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Passo a o

passo 1.
ano

Hora da
leitura
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Apresentação

O desenvolvimento das competências da leitura e da escrita pressupõe,


muitas vezes, uma aprendizagem lenta e custosa. Antes de começar este
período, as crianças devem desfrutar as leituras que os adultos realizam
em voz alta — um estímulo que as ajuda a superar as dificuldades encon-
tradas no processo de leitura.

Os contos constituem o primeiro contacto de carácter literário dos


alunos com a língua. Além disso, transmitem conhecimentos ao apresentar
situações e conflitos que as personagens têm de resolver e ajudam a
desenvolver a imaginação, a curiosidade e o pensamento; isto é, os contos
transmitem cultura. Se conseguirmos que os alunos desfrutem a audição e
a compreensão de contos, estaremos a fomentar o hábito da leitura e a
despertar a sua curiosidade pela língua escrita.

O caderno Hora da Leitura apresenta um conjunto de pequenos contos


ilustrados para explorar na «hora da leitura», dando resposta às orientações
do Plano Nacional de Leitura, que têm como objectivo principal motivar os
alunos para esta prática.

Existe um processo gradual de familiarização dos alunos com a escrita,


pelo que o primeiro conto é apresentado em letra manuscrita e os res-
tantes em letra de imprensa.

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Índice

HISTÓRIA Página HISTÓRIA Página

O PIRATA E A PRINCESA 4 O gato Dário 20

Miniatura 8 O Outono 21

História da bicicleta verde 9 Alice no país das maravilhas 22

O papagaio 10 O Polegarzinho 23

A tomada 11 A raposa e a cegonha 24

As letras que se escaparam 12 O rouxinol 25

Os bons vizinhos 13 Gulliver no país dos anões 26

Uma notícia curiosa 14 O campo na cidade 27

A Primavera 15 A vaca Caaa 28

O príncipe e o comerciante 16 Os primeiros animais domésticos 29

História do rato na loja 17 O dia de anos da minha mamã 30

O fantástico cavalo de madeira 18 A mochila da Margarida 31

Os chocolates 19 Um dia na praia 32

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O PIRATA E A PRINCESA

H∞å´ muito§, muito§ ano§, $contaμ $o§ |pirata§, $q† $h´å |uμ $™esourØ
¢escondidØ nå mis™erioså |ilhå $∂a§ |palμeira§.
Nå $ßegundå-$ƒÆirå, $Ø |piratå P‰ernå $∂ P∞a† $cˇegou $`å |ilhå. F£eΩ $buraco§
$aquı ¢ $alı $coμ $å $suå |p´å, ma§ nãØ ¢encontro† |umå $s´ø møÆdå $∂ $ourØ.

N∞å |™erçå-$ƒÆirå |πelå manh˜å, $quandØ $olhavå $Ø ma®, vi† $q† $ß
$aproximavå nuμ $barcØ $å |prin©eså L∞ucíliå.
— B∞on§ dia§, |piratå P‰ernå $∂ P∞a†. V∞iμ $buscar $Ø |™esourØ ¢escondidØ.
— B∞on§ dia§, L∞ucíliå. S‰ $quiße®e§, |po∂emo§ |trabalha® |junto§
¢ $®eparti® $Ø |™esourØ $quandØ $Ø ¢encontrarmo§ — $disß $Ø |piratå.
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— P∞a®e©-μ |uμ $boμ $acordø — $®espon∂e† $å |prin©eså.


N∞å $quartå-$ƒÆirå ¢escavaraμ ¢ ¢escavaraμ $ßeμ ¢encontra® $Ø |™esourØ.
C∞omØ |tinhaμ $foμ, $∂ecidiraμ $coμe® $algun§ $coco§, ma§ $Ø |piratå P‰ernå
$∂ P∞a† nãØ $sabiå |t®epa® $ৠ|palμeira§.
— N∞ãØ |™ |p®eocuπe§, ¢e† ¢ensinØ-|™ — $disß L∞ucíliå, $dandØ |umå $ajudå.
O∞§ $doi§ $di√Ærtiraμ-$ß $subindØ ¢ $∂es©endØ $da§ |palμeira§ ¢ $coμendØ
$coco§.

