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ALESSANDRO BARATTA
Pekelman Halo
Victor Aécio1
RESUMO:
Trata-se de compreender, através das teorias criminológicas apresentadas na obra de
Alessandro Baratta “Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal”, e secundariamente
através de outras referências, como se desenvolveram as raízes teóricas quais gestaram o
núcleo conceitual do que seja “crime” e “criminoso” bem como o conseqüente fundamento
dos processos de criminalização dos sujeitos aí engendrados, e que tomaram impulso, e ao
mesmo tempo certa reformulação ideológica com o advento do novo paradigma penal do
Labeling Approach.
1. Introdução
1
Alunos do 6º período vespertino do Curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
peculiar perspectiva del idealismo italiano que él había asimilado de su maestro:
un idealismo que, como bien subrayó, no raramente se conjugaba con temáticas
realistas, por lo cual lo definió como ‘idealismo realista’”. (DOXA, n.25, 2002,
p. 28)
O livro é um estudo clássico contemporâneo que propõe uma política criminal
alternativa à cultura penal hegemônica vigente.
... não considerava o delinqüente como um ser diferente dos outros, não partia
da hipótese de um rígido determinismo, sobre a base do qual a ciência tivesse
por tarefa uma pesquisa etiológica sobre a criminalidade, e se detinha
principalmente sobre o delito, entendido como conceito jurídico, isto é, como
violação do direito e, também, daquele pacto social que estava, segundo a
filosofia política do liberalismo clássico, na base do Estado e do direito... o
direito penal e a pena eram considerados pelas Escolas clássica não tanto como
meio para intervir sobre o sujeito delinqüente, modificando-o, mas sobretudo
como instrumento legal para defender a sociedade do crime, criando, onde fosse
necessário, um dissuasivo, ou seja, uma contramotivação em face do crime...
Essas escolas “... se situavam como uma instancia crítica em face da prática
penal e penitenciária do ancien régime, e objetivavam substituí-la por uma
política criminal inspirada em princípios radicalmente diferentes (princípio de
humanidade, princípio de legalidade, e princípio de utilidade)”, e, “...
adquiriram um novo interesse à luz das tendências criminológicas que,
contestando o modelo da criminologia positivista, deslocaram sua atenção da
criminalidade para o direito penal, fazendo de ambos o objeto de uma crítica
radical do ponto de vista sociológico e político (BARATTA, 2002, p. 31).
Para os fins de justificar a criminalização pretendida à época os juristas procediam
a uma rigorosa fundamentação filosófica, racionalista e jusnaturalista (ex.: Francesco
Carrara). Fundamentavam-se em Beccaria, Filangieri e Romagnosi (BARATTA, 2002, p.
33). Tendiam “a negação da justiça de gabinete, própria do processo inquisitório, da prática
da tortura”, mas, por outro lado “a afirmação da exigência de salvaguardar os direitos do
imputado por meio da atuação de um juiz obediente, não ao executivo, mas à lei”. Era a
filosofia do dano social, da defesa social. A obra de Beccaria representou a legitimidade do
Estado ao “direito de punir”, com o limite da satisfação coletiva:
Emile Durkheim desenvolveu essa teoria da anomia. Antes que ela ocorra os
delitos são salutares para a sociedade de forma indireta, como “modelo do que não se
quer”. Ele percebeu, além disso, que o delito pode ter também um papel direto no
desenvolvimento moral de uma sociedade, pois, “o criminoso não só permite a manutenção
do sentimento coletivo em uma situação suscetível de mudança, mas antecipa o conteúdo
mesmo da futura transformação. Para ele, o crime é elemento de coesão social, quando
dado em proporções aceitáveis. De fato, freqüentemente o delito é a antecipação da moral
futura, como demonstra, por exemplo, o processo de Sócrates” (BARATTA, 2002, p. 61).
Durkheim não via o delinquente ao modo das teorias patológicas “ser radicalmente anti-
social, espécie de elemento parasitário, de corpo estranho e inassimilável, introduzido no
seio da sociedade”.
O acesso aos canais legítimos para enriquecer-se tornou-se estreito por uma
estrutura estratificada que não é inteiramente aberta, em todos os níveis, aos
indivíduos capazes... A cultura coloca, pois, aos membros dos estratos
inferiores, exigências inconciliáveis entre si. Por um lado, aqueles são
solicitados a orientar a sua conduta para perspectiva de um alto bem-estar...; por
outro, as possibilidades de fazê-lo, com meios institucionais legítimos, lhes são,
em ampla medida, negadas (MERTON, 1957, 145-146).
Tal teoria será mitigada pelas pesquisas de E. H. Sutherland sobre a criminalidade
de colarinho branco porque para estes não existe a tensão pela falta de estrutura social, ou
meios de alcançar as tais metas. Surgem a partir daí os critérios da “aprendizagem” e da
“aproximação” com fim de resolver problemas de adaptação não resolvidos pela cultura
dominante, analisados por Albert Cohen ao estudar as subculturas criminosas dos “bandos
juvenis”. Tais teorias negam o princípio da culpabilidade porque afirmam que existem
valores e normas específicos dos diversos grupos sociais (subculturas). O pluralismo de
subgrupos culturais comporta grupos muitas vezes rigidamente fechados em face do
sistema institucional de valores e de normas, e caracterizados por valores, normas e
modelos de comportamento alternativos.
6. Considerações finais
Para ele, o processo de criminalização está inserido no que ele chama de “atitude
microssociológica”. A sociologia jurídico-penal foi se libertando da tradição idealista
italiana e construindo um discurso acompanhado da “consciência de sua função crítica em
face das ideologias e, em geral, da realidade social dos fatos estudados” e esta atitude
micro interfere no horizonte explicativo e interpretativo macro (atitude
macrossociológica).
Dada dessa forma, tal relação é uma relação funcional e não de delimitação de
objeto (pág. 26). A relação funcional tem função prática, diz ele, “a nossa matéria pode
realizar a função de teoria crítica da realidade social do direito, que consideramos sua
tarefa fundamental” (BARATTA, 2002, p. 27).
Por isso tudo que é possível dizer-se aqui: mais interessante que seja a contribuição
do paradigma da reação social por descrever de forma precisa como se dá o processo de
criminalização e seus efeitos para o apenado, acaba por não contemplar os conflitos de
ordem econômica e política subjacentes à vontdade social de reproduzir a essas categorias
de criminalização, sem estudar mais a fundo suas causas, ou seja para evitar que se puna o
sujeito causando sua morte identitária social, ao puni-lo.
Referências bibliográficas
BECKER, Howard S. Outsider. Studies in the Sociology of Deviance. New York, 1963.
MERTON, R. K. Social Theory and Social Structure. Glencoe, 1957. [trad. italiana:
Teoria e struttura sociale, Bologna, 1974].