Autor: Estevan Rodrigues Vilhena de Alcântara - Professor de História na Escola Estadual Professor Morais
Tema: DITATURA MILITAR DE 1964 A 1985
DITADURA
No dia 1º de abril de 1964, os militares ocuparam os órgãos públicos,
passando a prender todos aqueles que eram contrario não pensamento militar.
Passaram a comandar o país através de Atos Institucionais (AI, decretos
presidenciais para legitimar o regime militar). O primeiro AI-1 foi editado em 9 de
abril de 1964, permitia cassar mandatos e suspender direitos políticos, e
expulsava militares contrários ao golpe. A tomada do poder tinha um caráter
provisório e utilizava o restabelecimento da ordem pública, contensão do avanço
do comunismo e da corrupção, como também o crescimento econômico, como
justificativas com o regime democrático.
Governos Militares
Castello Branco (1964-1967)
O marechal Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito indiretamente
pelo Congresso Nacional e ficaria no poder até 1966. Ao ser empossado, iria fazer
reformas para desenvolver o capitalismo brasileiro e conter a "ameaça
comunista", controlando as massas trabalhadoras e reformando o aparelho do
Estado. Aproximou-se dos EUA e firmou novos acordos com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), e em julho de 1964, uma emenda constitucional prorrogou o
mandato de Castello Branco até 1967.
Nas eleições para governadores em 1965, a oposição conquistou vitorias
em cinco estados, em resposta, os militares lançaram o AI-2: estabeleceu eleições
indiretas para presidente, reduziu o poder do Congresso Nacional, extinção de
todos os partidos políticos e criaram Aliança Renovadora Nacional (Arena),
partido do governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), oposição
consentida.
Costa e Silva (1967-1969)
Eleito indiretamente em 1966, general Arthur da Costa e Silva, membro da
chamada "linha dura" do exercito, seu governo ficou marcado pelo crescimento da
oposição e violência policial. Em 1968, um estudante foi morto pela policia durante
um protesto no Rio de Janeiro, se tornando um marco na luta contra a violência da
ditadura.
Em junho de 1968, o movimento estudantil organizou uma grande
manifestação, ficou conhecido como Passeata dos Cem Mil, com participação de
artistas, estudantes, intelectuais, padres e outros setores contrários a ditadura. No
fim de 1968 é decretado o AI-5, em resposta a um discurso inflamado contra o
regime do deputado da oposição Márcio Moreira Alves. O ato dava poder de
fechar o Congresso Nacional, cassar mandatos, intervir nos estados e municípios,
e suspender direitos políticos. Em resposta, grupos de esquerda defenderam a
luta armada.
Para combater estes grupos de esquerda, o governo cria novos órgãos de
opressão, como Operação Bandeirante (Oban) e o Destacamento de Operações e
Informações e do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Agindo nos
estados e transformando nos principais centros de tortura.
Médici (1969-1973)
Costa e Silva sofre um derrame em 1969, sendo eleito presidente o
general Emilio Garrastazu Médici, por meio do AI-12. A política econômica de
Médici, garantiu altos índices de crescimento. neste período foram feitos
investimentos na industria, agricultura, energético (usina hidrelétrica de Itaipu e
Tucuruí e as usinas nucleares de Angra dos Reis) e construção civil (Ponte Rio -
Niterói).
De 1968 a 1973, período chamado de ”milagre econômico brasileiro", a
economia brasileira cresceu 11,2% ao ano, em média. Contudo, acentuou a
concentração de renda e desigualdade social. Do milagre, o Brasil passou a alta
de inflação, recessão e aumento do desemprego no fim do ano de 1973, com o
aumento do preço do petróleo, os empréstimos a economia brasileira foram
reduzidas.
O governo Médici, ficou marcado pelo aumento da repressão, "os anos de
chumbo", chegando a exterminar em 1974 todos os grupos "guerrilheiros", os
militantes que não foram mortos, foram presos, exilados ou desapareceram, tendo
um saldo de mais de 70 guerrilheiros desaparecidos.
Abertura "lenta, gradual e segura"
Geisel (1974-1979)
O general Ernesto Geisel assumiu a presidência em 1974 com a
promessa de promover o retorno do país à democracia. As palavras que Geisel
utilizou para anunciar a democracia foram, "de forma lenta, gradual e segura". Em
seu pensamento era uma forma do governo militar sair de cena sem alterar a
ordem vigente. Novo plano de desenvolvimento, expansão das industrias de bens
de produção (máquinas, aço, cobre e energia elétrica), Proálcool e o programa
nuclear (Usina de Angra dos Reis).
Contudo, com a insatisfação popular com o governo militar, após
denuncias de torturas e assassinatos de militantes políticos, resultaram em
crescente ascensão do MDB. Isto forçou os militares a recuar no processo de
abertura. No final da década de 1970, movimentos estudantis e trabalhistas
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Tema: DITATURA MILITAR DE 1964 A 1985