N∞å $quintå-$ƒÆirå voltaraμ $å |procura® $Ø |™esourØ. A∞Ø $cˇega® $å noi™,


$Ø |piratå $olho† $a§ ¢est®ela§ $coμ $å $suå $lu¬etå.
— C∞omØ $ß $chamå $aq†elå $q† $brilhå |tantØ? — |πergunto†-$lˇ
$å |prin©eså.
P‰ernå $∂ P∞a† ¢ensino†-$lˇ $Ø noμ $∂ muita§ ¢est®ela§ ¢ $conto†-$lˇ
$história§ $sob® ¢ela§. Junto§ $∂esfrutaraμ $Ø $©é† ¢est®eladØ.
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N∞å $ßextå-$ƒÆirå |procuraraμ $∂ novØ $Ø |™esourØ. D£epoi§ $∂ $lanchar,


$å |prin©eså $foı $busca® $o§ $livro§ $q† |tinhå |trazidØ nØ $barcØ ¢ $coμeço†
$å $‘ˆ-$lo§ ¢eμ voΩ $altå.
— P∞o® $favo®, $‘ˆ $outrå √ÆΩ ¢esß |tãØ $di√ÆrtidØ $dØ $d†en∂ |ir®equıetØ —
|πedi†-$lˇ P‰ernå $∂ P∞a†.
E |passaraμ $å |tar∂ ¢encantado§ $coμ $o§ $conto§ $∂ L∞ucíliå.

N∞Ø $sábadØ voltaraμ $å ¢escava® $coμ $a§ |p᧠$ßeμ ¢encontra®


$Ø |™esourØ. D£epoi§ $dØ |janta®, P£ernå $∂ P∞a† $canto† $linda§ $©anç˜øƧ
$∂ |pirata§.
— Q∞† voΩ |tãØ $bonitå $q† |™en§! — $disß-$lˇ L∞ucíliå. — Gostavå $q†
μ ¢ensinasße§ $a§ |tua§ $©anç˜øƧ.
E |passaraμ $gran∂ |par™ $då noi™ $å $ri® ¢ $å $canta®.
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N∞Ø $domingØ, L∞ucíliå  P‰ernå $∂ P∞a† nãØ voltaraμ $å |procura®


$Ø |™esourØ. D£ecidiraμ fica® nå |ilhå, |porq† $ß |tinhaμ $apaixonadØ.
— T£emo§ $a§ ¢est®ela§, $a§ |palμeira§, $o§ μeu§ $livro§ ¢ a§ |tua§ $©anç˜øƧ
|parå no§ $di√Ærtirmo§ — $disß $å |prin©eså.
— N∞a˜ Ø |p®ecisamo§ $∂ møÆda§ $∂ $ourØ |parå $ße® $ƒÆliΩe§ — $ac®es©ento†
$Ø |piratå.

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Miniatura

Chamam-me Miniatura porque sou pequena. Porque apenas alcanço


a mesa e tenho sempre de subir a uma cadeira para ir à janela.
Os meus irmãos são muito altos!
Eles cresceram muito e podem chegar à marmelada do armário mais
alto da despensa.
Eu não. Eu tenho sempre de pedir ajuda.
Às vezes, os meus irmãos tropeçam em mim quando corro na rua.
«Qualquer dia pisamos-te», dizem-me.
Quero crescer já para que não me pisem.
E sobretudo para chegar à marmelada.
Conto pelos dedos os anos que tenho. Todos numa mão.
Estive a pensar, e acho que vou comer sempre a sopa, a carne
e a salada. Assim, hei-de crescer num instante.

