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1 Árvores e eixos 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Números normalizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Alguns aspectos construtivos e recomendações de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5 Comentários a respeito de materiais para eixos e árvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.6 Modelagem de eixos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.6.1 Problemas típicos no projeto de eixos e árvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.6.2 Modelo de viga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.7 Tipos de carregamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 Cargas de impacto 34
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Análise aproximada de impacto linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3 Análise aproximada de casos especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4 Análise aproximada de impacto torcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.5 Consideração aproximada do peso da estrutura no cálculo da deflexão . . . . . . . . . . . . . 42
3.6 Problemas propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1
4 Conceito de tensões e deformações 50
4.1 Elasticidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1.1 Forças e tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1.2 Notação para forças e tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.3 Componentes de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.4 Componentes de deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.5 Lei de Hooke . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
7 O problema de torção 96
7.1 Equações diferenciais de equilíbrio tridimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
2
8.22.1 Cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.22.2 Compressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.23 Compressão no Eixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.24 Compressão no Cubo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.25 Dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.26 Eixos Ranhurados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
3
Capítulo 1
Árvores e eixos
1.1 Introdução
Inicialmente, para uniformizar a nomenclatura, é necessário definir corretamente a terminologia usada
para definir os elementos de máquina que são tratados neste capítulo.
O termo eixo se refere a um membro relativamente longo de seção transversal circular que suporta
elementos que giram sobre eles (em mancais). Os eixos não transmitem torque. Segundo a ABNT, eixo é:
“peça fixa ou móvel em torno da qual gira outra, trabalhando apenas a flexão”.
O termo árvore se refere àquele um elemento rotativo ou estacionário, geralmente de seção circular, que
tem montado sobre si elementos para a transmissão de potência. As árvores podem estar submetidas a
esforços de flexão, torção, tração ou compressão, atuando isoladamente ou em conjunto. Segundo a ABNT,
árvore é: “peça geralmente alongada, que transmite potência por torção”.
Nas Figuras 1.1 e 1.2 são mostrados um caso típico de eixo, enquanto que na Figura 1.3 uma árvore.
O termo mancal se refere aos pontos da estrutura onde os eixos ou árvores se apoiam. Os mancais,
em função da forma em que suporta as cargas de operação, são classificado como: radial (suporta apenas
carga radial), de escora (também conhecido como axial e tem a característica de suportar apenas cargas
axiais) e mixto (suportam cargas axiais e radiais). Os mancais, construídos segundo vários princípios de
funcionamento, têm o objetivo de reduzir o atrito entre o eixo e a estrutura do equipamento. Os man-
cais mais comumente empregados na construção de máquinas são: rolamentos (de esferas e de cilindros),
hidrodinâmicos, hidroestáticos, aeroestáticos, magnéticos etc.
O termo moente se refere a parte dos eixos e das árvores que se move nos mancais.
Depois desta introdução, é necessário, para o bom andamento do desenvolvimento que será feito ao longo
1
Capítulo 1 - Árvores e eixos 2
Eixo
(Torção)
Eixo cardan
(Torção)
Eixo
(Torção)
Na Figura 1.4 são apresentadas as séries geométricas R5, R10, R20 e R40 (DIN 323) de números nor-
malizados.Vale salientar que os números das séries normalizadas podem ser estendidos para valores maiores
ou menores do que os apresentados nesta figura, simplesmente pela multiplicação de potências positivas ou
negativas de dez (10).
Na Figura 1.7, DIN 3, são apresentadas medidas normalizadas para construção de máquinas.
Na Tabela 1.2, está transcrita parte da norma DIN 114, que trata da normalização dos diâmetros 0 d 0 de
eixos de transmissões.
Para o caso de máquinas elétricas, as pontas de eixo são normalizadas pela DIN 42943.
1.3 Comentários
As formas construtivas dos eixos e das árvores são determinadas de acordo com a aplicação destes
elementos, com o caráter e a magnitude dos carregamentos impostos, pela forma empregada e a tecnologia
de sujeição de outras peças sobre estes elementos, com as condiçoes de montagem do elemento no conjunto,
com a tecnologia de sua fabricação etc.
Os diâmetros dos munhões dos lugares de montagem de outros elementos de máquinas, tais como rola-
mento, retentores, engrenagens, polias, discos etc, devem ser eleitos de acordo dimensões normalizadas, tais
como os apresentados na Figura 1.7, ou de outra norma. Porém em árvores ou eixos com muitos escalonamen-
tos, o emprego de medidas normalizadas pode ser inviável e assim pode-se usar dimensões não padronizadas
para aqueles locais onde não estão previstos a montagem de outros componentes sobre o eixo.
O emprego de eixos e árvores vazadas tem tido uma boa aceitação, pelos projetistas atuais, em virtude
das suas vantagens em relação aos eixos maciços. Algumas destas vantagens são listadas a seguir:
• Melhor aproveitamento do espaço (podem ser montados outras árvores ou colocados elementos de
controle no interior do eixo vazado)
Não pode ser esquecido, como desvantagem, que os eixos e árvores vazadas podem resultar mais caras
em função da sua fabricação.
d
No caso a) da Figura 1.8, o arredondamento é de um arco de círculo (r > 10 ), no caso b) o arredondamento
é de um arco de elipse, o qual, segundo Dobrovolski [2], aumenta a resistência a fadiga do componente entre
10 e 20% ). No caso c) o fator de concentração de tensões efetivo se reduz para aproximadamente 1, porém
não é possível montar elementos , tais como engrenagens, rolamentos e retentores, nas suas proximidades,
já que a distância exigida para a transição das duas seções é aproximadamente 1, 6 d. Os arredondamentos
com rebaixos, tal como o do caso d) são vantajosos pois permitem que seja utilizado todo o comprimento de
assento da parte da árvore/eixo com menor diâmetro.
Em determinadas situações onde é prevista uma ranhura para a saída de rebolos de retíficas, tal como
mostrado no caso e) da Figura 1.8, há uma forte concentração de tensões. O emprego destas ranhuras é
admissível somente em regiões pouco carregadas das árvores/eixos. Quando estas ranhuras não podem ser
evitadas, podem ser usadas ranhuras de alívio, como as mostradas no caso f), as quais também têm uma
um bom resultado na redução do fator de concentração de tensões, se aplicadas, quando há uma diferença
de diâmetros muito grande entre dois segmentos subsequentes da árvore/eixo.
Finalmente, nos casos g) e h) da Figura 1.8, está apresentado o caso onde há necessida de montar um
elemento que deve ser posicionado pelo escalonamento do eixo. Nesses casos é imperativo que o raio do
arredondamento do canto seja menor do que o raio de arredondamento da peça adicional. Isto pode resultar
em um raio de arredondamento muito pequeno no eixo/árvore, o que pode resultar em uma concentração
de tensõe smuityo elevada. Para contornar esse efeito indesejável, usa-se um anel espaçador entre o escalon-
amento e a peça de tal forma que se possa aumentaro raio do do arredondamento do canto.
A redução da concentração de tensões dos eixos devido as ligações cubo eixo, podem ser obtidas por
um projeto adequado dos cubos bem como ressaltos nos eixos. Segundo a referência [3] o diâmetro do local
de assentamento do cubo deve ser aumentado para 1, 3 d e o raio de arredondamento do rebaixo na faixa
r = (1, 0 a 0, 5) d (onde d é o diâmetro do eixo), quando se quer uma boa redução da concentração de
tensões. Nas Figuras 1.9 1.10 e 1.11 estão apresentados outros exemplos, além dos mostrados na Figura 1.8,
de montagens de cubos sobre eixos.
O travamento dos eixos contra deslocamentos axiais é feito por rebaixos nos locais de apoio, através de
anéis de fixação (ver Figura 1.12, DIN 472), ou por anéis elásticos (ver Figura 1.13, DIN 703 e 705).
Capítulo 1 - Árvores e eixos 8
No caso do travamento de mancais, cubos e polias montadas sobre eixos, caso a ligação (ajuste prensado
etc) não ofereça tal propriedade, também podem ser usados anéis de fixação ou anéis elásticos mostrados
nas tabelas das Figuras 1.12 e 1.13.
Quanto aos aspectos de rigidez, tanto na torção como na flexão, cuidados especiais devem ser tomados,
especialmente quando as máquinas são compridas e existe algum controle de posicionamento angular do
eixo, ou quando as folgas entre eixos ou agregados (tais como as placas dos rotores de motores elétricos) e a
carcaça da máquina forem pequenas. Por exemplo, a distância entre os mancais de uma máquina é limitada,
na flexão, pela inclinação da linha elástica, já que a inclinação excessiva da linha elástica altera a solicitação
nos mancais, sejam de escorregamento ou rolamentos, bem como faz que o eixo ou elementos montados sobre
eles encostem na carcaça da máquina.
Quando as máquinas giram em alta rotação (n > 1500 rpm), devem ser levados em conta aspectos do
comportamento dinâmico dos eixos em relação à torção e a flexão. Sendo assim, a rotação crítica ou de
ressonância nk , para torção ou flexão dependendo do caso, deve ser levada em conta. A rotação crítica, se
possível, deve estar bem acima ou bem abaixo da rotação de operação da máquina para que os efeitos de
ressonância não afetem o bom funcionamento.
O projeto de um eixo deve começar pelo planejamento de quais os elementos que serão montados sobre
ele, tais como: mancais, anéis, selos mecânicos, polias, chavetas, acoplamentos, rotores etc., ou seja para
o tipo de aplicação que a máquina se destina. Com este planejamento, também denominado de síntese, o
lay out do eixo é definido e o próximo passo é o dimensionamento, seja por tensões, rigidez, estabilidade
etc. Concomitantemente ao dimensionamento devem ser levados em conta aspectos relativos aos materiais,
normas, disponibilidade no mercado de componentes, custos e fabricação.
• Boa usinabilidade;
No caso de se usar aços altamente ligados, pode ser que não se consiga aproveitar toda as boas propriedade
de sua resistência, em função do pequeno diâmetro que se obtém da árvore ou eixo, porque nem sempre
se consegue garantir a rigidez necessária (vale lembrar que os deslocamentos são função do módulo de
elasticidade dos materiais, o qual muda muito pouco para aços, mesmo os ligados).
• Concentração de tensões associadas aos processos de fabricação (vazios no material, trincas devido a
tratamentos térmicos mal feitos, marcas de usinagem etc.);
• Corrosão e desgaste;
• Controle de qualidade pouco rigoroso (alteração de folgas dos mancais de escorregamento, interferências
etc. em relação ao especificado no projeto).
• ANÁLISE: o sistema técnico já existe e, como conseqüência, o eixo/árvore também. Nesse caso, em
geral, o propósito de projeto consiste em verificar se as dimensões do elemento estão dentro de valores
aceitáveis tendo em vista os carregamentos atuantes;
• SÍNTESE: o sistema técnico está em desenvolvimento e geralmente conhece-se algumas das especifi-
cações de projeto e as funções necessárias para os elementos.
• Flexão devido as cargas transversais causadas por engrenagens, polias, campos magnéticis;
Capítulo 1 - Árvores e eixos 13
Problema de
projeto do eixo
Solução de projeto
do eixo
• Também podem haver cargas axiais, devido a cargas de empuxo, tal como o gerado por engrenagens
helicoidais ou cônicas; ou então deformações térmicas.
A carga axial, o torque e a flexão podem ser constantes ou podem variar com o tempo e podem ocorrer
em combinação.
Capítulo 2
Introdução ao problema de
elasticidade em coordenadas polares
2.1 Introdução
Muitos problemas de elasticidade têm solução bastante simplificada, quando se trabalha com sistemas
de coordenadas apropriados.
Quando se trabalha com placas circulares, tubos ou discos, o sistema de coordenadas mais apropriado
para a análise é o polar; não só pela sua adequação geométrica, mas principalmente pela facilidade de
emprego e simplificação da solução das equações que regem o problema. Da mesma forma, ao se trabalhar
com outros tipos de sólidos, como toróides, esferas ou cilindros, os sistemas de coordenadas mais apropriados
são o toroidal, o esférico ou o cilíndrico, respectivamente.
Neste capítulo serão desenvolvidas as relações mais importantes da elasticidade para o sistema de coorde-
nadas polares de tal forma a permitir ao leitor o entendimento de como o modelo matemático é desenvolvido.
15
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 16
dr σ4 τ4 τ3
σ2
dθ/2 S
R
r dθ/2
τ1
σ1 τ2
σ3
dθ
θ
x
σ1 = σrr (2.1)
∂σrr
σ2 = σrr + dr (2.2)
∂r
σ3 = σθθ (2.3)
∂σ θθ
σ4 = σθθ + dθ (2.4)
∂θ
τ1 = τ rθ (2.5)
τ2 = τ rθ (2.6)
∂τ rθ
τ3 = τ rθ + dr (2.7)
∂r
∂τ
τ4 = τ rθ + rθ dθ (2.8)
∂θ
Com estes valores mostrados acima, procede-se ao equilíbrio de forças na direção radial e na direção
tangencial, como segue:
dθ dθ
σ1 r dθ dz − σ2 (r + dr) dθ dz + σ3 dr dz sen − σ4 dr dz sen
2 2
dθ dθ
− τ 4 dr dz cos
+τ 2 dr dz cos + R r dθ dr dz = 0 (2.9)
2 2
dθ dθ
τ 3 (r + dr) dθ dz − τ 1 r dθ dz + τ 2 dr dz sen + τ 4 dr dz sen
2 2
dθ dθ
−σ3 dr dz cos + σ4 dr dz cos + S r dθ dr dz = 0 (2.10)
2 2
Com a substituição das equações (6.1) a (6.8) em (6.9) e (2.10), as equações de equilíbrio se reduzem a
apenas:
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 17
y
C ‘
u r + ∂ u r dθ C B‘ vθ + ∂vθ d r
∂θ D
‘ ∂r
vθ + ∂ vθ dθ A vθ B
∂θ ‘
D u r+ ∂ u r d r
∂r
A
ur
dθ
θ
x
∂σrr 1 ∂τ rθ σrr − σ θθ
+ + +R = 0 (2.11)
∂r r ∂θ r
1 ∂σθθ ∂τ rθ 2
+ + τ rθ + S = 0 (2.12)
r ∂θ ∂r r
onde R e S são forças de corpo por unidade de volume.
A0B0 − AB
εrr = (2.13)
AB
Onde:
AB = dr (2.14)
∂ur ∂ur
e ur +
A ’B ’= dr − ur = dr (2.15)
∂r ∂r
logo:
∂ur dr ∂ur
e
εrr = = (2.16)
∂r dr ∂r
A deformação tangencial εθθ é dada pela soma de duas parcelas, uma do deslocamento radial e a outra
devido ao deslocamento tangencial. Estas duas parcelas são discriminadas a seguir.
ur 1 ∂vθ
+ εθθ = (2.19)
r r ∂θ
A deformação cisalhante, isto é, a variação do ângulo reto em A, é obtida a partir a análise da Figura
2.2, como segue. O ângulo formado entre AD e A0 D0 é:
∂ur 1
εrr = = (σ rr − vσθθ ) (2.24)
∂r E
ur 1 ∂vθ 1
εθθ = + = (σθθ − vσrr ) (2.25)
r r ∂θ E
1 ∂ur ∂vθ vθ 1
γ rθ = + − = τ rθ (2.26)
r ∂θ ∂θ r G
Para problemas com axisimetria de forma e carregamento o deslocamento tangencial é nulo e o deslo-
camento radial é apenas função do raio. Com esta simplificação do campo de deslocamentos as equações
obtidas se aplicam para problemas tais como: tubos, discos e anéis fechados.
Com esta consideração, as deformações específicas se reduzem a apenas:
dur
εrr =
dr
ur
εθθ = (2.27)
r
γrθ = 0
Com a lei de Hooke para o caso plano de tensões, repetida a seguir, pode-se escrever as equações difer-
enciais em termos do deslocamento radial, como será feito no que segue.
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 19
E
σrr = (εrr + v εθθ ) (2.28)
1 − v2
E
σθθ = (εθθ + v εrr ) (2.29)
1 − v2
Substituindo as equações (2.27) nas equações (2.28) e (2.29), tem-se as tensõs em termos do deslocamento
radial, como segue:
µ ¶
E dur ur
σrr = + v (2.30)
1 − v2 dr r
µ ¶
E ur dur
σθθ = + v (2.31)
1 − v2 r r
1 ¡ ¢ 1
V = − ρ x2 + y 2 ω2 = − ρω 2 r2
2 2
∂V
R = − = ρ r ω2 (2.35)
∂r
1 ∂V
S = − =0
r ∂θ
onde ρ é a massa do disco por unidade de volume e ω a velocidade angular do mesmo.
Substituindo as equações (2.30),(2.31) e (2.35) em (2.34) tem-se a equação diferencial que rege os problemas
axissimétricos, em termos do deslocamento radial apenas.
d 2 ur 1 dur ur 1 − v2 2
2
+ − 2 =− ρω r (2.36)
dr r dr r E
Este operador pode ser reorganizado para a seguinte forma:
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 20
∙ ¸
d 1 d 1 − v2 2
(rur ) = − ρω r (2.37)
dr r dr E
Integrando duas vezes a equação acima, chega-se à equação dos deslocamentos para casos de axissimetria
de forma e carga.
k2 1 − v 2 2 3
− ρω r
ur = k1 r + (2.38)
r 8E
onde as constantes k1 e k2 são determinadas a partir das condições de contorno.
Redefinindo as constantes k1 e k2 como:
2C (1 − v)
k1 = (2.39)
E
(1 − v)
k2 = − A (2.40)
E
A equação (2.38) pode ser reescrita como:
½ ¾
1 (1 + v) 1 − v2 2 3
ur = 2C (1 − v) r − A− ρω r (2.41)
E r 8
As componentes de tensão são obtidas a partir das equações (2.30) e (2.31). Para esta é necessário
calcular cada termo destas expressões.
½ ¾
dur 1 (1 + v) 3¡ 2
¢ 2 2
= 2C (1 − v) + A− 1 − v ρω r (2.42)
dr E r2 8
e ½ ¾
ur 1 (1 + v) 1 − v2 2 2
= 2C (1 − v) − 2
A− ρω r (2.43)
r E r 8
Com a introdução das expressões (??) e (??) em (2.30) e (2.31), tem-se as componentes de tensão em
função da variável r apenas.
A (3 + v) 2 2
σ rr = 2
+ 2C − ρω r (2.44)
r 8
A (1 + 3v) 2 2
σθθ = − 2 + 2C − ρω r (2.45)
r 8
Estas equações fornecem a distribuição das tensões radial e tangencial para um disco girante, onde as
constates A e 2C são obtidas a partir das condições de contorno.
Po
Pi a
Para o caso particular do cilindro estar submetido somente a pressão interna, as equações acima reduzem-
se a:
µ ¶
a2 pi b2
σrr = 1− 2 (2.56)
b2 − a2 r
µ ¶
a2 pi b2
σθθ = 1+ 2 (2.57)
b2 − a2 r
Um dos critérios usados para o dimensionamento de tubos de paredes espessas é o da máxima tensão
cisalhante. Para o caso de um tubo submetido a uma pressão interna pi ,tem-se que as tensões máximas
ocorrem na parede interna, ou seja
σrr = −pi
a2 + b2
σθθ = pi 2 (2.58)
b − a2
A tensão equivalente é
σeq = σ1 − σ3 = σθθ − σ rr (2.59)
ou
pi b2
σeq = 2 (2.60)
(b2 − a2 )
Para o dimensionamento da espessura de parede, o raio interno não pode ser alterado, já o mesmo é
dimensionado para o escoamento desejado de fluido. Desta forma o raio b fica definido por:
µ ¶1Á 2
σadm
b= (2.61)
(σadm − 2pi )
onde
σ esc
σadm =
Sg
Se a pressão interna for a metade da tensão admissível, tem-se que b → ∞ , ou seja, não é possível ter-se
um tubo que resista a esta pressão.
cisalhante. Este resultado significa que em um tubo de parede espessa onde seja necessário manter alta
pressão, por exemplo 3000 atm [cerca de 300 M P a], é necessário que a tensão de escoamento do material
seja duas vezes maior que a pressão de operação do equipamento, ou seja σ esc = 600 M P a. É praticamente
impossível encontrar na atualidade materiais com tal resistência em condições de operação (Sg > 1,altas
temperatura etc), o caminho é então partir para outras maneiras construtivas de solucionar o problema,
usando por exemplo cilindros encamisados, cuja análise é feita a seguir.
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 23
O deslocamento ur para um tubo cilíndrico é dado pela equação 2.41, sendo as constantes A e 2C ,
determinadas no item 2.5 para o caso mais geral, repetidas a seguir:
(po − pi )
A = a2 b2 2 (2.63)
b − a2
¡ 2 ¢
pi a − po b2
2C = . (2.64)
b2 − a2
Assim o deslocamento radial é dado por genericamente:
à ¡ 2 ¢!
1 (1 + v) a2 b2 (po − pi ) pi a − po b2
ur = − + (1 − v) r (2.65)
E r (b2 − a2 ) b2 − a2
A particularização da equação acima para o cilindro interno é realizada considerando que:
pi = 0 (2.66)
po = pk (2.67)
a = a, (2.68)
b = c, (2.69)
r = c. (2.70)
(1 + v) a2 c2 pk (1 − v) c3 pk
ur1 = − − (2.71)
E (c2 − a2 ) E (c2 − a2 )
ou ½ ¾
c2 pk a2
ur1 = − (1 − v) c + (1 + v) (2.72)
E (c2 − a2 ) c
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 24
pi = pk (2.73)
po = 0 (2.74)
a = c (2.75)
b = b (2.76)
r = c (2.77)
resultando em:
∙ ¸
1+v b2 c 1−v c3
ur2 = pk + (2.78)
E (b2 − a2 ) E (b2 − c2 )
Se os cilindros forem do mesmo material as propriedades físicas E e v são iguais. Logo, aplicando a
condição de contorno dada pela equação (6.91), tem-se:
"¡ ¢¡ ¢#
E4 c2 − a2 b2 − c2
pk = 3 (2.79)
2c (b2 − a2 )
onde ∆ é a interferência entre os cilindros interno e externo.
