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INQUÉRITO POLICIAL
1 – NOÇÕES GERAIS
Obs 2
Os vícios de impedimento e suspeição do juiz (arts. 252 e 254, CPP) não se aplicam à autoridade
policial. Isso significa que o delegado pode, por exemplo, investigar o próprio filho ou seu amigo íntimo. O
fundamento de tal regra é justamente a conclusão de que inquérito e processo são fases distintas. Logo,
não podemos pegar uma regra que foi criada para os sujeitos do processo (impedimento e suspeição) e
querer aplicá-la ao delegado (autoridade que preside o inquérito).
2 – NATUREZA JURÍDICA
c) Decisões proferidas pelo juiz na fase que antecede o ajuizamento da ação penal
como a decretação de prisão preventiva do investigado, a determinação de que se instaure
incidente de insanidade mental e a ordem de sequestro de bens.
d) Decisões proferidas no julgamento pelo Tribunal do júri pelos jurados já que estes,
decidindo pela íntima convicção, não estão condicionados a decidirem apenas com base na
prova produzida em juízo.
3 – CARACTERÍSTICAS DO IP
3.1 Formalidade escrito, respeitando regras e formalidades. Tudo o que for produzido no
IP deve ser formalizado de forma escrita, incluindo testemunhos, depoimentos,
reconhecimentos, acareações, etc.
Vícios do IP não afetam o processo, pois são duas coisas diferentes, que não se
relacionam. No Processo todo o IP pode ser refeito se houver alguma dúvida e, desta forma,
desfazer o vício.
Mas nem sempre o processo será mais importante que o IP. É o juiz que vai decidir.
3.3 Inquisitivo possui natureza inquisitiva, voltado à obtenção de elementos que sirvam de
suporte à acusação. Objetiva apenas investigar, e não acusar. Por isso, como regra geral
diz-se que o IP não admite contraditório (direito à informação para formular uma reação) e
ampla defesa (direito de presença e de ser acompanhado de uma defesa técnica). Na
verdade pode se dizer que existe no IP o contraditório pelo menos em relação ao direito a
informação. Já com relação à ampla defesa não há nada dela presente no IP. A única
exceção a esta regra é o IP feito nos casos de expulsão de estrangeiros (Lei 6815/80), pois
o estrangeiro está prestes a ser expulso do país, o que é um ato muito forte e muito sério,
admitindo, desta forma, a ampla defesa. Em razão desta natureza é que é facultado ao
delegado o poder de indeferir eventuais diligências postuladas pelo investigado.
A inquisitoriedade permite agilidade nas investigações, otimizando a atuação da
autoridade policial. Contudo, como não houve a participação do indiciado ou suspeito no
transcorrer do procedimento, defendendo-se e exercendo o contraditório, não poderá o
magistrado, na fase processual, valer-se apenas do IP para proferir sentença
condenatória, pois incorreria em clara violação ao texto constitucional.
3.4 Sigiloso algumas autoridades podem ter acesso ao IP, como os juízes, o MP (promotor)
e o advogado que está defendendo o acusado (de acordo com o STF – Súmula Vinculante
nº 14/2009 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa). Esse sigilo é estritamente necessário ao êxito das investigações e à preservação da
figura do indiciado, evitando-se um desgaste daquele que é presumivelmente inocente. O
fundamento desse sigilo é a preservação da honra do investigado. As medidas cabíveis
contra decisão do delegado que indefere pedido de vistas aos IP são: mandando de
segurança e habeas corpus, endereçados ao juiz. O fundamento do MS é a ofensa ao
direito líquido e certo de o advogado ter acesso aos autos do IP sigiloso conferido pelo
estatuto da OAB. O fundamento do HC é a possibilidade de cerceamento do direito de ir e
vir do investigado. Tb cabe reclamação para o STF alegando o descumprimento da Súmula
Vinculante nº 14.
3.5 Discricionário não há um roteiro para seguir. É a liberdade do delegado escolher como
vai investigar o crime. O que ele não pode é deixar de investigar. Cada delegado poderá
conduzir seu IP da maneira que achar mais conveniente, tem liberdade para decidir
acerca das providências pertinentes ao êxito da investigação. A autoridade policial pode
atender ou não aos requerimentos patrocinados pelo indiciado ou pela própria vítima,
fazendo um juízo de conveniência e oportunidade quanto à relevância daquilo que lhe foi
solicitado. Só não poderá indeferir a realização de exame de corpo de delito quando a
infração deixar vestígios. . Essa discricionariedade sofre limitações, como a moralidade, ou
seja é uma discricionariedade relativa.
3.6 Oficialidade o IP tem que ser conduzido por um órgão oficial do Estado, neste caso, a
polícia. A investigação deve ser realizada por autoridades e agentes integrantes dos
quadros públicos, sendo vedada a delegação da atividade investigatória a particulares.
3.8 Dispensável é dispensável para o titular da ação; não é obrigatório, imprescindível para
o início da Ação Penal. Se já existirem outras fontes, provas suficientes para embasar a
denúncia ou queixa-crime, a Ação Penal pode ser iniciada sem o IP.
3.9 Indisponível uma vez instaurado o IP, não pode a autoridade policial, por sua própria
iniciativa, promover o seu arquivamento, ainda que venha a constatar eventual
atipicidade do fato apurado ou que não tenha detectado indícios que apontem o seu autor.
Em suma, o IP sempre deverá ser concluído e encaminhado a juízo.
Obs
Somente maiores de 18 anos podem ser indiciados por IP. Menores de 18 anos estão no ECA e
não no CP e CPP.