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História da bicicleta verde

Certo dia, uma menina quis pintar a sua bicicleta


e escolheu a cor verde. A menina gostava muito do verde.
Mas o irmão mais velho disse-lhe:
— Nunca vi uma bicicleta de cor verde. É melhor que a pintes
de vermelho, ficará mais bonita.
A menina também gostava do vermelho. Por isso também se veste
de vermelho e se pôs a pintar a bicicleta dessa cor.
Mas uma menina disse-lhe:
— Toda a gente tem uma bicicleta vermelha! Porque não a pintas
de azul?
A menina pensou bem, e pintou a bicicleta de azul.
Mas um rapaz seu vizinho disse-lhe:
— Azul? Que cor tão escura! O amarelo é mais alegre!
E a menina pensou também que o amarelo era mais alegre, e foi
buscar o amarelo.
Por fim, o irmão mais velho voltou:
— Eu disse-te para a pintares de vermelho! Vermelho, escolhe
o vermelho!
Então, a menina fartou-se de rir e foi buscar a cor verde e pintou
a bicicleta de verde, de cor verde como a erva.
E não ligou patavina ao que os outros disseram!
URSULA WÖLFEL
Vinte e Oito Histórias de Rir (Adaptado)
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O papagaio

O menino de cabelo ruivo e de camisa às riscas brancas e azuis


chegou a casa com um pedaço de cartão que encontrou no parque.
Aquele menino chamava-se António, mas todos lhe chamavam Toni.
O Toni entrou em casa e fechou-se no quarto. Foi buscar uma tesoura
e papel às cores, e passou toda a tarde a trabalhar.
Cortava e colava; colava e tornava a cortar. O Toni já estava
a acabar de fazer o papagaio. Então, a mãe chamou-o para ir jantar.
— Quando acabarmos de jantar, mostras-me o papagaio. Gosto muito
de papagaios — disse o pai.
O Toni esperou impaciente pelo fim do jantar. Depois, correu para
o seu quarto e trouxe o papagaio. Sentiu-se muito orgulhoso quando
o seu pai disse:
— Bom trabalho, Toni. É um papagaio muito bonito. Quando
o terminares, iremos ao parque para o pôr a voar.

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A tomada

Sou uma tomada feliz. Deste sítio, no mais baixo da parede, divirto-me
a olhar para os pés que andam pela casa e as diferentes maneiras que
têm de andar. É como no cinema!
Vejam só as coisas que faço funcionar! Cada dia vejo algo de novo,
há muitos aparelhos que funcionam através de mim.
Mas tenho um segredo: dentro de mim há uma força muito potente.
Chama-se corrente eléctrica e pode ser perigosíssima.
Graças à corrente eléctrica podem funcionar muitos
electrodomésticos: rádios, televisores, gira-discos…
Felizmente existem as pilhas, que me ajudam um pouco!
Cada vez que se aproxima alguém e liga a ficha, sinto muita
curiosidade. Que se passará? A Joana seca o cabelo, o aspirador corre
pelo chão, como se fosse um barco terrestre, o Carlos põe o rádio com
o volume no máximo…
Mas, quando se aproximam de mim crianças, sinto por dentro um
medo terrível.
Elas também querem brincar comigo. Às vezes tocam-me.
Então, a força que tenho dentro, a corrente eléctrica, dá-lhes uma
sacudidela tremenda. Se a sacudidela for muito forte, pode fazer parar
o coração…
E eu não quero que isso aconteça!
GINSI LUARENGHI

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As letras que se escaparam

Num domingo de um mês qualquer, de um ano


qualquer, o Jota disse ao Pê:
— Estou cansado de tantas palavras e de tantas letras.
Vens comigo dar uma volta?
E os dois saíram do abecedário de mãos dadas.
Já estavam fartos de estar sempre nos livros, nos
quadros, nas folhas dos cadernos, nos cartazes publicitários... Queriam
ver a cidade. Queriam andar pelas ruas. Queriam brincar
nos parques…
Quando as outras letras se aperceberam do espaço vazio deixado
no abecedário, exaltaram-se muito e gritaram:
— Que desfaçatez! Que falta de profissionalismo!
E viam o Jota e o Pê muito contentes a divertirem-se no jardim.
Sentiram inveja e decidiram ir ter com eles.

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Os bons vizinhos

Na casa viviam um cão, um gato e um rato.


