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COORDENAÇÃO DE HISTÓRIA
Boa Vista-RR
2015
DANIELE MONTEIRO MOTA
Monografia apresentada ao
Departamento de História da
Universidade Federal de Roraima como
pré-requisito para obtenção de título de
Licenciatura em História.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Francilene dos Santos
Rodrigues.
Boa Vista-RR
2015
O TRABALHO FEMININO E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL
NA ATIVIDADE DE PESCA EM BOA VISTA (2003 – 2014)
____________________________________________
Draª Francilene dos Santos Rodrigues- (Orientadora)
Curso de Ciências Sociais – UFRR
Presidente
_______________________________________
Draª Maria Luiza Fernandes
Curso de História – UFRR
Membro
_______________________________________
Msc. Shirlei Martins dos Santos
Curso de História- UFRR
Membro
Á minha mãe querida,
Ao meu pai querido,
Aos meus irmãos,
Ao meu noivo,
Aos meus amigos
que tanto amo e que sempre
me apoiaram nessa caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida e por mais essa vitória
concedida. A minha família em especial ao meu pai e minha mãe, que não só me
ajudaram neste momento, mas em toda minha vida estiveram comigo, me
incentivando com palavras de amor e de conforto e me proporcionando tudo para
que a realização de todos os meus sonhos pudessem ser realizados.
Muito obrigada ao meu noivo e colega de curso, Jeyel Maia, que
compartilhou comigo esse momento importante da minha vida, sendo paciente em
minhas ausências, me ajudando bastante, me dando ideias e me acompanhando na
universidade para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço aos meus queridos amigos e colegas de curso, Arisson
Magalhães, Ananias Lima, Iris Daiane, sempre foram companheiros de trabalhos e
amigos de confidencias nas horas vagas, e em especial minha adorável amiga
Adriana Mendes que tanto me ajudou no início do curso com sua amizade e
companheirismo. A todos os colegas da turma de História 2011.1
Agradeço todos os professores da UFRR, em especial os do curso de
História que compartilharam seus conhecimentos e proporcionaram a aprendizagem.
Agradeço em especial minha orientadora Francilene dos Santos Rodrigues por seu
apoio e colaboração.
A maior recompensa para o trabalho do
homem não é o que ele ganha com isso,
mas o que ele se torna com isso. (JOHN
RUSKIN)
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar o trabalho feminino na atividade de pesca na
cidade de Boa Vista/ RR e a construção da identidade profissional destas
trabalhadoras. Pretende-se ainda, analisar os papéis sociais desenvolvidos pelas
pescadoras em seu cotidiano e como esta atividade impacta a sua visão de mundo
e, consequentemente, a construção de uma identidade profissional. Dessa forma, o
ponto de partida consistiu em mostrar o trabalho como atividade essencial para o ser
humano, identificando as condições sócio históricas que determinaram o papel da
mulher na sociedade e como esses condicionamentos estão relacionados a vida da
mulher e a sua realização enquanto ser social. A realização desta pesquisa teve
como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa que fez uso dos
instrumentos de coleta de dados, a observação e a realização de entrevistas
semiestruturada, ademais da pesquisa documental e de obras internacionais,
nacionais e locais.
Palavras-chave: Pescadoras; trabalho; identidade profissional.
ABSTRACT
This study aims to analyze women's work in fishing activity in the city of Boa Vista /
RR and the construction of the professional identity of these workers. Another
objective is to analyze the social roles developed by fishers during their daily lives
and how this activity influences their worldview and consequently building a
professional identity. Thus, the starting point was to show the work as an essential
activity for humans, identifying the historical social conditions that determined the role
of women in society and how these constraints are related to the woman's life and its
realization as a social being. This research had as methodological procedure
qualitative research that made use of the instruments for collecting observation data
and carrying out semi-structured interviews, in addition to the documentary research
and international projects, national and local.
Keywords: in Fisheries; work; professional identity.
