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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL


FITOPATOLOGIA APLICADA (DPV 05381)

CONTROLE CULTURAL DE DOENÇAS DE PLANTAS


Prof. Celson Rodrigues

1. INTRODUÇÃO
O controle cultural das doenças consiste basicamente na manipulação das condições de
pré-plantio e durante o desenvolvimento do hospedeiro, em detrimento ao patógeno,
objetivando a prevenção ou a interceptação da epidemia por outros meios que não sejam a
resistência genética e o uso de agrotóxicos. O objetivo primário do controle cultural é reduzir
o contato entre o hospedeiro suscetível e o inóculo viável, de maneira a reduzir a taxa de
infecção e o subseqüente progresso da doença. De um modo geral pode considerar-se que
as medidas de controle cultural visam evitar a doença ou suprimir o agente causal
objetivando a obtenção de plantas sadias, mais do que controlar o agente causal.

A maioria dos fitopatógenos apresenta uma fase em seu ciclo vital caracterizada pelo
parasitismo, na qual ocorre a exploração nutricional do hospedeiro pelo parasita. Em
conseqüência, são observados os sintomas e os danos correspondentes. Alguns parasitas,
denominados necrotróficos, têm a faculdade de, após a senescência da planta cultivada,
continuar a nutrir-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo biológico é caracterizada pelo
saprofitismo. Nos intervalos entre períodos de parasitismo, os patógenos encontram-se em
um ambiente menos favorável e, provavelmente, mais vulnerável às práticas de controle
cultural. O conhecimento da biologia de um fitopatógeno leva ao entendimento de onde,
como e por quanto tempo ele sobrevive na ausência da planta hospedeira cultivada e de
como pode ser racionalmente controlado.

É importante salientar que o uso destas técnicas, isoladamente, quase sempre é insuficiente
para chegar a um controle adequado da doença. O uso de combinações destas técnicas,
aliado ao emprego de outras formas de controle de doenças, como o controle químico e o
controle genético, no entanto, é altamente eficiente e recomendável.

2. ESTRATÉGIAS E MEDIDAS PARA O CONTROLE CULTURAL


2.1. ELIMINÇÃO OU REDUÇÃO DO INÓCULO INICIAL

Rotação de culturas – é a prática mais antiga para o controle de doenças. Com ela reduz-
se a sobrevivência de fitopatógenos pela eliminação das plantas hospedeiras e/ou pela
decomposição dos restos culturais. O princípio de controle envolvido na rotação de culturas
é a supressão ou eliminação do substrato apropriado para o patógeno. A ausência da planta
cultivada anual (inclusive as planta voluntárias e os restos culturais) leva à erradicação total
ou parcial dos patógenos necrotróficos que dela são nutricionalmente dependentes. A
eliminação dos resíduos culturais, durante a rotação de culturas, é devida à sua
decomposição pelos microrganismos do solo. Durante o processo de decomposição, os
fitopatógenos associados aos resíduos são destruídos pela microbiota. Sob este ponto de
vista, a rotação de culturas constitui-se, também, numa medida de controle biológico.
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Controle cultural de doenças de plantas
As características dos patógenos mais afetados pela rotação de culturas:

a) Sobrevivem pela colonização saprofítica dos restos culturais do hospedeiro e têm baixa
habilidade de competição saprofítica;

b) Não apresentam estruturas de resistência (clamidosporos, escleródios, oosporos, etc.);

c) Apresentam esporos pesados, transportáveis pelo vento a distâncias curtas, ou esporos


leves, transportáveis pelo vento ou respingos de chuva a distâncias curtas (Septoria,
Colletotrichum e Phomopsis).

d) Têm pouco ou nenhum hospedeiro secundário.

Assim fungos como Rhizoctonia solani (alta capacidade de competição


saprofítica,estruturas de resistência e ampla gama de hospedeiros); Fusarium, Sclerotium,
Sclerotinia, Verticillium, Pythium (estruturas de resistência e ampla gama de hospedeiros) e
Pyricularia grisea (esporos leves, dispersos pelo vento a longa distância) são patógenos
para os quais a rotação não é eficiente como medida de controle.

Quadro 1: Fatores do patógeno, do hospedeiro e do ambiente que afetam a


potencialidade do controle cultural.

Perspectivas para o controle cultural


Fatores
Aumentam quando Diminuem quando
Patógeno
Dispersão do inóculo Água Vento
Taxa de crescimento de
Lenta Rápida
inóculo
Faixa de temperatura para
Estreita Larga
desenvolvimento
Suscetibilidade do inóculo ao
Alta Baixa
calor e dessecação
Hospedeiro
Disponibilidade de tecido
Limitada Abundante
suscetível em qualquer época
Adaptabilidade a várias
Ampla Estreita
condições de crescimento é
Ambiente
Condições em geral, em
Sub-ótimas, pelo menos em
relação ao ótimo para Tendem para o ótimo
algumas estações
crescimento
Distribuição anual de chuva Desuniforme Uniforme
Ocorrência de períodos
Freqüente Não freqüente
secos
Diferenças entre mínimas e
Amplas Limitadas
máximas de temperatura são
Radiação Alta Baixa

A rotação de culturas é medida eficiente no controle de Rhizoctonia solani?


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Controle cultural de doenças de plantas
Certamente não, pois esse patógeno produz escleródios, possui vários hospedeiros e é
considerado habitante natural do solo, com grande capacidade de competição saprofítica.

A rotação de culturas resolve o problema da ferrugem do feijoeiro?

Não, pois Uromyces appendiculatus é parasita obrigatório e, com ou sem rotação, ele não
permanece no local (se não existirem feijoeiros vivos presentes), bem como é disseminado
pelo vento à longa distância.

A rotação de culturas é prática interessante no sistema de plantio direto?

