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A guerra da Informação 

A informação desempenha um papel em qualquer guerra, seja económica, política, social ou 
militar, mas o advento da computação e da Internet mudou o papel da informação e dos seus 
agentes. Julian Assange, fundador da Wikileaks é um desses (improváveis) agentes de “guerra da 
informação”. Mais de 100 dias após o início da divulgação das comunicações diplomáticas dos 
Estados Unidos da América, trazidas a público lentamente, de uma forma calculada, como se se 
tratasse de uma complexa manobra de carros de combate, procurando maximizar o seu impacto, 
vale a pena lembrar o nascimento da guerra da informação da era tecnológica. 

Ainda poucos cidadãos comuns tinham visto um computador e poucos falavam de Internet e já na 
década de 90 o Major‐General Wang Pufeng, da Academia de Ciências Militares da República 
Popular da China, escrevia um texto de referência sobre o uso das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação na arte da guerra. É um facto bem conhecido que a guerra dos pequenos contra os 
grandes não se faz pela força, faz‐se pelo engenho e pela motivação. Os brilhantes estrategas 
chineses, mais tarde seguidos por todos os restantes estrategas mundiais, perceberam que a 
guerra económica, a guerra financeira, a guerra ambiental e a guerra da informação 
desempenham um papel crítico no reequilíbrio das forças entre os “fortes” e os “fracos”. David, o 
pequeno pastor, contra Golias o gigante militar, ou a República Popular da China contra os Estados 
Unidos e os seus aliados… a Internet é hoje a nova arma de arremesso e a pedra é a informação. 
Uma arma que não está nas mãos dos militares e não necessita deles para ser disparada.  

O conceito de “Guerra do Povo” foi criado na China. Uma guerra onde cada cidadão é um soldado, 
agindo por conta própria. Sob a protecção de uma entidade organizada, mas não respondendo 
perante ninguém nem estando às ordens de ninguém, cada cidadão apoiante da causa, seja ela 
qual for, torna‐se numa arma autónoma. Lutar contra tal inimigo é como lutar contra um exército 
de mosquitos… De que adianta matar alguns? Na década de 90 os mesmos estrategas que, 
brilhantemente, foram os primeiros a apontar a importância das Tecnologias da Informação e da 
Comunicação na estratégia militar, foram também os primeiros a prever que o cidadão comum iria 
ter um papel fundamental em qualquer guerra da informação, numa nova versão de Guerra do 
Povo. E estavam certos. 

Julian Assange e a Wikileaks desencadearam uma sequência de eventos que ficarão na história da 
diplomacia mundial e mudaram, em particular, a história daqueles países onde os cidadãos, 
espicaçados pelo conteúdo dos telegramas divulgados, usaram a Internet para gerar o 
levantamento popular que mudou o seu futuro. Resta saber se os ventos de mudança, que hoje 
semeiam a liberdade no mundo árabe, trarão um futuro melhor ou o radicalismo opressivo. Seria, 
para o bem e para o mal, o que a vontade da maioria quisesse, não fosse o facto de este “campo” 
estar inclinado para o lado dos que melhor dominam a guerra da informação. Mas essa é uma 
outra história… 

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