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
1. História e divisão sexual do trabalho feminino4
1.1. História e o trabalho da mulher
2. Pesca na Amazônia e políticas públicas
2.1. A pesca na Amazônia
2.2. O trabalho das pescadoras na Amazônia9
2.3. As pescadoras e as políticas públicas
3. Trabalho e identidade das pescadoras
3.1. O trabalho como influência na construção de identidade das mulheres
3.2. O cotidiano das pescadoras de Boa Vista/Roraima e a construção da identidade
profissional4
CONSIDERAÇÕES FINAIS7
REFERÊNCIAS59
APÊNDICES.............................................................................................................68
APÊNDICE A: FONTES ORAIS...............................................................................68
APÊNDICE B: ROTEIRO DE ENTREVISTAS..........................................................69
APÊNDICE C: CESSÃO GRATUITA DE DIREITOS DE ENTREVISTA GRAVADA EM
ÁUDIO...............................................................................................................70
APÊNDICE D: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO............71
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INTRODUÇÃO
O trabalhador põe a sua vida no objeto, e sua vida, então, não mais lhe
pertence, porém, ao objeto. Quanto maior for sua atividade, portanto, tanto
menos ele possuirá. O que está incorporado ao produto de seu trabalho não
mais é dele mesmo. Quanto maior for o produto de seu trabalho, por
conseguinte, tanto mais ele minguará. A alienação do trabalhador em seu
produto não significa apenas que o trabalho dele se converte em objeto,
assumindo uma existência externa, mas ainda que existe
independentemente, fora dele mesmo, e a ele estranho, e que com ele se
defronta como uma força autônoma. A vida que ele deu ao objeto volta-se
contra ele como uma força estranha e hostil. (MARX, 1844, p. 81)
Os fatos ocorridos no cenário europeu nos séculos XVIII e XIX,
transformaram as mulheres em força de trabalho. Modificando a situação do sexo
feminino em todas as classes e a estrutura dos lares, trouxe liberdade de expressão
para lutar contra as injustiças vividas no período (TOLEDO, 2008). É a partir desse
cenário de inclusão social no trabalho que as mulheres ganharam novas
perspectivas no ambiente social e principalmente no trabalho.
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A região amazônica até 1960 era inacessível por via terrestre. A abertura de
estradas, como a BR Belém- Brasília e os esforços feitos pelo governo militar como
o programa “Operação Amazônica”, trouxeram vários estímulos e uma nova
colonização (KITAMURA, 1994). Ruffino (2005) destaca que esse processo de
políticas e estratégias desenvolvimentistas na região, acarretou o aprofundamento
das desigualdades referente tanto ao acesso quanto ao uso dos recursos naturais,
pois houve transferência de grandes recursos financeiros para grupos privados o
que possibilitava maior acesso daqueles com maior poder aquisitivo.
É nesse mesmo período, exatamente em 1962 que ocorre a criação da
principal autarquia do setor, a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca –
SUDEPE, que institucionaliza a atividade pesqueira em todo país, com inúmeros
objetivos, dentre os quais, o de regulamentar as águas do mar territorial e as águas
continentais do Brasil e prestar assistência técnica e financeira à empreendimentos
relacionados a pesca. O que possibilitou e permitiu a consolidação da base da
indústria pesqueira (BORGES, 2007)
Nesse período de expansão da Amazônia, compreendido entre 1960 e 1988,
ocorreram significativas transformações na atividade pesqueira. Em outubro 1966 é
criada a Lei Federal nº 5.174 que concedia incentivos fiscais à empreendimentos na
jurisdição da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia-Sudam e o
decreto-lei Federal nº 221,28 de fevereiro de 1967, que tratou do estímulo à pesca e
outras providências. Este estímulo visava à estruturação da indústria pesqueira que
no momento encontrava-se atrasada em relação a outros setores. (RUFFINO, 2005)
Um dos benefícios referente ao estímulo, era a isenção de impostos sobre
importações de materiais usados na captura e processamento do pescado. Esse e
outros tipos de incentivos, foram responsáveis pelos muitos empresários nacionais e
estrangeiros que se instalaram na Amazônia, dando início a criação das primeiras
indústrias pesqueiras na região (RUFFINO, 2005). É importante salientar que nesse
contexto, a ocupação da Amazônia estava voltada para a expansão de uma política
extrativista e não para a preservação dos recursos naturais (OLIVEIRA, 1988).
Assim, outros elementos começaram a ser introduzidos na pesca, como o
motor a diesel, as fibras de náilon, redes, tarrafas, frigoríficos para conservação do
pescado, o que beneficiou o pescador quanto aos novos materiais de pesca,
facilitando o trabalho e a qualidade do pescado. Com esses novos itens disponíveis
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divisão sexual, onde o homem é o provedor do lar, e a atividade de pesca como toda
forma de trabalho não poderia fugir à regra, já que essa divisão é algo que está
ligada ao processo de constituição de uma sociedade patriarcal.