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito é um inquérito extra-policial para investigar crimes
cometidos por parlamentares. Possuem poderes de investigação, e por isso podem determinar quebras de
sigilos, mas não podem determinar a prisão ou a indisponibilidade de bens.
4 – JUSTA CAUSA NO IP
Os seguintes requisitos devem estar presentes para se instaurar um IP:
a) Fato ser típico, ou seja, constituir crime
b) Sinais da existência do fato
c) Não estar extinta a punibilidade
d) Não ter sido o investigado já condenado ou absolvido pelo mesmo fato.
e) Estarem presentes as condições de procedibilidade
5 – NOTITIA CRIMINIS (noticia do crime)
Não se usa a expressão “prestar queixa”. Quem presta queixa é o advogado ao juiz.
5.2 Classificação são as várias maneiras que essa notícia pode chegar à polícia
Obs
6 FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP
a) Portaria ato de ofício feita pela autoridade policial, sem provocação, por
iniciativa própria, assim que a autoridade policial tomar conhecimento da prática
de um crime, como no caso de uma delatio criminis simples. Nestes casos,
verificado a procedência das informações, o delegado mandará instaurar o IP,
importando sua omissão injustificada em responsabilização disciplinar e, conforme
o caso, até mesmo penal por crime de prevaricação, se evidenciado que a omissão
visou à satisfação de interesse próprio ou alheio.
Esse direito refere-se às perícias feitas por determinação do juiz no âmbito de procedimento ou
processo sob tramitação judicial, não se estendendo àquelas realizadas por ordem do delegado a título de
diligência investigatória.
Porém, nada impede que o delegado faculte ao advogado do investigado participar da perícia
mediante a formulação de quesitos. Mas esse não é um direito assegurado ao investigado. Isso significa
que o seu indeferimento não vai nulificar exame técnico
7 IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Trata-se da colheita das impressões digitais do investigado, visando-se, por meio de método
científico, a sua identificação.
Deve ser levado em conta a precisão constitucional de que:
Essa lei a Lei nº 12037/2009, que indica os casos em que, mesmo identificado civilmente, há a
necessidade de identificação criminal:
a) o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação
b) o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado
c) o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes
entre si
d) a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa
e) o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres
essenciais..
Obs
Os casos de identificação criminal obrigatória que constavam da Lei nº 10.054/2000 deixaram de
existir, mantendo-se, porém, a exigência de identificação criminal para os membros de organizações
criminosas, ainda que já civilmente identificados, uma vez que tal regra decorre de lei especial ainda em
vigor (Lei nº 9.034/1995).
8 INCOMUNICABILIDADE DA PRISÃO
Falava do juiz poder decretar que o preso provisório ficasse incomunicável por até 3 dias. Este
dispositivo não foi recepcionado pela CF/88.
Hoje a prisão tem que ser comunicada.
Obs
Nos crimes contra economia popular e saúde pública, o IP deve ser concluído em 10 dias,
independente de o investigado estar preso ou solto.
O IP militar deve ser concluído em 20 dias para investigado preso, ou 40 dias, prorrogáveis por
mais 20 para investigado solto.
10 SIGILO
O IP deve ser sigiloso, porém esse sigilo não poderá atingir o juiz, o MP e o advogado do
investigado. No entanto, o STJ já determinou que não é direito líquido e certo do advogado o acesso
irrestrito a autos de IP que esteja sendo conduzido sob sigilo, se o segredo das informações é
imprescindível para as investigações. O princípio da ampla defesa não se aplica ao IP, que é mero
procedimento adm.
Obs
O advogado do investigado pode acompanhar alguns dos atos instrutórios do procedimento
policial, mas somente como ouvinte e fiscal, não podendo intervir ou conduzir a linha investigativa.
Esse advogado pode requerer a produção de provas ao delegado, assim como pode fazê-lo à
vítima. O delegado, contudo, não é obrigado a atender a solicitação, ressalvados os casos em que a
perícia é obrigatória, como o exame de corpo de delito para crimes que deixam vestígio. Em caso de
indeferimento do pedido, o advogado ainda pode requerer ao juiz ou MP que requisite ao delegado a
realização da prova, já que a requisição tem caráter de ordem, e deverá ser cumprida.
11 PROVIDÊNCIAS
São as providências a serem tomadas pela autoridade policial, apesar da discricionariedade do IP.
A autoridade policial deve:
Dirigir-se ao local dos fatos, isolando a área até a chegada dos peritos, providenciando
para que não se alterem o estado de conservação das coisas. Somente após a liberação dos
peritos é que os objetos poderão ser apreendidos e o local alterado;
Apreender objetos;
Colher todas as provas;
Ouvir o ofendido, que não é obrigado a falar a verdade. Mas se der causa à instauração
das investigações ou do processo imputando infração a alguém sabidamente inocente,
incorrerá no crime de denunciação caluniosa. Se o ofendido não comparecer poderá ser
conduzido coercitivamente.
Ouvir o indiciado, que poderá permanecer calado.
Proceder ao reconhecimento das pessoas e das coisas e a acareações.
Determinar que seja realizado exames de corpo de delito e outras perícias.
Ordenar a identificação datiloscópica do indiciado e fazer juntar sua folha de antecedentes.
Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante
ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.
12 CONCLUSÃO OU ENCERRAMENTO DO IP
Esgotadas as investigações, seja porque concluídas as diligências determinadas no IP, seja pelo
esgotamento do prazo, o delegado deverá encerrar o IP, mas pode requerer ao juiz a devolução dos autos
para outras diligências em casos de difícil elucidação. O encerramento do IP não significa que o delegado
já dirimiu todas as dúvidas a respeito do caso investigado e elucidado completamente a infração penal,
mas apenas que todas as diligências possíveis foram realizadas.
