coração"!
Quando ela gemer "Ai, ai meu fígado", vocês devem gemer assim:
"Ai, ai minha querida, muito dói o seu fígado"!
Então a rainha ficará satisfeita e perguntará:
"Quem sois vós? Falando do meu coração ao vosso coração,
Do meu fígado ao vosso fígado
Se vós sois deuses, deixem-me falar convoco;
Se vós sois mortais, que um destino vos seja agora decretado.
"Façam-na jurar isso pelo céu e pela Terra”.
Eles – os deuses do mundo inferior
Oferecer-vos-ão a água do rio, não a aceitem,
Oferecer-vos-ão o grão do campo, não o aceitem,
Digam a Ereshkigal: "Dá-nos o corpo pendurado no gancho da parede".
Um de vós derrame sobre ela o "alimento da vida",
O outro a "água da vida",
Então Inana erguer-se-á".

O gala-tura e o kur-jara prestaram atenção às instruções da Enki.


Eles voaram pelas portas dos infernos como moscas.
Eles deslizaram pelos trincos das portas como fantasmas.

"Ereshkigal, a Rainha dos Infernos, estava gemendo


Com os gritos de uma mulher em trabalho de parto.
Nenhum linho se espalhava por seu corpo sagrado.
Seus peitos não estavam cheios como um navio de carga.
Suas unhas eram duras e curvas como patas de ganso.
Seu cabelo estava entrançado como braças de alhos-porros.

Ereshkigal estava gemendo:


"Ai! Ai! Minha barriga!" Eles gemem: "Oh! Oh, sua barriga!"
Ela geme: "Ai! aiaiaia! Minhas costas!"
Eles gemem: "Ai! aiaiai! Suas costas!"
"Quando ela gritou "Ai, ai, meu coração", eles choram também:
"Ai, ai, minha querida, muito dói o seu coração"!
Quando ela gemeu"Ai, ai meu fígado", eles gemeram assim:
"Ai, ai minha querida, muito dói o seu fígado"!
Então a rainha ficou satisfeita, parou e perguntou:
"Quem sois vós, falando do meu coração ao vosso coração,
Do meu fígado ao vosso fígado?
Se vós sois deuses, deixem-me falar convoco;
Se vós sois mortais, que um destino vos seja agora decretado!
Eles a fizeram jurar isso mesmo pelo céu e pela terra.
- O kurgarru e o kalaturru cumprem as ordens –
Oferecem-lhes a água do rio, eles não a aceitam,
Oferecem-lhes o grão do campo, eles não o aceitam,
"Dá-nos o corpo pendurado do gancho", dizem a ela.
E a santa Ereshkigal responde ao kalaturru e ao kurgarru:
"O corpo é o da vossa rainha".
Então, eles lhe disseram:
"Pertença à nossa rainha ou ao nosso rei,
É o que nós queremos por isso dai-nos esta corpo."
E deram-lhes o corpo pendurado no gancho,
Um derramou sobre ela o "alimento da vida",
O outro a "água da vida" e Inana ergueu-se.

Então Erec-ki-gala disse ao gala-tura e ao kur-jara:


"Tragam a vossa rainha (à minha presença), seu (corpo) foi apreendido".
Mas Inana, por causa das instruções de Enki,
Estava prestes a ascender do mundo inferior.
Mas quanto Inana estava prestes a subir do mundo inferior,
Os Anunnaki agarram-na dizendo:
"Todo aquele que tenha descido aos infernos
Jamais sairá impune do mundo inferior!
Se Inana ascender do mundo inferior,
Tem que deixar alguém em sua substituição".
Inana ascende do mundo inferior,
Os pequenos demónios como canas shukur,
Os grandes demónios como canas dubban,
Puseram-se ao lado dela.
O que estava na sua frente, apesar de não ser um vizir,
Segurava um ceptro na mão,
O que estava a seu lado, apesar de não ser um cavaleiro,
Tinha uma arma cingida à cintura.