Como menciona Alencar (1993, p.65) “a forma de organização social do
trabalho na pesca apresentada nos textos, enfatiza um modelo bipolar de divisão do
trabalho, que se caracteriza pela ênfase que é dada à distinção das atividades e dos
espaços de acordo com o gênero.” Essa distinção acaba que por invisibilizar o
trabalho da mulher no espaço aquático, ainda que o seu papel seja essencial à
subsistência (NIEUWENHUYS, 1989 apud MANESCHY, 2000; p. 175) confirma que
“o ato de pescar dos homens está inserido e apoiado em relações sociais das quais
a divisão de tarefas é responsabilidade no seio da família e, sem dúvida, a mais
crucial”.
Essa invisibilidade da mulher na pesca é atribuída em parte, ao fato de que o
trabalho de algumas mulheres apresenta-se como inconstante e variado e por vezes
está voltado para o consumo familiar e não a comercialização. (MANESCHY, 1997).
No entanto, muitas mulheres atuam na prática diária para a comercialização,
principalmente as profissionais que têm a pesca como fonte exclusiva de
sobrevivência.
A família, e principalmente, a mulher tem seu espaço nas águas,
independente da invisibilidade ou sua condição de ajudante exposta na literatura,
seu papel está ganhando novas configurações em meio ao mercado de trabalho.
Dessa forma, o trabalho das pescadoras aos poucos tem se tornado visível. A ideia
de que a mulher é apenas “ajudadeira dos seus maridos”, realizando tarefas
secundárias, como limpar o peixe, não é exata, pois como já foi mencionado as
mulheres desenvolvem a atividade diretamente e são responsáveis pelo sustento de
seus lares como profissionais da pesca artesanal (SOARES, 2013)
É importante saber que o trabalho das mulheres na Amazônia,
especificamente na Comunidade Cristo Rei no município do Careiro da Várzea –
Amazonas, é desenvolvido de forma distinta do masculino em diversos aspectos,
tais como: a mulher segue todo um cronograma para ir ao trabalho, usa
equipamentos de proteção, blusas de mangas longas, chapéus, luvas, tudo para se
proteger das condições físicas e naturais do ambiente de seu trabalho. Outro
aspecto de diferenciação do trabalho é que as mulheres costumam ir à pesca o mais
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Convém destacar que com pouco tempo da edição do referido decreto, foi
criada a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca-SUDEPE que tornou a
pesca um setor autônomo do âmbito da agricultura, adotando uma política
assistencialista e organizando o uso de espaços de pesca da União (LOPES, 2009).
As políticas adotadas e o grande subsídio destinado ao setor pesqueiro
transformou a pesca artesanal em pesca comercial modernizada, ou seja, pesca
industrializada. De certo, que poucos critérios foram estabelecidos, como o ato de
conservar os recursos naturais, diminuindo os problemas ambientais. Por isso, foi
criado pela Lei nº 7.735 de fevereiro de 1989, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
- IBAMA com o intuito de gestão e conservação dos recursos naturais e trata outras
providências.
O IBAMA surgiu em contraponto à política desenvolvimentista anteriormente
vigente. Assim, o IBAMA é a incorporação da SUDEPE, da Superintendência do
desenvolvimento da Borracha – SUDHEVEA, da Secretária Especial de Meio
Ambiente – SEMA e do Instituto Brasileiro de desenvolvimento Florestal – IBDF. A
esse novo órgão foi dado poderes para desenvolver todas as atividades antes
praticadas pelos setores incorporados, de forma a compatibilizar o desenvolvimento
com a conservação dos recursos naturais.
Na década de 1990, ocorre um novo marco na história do setor pesqueiro
que é a criação do Departamento de Pesca e Aquicultura – DPA do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Essa nova estrutura organizacional
objetivou dividir as competências dentro do Ministério, para que as atividades
fossem melhores executadas, atribuindo a cada departamento à responsabilidade de
gerir os recursos. Isso beneficiou o setor, pois o DPA mantinha todos os focos
centrais na pesca, desenvolvendo meios para fomento, conservação e organização.
No que se tange a criação de políticas, o governo Federal sob o regime
militar, foi responsável pela criação de algumas políticas públicas para o setor
pesqueiro. No entanto, às políticas criadas não atenderam as necessidades do setor.