Este equacionamento pode ser utilizado também para a análise do problema de ligações cubo-eixo, além
do problema de tubos encamisados. É interessante salientar que se o material das partes constituintes das
peças que compõem o tubo, ou a ligação cubo-eixo, forem diferentes, a única equação que muda é a (6.111),
já que o módulo de elasticidade bem como o coeficiente de Poisson são diferentes.
É possível chegar-se a uma configuração ótima, em termos de dimensões dos tubos, de forma que se
consiga o máximo de aproveitamento da resistência do material do tubo. O desenvolvimento que é feito a
seguir tem como objetivo a otimização da montagem apenas para o caso de cilindros encamisados de medmo
material. Outros casos particulares são deixados a cargo do leitor, já que são baseados no mesmo princípio
básico, apenas com pequenas diferenças entre si.
Para um ponto A sobre o raio “a”, mostrado na Figura 2.4, a tensão equivalente é
∙ 2 ¸
b + a2 2c2
σeq (A) = pi 2 − pk 2 + pi (2.81)
b − a2 c − a2
Para um ponto B sobre o raio “c”, mostrado na Figura 2.4, no cilindro externo, a tensão equivalente é:
µ ¶ µ ¶
pi a2 b2 b2 + c2 pi a2 b2
σeq (B) = 1+ + pk − 2 1 − 2 + pk (2.82)
b − a2
2 c2 2
b −c 2 b − a2 c
Igualando as tensões equivalentes nos pontos A e B, equações (6.113) e (6.114), tem-se:
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 25
2 2
p b c
k 2 2 p
b b c k
2
σθθ p 2c
k 2 2 c
b c
p c
σr r k + a σθ θ
σr r
- -
-
p
k
p
k 2
p 2c
k 2 2
c a
2 2
2 2
p b2 a2
p b c i
k 2 2 b a
b b c b
2
c p 2c c 2
k 2 2 p 2a
b c i 2 2
+ b a
σr r a σθθ +
σr r p a
i
- σθ θ
- - -
2 2
p c2 a
p k 2
k c a
p
2 i
p 2c
k 2 2
c a
2 2 2
p b2 a 2 p 2c
i k 22
b a c a
σθ θ
σr r p + +
i
- a A B
p b
i
⎡ b2 (c2 −a2 )
⎤
c2 (b2 −a2 )
pk = pi ⎣ b2 c2
⎦ (2.83)
b2 −c2 + c2 −a2
Introduzindo a expressão (6.111) na (6.115) , tem-se a interfer6encia para que as tensões equivalentes dos
pontos A e B sejam iguais: ¡ ¢
2pi cb2 c2 − a2
4= (2.84)
E b2 (c2 − a2 ) + c2 (b2 − c2 )
Substituindo (6.115) em (6.113)ou em (6.114), tem-se o valor da tensão equivalente em função apenas da
geometria dos tubos e da pressão interna, como segue:
" #
2b2 1
σeq = pi 2 1− b2 c2
(2.85)
b − a2 b2 −c2 + c2 −a2
Aplicando o princípio de máximos e mínimos em relação a c, tem-se que o valor mínimo da tensão ocorre
√
quando c = a b. Desta forma, a tensão equivalente para o encamisamento otimizado é dada por:
b
σeq min = pi (2.86)
b−a
Para o projeto, normalmente o diâmetro interno “a” é determinado pela necessidade do consumo do
sistema industrial de gás ou de fluído. Desta forma, a única variável que se deve determinar é o raio “b”.
σeq a
b = (2.87)
σeq− pi
√
pi c pi ab
4 = = (2.88)
E E
A pressão de interferência, para tubos encamisados otimizados, é:
pi (b − a)
pk = (2.89)
2 (b + a)
Exemplo 2: Sabendo-se que dois tubos são feitos do mesmo material e têm as mesmas dimensões, e que
um é de parede espessa única e o outro é um cilindro encamisado, pergunta-se: qual dos dois tubos suporta
maior pressão interna?
2b2
σeq1 = p1
b2 − a2
b
σeq2 = p2
b−a
onde p1 e p2 são as pressões de operação do cilindro espesso e do encamizado, respectivamente.
b
c
P1 a P2
a
Conclusão: Como é impossível ter-se a = b, a equação acima mostra que a razão p2 /p1 sempre será
maior do que a unidade, indicando assim ser um tubo encamisado mais eficiente que um tubo de parede
espessa, desde que mantidas as mesmas dimensões externa e interna, e ambos do mesmo material.
Exemplo 3: Força concentrada em um ponto de um bordo reto.
Seja uma carga P vertical agindo no bordo reto AB horizontal de uma chapa semi-infinita. A distribuição
da carga P é por unidade de largura da chapa, conforme mostrado na Figura 2.6
A distribuição de tensões depende das forças que agem no contorno fechado AmnB e não somente das
condições em AB. Isto é verdadeiro mesmo que a região AmnB esteja infinitamente distante da origem do
sistema de coordenadas.
A solução básica (Boussinesq, 1892), chamada de radial simples, é dada por:
2p cos θ
σ rr = − σθθ = τ rθ = 0
π 4
Ou seja, um elemento “C”, a uma distância r do ponto de aplicação da carga, está sujeito a uma
compressão simples radial. A solução acima pode ser obtida da função tensão que segue:
P
φ=− r θ senθ
π
Neste caso a tensão circunferencial σθθ e a tensão cisalhante são iguais a zero, como pode-se concluir a
partir das equações (6.44).
As tensões σrr , σθθ e τ rθ satisfazem as equações de equilíbrio. As condições de contorno em AB também
são satisfeitas já que σθθ e τ rθ são nulas, e a placa está livre de cargas, exceto no ponto 0 (r = 0), onde σrr
se torna infinito.
Este problema, de que a tensão no ponto 0 é igual a infinito, pode ser contornado ao considerar-se a
zona plastificada, na região do ponto de aplicação da carga P , como um semi-cilindro com um raio r0 , cuja
distribuição de tensões radiais no contorno do semi-cilindro possui um efeito igual à força aplicada P . Com
isto, a análise do restante da peça será feita considerando que o material tenha comportamento elástico.
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 28
x A O B
P
σrr θ
x
d dθ
a
c
σrr σrr r dθ θ
m n
M
O semi-cilindro, contendo material plastificado, deve ser analisado pelos métodos de plasticidade. Também
deve-se lembrar que cargas atuantes em linhas ou em pontos não existem; o que existe na realidade são
cargas aplicadas em pequenas áreas e a consideração do semi-cilindro plastificado reforça esta idéia. Tendo
isto em mente, segue que a distribuição de σrr em r = r0 é equivalente a P .
Z πÁ 2
P = −2 σrr r cos θ dθ
Pode-se mostrar também que a distribuição de tensões em um círculo de diâmetro d, tangente ao ponto
de aplicação da carga P , é constante, como segue:
r = d cos θ (2.90)
P cos θ P cos θ
σrr = −2 = −2 (2.91)
π r d cos θ
ou seja:
P
σrr = −2 (2.92)
πd
d2 ur dur 1 − v2 2 3
r2 2
+ − ur = ρω r (2.95)
dr dr E
que é a equação 2.36, desenvolvida no item 2.4, escrita de outra maneira.
A solução geral desta equação é:
½ ¾
1 (1 + v) 1 − v2 2 3
ur = 2C (1 − v) r − A− ρω r (2.96)
E r 8
sendo 2C e A constantes, arbitrárias, determinadas através das condições de contorno. As componentes de
tensões, também desenvolvidas no item 2.4, são repetidas a seguir.
A (3 + v) 2 2
σ rr = 2
+ 2C − ρω r (2.97)
r 8
A (1 + 3v) 2 2
σθθ = − 2 + 2C − ρω r (2.98)
r 8
Com estas equações apresentadas, a seguir são desenvolvias formulações mais a dois tipos mais comuns
de problemas de discos girantes, os quais são: disco com e sem furo central.
Para um disco sem furo, figura 3.9, o deslocamento ur , radial, deve ser nulo no centro; isto implica A = 0.
A constante 2C é determinada pela condição de contorno de força na periferia do disco.
Se não houverem forças na periferia, tem-se:
3+v 2 2
σrr = 2C − ρω b = 0 (2.99)
8
logo:
3+v 2 2
ρω b2C =
8
As componentes de tensão são dadas, então, por:
3+v 2¡ 2 ¢
σrr = ρω b − r2 (2.100)
8
3 + v 2 2 1 + 3v 2 2
σθθ = ρω b − ρω b (2.101)
8 8
As tensões máximas, para este caso, ocorrem no centro do disco e são dadas por:
3+v 2 2
σ rr = σθθ = ρω b (2.102)
8
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 30
σ rr σ θθ
b
ω r
+ +
Eixo de
revolução
σmín γω2
θθ = 2(1−ν)b2
h σmáx 8g
rr
σmáx
θθ
máx γ ω
2
σmáx
r r = σ θθ = (3+ν)b
2
8g
Para este caso, as constantes 2C e A são determinadas pelas seguintes condições de contorno:
logo
3+v 2¡ 2 ¢
2C = ρω b + a2 (2.105)
8
3+v 2 2 2
A = − ρω a b (2.106)
8
Assim, as componentes de tensão são dadas por:
µ ¶
3+v 2 2 a2 b2
σrr = ρω b + a2 − 2 − r2 (2.107)
8 r
µ 2 2 ¶
3+v 2 a b 1 + 3v 2
σ θθ = ρω + 2 − r (2.108)
8 r 3+v
Para este caso a tensão radial máxima não ocorre na mesma posição da tensão tangencial máxima, como
segue:
3+v 2¡ ¢ √
σrmax = ρω b − a2 para r = ab (2.109)
µ8 ¶
2 1−v 2 3+v 2
σθmax = b + a ρω para r = a (2.110)
3+v 4
A análise das equações acima mostra que σθmáx é maior que σrmáx . Além disto, se o orifício central do
disco tender a zero, o valor da tensão máxima duplica em relação ao caso de um disco sem orifício.
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 31
σ rr σ θθ
ω + +
b
r
Eixo de
a revolução
+ +
σ máx γω
2
θθ = [(3+ν)b +(1−ν)a ]
2 2
4g
Figura 2.8:
400 atm
Com isto, conclui-se que fazendo um orifício circular pequeno, no centro do disco, o estado de tensões é
muito mais crítico do que em um disco sem furo, para as mesmas condições de geometria e velocidade.
d= 2a
σadm = 250M P a
E = 210 000M P a
v = 0, 27
3.11.6 Um tubo de aço, de 6 m de comprimento, gira com velocidade tangencial de 30 km/h. O seu
diâmetro interno é de 1200 mm e espessura de parede de 8 mm. Além disto, está submetido a uma pressão
¡ ¢
interna de duas atmosferas 2 kgf /cm2 ' 0, 2 M P a .
Determinar:
a.o estado de tensões quando os extremos são fixos
b. o estado de tensões quando os extremos são livres
c. estes resultados para o dobro da velocidade tangencial, comparando-os.
Capítulo 2 - Aborgagem dos problemas axissimétricos 33
3.11.7 Deduza a equação de dimensionamento de um tubo submetido à pressão interna, usando a teoria
da máxima energia de distorção.
3.8 Um anel de aço gira no espaço. Qual a rotação máxima a que pode ser submetido de forma que a
tensão máxima seja 30% de σR .
a = 50 m
b = 54 m
? = 7860 kg/m3
E = 210.000 MP a
v = 0, 5
σ R = 1600 M P a
Pergunta-se, também qual o deslocamento radial máximo e a aceleração radial.
Capítulo 3
Cargas de impacto
3.1 Introdução
Na Mecânica dos Sólidos, considerou-se que as deformações eram somente devidas a cargas estáticas. Con-
siderando, agora, o efeito de cargas dinâmicas, tem-se dois casos de carregamento: impacto e fadiga. Este
capítulo versa a respeito de impacto.
As cargas de impacto também são referidas como choque ou cargas impulsivas. Exemplos deste tipo
de carregamento são: explosão da mistura ar combustível em um cilindro de motor a explosão, colisões de
automóveis, disparos de armas de fogo etc. Equipamentos militares tais como carros de combate e tanques
são projetados, ou então destruídos, levando-se em consideração cargas de impacto, estruturas de pára-
choques de automóveis, cercas de proteção de auto-estradas, painéis de automóveis etc, são projetados de
forma a absorver o máximo da energia de impacto. Equipamentos delicados, principalmente os eletrônicos,
são protegidos contra danos causados por impacto por absorvedores de choques.
De uma maneira bem simples pode-se dizer que uma carga de impacto depende da relação entre o tempo
de aplicação da carga e a freqüencia natural mais baixa da estrutura. Se o tempo requerido para aplicar
uma carga de zero até o seu valor máximo é menor que a metade da primeira freqüencia natural,a carga
é definida como de impacto. Se o período de aplicação for três vezes maior que o período fundamental, os
efeitos dinâmicos da carga podem ser negligenciados.
O impacto não tem influência somente sobre o estado de deformações de um corpo, mas também as
propriedades físicas do material são funções da velocidade deste carregamento. Em geral, quanto mais
rápida a aplicação da carga, maiores serão as tensões de escoamento e a de ruptura final, entretanto, altas
velocidades de carregamento tendem a promover rupturas frágeis, as quais são muito perigosas.
Na prática da engenharia é bastante difícil determinar ou predizer as condições de carregamento de
impacto e a razão de deformação de impacto. Sem estas informaçòes, os fatores de impacto apropriados bem
como as propriedades do material podem ser somente aproximados. Devido a estas dificuldades, o projeto
de elementos de estruturas, sujeitas a impacto, comumente é baseado em fatores de tensão de impacto,
determinados a partir de relações empíricas. Por isto, é conveniente lembrar que o uso dos métodos e dados
empíricos deve ser realizado por engenheiros tendo bom conhecimento dos fundamentos e simplificações
envolvidas na formulação do problema.
34
Capítulo 3 - Cargas de impacto 35
pelo processo estático equivalente está representada na figura 5.2, na forma da área triangular, enquanto que
o trabalho do corpo que cai está representado pela área retangular da mesma figura.
A relação entre a força estática equivalente e a deflexão máxima é
F e = kδ (3.1)
A deflexão estática,δst, causada pelo peso W ao ser adicionado estaticamente sobre a mola, é calculada
por:
W
δst = (3.2)
k
onde:
W - peso da massa que cai (N )
k - rigidez da mola (N/m)
δ - deflexão máxima da mola (m)
δst - deflexão estática da mola (m)
F e - Força estática equivalente (N )
Aplicando-se o princípio da conservação da energia, que é equivalente a igualar-se as áreas achuradas da
Fig.5.1, tem-se:
1
W (h + δ) = F eδ (3.3)
2
As grandezas F e e δ da equação 5.03 não são conhecidas, porém as mesmas podem ser relacionadas entre
si a partir da semelhança entre os triângulos AB e CD da figura 5.2, como segue.
δ
Fe = W (3.4)
δst
Esta expressão, introduzida na equação (3.3), permite que o sistema se reduza a uma equação do segundo
grau, como segue:
δ 2 − 2 δst δ − 2 δst h = 0 (3.5)
as raízes são:
Capítulo 3 - Cargas de impacto 37
q
2
2δst ± (2δst) − 4 (−2δst h)
δ= (3.6)
2
sendo que a única que tem significado físico é a positiva, dada por:
" r #
2h
δ = δst 1 + 1+ (3.7)
δst
Da equação (3.4) tem-se a seguinte relação, após a introdução de (3.7):
" r #
2h
Fe = W 1 + 1+ (3.8)
δst
Os termos entre colchetes das equações (3.7) e (3.8) (força) são denominados de fator de impacto, e
representam o fator com o qual as deflexões e forças estáticas são incrementadas pela ação dinâmica da
aplicação da carga.
O fator de impacto pode ser expresso em função da velocidade da massa, no instante do impacto, pela
relação que segue:
v2 = 2gh (3.9)
onde:
v- velocidade no instante do impacto (m/s)
g - aceleração da gravidade (m/s2 )
h - altura da queda (m)
Desta forma o fator de impacto, F I, pode ser escrito como:
r s
2h v2
FI = 1 + 1+ =1+ 1+ (3.10)
δst gδst
Outra maneira de escrever o fator de impacto, é a partir da freqüência natural da estrutura. Para o
conjunto massa-mola, a primeira freqüência natural é dada por:
r
1 k
fn = (3.11)
2π m
Ainda pode-se escrever (3.11) como:
r
1 g
fn = (3.12)
2π δst
a qual rearranjada fornece a deformação δst, como segue:
g
δst = 2 (3.13)
f n2 (2π)
Substituindo este resultado na expressão (3.8) o fator de impacto, F I, pode ser escrito como função da
freqüência natural do sistema massa-mola como segue
s
2hfn2 (2π)2
FI = 1 + 1+ (3.14)
g
Capítulo 3 - Cargas de impacto 38
onde:
f n - primeira freqüência natural (Hz)
g - aceleração da gravidade (9, 81 m/s2 )
FI = 2 (3.15)
Se neste caso não houver amortecimento, a aplicação súbita de W na estrutura resultará num sistema
massa-mola vibrando na sua freqüência natural indefinidamente.
O segundo caso envolve alturas de queda suficientemente grandes de forma que as cargas, ou deflexões,
estáticas possam ser negligenciadas quando comparadas com os efeitos dinâmicos. Desta forma o fator de
impacto, equação (3.10), se reduz à: r
2h
FI = (3.16)
δst
Assim sendo a força equivalente e a deflexão da estrutura serão dados por:
r
2h √
Fe = W = 2W kh (3.17)
δst
e r
2h √
δ = δst = 2δst (3.18)
δst
As expressões enteriores também podem ser colocadas em função da velocidade no instante do impacto,
como segue:
s
v2
Fe = W (3.19)
gδst
s
v2
δ = δst (3.20)
gδst
As equações anteriores só podem ser utilizadas para problemas de impacto de corpos em queda livre. Para
impactos de corpos com deslocamento horizontal, as equações anteriores também são aplicáveis se somente
a velocidade, no instante do impacto, for determinada de forma adequada. Neste caso, a deflexão estática
δst continua tendo a mesma definição do item anterior, ou seja:
W
δst = (3.21)
k
A equação (3.19), repetida a seguir, torna possível fazer a análise do choque horizontal, a partir da energia
cinética do corpo que bate. s
v2
FI = (3.22)
δstg
Capítulo 3 - Cargas de impacto 39
Lançando-se mão da equação (3.21), a última equação pode ser reescrita como:
s s
δst v2 1 W v2
FI = = (3.23)
δst δstg δst kg
a qual rearranjada resulta em:
r
1 mv 2
FI = (3.24)
δst k
Desta forma, o fator de impacto pode ser adaptado para o caso de cargas móveis horizontais, ao utilizar-se
a equação de energia cinética no instante do impacto, como segue:
1 1W 2
U= mv 2 = v (3.25)
2 2 g
Desta equação explicita-se a velocidade sendo a mesma introduzida na equação (3.24), resultando:
r
1 2U
FI = (3.26)
δst k
Assim, a deflexão máxima de impacto e a carga estática equivalente podem ser expressadas por:
r
2U
δ= (3.27)
k
e
√
Fe = 2U k (3.28)
√ √
Te = Iω2 Kt = 2U k (3.30)
O impacto torcional é comum ocorrer em transmissões nas quais a utilização de eixos de seção circular é
predominante. Desta forma é interessante particularizar as equações (3.29) e (3.30) para este tipo de seção,
como segue.
Capítulo 3 - Cargas de impacto 40
TL
θ = (3.31)
JG
T GJ
Kt = = (3.32)
θ L
Tr
τ = (3.33)
J
πd4
J = (3.34)
2
πd4
A = (3.35)
2
Desta forma a equação da tensão cisalhante fica:
r r
UG UG
τ =2 =2 (3.36)
AL V
onde:
G - módulo de elasticidade transversal
V - volume do eixo
L - comprimento do eixo
U - energia cinética
A - área da seçào transversal circular
Exemplo: Seja uma viga de madeira apoiada em molas como a figura abaixo indica. Negligenciando a
massa da viga e das molas, estimar as máximas tensões e deflexões da estrutura.
h - 300 mm
W - 500 N
k - 20 N/mm
Capítulo 3 - Cargas de impacto 41
l - 1500 mm
a - 100 mm
b - 50 mm
E - 20000 N/mm2 = 20 GP A
σ r - 60 N/mm2 (tensão de ruptura) = 60 M P a
Como a massa de peso W cai de pequena altura, o fator de impacto é dado por:
r
2h
FI = 1 + 1+
δst
Para este problema a única dificuladade é a determinação da deflexão estática δst, que é a soma da
deflexão elástica das molas e da barra, logo:
a) deflexão da barra
P L3 500 × 15003
δstbarra = = = 0, 42mm
48EI 48 × 20000 × 4166666
para as molas
F W 500
=
δstmola = = = 12, 5mm
k 2k 2.20
Desta forma a deflexão estática da estrutura é:
A partir da carga equivalente F e, consegue-se determinar as tensões máximas a que o corpo fica sub-
metido, da seguinte maneira:
M zy 3950.1500.12
σxx = = = 17, 75M P a
Izz 4.1003
Capítulo 3 - Cargas de impacto 42
De uma maneira simplista, pode ser dito que a viga resiste ao choque.
A avaliação feita neste problema mostra que a deflação estática da mola é significativa e a sua influência
pode ser avaliada, com a sua eliminação, como segue.
δst = 0, 42mm
e r
2300
FI = 1 + 1+ = 38, 81
0, 42
A tensão máxima é dada por:
500.38, 81.12.1500
σxx = = 87, 32M P a
4.1003
Nota-se, com a eliminação da mola dos apoios, o crescimento perigoso das tensões críticas. A conclusão
desta análise é que as estruturas sempre devem ser fixadas em apoios que permitam uma flexibilidade
razoável, quando as mesmas estiverem sujeitas a carregamentos de impactos.