Aqueles Galla que a acompanharam,


Aqueles Galla que acompanharam Inana,
Não conhecem comida, não conhecem nenhuma bebida,
Não comem oferendas de farinha nem bebem nada de libação.
Eles não aceitam presentes agradáveis.
Eles nunca aproveitam os prazeres do abraço conjugal,
Nem têm filhos doces a quem beijar.
Eles arrancam a esposa do abraço de um homem.
Eles arrancam o filho do joelho de um homem.
Eles fazem a noiva sair da casa de seu sogro
Roubavam a mulher do regaço do homem,
Roubavam a criança do seio da ama.
Não esmagam alho amargo.
Eles não comem peixe, não comem alho-porro.
Eles foram acompanhados de Inana.

Depois que Inana subiu dos Infernos,


Nincubura se ajoelhou às portas do Ganzer.
Ele sentou-se no pó e vestiu-se com uma roupa imunda.
Os demônios disseram à santa Inana:
"Inana, vá para a sua cidade, que nós o levaremos de volta".

Santa Inana respondeu os Galla demónios:


"Este é o meu ministro de palavras justas,
Minha escolta de palavras de confiança.
Ele não esqueceu as minhas instruções.
Ele não negligenciou as ordens que eu lhe dei.
Ele fez uma lamentação por mim nos montes em ruína.
Ele bateu o tambor para mim nos santuários.
Ele fez a rodada das casas dos deuses para mim.
Ele macerou seus olhos para mim, lacerou o nariz para mim.
Ele fustigou as orelhas em público por mim.
Em particular, ele vergastou as suas nádegas para mim.
Como um indigente, ele se vestiu
com uma única peça de roupa.
"Sempre sozinho dirigiu seus passos para o E-kur,
para a casa de Enlil, e para Urim, para a casa de Nanna
e para Eridug, para a casa de Enki.
Ele chorou diante de Enki.
Ele me trouxe de volta à vida.
Como poderia eu entregá-lo a você?
Vamos continuar.
Vamos para o Sig-kur-caga em Umma. "
No Sig-kur-caga em Umma,
Kara, em sua própria cidade, jogou-se a seus pés.
Ele sentou-se na poeira e vestiu-se com uma roupa imunda.
Os Galla demónios disseram a Santa Inana:
"Inana, vá para a sua cidade, que nós vamos levá-lo de volta".
Santa Inana respondeu aos Galla demónios:
"Kara é minha cantora, minha manicura e minha cabeleireira.
Como eu poderia levá-lo para você? Vamos lá.
Vamos para o E-muc-kalama em Bad-tibira ".
No E-muc-kalama em Bad-tibira, Lulal,
Em sua própria cidade, jogou-se a seus pés.
Ele sentou-se na poeira e vestiu-se com uma roupa imunda.
Os galla demónios disseram a Santa Inana:
"Inana, vá para a sua cidade, que nós vamos levá-lo de volta".
Santo Inana respondeu aos galla demónios:
"Lulal é excepcional e segue-me sempre
À minha direita e à minha esquerda.
Como poderia eu entregá-lo a você?
Vamos lá. Vamos para a grande macieira na planície de Kulaba."
Eles a seguiram até a grande macieira na planície de Kulaba.
Ali estava Damuz vestido com roupas magníficas
E magnificamente sentado num trono.
Os demónios o pegaram pelas coxas.
Todos sete derramaram o leite de seus cornos.
Os sete abanaram a cabeça como se ele estivesse doente
Eles não deixaram o pastor tocar flauta nem a gaita diante deles.

Ela – a Santa Inana – fixou o olhar sobre ele,


Era o olhar da morte,
E pronunciou contra ele a palavra fatal, a palavra da ira,
Soltou contra ele o grito, o clamor da culpa:
"Quanto a ele, levem-no"!

O resto do poema deste ciclo diz respeito às tentativas de Damuz de fugir ao


sonho profético do seu destino, a sua traição por um amigo, a sua captura e
morte, ao luto das mulheres que estão perto dele e ao seu indulto de pena de meio
ano feita pela sua irmã.

A Santa Inana entregou-lhes o pastor Damuz.


Os que o acompanhavam,
Os gala que acompanhavam Damuz,
Eles eram seres que não conheciam o alimento,
Que não conheciam a água,
Não comiam farinha espalhada,
Não bebiam água derramada,
Não se acolhiam com prazer no regaço da mulher,
Não beijavam crianças bem alimentadas,
Arrancavam o filho do homem de seus joelhos,
Levavam a enteada de casa do padrasto.
Os gala agarrarraram Damuz.
Eles o fizeram levantar-se; Eles o fizeram sentar-se.
Eles venceram o marido de Inana.
Eles o deixaram com machados.

