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Com mais eloquência que esse parco comunicado do Comitê Executivo da IC, anteriormente, em 28 de maio desse
mesmo ano, em uma entrevista à agência de notícias “Reuters”, em Moscou, Stalin assinalou que “a dissolução da III
Internacional fora acertada porque, assim, evidencia a mentira das forças hitleristas, que afirmam que Moscou
trata de imiscuir-se na vida de outras nações para bolchevizá-las. Agora, poremos fim a essa calúnia. Essas
calúnias afirmam que os partidos comunistas dos diversos países atuam não no interesse de seus povos, e sim sob
ordens exteriores. Isso também facilitará as atividades dos patriotas, nos países amantes da liberdade, para unir as
forças progressistas de seus respectivos países, sem distinção de partidos e de credos religiosos, em um campo único
de libertação nacional, para desenvolver a luta contra o fascismo”.
O ato do Comitê Executivo da III Internacional, inspirado por Stalin, dissolvendo essa organização, objetivou,
portanto, dar fim a “uma calúnia”. Todavia, Stalin conservou no território soviético os antigos e futuros estados-
maiores de todos os partidos comunistas europeus: romeno, polonês, húngaro, búlgaro, tcheco, alemão, italiano e
francês que, quando do término da guerra, faria regressar aos seus países.
Em 5 de outubro de 1947, Stalin criou o Kominform (Departamento de Ligação e Informação dos Partidos Comunistas
Europeus).
Entre os fatores internos podem ser citados os níveis de desenvolvimento econômico e cultural do país; o grau de
organização e influência do partido comunista local; se ele está ou não na legalidade; a correlação de forças entre as
classes; as tradições nacionais; etc. Entre os fatores externos figuram a solidez das ligações do partido comunista
nacional com partidos comunistas de outros países; a situação internacional geral; as relações com países vizinhos;
etc.
Cada caso particular determinará a originalidade da tática a ser implementada e as formas de luta pelo poder que, por
mais variadas que possam ser, podem ser resumidas, num plano muito geral, em duas essenciais: a forma pacífica e a
forma não pacífica. Esta pressupõe o emprego da luta armada.
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07/02/2018 As formas de luta pelo poder: a forma pacífica – Mídia Sem Máscara
A absolutização tanto de uma como de outra dessas formas de luta não é aceita pela ortodoxia marxista. A prática
revolucionária e as condições objetivas e subjetivas é que irão determinar, em cada momento, a forma de luta a ser
utilizada. Ambas, no entanto – e isso é importante ter sempre presente -, a pacífica e a não pacífica, são
revolucionárias. Qualquer que seja a forma pela qual a revolução socialista venha a se processar, ela implicará sempre
na derrubada do regime dominante e, nesse sentido, será sempre um exercício de violência, pois, em última análise,
ninguém renuncia ao poder e à propriedade privada de livre e espontânea vontade.
Após fevereiro de 1917, na Rússia, quando foi instalado o governo de Kerensky, Lenin chegou a considerar a
possibilidade de uma conquista pacífica do poder, mediante a passagem de todo o poder aos sovietes. Essa perspectiva
foi considerada por Lenin, naquele momento, devido à fraqueza e desorganização da burguesia russa. “Infelizmente”,
segundo a história da Revolução Bolchevique escrita na União Soviética, “a via pacífica não foi tornada possível, face
à reação dos expropriadores, que se recusaram a ser expropriados sem luta”.
Desde então, a existência de um Estado fraco, contraposto à força e organização de um partido comunista que se
considera o “estado-maior do proletariado”, passou a ser considerada a condição fundamental para um
desenvolvimento “pacífico” da revolução socialista, se é que uma revolução, qualquer que seja, terá condições de
desenvolver-se pacificamente.
Posteriormente, por considerar que a modificação da correlação de forças em nível internacional aumentara as
possibilidades de um desenvolvimento “pacífico” da revolução socialista, a concepção marxista-leninista dessa via foi
sendo desenvolvida nas conferências teóricas internacionais dos partidos comunistas, realizadas em 1957, 1960 e
1969, e, em seguida, nas resoluções políticas dos congressos de vários partidos.
Esse desenvolvimento “pacífico” pode revestir-se de formas diversas. Uma delas é a utilização do Parlamento, obtendo
nele uma maioria – não necessariamente numérica, uma vez que para o marxismo-leninismo o conceito de maioria é
mais rico e complexo: o de “maioria ativa” -, transformando-o e convertendo-o num instrumento da vontade das
“amplas massas”.