(W + W es) vc = W v (3.37)
onde:
W - peso da massa que cai
W es - peso da estrutura
v - velocidade de queda do corpo
vc - velocidade do conjunto após o choque
Esta equação pode ser escrita como:
W
vc = v (3.38)
W eq
onde:
W eq = W + W es (3.39)
1 W eq 2
U= v (3.40)
2 g c
Capítulo 3 - Cargas de impacto 43
w2 v 2
U= (3.41)
2gW eq
Comparando a energia cinética fornecida pela equação (3.25) e a fornecida pela equação (3.41), nota-se
que a última expressão indica uma quantidade de energia menor do que a primeira, proporcional à relação
W/W eq. Isto porque uma parcela de energia cinética é convertida em energia de deformação e o restante da
energia é utilizada para acelerar a massa da estrutura.
A razão de redução da energia cinética pode ser relacionada com os deslocamentos da estrutura da
seguinte forma:
W eq W
= =k (3.42)
δes δst
onde:
W eq
δes = (3.43)
k
Desta forma a deflexão de impacto, equação (3.7), fica alterada para
à r !
2h
δ = δst 1 + 1 + (3.44)
δes
Figura 3.5: Parâmetros para consideração do peso próprio da estrutura para o impacto.
b − 20 mm
σ esc − 255 M Pa
E − 69 GP a
W = 200 N
p ¡ 3 ¢
Deflexão = x − 3lx2
6EI
5.6.2 - Determinar a rígidez da borracha, da almofada de amortecimento de impactos, para que a tensão
que ocorra no interior da viga, não seja superior a 60% da tensão de falha
Dados:
v − 1, 0m/s
l − 400mm
b − 80mm
a − 120mm
W − 2000N
E − 9000M P a
σ rup − 37M P a
5.7 Exemplos resolvidos
Exemplo resolvido 1: A estrutura esquematizada na figura abaixo mostra uma barra submetida a uma
carga de impacto. Sendo que o material da barra tem as características indicadas abaixo, pergunta-se
E − 114GP a
σesc − 825M P a
ρ − 44, 6kN Ám3
a) Se o peso da estrutura não for considerado, qual o valor da carga W para que a barra comece a escoar?
b) Qual a deflexão para este caso?
c) Qual o valor de W e a deflexão para o início de escoamento, considerando o peso próprio da estrutura?
Solução:
Capítulo 3 - Cargas de impacto 46
a) Sabe-se que o escoamento só é alcançado quando as tensões, normais para o caso, atinjam o valor da
tensão de escoamento. A carga, desta forma, deve ser suficiente para que σesc seja atinjido, ou seja, a carga
estática equivalente deve causar o escoamento, logo:
1
W (h + δ) = Fe δ
2
Então tem-se que, a partir de F e
Fe l
δ= EA = σesc El = 825.2500
114000
δ = 18, 1mm
logo:
W= 1 F eδ
= 12 259173,75.18,1
2 (h+δ) (1600+18,1)
W = 1449, 6N
b) A deflexão máxima da ponta da barra, ao ser alcançado o início de escoamento, é
δ = 18, 1mm
Para este caso, bem como para o anterior, a força estática equivalente de impacto fica limitada pela
tensão de escoamento do material, e vale:
Fe = 259173, 75N
A deflexão estática referente ao peso equivalente W eq, pode ser calculada por:
W eq
δest =
k
Porém a rígidez da barra, k, é também determinada por:
Fe l
δ=
EA
onde:
EA 114000.π.102
k= = = 14325, 7N Ámm
l 25000
Desprezando a unidade em relação a h, o valor da força estática equivalente pode ser calculada por:
s
2hk
Fe = W
W eq
logo:
W2
W eq = 2hk
Fe2
Reorganizando esta expressão, chega-se a uma equação do segundo grau, como segue:
W eqFe2 − W 2 2hk = 0
Porém, lembrando que o peso equivalente da estrutura é calculado como W eq = W + W es, pode-se
escrever a equação anterior como segue.
Fe2 W esFe2
W2 − W − =0
2hk 2hk
As raízes desta equação são dadas por:
q
14665, 27 ± (1465, 27)2 + 4.74850, 25
W =
2
A única raíz que interessa é:
W1 = 1514, 69N
Capítulo 3 - Cargas de impacto 48
A outra resposta não tem significado físico. Desta forma, a deflexão máxima é dada por:
√
Te = Jw2 kt
Assim:
JG π
¡ 0,030 ¢4 84.109
Kte = L = 2 2 0,6 = 11133 N.m
rad
◦
θ = 44, 7
b) Tensão máxima no eixo
Capítulo 3 - Cargas de impacto 49
Te r 8691.103 (30Á 2)
τ máx = J
= 4 π
( 30
2 ) 2
τ máx = 1639M P a
c) Qual o valor da rigidez de um acoplamento que será adicionado ao conjunto para que ? ?
Sendo kta a rigidez torcional que será adicionada no conjunto, tem-se então que:
1 1 1
= +
kt kta kte
ou
1 kte kta
=
kt kte kta
Assim:
τmáxJ
Te =
r
da equação do torque em função das inércias, tem-se
µ ¶2
τ máxJ 1
kt =
r Iw2
1
kta = 4w 2 I 2L
−
(τ máx πr3 )2 πr 4 G
Com este valor para a constante de mola do acoplamento, garante-se que as tensões desenvolvidas no
eixo ficam restritas a 20% da tensão admissível.
Capítulo 4
4.1 Elasticidade
Os materiais usados em engenharia possuem, dentro de certos limites, propriedades elásticas. Isto quer
dizer que ao cessar a solicitação que causa a deformação, o corpo, retorna à sua forma inicial de indeformado.
Para simplificar a abordagem matemática do comportamento do sólido, serão adotadas algumas hipóteses
simplificativas, tais como: não será considerada a influência da estrutura atômica no comportamento do
material, considerar-se-á que a matéria de um corpo elástico é homogênea e distribuída continuamente no
seu volume e será também admitida a propiedade da isotropia. Uma das simplificações mais importantes,
e também limitadora desta teoria, é a de considerar que o comportamento do corpo, tanto a nível de
material como de deslocamentos, seja linear. Na realidade, a maioria dos materiais usados na engenharia
não apresenta um comportamento idêntico ao idealizado acima, porém a experiência mostra que os resultados
obtidos, através da teoria da elasticidade, podem ser aplicados com boa precisão na maioria dos problemas
de engenharia.
A teoria da elasticidade se mostra excelente para a análise de tensões na vizinhança de pequenos furos,
entalhes, ou corpos de forma complexa, para os quais o tratamento de mecânica dos sólidos não se presta.
Forças de volume
As forças de volume conhecidas também como forças de massa, de corpo ou de campo são aquelas distribuídas
por todas as partículas que compõem o volume do sólido.
Estas são causadas pela iteração de campos de aceleração sobre a massa das partículas que compõem o
corpo. Exemplos de tais forças são: forças gravitacionais, forças de inércia e forças magnéticas.
Forças de superfície
As forças de superfície são aquelas que agem na superfície livre dos corpos, devida a ação necessária de outro
corpo de fluído, como por exemplo: força do contato entre os dentes de um par de engrenagens,carregamentos
devido ao peso de fluídos, pressão devido a gases confinados.
50
Capítulo 4 - Conceito de tensões e deformações 51
Tensão
Na Figura 4.1 é apresentado um corpo em equilíbrio sujeito a um sistema de cargas P1 , ..., Pn . Se este corpo
for imaginariamente separado em dois pedaços, no corte indicado na Figura 4.1, para que seja satisfeito o
equilíbrio é necessário que exista uma força e um momento resultantes que substituam a parte do corpo
desprezada.
Quando a distribuição das cargas e a geometria do corpo são quaisquer, não existe uma distribuição de
forças uniforme no interior do corpo, mas sim uma distribuição continuamente variável. Devido a este fato,
força e momento resultantes no corte não têm significado importante, porém a relação entre cada parcela
destas e a sua área de atuação é a única maneira de representar a solicitação do corpo. Esta relação entre
a força P e a área A de atuação, com posterior tendência desta área a zero, é o valor da tensão no ponto.
O valor da tensão no ponto, então, é dado pela relação dP/dA, e a direção e o sentido pelo vetor dP.
Normalmente esta tensão resultante não é ortogonal à àrea. Consequentemente, ela pode ser decomposta
em componentes normal e tangencial a esta área, gerando assim as tensões normais e as tensões cisalhantes.
O maior problema na análise de tensões é a determinação da distribuição das forças dentro do corpo,
ou seja, o valor das tensões em cada ponto. A determinação da distribuição de tensões dentro do corpo é,
então, um dos objetivos da elasticidade.
P2
P1
y
P3
Pn
x
z
Pk
P4
P2
P1
y P3
Pn
dP
x
z
nx ={1,0,0}
dA
Pk
y
σyy
τyz τy x
τz y
τx y
σzz τz x
τx z
z σxx
τ xy = τ xy
τ xz = τ zx (4.2)
τ yz = τ zy
Desta forma o tensor tensão, equação (4.1), fica simétrico e pode ser escrito como sendo:
⎡ ⎤
σxx τ xy τ xz
⎣ τ xy σyy τ yz ⎦ (4.3)
τ xz τ yz σzz
Posteriormente determinar-se-á a magnitude das tensões num espaço diferente do gerado pelos eixos x, y
e z, Figura (4.2), através de condições de equilíbrio ou então por rotações do tensor tensão, se conceitos de
algebras linear forem usados.
y, v
x, u
z, w
∂u 1 ∂ 2u 2
u+ dx + dx + · · ·
∂x 2! ∂x2
∂v 1 ∂2 v 2
v+ dy + dy + · · · (4.4)
∂y 2! ∂y 2
∂w 1 ∂2 w 2
w+ dz + dz + · · ·
∂z 2! ∂z 2
Com o desenvolvimento irá ser feito para pequenos deslocamentos, considera-se apenas os termos lineares
das expressões de Taylor anteriores.
Para se chegar às relações entre deslocamento e deformação, úteis para o desenvolvimento das equações
que regem a teoria da elasticidade, parte-se das definições de deformações para engenharia.
Deformação linear: é definida para a engenharia como sendo a razão entre a variação de comprimento de
um dado segmento direto pelo seu próprio comprimento inicial.
Deformação cisalhante ou angular: é definida como sendo a variação do ângulo formado por duas linhas
ortogonais entre si.
Com o auxílio da Figura (4.4), bem como das definições de deformações, as deformação lineares (ε), e as
deformações cisalhantes (γ) são relacionadas com os deslocamentos u, v e w, por:
∂u
εxx =
∂x
∂v
εxx =
∂y
∂w
εxx =
∂z
∂u ∂v
γxy = + (4.5)
∂y ∂x
∂u ∂w
γ xz = +
∂z ∂x
∂v ∂w
γ yz = +
∂z ∂y
Capítulo 4 - Conceito de tensões e deformações 55
y
u + ∂u dy
∂y
C ‘
v + ∂v d y
∂y
C
dy B
‘
A‘ v + ∂v dx
∂x
v A B
u
x
dx u+ ∂u d x
∂x
As seis componentes εxx , εyy , εzz , γ xy, γ xz , γ yx são denominadas componentes de deformação, e as equações
(4.5) são denominadas relações deformações - deslocamentos.
As tensões podem ser postas em função das componentes de deformação bastando apenas fazer uma
combinação das equações (4.6). Chamando-se:
Capítulo 4 - Conceito de tensões e deformações 56
Estas relações são válidas apenas quando o material apresenta isotropia e comportamento da curva σ × ε
linear.
Lista de exercícios
1 - Defina tensão em um ponto e mostre como se obtém a seguinte matriz.
⎡ ⎤
σxx τ xy τ xz
⎣ τ yx σyy τ yz ⎦
τ zx τ zy σzz
2 - O que são:
a. Forças de campo
b. Forças de superfície
Dê exemplos para cada item acima.
3 - Mostrar que
∂w ∂v
γ yz =
+
∂y ∂z
4 - Qual o significado geométrico de deformações cisalhantes, para o caso de pequenos deslocamentos?
E
5 - Demonstrar que G = 2(1+ν) .
6 - Quais são as condições de contorno de um livro colocado sobre uma mesa inclinada?
Capítulo 5
Seja uma chapa fina carregada conforme mostrado na figura 2.1, com forças distribuídas ao longo da espessura
da chapa no contorno livre. Como não existem forças aplicadas nas faces z da chapa, as tensões ? são nulas.
Admite-se como aproximação que as componentes de tensão σ xx , σyy e τ yx também não variem ao longo
da espessura da chapa, ou seja, na direção z. Assim, tais componentes são apenas função de x e y. Este tipo
de problema ocorre em painéis de reforço de treliças de outras estruturas reticuladas, placas finas, cascas,
tubos espessos vinculados de forma adequada etc.
Uma simplificação semelhante à anterior é possível em outra situação, quando a dimensão do sólido na
direção z é muito grande, ou quando existem restrições às deformações nesta direção. Se um corpo cilíndrico
ou prismático é solicitado por forças perpendiculares ao seu eixo longitudinal, e não variam ao longo desta
direção, pode-se admitir que todas a seção estão nas mesmas condições de carregamento. É mais simples
supor que os extremos são fixados por planos sem atrito, de tal forma que somente o deslocamento axial seja
57
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 58
P P
P
P y
t
P P
P
P
P
Figura 5.1:
y p = ρ g (h-y)
h
Figura 5.2:
impedido. Desde que não haja deslocamento dos extremos, e por simetria da seção média, pode-se admitir
que o mesmo ocorre em toda seção transversal.
Muitos problemas práticos se encaixam neste caso, como por exemplo um muro de arrimo com pressão
lateral, um conduto ou túnel enterrados no solo, um rolo cilíndrico comprimido por forças no plano diametral,
como num rolamento de rolos, ou a laminação de lingotes de metal por rolos laminadores. A figura 2.2 ilustra
um caso particular de plano de deformações.
Nestes casos não pode haver variação do carregamento ao longo do comprimento do sólido. Para a análise
deste sólido, já que as condições são as mesmas para toda seção, é suficiente considerar uma fatia entre duas
seções que distem de uma unidade entre si. As componentes de deslocamentos u e v são então apenas funções
de x e y, logo independentes de z. Sendo o deslocamento w nulo as deformações específicas em função dos
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 59
y
y
A
τ σ x `
n = (l,m)
σx x α
y ` x
τx y
B
τx y
α σy y
x
Figura 5.3:
Pode-se mostrar com as equações (??) a (??), que o estado plano de deformações normalmente gera um
estado triaxial de tensões, e um estado plano de tensões normalmente gera um estado triaxial de tensões .
Existe apenas uma condição particular em que os dois estados são planos.
As componentes de tensão em qualquer direção, em um ponto, podem ser determinadas a partir das com-
ponentes conhecidas de uma dada direção,a partir das condições de equilíbrio.
Do equilíbrio de forças nas direções x e y tem-se:
X = lσxx + mτ yx (5.2)
Y = mσyy + lτ xy (5.3)
onde l e m são os cossenos do vetor normal, N = (Nx , Ny ), ao plano onde se deseja conhecer as forças X̄ e
Ȳ . Estes cossenos diretores podem ser colocados em termos da inclinação do plano, a partir da análise da
figura 2.3. O resultado desta análise é:
l = cos Nx = cos α
m = cos Ny = senα
0
Do equilíbrio de forças nas direções normal e tangencial ao plano x , obtém-se as componentes de tensão
nestas direções.
dx* B
‘
dy* d s*
u +d u
v + dv
A
‘
v B
ds
d x dy
A u
Figura 5.4:
A partir das equações (5.7) e (5.8) pode-se chegar às equações paramétricas de uma circunferência, que
na mecânica dos sólidos básica é conhecida como Círculo de Mohr para tensões.
Neste item, as deformações, em uma direção qualquer, serão relacionadas com as componentes de defor-
mações conhecidas em uma determinada direção, para este mesmo ponto. Este procedimento é semelhante
à transformação de tensões normais e cisalhantes apresentadas anteriormente.
Como no caso de tensões, o desenvolvimento aqui apresentado também será feito para o caso plano,
podendo ser facilmente generalizado para o caso tridimensional.
Considera-se um comprimento de reta AB, de comprimento ds, segundo uma direção o, deslocando-se
para a posição A ’B ’e ficando com o comprimento ds*. O comprimento inicial é dado por ds2 = dx2 + dy 2
e o comprimento final por ds∗2 = dx∗2 + dy ∗2 , onde:
dx∗ = dx + du
(5.6)
dy ∗ = dy + dv
conforme está mostrado na figura 2.4.
Os incrementos destes deslocamentos são dados pela regra da derivação em cadeia, como segue:
∂u ∂u
du = ∂x dx + ∂y dy
∂v ∂v (5.7)
dv = ∂x
dx + ∂y
dy
∂u ∂u
dx∗ = dx + du = dx + dx + dy (5.11)
∂x ∂y
∂v ∂v
dx∗ = dy + dv = dy + dy + dx (5.12)
∂y ∂x
que é a equação que fornece a deformação específica unitária em uma direção qualquer.
A deformação cisalhante em uma direção qualquer pode ser obtida a partir do esquema indicado na figura
2.5. A rotação do elemento AB para A ∗ B∗, que corresponde ao ânguloΨθ , para pequenos ângulos, pode
ser aproximada por BS/AB. Ainda pode-se dizer que BR e RB∗, em função dos deslocamentos, são dados
por:
∂u ∂u
BR = dx + dy = du (5.15)
∂x ∂y
∂v ∂v
RB ∗ = dx + dy = dv (5.16)
∂x ∂y
e ainda:
BS ∼
= −BR.senθ + RB∗ . cos θ (5.17)
Então
Ψθ = BSÁAB = [−BRsenθ + BR∗ cos θ] Áds
ou h i
dy
Ψθ = −senθ ∂u ∂x
dx
ds + ∂u
∂y ds
h i (5.18)
v∂ dx ∂v dy
+ cos θ ∂x ds
+ ∂y ds
lembrando que:
y
θ B
‘
S
d s*
B
dθ ds R
dy
dx
A =A
‘ θ
Figura 5.5:
Como a deformação cisalhante é definida como sendo a variação do ângulo entre os dois segmentos de
retas ortogonais, tem-se que a diferença entre as equações (5.21) e (5.22) é a própria deformação cisalhante.
Ψθ − Ψ (θ + πÁ2) = γθ (5.23)
logo ∙ ¸ ∙ ¸
∂v ∂u ¡ 2 ¢ ∂v ∂u
γθ = + cos θ − sen2 θ + − 2senθ cos θ (5.24)
∂x ∂y ∂y ∂x
ou
1 1 ¡ ¢
γ = γ xy cos2 θ − sen2 θ + (εyy − εxx ) senθ cos θ (5.25)
2 θ 2
Com estas expressões pode-se calcular o valor das deformações em qualquer direção, a partir daquelas
que são conhecidas, a priori, em uma direção definida.
As equações (5.18) e (5.28) são as equações paramétricas de circunferência, no caso conhecido como
Círculo de Mohr para deformações. Estas equações podem ter uma interpretação geométrica, a qual é
bastante discutida nos textos básicos de mecânica dos sólidos.
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 63
c b
θ3 a
θ2
θ1
a x
b
c
Figura 5.6:
A medida de deformações lineares é simples de ser feita, além de altamente confiável. As medidas de
deformações em um ponto são feitas de tal maneira que as linhas de medição se cruzem exatamente no
ponto de interesse, conforme indica a figura 2.6. Isto quer dizer que o resultado da medida, por não ser feito
pontualmente, será um valor médio da deformação no ponto.Este erro de medição é devido ao fato de os
extensômetros serem de tamanho finito, e as deformações específicas terem caráter de função de ponto.
As linhas nas quais são instalados os sensores de medição de deformação, devem ser referidas a um sistema
de coordenadas x, y de orientação qualquer, através dos ângulos θ 1 , θ2 e θ3 Chamando-se as deformaçòes
lineares medidas nas direções a, b e c de εθ1 , εθ2 , εθ3 respectivamente, e com o auxílio da equação de trans-
formação de deformações, pode-se escrever o seguinte sistema de equaçãoes, que dá, após a sua solução, as
deformações εxx , εyy e ? :
Os ângulos θ1 , θ 2 e θ3 são dados pela orientação dos sensores, e para o caso de extensômetros, este
conjunto de sensores é chamado de roseta, sendo mais comuns as seguintes:
- de dois extensômetros;
- retângular;
- delta;
- T delta.
As tensões que podem ser obtidas a partir das medições, são indicadas na Tabela 2.1.
inserir tabela
Outra maneira de determinar as deformações cisalhantes e normais em uma direção a partir de medição em
superfícies por extensômetros, é com o auxílio do Círculo de Mohr. Entretanto, este procedimento, por ser
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 64
y σy y + ∂ σy y d y
∂y
τx y + ∂ τ x y d y
∂y
σx x Y σx x + ∂ σx x d x
∂x
X
τx y τx y
τx y +∂ dx
∂x
τx y
σy y
Figura 5.7:
A abordagem analítica dos problemas de elasticidade é iniciada pelo equilíbrio de forças em um elemento de
volume do sólido. Ao longo do volume elementar de um sólido, existem variações de tensões. Estas variações
são muito bem representadas pelas expansões em série de Taylor, como está indicado na figura 2.7.
Do equilíbrio de forças na direção x obtém-se:
µ ¶ µ ¶
∂σ xx ∂τ xy
σ xx + dx dydz − σxx dydz + τ xy + dy dxdz − τ xy dxdz + Xdxdydz = 0
∂x ∂y
Após as simplificações fica-se com:
∂σxx ∂τ xy
+ +X =0 (5.27)
∂x ∂y
Do equilíbrio de forças na direção y obtém-se:
µ ¶ µ ¶
∂σyy ∂τ xy
σyy + dy dxdz − σyy dxdz + τ xy + dx dydz − τ xy dydz + Y dxdydz = 0 (5.28)
∂y ∂x
∂σyy ∂τ xy
+ +Y = 0 (5.29)
∂y ∂x
onde: X e Y são forças de corpo.