Figura 2: Selo sumério que mostra o deus Dumuzid sendo torturado no submundo por
demónios galla.
Damuz chorou, seu rosto tornou-se verde,
Para o Céu, para Utu – deus do Sol – ergueu a mão:
"Ó Utu, tu és o irmão de minha mulher,
Eu sou o marido de tua irmã,
Eu sou aquele que traz a nata do leite a casa de tua mãe,
Eu sou aquele que traz o leite a casa de Ningal,
Transforma a minha mão numa serpente,
Transforma os meus pés nas patas dum dragão,
Que eu escape aos gala demónios,
Que eles não me apanhem".

Utu aceitou suas lágrimas.


Os galla demónios de Damuz não conseguiram segurá-lo.
Utu transformou as mãos de Damuz em serpentes.
Transformou-lhe os pés em patas de dragão.
Damuz escapou aos demónios.

“O SONHO DE DAMUZ”
Seu coração estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
O coração do pastor estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
O coração de Damuz estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
Damuz tropeçou nas estevas, chorando:
"Oh, estepe, prepara-te para mim!
Oh, caranguejos no rio, lamentem por mim!
Oh, rãs no rio, coaxem por mim!
Oh, minha mãe, Sirtur, chora por mim!
Se ela não encontrar os cinco pães,
Se ela não encontrar os dez pães,
Se ela não sabe o dia em que estou morto,
Oh, estepe, diga a ela, diga a minha mãe.
Na estepe, minha mãe derramará lágrimas para mim.
Na estepe, minha irmãzinha vai lutar por mim."

Ele se deitou para descansar.


O pastor se deitou para descansar.
Damuz deitou-se para descansar.
Enquanto ele se deitava entre os rebentos e juncos,
Ele sonhou um sonho.
Ele acordou de seu sonho.
Ele tremia de sua visão.
Ele esfregou os olhos, aterrorizado.
Damuz gritou: "Tragam...
Tragam-na...tragam a minha irmã.
Tragam minha Gesht-Inana, minha pequena irmã
Minha escrevente com conhecimento de tabelas divinas,
Minha cantora que conhece muitas músicas,
Minha irmã que conhece o significado das palavras,
Minha mulher sábia que conhece o significado dos sonhos.
Devo falar com ela.
Devo contar a ela o meu sonho."
Damuz falou com Gesht-Inana, dizendo:

"Um sonho! Minha irmã! Ouça meu sonho:


Juncos levantam-se sobre mim; Os juncos crescem sobre mim.
Uma única cana em crescimento estremece para mim.
De uma cana de crescimento duplo, a primeira, depois a outra, é removida.
Em um bosque arborizado, um terror de árvores altas cresce sobe sobre mim.
A água é derramada sobre o meu coração sagrado.
O fundo da minha batedeira de manteiga cai.
Meu copo de bebida cai de sua cavilha.
O criminoso de meu pastor desapareceu.
Uma águia rapina um cordeiro do redemoinho.
Um falcão agarra um pardal na cerca de junco.

Minha irmã, as suas cabras arrastam as barbas afiadas na poeira.


As suas ovelhas cortam a terra com os pés curvados.
A batedeira de manteiga fica em silêncio; nenhum leite é derramado.
A taça está quebrada; Damuz não está mais qaui.
O gado ficou ao deus dará".

