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Entregou provas.
Capacidade contributiva.
Previsão constitucional.
Progressividade.
Subjetiva: diz respeito à pessoa tributada. Não ao fato tributado. A pessoa é chamada a
pagar impostos. Esquema do mínimo vital. Considerando a situação específica da
pessoa, vamos ver se sobram recursos além dos gastos com a sua subsistência.
Capacidade contributiva absoluta ou relativa, por que essas expressões? Se considera o
sentido relacional. A capacidade contributiva absoluta simplesmente pressupõe a
observância do fato, sendo possível ou não a tributação. Na relativa, se compara as
pessoas, estabelecendo carga tributária mais pesada para as pessoas com maior riqueza,
menor para as que possuem menos riqueza. Professor não gosta dessa terminologia,
considera melhor a terminologia objetiva/subjetiva.
Três funções. A doutrina italiana trabalha bastante com isso. A Constituição deles não
fala quase nada sobre tributação. A tributação será por critério de progressividade.
Possuem o princípio da capacidade contributiva. Identificam três funções: pressuposto,
critério de graduação e limite. Pressuposto objetivo: se o fato é idôneo para a incidência
de tributos. Subjetivo: se a pessoa tem condições de pagar o tributo. O pressuposto é
requisito para a tributação. Se a pessoa não tem o pressuposto, não pode ser tributada.
Capacidade contributiva: noção de capacidade de condições. Condição que a pessoa
tem de contribuir e ser chamada a sofrer incidência tributária.
Limite. Se a pessoa tem condição econômica de se manter e pagar tributos, pode ser
chamada até que ponto? O fato de que a pessoa pode ser tributada não extrai a
conclusão de que toda tributação é legítima. Há um limite à tributação. Se a tributação
for muito pesada, vai acabar violando o princípio da capacidade contributiva, se
revelando confiscatória. Princípio do não confisco.
Relação com alguns princípios: não confisco (limite, garantia da propriedade, liberdade
econômica), igualdade em matéria tributária (critério de graduação), dignidade da
pessoa humana (pressuposto).
Previsão constitucional do princípio da capacidade contributiva. Previsto no art. 145, §
1º, da CF. Não é previsão que seja perfeita, é limitada. A CF condiciona que sempre que
possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte. Vemos um problema: a CF só fala em graduação dos
impostos na capacidade econômica, não falando na graduação de todos os tributos. Não
fala também em pressuposto, nem que o tributo não pode ser cobrado de quem não
tem condições econômicas. Temos alguns problemas relacionados sobretudo ao âmbito
objetivo de aplicação: o que se busca e que se aplica. A CF só fala em impostos. A
categoria dos impostos é apenas uma, havendo outras. Será que a CF utilizou de forma
inapropriada, quando deveria se referir a tributos? Ou se refere somente a impostos?
Quanto à primeira questão, parece que a CF não foi atécnica. Estava pensando em
impostos. Apenas se reporta aos impostos. Alude simplesmente à espécie imposto.
Pode aplicar às outras espécies tributárias? É interessante pegar a redação anterior
desse dispositivo. Previsão na CF de 1946. A previsão era basicamente a seguinte: os
tributos terão caráter pessoal, sempre que isso for possível (graduação em razão da
pessoa), e serão graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte. A CF de
1946 tinha um problema, pois nem todos os tributos devem ser graduados conforme a
capacidade econômica do sujeito. Exemplo da taxa. Taxa de coleta de lixo, emissão de
passaporte, etc. Não considera a riqueza, mas sim uma atuação do poder público. A
graduação das taxas deve ser equivalente ao custo da atividade estatal.
A graduação propriamente das taxas se orienta por outro critério, que é a equivalência
do custo. Há casos que até o STF disse que era possível observar a capacidade
contributiva nas taxas. Só que não deve ser essa a regra e, em regra, não é assim.
Renovação do passaporte: ninguém deve entregar o contracheque para calcular a taxa.
Podemos aplicar o princípio da capacidade tributiva a outros tributos que não o
imposto? Roque Carrazza diz que o legislador infraconstitucional pode aplicar a outros.
Interpretação extensiva. Princípio fundamental do direito tributário e nem precisaria
estar previsto na CF para ser reconhecido. Na Alemanha, não há esse princípio e lá se
reconhece o princípio. Reconhecem e extraem o princípio da capacidade contributiva
do princípio da igualdade (todos são iguais perante a lei). Igualdade formal. O tribunal
constitucional disse que em matéria tributária se respeita à Justiça tributária e a justiça
tributária requer a graduação dos tributos de acordo com a capacidade contributiva na
sua extensão subjetiva e objetiva. Poderíamos estender a aplicação e interpretação do
art. 145, § 1º, CF, aos valores por trás da capacidade contributiva. Dignidade da pessoa
humana, liberdade, não confisco, garantia da propriedade. Mesmo que não se
reconhecesse o princípio da capacidade contributiva, se tributasse pessoa
hipossuficiente, seriam violados os outros princípios/valores mencionados, como a
dignidade da pessoa humana.
Professor pensa que o princípio da capacidade contributiva deve ser aplicado aos
tributos, sendo aplicado na medida do possível e considerando as características. Linha
utilizada por Leandro Paulsen. Problema do critério de graduação. Caso do empresário
milionário que recebe pro labore x servidor público que recebe 6 mil reais por mês. O
empresário tem capacidade contributiva maior, mas paga tributo específico. O servidor
paga tributo para financiar a previdência, então paga mais. Há outros critérios. Justiça
em âmbito tributário. As outras duas funções aplicam-se claramente aos tributos:
nenhum tributo pode ser confiscatório (limite), devendo também haver pressuposto
(principalmente subjetivo, que deve ser respeitada sempre). Não se exige tributo de
pessoa que não tem condições econômicas. Exigência decorrente da dignidade da
pessoa humana. Em regra geral, todos os tributos devem incidir sobre a capacidade
contributiva. A taxa, não. Exceção bem clara, pois a hipótese de incidência e fato gerador
das taxas é relacionada não aos contribuintes, mas ao poder público. Atuação do poder
público. Não se pode dizer que as taxas incidem sobre fatos que evidenciam riqueza.