A autoridade policial deverá fazer um relatório minucioso do que houver apurado, e encaminhar
os autos do procedimento ao juiz, juntamente com os instrumentos e objetos que interessarem à prova.
Neste momento poderá, ainda, indicar testemunhas novas que não tenham sido inquiridas, mencionando
o lugar onde podem ser encontradas. Neste relatório o delegado Tb procede à classificação do crime,
apontando o dispositivo penal violado pelo indiciado. Esse relatório não pode conter juízo de valor sobre a
responsabilidade do investigado.
As conclusões do IP não vinculam o autor da ação penal no que concerne ao delito a ser
imputado, ou seja, o MP pode indiciar o investigado por outro crime diferente do apontado no IP.
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os
autos do inquérito.
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou
outra.
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que
será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão
para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
13 INDICIAMENTO
Indiciamento é o ato pelo qual o delegado atribui a determinada pessoa a condição de provável
autor de uma infração penal. É a imputação dos fatos apurados a uma determinada pessoa. É ato
privativo da autoridade policial, privativo do delegado de polícia.
O indiciamento não é arbitrário e nem discricionário, visto que inexiste a possibilidade legal de
escolher indiciar ou não. Isto significa dizer que, havendo qualquer indício de autoria quanto à prática de
um fato típico devidamente materializado no IP, deve a autoridade policial proceder ao indiciamento.
Ausentes, porém, estes elementos, deve abster-se de indiciar o suspeito.
Contra esse indiciamento cabe um HC para demonstrar que os indícios da autoria não estão
corretos.
O indiciamento não significa culpa ou condenação, mas apenas o ato pelo qual o presidente das
investigações (delegado de polícia) conclui haver suficientes indícios de autoria e materialidade do
suposto crime. Lembrem que a requisição do juiz e/ou Ministério Público obriga o delegado apenas a
instaurar o inquérito, mas não a realizar o indiciamento do suspeito, já que este último é ato privativo da
autoridade policial.
Somente o juiz pode arquivar. O policial não pode. O promotor não pode.
E esse juiz não pode arquivar “de ofício” (por conta própria), o MP é quem tem que pedir o
arquivamento.
Quando o chefe do MP designa outro membro do MP para oferecer a denúncia não pode dizer que
isso estaria ferindo a independência funcional dos membros do MP, pois a doutrina afirma que esse
membro estaria agindo a longa manus do PGJ (como uma mão estendida desse PGJ)
Não cabe recurso contra o arquivamento.
Nos crimes de ação penal pública o trâmite acima pode ser iniciado e chegar ate o seu fim. Já
para o caso de crimes de ação penal pública condicionada ou ação privada, o IP, instaurado mediante
requerimento da vítima, será remetido ao juízo competente, onde aguardará, até o final do prazo
decadencial, a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal quanto ao ajuizamento da competente
quixa-crime. Se passar o prazo decadencial, o juiz, ouvido o MP, determinará o arquivamento. A vítima
pode requerer cópia do IP, que lhe será entregue por translado.
O arquivamento deverá ser fundamentado.
Depois de ordenado o arquivamento do IP pela autoridade judiciária, por ausência de base
empírica para oferecer a denúncia (falta de provas), a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia, e desarquivar o IP. Isto significa que ação penal não poderá
ser ajuizada contra os mesmos investigados e em relação aos mesmo fatos se não surgirem novas provas.
O desarquivamento segue o mesmo roteiro do arquivamento, ou seja, é o juiz que vai desarquivar. Não há
prazo específico limite para que isso possa ocorrer, porém esse desarquivamento só pode ser realizado
enquanto não estiver extinta a punibilidade do agente (crime não estar prescrito).
Motivos de arquivamento:
a) Inexistência de provas de materialidade
de autoria
Se arquivado por um desses 2 motivos, o IP
b) Fato atípico nunca mais poderá ser desarquivado, mesmo
c) Extinção da punibilidade* que surjam novas provas. É a chamada COISA
d) Excludente de ilicitude** JULGADA MATERIAL, que diz que não tem mais
como aquela coisa voltar a ser julgada. E Tb não
pode instaurar outro IP sobre o mesmo fato.
Obs
Via de regra, a decisão que arquiva o IP não faz coisa julgada.
*A extinção da punibilidade faz coisa julgada, a não ser que a extinção da punibilidade seja
pautada na morte do agente comprovada por certidão de óbito falsa, pois o STF entende que a decisão
que determinou o arquivamento desse inquérito é inexistente.
**Para o STJ o arquivamento do IP por excludente de ilicitude ocorre com coisa julgada. Já para o
STF esse arquivamento ocorre sem coisa julgada.
Decisão que determina o arquivamento do IP com base na atipicidade do fato ou causas extintivas
da punibilidade faz coisa julgada, ainda que a decisão seja proferida por juiz absolutamente
incompetente.
Arquivamento do IP em feitos de competência originária (aqueles que possuem competência
especial, como deputados federais julgados pelo STF) se o pedido de arquivamento feito pelo PGR
for fundamentado em hipóteses que não fazem coisa julgada o atendimento é compulsório, ou seja, não
cabe ao Ministro discordar, mas apenas arquivar. Se o pedido de arquivamento for fundamentado em
hipóteses que fazem coisa julgada, é possível que o Ministro discorde do pedido de arquivamento. Não há
solução para isso ainda.
Art. 15 do CPP toda vez que o indiciado for menor de 21 anos o delegado deverá nomear um
curador para ele.