Gesht-Inana falou:
"Meu irmão, não me diga seu sonho.
Damuz, não me diga tal sonho que não lhe é favorável.
Os juncos que se levantam sobre si,
Os juncos que se engrossam sobre si,
São os demónios que o irão perseguir e atacar.
A única cana em crescimento que treme por si
É nossa mãe? Ela vai chorar por si.
O junco de crescimento duplo, do qual um, depois o outro é removido,
Damuz, são você e eu! Primeiro um, depois o outro.
Ambos seremos retirados à vida.
No bosque arborizado, o terror de altas árvores
Que se elevam acima de si
São o galla demónios;
Eles vão descer sobre si em redemoinho.
Quando o fogo é colocado no seu coração sagrado,
O rebanho se tornará uma casa desolada.
Quando o fundo da sua batedeira de manteiga cair,
Vós sereis levados pelos galla.
Quando seu copo de bebida cai de seu suporte,
Vós ireis cair na terra, nos joelhos da nossa mãe.
Quando o criminoso do seu pastor desaparecer,
Os galla farão com que tudo murche.
A águia que apreende um cordeiro no redil
É o galla que vai arranhar as suas faces.
O falcão que pega um pardal na cerca de junco
É o galla que saltará a cerca para o levar.
Damuz, que minhas cabras arrastam as barbas afiadas no pó,
Quer dizer que por vós meu cabelo girará como um polvorinho.
Se minhas ovelhasraspam a terra com os pés curvados,
Oh Damuz, eu vou arranhar as minhas faces com muita dor por si.
A batedeira de manteiga fica em silêncio; nenhum leite é derramado.
A taça está quebrada; Damuz não é mais.
O gado é dado aos deus dar."

Mal tinha falado estas palavras


Quando Damuz gritou:

"Minha irmã! Rapidamente, suba a colina!


Não vá com passos lentos e nobres.
Irmã corre! Os galla, odiados e temidos pelos homens,
Vêm de barco.
Eles carregam madeira para me amarrar as mãos;
Eles carregam madeira para me amarrar o pescoço.
Irmã corre!"
Gesht-Inana subiu a colina.
O amigo de Damuz foi com ela.
Damuz gritou: "Vós os vedes?"
O amigo chorou: "Eles estão vindo;
O grande galla que carrega madeira para amarrar o pescoço,
Eles estão vindo para Vós."
Gesht-Inana chorou:
"Rapidamente, irmão!
Esconda sua cabeça na relva.
Seus demónios estão vindo por Vós!"
Damuz disse:
"Minha irmã, não conte a ninguém meu esconderijo.
Meu amigo, não conte a ninguém meu esconderijo.
Me esconderei na erva.
Me esconderei entre as pequenas plantas.
Me esconderei entre as grandes plantas.
Esconder-se-ei nas valas do Arali”.
Gesht-Inana e o amigo de Damuz responderam:
"Damuz, se contamos o seu esconderijo,
Deixe os seus cães nos devorar,
Seu cão negro de pastor,
Seus cães reais de realeza,
Deixe seus cães nos devorar!"

O pequeno galla falou com a grande galla:


"Vós galla, que não tendes mãe nem pai,
Nenhuma irmã, irmão, esposa ou criança,
Vós que voais sobre o céu e a terra como guardas,
Que se apegam ao lado de um homem,
Que não mostram nenhum favor,
Que não diferenciam o bem do mal,
Nos digam,
Quem já viu a alma de um homem amedrontado
Vivendo em paz?
Não vamos procurar Damuz na casa de seu amigo.
Não vamos procurar Damuz na casa de seu cunhado.
Procuremos Damuz na casa de sua irmã, Gesht-Inana”.
Os galla esfregaram as mãos alegremente.
Eles foram à procura de Damuz.
Eles chegaram à casa de Gesht-Inana.
Eles gritaram: "Mostre-nos onde está seu irmão!"
Gesht-Inana não falava.
Eles lhe ofereceram o presente de água.
Ela recusou isso.
Eles lhe ofereceram o presente de grão.
Ela recusou isso.
O céu foi abatido. A Terra foi elevada.
Gesht-Inana não falava.
Eles rasgaram suas roupas.
Eles vazaram pez em sua vulva.
Gesht-Inana não falava.

O pequeno galla disse ao grande galla:


"Quem desde o início dos tempos
Já conheceu uma irmã para revelar o esconderijo de um irmão?
Venha, vamos procurar Damuz na casa de seu amigo."
Os gallas foram para casa do amigo de Damuz.
Eles lhe ofereceram o presente de água.
Ele aceitou isso.
Eles lhe ofereceram o presente de grão.
Ele aceitou isso.
Ele disse:
“Mas eu não conheço o lugar".
O galla procurou por Damuz na erva.
Eles não o encontraram.
O amigo disse:
"Damuz se escondeu entre as pequenas plantas,
Mas eu não conheço o lugar".
O galla procurou por Damuz entre as pequenas plantas.
Eles não o encontraram.
O amigo disse:
"Damuz se escondeu entre as grandes plantas,
Mas eu não conheço o lugar”.
O galla procurou por Damuz entre as grandes plantas.
Eles não o encontraram.
O amigo disse:
"Damuz se escondeu nas valas de Arali”.
Damuz caiu nas valas de Arali.
Nas valas de Arali, os gallas apanharam Damuz.
Damuz ficou pálido e chorou.
Ele gritou:
"Minha irmã salvou minha vida.
Meu amigo causou a minha morte.
Se o filho da minha irmã vaguear na rua,
Deixem a criança ser protegida - deixem a criança ser abençoada.
Se o filho do meu amigo vaguear na rua,
Deixem a criança se perder - deixem a criança ser amaldiçoada".

