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( I 821- 1867)
A apologia da paisagem
e a crítica do retrato
(1846, 1859)
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Charles Baudelaire
elesre
Últimosromânticos,
ta,sãoosquemaistardama abdicar.
sistem à invasãoda pintura a plein air. que basta a Corot. Rousseau,
Courbet e todos os que buscam o realismo.
A paisagem perde sua força quando a preocupação com a
estrita veracidade prevalece sobre a vontade de expressão. No re
trato. a ameaça é diferente e não menos perigosa: e o embeleza
mento. a estilização,a idealização habituais. tal como Ingresprati
ca quando disfarça como belas romanas as burguesas do Segun
do Império. Realismoe idealismo são, portanto, num único movi
mento designados por aquilo que são: sistemas aos quais, segundo
Baudelaire,o pintor recusaa se submeter.
Salão de 1846
Da paisagem
Na paisagem,assimcomo no retrato e no quadrode
história,podem-seestabelecerclassificações baseadas em
métodosdiferentes:portanto, há paisagistascoloristas,
pai-
sagistasdesenhistase imaginativos;naturalistas
idealizando
semsaber,e sectáriosdo clic/vê,que sededicama um gêne-
ro especiale estranho,que sechamapaisagemhistórica.
Quandoda revoluçãoromântica,ospaisagistas, a exem
plo dosmais célebresflamengos, se dedicaram exclusiva-
menteao estudoda natureza;foi o queossalvoue deubri
lho particularà escoladapaisagem moderna.O talento de
lesconsistiusobretudonuma eternaadoraçãodaobravisí-
vel, sobtodososaspectos e em todososseusdetalhes.
Outros, mais filósofose reflexivos,cuidaramsobrem
da
do do estilo,istoé, da harmoniadaslinhasprincipais,
arquiteturada natureza.
Quantoà paisagemde fantasia,queé a expressãodo
devaneiohumano, o egoísmohumanosubstituindo
a na
tureza,foi poucocultivada.Estegênero do
singular, qual
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"A apologia da paisagem e a crítica do retrato"
3 livroálbumilustrado,contendo epensamentos,
Keepm/ee: poemas
queseofereciano Natal e AnoNovo. Suamodaesteveno augeentre 1825
e 1960. (N. da T.)
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Charles Baudelaire
Salão de 1859
A paisagem
Se uma composição de árvores, montanhas, cursos
e
d3agua casas,a que chamamos paisagem,e' bela, não o é
por si mesma, mas por mim, por minha própria graça,pe-
la idéia ou sentimento a que a ela associo.Isso quer dizer,
penso,que todo paisagistaque não sabetraduzir um senti-
mento mediante uma composição de matéria vegetal ou
mineral não é um artista. Bem sei que a imaginação huma-
na, por um esforço extraordinário, pode conceber por um
instante a natureza sem o homem, e toda a massasugestiva
sedispersandono espaço,sem um observadorque delaex-
traiaa analogia,a metáforae a alegoria.É indubitávelque
toda essaordem e harmonia ainda assimconservama qua
lidadeinspiradoraprovidencialrnentedepositadanela;mas,
nessecaso,à falta de uma inteligência que possainspirar,
essaqualidadeseriacomo inexistente. Os artistasqueque-
rem exprimir a natureza, mas não os sentimentosque ela
inspira, submetem-se a uma estranha operaçãoque consis-
te em matar dentro deleso homem pensantee sensível,e,
infelizmente,acrediteque, para muitos, essaoperaçãonada
tem deestranhonem de doloroso.Essafoi a escolaquepre
valeceu,hoje e no passado.Admitirei, seguindoa opinião
geral,que a escolamoderna dos paisagistasé singularmen»
te forte e hábil; masno triunfo e na predominânciadeum
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"A apologia da paisageme a crítica do retrato"
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Charles Baudelaire
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"A apologia da paisageme a crítica do retrato"
0 retrato
7 do cinema,o dioramadeDaguerre
c Boutonfuncio-
Antepassado
nou em Paris entre 1822 e 1849.
ª Comose
passoucomsãoJerônimo.
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Charles Baudelaire
9 Literalmente:cabeçamorta.Em sentido ou
figurado,osresíduos
resultadossemvalor. (N. da T.)
lº Um dosescritores
maisadmiradospor Baudelaire.
(N. daT.)
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