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Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA Edição Nº 75

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www.uniaoanarquista.wordpress.com | unipa@protonmail.com Agosto/Setembro
Dezembro/Janeiro -de 2016

2017: Da rebelião das bases


ao controle da burocracia.
O ano de 2017 prometia ser um ano de lutas radicais. Todo o cenário estava armado
para que as lutas em 2017 contivessem um caráter altamente explosivo, ampliando a
tensão entre base e burocracia. Nas ruas o que se viu foi o racha que existe hoje entre as
Centrais Sindicais e a classe trabalhadora. Se a última estava ali, em seu conjunto, para
defender os seus direitos e sua condição de vida, as Centrais lutavam pelos seus inte-
resses própriosAs diversas mobilizações demonstraram que o reformismo é incapaz de
agir fora da institucionalidade estatal, cumprindo diversas vezes o papel de repressão
e apaziguador do antagonismo de classe. O Ano de 2017 demonstrou que a saída é a
Greve Geral e avançar na proposta organizativa de construção do Congresso do Povo.

Nesta edição
hh 2017: Da Rebelião das Bases ao Controle da Burocracia (pág 2)
hh O Aumento da Violência de Estado contra o Povo( pag 3)
hh Na Luta contra a Burguesia e a Consolidação do Estado de
Exceção: Uma Análise Anarquista da Conjuntura Brasileira.(pag 4 e 5)
hh A Revolução de Rojava vencerá! (pag 6)
hh Todo Poder aos Sovietes: Os 100 anos da Revolução Russa (pag 7)
hh 1917 - 2017: 100 anos da Greve Geral no Brasil(pag 8)
2 Causa do Povo | nº 76 | Novembro/Dezembro de 2017

2017: DA REBELIÃO DAS BASES


AO CONTROLE DA BUROCRACIA.
O ano de 2017 prometia ser um ano de a Greve Geral de 28 de Abril (28A), com os pela pequena burguesia. Seu último passo foi
lutas radicais. Após um 2016 que foi marca- diversos recuos na construção, como no caso abandonar as mobilizações contra a Refor-
do pelas lutas estudantis com ocupações nas do Rio de Janeiro, onde as Centrais marca- ma da Previdência para o dia 5 de dezembro
escolas e universidades brasileiras e a luta ram um “Ato Show” com artistas e políticos. com a justificativa que a votação do texto da
contra PEC 241 (a pec do teto para os gastos Entretanto, trabalhadores de diversas cate- Reforma foi adiada. Como se o calendário da
públicos), que teve seu ápice no grande ato gorias demonstraram como se faz uma Greve classe trabalhadora tivesse que ser pautado
de 29 de novembro. Então, 2017 começou Geral estabelecendo piquetes, barricadas e no calendário da burguesia e de suas insti-
com a expectativa de greve geral contra as realizando um ato na ALERJ que foi reprimido tuições.
reformas neoliberais (trabalhista, previdên- pela polícia militar. Enquanto parcela signi-
Para enfrentar a burocracia sindical
cia) do governo Temer (PMDB). Todo o cená- ficativa da classe trabalhadora clamava por
e sua eterna política de desmobilização da
rio estava armado para que as lutas em 2017 uma nova greve geral, as centrais optaram
classe trabalhadora é fundamental desenvol-
contivessem um caráter altamente explosivo, por esfriar os ânimos. Ficou evidente a inca-
ver uma luta política e ideológica: denunciar
ampliando a tensão entre base e burocracia. pacidade de romper o cerco burocrático das
a função auxiliar da repressão policial da bu-
centrais por parte das bases.
O ano de lutas começou com os pre- rocracia sindical; denunciar seu projeto de
parativos para as mobilizações do dia 15 de absorver as lutas dos trabalhadores nos seus
março convocado pelas Centrais Sindicais, próprios interesses de partido, desorganizan-
pressionado pelas bases, que ocorreu em di- do a resistência para construir seu projeto de