Foi isso que aconteceu na Checoslováquia no período de 1945 a 1948, conforme relatado no livro “O Assalto ao
Parlamento – A Tomada do Poder pela Constituinte”, escrito por Jan Kosak, deputado comunista na Assembléia
Constituinte checoslovaca. Nesse livro, ele relata minuciosamente como o Parlamento de seu país foi levado a
desempenhar um papel revolucionário na transição para o comunismo, derrubando um regime parlamentar que
funcionava com uma maioria não-comunista baseada em princípios democráticos, “transformando o Parlamento de
um órgão a serviço da burguesia em um instrumento criador de medidas democráticas que conduziram à mudança
gradual da estrutura social, instrumento direto da revolução socialista”. Isso só foi possível graças à “maioria ativa”.
Além da conquista do Parlamento, os comunistas, na luta pela chamada “conquista pacífica do poder”, propõem
outros objetivos de luta: a “democratização” do aparelho do Estado, a participação dos operários na gestão econômica
das empresas e a criação de uma opinião pública que limite a possibilidade da classe dirigente opor resistência à
aplicação de uma “política favorável à maioria do povo”.
O chamado desenvolvimento pacífico da revolução não é, todavia, um “pic-nic”, uma transformação harmoniosa do
capitalismo em socialismo, uma renúncia voluntária das classes dominantes ao poder político. Isso eqüivale a dizer
que essa via, de forma alguma, significa a interrupção da luta de classes ou a diminuição da sua intensidade. É,
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07/02/2018 As formas de luta pelo poder: a forma pacífica – Mídia Sem Máscara
basicamente, a combinação de uma “pressão de cúpula”, desenvolvida a partir do Parlamento e outros órgãos da
máquina estatal, com a “pressão de base”, levada a efeito pela atividade revolucionária das “amplas massas”. Segundo
Lenin escreveu, em 1905, quando da Revolução de Fevereiro, na Rússia, “restringir, como princípio, as ações
revolucionárias às pressões de base e renunciar às pressões de cúpula é anarquismo”.
Na hipótese de “o governo estabelecido recorrer à violência contra o povo, a classe operária e as amplas massas
serão levadas a atuar também nesse terreno, para … assegurar a passagem ao socialismo por meios pacíficos”. Se
invertermos os termos, o significado será o mesmo: “na hipótese do governo estabelecido recorrer à violência contra
a classe operária e as amplas massas, o povo ver-se-á obrigado a atuar também nesse terreno…”
Luiz Carlos Prestes, quando Secretário-Geral do Partido Comunista Brasileiro, analisando as causas da derrota das
forças democráticas em março de 1964, declarou: “As possibilidades do chamado caminho pacífico (…) foram, em
geral, erradamente interpretadas por nós, como se a revolução pudesse ser um processo idílico, sem choques nem
conflitos” (“Revista Internacional” nº 6, junho de 1968).
O leninismo, considerado o “marxismo da época do imperialismo”, assinala que a eficácia da luta armada é
determinada, em cada caso, pelo grau de maturidade das chamadas “condições objetivas e subjetivas” do país dado. A
luta armada poderá ser considerada objetivamente necessária em determinadas condições, o que, em absoluto,
significará que essa forma de luta seja a única a ser considerada revolucionária.
É por essa razão que os marxistas-leninistas ortodoxos condenam os “aventureiros de esquerda”, que enfatizam
desmedidamente o emprego das armas em quaisquer partes e sejam quais forem as circunstâncias, subestimando a
importância da forma de luta “pacífica”.
Segundo Lenin, “desenvolver a democracia até o fim, procurar as formas desse desenvolvimento, pô-las à prova na
prática, é uma das tarefas essenciais da luta pela revolução social”.
A Conferência Internacional dos Partidos Comunistas, realizada em 1969, indicou em seu documento final que “na
medida em que se desenvolve a unidade de ação contra o monopólio e contra o imperialismo, amadurecem as
condições favoráveis à coesão de todas as correntes democráticas numa aliança política capaz de limitar de uma
maneira decisiva o papel dos monopólios na vida econômica do país, de colocar um fim ao poder do grande capital
e de estabelecer um regime que realize transformações políticas e econômicas radicais, criando, dessa forma,
condições mais favoráveis ao prosseguimento da luta pelo socialismo”.
Finalmente, observa-se que nos programas de diversos partidos comunistas dos países desenvolvidos ou em
desenvolvimento, o lugar central não cabe à luta imediata pelo socialismo e sim àquelas reivindicações políticas,
econômicas e sociais que tornarão factível essa luta. Esses partidos, conscientes das necessidades de determinadas
etapas na luta pelo socialismo, definiram como objetivo realista a tomada paulatina do poder político da burguesia,
substituindo-o por uma “democracia contínua”, susceptível de satisfazer aquilo que denomina de “aspirações das
amplas massas”, sempre dirigidas, é claro, pelo seu partido, o “partido da classe operária, estado-maior e
vanguarda do proletariado”: o Partido Comunista. Ou seja, a tomada do Poder à la Gramsci.
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