1. CONCEITO
É todo ato, ou conjunto de atos, praticado pelas partes, por terceiros ou pelo próprio juiz, para
averiguar a verdade e formar a convicção do juiz. O processo objetiva fazer a reconstrução histórica dos
fatos ocorridos para que se possa extrair as respectivas consequências em face daquilo que foi
demonstrado.
A finalidade da prova é formar a convicção do juiz. Desta forma, seu destinatário é o magistrado.
A fase processual destinada á produção das provas é Tb chamada de Fase de Instrução.
No processo penal o juiz pode, de ofício, determinar a produção de uma prova.
O ônus prova cabe a quem alega (art. 156, CPP). Costumamos dizer que à acusação cabe o ônus
de provar os fatos constitutivos do direito. Já a defesa deve provar os fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do autor. Assim, se o MP atribui o crime de homicídio a João, aquele é que deve
provar que o crime realmente ocorreu. Porém, caso João alegue que o homicídio foi cometido em legítima
defesa, então é ele quem deverá provar tal fato.
A regulamentação dos meios de prova existente no CPP não é taxativa, podendo ser aceitos meios
de provas atípicos ou inominados, ou seja, sem regulamentação expressa em lei.
Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
2. OBJETO
Objeto da prova é, resumidamente, o fato no processo penal que precisa ser provado por gerar
dúvida ao Juiz.
Mas há fatos que não precisam ser provados. São eles:
FATOS AXIOMÁTI COS OU INTUITIVOS são aqueles que se auto demonstram, que têm
força probatória própria, evidentes e inquestionáveis. Ex: não há necessidade de realização
do exame cadavérico interno quando as lesões externas permitirem precisar a causa da
morte.
FATOS NOTÓRIOS São os fatos que encontram embasamento no conhecimento que faz
parte da cultura de uma sociedade. Assim, em um processo contra a honra do Presidente,
por exemplo, ninguém precisa provar em juízo que ele é o Chefe do Executivo Federal, pois
isto é um fato notório.
FATOS INÚTEIS São os que não possuem relevância para a causa. Seria o caso, por
exemplo, de em um delito de furto o advogado querer saber qual a preferência sexual do
réu, ou mesmo o que ele fez nas férias passadas, ou qualquer outro aspecto que em nada
agregará ao convencimento do Juiz.
Obs
O direito, como regra, não precisa ser provado. Eventualmente será necessário provar a existência
e a vigência do direito estadual, municipal, consuetudinário e alienígena.
No processo penal, diferentemente do que ocorre no processo civil, os fatos admitidos pelas partes
necessitam de prova, pois, no processo penal, busca-se a verdade material. Desta forma, até mesmo o
juiz pode determinar de ofício a produção de provas.
PROVAS DIRETAS referem-se diretamente ao fato probando; são aquelas que por si
só e com certeza demonstram um fato controvertido. Ex: testemunha visual.
PROVAS INDIRETAS refere-se a outro acontecimento que, por ilação, nos leva ao
fato principal. Exigem um raciocínio lógico para que se deduza determinada
circunstância. A prova não encontra ligação direta com o fato, mas mediatamente
permite conclusões. Ex: álibi.
PROVAS REAIS São aquelas que não resultam, diretamente, de pessoas e sim de
eventos externos. Exemplo: Cadáver, arma do crime etc.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
6. ÔNUS DA PROVA
É o encargo atribuído à parte de provar, por meios lícitos e legítimos, a verdade de suas alegações.
A demonstração probatória é uma faculdade, assumindo a parte omissa as consequências de sua
inatividade.
A prova da alegação é incumbida a quem a fizer. A acusação fica incumbida de demonstrar
autoria, materialidade, dolo ou culpa, circunstâncias agravantes e qualificadoras, e eventuais
circunstâncias que influam na exasperação da pena. Já a defesa fica incumbida de demonstrar eventuais
excludentes de ilicitude, de culpabilidade, extinção da punibilidade e circunstâncias que venham a
mitigar a pena, como circunstâncias privilegiadoras.
É facultado ao juiz, de ofício, ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida, assim como determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir a
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante. São casos excepcionais.
A legalidade da produção antecipada dessas provas esta condicionada aos seguintes requisitos:
Existência de periculum in mora, demonstrado por intermédio da relevância e urgência da
medida determinada pelo magistrado;
Presença de fumus boni iuris, externado por meio de indício de autoria de uma infração
penal ou de prova de sua materialidade;
Existência de investigação em andamento;
Necessidade de que haja um expediente ou procedimento sob análise judicial, como uma
representação pela prisão temporária ou preventiva, requerimento de busca e apreensão,
etc;
Excepcionalidade da atuação judicial, detectada a partir de critérios de necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida probatória.
7. PROVA EMPRESTADA
É aquela que, produzida em processo distinto para nele gerar os efeitos pretendidos pela parte,
vem a ser apresentada documentalmente em outro processo visando à geração de efeitos neste.
Para que seja admissível é preciso que o processo original tenha envolvido as mesmas partes,
submetida, ainda, a respectiva produção (da prova) ao crivo do contraditório. Devem ter sido respeitadas
no processo anterior as formalidades legais. Desta forma, não há empréstimo de prova do IP para
processo, pois o IP é inquisitivo. O empréstimo é de processo para processo. Satisfeitas estas condições –
identidade de partes e observância de contraditório – terá a prova emprestada o mesmo valor das demais
provas realizadas dentro do processo. Ausentes, contudo, perderá muito de seu valor probatório, devendo
ser considerada como simples indício.