As equações diferenciais (5.32) e (5.34), são as que regem o equilíbrio dos problemas bidimensionais da
teoria da elasticidade.
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 65
Na solução dos problemas de elesticidade as equações diferenciais (5.32) e (5.34) precisam ser satisfeitas
para qualquer ponto do intervalo do corpo. as tensões variam continuamente ao longo do volume do corpo,
devendo estar em equilíbrio com as forças externas no contorno do corpo, de tal forma que estas forças
externas possam ser consideradas como continuação da distribuição interna. de tensões. as condições de
contorno são obtidas de maneira similar à das equações (5.7) e (5.8), sendo que a única diferença é que a
face AB do elemento coincide com a superfície livre do contorno. Sendo X̄ e Ȳ as forças de superfície, as
condições de contorno são dadas por:
X = lσxx + mτ xy (5.30)
Y = lσyy + lτ xy (5.31)
É conveniente salientar que X̄ e Ȳ , no caso de elasticidade plana, são forças por unidade de área, ou seja,
têm a mesma dimensão das tensòes, e são causadas pelo contato direto de outros corpos, ou fluídos, com o
corpo que está senso analisado.
Para a determinação do, através da elasticidade, do estado de tensões em um sólido, é necessário resolver
o sistema de equações diferenciais de equilíbrio, satisfazendo as condições de contorno. porém, as equaçòes
de equilíbrio, em número de duas, envolvem três incógnitas, σ xx , σyy , ?. Conseqüentemente este problema
é hiperestático. Para obter-se um sistema de equações com solução possível, as deformaçòes elásticas do
corpo, εxx , εyy e τ xy , escritas a seguir, devem ser consideradas.
∂u
εxx = (5.32)
∂x
∂v
εyy = (5.33)
∂y
∂u ∂v
γxx = + (5.34)
∂y ∂x
Como as deformações εxx , εyy e γ xy são expressas pelas funções u e v, as deformaçòes não podem ser
tomadas de forma arbitrária, e conseqüentemente nem as tensões. Como todas as três deformações são
obtidas a partir de apenas dois deslocamentos, pode-se concluir que existe uma relação diferencial entre as
deformações, que pode ser obtidas de (5.37), (5.38) e (5.39) como segue. Deriva-se (5.37) duas vezes em
relação a y e encontra-se:
∂ 2 εxx ∂3 u
2
= 2 (5.35)
∂y ∂y ∂x
Deriva-se (5.38) duas vezes em relação a x.
∂ 2 εyy ∂3 u
= (5.36)
∂x2 ∂x2 ∂y
Finalmente deriva-se (5.39) em relação a x e y.
∂ 2 γ xy ∂3 u ∂ 3v
= + (5.37)
∂x∂y ∂x∂y 2 ∂x2 ∂y
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 66
A soma das equações (5.40) e (5.41) corresponde à equação (5.42). Logo, a relação entre as deformações
específicas é:
∂ 2 εxx ∂ 2 εyy ∂ 2 γ xy
2
+ 2
= (5.38)
∂y ∂x ∂x∂y
Esta equação, denominada de condição de compatibilidade, permite que o problema de elasticidade plana
tenha solução, ou seja, tenha-se um sistema com o mesmo número de equações e incógnitas.
Para que se possa ter três equações diferenciais somente em função de tensões, a lei de Hooke pode ser
usada para transformar a equação de compatibilidade.
Para o caso plano de tensões, a Lei de Hooke é:
1
εxx = (σxx − vσyy ) (5.39)
E
1
εyy = (σyy − vσxx ) (5.40)
Eµ ¶
1+v
γ xy = 2 τ xy (5.41)
E
∂2 ∂2 ∂ 2τ xy
(σ xx − vσ yy ) + (σ yy − vσ xx ) = 2 (1 + v) (5.42)
∂y 2 ∂x2 ∂x∂y
Derivando a primeira equação de equilíbrio, (5.32), em relação a x e a segunda, (5.34), em relação a y,
tem-se:
∂ 2 σ xx ∂ 2 τ xy ∂X
+ + = 0 (5.43)
∂x2 ∂x∂y ∂x
2 2
∂ σyy ∂ τ xy ∂Y
+ + = 0 (5.44)
∂y2 ∂x∂y ∂y
Da soma das duas equações anteriores, resulta:
∂ 2 τ xy ∂ 2 σxx ∂ 2 σ yy ∂X ∂Y
=− 2
− 2
− − (5.45)
∂x∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
Com a substituição da equação (5.50) no segundo membro da equação (5.47), após o reagrupamento dos
termos tem-se: µ ¶ µ ¶
∂2 ∂2 ∂X ∂Y
+ (σxx + σyy ) − (1 + v) + (5.46)
∂x2 ∂y 2 ∂x ∂y
Na ausência de forças de corpo, ou para o caso de forças de campo constantes, a equação (5.51) fica
reduzida a apenas: µ ¶
∂2 ∂2
2
+ 2 (σxx + σyy ) = 0 (5.47)
∂x ∂y
O mesmo procedimento pode ser aplicado para um estado plano de deformações, e como as relações
tensão - deformação para um estado plano de deformações são diferentes das do estado plano de tensões,
a equação de compatibilidade em termos das tensões também será diferente. Para chegar a esta relação,
parte-se de que εzz = 0, ou seja:
σ zz = v (σxx + σ yy ) (5.48)
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 67
1 £¡ ¢ ¤
εxx = 1 − v 2 σ xx − v (1 + v) σyy (5.49)
E
1 £¡ ¢ ¤
εyy = 1 − v 2 σ yy − v (1 + v) σxx (5.50)
Eµ ¶
1+v
γxy = 2 τ xy (5.51)
E
Com estas relações, a equação de compatibilidade (5.42) para o estado plano de deformações pode ser
reescrita como:
½ ¾ µ ¶
1 ∂ 2 £¡ 2
¢ ¤ ∂ 2 £¡ ¢ ¤ 1+v ∂ 2τ xy
1 − v σ xx − v (1 + v) σ yy + 1 − v2 σyy − v (1 + v) σ xx =2 (5.52)
E ∂y 2 ∂x2 E ∂x∂y
Com a substituição da expressão (5.50) na equação (5.57) de compatibilidade, esta última fica reduzida
a apenas: µ ¶ µ ¶
∂2 ∂2 1 ∂X ∂Y
+ (σxx + σ yy ) = − + (5.53)
∂x2 ∂y2 1−v ∂x ∂y
que é a equação de compatibilidade para o caso plano de deformações.
A solução de problems bidimensionais, para caso de ação do campo gravitacional da terra, é dada pela
integração das equações diferenciais de equilíbrio, de modo a atender a equação de compatibilidade e as
condições de contorno. este sistema de equações é listado a seguir:
∂σxx ∂τ xy
+ =0 (5.54)
∂x ∂y
∂σyy ∂τ xy
+ + ρg = 0 (5.55)
∂y ∂x
µ 2 ¶
∂ ∂2
+ (σxx + σyy ) = 0 (5.56)
∂x2 ∂y 2
X = lσxx + mτ xy (5.57)
Y = lτ xy + mτ yy (5.58)
A abordagem para a solução do problema conforme a proposta acima é invariável. Sendo assim, a solução
usual deste problema se baseia na introdução de uma nova função, denominada de função tensão de Airy,
de modo que as equações de equilíbrio sejam automaticamente satisfeitas. Isto é conseguido com o uso das
seguintes expressões para a determinação das componentes de tensão.
∂ 2 φ(x, y)
σxx = − ρgy (5.59)
∂y 2
∂ 2 φ(x, y)
σyy = − ρgy (5.60)
∂x2
∂ 2 φ(x, y)
τ xy = − (5.61)
∂x∂y
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 68
Desta forma consegue-se determinar infinitas funções φ(x, y) que setisfaçam as equações de equilíbrio.
Estas funções, porém, só serão solução de um problema de elasticidade se satisfizerem também a equação de
compatibilidade.
A equação de compatibilidade (5.61) pode ser colocada em termos da função φ(x, y) com a introdução das
relações (5.64) e (5.65) na expressão (5.61). A equação resultante destas operações é denominada equação
de compatibilidade em termos da função de Airy e tem a seguinte forma:
∂4 φ ∂4 φ ∂ 4φ
4
+2 2 2 + 4 = 0 (5.62)
∂x ∂x ∂y ∂y
Então a solução de um problema de elasticidade consiste, apenas, em achar uma função que satisfaça a
equação de compatibilidade (5.67) e as condições de contorno, representadas pelas equações (5.62) e (5.63)
do problema.
O caso mais geral, se as forças de campo derivarem de um potencial, pode ser solucionado, também, através
das funções de tensão, como segue:
∂V
X = − (5.63)
∂x
∂V
Y = − (5.64)
∂y
onde V é a função do potencial.
Com isto as equações de equilíbrio podem ser reescritas como sendo:
∂ ∂τ xx
(σxx − V ) + = 0 (5.65)
∂x ∂y
∂ ∂τ xy
(σ yy − V ) + = 0 (5.66)
∂y ∂x
As duas equações anteriores serão satisfeitas se as componentes de tensão forem dadas, a partir da função
tensão, por:
∂ 2φ
σxx − V = (5.67)
∂y 2
∂ 2φ
σyy − V = (5.68)
∂x2
∂2 φ
∂τ xy = − (5.69)
∂x∂y
A substituição destas componentes de tensão na equação de compatibilidade (5.51), para o caso plano
de tensões, (5.50), resulta em:
µ ¶
∂ 4φ ∂ 4φ ∂4 φ ∂2 V ∂2 V
4
+ 2 2 2 + 4 = − (1 − v) 2
+ (5.70)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y 2
2.13.10 - Particularizar a equação anterior para o potencial da terra que é dado por V = − ρgy.
2.13.11 - Deduzir a equação do potencial de um disco girante, e particularizar as equações (??) e (??).
Resposta:
1 ¡ ¢ 1
V = − ρw2 x2 + y 2 = − ρw2 r2
2 2
onde:
ρ - densidade.
w - velocidade angular.
2l l x
3l
x A
100
30
F (mm)
σxx = f1 (x, y)
σyy = f2 (x, y)
τ xy = f3 (x, y)
onde f1 , f2 e f3 são funções arbitrárias. Quias as condições que f1 , f2 e f3 devem satisfazer para que o
campo de tensões acima seja solução de um problema de elasticidade?
2.13.6. Qual o tipo de carregamento que pode ser aplicado nos bordos da peça indicada, de forma que
a função dada seja solução exata?
2.13.7 Determinar os coeficientes da função do problema anterior, de forma que esta seja solução do
seguinte problema:
Considerar a hipótese de que o Mz tenha uma distribuição linear.
Além disso:
a. Determinar a distribuição de tensões para um ponto qualquer da barra.
Capítulo 5 - Elasticidade plana em coordenadas retangulares 71
Mz Mz
x z
h
b. Fazer comentários a respeito da solução obtida, quando comparada com a formulação de resistência
dos materiais, dada por σxx = − MzY
IZZ ?
2.13.8. A solução do problema indicado, por resistência dos materiais, é dada por:
¡ ¢
σxx = − 6k
bh3
0
− x2 y = − 6k 0
bh3
LR − x2 y
h¡ σyy = 0 i
12k0
¢¡ ¢ ¡ ¢2 ¡ ¢ ¡h ¢¡ ¢© ¡ ¢¤
τ xy = bh3 h
2 −y
L 1 h
x− 2 y+ 2 2 −y x − L2 = 12k bh3
0
2 −y x − L2 y + 12 h2 − y =
¡ ¢¡ ¢© ª ¡h ¢¡ ¢¡ ¢ ³ 2 ´
12k0 h
bh3 2 −y x − L2 y − y2 + h4 = 12k bh3
0
2 −y x − L2 y2 + h4 = 6k 0
bh3
h
2 −y
2
6.1 Introdução
Muitos problemas de elasticidade têm solução bastante simplificada, quando se trabalha com sistemas de
coordenadas apropriados.
Quando se trabalha com placas circulares, tubos ou discos, o sistema de coordenadas mais apropriado
para a análise é o polar; não só pela sua adequação geométrica, mas principalmente pela facilidade de
emprego e simplificação da solução das equações que regem o problema. Da mesma forma, ao se trabalhar
com outros tipos de sólidos, como toróides, esferas ou cilindros, os sistemas de coordenadas mais apropriados
são o toroidal, o esférico ou o cilíndrico, respectivamente.
Neste capítulo serão desenvolvidas as relações entre os sistemas de coordenadas retangular e polar de tal
forma que, apenas com mudanças de variáveis, se possa transformar as equações de elasticidade conhecidas
anteriormente, escritas em coordenadas retangulares, para o sistema de coordenadas polar.
72
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 73
dr σ4 τ4 τ3
σ2
dθ/2 S
R
r dθ/2
τ1
σ1 τ2
σ3
dθ
θ
x
σ1 = σrr (6.1)
∂σrr
σ2 = σrr + dr (6.2)
∂r
σ3 = σθθ (6.3)
∂σ θθ
σ4 = σθθ + dθ (6.4)
∂θ
τ1 = τ rθ (6.5)
τ2 = τ rθ (6.6)
∂τ rθ
τ3 = τ rθ + dr (6.7)
∂r
∂τ rθ
τ4 = τ rθ + dθ (6.8)
∂r
Com estes valores mostrados acima, procede-se ao equilíbrio de forças na direção radial e na direção
tangencial, como segue:
dθ dθ dθ
σ1 rdθdz − σ2 (r + dr) dθdz + σ 3 drdzsen − σ4 drdzsen + τ 2 drdz cos −
2 2 2
dθ
τ 4 drdz cos + Rrdθdrdz = 0 (6.9)
2
dθ dθ
τ 3 (r + dr) dθdz − τ 1 rdθdz + Srdθdrdz + τ 2 drdzsen + τ 4 drdzsen −
2 2
dθ dθ
+ σ4 drdz cos
σ 3 drdz cos =0 (6.10)
2 2
Com a substituição de (6.1) a(6.8) em (6.9) a (6.10), fica-se com:
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 74
θ
x x
Através de relações simples de triângulos, consegue-se fazer a relação entre os sistemas de coordenadas
retangular e polar, da forma que segue.
X = r cos θ (6.16)
Y = rsenθ (6.17)
¡ ¢1Á 2
r = x2 + y 2 (6.18)
θ = acr tg yÁx (6.19)
logo:
∂r x x
= = = cos θ (6.20)
∂x (x2 + y 2 )1Á 2 r
∂r x x
= = = senθ (6.21)
∂y (x2 + y 2 )1Á 2 r
e ainda:
∂θ y senθ
= − 2
=− (6.22)
∂x r r
∂θ x cos θ
= = (6.23)
∂y x2 + y 2 r
∂f (r, θ) ∂f dr ∂f dθ
= + (6.24)
∂x ∂r dx ∂θ dx
∂f (r, θ) ∂f dr ∂f dθ
= + (6.25)
∂y ∂r dy ∂θ dy
µ ¶
∂f ∂ senθ ∂
= cos θ − f (6.26)
∂x ∂r r ∂θ
µ ¶
∂f ∂ cos θ ∂
= cos θ + f (6.27)
∂y ∂r r ∂θ
A obtenção de derivados de ordem superior consiste na reaplicação dos operadores (6.26) e (6.27) neles
próprios, como segue:
µ ¶µ ¶
∂ 2f ∂ ∂f ∂ senθ ∂ ∂f senθ ∂f
= = cos θ − cos θ − (6.28)
∂2 x ∂x ∂x ∂r r ∂θ ∂r r ∂θ
O desenvolvimento feito acima permite que se faça a mudança de coordenadas das equações de compat-
ibilidade em coordenadas regulares para o sistema polar.
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 76
Para o caso de distribuição plana de tensões, quando não se considera as forças de corpo, a equação de
compatibilidade é idêntica à do caso plano de deformações. Esta equação em termos de x e y é:
µ ¶
∂2 ∂2
+ (σxx + σyy ) = 0 (6.32)
∂x2 ∂y 2
Com as equações (6.29) e (6.30), (6.32) poderá ser escrita como:
µ ¶
∂2 1 ∂ 1 ∂2
+ + (σxx + σ yy ) = 0 (6.33)
∂r2 r ∂r r2 ∂θ2
A soma de σxx e σyy , da equação (6.33), pode ser dada pela soma das equações (6.13) e (6.14), ou seja:
∂ 2 φ 1 ∂φ 1 ∂2 φ
(σxx + σyy ) = σrr + σ θθ = + + (6.34)
∂r2 r ∂r r2 ∂θ 2
ou ainda: µ ¶
∂2 1 ∂ 1 ∂2
2
+ + 2 2 = σθθ + σrr (6.35)
∂r r ∂r r ∂θ
A expressão anterior pode ser escrita como sendo:
∇2 φ = σ θθ + σrr (6.36)
onde:
∂2 1 ∂ 1 ∂2
+ ∇2 =
+ (6.37)
∂r2 r ∂r r2 ∂θ 2
O operador (6.37) está escrito em coordenadas polares e é denominado de La placiano. Sua forma em
coordenadas retangulares está dada na equação (6.32). Com a equação (6.36) e a definição (6.37) a equação
(6.32) pode ser reescrita como:
∇2 ∇2 φ = 0
ou
∇4 φ = 0 (6.38)
Ocorrem na prática, em peças axissimétricas, muitos casos de carregamentos com simetria em relação ao
eixo de revolução da peça, como por exemplo: cilindros espessos submetidos à pressão interna, cilindros
encamisados, discos girantes etc.
Quando ocorre axissimetria de carregamento, a função tensão é somente função da variável r, ou seja
φ (r). Neste caso, como toda derivada em relação a θ é anulada, a equação (6.38) pode ser reescrita como:
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 77
µ ¶µ ¶
d2 1 d d2 1 d
∇4 φ = + + φ=0 (6.39)
dr2 r dr dr2 r dr
O operador ∇4 da equação (6.39), pode ser reescrito como sendo
∙ µ µ ¶¶¸
4 1 d d 1 d d
∇ φ= r r (6.40)
r dr dr r dr dr
logo
µ µ ¶¶
A r2 1 Ar2 Br2
φ= ln r − − + + C ln r + D (6.42)
2 2 2 8 4
Agrupando os termos comuns tem-se, após a redefinição das constantes, que:
As equações (6.42) e (6.43) são a solução geral para o caso de carregamento axissimétrico em peças de
revolução. As constantes A,B,C e D são arbitrárias e determinadas pelas condições de contorno.
Das equações das componentes de tensão, em termos da função tensão de Airy, repetidas a seguir,
1 ∂φ 1 ∂2 φ
σrr = + 2 2
r ∂r r ∂θ
∂2 φ
σθθ = (6.44)
∂r2 µ ¶
∂ 1 ∂φ
τ rθ = −
∂r r ∂θ
Po
Pi a
A
σrr = + B (1 + 2 ln r) + 2C (6.48)
r2
A
σθθ = − 2 + B (3 + 2 ln r) + 2C (6.49)
r
As constantes A, B e C são determinadas com o auxílio das condições e contorno.
Exemplo: Ao tomar o coeficiente B das expressões 3.46 e 3.47 igual a zero, tem-se que:
σrr = rA2 + 2C
(6.50)
σθθ = −A
r2
+ 2C
Esta solução se adapta à análise de tensõers em cilindros vazados, submetidos à pressão externa e ou
interna. Sendo a e b os raios interno e externo de um cilindro de parede espessa, submetido a uma pressão
interna pi e a uma externa po , as condições de contorno são:
σrr = −Pi para r = a
σrr = −Pi para r = a
Com as equações (6.50) e as condições de contorno apresentadas acima, tem-se:
A
+ 2C = −Pi a2
A
+ 2C = −P0 b2
Com a solução do sistema de equações acima, chega-se a:
³ ´
p0 −pi
A = a2 b2 b2 −a2
Pia2 −P0b2
2C = b2 −a2
logo a distribuição de tensões no interior do corpo é dada por:
a2 b2 (po − pi ) Pi a2 − Po b2
σrr = + (6.51)
(b2 − a2 ) r2 b2 − a2
2
a pi Pi a − Po b2
2
σθθ = + (6.52)
(b2 − a2 ) r2 b2 − a2
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 79
Para o caso particular do cilindro estar submetido somente a pressão interna, as equações acima reduzem-
se a:
µ ¶
a2 pi b2
σrr = 1 − (6.53)
b2 − a2 r2
µ ¶
a2 pi b2
σθθ = 1 + (6.54)
b2 − a2 r2
Um dos critérios usados para o dimensionamento de tubos de paredes espessas é o da máxima tensão
cisalhante. Para o caso de um tubo submetido a uma pressão interna pi ,tem-se que as tensões máximas
ocorrem na parede interna, ou seja
σ rr = −pi
2
+b2
σθθ = pi ba2 −a 2
A tensão equivalente é
σeq = σ1 − σ 3 = σθθ − σrr
ou
pi b2
σeq = 2
− a2 ) (b2
Para o dimensionamento da espessura de parede, o raio interno não pode ser alterado, já o mesmo é
dimensionado para o escoamento desejado de fluido. Desta forma o raio b fica definido por:
1Á 2
b = (σadm (σadm − 2Pi ))
onde
σadm = σescÁ Sg
Se a pressão interna for a metade da tensão admissível, tem-se que b → ∞ , ou seja, não é possível ter-se
um tubo que resista a esta pressão.
As componentes de deformação em coordenadas polares εΓΓ , εθθ e ?, serão determinadas a partir das de-
formações específicas do sistema de coordenadas retangular. As deformações específicas, determinadas da
forma que segue, são gerais, valendo para qualquer caso de carregamento e geometria.
Sejam u e v os deslocamentos segundo as direções x e y, e ur e vθ os deslocamentos nas direções r e θ,
do ponto P na figura 3.4.