Essas políticas foram criadas de acordo com as características nacionais, não sendo
levadas em consideração as diversificações de cada região, o que por sua vez
causou transtornos em comunidades mais avançadas na pesca, inclusive com
relação à participação feminina na atividade de pesca.
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consideração o fato da pesca autônoma. Cabe aqui relatar que a legislação não
reconhece a autonomia da mulher e que para ser pescadora precisa estar atuando
com a família. Como afirma Leitão e Silva, (2012. p. 15.):
Em 2003, com a legislação previdenciária sobre economia familiar, muitas
pescadoras conquistaram o Registro de Pesca. Foram reconhecidas como
profissionais em virtude do exercício de atividades equiparadas à pesca,
exclusivamente em regime de economia familiar. Portanto, sem
assalariamento e dependendo do vínculo familiar com a pesca artesanal.
Percebe-se então, que essa legislação reproduz o papel discriminatório da
mulher, referindo ao papel social no âmbito do lar e esse condicionamento está em
conflito com a situação das pescadoras, pois a atividade não é somente exercida
dentro do núcleo familiar, mais de outras formas, com parcerias em comunidade,
amizades. Notoriamente a inserção das mulheres não ocorreu de forma autônoma,
pois além de não reconhecer as diversas formas da prática social do trabalho,
desvaloriza o trabalho das pescadoras, colocando importância menor no seu
trabalho. É esse papel da mulher nas comunidades pesqueiras que Alencar (1993)
destaca, ao afirmar que nos últimos anos, o papel da mulher como protagonista tem
sido alvo de inúmeras pesquisas, demonstrando que o papel da mulher é sem
dúvida essencial ao setor da pesca.
A falta de reconhecimento da profissão das pescadoras trouxe problemas
para muitas mulheres. Uma vez que aquele que exerce qualquer tipo de profissão,
tem direito a benefícios, aos quais usufrui quando se faz necessário. Sendo assim, a
pescadora é privada de direito básicos, como a aposentadoria, licença maternidade,
seguro-desemprego. Todos esses benefícios, principalmente a aposentadoria
necessita de certo tempo de exercício de profissão que possa ser comprovado, o
que não é o caso de muitas pescadoras. Como o exemplo dado por Leitão e Silva
(2012) que aquelas reconhecidas pela Marinha atualmente gozam de benefícios
adquiridos tendo o seu registro de pesca como comprovação de seu trabalho.
Sem dúvida, é possível afirmar que a legislação de economia familiar,
aumentou consideravelmente o número de pescadoras registradas, que atualmente,
podem usufruir de benefícios previdenciários como o salário maternidade. É
importante ressaltar, que o não reconhecimento do trabalho da pescadora leva-as a
ignorarem seus direitos e não compreendem como proceder para o ato de
regularização de suas carteiras de pescadoras e o procedimento para requerimento
de benefícios previdenciários.
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município de Mucajaí e Cantá; a leste com Normandia e Bonfim e a oeste com Alto
Alegre (FARIAS; VERA; PAIXÃO, 2010).
Com relação ao regime hidrográfico, a bacia do Rio Branco é divida por um
período de cheia, nos meses de março a setembro, sendo a maior enchente em
junho e de um período seco, onde as águas baixam consideravelmente,
impossibilitando, inclusive, a navegação no baixo Rio Branco.
A bacia do Rio Branco domina praticamente toda a área do Estado e é o
principal componente do sistema hidrográfico de Boa Vista, com o rio Cauamé, seu
principal afluente, pela margem direita. Compreendido ainda, pelo Rio Mucajaí na
parte sudoeste da região. O noroeste apresenta a Cachoeira Preto. O Rio Branco é
o afluente mais importante da margem esquerda do Rio Negro, no Amazonas. Seu
curso segue a direção geral Nordeste-Sudeste (NE/SE), desde sua foz até a
confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, podendo ser dividido em três partes: baixo
Rio Branco, da foz até Caracaraí (338 Km); médio Rio Branco, trecho das
cachoeiras (24 Km) e, alto Rio Branco, a partir das corredeiras (172 Km) (FARIAS;
VERA; PAIXÃO, 2010).
O município de Boa vista foi escolhido, por ter um considerável número de
pescadoras registradas na Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura –
SFPA/RR, que moram no município e exercem atividades tanto dentro da área
estudada como também em outras localidades do estado de Roraima. As
pescadoras interlocutoras desta pesquisa foram escolhidas considerando o tempo
de experiência na atividade de pesca artesanal.