A jurisprudência afirma que é possível a utilização da prova emprestada no processo penal, desde
que ambas as partes dela tenham ciência e que sobre ela seja possibilitado o exercício do contraditório.
8. PROVAS ILEGAIS
A prova é taxada de proibida ou vedada toda vez que sua produção implique violação da lei ou de
princípios de direito material ou processual.
É o princípio da inadimissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos.
As provas ilegais compreender um gênero do qual fazem parte 3 espécies de provas:
a) Provas ilícitas obtidas mediante violação direta ou indireta da CF/88 violam regras do
direito material (regras de condutas, ou seja, tudo o que pode e não pode fazer na
sociedade). Ex: confissão mediante tortura, interceptação telefônica sem autorização
judicial.
b) Provas ilícitas por derivação são lícitas na própria essência, mas tonam-se viciadas
por terem decorrido, exclusivamente, de uma prova ilícita anterior.
São aquelas que, embora lícitas em sua essência, decorrem exclusivamente de prova ilícita ou de
situação de ilegalidade manifesta ocorridas anteriormente à sua produção, restando, portanto,
contaminadas.
Aplica-se a Teoria Frutos da Árvore Envenenada, segundo a qual o defeito existente no tronco
contamina os frutos. A ilicitude de uma prova, uma vez reconhecida, causará a ilicitude das provas que
dela diretamente decorram.
A. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Uma terceira pessoa viola a conversa telefônica de duas ou mais pessoas, registrando ou não os
diálogos mantidos, sem que nenhum dos interlocutores tenha conhecimento da presença do agente
violador.
B. ESCUTA TELEFÔNICA
Um terceiro viola a conversa telefônica mantida entre duas ou mais pessoas, havendo, contudo, a
ciência de um ou alguns dos interlocutores de que os diálogos estão sendo captados.
C. GRAVAÇÃO TELEFÔNICA
A CF/88 determina que são invioláveis as comunicações telefônicas, salvo por ordem judicial.
As gravações telefônicas não violam a CF/88, mesmo que realizadas sem ordem judicial. Porém,
se obtidas com traição de confiança, nesse caso serão ilícitas as gravações realizadas, pouco importando
se há autorização judicial para tanto.
As interceptações telefônicas e as escutas telefônicas só poderão ser autorizadas judicialmente
quando atendidos alguns requisitos:
Em investigação policial ou instrução processual penal de crimes punidos com pena de
reclusão;
Presença de indícios razoáveis de autoria ou participação no crime que se pretenda
investigar, o que configura fumus boni iuris.
Excepcionalidade. Ou seja, necessidade evidente da violação telefônica, não existindo
outros meios de prova disponíveis, representando o periculum in mora.
Obs 2 Descoberta fortuita ou ocasional de crime distinto daquele para o qual foi expedida
a ordem judicial de interceptação telefônica.
Nesta caso a prova obtida será considerada lícita e poderá ser usada desde que guarde relação
com o fato criminoso investigado, não havendo necessidade de esse novo crime ter que ser punido com
reclusão. Se o crime descoberto fortuitamente não guardar nenhuma relação com o anteriormente
investigado, ainda assim a prova não será ilícita, apenas perderá muito de seu valor, podendo ser usada
para iniciar uma investigação, podendo até constar do processo.
O CPP dispõe sobre o exame de corpo de delito deixando clara a sua OBRIGATORIEDADE, quando
a infração deixar vestígios.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direito ou indireto, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
A jurisprudência vem aceitando que não apenas a prova testemunhal, mas qualquer outra,
excetuando-se apenas a confissão do acusado que é ressalvada expressamente no art. 158, é capaz de
suprir a falta da perícia na ocorrência do desaparecimento dos vestígios.
O exame de corpo de delito direto pode se suprido, quando desaparecidos os vestígios
sensíveis da infração penal, por outro elementos de caráter probatório existentes no autos, notadamente
os de natureza testemunhal ou documental.
A confissão do acusado não pode suprir a falta do exame de corpo de delito pois aquela é uma
prova de valor relativo, ou seja, é dependente de confirmação por outros meios. É limitada a liberdade de
convencimento do juiz com relação à confissão do acusado, o qual pode utilizá-la como prova, mas não
sem antes cotejá-la com os demais elementos de convicção careados ao processo, a fim de verificar se
corroboram a confissão juridicamente prestada.
A doutrina e jurisprudência majoritária consideram que caso o desaparecimento de um vestígio
tenha ocorrido por culpa do estado, não será possível a aplicação do art. 167 para suprir o exame de
corpo de delito direto ou indireto.
O exame de corpo de delito deve ser realizado por um perito oficial, portador de diploma de
nível superior, salvo se tiver ingressado na carreira antes da vigência da Lei 11690/2008
(este último preceito não se aplica aos legistas).
Na ausência de perito oficial, a perícia poderá ser realizada por dois peritos não-oficiais
(peritos leigos), como tais consideradas as pessoas idôneas, portadoras de curso superior
preferencialmente na área que constitui o objeto da perícia, que possuam habilitação
técnica relacionada à natureza do exame e que, nomeadas pelo Delegado de Polícia ou pelo
juiz, prestem compromisso de bem e fielmente desempenharem a função para a qual são
encarregados.
Para os casos em que a perícia é realizada por mais de um perito, como na perícia realizada por
dois peritos não-oficiais, no laudo toxicológico definitivo e na perícia realizada para fins de materialização
dos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal privada.
Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e as
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente seu laudo, e a autoridade nomeará um
terceiro perito. Se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros
peritos.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia
e a qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples
exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou
quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância
relevante.