O criado dava todos os dias três ossos ao cão.
A criada dava todos os dias três sardinhas ao gato.
Ao rato ninguém dava de comer. E, por isso, procurava
como podia os seus três pedacitos de queijo.
Quando o rato saía, o gato corria atrás dele. Ao ouvir
tanta algazarra, o cão começava a correr atrás do gato.
E passavam todo o dia a correr, o gato atrás do rato
e o cão atrás do gato.
Até que um dia disse o cão:
— Como somos vizinhos, vamos viver como bons amigos.
— Eu quero comer o rato — disse o gato.
E o cão respondeu-lhe:
— Todos os dias te trazem três sardinhas. Assim,
não precisas de comer o rato.
Desde aquele dia, os três amigos vivem como bons
vizinhos.
O criado dá três ossos ao cão.
A criada dá três sardinhas ao gato.
O cão e o gato procuram os seus três pedacinhos de queijo
para o rato.

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Uma notícia curiosa

Carlos retirou de uma caixa um aparelho de rádio portátil e ligou-o.


Uma música alegre ouviu-se no quarto. Os dois meninos cantavam
ao mesmo tempo que o rádio tocava.
Uns minutos mais tarde, a música parou de vez.
— Que se passa? O rádio avariou?
— Penso que não...
Naquele momento, ouviu-se a voz de um locutor, que dizia:
— Senhoras e senhores, interrompemos a nossa emissão musical
para vos comunicar que, há aproximadamente uma hora, caiu na nossa
cidade um meteorito. Como sabem, os meteoritos são fragmentos
de planetas e de outros corpos celestes. Podemos adiantar-vos
que não houve vítimas nem danos materiais. O meteorito caiu numa
esplanada, mas estava vazia. Esperamos, em breve, dar-vos mais
notícias. Podem continuar a ouvir o nosso programa musical...
Os dois meninos apagaram o rádio e disseram ao mesmo tempo:
— Vamos ver o meteorito!

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A Primavera

Quando chega a Primavera, todo o campo se enche de flores:


margaridas, papoilas, malmequeres, etc.
Com a Primavera, as papoilas aparecem em metade dos trigais.
Lembram manchas de cor vermelha sobre o verde dos campos.
Na Primavera, os morangueiros começam a dar os seus saborosos
frutos.
As andorinhas regressam de grandes viagens e, atarefadas,
começam a construir os seus ninhos com barro e palha debaixo
dos beirais dos telhados.
Nesses ninhos põem de três a seis ovos, dos quais nascerão
as suas crias.
Na Primavera, também as borboletas dão belíssimas cores
ao campo.

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O príncipe e o comerciante

— Bom dia — disse o principezinho.


— Bom dia — disse o comerciante.
Era um comerciante de pílulas aperfeiçoadas para acalmar a sede.
Engolindo uma por semana, não há necessidade de beber.
— Porque vendes tu isso? — perguntou o principezinho.
— É uma grande economia de tempo. Os cálculos foram feitos
por peritos. Poupa-se cinquenta e três minutos por semana.
— E o que se faz desses cinquenta e três minutos?
— Faz-se o que se quer…
«Eu — disse o principezinho para consigo — se tivesse cinquenta
e três minutos para gastar, o que fazia era dirigir-me devagarinho para
uma fonte…»
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
O Principezinho

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História do rato na loja

Uma vez, um rato entrou numa loja durante a noite. Cheirou todas as
coisas boas que havia por ali: manteiga, toucinho, salsichas, queijo,
pão, pastéis, chocolate, maçãs, nozes e cenouras frescas.
A primeira coisa que fez foi sentar-se nas suas patitas traseiras,
mexer o rabito no ar e assobiar de contente. A questão era: por onde
deveria começar?
Decidiu roer um pacote de manteiga, mas, por um lado, o toucinho
cheirava tão bem e, por outro, o queijo cheirava tão bem!
Decidiu começar por roer o queijo, mas, por um lado, a salsicha
cheirava tão bem e, por outro, o chocolate cheirava tão bem!
Decidiu roer o chocolate, mas, por um lado, os pastéis cheiravam
tão bem e, por outro, a manteiga cheirava tão bem!
O pobre ratinho corria de um lado para o outro. Não sabia por onde
devia começar a roer. E com tudo isto estava a fazer-se dia,
e as pessoas entraram na loja. Expulsaram logo o ratito. E foi assim
que o ratinho disse aos outros ratos:
— Não volto mais à loja. Quando começamos a comer, põem-te fora.