versas capitais e cidades de todo o Brasil com “re” conquista do aparelho de Estado. Mas
números expressivos de manifestantes, 100 mais do que denunciar, construir o sindica-
mil para o Rio e 200 mil para São Paulo. A lismo revolucionário para romper o cerco do
pauta do momento foi a Reforma Trabalhista, sindicalismo de estado e socialdemocrata.
aprovada em julho, que está atingindo em
As diversas mobilizações demonstra-
cheio os direitos trabalhistas e aprofundará
ram que o reformismo é incapaz de agir fora
a precarização das relações de trabalho no
da institucionalidade estatal, cumprindo di-
Brasil. Já altamente precarizadas.
versas vezes o papel de repressão e apazi-
Entretanto, nas ruas o que se viu foi o guador do antagonismo de classe. No entan-
racha que existe hoje entre as Centrais Sin- to, o próprio reformismo tem procurado se
dicais e a classe trabalhadora. Se a última renovar com um verniz “libertário” na me-
Um mês depois, no dia 24 de maio,
estava ali, em seu conjunto, para defender os dida em que os setores revolucionários não
com o Ocupa Brasília ficou claro que o cami-
seus direitos e sua condição de vida, as Cen- conseguem avançar. O Ano de 2017 demons-
nho das lutas de 2017 deveria ser a combati-
trais lutavam pelos seus interesses próprios trou que a saída é a Greve Geral. Esta não
vidade preconizada por setores revolucioná-
que são, como nós indicamos no comunicado é a reunião de presidente de centrais num
rios. O método da Ação Direta se espalhou e
nº 50: “garantir o imposto sindical e garan- escritória, mas sim a articulação das diversas
até setores do reformismo (Conlutas) saíram
tir que as lutas aconteçam apenas enquanto greves pelas bases das categorias. È a unifi-
da passividade e passaram a atuar de manei-
alimentem a campanha Lula 2018.” E para cação das lutas e de apoio política a cada ca-
ra combativa, o que surpreendeu a própria
garantir seus objetivos, as Centrais coloca- tegoria em luta ou a um luta especifica. Para
burocracia sindical, que esperava uma situ-
ram seus famosos “bate-paus” para espancar a partir dessa solidariedade ocorrer diversos
ação mais tranquila em Brasília, como forma
militantes dissidentes, no Rio de Janeiro e no levantes nas cidades brasileiras que articule
de pressão parlamentar.
Ceará foram diversos os relatos de espanca- um duro golpe na reação burguesa e avançar
mento de homens e mulheres por militantes Novamente a burocracia sindical arre- na proposta organizativa de construção do
da CUT, Força Sindical e MTST. feceu as lutas e puxou uma mobilização para Congresso do Povo.
dia 30 de junho, que foi verdadeiro fracasso
A partir disso, ficou claro que a bu-
e aumentando o imobilismo de base diante
rocracia sindical tentaria controlar e impedir
do controle das centrais. Veja nossas principais analíses so-
qualquer acirramento nas próximas mobili-
bre as mobilizações desse ano em nos-
zações, já que o objetivo do momento era Enquanto isso, a burocracia sindical
sos comunicados Nº 50,53,55 dispo-
renovar a legitimidade do PT para construir (CUT, CTB) continuou praticando seu sindica-
niveis no site: https://uniaoanarquista.
uma base eleitoral para 2018, junto a isso lismo propositivo recorrendo a negociações
wordpress.com/documentos/comunicados/
buscava-se impedir que as bases lançassem palacianas e a uma campanha eleitoral en-
mão de formas de resistência que colocas- vergonhada (Caravana do Lula-PT), resposta
sem em xeque o poder da burocracia sindical. ao ataque político do judiciário, do imperialis-
mo e de parcela da classe dominante apoiada
Isso ficou claro com a convocação para
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 76 3