retornaram ao cenário nacional. Com movimentos dos estudantes da USP, PUC e

UNICAMP e trabalhadores do ABC.
Na tentativa de abertura política, os militares são derrotados pelos
políticos do MBD, com temor dos militares há um recuo na abertura e em 1977,
1/3 do senadores seriam eleitos indiretamente (chamados de senadores biônico).
Figueiredo (1979-1984)
Em março de 1979, o general João Baptista de Oliveira Figueiredo
assumiu a presidência prometendo continuar o processo de abertura política. O
presidente promulgou a Lei de Anistia, no mesmo ano, libertando os presos
políticos e permitindo a volta dos exilados, além de anistiar os agentes
torturadores do Estado.
Em novembro de 1979, com o fim do bipartidarismo, permitiu a
organização de partidos políticos, surgindo o PT (Partido dos Trabalhadores), PDT
(Partido Democrático Trabalhista), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), além das
mudança de ARENA para PDS (Partido Democrático Social) e MDB para PMDB
(Partido do Movimento Democrático Brasileiro), além das eleições diretas para
governadores.
No âmbito econômico, o Brasil está com uma enorme divida externa junto
ao FMI, inflação de aproximadamente 200% ao ano e alto índice de desemprego.
Em 1983, foi apresentado ao Congresso uma emenda constitucional que
restabelecia as eleições diretas para presidente, mesmo com a mobilização
popular, esta emenda foi derrotada. E em voto indireto (Colégio Eleitoral)
escolheram Tancredo Neves do PMDB em vez de Paulo Maluf do PDS, por 480
votos.
II. Greves
Em 1968, metalúrgicos de Contagem, Minas Gerais, paralisaram o
trabalho por uma semana, reivindicando melhores salários e liberdade civil e
política. No mesmo ano, metalúrgicos de Osasco, São Paulo, inspirados pelos
operários mineiros, cruzaram os braços e ocuparam as instalações de três
fabricas. No dois casos a repressão foi violenta, com a desocupação armada das
fabricas e dezenas de prisões, e a proibição de manifestações operarias.
III. Cantando a revolução
As musicas de protestos abordavam problemas sociais, econômicos e
políticos, e expressavam o ideal de construir uma sociedade igualitária e
democrática.
Artistas como Geraldo Vandré e Chico Buarque, através das musicas,
retratavam o cotidiano do brasileiro e criticavam a ditadura. Vandré com mais
ousadia, apresentou a música Pra não dizer que não falei de flores, que acabou
sendo considerada o hino da luta contra a ditadura, caçado e censurado, saiu do
país. Buarque utilizou-se do uso de letras com duplo sentido, para driblar a
censura.
IV. Teatro
A cena teatral do período também produziu espetáculos que criticavam as
injustiças sociais e exaltavam a luta contra a ditadura. Grupos teatrais, como o
Teatro de Arena e o Teatro Oficina, realizaram montagens que defendiam a
liberdade na política e nos costumes.

Protesto e cultura no regime militar

A estratégia da luta armada, mesmo sendo a forma mais radical de
combater o regime militar, não foi a única nem a mais capaz de atrair a atenção
da sociedade brasileira e conquistar seu apoio. Entidades estudantis, operários e
artistas também lutaram pela mesma causa, manifestando, com seus próprios
métodos, o repudio ao governo ditatorial e o anseio por democracia.

I. Movimento estudantil
A UNE (União Nacional dos Estudantes), foi colocado na ilegalidade,
enfraquecendo o movimento e se dispersando. Apesar disso, os estudantes se
organizavam na clandestinidade, discutindo problemas na educação e definindo
novas formas de luta. A partir 1968, após a prisão de mais de 700 estudantes em
um sitio no estado de São Paulo, intensificou-se a repressão.