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DIREITO – NOTURNO
TESTAMENTO VITAL
OLINDA
2014
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ALINE CAROLINA P. DE FIGUEIREDO
TESTAMENTO VITAL
OLINDA
2014
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ÍNDICE
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INTRODUÇÃO
momento mais grave da vida do ser humano: a proximidade com a morte. Sendo
tributo à sua vida pretérita e um ato ligado – ainda que em um momento final –
assegurados.
brasileira.
Constituição Federal, por ser ele a base de todo e qualquer direito ou garantia
nacional ou estrangeiro.
momento em que não se pode mais viver com dignidade, cada ser humano tem
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direito a uma morte digna, à conclusão de sua vida da forma menos dolorosa e
mais integra possível, perto de quem se ama e da forma como achar que merece.
Esta “morte digna” tem sido alvo de intensas e incessantes discussões no âmbito
para findar à vida de um outro ser humano são vedadas pelas nossas leis.
intimamente ligados a este instituto, podendo ser tidos mesmo como seus
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1- TESTAMENTO VITAL
declaração prévia de vontade, que tem sido mais conhecida e divulgada pela
aproximação com o instituto do testamento, que, por sua vez, tem caráter
patrimonial ou não, para depois de sua morte”. Por ser ato individual e
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Francisco José Cahali descreve o testamento vital como “ (a) declaração da
testamento vital por este estar se tornando majoritário e amplamente aceito pela
dispõe sobre uma série de assuntos relativos a tratamentos médicos (que recusa
ou aceita, em qual hospital deseja se tratar, onde deseja passar o fim de sua
tomar suas decisões sobre seu corpo, sua integridade física e saúde e sua
própria vida enquanto ainda existir, para os casos em que venha a ser atingido
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por moléstia incurável ou que venha a sofrer acidente de tal gravidade que lhe
do presente trabalho.
quais tipos de tratamentos médicos deseja ou não ser submetido, o que deve
pública e seus atos têm efeito legal e jurídico, não podendo o documento ser
vontade e a decisão não pode ser contestada por familiares, mas pode ser
procurar seu médico para manifestar tal vontade, redigir um novo documento e,
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2- PRINCÍPIOS ALUDIDOS: A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A
AUTONOMIA.
feito no Brasil, mesmo sem uma positivação objetiva direcionada a este modo de
testar. Tal assunto vem sendo apoiado em princípios constitucionais e cada vez
mais brasileiros têm mais conhecimento sobre essa modalidade do ramo jurídico,
Devemos ter em mente que o que nos dá a direção por esse caminho do saber
dignidade. Os novos institutos devem ter por objetivo a maior interação humana,
permitindo que algo possua um fim em si, não somente tendo um valor relativo,
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Alexandre de Moraes (2005) assim a define:
do ser humano. A pessoa deve, apenas por existir e por sua essência, ser
Por ser um atributo inato, a dignidade antecede qualquer direito, vindo a ser
Federal em seu art. 1º, inc. III, vem consignando “a dignidade da pessoa
nortes do nosso ordenamento jurídico, isto é, se toda e qualquer norma legal tem
Constituição, conclui-se que qualquer regra de conduta, para se ter validade, não
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uma insubordinação aos valores socialmente considerados como fundamentais,
Deste modo, toda a ordem jurídica deve tributo em último grau ao supremo
natureza racional”. Ou seja, o ser humano é digno, visto que também é autônomo
liberdade, porque a pessoa humana deve ser livre para que seja digna, partindo-
interferência externa.
ação autônoma é que gera responsabilidade e cada um deve responder por sua
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Há, no entanto, situações em que o próprio paciente é incapacitado de
responder por si, momento em que as informações são prestadas aos seus
Fazendo uma ponte entre tais princípios e o Testamento Vital, Ana Carolina
“O corpo pertence a à própria pessoa e é ela quem lhe deve dar a destinação que
melhor lhe aprouver, dentro do que a realiza. Neste sentido, o corpo não é
considerado intocável, sendo licita a doação de órgãos, tecidos e pares do corpo
em vida ou post mortem”. (Teixeira, 2010)
Diogo Luna Moreira e Maria de Fátima Freire de Sá, discutem em sua obra
“A vida deve ser encarada no seu ocaso, para que lhe seja devolvida a dignidade
perdida. São inúmeros os doentes que se encontram jogados em hospitais, a um
sofrimento sem perspectiva, muitos em perspectivas, muitos em terapias
intensivas de emergências. O desdobramento disso? Uma parafernália tecnológica
que os prolonga e os acrescenta. Inutilmente.” (SÁ; MOUREIRA, 2012)
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3- DIREITO À MORTE DIGNA
dessa pessoa, quando ela mesma não teve o mínimo para viver dignamente e
Todo conhecimento deve ter como função precípua trazer o maior benefício
possível à pessoa humana, ou de, pelo menos, não lhe causar nenhum mal. O
fascínio pelas técnicas não deve, jamais, superar os valores da ética. É desejo
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A existência do ser humano antecede a qualquer conjectura acerca das
esclarece que:
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4- O TESTAMENTO VITAL E SUA CONFORMAÇÃO NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO.
entanto, isso não significa que sua existência seja inválida. Não é apenas a
existência da lei que torna um instituto brasileiro legal, isto porque o ordenamento
jurídico brasileiro é composto por regras, que são leis, e princípios, que são
constitucional de tratamento desumano (art. 5º, III, CF/88). Significa dizer que a
Lei Maior do Brasil reconhece o direito à vida desde que esta seja digna e,
quando este não terá função de lhe devolver uma vida plena.