O AUMENTO DA VIOLÊNCIA
CONTRA O POVO: a expansão
do Estado Penal Policial.
aumento dos assassinatos das no Brasil, 71 são negras.
oriundos de intervenção policial Junto a esse dado, soma-se a
pulando de 400 casos em 2016 faixa etária com 47,8% dos as-
para 581 casos no presente sassinados serem jovens de 15 a
ano, uma taxa de quase 46%. 29 anos. Ou seja, a violência ur-
bana atinge em massa os jovens
Qual foi a resposta do Estado
negros das cidades brasileiras.
para esse aumento de violên-
cia? Mais repressão. No caso Justamente aqueles que estão
fluminense, o Estado definiu iniciando sua vida profissional e
uma política de intervenção encontrando as portas do merca-
das Forças Armadas e da For- do de trabalho abertas de forma
ça Nacional a partir de “ope- precária ou fechadas totalmente.
rações contra o tráfico de
A violência urbana que atinge
drogas” que no plano real só
hoje as cidades do Brasil é um fe-
servem para sitiar a população
nômeno gerado no seio do capi-
pobre que habita as favelas
As populações pobres e negras da periferia brasileira são o principal alvo do e satisfazer o militarismo da talismo e impulsionado por uma
Estado Penal Policial. política estatal racista e classista
burguesia brasileira e carioca.
A violência urbana cresce a nú- que pretende manter sob o espec-
estado do Rio de Janeiro. Em O Nordeste Brasileiro também tro da violência e da morte uma
meros alarmantes na esteira de
2017, o RJ viu seu número de apresenta números alarman- imensa camada da população que
um processo de desemprego
desempregados evoluir para tes, típicos de países em guer- vê seus direitos básicos sendo
em massa e da institucionaliza-
1,2 milhões de desempre- ra declarada, Das 150 cidades retirados a golpes de baioneta.
ção de um Estado Penal – Poli-
gados, ou seja, 50% a mais mais violentas, apenas 43 não
cial que tem como seu inimigo A desesperança causada pelo de-
em relação ao ano de 2016. ficam na região. De 2005 para
maior, as populações pobres e semprego empurra milhares de
negras das periferias brasileiras. Com o aumento dos números 2014, houve uma expansão da jovens para o tráfico de drogas
de desemprego, houve um au- taxa de homicídio de 16,2 para os transformando em soldados
Esse aumento da violência urba-
mento no número de homicí- 32,8 na região que é conside- de uma guerra do Estado con-
na com a escalada de conflitos
dio doloso que passaram de rada a mais violenta do Brasil. tra o Estado, se tornando nú-
armados nas periferias das gran-
2.472 para 2.723 (10,2%), os E quem são as vítimas? meros de uma guerra assimé-
des cidades e com o aumento das
de latrocínio (roubo seguido de trica, subterrânea e estatal que
taxas de crimes não estão des-
morte) aumentaram de 114 Segundo o Atlas da Violência se desenvolve contra a classe
colados da atual conjuntura de
para 138 ocorrências (21,2%), 2017 publicado pelo IPEA, a trabalhadora nas ruas, vielas e
readequação da estrutura pro-
junto à esses crimes houve o cada 100 pessoas assassina- guetos das cidades brasileiras.
dutiva brasileira aos moldes di-
tados pelo capital internacional. Encarar a desesperança e propor
Todo o aparato criado pelos go- uma saída para a classe traba-
vernos PT para garantir o bem lhadora deve ser tarefa dos revo-
estar do capitalismo em suas lucionários honestos que devem
aventuras em terras brasileiras abdicar das ilusões que tiverem
está sendo acionado agora pelos em relação ao Estado e buscarem
atuais governantes para aplicar a construção de comitês de auto
um regime de exceção nas cida- defesa para as populações pobres.
des brasileiras que visa garantir Como afirmamos em 2011, no
a contenção social a partir da im- auge dos processos de implan-
plantação do terrorismo de es- tação da Polícia Pacificadora no
tado contra uma imensa massa Rio de Janeiro e da espetaculari-
de desempregados e margina- zação das invasões policiais nas
lizados da economia brasileira. favelas: Nem crime organiza-
O aumento da violência urba- do, nem criminalização dos po-
na se apresenta concomitante bres - somente a luta de classes
com o aumento dos números A juventude é um dos principais alvos da violência estatal. Em 2016, 47,8% pode trazer a paz e a liberdade
de desemprego. Isso é no- dos assassinados tinham entre 15 e 29 anos. para o povo do Rio de Janeiro.
tável observando o cenário do
4 Causa do Povo | nº 76 | Novembro/Dezembro de 2017