A pesca no estado de Roraima é uma atividade desempenhada por muitas
pessoas que dependem da mesma economicamente. O setor pesqueiro foi
secundário na economia local, uma vez que somente a pesca artesanal em pequena
escala tem sido desenvolvida. No entanto várias famílias, e em especial algumas
mulheres exercem a atividade e fazem dela sua principal fonte de sustento. Maria
Izabel, de 45 anos, moradora da cidade de Boa vista é um exemplo de pescadora,
que tem destaque na atividade e experiência adquirida ao longo da vida. Com muito
orgulho ela diz “Eu me sinto feliz porque gosto de pescar demais” 1. Ela guarda em
seu acervo pessoal registros fotográficos que demonstra a importância da pesca em
sua vida.
Maria Izabel relata que a pesca entrou na sua vida desde muito cedo, ainda
com sete anos de idade, no estado do Amazonas. Ressalta que o grande
influenciador dessa atividade em sua vida, foi seu pai que, ainda hoje, é pescador no
Amazonas, ela relata que ele a levava para as pescarias e a ensinava como
proceder no manejo da atividade. A partir de então, a pesca foi se tornando presente
em sua vida. E aqui no estado de Roraima está com treze anos praticando a pesca
artesanal profissional. Esta narrativa demostra o caráter cultural da atividade de
pesca, uma vez que a tradição de pai para filho é um desses elementos.
No dia-a-dia da pesca, Maria Izabel desce o rio de barco, durante 8 meses,
porque o restante dos meses compreende a piracema, onde acontece a reprodução
dos peixes, portanto, ocorre a proibição da pesca. A pescadora relata que no
mínimo passa de 9 a 10 dias, durante o dia e a noite nos rios, pois o malhador deve
ser visto nos dois horários. Relatou que na maioria das vezes prefere ir sozinha para
o rio, ao invés de ir com pescadores inexperientes. Ela diz: “Eu gosto de andar mais
só, porque não tenho paciência não. Têm pescador que às vezes só vai pra
estressar a gente, não sabe nem remar!”. Explica ainda, que às vezes leva dois
parceiros, sendo casal ou pessoas da família.
Isto demonstra também que a atividade é coletiva, em grupo, principalmente
porque se divide as tarefas. Como ela diz: “quando eu vou só, eu faço tudo. Quando
vou acompanhada nos dividimos o rancho, a despesa e o serviço, enquanto um tá
escamando o outro tá tirando o bucho, é assim.” Percebe-se no relato da pescadora
que a atividade de pesca tem divisão de tarefas e, por isso, o número de pessoas
que forma uma equipe contribui para a eficiência da atividade. O contrário, quando a
atividade é individual a pescadora realiza todo o trabalho, consumindo mais tempo e
os custos para os dias de acampamento na beira dos rios são maiores. Assim a
formação de parcerias com outros pescadores é benéfica para a realização da
pesca.
A pescadora relata que se sente realizada em ser pescadora e que se fosse
possível moraria no rio. Afirma: “adoro pescar demais. Por mim, se eu pudesse
morar, fazer uma prancha em cima do rio, eu morava”. Percebe-se em suas
palavras, o quanto ela se identifica com a profissão, chegando ao ponto de querer
estabelecer sua moradia dentro dos rios, viver como ribeirinha. Porém, a pescadora
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alerta que a tarefa de ser mulher e pescadora não é fácil, há muitos perigos tanto
nas águas como em terra.
A senhora Maria Izabel explica que quando se é mulher e pescadora, as
dificuldades são extremas, pelos perigos existentes na profissão. Primeiro se tem o
perigo dos rios, encontra-se muitos jacarés que se camuflam ao longo dos rios,
cobras e animais diversos. Em terra, os próprios pescadores e os falsos pescadores
que se encontram na jornada de trabalho são apontados por ela como ameaças às
pescadoras, principalmente para aquelas que pescam sozinhas. Por isso, ela relata:
“Eu durmo não! Eu cochilo na beira da canoa com o facão do lado”. Ressalta que
essa é sua maior dificuldade, de não ter sempre um parceiro de pesca; e que às
vezes se sente como uma criança indefesa diante dos perigos enfrentados. Afirma
ainda, que no trabalho sofre preconceitos, e ouve piadas de todo tipo, mas não dá
atenção e segue em frente com seu trabalho, sendo às vezes ríspida e dura para
ganhar o respeito de outros.