Os galla cercaram Damuz.


Eles amarraram-lhe as mãos;
Eles amarraram-lhe o pescoço.
Eles venceram o marido de Inana.
Damuz ergueu os braços para o céu, para Utu,
O Deus da Justiça, e gritou:
"O Utu, que sois meu cunhado,
Eu sou o marido da sua irmã.
Eu sou aquele que levou comida ao seu santuário sagrado,
Eu sou o único que trouxe presentes de casamento para Uruk.
Eu beijei os sagrados lábios,
Eu dançava nos joelhos sagrados, os joelhos de Inana.
Transforme as minhas mãos nas patas dianteiras de uma gazela.
Mudai-me os pés para as patas traseiras de uma gazela.
Deixai-me fugir dos meus demónios.
Deixai-me fugir para Kubiresh!"

O misericordioso Utu aceitou as lágrimas de Damuz.


Ele lhe transformou as mãos para as patas dianteiras de uma gazela.
Ele lhe mudou os pés para as aptas traseiras de uma gazela.
Damuz escapou de seus demónios.
Ele fugiu para Kubiresh.

Os galla disseram:
“Vamos para Kubiresh!”
Os galla chegaram em Kubiresh.
Damuz escapou de seus demônios.
Ele fugiu para Old Belili.
O galla disse:
"Vamos para Old Belili!"
Damuz entrou na casa de Old Belili. Ele disse a ela:
"Velha. Não sou um mero mortal.
Eu sou o marido da deusa Inana.
Verta água para eu beber.
Polvilhe farinha para que eu coma."
Depois que a mulher velha derramou água
E farinha polvilhada para Damuz,
Ele saiu da casa.
Quando os galla a viram partir, eles entraram na casa.
Deumuzi escapou de seus demónios.
Ele fugiu para o redil de sua irmã, Gesht-Inana.
Quando Gesht-Inana encontrou Damuz no rebanho, ela chorou.
Ela aproximou a boca do paraíso.
Ela aproximou a boca da terra.
Sua tristeza cobriu o horizonte como uma peça de vestuário.

Ela arranhou os olhos.


Ela arranhou a boca.
Ela arranhou as coxas.

Os galla escalaram a cerca de junco.


O primeiro galla atingiu Damuz na bochecha com uma unha em pinça,
O segundo galla atingiu Damuz na outra bochecha com o cachorro do pastor,
O terceiro galla esmagou o fundo do batedeira de manteiga,
A quarta galla entornou o copo de bebida de sua cavilha,
O quinto galla quebrou a batedeira de manteiga,
O sexto galla quebrou o copo,
O sétimo galla gritou:
"Levanta-te, Damuz!
Marido de Inana, filho de Sirtur, irmão de Gesht-Inana!
Levante-se do teu sono falso!
Tuas ovelhas são apreendidas! Teus cordeiros são apreendidos!
As tuas cabras são apreendidas! Teus filhos são apreendidos!
Retira tua coroa sagrada da tua cabeça!
Tira a roupa do corpo!
Deixa o ceptro real cair no chão!
Retira as santas sandálias dos pés!
Nu, vem connosco!"

Os galla agarraram Damuz.


Eles o cercaram.
Eles amarraram-lhe as mãos.
Eles amarraram-lhe o pescoço.

A batedeira de manteiga ficou em silêncio.


Nenhum leite foi derramado.
A taça foi quebrada. Damuz já não era mais.
O rebanho foi dado ao deus dará.

RETORNO

Um lamento foi criado na cidade:


"Minha Senhora queixa-se amargamente por seu jovem marido.
Inana chora amargamente por seu jovem marido.
Ai de seu marido! Ai de seu jovem amor!
Ai de sua casa! Ai de sua cidade!