No caso de lesões corporais, considerando que se trata de um crime que deixa vestígios, exige-se a
realização do exame de corpo de delito. Caso o primeiro exame pericial tenha sido incompleto (obscuro,
omisso), deve-se proceder a exame complementar, nos termos do art. 168 do CPP.
A falta do exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Ademais, nos caso específico do art. 129, § 1º, I, CP (lesão corporal grave na qual resulta
incapacidade para as atividades habituais por mais de 30 dias), esse exame complementar deve ser feito
logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contados da data do crime. Só assim será possível saber se a
pessoa realmente ficou incapacitada para as ocupações habituais durante todo o período. A falta desse
laudo complementar levará à configuração do crime de lesão corporal leve.
Não se considera como prova laudo pericial que ateste a incapacidade por mais de 30 dias
realizado antes do decurso desse tempo, pois, nesse caso, estaria havendo um mero prognóstico, despido
de qualquer segurança. É preciso, pois, que haja um diagnóstico quanto à incapacidade.
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
A jurisprudência admite que, na hipótese de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, pode
ocorrer o suprimento da perícia por outro meio de prova para fins de comprovação dessa qualificadora,
tais como a prova testemunhal e a documental.
Já quanto à qualificadora da escalada, a exigência do peiriciamento neste caso depende do caso
concreto. Por escalada compreende-se qualquer meio anormal de ingresso em recinto, caracterizando-a a
penetração por janelas, telhados, muros e até mesmo túnel. A jurisprudência tem compreendido que o
delito de furto qualificado pela escalado por normalmente não deixar vestígios pode ser provado com a
utilização de outros meios que não o exame pericial.
10.1.11 INCÊNDIO
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo
que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as
demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
A perícia é importante, mas não imprescindível. Assim, se o conjunto probatório possibilitar a
certeza quanto à intenção do agente em cometer o crime de incêndio, como testemunhas, a ausência de
perícia não inviabiliza um juízo condenatório.
É o exame grafotécnico.
Seu objetivo é reconhecer a autenticidade de um escrito.
Utiliza o método da comparação de letra.
Apesar de o CPP falar em mandar, a pessoa não é obrigada a escrever para fornecer material de
comparação, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes
verificar a natureza e a eficiência. O obrigatoriedade de realização desse exame depende do caso concreto.
Trata-se de uma forma de comunicação dos atos processuais, utilizada toda vez que se exigir
alguma providência (citação, oitiva de uma testemunha, realização de perícia, etc) em outra comarca. É
um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca.
Na precatória, teremos sempre duas partes envolvidas. O juízo deprecante (aquele que mandou a
precatória) e o juízo deprecado (juiz que a recebe para dar cumprimento). É uma competência funcional
horizontal, não havendo hierarquia entre deprecante e deprecado.
Especificamente quanto às perícias, aplica-se o art. 177 do CPP que estabelece, como regra geral,
a nomeação do perito no juízo deprecado. Há, porém, uma exceção: caso a ação penal seja privada e haja
acordo entre as partes, essa nomeação poderá ser feita no juízo deprecante.
Consiste no ato pelo qual procede o magistrado à oitiva do réu acerca da imputação que lhe é
dirigida. É ato privativo do magistrado e personalíssimo do acusado. Tem por objetivo primordial buscar
esclarecer como os fatos realmente se passaram. Além disso, auxilia o juiz a verificar as reações do
acusado diante das perguntas que lhe são dirigidas.
É concomitantemente um meio de prova e de defesa (natureza jurídica mista).
Será realizado no final da instrução criminal, após a oitiva das testemunhas de acusação e defesa.
O objetivo é privilegiar a ampla defesa, de forma que a auto-defesa apenas se exerça após o pleno
conhecimento das provas que possui contra si.
10.2.1 CARACTERÍSTICAS
Oralidade interrogatório deve ser realizado por meio de perguntas e respostas orais,
exceto para os surdos e mudos. A integralidade do que foi dito pelo réu será reduzida a
termo imediatamente.
Publicidade em regra, o interrogatório será público, podendo ser assistido por qualquer
pessoa. Essa publicidade destina-se à comprovação de que as declarações do réu foram
prestadas espontaneamente, sem qualquer pressão. No entanto, se da publicidade do
interrogatório puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da
ordem, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do MP, determinar que o ato
seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar
presentes.
Individualidade na hipótese de existirem 2 réus, o interrogatório de cada um será
separado, não sendo possível sequer que um assita ao interrogatório do outro, mesmo que
já tenha sido interrogado. Isso é importante tendo em vista que, havendo, eventualmente,
versos contraditórias, poderá o juiz acareá-los.
Obs não se admitem detectores de mentira, mesmo que o réu aceite, sob pena de nulidade.
Essa faculdade não se aplica ao IP, somente ao interrogatório judicial, pois é uma garantia do
direito ao contraditório e ampla defesa, não presentes no IP.
O magistrado deve fazer contar em ata que foi assegurado esse direito.
O acusado tem o direito de permanecer calado e de não responder às perguntas que lhe forem
formuladas. Esse silêncio não importará em confissão, e não poderá ser interpretado em prejuízo da
defesa.
O acusado deve ser informado desse direito pelo juiz antes de iniciado o interrogatório.
Esse direito se aplica tanto no interrogatório judicial, quanto no policial.
10.2.5 PROCEDIMENTO
Encontrando-se preso o réu, o CPP diz que o interrogatório será realizado em sala própria, no
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam asseguradas a segurança do juiz, do
membro do MP e dos auxiliares, bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.