Nessa conjuntura de perigos, mostra o quanto a mulher em sua essência,
tende a encarar os problemas da vida, confirmando a prerrogativa de que a mulher
não é um sexo frágil. Pois como afirma Enriquez, (1994, p.06):
Se os homens são o sexo forte, não tenho dúvidas de que as mulheres são
do sexo resistentes. Falar do sexo frágil é talvez lisonjeador para os
homens, mas não corresponde à realidade. As mulheres em média, são
mais determinadas, perseverantes e sobretudo, realistas.
Sobre o início da atividade a senhora Maria Izabel relatou que só passou a
ser pescadora profissional no final de 2004, quando os seus filhos já estavam todos
criados, pois não tinha como deixá-los para ir para o rio. Por isso criou seus filhos
ainda quando era funcionária do estado. E acrescenta que:
Quando deixei eles, já estavam grandes já arrumaram mulher, saíram de
casa e eu fiquei só, ai foi quando comecei na pesca sozinha, mais ai depois
que eles cresceram se ajuntaram a mim, e nós se divide, eles têm as coisas
deles tudinho também.
Dessa forma, depois que passou a ser pescadora, seus dois filhos e suas
noras também a acompanharam na profissão e tiraram seus registros profissionais
de pesca, possuindo todos os materiais requeridos para desempenhar a função de
pescadora, portanto, a atividade de pesca é familiar.
Outra entrevistada, a senhora Maria Helena, de 49 anos 2, passou a ser
pescadora por influência do seu marido que é pescador há muito tempo, e afirma:
“Foi através do meu esposo que eu comecei a ser pescadora, eu vi... por
privado: a manutenção, a criação dos filhos, entre outros. Como afirma Silva (2010,
p.13):
O trabalho feminino, no âmbito doméstico, não é socialmente reconhecido
como trabalho, mas como um destino próprio das mulheres, atribuindo ao
papel da maternidade, historicamente compreendido como constituinte
natural de sua identidade de mulher.
Nesse sentido, o desenvolvimento dos papéis de gênero e a construção de
identidades, são socialmente construídos e aprendidos desde o nascimento,
tomando como base as relações sociais e culturais. No entanto, Butler (2010, p. 25)
destaca que “o gênero não deve ser meramente concebido como a inscrição cultural
de significado num sexo previamente dado”, ou seja, o gênero não é algo definido
biologicamente pelo sexo, mas sim algo construído culturalmente, envolvendo o livre
arbítrio de cada sujeito. Alves e Pitanguy (1985) entendem o gênero como:
Uma “construção sociocultural que confere a homem e mulher, papéis
distintos dentro da sociedade e depende da cultura e dos costumes de cada
lugar, da experiência cotidiana das pessoas, bem como da maneira como se
organiza a vida familiar e o modo de política de cada povo.
Deste modo, compreender o gênero como um dado construído é entender
que gênero expressa a essência de cada sujeito. A partir do conceito de gênero,
entende-se que ideias, crenças e valores construíram a hierarquização de papéis
entre os sexos, por isso, as mulheres foram inferiorizadas na sociedade durante
muitos anos. Dessa maneira a mulher carrega em sua trajetória a subordinação,
principalmente no que se refere ao trabalho, pois os espaços foram definidos de
acordo com os gêneros. As profissões foram determinadas levando em
consideração as culturas construídas solidamente. (ALVES; PITANGUY, 1985).
Assim, a divisão de papeis hierárquicos, acarretou na invisibilidade das pescadoras
e gerou certas dificuldades. Como destaca Furtado, Leitão e Lima (2009):
Em se tratando do trabalho das pescadoras artesanais é bastante
desvalorizado no Brasil, tanto pelas questões relacionadas às questões de
gênero como pelas de ordem estrutural de proteção ao trabalho feminino,
como as políticas de financiamento, geração de emprego e renda.
Para Blin (1997 apud SANTOS, 2011) “o contexto social onde se
desempenha determinada profissão é fundamental para a consolidação da sua
identidade profissional”. Essa invisibilidade, e as dificuldades enfrentadas no
ambiente de trabalho e as relações são elementos que estão interligados a
construção da identidade profissional das pescadoras.