Damuz foi levado cativo em Uruk.


Ele não se banhará mais em Eridu.
Ele já não se abrilhantará nos sagrados santuários.
Ele não vai mais tratar a mãe de Inana como sua mãe.
Ele não vai mais realizar a sua doce tarefa
Entre as donzelas da cidade.

Ele não competirá mais com os jovens da cidade.


Ele não elevará a sua espada mais alto do que os sacerdotes kurgarra.
Ótimo é o sofrimento daqueles que se lembram de Damuz".

Inana chorou por Damuz:


"Foi o meu marido, meu doce marido.
Longe está o meu amor, o meu doce amor.
Meu amado foi tirado da cidade.
Oh, Vós que voa na estepe,
Meu amado noivo foi tirado de mim
Antes que eu pudesse envolvê-lo com uma mortalha adequada.
O touro selvagem não vive mais.
O pastor, o touro selvagem não vive mais.
Damuz, o touro selvagem, não vive mais.

Peço às colinas e aos vales:


“Onde está o meu marido?”
Eu lhes digo:
"Não posso mais trazer-lhe comida.
Eu não posso mais servi-lo de beber.
O chacal se deita na sua cova,
O corvo habita em seu redil,
E vós me perguntais por uma palha de junco?
O vento deve tocar flauta para ele.
Vós me perguntais por suas músicas suaves?
O vento é que deve cantar para ele."

Sirtur, a mãe de Damuz, chorou por seu filho:


"Meu coração toca a flauta de cana do luto.
Uma vez que meu menino vagueou tão livremente sobre a estepe,
Agora ele foi cativo.
Uma vez que Damuz vagueou tão livremente sobre a estepe,
Agora ele está como arguido preso.
A ovelha abandona o seu cordeiro.
A cabra abandona o seu cabrito.
Meu coração toca a flauta de cana do luto.
Oh estepe traiçoeira!
No lugar onde ele disse uma vez
"Minha mãe vai-me chamar"
Agora ele não pode mover as mãos.
Ele não pode mover os pés.
Meu coração toca o tubo de cana de luto.
Eu iria até ele,
Eu veria meu filho."
A mãe caminhou até o lugar desolado,
Sirtur caminhou até onde Damuz estava deitado.
Ela olhou para o touro selvagem morto.
Ela olhou para o rosto dele. Ela disse:
"Meu filho, o rosto é seu.
O espírito fugiu."

Há um luto na casa.
Há uma dor nas câmaras interiores.
A irmã preambulou pela cidade, chorando por seu irmão.
Gesht-Inana vagueou pela cidade, chorando por Damuz:
"Ó meu irmão! Quem é sua irmã?
Eu sou sua irmã.
Oh Damuz! Quem é sua mãe?
Eu sou sua mãe.
O dia que amanhece para vós também amanhecerá para mim.
O dia em que vós o vereis eu também o vejo.
Eu encontraria meu irmão! Eu o confortaria!
Eu compartilharia seu destino!"

Quando viu o sofrimento da irmã,


Quando Inana viu o sofrimento de Gesht-Inana,
Ela falou com ela gentilmente:
"A casa do seu irmão já não existe.
Damuz foi levado pelos galla.
Eu o levaria para ele,
Mas eu não conheço o lugar".

Então apareceu uma mosca.


A mosca sagrada circundou o ar acima da cabeça de Inana e falou:
"Se eu disser onde está Damuz,
O que Vós me dareis?"
Inana disse:
"Se me disseres,
Vou deixá-la frequentar as cervejarias e as tabernas.
Vou deixá-la habitar entre as conversas dos sábios.
Eu a deixarei morar entre o canto dos jograis".
A mosca falou:
"Levante os olhos para as extremidades da estepe,
Levante seus olhos para o Arali.
Lá encontrarás o irmão de Gesht-Inana,
Lá encontrarás o pastor Damuz."

Inana e Gesht-Inana foram às bordas da estepe.


