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REUNIÃO DE CONDOMÍNIO: DIREITO DE GRAVAR EM AÚDIO NA

PERSPECTIVA DAS CORTES SUPERIORES E TRIBUNAIS

José Erigutemberg Meneses de Lima

As novas tecnologias da informação que captam áudio e vídeo por satélite e


câmaras urbanas espalham conversas e imagens por celulares, smartphones
iphones, ipads, tablets ou qualquer dispositivo móvel que possua recursos para
captura de imagens retirando a privacidade das pessoas. As redes sociais
estão recheadas de exemplos de imagens capturadas por câmeras espalhadas
por todas as partes das cidades, nas lojas, nos supermercados, nos edifícios
de escritórios captam todos os ângulos.
Os condomínios não poderiam ficar alheios a este admirável mundo
novo. A iniciativa inicial ocorreu com o monitoramento por filmagens de
garagens, áreas comuns e piscinas com a finalidade de garantir a segurança
dos moradores. Em sequencia vieram as filmagens e gravações do ambiente
das assembleias de condomínio. Os empreendimentos de alto padrão
tecnológico já preveem expressamente em sua Convenções de condomínio o
direito de gravação em áudio e vídeo da reunião de condomínio feita por
software específico para Gravação de Assembleias de Condomínios como o
REC-DI Condominium – Software de Gravação Audiovisual Digital Indexada
das Assembleias de Condomínios. da empresa Eye4tech.

A Assembleia condominial juridicamente é ato de natureza pública


realizada dentro do condomínio, e sua gravação igualando-se ao
monitoramento de áreas comuns vem garantir a incolumidade social,
impedindo que agressores se aproveitem de recinto destinado ao debate de
assuntos do interesse da massa condominial para achaques e vinditas
pessoais, além de evitar a perca do registro em ata de seu ato abusivo ou das
deliberações da assembleia.
Embora a gravação de assembleia seja questão complexa e alente
polêmicas por envolver liberdade de expressão, direito à intimidade e à
privacidade, propriedade intelectual, legalidade entre outros fatores que se
conflitam, muitos “especialistas” formados na escola da vida condominial, sem
qualquer embasamento doutrinário e jurisprudencial, fundados simplesmente
no diz que diz dos fóruns da internet ou no achismo dos corredores e salões de
beleza alardeiam a prática como crime.

Em contrapondo ao achismo diga-se que o direito de gravar de maneira


direta ou clandestina em áudio/vídeo o que se passe em audiências, reuniões e
por extensão em assembleias de condomínio é permitido pela legislação
brasileira. No entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), “A gravação
ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores, não se
confunde com a interceptação, objeto cláusula constitucional de reserva de
jurisdição.”, sendo “lícita a prova consistente em gravação de conversa
telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se
não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação”. (AI
560223 AgR).

No Superior Tribunal de Justiça (STJ) encontra-se pensamento idêntico,


como demonstra o RHC 34733 MG representando inúmeros julgados: “A
gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o consentimento
da outra parte, quando não restar caracterizada violação de sigilo, é
considerada prova lícita. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal
Federal. A Lei n.º 9.296/96, que disciplina a parte final do inciso XII do art. 5.º
da Constituição Federal, não se aplica às gravações ambientais”

Os Tribunais de Justiça dos estados também já se pronunciaram em


linha com o entendimento majoritário. E no caso especifico da assembleia de
condôminos precedentes do TJDF confirmam a assertiva. Com efeito, a 4ª
Turma do TJDF ao julgar agravo de instrumento em face de decisão que
proibiu a gravação de assembleia condominial pelo próprio condomínio,
entendeu que “a gravação das assembleias, em princípio, não afronta a
garantia inserida no art. 5º, inciso X, da CF, que assegura a intimidade, vida
privada, honra e imagem. Com efeito, asseverou que, por se tratar de ato
público, não se presume a ocorrência de debate capaz de expor a intimidade
dos condôminos.

Nesse sentido, os Julgadores ressaltaram que a prevalência do


entendimento esposado na decisão impugnada conduziria à equivocada
conclusão de que seria possível a invasão à privacidade de alguém em via
pública. Desse modo, o Colegiado, por não vislumbrar a ocorrência de dano à
imagem ou à privacidade, assegurou a gravação da assembleia condominial.”

Já no Acórdão n.888722, 20130710002586APC tem que “Conquanto


tenham caráter restrito, as assembleias condominiais têm por finalidade tratar
questões afetas à coletividade compreendida pelos condôminos e à
administração da coisa comum, defluindo desta constatação que as
degravações de reuniões assembleares, ainda que sem prévia autorização do
condomínio, não encerram nulidade ou violação às garantias legalmente
protegidas, notadamente em se considerando que as manifestações nelas
explicitadas, naturalmente registradas em ata e disponibilizadas a todos os
moradores, são aptas a fazerem prova sobre o havido durante as reuniões
registradas”.

Obviamente que esta amostra representa uma fração ínfima de casos


espalhados entre as jurisdições estaduais que vêm firmando o entendimento de
que o condômino ou o condomínio têm o direito de gravar a assembleia,
especialmente naquilo que considere ofensivo ao seu patrimônio ou à sua
honra, para posteriormente adotar as medidas cabíveis decorrentes do fato
porventura lesivo. A pessoa que teve a honra atacada que detecta que a ata da
reunião foi adulterada pela omissão ou acréscimos deve levara gravação ao
tabelionato e extrair ata notarial a instruir processo substituindo inclusive o
testemunho pessoal dos presentes.
Tenha-se que é imprescindível que não se confundam conceitualmente
interceptação, escuta e gravação, pois nesta não está presente a figura do
terceiro, e na interceptação não há o conhecimento de nenhum dos
interlocutores. Em regra, exige-se a prévia autorização judicial para a escuta e
a interceptação telefônica que está prevista pelo art. 5º, XII, da CF/88 e foi
regulamentada pela Lei nº 9.296/1996. A gravação direta ou clandestina não
está disciplinada expressamente na Constituição nem na referida lei, sendo
admitida com base na relatividade dos direitos e garantias fundamentais.
Aproveitando os ensinamentos de Eduardo Silveira Clemente, citadopor
Cesar Peluzzo no HC, “Pode-se concluir, portanto, pela absoluta licitude e
constitucionalidade da gravação de reunião por um dos interlocutores, ainda
que sem o consentimento dos demais, mormente quando dita gravação tem
por escopo prevenir ou registrar eventuais abusos ou violações do direito.” E
que “o direito subjetivo à gravação de uma assembleia ou reunião por qualquer
dos presentes consubstancia ato pessoal e individual de quem está executando
a gravação, não se tratando de ato próprio do respectivo conclave, como órgão
social, ou mesmo da companhia, tornando incabível sua limitação por
deliberação majoritária dos presentes”.
Em ultima palavra, a gravação da assembleia ao contrário de trazer
prejuízos assegura os direitos dos condôminos, servindo como prova da
reunião e dos assuntos nela tratados, bem como inibir atos agressivos e a máfé
de quem tem a intenção de lesar o vizinho. Estimula maior cuidado na redação
do quanto foi discutido e deliberado. A gravação estimula o respeito entre os
participantes da assembleia. A tentativa de impedir a gravação dá-se,
geralmente, por quem tem a intenção de lesar ou ofender algum membro da
assembleia e deseja evitar o registro do ato abusivo.

José Erigutemberg Meneses de Lima, advogado, economista e síndico


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