10.3 CONFISSÃO
A cofissão é o reconhecimento pelo réu da imputação que lhe foi feita por meio da denúncia ou da
queixa-crime. Se o réu confessar a autoria, deverá ser perguntado das circunstâncias do fato, bem como
se outras pessoas concorreram para a infração, declinando-as em caso positivo.
A confissão deve ter sido realizada pelo próprio réu, não se admitindo seja ela feita por outra
pessoa, como o defensor ou advogado; deve ser reduzida a termo; deve ser espontânea, impondo-se que
seja oferecida sem qualquer coação, e o réu deve apresentar boa saúde mental, possibilitando-o o
convencimento do juízo de que o relato não está sendo fruto da imaginação ou de alucinações do
acusado. A confissão espontânea pode ser utilizada para reconhecimento da atenuante genérica da
confissão espontânea.
Mesmo que tenha sido prestada judicialmente e na presença do defensor, a confissão não tem
força probatória absoluta, havendo a necessidade, para fim de fundamentar a sentença condenatória, de
que seja confrontada e confirmada pelas demais provas existentes nos autos. O juiz jamais pode
considerá-la exclusivamente para efeito de uma condenação. O valor da confissão é averiguado pela
sinceridade, riqueza de detalhes e harmonia com as demais provas.
A característica da divisibilidade significa que o juiz pode considerar verdadeira uma parte da
confissão e inverídica a outra parte, não sendo obrigado a valorar a confissão como um todo.
Já a retratabilidade quer dizer que se o réu, mesmo confesso em juízo, voltar atrás, caberá ao
magistrado confrontar a confissão e a retratação que lhe sucedeu com os demais meios de prova
incorporados ao processo, verificando, então, qual delas deve prevalecer. Nada impede que o juiz, a
partir de seu livre convencimento motivado, considere como verdadeira a confissão e falsa a retratação.
Se o ofendido não comparecer, e não tiver motivo justificante de sua falta, poderá ser conduzido
coercitivamente.
O valor probatório desse depoimento é relativo, devendo o juiz avaliá-lo à luz das demais provas
produzidas, em conformidade com o sistema do livre convencimento.
Esse ofendido é diferente da testemunha, que é um terceiro que não é sujeito ativo e nem passivo
do crime. Desta forma, a vítima não poderá ser sujeito ativo do crime de falso testemunho. Se mentir,
poderá responder por falsa comunicação de crime (narrativa de crime que sabe inexistente) ou
denunciação caluniosa (falsidade quanto á autoria de crime existente), mas não de falso. Não há que se
falar em recusa em depor, assegurada à testemunha que for cônjuge, ascendente, descendente ou irmão
do réu.
O ofendido deverá ser informado somente dos atos processuais. Uma prisão do
criminoso durante o IP não precisa ser informada à vítima.
A testemunha, em sentido próprio, é uma pessoa diversa dos sujeitos principais do processo
(podemos dizer, um terceiro desinteressado) que é chamada em juízo para declarar, positiva ou
negativamente, e sob juramento, a respeito de fatos que estejam relacionados ao julgamento do mérito da
ação penal a partir da percepção que sobre eles (os fatos) obteve no passado.
A testemunha é a pessoa que, perante o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais
se litiga no processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre as suas percepções
sensoriais a respeito dos fatos imputados ao acusado.
O fundamento da prova testemunhal reside na presunção de que os homens percebam e narrem a
verdade, presunção fundada, por sua vez, na experiência geral da humanidade, a qual mostra que no
maior número de casos, o homem é verídico.
Toda pessoa pode ser testemunha. a testemunha não poderá se eximir da obrigação de, salvo
alguns casos previstos na lei (poderão se recusar o ascendente, descendente, cônjuge e filho; menor de
14 anos e doente mental não prestam compromisso de dizer a verdade)).
10.5.1 CLASSIFICAÇÃO
a) Testemunha referida é aquela que embora não tenha sido arrolada nos momentos
ordinários (denúncia ou queixa, para acusação; resposta à acusação para o réu), poderá
ser inquirida pelo juiz ex officio ou a requerimento das partes em razão de ter sido citada
por uma testemunha. Essa categoria não é considerada para efeito de contagem do
número máximo de testemunhas admitido em cada procedimento penal.
c) Testemunha própria é a testemunha chamada para ser ouvida sobre o fato objeto do
litígio, seja porque os tenha presenciado, seja porque deles ouviu dizer.
g) Testemunha direta testemunha que presenciou os fatos por meio dos sentidos.
h) Testemunha indireta é aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou,
mas soube ou ouviu dizer.
QUADRO RESUMO
Testemunha direta Eu vi os fatos
Testemunha indireta Eu ouvi falar
Testemunha própria Eu vou falar sobre o fato em si e não sobre circunstâncias alheias
Testemunha imprópria ou Fato? Que fato? Vim só falar que vi o acusado chegar na delegacia sem
instrumental ferimentos.
Testemunha referida Poxa, que chato... aquele cara tinha que dar com a língua nos dentes e
referir meu nome para o juiz... agora vou ter que testemunhar”
Testemunha judicial As partes não me chamaram e ninguém citou meu nome, mas o juiz
ainda tem dúvida sobre alguma coisa
Testemunha numerária Que presta compromisso
Testemunha informante Que não é obrigada a prestar compromisso
obs
Não se computarão no número máximo permitido as testemunhas referidas, as não
compromissadas, as judiciais e as que nada souberem que importe à decisão da causa.
Qualquer pessoa é capaz de ser testemunha, independente de sua idade, condições físicas e
integridade mental, desde que tenha capacidade de perceber os acontecimentos ao seu redor e narrar o
resultado dessas percepções ao juiz.