A LUTA CONTRA A BURGUESIA E A CONSOL


UMA ANÁLISE ANARQUISTA DA CO
O governo Temer (PMDB-PSDB-DEM-PPS) eurocêntrica. Seja a pequena burguesia de
aprofundou todas as políticas neoliberais. Tem direita, seja a de esquerda, querem repri-
realizado uma verdadeira liquidação do país. A mir o protagonismo do novo proletariado.
tendência que se consolidou ao longo de 2017
Foi exatamente e essa fração de classe,
foi de que o PMDB, o PSDB e a burguesia pre-
que ao logo do capitalismo brasileiro foi se
tendem aumentar a superexploração sobre as
diversificando econômica, política e cultural-
trabalhadoras e trabalhadores para acompa-
mente. Antes do governo petista, a peque-
nhar as taxas de exploração das economias
na-burguesia em seu conjunto foi beneficia-
centrais, principalmente dos EUA. Para isso
da pela política de crescimento econômico
responderam e vão continuar a responder o
da Ditadura, que a agraciou com políticas
movimento de massas com repressão e terro-
de incentivo ao bens de consumo de luxo e
rismo de Estado, com avanço de uma violên-
uma parcela crescente de participação nos
cia sistemática e cada vez mais abrangente,
lucros do modelo desenvolvimentista. Essa
atingindo praticamente todas as frações da
política levou à profunda concentração de
classe trabalhadora. Aquelas categorias que
renda e desigualdade social no país, e gerou
fechavam os olhos para violência contra o
uma elite branca, conservadora e racista,
povo negro e a retirada de direitos de outros
concentrada em zonas ricas dos grandes
trabalhadores, nem isso mais podem fazer.
centros urbanos, que foi alimentada na ide-
Dessa maneira, a burguesia se move ologia anti-comunista geral e no medo dos
para aumentar exploração, ao mesmo tem- pobres e das classes perigosas, representada
po que as classes, frações e grupos que ar- pela ameaça da “favela e do crime” urbano.
ticularam a ascensão de Temer mobilizaram de burguesa impetrado pelo bloco so-
e contaram com apoio da pequena burguesia cialdemocrata, esse mesmo bloco que
integrada ao mercado (base da política neoli- A TIRANIA DO ESTADO E A CONSO- centralizou e organizou toda repressão
beral e de ultradireita) que teve importantes LIDAÇÃO DO ESTADO DE EXCEÇÃO estatal nos últimos 13 anos, com au-
perdas econômicas, fruto do próprio processo A tirania, o terrorismo de estado foi mento do Estado Penal e Policial, que
de desenvolvimento capitalista, mas culpabi- a forma que o Estado resolveu conter o sempre foi visível nas favelas e perife-
lizando o governo petista. A pequena bur- movimento de massa contra as reformas rias e no campo. Ainda importante ainda
guesia integrada ao mercado buscou atacar neoliberais do governo Temer. Ao mesmo destacar que o bloco socialdemocrata
a pequena burguesia dependente economica- tempo a crise interna no bloco conserva- não reverteu a concentração de renda.
mente do Estado (que é a base do reformis- dor e na burguesia se aprofundou, tendo (colocar um gráfico da concentração)
mo de esquerda) e uma pequena burguesia em vista os desdobramentos da Lava Jato
integrada ao mercado. Dessa maneira, am- O recrudescimento também
e da ação corporativa do MP, PF e Juízes.
bos os setores, os vencidos e derrotados, tem pode ser visto pelos massacres no
Como afirmamos a crise interna na bur-
uma profunda desconfiança do povo, o con- campo, como recentemente no Mato
guesia é um fator fundamental. No en-
sidera incapaz, e por isso, só crê em ações Grosso, Pará e Maranhão; pela caça-
tanto, seu momento de indecisão foi com-
voltadas para o Estado, reproduzindo assim da administrativa de trabalhadores do
binado com um grande recuo do bloco
o elitismo e a colonialidade fundante da so- serviço público e pela criminalização
socialdemocrata (PT, PCdoB, PSOL)
ciedade brasileira; e por fim, e a mais im- dentro da própria estrutura do Esta-
portante, essa pequena burguesia é unificada Nos Comunicados nº 46 e nº 47 ha- do, como no caso da CPI da FUNAI,
pelo racismo e pelo elitismo, elas não querem víamos indicados que a vitória do bloco bur- que envolve inclusive a criminalização
se misturar com a massa da população e só guês-conservador levaria a uma política de de procuradores da república. Dentro
concebem o Brasil em termos de uma política ajuste fiscal e aprofundamento da repressão do aumento da violência sistemática,
bem como uma ação no marco da legalida-
A classe social não é um grupo meramente econômico. A classe não é um grupo profissional apenas. Classe social é uma divisão da sociedade, que reúne critérios
econômicos, políticos e culturais. No capitalismo a classe dominante é a burguesia. Economicamente, a classe burguesa é definida por ser a proprietária da riqueza
ou da maior parte do produto econômico global, expresso nas suas propriedades individuais; politicamente, a classe burguesa controla os meios de poder político,
e como a sociedade burguesa é uma sociedade estatal, significa que ela controla o Estado e tenta eliminar outras formas de política para ter o monopólio do poder;
por fim, uma classe dominante exerce seu poder por meio da ideologia e da cultura, ao criar mitos de superioridade e padrões de distinção social para manter-se
separada das demais classes. Logo, quando falamos de pequena-burguesia, falamos de um setor inferior dessa classe, não os mais ricos e poderosos, mas aqueles
que compartilham suas crenças ideológicas e culturais e parte de seu poder político, mas estão numa esfera inferior do poder econômico. E isso é fundamental.
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 76 5