Ademais, vale salientar que paciente terminal é todo aquele cuja enfermidade
número 2007.34.00.014.809-3.
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Conforme já falamos no capítulo anterior, a Resolução nº 1.995/12 do
segundo os critérios da lei civil, ou seja, tenha mais de 18 (dezoito) anos e não
entendemos que uma pessoa que seja menor de 18 anos pode fazer o
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os tabeliães de notas, é extremamente importante para garantir a efetividade do
revogue.
profissionais:
que este médico já acompanhe o declarante, a fim de que já haja uma relação
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4.3- Conteúdo.
nomeação de um representante.
acerca da recusa dos cuidados paliativos, vez que estes são garantidores do
direito à morte digna bem como por afrontarem a própria filosofia dos cuidados
Brasil.
fúteis serão válidas, como por exemplo, não entubação, não realização de
que este tratamento trará ao paciente. Por esta razão, disposições acerca da
autonomia do sujeito quanto aos tratamentos a que este será submetido em caso
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de terminalidade da vida. Ademais, a doação de órgãos no Brasil já está regulada
pela lei no. 9.434/97, alterada pela lei no. 10.211/01, bastando que, para a
colateral, o que não seria admissível no testamento vital, vez que ele expressa
o testamento vital, melhor seria que a pessoa que optasse por redigir as duas
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5- CONTROVÉRSIAS ACERCA DO TESTAMENTO VITAL.
A palavra vital é oriunda do latim “vitalis” que significa: relativo à vida ou aquilo
testamento vital, pois entendem que este está em total concordância com a
vital não pertence ao ramo do direito civil, ou seja, não há característica cabível
para ser abarcado pelo direito sucessório, porque o direito das sucessões tem
início com a perda da capacidade civil da pessoa natural e, por outro lado, a
sucessão.
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O advogado César Pasold, manifestou-se de maneira brilhante sobre a
pode ser recepcionada pelo Código Civil. Além disso, traz a questão de que a
Pois bem, até agora conseguimos vislumbrar o que pensa as duas principais
correntes acerca desse tema tão polémico, mas sem querer fugir o tema nos
ficam? Será que concordariam com tal prática? Será que depois não iriam querer
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da medicina estaria praticando Eutanásia? Ou paciente não teria direito mesmo
uma vez que o tema ainda é recente no mundo jurídico e carece ainda de muitas
segurança jurídica tanto para pacientes quanto para médicos. Portanto, após
vida podem gerar a morte mais rápida do paciente, mesmo assim entendemos
que a perda da capacidade civil seria inevitável e, por isso, prolongar a vida de
a morte de alguém. Tal intenção pode gerar uma ação ou uma omissão. Pode-
se, por exemplo, fazer o paciente ingerir um medicamento em dose letal ou, ao
vida. Não há para a bioética nenhuma diferença entre a ação e a omissão, uma
vez que o que tem valor nessa temática é a intenção: provocar a morte do
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Difere do Suicídio Assistido porque este é uma vontade do paciente, que, por
sua vontade.
responde pelos seus atos, vindo a mesma acontecer por ação ou omissão
mesmo, uma vez que esta não foi manifestada devido ao seu estado de
faculdades mentais e discorre sobre o seu futuro no caso de ser acometido por
moléstia grave que o incapacite no momento tal, o mesmo só pode ser usado
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
personalidade humana.
intensivos, mas bem poucos estão preparados para a morte, para o momento de
dar fim ao uso de métodos inúteis e permitir que o paciente, com dignidade
apego humano, no caso dos familiares e até do próprio paciente. Não podemos
nos esquecer que muitas vezes, e quase sempre, a própria pessoa também não
uma questão psíquica e passa a ser uma questão ética e jurídica quando estão
longe dos familiares, não tem que lhe segure a mão, nem uma expressão de
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amor, sem qualquer atenção à sua dignidade. Na verdade a avaliação do estado
assiste e da família.
mais humanizados.
legislação específica para a matéria, desde que seja tratado como uma
Código Civil.
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Os princípios da dignidade da pessoa humana e da autonomia de vontade
pessoa. Aquele que se encontra com doença incurável e esteja em sua pena
consciência pode determinar onde e como desejar passar seus últimos dias de
vida.
positivação.
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REFERÊNCIAS
SÁ, Maria de Fátima Freire de. Autonomia Para Morrer: Eutanásia, Suicídio
http://www.arpenbrasil.org.br/index.php?option=com_content&task=viem&id=44
80<emid=2.
http://blog.26notas.com.br/?p=1150
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DADALTO, Luciana. Testamento Vital. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris,
2010.
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