Ainda é controverso o assunto, mas a maioria doutrinária afirma que o compromisso seria penas
um sinal para o juiz de que aquele testemunho provém de pessoas especiais e que poderiam facilmente
faltar com a verdade, apesar de todos estarem obrigados a dizer a verdade e responderão pelo crime de
falso testemunho caso contrário. Outros afirmam que os descompromissados não seriam obrigados a
falar a verdade.
A pessoa divorciada está sujeita ao compromisso, pois com divórcio cessa completamente o
vínculo conjugal.
Amigo íntimo ou inimigo capital Tb estão sujeitos ao compromisso. Porém o juiz deverá levar em
conta essa situação na hora de valorar essa prova, e tudo deverá estar anotado nos autos.
a) Oralidade depoimento deve ser dado oralmente ao juiz, sendo vedado trazê-lo por
escrito. Mas pode consultar apontamentos. Presidente da República, seu vice, Presidente
da Câmara, do Senado e do STF e dos Tribunais Superiores poderão fornecer depoimento
por escrito, assim como a testemunha de crime de abuso de autoridade.
b) Objetividade não é permitida à testemunha fornecer impressões pessoais sobre o fato,
salvo quando forem inseparáveis da narrativa.
A contradita encontra relação direta com a testemunha, mas nos aspectos relacionados com
situações legais. Aqui não se contesta o que foi dito e sim quem vai dizer, com base nos preceitos da lei.
Assim, podemos resumir que a contradita deve ser utilizada:
Em relação à testemunha que não deva prestar compromisso. Seu efeito neste caso será a
testemunha ser dispensada do compromisso.
Em relação à pessoa que seja proibida de depor. Acolhida, neste caso, a impugnação, o
efeito é ser excluída a testemunha.
A contradita deve ser levantada logo após a qualificação da testemunha, podendo ser argüida até
o momento imediatamente anterior ao início do depoimento. Iniciado este, estará preclusa a faculdade de
contraditar a testemunha.
A arguição de defeito é utilizada para situações que podem tornar a testemunha indigna de fé ou
suspeita de parcialidade. Exemplos de casos que justificariam essa forma de impugnação consistem na
amizade íntima ou na inimizade capital com qualquer dos envolvidos no fato delituoso, o parentesco com
a vítima, a circunstância de responder a processo criminal por fato análogo etc.
Se, ao sentenciar, verificar o juiz a ocorrência do crime de falso testemunho, o CPP determina que
o juiz encaminhe cópia do depoimento falso à autoridade policial ou ao Ministério Público a fim de ser
instaurado o inquérito.
Ao prever que o magistrado deva fazer isto ao preferir a sentença, tem que vista o CPP a
circunstancia de que o crime de falso testemunho deixa de ser punível quando, antes da sentença final, a
testemunha retrata-se, bem como o fato de que, segundo entendimento dominante, uma vez proferida a
decisão de primeiro grau, esgota-se a possibilidade de elisão do crime de falso pela retratação posterior.
10.7 ACAREAÇÕES
10.9 INDÍCIOS
Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
Hoje em dia não há hierarquia entre as provas. Desta forma, a prova indiciária, se induvidosa,
cabal, sólida e veemente, é capaz de embasar uma sentença condenatória.
Obs
Os impedimentos e suspeições previstas ao Juiz, aplicam-se também aos Jurados, ao
representante do Ministério Público, bem como aos Peritos, Interpretes e funcionários da Justiça.
PRISÕES
Requisitos:
1. Quando for necessária para a conclusão do IP
2. Indiciado sem residência fixa ou sem identidade
3. Fundadas razões de autoria ou participação em um rol taxativo de crimes. Porém há a
possibilidade de incluir os crimes hediondos e equiparados que ali não estejam presentes,
como o terrorismo e a tortura.
homicídio doloso;
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223,
caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo
único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em
qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro
PRISÃO PREVENTIVA
Requisitos
Fumus comissi delicti indícios (fumaça) do cometimento do delito; indícios da autoria e
da materialidade do fato delituoso.
Periculum libertatis perigo que o indiciado representa quando solto, mostrat que a prisão
é necessária para:
Garantia da ordem pública
Garantia da ordem econômica
Conveniência da instrução criminal como quando o réu está destruindo provas,
ameaçando e/ou matando testemunhas
Assegurar a aplicação da lei penal como na possível fuga do indiciado
As duas primeiras são para o bem da sociedade, as duas últimas para o bem do processo.
Hoje a regra é só aplicar a prisão preventiva quando não for possível a aplicação de uma medida
cautelar. (Lei 12403/11). Algumas medidas cautelares são:
Apresentação periodicamente em juízo
Proibição de acesso ou freqüência a determinados locais para evitar prática de crimes
Monitoração eletrônica
O descumprimento de uma medida cautelar imposta é fundamento idôneo para decretar a prisão
preventiva.
PRISÃO EM FLAGRANTE
Situações flagranciais
1. Está cometendo a infração penal deve ter a certeza visual do crime
2. Acaba de cometê-la
3. É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser ele o autor da infração. Exige-se que essa perseguição seja
ininterrupta.
4. É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração. O prazo máximo para ter sido encontrado não pode
ultrapassar 8h.
Incisos 1 e 2 são chamados de Flagrante próprio, perfeito ou real.
Inciso 3 é Tb chamado de Flagrante imperfeito ou flagrante perseguição
Inciso 4 é Tb chamado de Flagrante presumido ou ficto.
Apresentação espontânea não autoriza prisão em flagrante. Pode, no máximo, pedir a prisão
preventiva ou temporária.