LIDAÇÃO DO ESTADO DE EXCEÇÃO:


ONJUNTURA BRASILEIRA
te depois do relativo sucesso da greve de A classe trabalhadora e o bloco
28 de abril, ainda que em grande parte autônomo, composto por sindicalistas,
dentro do parâmetro socialdemocrata. marxistas e anarquistas revolucionários,
necessitam aprofundar o trabalho organi-
zativo contra a burocracia sindical, contra
A LUTA CONTRA A BURGUESIA, o espontaneísmo e contra o individualis-
O ESTADO E O REFORMISMO mo. Organizar a autodefesa de massas
Com as mobilizações de 2017 ficou em cada local de estudo, moradia e tra-
claro que se agudiza duas contradições balho de modo que seja generalizado. Se
importantes que já havíamos observados preparar cada vez mais para o recrudes-
nos Comunicados nº 46 e nº 47: 1) a luta cimento da repressão e ampliação de um
contra a burguesia, o terrorismo de Estado, estado de exceção, que não necessaria-
o PMDB e as reformas neoliberais; 2) a luta mente seja uma “ditadura militar” clássica.
contra a burocracia sindical e o reformismo. A função dos anarquistas revolucio-
Temos assim, com a radicalização nários hoje é aprofundar o trabalho organi-
da luta de classe a confirmação de um zativo e agitativo, construir o Sindicalismo
cenário cada vez mais certo de estado de Revolucionário. É hora de intensificar a mo-
exceção. O bloco burguês-conservador re- bilização e não lobbys para convencer parla-
solveu caminhar para um recrudescimen- mentares. A estratégia da classe é a ação di-
to das políticas neoliberais que significará reta. Precisamos intensificar a mobilização.
o empobrecimento e a perca de direitos Além da greve geral, além do Fora
temos a condenação do Rafael Braga como do povo brasileiro. Não por acaso oficiais Temer, é preciso avançar na organização e
um recado para o proletariado marginal das das Forças Armadas já falam abertamente construção do poder popular. Por isso é hora
periferias e favelas que se insurgiram em em “intervenção”. Para isso, aumenta a de levar a proposta de convocação de um
2013 e na greve negra dos garis de 2014. escalada de violência e a generalização Congresso do Povo. O Congresso do Povo,
do terrorismo de Estado, ao mesmo tem- assim como os Sovietes russos, a Comuna
No dia 28-A vimos a militarização e o
po em que o bloco socialdemocrata tenta de Paris, os Cordões Industriais chilenos
uso indiscriminado da violência com clara
manter os protestos dentro da legalidade e é expressão do poder popular. Devemos
orientação para matar, como foi no caso de
sabotar a agitação de massas, se posicio- expressar a ruptura com a democracia bur-
Mateus (GO), da estudante que levou um
nando ainda como um partido da ordem. guesa ao criar um órgão de autogoverno.
tiro de bala de borracha na boca em MG
e da caçada no Rio de Janeiro. Importan- Enquanto o bloco socialdemocrata Esse Congresso do Povo não realizará a
te lembrar, que ação da PM contra Mateus anuncia que tomou um golpe e negocia tomada do poder, sabemos disso. Mas ele
aconteceu depois de uma delação da CUT, com os golpistas, a classe trabalhadora educará e exercitar a classe trabalhadora
que provocou a ação da PM contra os ma- resolveu que o golpe nos seus direitos se para a ruptura com o podre Estado burguês,
nifestantes do Bloco Autônomo em Goiânia. conquista com a greve geral, com ação educar na prática para o autogoverno.
direta da classe. A estratégia do bloco Nem as eleições diretas, nem indi-
A tentativa de manter as ilusões ins-
socialdemocrata, mesmo diante do terro- retas, irão solucionar a crise do ponto de
titucionais e da legalidade burguesa e por
rismo de estado e do Estado Exceção, ali- vista proletário. Por isso somente Fora Te-
isso manter a retórica do vandalismo dian-
mentando por eles durante mais de uma mer: Todo poder ao Congresso do Povo!
te da caçada e do terrorismo do Estado é
década, é garantir a legalidade burguesa
adotar uma atitude delatora, criminosa e
para as disputas eleitoras, promovendo
covarde. A pequena burguesia de esquer-
greves que não tenha nenhum impacto Justiça para as Vítimas da
da prefere manter sua legalidade e peque-
nos benefícios, cada vez menores, do que
real na acumulação de capital no Brasil.
E depois dirão que greve geral foi “sem
Brutalidade Policial!
combater integralmente as reformas neo-
liberais, o genocídio do povo negro, os as-
efeito”, que as massas não estão “prepa- Pela liberdade de Rafael Braga!!!
radas”. Essa estratégia derrotista é uma
sassinatos no campo e a tirania estatal. E
por sua vez, as tentativas de greve geral
estratégia oportunista, visa apenas pre- Greve Geral pela Base!
servar a burocracia sindical e realizar o
foram sistematicamente sabotadas pelos
trabalho de apoio a campanha “Lula 2018”.
partidos e centrais sindicais, principalmen-
6 Causa do Povo | nº 76 | Novembro/Dezembro de 2017