A identidade profissional das duas pescadoras é resultado das suas
vivências do cotidiano e as relações sociais envolvidas. É válido relacionar esse
enfoque com a memória das pescadoras profissionais na pesca artesanal, para
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tornarem-se seguras, por mais que essa presença não seja garantia de segurança,
mas para elas a companhia de homens por vezes acaba por ser necessária.
Entretanto, analisando especificamente a vida da senhora Maria Izabel que
atualmente é vice-presidente de uma das colônias de pescadores de Boa Vista,
afirmou que iniciou a atividade desde muito cedo, com sete anos de idade, onde seu
pai a ensinou a arte de pescar. Percebe-se que a atividade foi ensinada desde muito
cedo, isso mostra que o ensinamento é algo interligado a profissão da pesca. Nessa
lógica, a pescadora sente em alguns momentos a necessidade de um homem para
acompanhá-la no trabalho, talvez pelo fato de ter iniciado a atividade com a
companhia do seu pai que a ensinou e ao mesmo tempo lhe passava segurança e
conforto para que exercesse seu trabalho.
Apesar de o sexo masculino tendo o “poder cultural” no sentido de sua
construção ter sido enaltecida diante da figura feminina (GOMES, 2008), essa falta
sentida pela pescadora, em nenhum momento se torna dificuldade para o não
desenvolver da atividade de pesca, mas, analisando seu relato, percebe-se que
ocorre um sentimento de falta na sua concepção, algo que liga a figura do homem a
segurança, pois veja que sua percepção demonstra que o homem é forte, valente e
que irá protegê-la de qualquer perigo ou até mesmo encorajá-la a ser forte, para
encarar os perigos do trabalho.
Por outro lado, essa necessidade traz à tona outra discussão. Pois ao sentir
falta da figura de um homem, percebe-se que nas relações de trabalho, a mulher
ainda é tratada de forma discriminatória e desigual em relação ao homem/pescador
pelos próprios profissionais da área. É válido ressaltar que essa dificuldade é sentida
quando a pescadora trabalha de forma individual, onde permanece no local de
trabalho sozinha. Pois, para confirmar essa premissa, a pescadora Maria Helena
relata que ao ir pescar com seu esposo não vê essa discriminação e sente-se muito
feliz, pois quando chega ao local de trabalho é bem recebida pelos pescadores.
Nesse sentido, a autoridade só é outorgada àquelas que têm a presença
masculina ao seu lado. A pescadora vista sozinha no local de trabalho é tida pelos
pescadores como vulnerável aos perigos e a oportunidade para cometer tais
discriminações. Nos relatos, a senhora Maria Helena afirma que ao trabalhar o seu
marido é quem comanda e ela o ajuda, ela diz: “ele fica comandando o motor e eu
com ele pra ajudar ‘num tem’, ele tirando o peixe e eu ajudando ele”. A pescadora ao
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descrever o seu trabalho na atividade de pesca, sempre coloca o seu marido como a
pessoa que comanda todo o trabalho, colocando-o implicitamente como sendo ele o
provedor da família, e o seu papel na atividade seria apenas o de auxiliar. Isso
mostra a construção patriarcal em que o homem é o provedor do lar e a mulher fica
na esfera reprodutiva.
É importante ir além dos relatos, pois a pescadora ao descrever a sua
função na pesca, de certa forma acaba que trazendo seu papel de esposa e
cuidadora do lar para o trabalho. Pois sendo seu esposo o companheiro de pesca, é
certo que as relações do lar sejam refletidas também dentro do ambiente de
trabalho, não havendo uma separação do lar e do profissionalismo, ou seja, quando
a pescadora afirma que “ele” comanda o trabalho significa dizer que dentro de casa,
ele exerce a função de provedor do lar.
Nessa conjuntura, observa-se que na formação da identidade profissional
das pescadoras o papel masculino é bem demarcado. Ambas as pescadoras tem em
suas identidades ideias, formas de pensar que foram captadas e são transformadas
no seu modo de agir e pensar, que a figura do homem é superior e muitas vezes
importante, ao seu modo. Assim pressupõe que as pescadoras no processo de
construção do seu “eu”, de suas identidades, acabam que trazendo as construções
culturais determinadas de cada sexo, para suas vidas. De acordo com Saffiote
(1992), a mulher como dominada-explorada, vai ter a marca da naturalização, do
inquestionável, já que dado pela natureza. Todos os espaços de aprendizado, os
processos de socialização irão reforçar os preconceitos e estereótipos dos gêneros
como próprios de uma suposta natureza feminina e masculina, apoiando-se,
sobretudo na determinação biológica.