Questão da pessoalidade
A CF, no art. 145, parágrafo 1, que sempre que possível os impostos terão caráter
pessoal. O que é isso? Caráter pessoal dos impostos. Quando isto será possível? Quando
eu posso criar um novo imposto, então seria exigência de que os impostos sejam
pessoais e não reais. Se levasse essa interpretação em conta, seria uma aplicação muito
restrita do princípio. Professor diz que não é esta a intenção. A CF determina que os
impostos, em geral, têm um caráter pessoal quando conseguir dar caráter pessoal a eles.
Não é que eles tenham que ser, mas mesmo os impostos reais tenho que tentar
pessoalizar, considerar a pessoa do contribuinte, para adequar a carga tributária e
promover o princípio da capacidade contributiva.
STF – progressividade do ITCD. Disse que salvo previsão expressa no CF, os impostos
reais não podem ser progressivos. Súmula sobre o ITBI, que não pode ser progressivo.
ITCD progressivo é constitucional. Min. Ellen Grace diz que na realidade esta
classificação dos impostos em reais e pessoais pode ser relativizada, pois há impostos
pessoais que são objetivizados em certos casos, e há impostos reais que são
pessoalizados. Então, sempre que possível, tento considerar a pessoa do contribuinte e
aplicar efetivamente a capacidade contributiva como pressuposto subjetivo, mesmo nos
impostos reais, não podendo cobrar impostos de que não tem condições de paga-los.
Previsto expressamente no art. 150, IV, da CF. Vedado utilizar tributo com efeito de
confisco. O que é confisco? Direito administrativo, direito de propriedade e de não ter
seus bens confiscados. Entende-se como a tomada forçada da propriedade, sem
fundamento jurídico para tanto. Na tributação isto nunca ocorreria, pois se o poder
público se pautou pelas normas de competência, não seria possível. A rigor, não há no
direito tributário. Mas no sentido econômico, a tributação envolve sempre a tomada
forçada da propriedade, pois os tributos são compulsórios. É uma coparticipação do
estado na atividade econômica dos contribuintes. Não é propriamente confisco, mas
consiste na tomada de parcela do patrimônio dos contribuintes.
Tributação confiscatória seria aquela que implica penalização ilegítima, tributação como
pena. Diversas definições. É difícil definir, mas uma das melhores definições é a que o
STF adotou, no precedente ADI 2010, em que reconheceu a violação do princípio do não
confisco a tributos. Celso de Melo vincula o princípio do não confisco ao caráter
excessivo e injusto da tributação, e ao desrespeito a direitos fundamentais dos
contribuintes. A tributação confiscatória é uma tributação excessiva. Garantia da
propriedade é o que está por trás deste princípio. STF reconheceu isso num caso que
tratava da progressividade da contribuição previdenciária dos servidores públicos. Lei
que criou a progressividade em um patamar de 14 a 22%, e STF reconheceu isso como
confiscatório. STF diz que é contribuição sem contrapartida, sem benefícios.
Confiscatório porque é muito pesada a tributação. Precedente que corresponde a lições
doutrinárias, apesar da dificuldade em se definir limites à tributação.
Conclusão é que a propriedade não suporta uma carga tributária tão grande. O consumo
pode ter uma carga tributária que até supere os 5%, vendo o ICMS, que é de 30% em
alguns casos aqui no estado. Caso do IPI sobre cigarros, alíquota de 330% sobre o valor
que sai da fábrica. O imposto sobre o consumo poderia ter alíquota superior a 100%?
Pensar se o consumidor final consegue pagar – capacidade de pagamento. Se sim, não
é confiscatório. Considerar nos tributos sobre o consumo o efeito econômico da
tributação. Princípio que demanda contato com a economia, ver o efeito econômico.
Efeito estrangulador da tributação: se a tributação começa a estrangular a atividade
econômica, vai se revelar confiscatória e, por consequência, inconstitucional. É o
argumento da indústria tabagista. Há também o argumento de que o cigarro é nocivo
etc. Mas isso não é possível no direito tributário, pois se o pode público quer proibir
uma atividade econômica, deve fazê-lo por meio do direito administrativo ou por outros
meios, não pode inviabilizar isso na prática, por meio da tributação.
Não há como definir limite da carga tributária, muito difícil apesar de alguns autores
tentarem. Decisão do Tribunal Constitucional alemã diz que a tributação nunca poderia
ultrapassar 50% da renda e patrimônio. Grande repercussão. Mas depois chegou um
caso em que se ultrapassava este limite. Disseram que seria legítima, pois não havia
nenhuma decisão em contrário. Caso que nos mostra como analisar os precedentes no
Brasil. Diferenciar obter dictum de fundamento determinante.
Limite à intervenção estatal, que não pode afetar liberdades individuais. Possui
conteúdo autônomo.
Aplicação do princípio do não confisco às multas. A CF diz em utilizar TRIBUTO. Multa
não é tributo, e sim sanções. Pela redação literal do art. 150, IV, não se aplicaria, mas o
STF aplica. Não há óbice à aplicação, pois se aplicaria a garantia da propriedade de
qualquer forma. Ressalta-se que a aplicação às multas é diferente da aplicação aos
tributos. Considera-se a exigência de proporcionalidade entre o ilícito praticado e a
sanção. Quanto aos tributos, temos a base econômica.