A Revolução de
Rojava Vencerá!
Um Estado Curdo nunca será uma solução para a questão curda, uma vez que composto por quatro blocos mi- manteve firme durante esses seis
isso desembocará numa luta com nossos vizinhos trazendo décadas de guerra litares. O governo Sírio liderado anos de guerra. Os EUA tem apoia-
contra os árabes, caos e muito sofrimento. Nós queremos impulsionar o confe- por Bashar Al Assad, do Partido do politicamente as Forças Demo-
deralismo democrático para as quatro parte do Curdistão. Um sistema federal Baath, que controla o Exército cráticas Sírias (Liberais, pró-capi-
democrático será mais libertário e democrático para nossa gente em Curdistão Atábe Sírio e apoiado pela Rússia. talismo), enquanto presta apoio
do Sul (norte do Iraque). Um Estado não garantirá a liberdade porque se trata O Exército Livre Sírio com apoio militar as forças curdas contra o
de um modelo burguês que oprime o povo a mando de suas elite. A era dos dos EUA, que contem forças opo- Estado Isâmico no norte da Síria.
“estados nações” acabou” sitoras, laicas e religiosas, desde
forças de extrema direita turca
Rojava: O Autogoverno
Bese Hozat, copresidenta da Grupos de Comunidades do Curdistão (KCK),
até grupos da Al Qaeda. O Es- Curdo sob influência do PKK.
tado IslÂmico do Iraque e Síria Por sua vez o PYD (Partido
Como já afirmamos em um tura de crise econômica e social (DAESH), apoiado pelo sunismo da Uniãoo Democrática) e (YPG
outro momento, a luta do PKK, na região. Por sua vez, apesar de wahabistas da Arábia Saudita e e YPJ) tem liderado uma verda-
YPG e YPJ, as principais forças vender o petróleo para Turquia, pela Turquia, através do AKP de deira revolução social, a partir
socialistas revolucionárias, entra- Erdogan não apoiou o referendo. Erdogan e por fim as Forças De- de Kobane e Rojava, defendendo
riam em um novo patamar, cada mocráticas da Síria, na qual fa-
A Turquia através de Er- o confederalismo democrático,
vez mais complexo, na medida em zem parte o YPJ e YPG, se cons-
dogan e de seu partido, AKP, tem uma forma de autogoverno, sem
que a derrota do Estado Islâmico tituindo como principais forças.
avançando na política de comba- estado. Essas forças tem
também significa a possibilidade
te aos curdos com mais centra- O avanço do DAESH e suas liderado o Movimento de Rojava
de ataque de aliados de momen-
lização do Estado, com viés con- ações na Europa fizeram com por uma Sociedade democrática,
to, desde americanos até russos.
servador-religioso racista e uma que um amplo leque de forças que não conta com apoio de Wa-
A proposta do confederalismo de-
política econômica neoliberal. militares atuassem de maneira shington. Em março de 2016 foi
mocrático, do autogoverno popu-
Todas as forças socialistas, co- coordenada, enquanto se man- formada a Federação do Norte da
lar, em Kobane, Rojava e Shinjar
munistas, anarquistas e progres- tém as disputas políticas. E na Síria, com base no Confederda-
(área de maioria Yazidi) são as de-
sistas tem sido perseguidas pelo medida que se derrota o DAESH, lismo Democrático, que consiste
monstrações de esperança vindo
governo Turco. O HDP, partido ou retira os territórios de suas numa livre associação de tribos,
do polo revolucionário socialista e
curdo que disputava as eleições mãos, as disputas têm se acirra- bairros e cidades que formam
de liberdade na brutal da Guerra
na Turquia, desde 2015, quan- do, tanto pelo controle da Síria, uma federação. Por outro lado, a
na Síria que já matou milhares de
do teve expressiva votação, vem quando pela situação Curda que Rússia sugeriu uma federalização
homens, mulheres e crianças e au-
sofrendo uma brutal perseguição envolve Turquia, Irã e Iraque. do Estado Síria em base multiét-
mentou o drama dos refugiados.
política, e a principal liderança do nicas, mudando também o nome
Como mais um capítulo do A ação fundamental das
PKK, Abdullah Öcalan é mantindo de República Árabe da Síria para
complexo conflito na região, no unidades de proteção aos povos
encarcerado pelo AKP de Erdo- República Síria com autonomia da
dia 25 de setembro, o Curdistão e as mulheres (YPJ/YPG) no com-
gan sem que sequer sua famí- região curda. O projeto de auto-
iraquiano, liderado por Barzani bate ao DAESH, imprimindo suas
lia possa visitá-lo desde 2011. governo defedendido pelas forças
(Pashmerga – burguês pró capi- primeiras derrotas fez com que
democráticas da Síria de avan-
talista), fez um referendo de inde- Turquia, Estados Unidos, americanos e russos apoiassem
çado, apesar das dificuldades.
pendência da região autônoma do Arábia Saudita e Qatar desempe- as ações militares dos grupos.
norte do Iraque, de maioria cur- nharam papel fundamental para O PYD com YPJ/YPG controlam
da, em torno de 5 milhões, numa o surgimento do DAESH (Estado grande parte do norte da Síria, A Revolução de Rojava
região que faz fronteira com Irã Islâmico), assim como Israel e região também em rica em petró-
e Turquia e rica em petróleo, que Reino Unido, como forma de ata- leo. No entanto, tal situação pre- Vencerá!
levou ao conflito com o governo car as autocracias nacionalistas ocupa a Turquia, uma vez que é
central do Iraque, com sede em arábes, como do Iraque e da Síria. nessa fronteira que se concentra Morte ao Imperialismo e
Bagdá, pelo controle da cidade Ki- Importante ressaltar que a Arábia o maior contingente de curdos. ao DAESH!
rkuk. O parlamento do Curdistão Saudita financia o sunismo wah- Por sua vez, os EUA, e a União
Iraquiano está paralisado a mais bita, a base de boa parte do fun- Europeia e a OTAN, tem clara Pelo Socialismo e Autogo-
de dois anos, enquanto o partido damentalismo religioso do Islã. intenção de tirar o governo de
de Barzani (KDP) tem centralizado O complexo tabuleiro mi- Bashar Al Assad (Baath), apoia- verno das massas!
cada vez mais poder, numa conjun- litar da guerra civil na Síria é do pelas governo russo e que se
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 76 7