Eles encontraram Damuz chorando.
Inana levou Damuz pela mão e disse:

"Vós ides descer aos Infernos


Metade do ano.
Sua irmã, desde que ela perguntou,
Vai a outra metade.
No dia em que vos forem chamar,
Naquele dia sereis levados.
No dia em que Gesht-Inana for chamada,
Nesse dia tu serás libertado."
Inana colocou Damuz nas mãos do Deus Eterno.

Santa Ereshkigal! Ótimo é o seu renome!


Santa Ereshkigal! Eu canto seus elogios!

Uma compreensão mais clara do decesso de Inana necessita da leitura da


epopeia de Gilgamesh.

Quando Anu ouviu o que Ishtar havia dito, ele lhe deu o Touro dos Céus
para o levar de cabresto até Uruk: Quando chegaram aos portões de Uruk, o
Touro foi ao rio; com as primeiras fendas abertas na terra pelo seu bafo
resfolegante cem jovens caíram até à morte. Com as segundas rachaduras
abertas do mesmo modo duzentos jovens caíram até a morte. Com as três fendas
de bafo resfolegante abertas, Enkidu se dobrou, mas recuperou
instantaneamente, esquivou-se e saltou sobre o Touro e agarrou-o pelos chifres.

Se um leitor conhece a história de Gilgamesh, então a Descida de Inana é


mais facilmente compreendida no contexto e na cultura da antiga Mesopotâmia.
Inana, não mostrando mais respeito pelos sentimentos de sua irmã do que
ela fez pelos trezentos jovens inocentes que ela matou com o Touro do Céu e
decide que ela vai ao funeral do cunhado por cuja morte ela mesma é
responsável. Uma vez que um leitor entenda que Inana causou a morte do
marido de Ereshkigal, Gugalanna, a resposta da Rainha dos Mortos depois de
ouvir sua chegada é completamente compreensível, assim como o julgamento
subsequente de Inana pelos Annuna e a sua morte às mãos de Ereshkigal.
A "palavra da ira" e o "grito de culpa" fazem todo o sentido neste
contexto, pois Ereshkigal está enfrentando a responsável pelo seu sofrimento
actual; um sofrimento tornado ainda maior por sua gravidez e o nascimento
iminente de uma criança que não terá pai. (…)

Em boa verdade nós não sabemos se Ereshkigal vai ser mãe porque era
susposto a rainha dos infernos ser estéril pelo que a descrição do texto pode ser
uma metáfora das dores do trabalho de parto para usada por Enki para descrever
o estado de dor em que se encontrava a rainha dos infernos a fazer o luto da
morte recente de seu marido o touro do céu Gugalanna.

A moral que um antigo ouvinte do Decesso de Inana pode tirá-lo, longe de


uma "jornada simbólica do “eu” para a totalidade" é a lição de que há
consequências para as acções de alguém e, além disso, também pode ser
consolador saber que se as coisas ruins também acontecem com deuses e heróis
devido à impressibilidade da vida, por que um mortal teria sempre um destino
infeliz?
Na Mesopotâmia antiga, os humanos se consideravam colaboradores dos
deuses e os deuses viviam entre eles; Inana morava na cidade de Uruk, Enki em
Eridu, e assim por diante. Os deuses não eram seres distantes, mas estavam
intimamente ligados às vidas quotidianas das pessoas da terra e o que afectasse
um deus afectaria invariavelmente essas pessoas directamente. Embora um dos
deuses pudesse ter apenas as melhores intenções, outro deus poderia frustrar
qualquer coisa que fosse esperada. Ereshkigal é louvado no final do poema
porque buscou justiça ao matar Inana. O fato de que essa justiça foi negada,
mesmo para uma deusa de tal poder como a Rainha dos Mortos, teria melhorado
as feridas das injustiças e decepções diárias sofridas pelas pessoas ouvindo o
conto.
A Descida de Inana, então, sendo sobre um dos deuses que se comporta
mal e outros deuses e mortos que têm que sofrer por esse comportamento, teriam
dado a um ouvinte antigo a mesma compreensão básica que alguém hoje tiraria
de um relato de um trágico acidente causado por negligência de alguém ou mau
julgamento: que, às vezes, a vida simplesmente não é justa.

Joshua J. Mark
A freelance writer and former part-time Professor of Philosophy at Marist
College, New York, Joshua J. Mark has lived in Greece and Germany and
traveled through Egypt. He has taught history, writing, literature, and philosophy
at the college level.

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