URSULA WÖLFEL
Vinte e Oito Histórias de Rir
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O fantástico cavalo de madeira

A Beatriz e o Paulo estavam a brincar em casa, quando ela disse:


— Lembras-te daquele fantástico cavalo que vimos na loja? Pois está
em minha casa.
— Deram-to? — perguntou o Paulo.
— Não. Veio ele mesmo. Ontem, quando te foste embora, voltei para
vê-lo outra vez. Estive a olhar para ele um bocadinho e, quando me vim
embora, reparei que ele me seguia. Veio atrás de mim, entrou em casa
e ficou junto à janela.
— E como é que pode isso acontecer? — voltou a perguntar o Paulo.
— Já te disse que é um cavalo fantástico.
ANGELA IONESCU
(Adaptado)

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Os chocolates

A mãe tinha comprado um pacote de chocolates e deu-o ao Paulo.


— Paulo, como já és um menino crescido, podes guardar o pacote
de chocolates. Mas tem muito cuidado: não os comas todos de uma
só vez.
Quando chegou a hora do jantar, o Paulo disse:
— Não tenho fome esta noite, mamã…
— Não tens fome? Diz lá, quantos chocolates comeste?
— Todos, mamã.
— Todos? — disse a mãe preocupada, pois o Paulo tinha sido
sempre um menino muito obediente. — Não te tinha dito para não
os comeres todos de uma só vez?
— Eu não os comi de uma só vez, mamã — respondeu o Paulo com
cara de inocente. — Meti-os na boca um depois do outro, não todos
de uma vez: como tu me tinhas dito!
O Paulo dizia a verdade. A culpa era da sua mãe, que não se tinha
explicado bem. E ela admitiu-o com sinceridade. Às vezes, os adultos
explicam-se mal.
— Lamento, Paulo — disse a mãe. — Eu queria dizer que tinhas
de comer apenas alguns chocolates e deixar outros para amanhã
e mais uns poucos para depois de amanhã…

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O gato Dário

É de noite. A cidade brilha, iluminada pelas luzes de todas as lojas;


de todas as casas…
Três gatos contemplam do cimo de um telhado o grande espectáculo.
Um chama-se Fifi e diz:
— As luzes de que mais gosto são as azuis.
O outro chama-se Lulu e diz:
— Eu gosto mais daquelas vermelhas. As que acendem e apagam.
O outro gato chama-se Dário:
— A luz de que eu gosto mais é a luz da Lua.
Lulu e Fifi gozam com ele.
— O que estás para aí a dizer, Dário? A luz da Lua é a mais feia!
De repente, alguma coisa acontece na cidade. Todas as luzes se
apagam. Há uma avaria.
Lá no alto, a Lua afasta as nuvens que lhe tapam a cara.
A luz da Lua cai sobre a cidade; cai sobre os três gatos do telhado;
sobre a água do lago…
O gato Dário sorri e pergunta:
— Qual é a luz mais bonita?
Fifi e Lulu protestam. Não gostam que o Dário tenha razão.

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O Outono

No Outono, fazem-se as vindimas.


A muitas árvores, como a figueira, a amendoeira, o álamo… caem-lhes
as folhas no Outono.
Por outro lado, a outras árvores, como a palmeira, o eucalipto,
o pinheiro… caem-lhes muito poucas folhas.
No Outono, o castanheiro dá-nos os seus frutos: as castanhas.
Depois, o castanheiro fica despido: todas as suas folhas caem.
Adeus, castanheiro!
Até ao próximo ano!
No Outono, os ouriços começam a ficar com frio. Por isso, retiram-se
para a sua toca. Aí ficarão a dormir até que chegue o bom tempo.
No Outono, os patos, as cegonhas, as andorinhas… emigram para
terras quentes. Voam milhares e milhares de quilómetros!
Quando chegar a Primavera, voltarão aos locais que abandonaram no
Outono.