TODO PODER
AOS SOVIETES!
DO AUTOGOVERNO DAS TRABALHADORAS
E TRABALHADORES À SUA DESTRUIÇÃO.
e nacionalista, não rompe com anarco-comunismo internacional
Em Outubro de 2017 se co- revolução permanente ou etapista a perspectiva de uma revolu- representado na Rússia pelo in-
memoram 100 anos da Revolução e do industrialismo do marxismo. ção por etapas, com a instaura- dividualismo literário de Tolstoi e
Russa. Talvez um dos processos E como ela foi sucessivamente ção de um Estado de transição pelo educacionismo de Kropotkin.
históricos mais importantes já mostrando suas contradições e do capitalismo ao comunismo.
O exército insurrecional
vivenciados pela humanidade, a permitindo a integração sistêmi- Em outubro de 1917, as traba- submetido ao sovietes de Gu-
Revolução Russa é um dos maio- ca do marxismo. Isso fica explíci- lhadoras e trabalhadores definem lai Polé teve importância desta-
res exemplos de luta e vitória da to pelo desenrolar da própria luta fazer uma insurreição, que são cada nas batalhas ocorridas em
classe trabalhadora mundial. É revolucionaria. O setor marxista primeiramente negadas pela dire- território ucraniano. Combaten-
um exemplo de como os gover- que conseguiu se tornar dirigen- ção Bolchevique, tendo a linha de do contra os exércitos do impe-
nados, explorados e oprimidos te da revolução foi exatamente o Lenin e Trotky, de apoio a insur- rialismo e se aliando ao Parti-
passaram a dirigir suas vidas setor que rompeu com a Interna- reição vencido depois da negação do Bolchevique, os camponeses
num verdadeiro ímpeto democrá- cional Social Democrata em razão (duas vezes) da direção partidária. ucranianos deram provas reais
tico de formação de autogover- da sua posição diante da Guerra. da capacidade de organização e
no, já ensaiado em 1905, a par- A revolução de outubro foi
A Revolução Russa também efetividade da teoria anarquista.
tir de influências do anarquismo. então o assalto aos céus tendo
nos ensina como as trabalhadoras camponeses e operários derruba- Após derrotar o Exército In-
Em 1917,o Império Russo se e trabalhadores e camponesas e do o Estado Burguês e formado surrecional derrotar os exércitos
encontrava em total decadência camponesas arrastaram as for- inicialmente um autogoverno das inimigos, o Exército Vermelho,
com a miséria dos trabalhado- ças políticas para revolução e seu trabalhadoras e trabalhadores sob liderança de Trotsky, orde-
res, a fome dos camponeses e o avanço em direção ao socialismo, com base na livre federação, sob na o ataque ao Exército liderado
extermínio dos soldados envolvi- se transformando em “vanguar- liderança do partido Bolchevique por Nestor Makhno, obrigado a
dos na I Guerra Mundial, quando das” da revolução enquanto as di- e dos Socialistas Revolucionários. se exilar, onde se tornará um dos
em fevereiro de 1917, um go- reções partidárias insistiam na po- principais teóricos do anarquis-
verno de coalização socialdemo- lítica de transição e na assembleia Com a reação da nobreza, dos
mo, lançando no exílio junto com
crata assumiu as rédeas do país, constituinte. A greve de tecelãs, senhores de terra e da burguesia
camaradas combatentes a revis-
mantendo a intenção de forma- a insurreição, a tomada de ter- teve início uma guerra civil que se
ta Dielo Truda (Causa Operária).
ção de uma governo provisório ra nos campos e a reconstituição alastrou por todo território russo e
Esse documento será responsável
tipo democrático-burguês, po- dos Sovietes é o exemplo disso. pelos países do entorno. Durante
por estabelecer os debates acer-
sição também defendida pelos a guerra civil temos a instauração
Depois de formado o governo ca da Plataforma Organizacio-
Mencheviques e Bolcheviques. de uma comunismo de guerra,
provisório, em fevereiro de 1917 nal dos Comunistas Libertários.
tendo em vista também o cerco
Na Rússia pré-revolucionária as duas alas da social-democracia internacional. Também se iniciou Conforme afirma Makhno, “O
a composição do movimento de russa, Mencheviques e Bolchevi- o processo de constituição de uma mês de Outubro de 1917 é uma
massas se dava da seguinte ma- ques, começavam a confluir para autoridade central a partir de Mos- grande etapa histórica da Revo-
neira. Existiam duas grandes or- o apoio a uma revolução demo- cou, e portanto, um processo de lução russa. Esta etapa consis-
ganizações partidárias, o Partido crática-burguesa. Só quando Lê- reação e ultracentralização do po- te na tomada de consciência dos
Operário Social-Democrata(filia do nin retorna a Rússia defendendo der. Já em dezembro de 1917 é for- trabalhadores - das cidades e do
a II Internacional) e o Partido So- uma outra linha programática, mada a polícia política Tcheka que campo - dos seus direitos de con-
cialista Revolucionário. Os grupos praticamente revisionando a li- será responsável pela perseguição trolar as suas próprias vidas e o
anarcocomunistas eram represen- nha política marxista, é que essa de anarquistas e revolucionários seu patrimônio social e econô-
tados por inúmeros pequenos gru- confluência começa a ser rompi- contrário a centralização de poder. mico: o cultivo da terra, as habi-
pos locais. Todos os grupos eram da. Seria necessário passar das tações, as fábricas, as minas de
subdivididos em correntes de di- tarefas democráticas (derruba- Entre Julho e setembro de 1917
carvão, os transportes e, enfim,
reita e esquerda (melhor exempli- da da monarquia) as tarefas so- os anarco-comunistas da região de
a instrução, que servia outrora
ficada pela histórica divisão entre cialistas. Em consonância com a Goulai-Polé, Na Ucrânia, se mobi-
para destituir os nossos ante-
bolche viques e mencheviques), pressão dos operários, soldados lizaram organizando Uniões Ope-
passados de todos esses bens.”
mas os SR e anarquistas também. e componeses passa a defender a rárias e Camponesas e rompem
supressão do Exército, da Polícia com os organismos de poder do 100 anos depois, devemos
Podemos dizer que o pro- governo provisório. São organiza- utilizar a Revolução Russa e a
e da Burocracia, a formação de
cesso revolucionário russo se dos Comitês agrários com os cam- atuação da Makhnovtchina como
um “Estado Tipo-Comuna”. De-
desenrolou em torno de duas poneses que se vinculam aos So- exemplo para a organização do
fende a organização dos sovietes
questões fundamentais: a posi- vietes de Deputados Camponeses, povo trabalhador e como aspi-
de operários e camponeses e o
ção frente a derrubada da mo- Operários, Soldados e Cossacos. ração para a libertação da clas-
combate ao governo provisório,
narquia e a posição ante a Pri- se trabalhadora. Seus caminhos
posição que sofreu ataque interno. A formação do exército negro
meira Guerramundial imperialista. e descaminhos devem ser mapa
Mesmo rompendo com a po- (makhnovtchina) pelos campone-
Na dinâmica da revolução para guiar os revolucionários do
lítica da II Internacional e acei- ses de Gulai Polé com a liderança
russa podemos encontrar a expe- século XXI, guardando os acer-
tando a luta clandestina e ne- destacada de Nestor Makhno de-
riência de aplicação da teoria da tos e solucionando os erros.
gando a redução parlamentarista marca também a contraposição do
8 Causa do Povo | nº 76 | Novembro/Dezembro de 2017