A relação entre os deslocamentos de um ponto P nos sistemas (x, y) e (r, θ) é dada por:
y
P ‘
ur
v
vθ u
P
θ
x
∂u ∂ur ∂v
= cos θ − ur senθ − senθ − vθ cos θ (6.60)
∂θ ∂θ ∂θ
∂u ∂ur ∂vθ
= cos θ − senθ (6.61)
∂r ∂r ∂θ
A equação (6.57), após a introdução das equações (6.60) e (6.61), resulta na deformação εxx , em coorde-
nadas polares, que segue:
µ ¶ ∙ ¶
∂ur ∂vθ dθ ∂ur ∂vθ dr
εxx = cos θ − ur senθ − senθ − vθ cos θ + cos θ − senθ (6.62)
∂θ ∂θ dx ∂r ∂θ dx
Porém,
dθ 1
= − senθ (6.63)
dx r
e
dr
= cos θ (6.64)
dx
Com estas relações, a equação (6.62) pode ser reescrita da forma que segue:
µ ¶ µ ¶
1 ∂ur ∂vθ ∂ur ∂vθ
εxx = − senθ − ur cos θ + senθ − vθ cos θ + cos θ − senθ cos θ (6.65)
r ∂θ ∂θ ∂r ∂r
De forma semelhante, chega-se às demais deformações, εyy e γxy , em coordenadas polares.
µ ¶ µ ¶
1 ∂ur ∂vθ ∂ur ∂vθ
εyy = − cos θ − ur senθ − senθ − vθ cos θ + senθ − senθ senθ (6.66)
r ∂θ ∂θ ∂r ∂r
e
∂ur ∂v ¡ ¢ 1 ∂ur ¡ 2 ¢
γ xy = 2 cos θsenθ + θ cos2 θ − sen2 θ + cos θ − sen2 θ − (6.67)
∂r ∂r r ∂θ
2 2 ∂vθ 1 ¡ 2 ¢
ur senθ cos θ − senθ cos θ − − vθ cos θ − sen2 θ (6.68)
r r ∂θ r
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 81
y
C ‘
u r + ∂ u r dθ C B‘ vθ + ∂vθ d r
∂θ D
‘ ∂r
vθ + ∂ vθ dθ A vθ B
∂θ ‘
D u r + ∂ ur d r
∂r
A
ur
dθ
θ
x
Figura 6.5:
Lembrando que deformações em uma direção θ, arbitrária, são relacionadas com as deformações nas
direções x e y através das equações (5.14) e (5.25), repetidas a seguir, pode-se mudar de coordenadas, como
segue:
∂ur
εrr = (6.72)
∂r
ur 1 ∂vθ
εθθ = + (6.73)
r r ∂θ
1 ∂ur ∂vθ vθ
γ rθ = + − (6.74)
r ∂r ∂θ r
É possível chegar-se as três equações anteriores a partir dos deslocamentos de um elemento característico,
do sistema de coordenadas polar.Este procedimento será apresentado a seguir, de forma sucinta e linearizada.
A ’B ’ − AB
εrr =
AB
Onde:
AB = dr
e ur + ∂u
A ’B ’= ∂r dr − ur =
r ∂ur
∂r dr,
logo:
∂ur dr ∂ur
e
εrr = =
∂r dr ∂r
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 82
A deformação tangencial εθθ é dada pela soma de duas parcelas, uma do deslocamento radial e a outra
devido ao deslocamento tangencial. Estas duas parcelas são discriminadas a seguir.
- Parcela devida ao deslocamento radial
(r + ur ) dθ − rdθ ur
=
rdθ r
- Parcela devida ao deslocamento tangencial
ur 1 ∂vθ
+ εθθ =
r r ∂θ
A deformação cisalhante, isto é, a variação do ângulo reto em A, é obtida a partir a análise da figura 3.5,
como segue. O ângulo formado entre AD e A0 D0 é:
(∂ur Á∂θ) dθ 1 ∂ur
=
rdθ r ∂θ
O ângulo entre as retas AB e A0 B 0 , após as devidas linearizações é dado por:
∂vθ
∂r dr ∂vθ
=
dr ∂r
porém neste ângulo está embutido o deslocamento de corpo rígido da face AB. Este deslocamento de corpo
rígido, que deve ser descontado, é dado por:
vθ
r
logo
∂vθ 1 ∂ur vθ
+ γ rθ =−
∂r r ∂θ r
As equações da lei de Hooke permitem que se tenha relações entre os campos de deslocamento e o campo
de tensões. Para o estado plano de tensões estas relações são:
∂ur 1
εrr = = (σ rr − vσθθ ) (6.75)
∂r E
ur 1 ∂vθ 1
εrr = + = (σθθ − vσrr ) (6.76)
r r ∂θ E
1 1 ∂ur ∂vθ vθ
γ rθ = τ rθ = + − (6.77)
G r ∂θ ∂θ r
Como os componentes de tensão para problemas com axissimetria de carga e geometria foram avaliados
anteriormente, equações (6.48) e (6.49), pode-se obter a partir da equação (6.75) o deslocamento radial.
Esta equação, com a substituição das componentes de tensões é:
∙ ¸
∂ur 1 (1 + v)
= A + 2 (1 − v) B ln r + (1 − 3v) B + 2 (1 − v) C (6.78)
∂r E r
A integração da equação (6.78) resulta, já que as tensões são apenas funções de r , em:
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 83
∙ ¸
1 (1 + v)
ur = A + 2 (1 − v) B ln r − B (1 + v) r + 2C (1 − v) r + f (θ) (6.79)
E r
onde f (θ) é somente uma função de θ .
A equação (6.76) pode ser escrita como:
µ ¶
∂vθ 1 ur
=r (σθθ − vσrr ) − (6.80)
∂θ E r
onde ur é dado pela equação (6.79); logo:
∂vθ 4Br
= − f (θ) (6.81)
∂θ E
cuja integração resulta em: Z
4Brθ
vθ = − f (θ) dθ + f1 (r) (6.82)
E
onde f1 (r) é somente função da variável r.
Substituindo (6.82) e (6.79) na equação da deformação cisalhante (6.77), e lembrando que τ rθ = 0 e
conseqüentemente τ rθ = 0 em problemas aximétricos de carga e forma, tem-se:
1 ∂ur ∂v v
+ θ − θ =0
r ∂θ ∂r r
que a partir dos deslocamentos, equações (6.79) e (6.82), pode ser reescrita:
Z
1 ∂f (θ) ∂f1 (r) 1 1 4Bθ
+ + f (θ) dθ − f1 (r) + =0 (6.83)
r ∂θ ∂r r r E
onde:
1 ∂ur 1 ∂f (θ)
= (6.84)
r ∂θ r ∂θ
∂vθ 4Bθ ∂f1 (r)
= + (6.85)
∂θ E Z∂r
vθ 4Bθ 1 f1 (r)
= − f (θ) dθ + (6.86)
r E r r
A solução da equação (6.83) é dada por:
f1 (r) − F r (6.87)
f (θ) = Hsenθ + K cos θ (6.88)
onde as constantes F, H e K são determinadas pelas condições de contorno de deslocamentos para uma viga
curva ou anel.
Substituindo as equações (6.87) e (6.88) em (6.79) e (6.82), obtém-se as seguintes expressões para os
deslocamentos:
µ ¶
1 (1 + v)
ur = − A + 2 (1 − v) B ln r − B (1 + v) r + 2C (1 − v) r + Hsenθ + K cos θ (6.89)
E r
4Brθ
vθ = + F r + H cos θ − Ksenθ (6.90)
E
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 84
3.8 - Tubos encamizados e ligações cubo-eixo A análise das equações dos tubos de paredes grossas,
mostra que o aumento da espessura não pode, em todos os casos, garantir a resistência necessária. Esta
afirmação é melhor entendida ao tomar-se o caso limite, ou seja, quando a espessura do tubo tende ao
2b2
infinito; com isto tem-se que σeq = b2 −a2 p (na parede interna do tubo) tende a 2p, segundo a teoria da
máxima tensão cisalhante. Este resultado significa que em um tubo de parede espessa onde seja necessário
manter alta pressão, por exemplo 3000 atm {300 M P a], é necessário que a tensão de escoamento do ma-
terial seja duas vezes maior que a pressão de operação do equipamento, ou seja σesc = 600 M P a. É
praticamente impossível encontrar na atualidade materiais com tal resistência em condições de operação
(Sg > 1, altas temperatura etc), o caminho é então partir para outras maneiras construtivas de solucionar o
problema, usando por exemplo cilindros encamisados, cuja análise é feita a seguir.
Seja um cilindro de raio interno “a ” e externo “c ”, e um segundo cilindro de raio externo “b ” e
raio interno “c − ∆”, onde ∆ é a diferença entre o raio externo do cilindro e o raio interno do cilindro
externo, denominada de interferência. A montagem dos dois é feita com o aquecimento do cilindro enterno
e resfriamento do cilindro interno. Quando as duas peças alcançam o equilíbrio de temperatura surgirá uma
pressão de contato P k na região de união entre os dois tubos que irá depender da geometria e dos materiais.
Na montagem, o raio externo do cilindro interno diminui e os pontos da região de contato sofrem um
deslocamento radial “ur1 ” negativo. O raio interno do cilindro externo aumenta e os pontos na região de
contato sofrem um deslocamento “ur2 ” positivo, com isto, a seguinte relação é obtida
O deslocamento ur para um tubo cilíndrico é dado pela equação 3.84, sendo as constantes A, B e 2C,
determinadas no exemplo 1 da página 37, repetidas a seguir:
(po − pi )
A = a2 b2 (6.92)
b2 − a2
B = 0 (6.93)
¡ 2 ¢
pi a − po b2
2C = (6.94)
b2 − a2
As constantes H e K, da mesma equação, são tomadas como zero.
H = 0 (6.95)
K = 0 (6.96)
pi = 0 (6.98)
po = 0 (6.99)
a = a, (6.100)
b = c, (6.101)
r = c. (6.102)
pi = pk (6.105)
po = 0 (6.106)
a = c (6.107)
b = b (6.108)
r = c (6.109)
resultando em:
1+v b2 c 1−v c3
ur2 = pk + pk (6.110)
E (b2 − a2 ) E (b2 − c2 )
Se os cilindros forem do mesmo material as propriedades físicas E e v são iguais. Logo, aplicando a
condição de contorno dada pela equação (6.91), tem-se:
"¡ ¢¡ ¢#
E4 c2 − a2 b2 − c2
pk = 3 (6.111)
2c (b2 − a2 )
onde ∆ é a interferência entre os cilindros interno e externo.
Este equacionamento pode ser utilizado também para a análise do problema de ligações cubo-eixo, além
do problema de tubos encamisados. É interessante salientar que se o material das partes constituintes das
peças que compõem o tubo, ou a ligação cubo-eixo, forem diferentes, a única equação que muda é a (6.111),
já que o módulo de elasticidade bem como o coeficiente de Poisson são diferentes.
É possível chegar-se a uma configuração ótima, em termos de dimensões dos tubos, de forma que se
consiga o máximo de aproveitamento da resistência do material do tubo. O desenvolvimento que é feito a
seguir tem como objetivo a otimização da montagem apenas para o caso de cilindros encamisados de medmo
material. Outros casos particulares são deixados a cargo do leitor, já que são baseados no mesmo princípio
básico, apenas com pequenas diferenças entre si.
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 86
A otimização é seguida quando a tensão equivalente na parede interna do cilindro externo é igual à tensão
equivalente da parede interna do cilindro interno. Pela teoria da máxima tensão cisalhante, aplicável a
materiais dúctiveis, tem-se:
σeq = σ1 − σ3 (6.112)
Introduzindo a expressão (6.111) na (6.115), tem-se a interfer6encia para que as tensões equivalentes dos
pontos A e B sejam iguais: ¡ ¢
2pi cb2 c2 − a2
4= (6.116)
E b2 (c2 − a2 ) + c2 (b2 − c2 )
Substituindo (6.115) em (6.113), tem-se o valor da tensão equivalente em função apenas da geometria
dos tubos e da pressão interna, como segue:
" #
2b2 1
σeq = pi 2 1− b2 c2
(6.117)
b − a2 b2 −c2 + c2 −a2
Aplicando o princípio de máximos e mínimos em relação a c, tem-se que o valor mínimo da tensão ocorre
√
quando c = a × b. Desta forma, a tensão equivalente para o encamisamento otimizado é dada por:
b
σeq min = pi (6.118)
b−a
Para o projeto, normalmente o diâmetro interno “a” é determinado pela necessidade do consumo do
sistema industrial de gás ou de fluído. Desta forma, a única variável que se deve determinar é o raio “b”.
σeq a
b= σ eq− pi√
pi c pi ab
(6.119)
4= E = E
pi (b − a)
pk =
2 (b + a)
Exemplo 2: Sabendo-se que dois tubos são feitos do mesmo material e têm as mesmas dimensões, e que
um é de parede espessa única e o outro é um cilindro encamisado, pergunta-se: qual dos dois tubos suporta
maior pressão interna?
2
σ eq1 = b2pib
2 −a2
b
σeq2 = p2 b−a
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 87
2 2
p b c
k 2 2 p
b b c k
2
σθ θ p 2c
k 2 2 c
b c
p c
σr r k + a σθ θ
σr r
- -
-
p
k
p
k 2
p 2c
k 2 2
c a
2 2
2 2
p b2 a
p b c i
b a
2
k 2 2
b b c b
2
c p 2c c 2
k 2 2 p 2a
b c i 2 2
+ b a
σr r a σθ θ +
σr r p a
i
- σθθ
- - -
2 2
p c2 a
p k 2
k c a
p
2 i
p 2c
k 2 2
c a
2 2 2
p b2 a p 2c
i 2 k 2 2
b a c a
σθ θ
σr r p + +
i
- a A B
p b
i
b
c
P1 a P2
a
x A O B
P
σrr θ
x
d dθ
a
c
σrr σrr r dθ θ
m n
M
σeq1 2p1 b
=
σeq1 bp2 b − a
condições em AB. Isto é verdadeiro mesmo que a região AmnB esteja infinitamente distante da origem do
sistema de coordenadas.
A solução básica (Boussinesq, 1892), chamada de radial simples, é dada por:
2p cos θ
σ rr = − σθθ = τ rθ = 0
π 4
Ou seja, um elemento “C”, a uma distância r do ponto de aplicação da carga, está sujeito a uma
compressão simples radial. A solução acima pode ser obtida da função tensão que segue:
p
φ = − rθsenθ
π
Neste caso a tensão circunferencial σθθ e a tensão cisalhante são iguais a zero, como pode-se concluir a
partir das equações (6.44).
As tensões σrr , σθθ e τ rθ satisfazem as equações de equilíbrio. As condições de contorno em AB também
são satisfeitas já que σθθ e τ rθ são nulas, e a placa está livre de cargas, exceto no ponto 0 (r = 0), onde σrr
se torna infinito.
Este problema, de que a tensão no ponto 0 é igual a infinito, pode ser contornado ao considerar-se a
zona plastificada, na região do ponto de aplicação da carga P , como um semi-cilindro com um raio r0 , cuja
distribuição de tensões radiais no contorno do semi-cilindro possui um efeito igual à força aplicada P . Com
isto, a análise do restante da peça será feita considerando que o material tenha comportamento elástico.
O semi-cilindro, contendo material plastificado, deve ser analisado pelos métodos de plasticidade. Também
deve-se lembrar que cargas atuantes em linhas ou em pontos não existem; o que existe na realidade são
cargas aplicadas em pequenas áreas e a consideração do semi-cilindro plastificado reforça esta idéia. Tendo
isto em mente, segue que a distribuição de r em r = r0 é equivalente a P .
Z πÁ 2
P = −2 σrr rdθ cos θ
Pode-se mostrar também que a distribuição de tensões em um círculo de diâmetro d, tangente ao ponto
de aplicação da carga P , é constante, como segue:
cos θd = r
σ rr = − 2p cos θ 2p cos θ
π r = − d cos θ
ou seja:
2p
σ rr = −
πd
A distribuição de tensões em discos giratórios é de grande importância prática, em vista de suas aplicações
em construção de máquinas.
Se a espessura for constante e pequena, em relação ao seu raio, a variação de tensões radiais e tangenciais
ao longo da espessura pode ser desprezada. as equações (6.11) e (6.12), que regem este tipo de problema,
estão repetidas abaixo.
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 90
∂σrr 1 ∂τ rθ σrr − σ θθ
+ + +R = 0 (6.120)
∂r r ∂θ r
1 ∂σθθ ∂τ rθ τ rθ
+ +2 +S = 0 (6.121)
r ∂θ ∂r r
A equação de potencial V , para um disco girante, é dada por:
1 ¡ ¢ 1
V = − ρ x2 + y 2 2
= − ρr2 2
(6.122)
2 2
∂V
R = − = ρr 2 (6.123)
∂r
1 ∂V
S = − =0 (6.124)
r ∂θ
Onde ρ é a massa do disco por unidade de volume e ω a velocidade angular do mesmo.
Como este problema é de axissimetria, de forma e carregamento, tem-se que τ rθ = 0 e σr e σθ são
independentes de θ. Com isto (6.121) é identicamente satisfeita e (6.120) reduz-se a apenas:
d 2 2
(rσ rr ) − σθθ + ρ r =0 (6.125)
dr
As componentes de deformação, no caso de simetria, em função dos deslocamentos são:
dur
εrr = (6.126)
dr
ur
εθθ = (6.127)
r
Como as relações tensão-deformação, ou seja, a lei de Hooke para o caso plano de tensões, são dados por:
µ ¶
E E dur vur
σrr = (εrr + vεθθ ) = + (6.128)
1 − v2 1 − v 2 dr r
µ ¶
E E ur dur
σ θθ = (εθθ + vεrr ) = + (6.129)
1 − v2 1 − v 2 dr dr
A equação de equilíbrio (6.125) resulta numa equação diferencial em função de ur e r, após as devidas
substituições, como segue:
d2 ur dur 1 − v2
r2 2
+ − ur = ρ 2 3
r (6.130)
dr dr E
A solução geral desta equação é:
½ ¾
1 C1 1 − v2 2 3
ur = (1 − v) Cr − (1 + v) − ρ r (6.131)
E r 8
Sendo C e C1 constantes, arbitrárias, determinadas através das condições de contorno. As tensões são
determinadas a partir da solução geral, como:
1 3−v
σrr = C+ C1 − ρ 2 r2 (6.132)
r2 8
1 1 + 3v
σθθ = C − 2 C1 − ρ 2 r2 (6.133)
r 8
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 91
σ rr σ θθ
b
ω r
+ +
Eixo de
revolução
γω
2
σ mín
θθ = 2(1−ν)b2
h σ máx 8g
rr
σmáx
θθ
máx γ ω
2
σ máx
r r = σ θθ = (3+ν)b
2
8g
Casos Particulares
a) Disco sem furo no centro.
Para um disco sem furo, figura 3.9, o deslocamento μr , radial, deve ser nulo no centro; isto implica
C1 = 0. A constante C é determinada pela condição de contorno de força na periferia do disco.
Se não houverem forças na periferia, tem-se:
3+v 2 2
σrr = C − ρ b =0 (6.134)
8
logo:
3+v 2 2
C= ρ b
8
As componentes de tensão são dadas, então, por:
3+v 2
¡ 2 ¢
σ rr = ρ b − r2 (6.135)
8
3+v 2 2 1 + 3v 2 2
σθθ = ρ b − ρ b (6.136)
8 8
As tensões máximas, para este caso, ocorrem no centro do disco e são dadas por:
3+v 2 2
σrr = σθθ = ρ b (6.137)
8
b) Disco com furo circular, de raio a, no centro
Para este caso, as constantes C e C1 são determinadas pelas seguintes condições de contorno:
σrr σ θθ
ω + +
b
r
Eixo de
a revolução
+ +
σmáx γω2
θθ = [(3+ν)b +(1−ν)a ]
2 2
4g
logo
3+v 2¡ 2 ¢
C = ρ b + a2 (6.140)
8
3+v 2 2 2
C1 = − ρ a b (6.141)
8
Assim, as componentes de tensão são dadas por:
µ ¶
3+v 2 2 2 a2 b2 2
σrr = ρ b +a − 2 −r (6.142)
8 r
µ 2 2 ¶
3+v 2 a b 1 + 3v 2
σ θθ = ρ + 2 − r (6.143)
8 r 3+v
Para este caso a tensão radial máxima não ocorre na mesma posição da tensão tangencial máxima, como
segue:
3+v 2¡ ¢ √
σrm ax = ρ b − a2 para r = ab (6.144)
µ8 ¶
1−v 2 3+v
σθm ax = b2 + a ρ 2 para r = a (6.145)
3+v 4
A análise das equações acima mostra que σθmáx é maior que σrmáx . Além disto, se o orifício central do
disco tender a zero, o valor da tensão máxima duplica em relação ao caso de um disco sem orifício.
Com isto, conclui-se que fazendo um orifício circular pequeno, no centro do disco, o estado de tensões é
muito mais crítico do que em um disco sem furo, para as mesmas condições de geometria e velocidade.
3.11. Lista de exercícios 3.11.1 Deduza, para o caso de axissimetria de forma e carregamento, as
equações diferenciais de equilíbrio. Parta de um elemento de volume, onde as considerações simplificativas
tenham sido introduzidas previamente.
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 93
400 atm
d= 2a
3.11.2 Um tubo cuja pressão interna é próxima de zero, é parte integrante de um equipamento cuja
pressão de operação de aceleração é de 400 atm. Supondo que a análise da flambagem do tubo será realizada
por outra equipe, faça um dimensionamento preliminar do tubo.
3.11.3 Um furo, de siâmetro “a”, é feito em um corpo de grandes dimensòes e é submetido a uma pressão
pi. Desenvolva, ou faça as adaptações necessárias nas equações, e determine σ rr , σθθ e ur .