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Alice no país das maravilhas

A Alice estava sentada num banco do jardim,


quando de repente viu um coelho que dizia:
— Meu Deus! Vou chegar atrasado! — E afastou-se
rapidamente.
A Alice achou estranho ao ver que o coelho usava relógio e falava;
levantou-se e seguiu-o. Entrou atrás dele numa caverna que acabava
numa porta. Mas a porta era tão pequena que a Alice não conseguiu
atravessá-la. A menina teve muita pena por não poder entrar, porque, no
outro lado, via-se um lindo jardim.
Então, a Alice viu em cima de uma mesa uma garrafa que tinha um
cartão que dizia: «Bebe-me.» Bebeu metade da garrafa e, de repente,
começou a ficar muito pequena, tão pequena como um gatinho.
— Que alegria — disse a Alice. — Agora já posso entrar no jardim!
No entanto, a chave da porta estava em cima da mesa e, como
estava tão pequena, não podia alcançá-la.
Então viu um bolo que dizia: «Come-me». A menina comeu
um pedaço e, de repente, começou a crescer, e ficou tão grande como
um gigante. Começou a chorar, e as suas lágrimas eram tão grandes
que se formou um enorme charco no chão. […]
De repente: Bang!!! A Alice acordou. Tudo tinha sido um sonho.

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O Polegarzinho

Era uma vez um menino tão pequeno que parecia um polegar;


por isso toda a gente lhe chamava Polegarzinho. Polegarzinho era o filho
mais novo de uma família de lenhadores muito pobres.
Um dia, Polegarzinho e os seus irmãos perderam-se no bosque.
Depois de muito andar, chegaram a uma casa muito grande
e velha. Bateram à porta:
— Tam-tam! Abram, por favor, temos frio!
A porta abriu-se e apareceu um homem grande, muito grande, tão
grande como uma montanha. Tinha um aspecto feroz. Aquele homem
era o ogre Golão. O Polegarzinho, como era tão pequeno, só conseguia
ver as enormes botas de sete léguas do ogre. De repente, o ogre Golão
agarrou os sete irmãos com uma mão. Gritava e ria, dizendo:
— Que refeição tão boa para o meu dia de anos!
Mas, nessa mesma noite, enquanto o ogre dormia, o Polegarzinho
tirou-lhe as botas de sete léguas. Depois, o Polegarzinho libertou
os seus irmãos e meteram-se todos juntos nas botas de sete léguas;
assim, num instante, chegaram a casa, onde os seus pais os
receberam com grande alegria.
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A raposa e a cegonha

A raposa foi um dia buscar a cegonha e, muito amável, disse-lhe assim:


— Irmã cegonha, penso que devíamos reforçar a nossa amizade.
Aceitarias vir amanhã comer a minha casa?
— Com certeza — respondeu a cegonha, muito contente.
No dia seguinte, a raposa levou a sua amiga até à mesa, onde nada
faltava. A cegonha observou que a comida, umas saborosas papas de
milho, estava servida nuns pratos muito planos, que davam pouco jeito
ao seu longo bico.
— Gostava de devolver-te o convite — disse a cegonha. — Queres
almoçar comigo?
A raposa aceitou muito agradada e acompanhou a cegonha à sua casa.
A comida era realmente apetitosa: um guisado que cheirava tão bem,
que a raposa ficou com água na boca. Só que estava servido
em frascos altos e com o pescoço estreito. A cegonha podia alcançar
muito facilmente com o seu longo bico os pedaços de carne, mas
a raposa, por mais que deitasse a língua de fora, não conseguia chegar
ao manjar.
— Não gostas de partidas, irmã raposa? Pois cá se fazem, cá se
pagam.

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O rouxinol

O rouxinol é uma das aves com o canto mais bonito.


E não canta apenas durante o dia; também canta à noite.
Mas não é fácil ouvir o canto nocturno do rouxinol.
É uma ave muito tímida e prefere não ser vista.
A sua plumagem pardacenta ajuda-o a confundir-se com as folhas
das árvores.
Os seus ovos também são pardos. Assim é difícil vê-los.
Os rouxinóis fazem os seus ninhos nos ramos baixos das árvores;
utilizam folhas e pequenos ramos entrelaçados.