1917-2017: UM SÉCULO
DA GREVE GERAL
Com a atuação do Comi- O movimento grevista
tê, no dia 11 de julho 54 fábri- também tinha de espalhado
cas aderiram ao movimento de por outras cidades paulistas,
greve. No dia 12 foram os pa- Santos, Sorocaba, Jundiaí e
deiros, leiteiros, trabalhadores Campinas. Em Campinas des-
das companhias de gás e de luz taque-se a atuação da Liga
também paralisaram. A greve Humanitária dos Homens de
geral havia sido deflagrada. Cor, organização de operá-
Sem luz, sem gás e, conse- rios negros. O movimento ain-
quentemente, sem transporte, da atingiu o sul do país, com
a cidade de São Paulo parou. greves no Rio Grande do Sul
A organização da greve con- e o nordeste, com greves em
tou não só com o Comitê, mas Pernambuco.
também com as organizações As Reinvindicações dos Operários Brasileiros
locais dos trabalhadores e tra- durante a Greve Geral de 1917:
Operários marcham para o Enterro de José Martinez, morto pela polícia duran- balhadoras reunidos nas ligas
te uma greve. Sua morte será um dos estopins para a Greve Geral de 1917. - Que sejam postas em liberdade todas as pes-
operários dos bairros. Assim, soas detidas por motivo de greve;
No mês de julho de 1917, se, a luta contra ao custo de as adesões cresciam e as ma-
na cidade de São Paulo, os tra- vida, a precariedade do traba- nifestações se radicalizavam. A - Que seja respeitado do modo mais absoluto
balhadores deflagraram aquele lho, as desigualdades salariais, repressão não conseguia conter o direito de associação para os trabalhadores;
que se tornaria o maior grevis- pois as mulheres recebiam a o movimento, mesmo depois - Que nenhum operário seja dispensado por
ta do Brasil até visto. Aproxi- metade do salário dos homens, de dois outros assassinatos e haver participado ativa e ostensivamente no
madamente 100 mil trabalha- enquanto as crianças recebiam da prisão de diversos grevistas, movimento grevista;
dores, homens, mulheres e apenas 10%, moviam os traba- principalmente das lideranças - Que seja abolida de fato a exploração do
crianças, paralisaram a capital lhadores na adesão à greve. anarquistas. trabalho de menores de 14 anos nas fábricas,
paulista.
No dia 9 de julho o sa- Diante da organização e oficinas etc.;
A deflagração da greve pateiro Jose Ineguez Matinez, da capacidade de resistência - Que os trabalhadores com menos de 18
ocorreu no bairro industrial da militante anarquista de origem dos grevistas, os empresários anos não sejam ocupados em trabalhos no-
Mooca, pelos operários e ope- espanhola, morreu em decor- e o governo começaram a ce- turnos;
rárias da fábrica têxtil Cotoni- rência de um tiro disparado pela der às reivindicações operárias. - Que seja abolido o trabalho noturno das
fício Crespi, que reivindicavam polícia. A revolta pelo assassi- Os empresários se comprome- mulheres;
aumento salarial de 10 a 20% nato do operário Jose Matinez teram com o aumento de 20%
e eram contra a extensão do se generalizou e o momento sobre os salários em geral, - Aumento de 35% nos salários inferiores a
horário de trabalho noturno, cresceu ainda mais. $5000 e de 25% para os mais elevados;
respeitar a liberdade de orga-
imposto pelos donos da fábrica. nização operária, não demitir - Que o pagamento dos salários seja efetuado
Também no mês de julho
Os operários e operá- foi criado o Comitê de Defesa ninguém por motivo de greve pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar,
e pagar os salários da primeira 5 dias após o vencimento;
rias da estavam organizados Proletária, com o objetivo de
na Liga Operária da Mooca, garantir a organização e a con- quinzena de julho. Já os com- - Que seja garantido aos operários trabalho
cuja secretária era a operária tinuidade do movimento grevis- promissos do governo foram: permanente;
Maria Angelina Soares. Assim, ta. A formação inicial do Comitê libertar todos os grevistas pre-
- Jornada de oito horas e semana inglesa;
quando os donos das da fábri- contava com as ligas operárias sos, reconhecer o direito de li-
berdade de organização operá- - Aumento de 50% em todo o trabalho ex-
ca partiram para a repressão, da Mooca e do Belenzinho, das traordinário.
ameaçando os grevistas de de- ligas operárias das diversas ca- ria, fiscalizar a alta dos presos,
missão, o movimento expandiu tegorias em greve, do Centro regulamentação do trabalho
para outras fábricas. Libertário de São Paulo e do infantil e feminino e estudar
Centro Socialista de São Pau- restrições do trabalho noturno
A polícia reprimia as ma- de mulheres e crianças. Com
nifestações, entretanto, mais e lo. O operário tipógrafo, nasci-
do no interior de São Paulo, o as reivindicações atendidas, a
mais trabalhadores e trabalha- greve foi suspensa no dia 16 de
doras aderiram ao movimento. anarquista Edgard Leurenroth
foi eleito secretário do Comitê julho.
Além da solidariedade de clas-
de Defesa Proletária.

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