3.11.4 Dimensionar uma tubulação de alta pressão para os seguintes parâmetros:
Pi = 3000atm (300M P a)
a = 150mm
E = 207000M P a
σE = 1580MP a
Sg = 3
Pergunta-se também qual a:
a. interferência radial
b. pressão de interferência
c. tensão cisalhante máxima nos pontos críticos.
3.11.5 Uma rede de alta pressão deverá ser construída. Supondo que a mesma deverá ser suspensa
por suportes rígidos colocados com espaçamento de 5 metros entre si, para uma pressão de operação de
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 94
50 M P a e variação de 50o C da temperatura ambiente para a de operação, e demanda de fluído que implica
um tubo de φi = 50 mm para uma condição razoável de perda de carga, faça uma análise completa para
pré-demensionamento, considerando os seguintes detalhes:
- efeito do peso próprio
- efeito da vinculação e estabilidade (necessidade ou não do uso de juntas de expansão)
- efeito da temperatura
Dados adicionais
σadm = 250M P a
E = 210 000M P a
v = 0, 27
3.11.6 Um tubo de aço, de 6 m de comprimento, gira com velocidade tangencial de 30 km/h. O seu
diâmetro interno é de 1200 mm e espessura de parede de 8 mm. Além disto, está submetido a uma pressão
¡ ¢
interna de duas atmosferas 2 kgf /cm2 ' 0, 2 M P a .
Determinar:
a.o estado de tensões quando os extremos são fixos
b. o estado de tensões quando os extremos são livres
c. estes resultados para o dobro da velocidade tangencial, comparando-os.
3.11.7 Deduza a equação de dimensionamento de um tubo submetido à pressão interna, usando a teoria
da máxima energia de distorção.
3.8 Um anel de aço gira no espaço. Qual a rotação máxima a que pode ser submetido de forma que a
tensão máxima seja 30% de σR .
a = 50 m
b = 54 m
? = 7860 kg/m3
E = 210.000 MP a
v = 0, 5
σ R = 1600 M P a
Capítulo 6 - Elasticidade plana em coordenadas polares 95
O problema de torção
Estas equações devem ser satisfeitas em qualquer ponto (x, y, z) do sólido. as tensões variam dentro
do sólido e no contorno elas devem ser tais que estejam em equilíbrio com as forças externas ao sólido. As
relações entre as tensões no interior do corpo e as forças sobre a superfície livre do corpo, são obtidas a partir
do equilíbrio de forças do elemento representado na figura 4.2.
Do equilíbrio de forças na direção x, tem-se
logo:
Y = τ xy l + σyy m + τ yz n (7.6)
Z = τ xz l + τ yz m + σzz n (7.7)
96
Capítulo 7 - O prolblema de torção 97
Pode-se notar que as equações de equilíbrio, em número de três, englobam seis componentes de tensão
σxx , σ yy , σzz , ?, que são incógnitas, e com isto o problema é hiperestático. De forma a tornar o mesmo
possível de solução, as deformações elásticas do corpo também precisam ser consideradas para gerar equações
adicionais.
As relações deformações deslocamentos são:
∂u
εxx = (7.8)
∂x
∂v
εyy = (7.9)
∂y
∂w
εzz = (7.10)
∂z
∂u ∂v
γxy = + (7.11)
∂y ∂x
∂u ∂w
γ xz = + (7.12)
∂z ∂x
∂v ∂w
γ yz = + (7.13)
∂z ∂y
Nota-se que as deformações são completamente determinadas pelos deslocamentos u, v e ω, e, conseqüen-
temente, estas não podem ser tomadas como funções arbitrárias de x, y e z, mas sim como funções sujeitas
a relações diferenciais bem definidas. A primeira relação pode ser obtida a partir das equações (7.11), (7.8)
e (7.9). Derivando a equação (7.11) em relação a x e a y tem-se:
∂ 2 γ xy ∂3 u ∂ 3v
= + (7.14)
∂x ∂y ∂x∂y 2 ∂y∂x2
Derivando-se a equação (7.8) em relação a y duas vezes tem-se o primeiro termo do lado direito da
equação (7.14).
∂ 2 εxx ∂3 u
= (7.15)
∂y 2 ∂x∂y 2
Com a derivada da equação (7.9) em relação a x duas vezes, obtém-se o segundo termo do lado direito
da equação (7.14).
∂ 2 εxx ∂3 v
2
= (7.16)
∂x ∂x2 ∂y
Com a substituição de (7.15) e (7.14), obtém-se a primeira equação de compatibilidade:
∂ 2 εxx ∂ 2 εyy ∂ 2 γ xy
+ = (7.17)
∂y2 ∂x2 ∂y 2 ∂x2
Derivando a equação (7.12) em relação a x e a z, e a equação (7.13) em relação a y e a z, e manipulando
as relações obtidas de forma adequada, tem-se:
∂ 2 εzz ∂ 2 εxx ∂ 2 γ xy
2
+ = (7.18)
∂x ∂z 2 ∂x∂z
Capítulo 7 - O prolblema de torção 99
Mais tres relações de compatibilidade poderm ser obtidas, como mostra-se a seguir. Deriva-se a expressão
(7.11) em relação a z e tem-se:
∂γ xy ∂2 u ∂ 2v
= + (7.19)
∂z ∂y∂z ∂x∂z
Derivando-se as expressões (7.12) e (7.13) em relação a y e a x, respectivamente, tem-se:
∂γ xy ∂2 u ∂2 w
= + (7.20)
∂y ∂y∂z ∂x∂z
∂γ yz ∂2 v ∂2 w
= + (7.21)
∂x ∂z∂x ∂x∂y
Derivando-se a expressão (7.8) em relação a y e a z, tem-se:
∂ 2 εxx ∂3 u
= (7.22)
∂y∂z ∂x∂y∂z
Derivando-se (7.19) a (7.20) em relação a x tem-se:
∂ 2 γ yz ∂ 3u ∂3 v
= + 2 (7.23)
∂x∂z ∂x∂y∂z ∂x ∂z
∂ 2 γ xz ∂ 3u ∂3 w
= + 2 (7.24)
∂x∂y ∂x∂y∂z ∂x ∂y
∂ 2 γ yz ∂3 v ∂ 3w
= + (7.25)
∂x2 ∂x2 ∂z ∂x2 ∂y
Subtraindo da soma das equações (7.23) e (7.24) a equação (7.25) e comparando o resultado com a
equação (7.22), pode-se escrever:
∙ ¸
∂ 2 εxx ∂ ∂γ yz ∂γ ∂γ
2 = − + xz + xy (7.26)
∂z∂y ∂x ∂x ∂y ∂z
De maneira semelhante chega-se a :
∙ ¸
∂ 2 εyy ∂ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy
2 = − + (7.27)
∂x∂z ∂y ∂x ∂y ∂z
∙ ¸
∂ 2 εyy ∂ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy
2 = − + (7.28)
∂x∂z ∂y ∂x ∂y ∂z
Resumindo, tem-se que as equações de compatibilidade são:
∙ ¸
∂ 2 εxx ∂ 2 εyy ∂ 2 γxy ∂ 2 εxx ∂ ∂γ yz2 ∂γ xz ∂γ xy
+ = ;2 = + +
∂y 2 ∂x2 ∂x∂y ∂y∂z ∂x ∂x ∂y ∂z
2 ∙ ¸
∂ 2 εyy ∂ 2 εzz 2
∂ γyz ∂ εyy ∂ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy
+ = ;2 = − + (7.29)
∂z 2 ∂y 2 ∂x∂z ∂x∂z ∂y ∂x ∂y ∂z
2
∙ ¸
∂ εzz ∂ 2 εxx ∂ 2 γxz ∂ 2 εzz ∂ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ
+ = ;2 = + + − xy
∂x2 ∂z 2 ∂x∂z ∂x∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
Usando-se a lei de Hooke, as equações (7.29) podem ser colocadas emtermos das tensões, como por
exemplo é feito com a seguinte equação:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 100
∂ 2 εyy ∂ 2 εzz ∂ 2 γ yz
2
+ 2
= (7.30)
∂z ∂y ∂x∂z
Da lei de Hooke tem-se:
1
εyy = [(1 + v) σyy − vθ] (7.31)
E
1
εzz = [(1 + v) σzz − vθ] (7.32)
E
2 (1 + v)
γ yz = τ yz (7.33)
E
onde:
θ = σxx + σyy + σ zz (7.34)
∂τ yz ∂ 2 σzz ∂τ xz
= − − −Z (7.36)
∂y ∂z ∂x
∂τ yz ∂ 2 σyy ∂τ xy
= − − −Y (7.37)
∂y ∂y ∂x
Com a derivação da primeira em relação a z e da segunda em relação a y, após a soma, obtém-se:
µ ¶
∂ 2 τ yz ∂ 2 σzz ∂ 2 σyy ∂ ∂τ xz ∂τ xy ∂Z ∂Y
2 =− − − + − − (7.38)
∂y∂z ∂z 2 ∂y ∂z ∂z ∂y ∂z ∂y
Nesta equação, nota-se que o termo entre parênteses é a equação de equilíbrio na direção x, equação
(7.1), reescrita na forma que segue:
∂τ xz ∂τ xy ∂σxx
+ = −X − (7.39)
∂z ∂y ∂x
a qual introduzida em (7.38), resulta em:
∂ 2 τ yz ∂ 2 σ xx ∂ 2 σyy ∂ 2 σzz ∂X ∂Y ∂Z
2 =− 2
− 2
− + − − (7.40)
∂y∂z ∂x ∂y ∂z 2 ∂x ∂y ∂z
introduzindo a equação (7.40) em (7.35), após as devidas manipulações obtém-se:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
∂ 2 σyy ∂ 2 σzz ∂2 θ ∂2 θ ∂ 2 σxx ∂ 2 σyy ∂ 2 σzz ∂X ∂Y ∂Z
(1 + v) 2
+ −v + = (1 + v) − − + − −
∂z ∂y 2 ∂z 2 ∂y 2 ∂x2 ∂y 2 ∂z 2 ∂x ∂y ∂z
(7.41)
desenvolvendo mais ainda, tem-se:
µ 2 ¶ µ 2 ¶ µ ¶
∂ σyy ∂ 2 σ zz ∂ 2 σ xx ∂ 2 σyy ∂ 2 σzz ∂ θ ∂2 θ ∂X ∂Y ∂Z
(1 + v) + − + + − v + = (1 + v) + +
∂z 2 ∂y2 ∂x2 ∂y 2 ∂z 2 ∂z 2 ∂y2 ∂x ∂y ∂z
(7.42)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 101
∂2 ∂2 ∂2
∇2 = 2
+ 2+ 2 (7.43)
∂x ∂y ∂z
os termos entre colchetes do lado esquerdo da equação (7.42), podem ser reescritos como:
Com o auxílio das equações (7.44) e (7.45), a equação (7.42) pode ser reescrita como:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
∂2 θ ∂2 θ ∂X ∂Y ∂Z
(1 + v) ∇2 θ − 2 − ∇2 σxx − v ∇2 θ − 2 = (1 + v) + + (7.46)
∂x ∂x ∂x ∂y ∂z
De maneira similar pode-se obter:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
∂2 θ ∂ 2θ ∂X ∂Y ∂Z
(1 + v) ∇ θ − 2 − ∇ σyy − v ∇2 θ −
2 2
= (1 + v) + + (7.47)
∂y ∂y 2 ∂x ∂y ∂z
µ ¶ µ ¶ µ ¶
∂ 2θ 2
∂ θ ∂X ∂Y ∂Z
(1 + v) ∇ θ − 2 − ∇ σzz − v ∇2 θ −
2 2
= (1 + v) + + (7.48)
∂z ∂z 2 ∂x ∂y ∂z
³ ³ 2 ´ ´
∂ 2θ ∂ 2θ
(1 + v) ∇2 θ + ∇2 θ + ∇2 θ − ∂x ∂ θ
2 + ∂y 2 + ∂z 2 θ − ∇2 (σxx + σyy + σzz )
³ ³ 2 ´ ´ ³ ´ (7.49)
∂ 2θ ∂ 2θ
− 3∇2 θ − ∂x∂ θ
2 + ∂y 2 + ∂z 2 θ = (1 + v) ∂X ∂X ∂X ∂Y ∂Y ∂Y
∂x − ∂x − ∂x − ∂y + ∂y − ∂y − ∂z −
∂Z ∂Z
∂z + ∂Z
∂z
∙ ½¸ ¾
(1 + v) ∂X ∂Y ∂Z ∂2 θ 2
(1 + v) − + + − 2 − ∇ σ zz −
(1 − v) ∂x ∂y ∂z ∂z
½ ∙ ¸ 2
¾ µ ¶
(1 − v) ∂X ∂Y ∂Z ∂ θ ∂X ∂Y ∂Z
− v + + − 2 = (1 + v) − − + (7.51)
(1 − v) ∂x ∂y ∂z ∂z ∂x ∂y ∂z
chamando:
∂X ∂Y ∂Z
S= + + (7.52)
∂x ∂y ∂z
tem-se que a equação (7.51) reduz-se à:
½ ¾
∂2 θ ∂2 θ (1 + v) (1 + v) ∂Z
− (1 + v) 2
+ (1 + v) ∇2 σzz + v 2 = S −v S − (1 + v) S + (1 + v) 2 (7.53)
∂z ∂z (1 − v) (1 − v) ∂z
Capítulo 7 - O prolblema de torção 102
Reagrupando
½ ¾
1 ∂ 2θ (1 + v) (1 + v) (1 + v) ∂Z
∇2 σzz − =− −v − (1 + v) S − 2
1 + v ∂z 2 (1 − v) (1 − v) (1 + v) ∂z
logo:
½ ¾
1 ∂2 θ (1 + v) v ∂Z
∇2 σzz − =− − −1 S −2 (7.54)
1 + v ∂z 2 (1 − v) (1 − v) ∂z
Finalmente, pode-se escrever uma equação de compatibilidade, de forma matematicamente elegante, em
termos das tensões e forças de campo, como segue:
∙ ¸
2 1 ∂2 θ v ∂X ∂Y ∂Z ∂Z
∇ σzz − 2
=− + + −2 (7.55)
1 + v ∂z (1 − v) ∂x ∂y ∂z ∂z
Pode-se obter três equações, semelhantes, para as outras duascondições de compatibilidade. Para as out-
ras três equações de compatibilidade restantes, após manipulaçòes semelhantes às realizadas anteriormente,
chega-se à seguinte forma, como por exemplo:
µ ¶
2 1 ∂ 2θ ∂Z ∂Y
∇ τ yz − =− + (7.56)
1 + v ∂z 2 ∂z ∂y
No caso de forças de corpo serem nulas ou constantes as equaçòes de compatibilidade, em termos das
tensões, se reduzem a apenas:
∂ 2θ
(1 + v) ∇2 σxx + = 0 (7.57)
∂x2
∂ 2θ
(1 + v) ∇2 σyy + 2 = 0 (7.58)
∂y
∂2 θ
(1 + v) ∇2 σ zz + 2 = 0 (7.59)
∂z
2
∂ θ
(1 + v) ∇2 τ yz + = 0 (7.60)
∂y∂z
∂2 θ
(1 + v) ∇2 τ xz + = 0 (7.61)
∂x∂z
∂2 θ
(1 + v) ∇2 τ xy + = 0 (7.62)
∂x∂y
4.3. Torção de eixos de seção circular constante Da teoria elementar de Mecânica dos Sólidos, a
tensão cisalhante τ , para eixos de seção circular submetidos a torção, é proporcional ao raio r e também ao
ângulo de torção θ, ou seja:
τ = Gθr (7.63)
T
θ = (7.64)
JG
Tr
τ = (7.65)
J
Capítulo 7 - O prolblema de torção 103
A tensão resultante τ , pode ser decomposta em componentes retangulares, da forma que segue:
X
cos β =
r
Y
senβ = (7.66)
r
onde as variáveis acima utilizadas estão mostradas na figura 4.3. Com isto, tem-se que as tensões no sistema
de coordenadas cartesiano são dadas por:
y
τ xz = −Gθrsenβ = −Gθr = −GθY (7.67)
r
X
τ yz = −Gθr cos β = +Gθr = +GθX (7.68)
r
Da teoria elementar, também, admite-se que:
Com isto pode-se provar que, sob certas condições, esta solução é exata, como srá feito a seguir.
como as componentes de tensão são todas lineares ou nulas,as equações de compatibilidade (7.57) a (7.62)
são automaticamente satisfeitas , já que as mesmas envolvem derivadas de segunda ordem das tensões. as
equações de equilíbrio (7.1) a (7.3) também são satisfeitas se as forças de corpo forem nulas, como pode-se
facilmente checar.
As condições de contorno, equações (7.5), (7.6) e (7.7), aplicadas na superfície lateral do eixo, resultam
nas seguintes relações
n=0
X (7.70)
l = cos (Nx ) = R
m = cos (Ny ) = YR
(7.71)
X = 0X
R
+ 0 YR + (−Gθy) 0 = 0
Y = 0 YR + Gθx0 + 0 X
R
+=0
(7.72)
Z = 00 + (−Gθy) XR + (Gθx) Y
R =0
Capítulo 7 - O prolblema de torção 104
Nos extremos, ve-se que as forças cisalhantes X̄ e Ȳ devem ter uma distribuição exatamente como a das
tensões τ xy e τ yz . Pelo princípio de Saint Venant esta solução pode ser estendida a outros casos.
Os deslocamentos para este caso são:
u = −θyz
v = θxz
w=0
Este resultado mostra que a hipótese das seções planas (w = 0) é válida.
Foi mostrado, anteriormente, que a formulação tradicional de mecânica dos sólidos do problema de torção
de eixos retos e seção circular é exata.Esta teoria desenvolvida por Coulomb (1787), foi aplicada mais tarde,
por Navier (1864), para a solução do problema de torção de barras de seção não circular, porém os resultados
obtidos são incorretos.
A solução correta, para o problema de torção de eixos prismáticos, foi apresentada por Saint Venant
(1855), que usou o chamado método semi-inverso. Fazendo inicialmente certas hipóteses quanto à deformação
da barra submetida à toeção mostrou que, com tais hipóteses, poderiam ser atendidas as condições de
contorno.
Considerando uma barra prismática de seção transversal qualquer, Saint Venant considera que os deslo-
camentos da barra consistem em:
Uma rotação das seções transversais
Um empenamento das seções transversais, igual para todas.
Com estas hipóteses pode-se afirmar, com o auxílio do esquema da figura 4.6, que os deslocamentos nas
direções x e y, são:
u = x∗ − x = r cos (a + θz) − r cos α
v = y ∗ − y = rsen (a + θz) − rsenα
w = θψ (x, y)
Porém,
Y
senα =
r
logo
Y
u = −rθz
r
ou
u = −θzy (7.73)
Se o mesmo procedimento for realizado para o deslocamento v, após as devidas manipulações chega-se a
:
v = θzx
Resumindo, tem-se que os deslocamentos na torção, são:
u = −θzy (7.74)
v = +θzx (7.75)
w = θψ (x, y) (7.76)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 106
Sendo:
θ - o ângulo de giro por unidade de comprimento da barra
ψ (x, y) - função empenamento, função de x e y
x, y, z - coordenadas de um ponto genérico do eixo
Com os deslocamentos definidos, o passo seguinte é a determinação das deformações específicas, como
segue:
∂u
εxx = =0
∂x
∂v
εyy = =0
∂y
∂w
εzz = =0
∂z
∂v ∂u
γ xy = + = θz − θz = 0
∂x ∂y
µ ¶
∂w ∂u ∂ψ
γ xz = + =θ −y
∂x ∂z ∂x
µ ¶
∂w ∂v ∂ψ
γ yz = + =θ +x (7.77)
∂y ∂z ∂y
Para materiais elástico-lineares, estas componentes de deformação se relacionam com as tensões pelas
seguintes expressões:
σ xx = σyy = σzz = γ xy = 0
µ ¶
∂ψ
τ xz = Gθ −y
∂x
µ ¶
∂ψ
τ yz = Gθ +x (7.78)
∂y
Como as componentes de tensão devem satisfazer as condições de equilíbrio, tem-se a seguinte condição:
∂2 ψ ∂2 ψ
+ =0 (7.79)
∂x2 ∂y 2
Além das componentes de tensão acima, também devem satisfazer as condições de contorno, repetidas a
seguir
X = lσ xx + mτ xy + nτ xz
Y = lτ xy + mσyy + nτ yz (7.80)
Z = lτ xz + mτ yz + nσzz
Para a superfície lateral, as duas primeiras equações são satisfeitas, já que X̄ = Ȳ = 0, e a última equação
resulta em:
lτ xz + mτ yz = 0 (7.81)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 107
Ao considerar um elemento infinitesimal no contorno livre da superfície lateral da barra, pode-se expressar
os cossenos diretores, do vetor normal a esta superfície, em função do comprimento de arco do contorno da
àrea, como segue:
l = cos α = dy
ds
m = senα = − dxds
Juntamente com os cossenos diretores e as componentes de tensão, dadas a partir da função empenamento,
a equação (7.81) pode ser reescrita como sendo:
µ ¶ µ ¶
∂ψ dy ∂ψ dx
−y − +x =0 (7.82)
∂x ds ∂y ds
Desta forma, a solução de um problema de torção se reduz à determinação de uma função que satisfaça
as equações (7.79) e (7.82).
O método apresentado anteriormente é exato, porém leva a condições de contorno complicadas. A seguir
será apresentada uma variação, de procedimento, que reduzirá a condições de contorno mais simples.