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Gulliver no país dos anões

Há muitos, muitos anos, havia um homem chamado Gulliver


que estava sempre a pensar em fazer viagens.
Um dia, Gulliver embarcou num navio que se dirigia para os mares
do Sul. Uma noite desencadeou-se uma forte tempestade. O barco
chocou contra umas rochas e Gulliver caiu à água. Nadou durante muito
tempo, até que alcançou uma praia.
Saiu do mar completamente esgotado e adormeceu de imediato.
Na manhã seguinte, não conseguiu levantar-se. Os seus cabelos
estavam fortemente presos ao chão através de estacas.
Depois de muitos esforços, conseguiu olhar para um lado e viu, com
grande surpresa, que estava rodeado por uma multidão de anõezinhos.
Gulliver compreendeu que tinha chegado ao país de Liliput, habitado
por homenzinhos mais pequenos que um dedo.

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O campo na cidade

O Carlos era um menino que vivia numa grande cidade.


Todas as manhãs, quando ia para a escola, imaginava que caminhava
pelo campo. Em vez de postes eléctricos, via árvores cheias de ninhos.
E aos semáforos imaginava-os como montes onde vivia todo o género
de animaizinhos.
Quando o Carlos andava pelas avenidas, sonhava que passeava
por veredas através do campo. E, se atravessava a rua, pensava
que estava a atravessar um rio caudaloso.
Na sua turma, o Carlos era quem mais sabia de plantas e de
animais: sabia distinguir entre um olmo e um choupo e reconhecer
as pegadas de uma ovelha ou as de uma mula. Porque o Carlos amava
a Natureza.

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A vaca Caaa
A história que te vou contar é a de uma vaca que se chamava Caaa
e não Estrelinha, Manchinhas ou Caretas, como é habitual. […]
Caaa não sabia fazer nada. Porque era uma vaca. Apenas sabia
comer, lamber-se e mugir. Nem sequer dormia bem. Porque ultimamente
andava nervosa. O seu maior desejo era ser famosa. […]
O dia mais excitante na vida da vaca Caaa foi quando o Júlio, o seu
dono, foi ordenhá-la, e em vez de leite saiu batido de morango.
O Júlio não sabia o que pensar. Nem todas as vacas davam o mesmo
leite. Cada vaca tinha o seu leite particular, mas nunca tinha visto uma
vaca dar batido de morango.
Quando, à tarde, o Júlio ordenhava a sua vaca, ouvia aproximar-se
os gritos das crianças da aldeia, nervosas de entusiasmo.
— Júlio! Júlio! Podemos entrar?
O Júlio levantava a cabeça e dizia-lhes:
— Não, ainda não.
E todos, de copos na mão, esperavam
que o Júlio acabasse de ordenhar a Caaa.
«Agora sou realmente a vaca mais
famosa que jamais existiu!», pensava
a Caaa.
— O mínimo que estes meninos podem fazer
é pedir ao presidente da Junta que dê o meu nome a uma rua
da aldeia. […]
O Júlio e a sua vaca ficaram famosos. Saíram nos jornais, na rádio
e apareceram na televisão. […] E por unanimidade deram à rua
da escola o nome da vaca.
Rua da vaca Caaa (habitante da aldeia).

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Os primeiros animais domésticos

Há muitos milhares de anos, todos os animais eram


selvagens.
Os homens caçavam e as mulheres ficavam nas cabanas
a assar a carne.
O cão selvagem cheirou a carne assada e disse à mulher:
— Dá-me um pouco dessa carne que cheira tão bem.
A mulher respondeu-lhe:
— Dou-te toda a carne que quiseres. Mas tens de deixar de ser
selvagem. Ajudarás a caçar e guardarás a nossa casa.
O cão aceitou e ficou na cabana a comer a carne.
Depois, a mulher começou a secar a erva perto da fogueira. Com
essa erva ia fazer o telhado da cabana. O cavalo selvagem cheirou
a erva e disse à mulher:
— Dá-me um pouco dessa erva que cheira tão bem.
A mulher respondeu-lhe:
— Dou-te toda a erva que quiseres. Mas tens de deixar de ser
selvagem. Vais ajudar-nos e levar-nos sobre ti sempre que o queiramos.
O cavalo aceitou e ficou junto da cabana a comer palha.
O caçador, ao chegar, disse:
— O que fazem aqui o cão selvagem e o cavalo selvagem?
A mulher respondeu-lhe:
— Estes animais já não são selvagens. O cão vai ajudar-te a caçar
e o cavalo vai levar-te a todo o lado.
E o caçador sentou-se junto à fogueira, muito satisfeito com
a inteligência da sua companheira.

