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"O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO"

Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo, pois segundo ele, é a única


doutrina que deixa uma possibilidade de escolha ao homem. Ele inicia sua
argumentação explicando que existem duas espécies de existencialistas: os cristãos e os
ateus, que teriam em comum o fato de admitirem que a existência precede a essência ou,
em outras palavras, que temos de partir da subjetividade.

A visão tradicional da concepção do homem era imaginando Deus como um


artífice superior que, antes de criar o ser humano, já tinha em mente o conceito do
Homem, como pode ser visto na filosofia de Descartes e Leibniz. No século XVIII,
para o ateísmo dos filósofos, suprimia-se a noção de Deus, mas não a idéia de que a
essência precede a existência. Tal idéia pode ser encontrada em Diderot, em Voltaire e
até mesmo em Kant. Para eles, o homem possui uma natureza humana, que é o conceito
humano, existente em todos os homens, significando que cada homem é um exemplo
particular de um conceito universal.

Segundo Sartre o existencialismo ateu é mais coerente. Ele declara que Deus não
existe e que a existência precede a essência. Logo os seres existem antes de poderem
ser definidos por qualquer conceito. Significa que o homem primeiramente existe, se
descobre, surge no mundo; e que só depois se define. Assim, não há natureza humana
visto que não há Deus para a conceber. Sendo assim, o homem não é mais do que o que
ele faz, porque o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é
consciente de se projetar no futuro. O homem é antes de mais nada um projeto que se
vive subjetivamente; nada existe anteriormente a este projeto; nada há no céu
inteligível, o homem será antes de mais o que tiver projetado ser. Assim o primeiro
esforço do existencialismo, segundo Sartre, é o de pôr todo homem no domínio do que
ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência.
Para o existencialista, o homem é pura angústia. Mas na decisão de escolha do
homem é onde se situa fundamentalmente essa angústia, e não em face da morte, como
na filosofia de Heidegger. O homem não pode escapar dessa escolha pois se vê nesse
compromisso (se o homem nada escolhe, sua escolha é não escolher).

Outra afirmação do existencialismo é a de que o homem está desamparado;


desamparado de um Deus universal. Para o existencialista, é muito incomodativo que
Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num
céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência
infinita e perfeita para pensá-lo. Devido a falta de valores, tudo é permitido ao homem
se Deus não existe. Estamos sós e sem desculpas, mas também não há determinismo, e
portanto, o homem é livre.

Não há moral geral pois não há sinais no mundo. O próprio homem é quem
escolhe o significado do que ele pensa serem sinais. Sobre ele pesa, portanto, a inteira
responsabilidade da decifração (desses "sinais"). O desamparo implica sermos nós a
escolher o nosso ser, sendo paralelo à angústia. E o desespero humano vem do fato do
homem não se limitar apenas a contar com o que depende da sua vontade, ou com o
conjunto das probabilidades que tornam a sua ação possível. A partir do momento em
que as possibilidades que considero não são rigorosamente determinadas pela minha
ação, devo desinteressar-me, porque nenhum Deus, nenhum desígnio pode adaptar o
mundo e os seus possíveis à minha vontade.

Isso não quer dizer que o homem deva calar-se numa atitude de quietismo, mas
que ele não deve ter ilusões. Segundo Sartre, o existencialismo não é uma filosofia do
quietismo, visto que define o homem pela ação pois, como o homem não é senão o seu
projeto, ele só existe na medida em que se realiza ou age.
Para ele, o existencialismo é uma doutrina de dureza otimista e não de
pessimismo, visto que o destino do homem está nas suas mãos, e também, porque ela o
impele à ação.

Isso se dá principalmente, segundo Sartre, porque o ponto de partida de qualquer


filosofia deve ser o "penso, logo, existo", o cogito cartesiano. Ele argumenta que,
iniciando com a subjetividade, o homem não é mais visto como um objeto, conferindo-
lhe uma verdadeira dignidade, o que mostra a diferença entre o existencialismo e o
materialismo. Essa subjetividade não é rigorosamente individual porque, como diz
Sartre, "demonstramos que no cogito nós não descobrimos só a nós, mas também aos
outros".

Nestas condições, a descoberta da minha intimidade descobre-me ao mesmo


tempo o outro como uma liberdade posta em face de mim (já que também sou livre),
que nada pensa ou quer senão a favor ou contra mim. Assim, descobre-se
imediatamente um mundo que Sartre chamou de intersubjetividade, sendo neste mundo
onde o homem decide sobre o que ele é e o que os outros são.

Por consequência, todo projeto, por mais individual que seja, tem um valor
universal, e é compreensível para todo homem, não definindo-o, mas podendo ser
reconhecido. Neste sentido, pode-se dizer que há uma universalidade do homem; mas
ela não é dada, é indefinidamente construída. Constrói-se o universal, escolhendo-se,
compreendendo o projeto de qualquer outro homem, seja qual for a sua época.

Sartre argumenta ainda que a escolha do homem não tem nada a ver com capricho,
como afirma a doutrina de Gide. Sem dúvida, ele escolhe sem se referir a valores
preestabelecidos, mas os valores se descobrem na coerência de sua vida, nas relações
entre a vontade de ação e o resultado da ação, como no processo de construção de uma
obra de arte.
Sartre afirma que, se alguma vez o homem reconheceu que estabelece valores em
seu abandono, ele já não pode querer senão uma coisa: a liberdade como fundamento de
todos os valores. O homem quer a liberdade, não de uma forma abstrata, mas
concretamente. E, por causa do compromisso e da descoberta do outro, o homem é
obrigado a querer, não só a sua liberdade, mas também a dos outros.

Assim, o resultado é sempre concreto e, por conseguinte, imprevisível: há sempre


invenção. A única coisa que importa é saber se, a invenção que se faz, se faz em nome
da liberdade, caracterizando a boa fé.

Sartre foi muito criticado pelos que diziam que no fundo os valores não são sérios,
visto que o homem os escolhe. Isso se dá pela falta de uma consciência perfeita para
definir a importância de tais valores. Nesse ponto, Sartre inicia sua argumentação
dizendo que inventar os valores significa que a vida não tem sentido a priori. Ou seja,
antes de viver, a vida não é nada, mas depende do homem dar-lhe um sentido,
possibilitando a criação de uma comunidade humana.

É nesse momento em que Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo,


mas não no sentido comum dessa palavra. Para ele, existem dois significados para a
palavra humanismo. A primeira consiste de uma teoria que toma o homem como fim e
como valor superior. Esta opção é rejeitada pelo existencialista, porque o homem está
sempre por se fazer. A segunda consiste do humanismo existencialista.

Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo porque lembra ao homem


que não há outro legislador além dele próprio, e que é no abandono que ele decidirá de
si. Porque não há outro universo senão o universo humano, o universo da subjetividade
humana. E, além disso, porque o estimulante de sua existência é a transcendência, ou
seja, é fora de si que ele vê um fim, um objetivo (a ação), que é libertação.
Sartre conclui afirmando que o existencialismo é um esforço para tirar todas as
consequências de uma posição atéia coerente. O seu objetivo não é mergulhar o homem
no desespero, mas ele parte do desespero original do homem, que é a atitude de
descrença. Segundo Sartre, o existencialismo não é um ateísmo no sentido de que se
esforça por demostrar que Deus não existe. Ele afirma que o problema não está em Sua
existência, mas que o homem deve se reencontrar e se convencer de que nada pode
salvá-lo de si mesmo, nem mesmo uma prova válida da existência de Deus.

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