Esta variação do método anterior parte das condições de equilíbrio, tendo-se que ?. As equações diferen-
ciais de equilíbrio são, então, reescritas como:
∂τ xz
= 0 (7.83)
∂z
∂τ yz
= 0 (7.84)
∂z
∂τ xz ∂τ yz
+ = 0 (7.85)
∂x ∂y
Como as duas primeiras equações são satisfeitas automaticamente, porque as componentes de tensão não
dependem de z, a última poderá ser satisfeita se as componentes de tensão forem expressas por:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 108
∂φ
τ xz = (7.86)
∂y
∂φ
τ yz = − (7.87)
∂x
Onde φ é a função de Prandtl, variando apenas com x e y. Com a equação (7.78), e as equações (7.87),
pode-se chegar a relações entre a função tensão φ e a função empenamento ψ, que seguem:
µ ¶
∂φ ∂ψ
τ xz = = Gθ −y (7.88)
∂y ∂x
µ ¶
∂φ ∂ψ
τ yz = = Gθ +x (7.89)
∂x ∂y
Como as componentes de tensão expressas em termos da função tensão sempre satisfazem as equações
de equilíbrio, este procedimento não mais preocupa, restando, apenas, as condições de contorno e compati-
bilidade para serem satisfeitas.
Pode-se chegar a uma expressão em termos apenas da função tensão de Prandtl, a partir das equações
(7.88) e (7.89), com a eliminação da função empenamento através da derivação da expressão (7.88) por y e
da (7.89) por x, como segue.
µ 2 ¶
∂τ xz ∂ 2φ ∂ ψ
= = Gθ −1 (7.90)
∂y ∂y 2 ∂x∂y
µ ¶
∂τ yz ∂ 2φ ∂ 2ψ
= = Gθ +1 (7.91)
∂x ∂x2 ∂x∂y
∂τ xz ∂τ yz ∂ 2φ ∂2 φ
− = + 2 = −2Gθ (7.92)
∂y ∂x ∂y 2 ∂x
Chamando-se:
F = −2Gθ (7.93)
pode-se escrever:
∂2φ ∂2 φ
+ 2 =F (7.94)
∂x2 ∂y
A equação (7.94) é obtida a partir de combinações lineares das tensões em termos da função empenamento
ψ e da função tensão de Prandtl. Como as componentes de tensão, nesta combinação, são diretamente
proporcionais às derivadas do deslocamento, ou seja, da função empenamento, tem-se que as mesmas são
compatíveis, logo não há necessidade do uso da equação de compatibilidade de forma explícita.
A condição de contorno, equação (7.81), repetida abaixo
lτ xz + τ yy m = 0 (7.95)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 109
com a introdução das equações (7.90) e (7.91) nesta última equação, chega-se a:
∂φ dy ∂φ dx dφ
+ = =0 (7.96)
∂y ds ∂x ds ds
Esta relação mostra que a função tensão deve ser constante ao longo do contorno do eixo. Para eixos de
seção simplesmente conexas (sem cavidades), a constante, ao longo do contorno, pode ser tomada como zero.
Consequentemente, a solução do problema consiste em determinar uma função φ que satisfaça a equação
(7.94) e se anule no contorno.
As condições de contorno nos extremos da barra onde atuam os momentos torcionais são:
X = ±τ xz (7.97)
Y = ±τ yz (7.98)
Z Z
Xdxdy = 0 (7.99)
Z Z
Y dxdy = 0 (7.100)
Verificou-se, assim, que dos deslocamentos, representados pelas equações (7.74) e (7.75), obtém-se uma
distribuição de tensões que satisfaz as condições de contorno e as equações de equilíbrio. As condições de
compatibilidade são automaticamente satisfeitas, já que as tensões foram deduzidas a partir dos desloca-
mentos. Consequentemente todas as equações de elasticidade são satisfeitas e a solução do problema de
elasticidade, assim abtida, é exata.
Exemplo: Análise da distribuição de tensões em eixos de seção transversal elíptica, da figura 4.8.
Capítulo 7 - O prolblema de torção 110
x2 y2
2
+ 2 =1
a b
A equação também pode ser escrita como:
x2 y 2
+ 2 −1 = 0
a2 b
A equação
∂2φ ∂ 2φ
+ =F
∂x2 ∂y 2
é satisfeita se a função tensão for dada por:
µ ¶
x2 y2
φ=m + −1
a2 b2
e o coeficiente m dado por:
a2 b2 F
m=
2 (a2 + b2 )
ou seja:
µ ¶
F a2 b2 x2 y 2
φ= + 2 −1
2 (a2 + b2 ) a2 b
A determinação da constante F é realizada a partir da aplicação da condição de contorno representada
pela equação (7.101) e repetida a seguir:
Z Z
Mt = 2 φdxdy
Assim Z Z µ ¶
F a2 b2 x2 y 2
Mt = 2 + 2 − 1 dxdy
2 (a2 + b2 ) a2 b
ou
µZ Z Z Z Z Z ¶
F a2 b2 x2 y2
Mt = 2 dxdy + dxdy − dxdy
2 (a2 + b2 ) a2 b2
Porém, da mecânica geral, sabe-se que as propriedades secionais de uma àrea elíptica são dadas por:
RR 2 3
x dxdy = Iyy = π ba4
RR 2 ba3
R yR dxdy = Ixx = π 4
dxdy = A = πab
logo:
F a2 b2
©πba πab
ª
Mt = 2(a2 +b2 ) 4 + 4 − πab
F a3 b3
© 1 ª
M t = 2(a2 +b2 ) − 2 π
Explicitando, da última relação, o valor da F , tem-se o valor desta constante em termos da geometria da
seção e torque externo aplicado, como segue:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 111
¡ ¢
2Mt a2 + b2
F =−
a3 b3 π
³ ´
x2 y2
Como a equação φ = m a2 + b2 − 1 se reduz a uma constante, no contorno da seção transversal, as
condições de contorno são automaticamente satisfeitas, já que:
dφ
=0
ds
Desta forma a função tensão será dada por:
µ ¶
Mt x2 y 2
φ=− + − 1
πab a2 b2
e as componentes de tensão por:
2M ty
τ xz = πab3
2M tx
τ yz = πba3
Analisando as duas equações anteriores, conclui-se que a tensão máxima ocorre em x = a e y = b, e vale:
2M tx
τmáx =
πba2
Os deslocamentos são determinados da forma que segue:
F = −2Gθ
(a2 +b2 )
θ = M t πa3 b3 G
u = −θzy
v = −θzx
w = θψ
logo:
Mt(a2 +b2 )
u=− πa3 b3 G zy
Mt(a2 +b2 )
v= − πa3 b3 G zx
O deslocamento w se relaciona com o deslocamento u e com a deformação cisalhante γxz , através da
seguinte relação:
∂w ∂u
γ xz = +
∂x ∂z
Como o valor de γ xz é dado por:
τ xz 2M ty
=− γxz =
G Gπab3
e o valor de u e sua derivada em relação a x são conhecidas, como segue:
¡ ¢
∂u M t a2 + b2
=− y
∂z πa3 b3 G
tem-se a seguinte relação explícita:
¡ ¢
∂w 2M ty M t a2 + b2
=− + y
∂x Gπab3 πa3 b3 G
Capítulo 7 - O prolblema de torção 112
onde C é o deslocamento w em z = 0, que é igual para qualquer outro par x e y, ou seja, é um deslocamento
de corpo rígido. Desenvolvendo-se mais ainda a última expressão, chega-se à:
¡ ¢
M t b2 − a2
w= yx + C
πGa3 b3
Esta equação mostra que a seção transversal empena e que as curvas de nível são hipérboles cujas
assíntotas são os eixos principais da elípse, como mostra-se na figura 4.9.
A analogia da membrana, introduzida por Prandtl em 1903, tem-se mostrado de grande valia para a solução
dos problemas de torção. Desta forma, uma breve descrição do método é interessante.
Seja uma membrana homogênea distendida sobre um orifício. Esta membrana está sujeita a uma força
de tração S, uniforme no contorno, e a uma pressão uniforme q, como está indicado na figura 4.10.
A consideração de que as forças de tração que atuam em um elemento abcd da membrana possuem
apenas componentes na direção normal às faces do elemento, quando as deformações são pequenas, é uma
simplificação que facilita o desenvolvimento da equação diferencial. Sendo assim, o mesmo será adotado no
desenvolvimento que segue:
Do equilíbrio de forças na direção z, obtém-se.
∙ µ ¶ ¸ ∙ µ ¶ ¸
∂z ∂z ∂ ∂z ∂z ∂z ∂ ∂z
qdxdy − Sdy sen + Sdy sen + dx − Sdx sen + Sdx sen + dx = 0
∂x ∂x ∂x ∂x ∂y ∂y ∂y ∂y
(7.102)
Linearizando, tem-se:
∂2 z ∂ 2z q
2
+ 2
=− (7.103)
∂x ∂y S
Capítulo 7 - O prolblema de torção 113
dz
=0 (7.104)
ds
Lembrando que o problema de torção é regido pela equação (7.94), repetida a seguir,
∂2 φ ∂2 φ
+ 2 = −2Gθ = F (7.105)
∂x2 ∂y
onde a condição de contorno é dada pela relação que segue,
dφ
=0 (7.106)
ds
tem-se com a comparação das equações (7.103), (7.104), (7.105) e (7.106), que os dois problemas são semel-
hantes. Com isto, as soluções se diferenciarão apenas pelo produto de uma constante. Em consequência
disto, valores da função φ podem ser obtidos a partir de z pela substituição de − qs por -2θG.
Para que se possa concluir a analogia, é necessário voltar-se para o problema de torção, solucionado
segundo a proposta de Prandtl. As tensões em um ponto qualquer da superfície livre do eixo, podem ser
determinadas pelas equações de transformação de tensões, listadas abaixo
Lembrando que todas as tensões acima são nulas, exceto τ xz e τ yz , tem-se que:
X = mτ xz (7.110)
Y = mτ yz (7.111)
Z = lτ xz + mτ yz (7.112)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 114
Com estas equações, pode-se calcular as tensões em qualquer direção, na superfície do eixo, inclusive
numa direção tangencial, bem como em um ponto qualquer no interior do corpo, como segue.
No ponto B da superfície livre, os cossenos diretores do vetor N são:
O cosseno diretor n é nulo porque, no ponto em questão, o plano que está sendo analisado é normal ao
plano desta folha, ou ao da seção transversal. Desta forma as equações (7.110) e (7.111) são identicamente
nulas, enquanto que na última o valor de z̄ se torna uma tensão que atua no plano ξ, definido pelo vetor
N , paralela a direção z. Assim tem-se que a equação (7.112), juntamente com as relações (7.113), (7.114) e
(7.115), pode ser reescrita como:
As componentes de tensão, equações (7.86) e (7.86), obtidas a partir da função tensão de Prandtl, estão
repetidas a seguir.
∂φ
τ xz = (7.117)
∂y
∂φ
τ yz = (7.118)
∂x
Estas duas equações, substituídas na equação (7.116), transformam-se em:
∂φ ∂φ
τ ξz = − senα − cos α (7.119)
∂x ∂x
Ao se observar a figura 4.111, é possível colocar-se os cossenos diretores l, m e n em termos da ordenada Ω,
que é normal à superfície livre do contorno do eixo. Na figura 4.12 está representado o triângulo infinitesimel
Capítulo 7 - O prolblema de torção 115
utilizado para definição da tensão cisalhante que atua na direção ξ. Esta figura também é utilizada para
determinar os cossenos diretores da direção Ω, como segue.
dx
l2 = = cos α (7.120)
dr
dy
m2 = = senα (7.121)
dr
m2 = 0 (7.122)
dφ dφ dx dφ dy
= + (7.123)
dΩ dx dΩ dy dΩ
Com a substituição das equações (7.120) e (7.121), esta última equação pode ser reescrita como:
dφ ∂φ ∂φ
= cos α + senα (7.124)
dΩ ∂x ∂x
Comparando as equações (7.124) e (7.119) chega-se à conclusão que:
dφ
τ ξz = − (7.125)
dΩ
Assim conclui-se que a tensão cisalhante, da direção ξ, é igual à inclinação da função φ na direção Ω,
normal ao contorno. Pode-se mostrar ainda que a tensão na direção Ω é nula, ou seja, a derivada de φ na
direção ξ é nula, o que prova que a tensão resultante é tangente à curva do contorno do eixo, como poderia-se
esperar.
O raciocínio que levou à dedução da equação (7.125), pode ser estendido para um ponto qualquer no
interior do corpo, por exemplo o ponto B da figura 4.13, como segue.
Com o valor da função φ no ponto B, pode-se mapear uma curva de nível, como mostra-se na figura 4.13.
Sobre esta curva de nível, pode-se afirmar que a derivada direcional é nula, já que φ é constante. Assim,
sobre uma curva de nível qualquer de φ, no interior da seção, escreve-se que:
dφ
=0 (7.126)
ds
Capítulo 7 - O prolblema de torção 116
Isto significa que a tensão no ponto B não possui componente na direção normal à curva de nível. A
derivada direcional ao longo de arcos, ou seja, ao longo da curva de nível, é dada na sua forma extendida
por:
dφ ∂φ dx ∂φ dy
= + (7.127)
ds ∂x ds ∂y ds
ou, com o auxílio das relações (7.117) e (7.118),
dφ dx dy
= 0 = −τ yz + τ xz (7.128)
ds ds ds
Da figura 4.14, tem-se os cossenos diretores em função de um elemento da curva de nível, como segue:
dy
cos α = l = (7.129)
ds
dx
senα = m = − (7.130)
ds
m = 0 (7.131)
Capítulo 7 - O prolblema de torção 117
dφ
= 0 = +τ yz m + τ xz l (7.132)
ds
Comparando-se a equação (7.132) com a equação (7.112), chega-se à conclusão que a derivada direcional
de φ, ao longo da curva de nível, nada mais é do que a tensão, ou seja Z̄, no plano que é tangente à curva
no ponto em questão. Como ela é nula, mostrou-se o que já se havia afirmado inicialmente, ou seja, que a
tensão cisalhante é tangente à curva de nível, ou então não tem componente normal à curva de nível.
Assim, a tensão em um ponto B, conforme a figura 4.13, ocorre em um plano normal à curva de nível
no ponto. Os cossenos diretores deste plano, representados pelas componentes do valor unitário N da figura
4.14, são dados pelas equações (7.113) a (7.115) e a tensão neste plano, é dada pela equação (7.116), que é
repetida abaixo.
Da figura 4.12, tem-se que os cossenos diretores (l1 , m1 , n1 ), que definem o eixo que está na mesma direção
e sentido de N1 , são:
dy
l1 = cos (α + 90) = −senα = − (7.134)
dΩ
dx
m1 = cos α = (7.135)
dΩ
n1 = 0
Assim, com o auxílio da equação (7.112), chega-se ao valor da tensão tangente à curva de nível, como
segue:
dy dx
Z= τ xz + τ yz
dΩ dΩ
Esta expressão, juntamente com as equações (7.117) e (7.118), pode ser reescrita como:
∂φ dy ∂φ dx
Z = τ ξz = τ xz − (7.136)
∂y dΩ ∂x dΩ
Ou então:
dφ
τ ξz = − (7.137)
dΩ
A partir da equação (??), pode-se afirmar que a tensão cisalhante é igual à inclinação da função tensão
em uma direção normal à curva de nível φ(B) = cte, onde B é um ponto no interior da seção transversal do
eixo.
Voltando-se novamente à membrana distendida sobre um orifício,submetida a uma pressão de forma que
a mesma se deforme na direção normal ao seu plano médio, pode-se calcular algumas grandezas fundamentais
para finalizar a analogia.
A inclinação da membrana, em um ponto B qualquer, figura 4.15, é dado por:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 118
∂z ∂z dx ∂z dy
= + (7.138)
∂Ω ∂x dΩ ∂y dΩ
Pode-se mostrar que a equação (7.138) é a inclinação da membrana na direção normal à curva de nível
que contém o ponto B. A inclinação da membrana ao longo da curva de nível é nula, pois o deslocamento z
ao longo de uma curva de nível é constante, ou seja
∂z
=0 (7.139)
∂ξ
O volume sob a membrana distendida é dado por:
Z
V = zdA (7.140)
= A
Tendo sido analisadas as variáveis mais importantes do problema de torção, regido pela função tensão
φ, e do problema da membrana onde os deslocamentos, normais à superfície da membrana, são regidos pela
função z, pode-se resumir todas estas grandezas na Figura 7.14.
Com o que está resumido no quadro 4.01, pode-se escrever que:
As duas soluções são proporcionais.
O volume sob a membrana é proporcional ao torque aplicado sobre o eixo.
As tensões cisalhantes são proporcionais às inclinações da membrana.
Capítulo 7 - O prolblema de torção 119
φ (x, y) Kz (x, y)
1
2V = T
K
∂z
τ yz = K
∂x
∂z
τ xz = K (7.141)
∂y
∂z
τ ξz = K
∂Ω
∂z
τ Ωz = K
∂ξ
Exemplo:Analisar o problema de torção de uma barra, de seção retangular estreita, cujas dimensões
estão representadas na figura 4.15.
Sendo b >> t, pode-se imaginar a membrana distendida sobre o eixo e perceber-se que a flecha da
membrana é praticamente independente da variável x. Usa-se o termo “praticamente”, porque a forma da
membrana é função da variável x apenas na vizinhança dos extremos em − 2b ≤ × ≤ 2b . Como esta porção,
acima comentada, se restringe a uma pequena região da membrana distendida, afirma-se, sem grandes erros
quando b >> t, que a forma da membrana distendida é apenas função de y. Assim todas as características
da membrana, bem como o problema de torção, podem ser analisadas a partir de uma tira de membrana de
largura dx e comprimento t. Dos livros de estática, tem-se que a forma de deflexão de um cabo, carregado
com seu peso próprio, é parabólica e expressada por:
t2
z= − y2 (7.142)
4
Pela analogia da membrana sabe-se que as duas soluções, da membrana e da torção, são proporcionais,
ou seja
φ = Kz (7.143)
Assim, a equação (7.143), com a equação (7.142), pode ser reescrita como:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 120
µ ¶
t2
φ=K − y2 (7.144)
4
Esta equação satisfaz a condição de contorno, representada pela equação (7.106), que é constante no
contorno livre do eixo. Além desta condição, a solução acima deve satisfazer a equação de Prandtl para o
problema de torção, repetida a seguir.
∂2 φ ∂2 φ
+ 2 = −2Gθ (7.145)
∂x2 ∂y
Substituindo a expressão dada pela equação (7.144), na (7.145), tem-se após as devidas operações que:
K = Gθ (7.147)
Mt
τ zx máx = (7.153)
Jr
Ou, de uma outra forma:
Mt
τ máx = (7.154)
Jr
Capítulo 7 - O prolblema de torção 121
Figura 7.16:
Onde Jr não é o momento polar de inércia da seção transversal em torno do eixo centroidal. Esta
b
análise fornece bons resultados quando t > 10; para a igualdade, o erro é de aproximadamente 6, 5%. Para
valores da relação b/t menores do que 10, os valores de σ e θ, para algumas seções transversais, podem ser
desenvolvidos de dados obtidos a partir da tabela 4.02.
Tabela 4.02 - Tensões máximas e rotação por unidade de comprimento para algumas seções sólidas.
A analogia da membrana permite uma generalização, dos resultados anteriores, para outros tipos de
seções abertas de paredes finas. Uma barra retangular, de paredes finas, pode ser rearranjada de forma a
gerar os perfis mostrados na figura 4.16.
Imaginando-se uma membrana distendida, sobre os perfis mostrados na figura 4.16, consegue-se visualizar
que a forma da membrana inflada, para todas elas, permanece parabólica, exceção feita aos extremos e cantos
restantes onde ocorrem concentrações de tensões. Assim, o torque total que o eixo suporta é a soma dos
torques parciais que cada parte da seção transversal pode suportar, desde que o θ seja igual para todas as
partes. Pode-se escrever, então, que:
m
1X 3
Jr = bi t (7.155)
3 i=1 i
onde n é o número de partes constituintes da seção transversal do eixo submetido à torção. Se há uma
variação da espessura ao longo da seção transversal, tem-se que:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 122
Z
1
Jr = t3 ds (7.156)
3 b
Na figura 4.17, mostra-se a relação existente entre a geometria da peça, de seção fechada ou aberta, e o
fator de concentração de tensões em pontos onde existe uma forte variação da espessura de parede dos perfis.
Com o auxílio deste gráfico, pode-se calcular, de forma mais adequada, o valor das tensões nestes pontos de
concentração de tensões.
O estudo do problema de torção limitou-se, até agora, a seções cheias. O estudo da torção para seçòes
vazadas, ou uniconexas, e das multiconexas será feito a seguir. O problema mais simples, deste caso, é o de
um eixo oco cujo contorno interno coincide com uma das linhas de mesma tensão cisalhante do eixo maciço
de contorno externo igual ao do eixo oco. Como o problema de torção do eixo de seção elíptica abordado
parte-se para a solução de um eixo elíptico vazado.
A função tensão para o eixo vazado é dada por:
µ ¶
a2 b2 F x2 y 2
φ= + 2 −1 (7.157)
2 (a2 + b2 ) a2 b
A curva
x2 y2
2 + 2 =1 (7.158)
(ak) (bk)
é uma elipse geometricamente semelhante a
x2 y2
2
+ 2 =1 (7.159)
a b
Capítulo 7 - O prolblema de torção 123
Figura 7.18: Fatores de concentração de tensões para tubo quadrado e seções em ângulo.
Ao longo da elípse, equação (7.158), a função tensão, equação (7.157), é uma constante e, consequente-
mente, para valores de k menores do que a unidade, esta elipse é uma linha de tensão constante so eixo
elíptico maciço. Imagine-se que uma superfície prismática seja gerada por esta linha de tensão constante, e
em seguida elimine-se o material do eixo maciço contido pela elípse menor e assim gera-se um eixo vazado,
no caso elíptico. Como não existem tensões atuando sobre esta superfície, as condições de contorno nãosão
feridas, o que mostra que a solução proposta na equação (7.157) também é solução do problema do eixo
da seção elíptica oca. Só que neste caso, o momento torcional e reduzido de uma quantidade igual ao eixo
elíptico prismático retirado do interior do eixo maciço.
Para eixos de seção elíptica de raios a e b, o momento torcional é dado por:
θπa3 b3 G
M text = (7.160)
(a2 + b2 )
Para os eixos elípticos de raios ka e kb, tem-se que o momento torcional, por analogia, é dado por:
θπk4 a3 b3 G
M tint = (7.161)
(a2 + b2 )
O momento resultante, do eixo vazado, será a diferença dos dois momentos anteriores, ou seja.