Essa explanação da autora confirma o que ocorre na vida das pescadoras.
Essa necessidade da presença do homem para garantir a segurança em
determinados ambientes e até mesmo essa hierarquia do lar retratada no ambiente
de trabalho, ganha aspectos naturais, ou seja, esse modo de pensar, sentir é natural
para as pescadoras, que veem nos homens atributos que a fazem se sentir segura e
até colocar como o provedor do lar.
As pescadoras sentem medo e muitas vezes se percebem como auxiliares.
Entretanto analisando seus modos de vida, compreendendo o ambiente o trabalho,
as relações sociais e familiares, percebe-se que as pescadoras possuem as
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mesmas capacidades dos homens e porque não destacar que possuem melhores,
pois enquanto o homem está envolvido em uma só tarefa, a mulher além de exercer
a atividade materna está desempenhando outras atividades. Nesse sentindo, as
mulheres estudadas aqui são exemplo de pescadoras que enfrentam seus medos e
exercem o poder sobre suas vidas, e constituem-se como sujeitos, fazem o que
desejam, da forma como querem através da realização do seu trabalho.
É o trabalho na pesca que transforma suas vidas, primeiro pelo fato de ser o
meio de subsistência; segundo, a realização em estar trabalhando no que se
identifica; terceiro, pelo que o trabalho pode proporcionar a sua vida, como a
realização dos desejos materiais. E quando se colocam como ajudantes, estão
sendo modestas, por que “ajudar” significar fazer todos os trabalhos só que com a
divisão de funções, então realizam todo o processo de pesca.
Dessa forma, conclui-se que as pescadoras constroem suas identidades
profissionais de acordo com o ambiente de trabalho, as práticas especificas e os
saberes específicos, através das vivencias e aprendizados adquiridos durante a
trajetória de vida. Sendo um processo longo e continuo processo, como explica Hall,
(2005, p.38):
A identidade é algo formado, ao longo do tempo, através de processos
inconscientes, e não algo inato, existente na consciência no momento do
nascimento. Existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua
unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre “em processo”,
sempre “sendo formada”.
Portando, é dessa forma que a construção da identidade profissional das
pescadoras são formadas. Onde os elementos da sua construção estão envolvidos
no seu cotidiano e são perceptíveis através no seu modo de ver, de sentir e de falar,
e de ver o outro.
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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54
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58
APÊNDICE
APÊNDICE A: FONTES ORAIS
______________________________________
Assinatura do pesquisado (a)
71
totalmente gratuitos, não recebendo nenhuma cobrança com o que será realizado
por meio do resultado final da pesquisa, tais como: utilização em dissertação, tese,
apresentação em seminário e/ou divulgação através de publicação;
5. A pesquisa tem o caráter cientifico, desse modo, será mantido total sigilo
sobre os dados pessoais fornecidos pelos sujeitos da pesquisa, entretanto, com a
anuência do sujeito da pesquisa poderá ser utilizado o nome a fim de identifica-lo
por ocasião publicação ou produções acadêmicas-cientificas;
6. Após ler esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e aceitar
participar da pesquisa, solicito a assinatura do mesmo em duas vias, ficando uma
em seu poder. Qualquer informação adicional ou esclarecimento acerca dessa
pesquisa poderão ser obtidas junto a mim, pelo telefone (95)99157-8589, pelo
endereço Rua Laura Pinheiro Maia; Bairro: Senador Hélio Campos e pelo endereço
eletrônico dannymonteiro17@hotmail.com.
Eu, __________________________________________________ discuti
com a pesquisadora Daniele Monteiro Mota sobre a minha decisão em participar
dessa pesquisa. Ficaram claros quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidades sobre questões suscitadas que não fazem parte a priori da
pesquisa e de possíveis esclarecimentos permanentes a posteri do trabalho
finalizado. Ficou claro também que a minha participação é isenta de quaisquer
despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados, bem como de poder tirar
dúvidas a qualquer tempo. Desse modo, concordo voluntariamente em participar da
pesquisa cedendo minha narrativa, nome e imagem. Resguardando que poderei
retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante a mesma, sem
penalidade ou prejuízo. Declaro, ainda, que recebi uma cópia desse Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE.
___________________________
_______________________ Assinatura do(a) Participante
Assinatura da Pesquisadora