Sim. No controle de patógenos necrotróficos é, praticamente imprescindível, porque a


prática agrícola da semeadura direta aumenta a sobrevivência, multiplicação e infecção dos
fitopatógenos necrotróficos, dado que os restos culturais são deixados na superfície do solo.

Eliminação dos restos culturais - o efeito da eliminação dos restos culturais é similar ao
da rotação de culturas. Procura-se eliminar os substratos onde os patógenos sobrevivem e
possam esporular. A eliminação pode ser efetuada pela remoção e queima, compostagem
ou o enterrio dos restos, para que sejam mais facilmente decompostos. É de grande
importância, principalmente em cultivos protegidos.

Incorporação de matéria orgânica – vários tipos de matéria orgânica podem ser


incorporados ao solo, aumentando a quantidade de nutrientes (principalmente nitrogênio),
melhorando a estrutura, etc. Em várias situações tem-se observado acréscimo da
população de microrganismos benéficos do solo. Esses podem competir com fitopatógenos,
reduzindo sua população.

Inundação – a inundação do solo por períodos longos pode reduzir a população de certos
fitopatógenos (Fusarium, Sclerotinia sclerotiorum, nematóides, etc.), principalmente pelo
efeito da falta de oxigênio. Acredita-se, também, que organismos anaeróbicos prevalecem e
podem parasitar as estruturas de sobrevivência de patógenos.

Drenagem - a drenagem reduz as condições de umidade do solo, desfavorecendo alguns


fungos como Phytophthora e Pythium, reduzindo as doenças causadas pelos mesmos no
sistema radicular e colo das plantas.

2.2. REDUÇÃO NA TAXA DE PROGRESSO DA DOENÇA

Manejo da densidade de plantas – pode-se manejar a densidade de plantas por unidade


de terreno pela modificação da densidade de plantio, do espaçamento e de desbaste. Em
todas essas situações espera-se afetar o microclima pelas alterações em umidade relativa,
luminosidade e ventilação. Essas alterações podem ser importantes, principalmente para
controlar patógenos da parte aérea, como Pyricularia grisea, causador da brusone do arroz.

Poda – os efeitos positivos da poda no controle de patógenos devem-se a duas


conseqüências: tornar o microclima desfavorável a patógenos e reduzir o inóculo no campo.

Eliminação de plantas vivas doentes (“roguing”) - durante o ciclo da cultura, pode-se


eliminar plantas doentes, de modo a reduzir a quantidade de inóculo produzido. Essa
prática é adequada, principalmente se pensarmos em cultivo protegido.

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Controle cultural de doenças de plantas
Controle de plantas invasoras - as plantas invasoras, além de competir com as cultivadas
por nutrientes e água, podem atuar no microclima pelo sombreamento e aumento da
umidade relativa. Ademais, elas podem ser hospedeiras de fitopatógenos, principalmente
vírus e seus vetores. O controle de plantas invasoras pode reduzir o inóculo inicial (quando
hospedeiras de fitopatógenos) e a taxa de progresso da doença (na modificação do
microclima).

Manejo da irrigação - o manejo adequado da irrigação pode reduzir a intensidade de várias


doenças, como o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), mofo cinzento (Botrytis cinerea) e
doenças foliares causadas por fungos e bactérias. O tipo de irrigação afeta várias doenças;
por exemplo, a irrigação por aspersão pode dispersar patógenos, como Colletotrichum spp.
e bactérias, e por formar microclima adequado à infecção. Provavelmente a irrigação por
gotejamento afete menos o progresso de doenças e seria o melhor tipo para reduzir a
intensidade de doenças.

2.3. ESCAPE DAS PLANTAS À INFECÇÃO POR PATÓGENOS

Seleção do local de plantio – a seleção do local apropriado para o plantio da cultura é o


primeiro passo para se obterem plantas sadias. Prestar atenção a ocorrências anteriores de
doenças no local, sombreamento, geadas, encharcamento, etc.

Seleção da época de plantio - as épocas de plantio podem ser antecipadas ou retardadas,


dependendo da doença. Basicamente o que se procura com a modificação da época de
plantio é “escapar” de condições de microclima adequadas à doença.

Material propagativo sadio - várias doenças são transmitidas por sementes e mudas.
Material propagativo de procedência segura quanto à sanidade é indispensável quando da
instalação de uma cultura.

Manejo da profundidade de plantio – Alguns patógenos são mais danosos a plantas


quando estas se encontram no início do desenvolvimento. Sementes plantadas mais
profundamente fazem com que as plântulas demorem mais a emergir no solo, expondo-as
por mais tempo ao ataque (ex: Rhizoctonia solani, que causa tombamento em algodão,
batata, feijão, cafeeiro, etc.).

Regulação do crescimento – Dosagens adequadas de sementes no plantio, evitando-se a


competição entre plantas, fornecimento adequado de água na irrigação, fertilizantes, etc.
permitem que as mesmas expressem mais facilmente seu potencial de produção e reduzem
sua predisposição a patógenos.

3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
th
AGRIOS, G.N. Control of plant diseases. In: AGRIOS, G.N. Plant pathology. 4 ed. San
Diego: Academic Press, 1997. p.171-221.

PALTI, L. Cultural practices and infectious crop diseases. Berlin: Springer 1981. 243p.

REIS, E.; FORCELINI, C.A. Controle cultural. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.;
AMORIM, L. (Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo:
Agronômica Ceres, 1995. v.1, p.710-716.

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Controle cultural de doenças de plantas
REIS, E.M.; CASA, R.T.; HOFFMANN, L.L. Controle cultural de patógenos radiculares. In:
MICHEREFF, S.J.; MENEZES, M. Patógenos radiculares em solos tropicais. Recife:
Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2000. (no prelo).

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