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O dia de anos da minha mamã

É o dia de anos da minha mamã e vou comprar-lhe um presente, como


faço, desde o ano passado, porque antes era muito pequeno.
Tirei as moedas que tinha no meu mealheiro. Felizmente tinha
muitas, porque, por acaso, a mamã ontem deu-me dinheiro. Eu já sabia
qual era o presente que lhe ia oferecer: flores para colocar no grande
jarrão azul da sala, um ramo muito, muito grande.
Na escola estava muito impaciente pelo fim da aula para poder ir
comprar o presente.
Para não perder as minhas moedas, meti a mão no bolso durante
o tempo todo, mesmo para jogar futebol no recreio, mas, como não sou
o guarda-redes, não teve muita importância.
O guarda-redes era o Alcides, um rapaz que é muito gordo e que
adora comer.
«O que se passa contigo? Porque estás a correr só com uma mão?»,
perguntou-me.
Quando lhe expliquei que era porque ia comprar flores para a minha
mamã, disse-me que teria preferido alguma coisa para comer —
um bolo — rebuçados ou salpicão. Mas, como o presente não era para
ele, não lhe dei atenção e marquei-lhe um golo.
Ganhámos por 44 a 32.

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A mochila da Margarida

A Margarida, ainda meio a dormir, levantou-se da cama. Este é o pior


momento do dia para a Margarida. Foi à casa de banho e tomou um
duche. Tomou o pequeno-almoço e começou a preparar a mochila; tinha
de colocar lá os livros, os lápis de cor, uma maçã, os cadernos,
os berlindes… A mochila estava tão cheia que não se podia fechar.
Finalmente, a Margarida saiu a correr de casa porque já era tarde
para ir para a escola. Queria chegar lá o mais depressa possível.
Correu pela rua, tropeçou numa pedra, meteu os pés em todas as poças
de água. Entrou no autocarro e começou a procurar o dinheiro para pagar
o bilhete.
«Que difícil é tirar o dinheiro da mochila!», pensou, desesperada.
Alguns berlindes coloridos caíram ao chão e fugiram para debaixo
das botas do revisor, que quase perdeu o equilíbrio.
No interior do autocarro aconteceram, então, coisas muito estranhas.
Uma senhora muito elegante agarrou-se ao pescoço do motorista a gritar:
— Ratos! Está tudo cheio de ratos coloridos!
— Não são ratos; são elefantes — disse um senhor a empurrar
com o pé um dos animaizinhos de plástico que tinham caído
da mochila da Margarida.
— Acalmem-se, que eu estou aqui! — gritou o revisor.
Por fim, chegaram à paragem!
A Margarida saiu do autocarro, e o motorista e o revisor suspiraram
de alívio.
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Um dia na praia

O Miguel começou com o seu balde e a sua pá a fazer um castelo de


areia, como tantas outras vezes.
Pouco depois, aproximaram-se duas meninas, a Adélia e a Joana,
que se puseram a ajudar. A seguir, uns rapazes mais crescidos
juntaram-se ao Miguel, à Adélia e à Joana. Já eram sete a fazer
um castelo!
De repente, não se sabe porquê, centenas de pessoas, adultos
e jovens, de todos os pontos da praia, aproximaram-se do castelo
que o Miguel tinha começado a fazer.
Uns faziam os caminhos e o fosso; outros faziam as muralhas,
as torres e as ameias… Todos fizeram na areia da praia o que sempre
tinham imaginado sobre os castelos antigos!
E conseguiram fazer um castelo muito grande, perfeito. Parecia um
castelo verdadeiro.

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