M tv = Mtext − M tint
3 3 ¡ ¢ (7.162)
M tv = θπa b G
(a2 +b2 ) 1 − k
4
lembrando que:
F = −2Gθ (7.163)
tem-se: ¡ ¢
2M tv a2 + b2
F =− 3 3 (7.164)
πa b (1 − k4 )
Da solução original, tem-se que: µ ¶
x2 + y 2
φ=m −1
a2 b2
A relação entre m e F é dada por:
a2 b2
m= F
2 (a2 + b2 )
Capítulo 7 - O prolblema de torção 125
τ 1 t1 dL = τ 2 t2 dL (7.167)
Com as devidas simplificações,e generalizando-se, a equação anterior pode ser reescrita como:
τ 1 t1 = τ 2 t2 = τ t = q (7.168)
Isto mostra que o produto da tensão cisalhante pela espessura da parede do tubo, em um ponto, é
constante, o que permite que este produto seja chamado de fluxo de cisalhamento q.
Na figura 4.21 está representada a seção transversal do tubo, no qual está indicado um pequeno arco, de
comprimento ds. A análise desta figura permite que se faça o desenvolvimento a seguir.
O produto do fluxo de cisalhamento pelo comprimento do arco AB, resulta em uma pequena força, a
qual multiplicada pelo braço de alavanca, r, produz um momento infinitesimal em torno do ponto P , ou
seja:
A integração da equação (7.169), ao longo de todo o contorno do eixo, resulta no momento externo
aplicado, ou seja:
Capítulo 7 - O prolblema de torção 126
Z
Mt = qrds (7.170)
s
Como q é constante, pode ser tirada de dentro da integral, como segue:
Z
M t = q rds (7.171)
A integral da equação (7.171) pode ser resolvida através de uma interpretação geométrica do produto
rds, com o auxílio da figura 4.21. Como o produto rds é a área do paralelogramo ABP C tem-se após a
integração, o dobro da área da figura. Assim:
M t = q2Am (7.172)
Com isto, pode-se explicitar o valor da tensão cisalhante que ocorre numa dada posição, onde a espessura
de parede é: t, como sendo:
Mt
τ= (7.174)
2Amt
De um balanço de energia, pode-se determinar o ângulo de giro da seção, como segue:
I
MtθL τ2
= Ltds (7.175)
2 s 2G
Introduzindo a equação (7.174), em (7.175), tem-se:
I
Mt ds
θ= (7.176)
4GAm2 t
Se o eixo é composto por tubos e abas de paredes finas, como está mostrado na figura 4.22, e usando-se
o fato do que ângulo de giro de cada componente é igual, pode-se chegar a uma expressão que dê, de forma
aproximada, o torque que o eixo pode transmitir. Esta expressão é:
" #
4Am2 X1 H n
T = Tt + Ta = Gθ H + t3 dsi
a i
(7.177)
s dsÁt i=1
3
Capítulo 7 - O prolblema de torção 127
O uso desta expressão é universal, porém pode apresentar erros bastante severos, devendo então ser
manuseda com cuidado.
Seções vazadas com mais de uma célula, como a mostrada na figura 4.23, têm grandes aplicações na indústria
naval e aeronáutica. A análise deste problema pode ser realizada a partir da extensão do que foi desenvolvido
no ítem anterior. Indica-se neste tubo, de forma arbitrária, a direção do fluxo de cisalhamento que ocorre
em cada parede, como por exemplo a maneira mostrada na figura 4.23.
O fluxo de cisalhamento,q3 , é calculado a partir do equilíbrio de forças na direção axial no ponto A, ou
no onto C. Inicialmente faz-se o equilíbrio de forças no ponto A, representado na figura 4.24, na direção
axial, e se obtém:
q3 dL − q1 dL + q2 dL = 0
Capítulo 7 - O prolblema de torção 128
Assim,
q3 = q1− q2 (7.178)
Como cada célula tem o mesmo ângulo de giro, pode-se escrever para cada i-ésima célula que:
1 ³H q ´
θ= ds i (7.179)
2GAmi t
A equação do torque resultante é determinada com o mesmo procedimento usado para desenvolver a
equação (7.172). Z Z Z
Mt = q1 rds + q2 rds − (q1− q2 ) rds (7.180)
CBA ADC AC
Após a integração chega-se a:
n
X
M t = 2 Ami q1 (7.182)
i=1
Exemplo:um momento torcional de 2.106 N mm é aplicado em um eixo cuja seção está mostrada na
figura 4.23. O módulo de elasticidade transversal é G = 70 GP a. Determine o ângulo de giro e a tensão
cisalhante.
Se os raios de curvatura dos cantos forem iguais a 0, 8 mm, pode-se calcular a tensão máxima que ocorre
nas junções, a partir dos fatores de concentração de tensões apresentados na figura 4.17. Assim, da figura
4.25, tem-se para o ponto A, que é o mais crítico, que o fator de concentração de tensões, Kt, em função da
geometria da peça são dados por:
t = 4mm
r = 0, 8m
Kt = 2, 82
t = 5mm
r = 0, 8m
Kt = 3, 15
Capítulo 7 - O prolblema de torção 129
1
£ 40+80+40 ¤
2Gθ = 40.80 £¡ 4 ¢q1 + 35
3
(q1 − q2 ) + 45
3
(q1 − q3 ) ¤
1 40 35 40 35
2Gθ = 40.80 4 + 3 ¢ q2 + 3 (q2 − q3 ) + 3 (q2 − q1 )¤
£¡ 45
2Gθ = 40.80 5 + 40 q3 + 3 (q3 − q1 ) + 40
1 40 45
3 (q3 − q2 )
q1 = 82, 50 (2Gθ)
q2 = 84, 15 (2Gθ)
q3 = 87, 88 (2Gθ)
Com a equação (7.182) chega-se a:
T = 2, 106 = 2 (2Gθ) [40, 80, 82, 5 + 40, 35, 84, 15 + 40, 45, 87, 88]
Assim:
Assim
τ A = 33.3, 15 = 104M pa
τA ’ = 41.2, 82 = 116Mpa
Logo, a tensão máxima no ponto A0 , que é dada pelo último resultado, deve ser usada para verificar a
segurança da peça.
Capítulo 8
O objetivo desse tipo de ligação é impedir que cubo e eixo tenham movimento relativo de rotação e, às vezes
de transição.
Para isso a união deve trasmitir o torque e a força axial entre cubo e eixo integralmente.
Figura ??
Quando a transmissão de P a e T é feita unicamente pela força de atrito entre as peças, diz-se que a
ligação é “por força”.
Os esforços podem ser transmitidos também dotando-se as peças com formas convenientes. Nesse caso
chama-se a ligação de união “por forma”.
8.1 Tipos
8.1.1 Ligações por força
Ajuste prensado cilíndrico
Ajuste prensado cônico
Anéis estrela
Anéis cônicos
130
Capítulo 7 - O prolblema de torção 131
Figura ??
Desta forma o eixo fica sendo um cilindro de parede espessa submetido à pressão externa e o cubo fica
sendo um cilindro de parede espessa submetido à pressão interna.
Figura ??
A tensão equivalente máxima calculada pela TMTC ocorrerá na superfície interna do eixo, sendo:
2R2
σeq = p (8.1)
R2 − R21
Quando o eixo é maciço
σeq = p (8.2)
Figura ??
Pela TMTC a tensão equivalente máxima ocorre na superfície interna do cilindro;
sendo:
2R22
σEQ = p (8.3)
R22− R2
Para possibilitar montagens e desmontagens subsequentes sem que se alterem as características de ligação,
costuma-se utilizar na prática os ajustes prensados elásticos, nos quais a máxima tensão que ocorre fica abaixo
do limite de elasticidade do material (0.9 σe ).
Assim:
2R2
σeq = p ≤ 0.9 σe (8.4)
− R21
R2
R2 − R21
p ≤ 0.45 σe
R2
R − R21
2
pmax = 0.45 σe
R2
b) Para eixo maciço:
c) Para o cubo
R22 − R2
pmax = 0.45 σe (8.6)
R22
OBSERVAÇÕES:
1 - Para a ligação, o valor máximo da pressãio será o menor dos valores encontrados.
Figura ??
As forças atuantes na superfície de ajuste do eixo estão mostradas na figura acima, onde:
T 2T
P1 =
D = D
Figura ??
A força de atrito pAμe1 se oporá à força P a e para que não haja escorregamento na direção axial.
P a ≤ pAμe1
Pa
p ≥ onde A = πDl
Aμe1
Pa
p ≥
πD μe1
Considerando ainda um coeficiente de segurança contra o escorregamento nd:
Pa nd
Pmin = (8.7)
πD μe1
A força de atrito pAμet opõe-se à força Pt . Para que não haja escorregamento na direção tangencial.
Pt ≤ pAμet
2T
Pt D
p ≥ p≥
Aμet πD μet
2T
p ≥
πD2 μet
Considerando nd.
2T nd
Pmin = (8.8)
πD2 μet
Para que não haja escorregamento na direção axial nem na direção tangencial a ligação deverá ter uma
pressão mínima entre as superfícies de ajuste igual ao maior dos valores obtidos em (7) e (8).
Costuma-se utilizar valores de nd=1.3 a 1.8.
Capítulo 7 - O prolblema de torção 133
∆d = p(K1 + K2 )D (8.9)
Sendo:
p - pressão
D - diâmetro da superfície de ajuste
K1 - constante elástica do eixo
(1 − v1 ) + (1 + v1 )Q21
K1 = (8.10)
E1 (1 − Q21 )
v1 - coef. de Poisson do mat. do eixo
D1
Q1 =
D
E1 - módulo elasticidade do material do eixo
K2 - constante elástica do cubo
(1 + v2 ) + (1 − v2 )Q22
K2 = (8.11)
E2 (1 − Q22 )
v2 - coef. de Poisson do material do cubo
E2 - mod. de elasticidade do material do cubo
D
Q2 =
D2
Figura ??
Experiências demonstram que o amassamento corresponde, em média a 60% da rugosidade máxima das
superfícies.
A perda na sobremedida será, portanto
RUGOSIDADES MÁXIMAS
Capítulo 7 - O prolblema de torção 134
Fresagem Acabamento 5 a 15
Desbaste 15 a 25
Observação: Durante a montagem ∆dt ainda não ocorreu e pode, portanto, fazer com que a pressão máxima
seja ultrapassada.
b) Interferência Máxima
Figura ??
Taj = Imax − Imin
Taj = ITe + ITc
Costuma-se tomar ITc = (0.5 a 0.6)Taj
Considerando o sistema furo
as = ai + ITe
ai = As + Imin
Figura ??
a) Prensagem ou martelamento
c) injeção de óleo
A - PRENSAGEM OU MARTELAMENTO
Figura ??
Experimentalmente foi verificado que montagem e desmontagens subsequentes provocam uma redução
de 25% na força de aderência.
Verificou-se também que a força de atrito atinge seu valor máximo somente algum tempo após a mon-
tagem, razão pela qual esse tipo de ajuste deve ser carregado após algum tempo depois da montagem ( ~2
dias).
A força de montagem é obtida em função do coeficiente de atrito de montagem (μm )
Pm = pAμm (8.17)
Para que não haja dificuldade de montagem de qualquer par de peças deve-se considerar:
p = pmax
Neste caso a peça externa é aquecida até uma temperatura suficientemente elevada para permitir uma
fácil montagem sobre a peça interna.
A temperatura de aquecimento poderá ser calculada pela expressão
Imax + δ
t2 = + to (8.18)
Dβ 2
Onde - Imax - interferência máxima
- D - diâmetro nominal
- to - temperatura de montagem
- β 2 - coeficiente dilatação térmica do material do cubo
- δ - folga adicional, correspondente à folga mínima de um ajuste tipo H/f
O aquecimento com chama aberta produz, nas superfícies uma capa de óxido que aumenta em muito o
coeficiente de atrito, dificultando, entretanto, a desmontagem das peças.
Utiliza-se também o banho de óleo (óleo mineral t=356o C), ou aquecimento em fornos elétricos ou à gás.
O ajuste por aquecimento pressupõe cubos não temperados, pois um aquecimento exagerado poderia
destruí-lo.
Imax + δ
t1 = to − (8.19)
Dβ 1
O resfriamento é obtido com gelo seco (dióxido de carbono sólido - CO2 sólido - t =-72) ou gás líquido
(t =-180o C)
OBSERVAÇÃO: As peças montadas com ajuste prensado por aquecimento/resfriamento nào apresentam
variação de força de atrito com o tempo, razão pela qual podem ser utilizadas logo após a montagem.
Figura ??
VANTAGENS
b) Fácil montagem
c) Pressão controlável
DESVANTAGENS
Figura ??
Figura ??
PN
PN = A.p A = πDI R=
cos ρ
Para que não haja escorregamento
Figura ??
PN μe t = Pt
2T
Pt = D
¡ ¢
Da figura Pa = R sen α2 + ρ
¡ ¢
Pa = R sen α2 cos ρ + sen ρ cos α2
Substituindo R
PN ¡ ¢
Pa = sen α2 cos ρ + sen ρ cos α2
cos ρ
Pt ¡ ¢
Pa = sen α2 + tg ρ cos α2
μet
senρ
= tg ρ = μm
cos ρ ¡ ¢
2T
Pa = Dμ sen α2 + μm cos α2
et
Capítulo 7 - O prolblema de torção 138
Figura ??
α 1 1 1
Conicidade 1: x tg = ÷ x = ·
2 2 2 x
α 1
2 tg = = 1 : x Conicidade
2 x
Recomendação de DIN 254
Cubos desmontáveis Cubo facilmente desmontáveis
1: x - - - 1 : 10 1: 5
o
α --- 5 42’ 30” 11o 25’ 16”
Figura ??
1
a= α
2tg
2
a pode ser controlado por um micrometro
Imax Imin
amax = α amin = α
2tg 2tg
2 2
Tomando um valor intermediário fica-se à favor da segurança frente à resistência e no que diz respeito à
transmissão do toque.
Figura ??
Aplicando P a tem-se pressão entre os dois anéis, ocorrendo aumento do anel externo e diminuição do
interno.
No cubo ocorrerá uma pressão p2 e no eixo uma pressão p1 .
p1 D
≈
p2 d
P a é dividido em 2 parcelas
1 - P o - necessária vencer as folgas
2 - P a0 - necessária para causar pressão entre cubo e eixo afim de transmitir o toque.
P a = P o + P a’ Tab. do fabricante.
Quando é utilizado um número maior de pares de anéis, devido ao atrito entre as faces dos anéis, a carga
axial P a não se transmite totalmente de um anel para o outro.
Figura ??
Capítulo 7 - O prolblema de torção 139
Como as cargas axiasi que atuam em cada anel são diferentes, as pressões nas superfícies do cubo e do
eixo também serão diferentes em cada par de anéis.
Sendo as pressões diferentes, a absorção de momentos torçores também o será.
1 par MT (Tab. do fabricante)
2 pares M2 =1.5 MT (2o par absorve 50% do que o 1o absorve)
3 pares M2 =1.75 MT (2o par absorve 50% do que o 1o absorve)
4 pares M4 = 1.875 MT (2o - 50% do 1o 3o - 25% do 1o 4o - 12.5% do 1o )
(Progressão Geométrica com razão 0,5)
> 4 pares —> não recomendado devido ao baixo toque transmitido pelo 5o par
Figura ??
8.21 Tipos
Dentre os diversos tipos de chavetas, podem-se classificá-la em dois grandes grupos: chavetas paralelas e
inclinadas.
Figura ??
a - Tensões devido ao ajuste prensado na ranhura e no cubo. (são de compressão e de difícil previsão)
b - Tensões provocadas pela força originada pelo momento torçor. Ela produz tensões de compressão e de
cisalhamento. A distribuição de PT não é uniforme, concentrando-se nas proximidades da entrada do
momento torçor.
Figura ??
Usualmente o dimensionamento das chavetas é feito considerando-se a força pT uniformemente dis-
tribuída.
Capítulo 7 - O prolblema de torção 140
8.22.1 Cisalhamento
F PT (τ e )ch
(τ )ch = = < τ adm = (8.20)
A b· n
2PT · n
>
b(τ e )ch
8.22.2 Compressão
F PT (σe )ch
(σ)ch = = h < σ adm = (8.21)
A 2
n
2PT · n
>
h(σe )ch
OBSERVAÇÃO -1: Considerando b = h e a TED, pela qual τ e = 0.58 σe , a expressão (a) fica:
PT · n
> (8.22)
h [0.58(σ e )ch ]
1.72PT · n
>
h(σe )ch
Comparando (c) e (b), verifica-se que o comprimento necessário para resistir a tensão de compressão é
maior, devendo, portanto, servir de critério para o dimensionamento.
OBSERVAÇÃO -2: Na prática normalemente b > h, o que reforça ainda mais a observação 1.
2PT n
> (8.24)
h (σe )e
F PT (σe )e
(σ)c = = h < σadm = (8.25)
A 2
n
2PT n
>
h(σe )c
8.25 Dimensionamento
Analisando as expressões (b), (e) e (f) levando em conta que o eixo e a chaveta são constituídos de aço de
médio carbono e que por isso, usualmente
(σ e )ch > (σ e )c e
(σ e )e > (σe )c
conclui-se que o dimensionamento é feito por (e).
Capítulo 7 - O prolblema de torção 141
Figura ??
Flancos —> melhor distribuição de carga entre as ranhuras.
Diâmetros —> melhor precisão de centragem
Figura ??
Compressão no cubo
F P P
σ= = T onde PT = PT i
zA zh
Como PTc 6= PTj devido a erros de passo, utiliza-se Ψ = 0.75 a 0.80 para corrigir.
PT σe PT n
σ= < σadm = >
zΨh n zΨhσe
n - mesmo para chaveta
σ e −σ r para cubos de materialo frágil
z = número de ranhuras
AJUSTE POR PRENSAGEM - PEÇA INTERNA DE AÇO
Peça externa Aço FoFo Liga MgAl Latão Resina Prensada
Estado de lubrificação óleo - seco seco seco
μit 0.086 0.09 0.03 0.04 a 0.33
μil 0.25 0.17 0.09 0.10
μet 0.05 0.07 0.02 a 0.03 a 0.22
μel 0.17 0.12 0.06 0.07
μm 0.054 a 0.07 0.02 a 0.05 a 0.54
0.22 0.13 0.80 0.10
AJUSTE POR AQUECIMENTO/RESFRIAMENTO -PEÇA INTERNA DE AÇO
Peça externa Aço Aço FoFo Liga MgAl Latão
Estado de lubrificação óleo seco - seco seco
μit 0.13 a 0.24 0.35 a 0.13 0.10 0.17 a
μil 0.14 a 0.36 0.40 0.18 0.15 0.25
μet 0.08 a 0.19 0.15 0.07 0.05 a 0.05 a
μel 0.05 a 0.12 0.16 0.09 0.07 0.14
Capítulo 7 - O prolblema de torção 142
E s t a d o d e l u b r i fi c a ç ã o ó leo - se co s ec o s ec o óleo se co * - se c o se co
μm 0 .0 5 4 a 0.07 a 0 .0 2 a 0 .0 5 a 0 .5 4 - - - - - -
0 .2 2 0.13 0 .8 0 0 .1 0 - - - - - -
* Esfriamento do eixo
μit - início do escorregamento tangencial
μil - início do escorregamento longitudinal
μet - coef. de atrito de escorregamento tangencial
μel - coef. de atrito de escorregamento longitudinal
μm - coef. de atrito de montagem.
Série leve - DIN 5462 Série média - DIN 5463
Nomenclatura b Nomenclatura b
6 x 23 x 26 6 6 x 11 x 14 3
6 x 26 x 30 6 6 x 13 x 16 3.5
6 x 28 x 32 6 6 x 16 x 20 4
8 x 32 x 36 6 6 x 18 x 22 5
8 x 36 x 40 7 6 x 21 x 25 5
8 x 42 x 46 8 6 x 23 x 28 6
8 x 46 x 50 9 6 x 26 x 32 6
8 x 52 x 58 10 6 x 28 x 34 7
8 x 56 x 62 10 8 x 32 x 38 6
10 x 62 x 68 12 8 x 36 x 42 7
10 x 72 x 78 12 8 x 42 x 48 8
10 x 82 x 88 12 8 x 46 x 54 9
10 x 92 x 98 14 8 x 52 x 60 10
10 x 102 x 108 16 8 x 56 x 65 10
10 x 112 x 120 18 8 x 62 x 72 12
Nomenclatura = N. de ranhuras x diâmetro interno d1 x diâmetro externo d2 .
Figura ??
6 - Considerando a ligação indicada abaixo, qual o maior torque que pode ser transmitido se a chaveta
tiver forma alta e a carga for aplicada com choques leves?
Figura ??
Observação: considera-se somente “ l ” como comprimento útil para a transmissão da carga.
Capítulo 7 - O prolblema de torção 143
7 - O dimensionamento de um eixo ranhurado construído de aço (σ4 = 500 N/mm2 ) para transmitir
um torque T = 600 Nmmm resultou num diâmetro mínimo d1 = 40 mm. Sendo o cubo de aço
(σ4 = 340 N/mm2 ), solicita-se verificar qual será largura para as séries leve e média, considerando que
o funcionamento ocorrerá sob fortes choques.
Referências Bibliográficas
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- Bilbao, 1970.
[2] Dobrovolski, V. Zablonski, K. Radchik, A. Erlij, L. Elementos de Maquinas. Terceira edição. Russia :
Editorial MIR, 1980.
[3] Niemann, G. Elementos de máquinas. Volumes I, II e III. Brasil : Editora Edgard Blücher LTDA, 1971.
[4] Ogliari, A. Notas de aula da disciplina Elementos de Máquinas I. Brasil : Publicação interna da UFSC,
2003.
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