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Estas afirmações são feitas pela ciência (a ciência afirma que todos os acontecimentos do universo
estão determinados). Se as aplicarmos às ações obtemos o seguinte acontecimento:
Este argumento levanta perplexidades porque afirmar que as nossas ações estão determinadas
parece tornar a liberdade impossível. Significa isso que a impressão de que somos livres é ilusória?
Problema do Livre-Arbítrio
Como compatibilizar a crença de que todos os acontecimentos,
incluindo as ações, são causalmente determinados, segundo as
leis da natureza, com a crença de que o Homem é livre e
responsável pelas ações?
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Filosofia 10ºano
Quando dois estados de coisas são incompatíveis as proposições que os descrevem são
inconsistentes , e vice-versa. Quando são compatíveis, as proposições que os descrevem são
consistentes, e vice-versa.
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Filosofia 10ºano
Determinismo Radical
Não temos livre-arbítrio e todos os acontecimentos estão determinados. O livre-arbítrio é
incompatível com um mundo regido por leis. A liberdade é uma ilusão.
O que distingue o determinismo radical do libertismo? Ao passo que o determinismo defende que
há livre-arbítrio, o determinista radical defende que não há livre arbítrio.
Defesa da premissa 1: O determinista argumenta que ter livre arbítrio implica poder agir de maneira
diferente, partindo exatamente da mesma situação.(Exemplo: A Ana decidiu dar um chuto numa bola.)
Há um conjunto de cadeias causais que conduzem a essa decisão. O determinista argumenta que o livre-
arbítrio implica a possibilidade de a Ana decidir ou não dar um chuto na bola, apesar de o conjunto de
cadeias causais ser exatamente o mesmo. Mas isso é precisamente a negação do determinismo; o
determinismo é a ideia que, dada uma certa cadeia causal, o seu efeito não pode ser diferente do que é.
Logo, se o determinismo é verdadeiro, não há livre-arbítrio.
Assim, o determinista está obrigado a defender que o livre-arbítrio é uma ilusão. Mas por que razão
temos essa ilusão?
Estar causalmente determinado não é como ser obrigado a fazer uma coisa que não se quer nem se
decidiu. Estar causalmente determinado é não poder decidir nem poder querer outra coisa além do que
efetivamente decidimos e queremos. Por isso, parece-nos que somos livres, desde que ninguém nos
impeça de fazer o que decidimos e queremos. (A água poderia dizer a si mesma que tem a liberdade de
“fazer” várias coisas – e pode, desde que estejam reunidas as causas apropriadas). O mesmo acontece
com os seres humanos: temos a falsa sensação de que somos livres, porque escolhemos fazer uma coisa
em vez de outra, desconhecendo as causas que determinam as nossas ações. Mas escolhemos o que
escolhemos em função das cadeias causais que antecedem o momento da decisão. Sentimos que agimos
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Filosofia 10ºano
livremente quando agimos em função do que escolhemos. Mas o que escolhemos resulta de cadeias
causais que não podemos controlar. Logo, o livre arbítrio é apenas uma ilusão.
As críticas defendem que o determinismo e falso porque a responsabilidade moral não pode existir
sem a liberdade e, por isso, não podemos ser castigados, o que é absurdo.
Parece haver uma conexão entre a responsabilidade moral e a nossa liberdade. Aparentemente, se
não formos livres, não podemos ser moralmente responsáveis pelo que fazemos. E se não formos
responsáveis pelo que fazemos, os tribunais e prisões não fazem sentido.
Libertismo
Temos livre-arbítrio e nem todos os acontecimentos estão determinados. As nossas ações não são
causalmente determinadas, resultam das nossas deliberações.
O Libertismo é a teoria segundo a qual temos livre-arbítrio e nem todos os acontecimentos estão
determinados.
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Filosofia 10ºano
O argumento é válido, mas será sólido?
Defesa da premissa 1: O libertista defende que ter livre-arbítrio é não estar determinado a escolher
de uma certa maneira. Por exemplo, ter livre-arbítrio é estar perante uma encruzilhada e poder
escolher ir por um caminho ou por outro, sendo as causas anteriores exatamente iguais. Mas o
determinismo é a ideia de que, dada uma certa cadeia causal até ao momento presente, a minha
decisão está determinada. Posso ter uma sensação de que estou a escolher, mas não é realmente
uma escolha. Logo, o livre-arbítrio implica a falsidade do determinismo. (Não estamos determinados
a escolher de uma certa maneira. Escolhemos praticar uma ação mas podíamos ter escolhido e agido
de forma diferente, por isso o determinismo é falso.)
Defesa da premissa 2: O libertista argumenta que não podemos evitar vermo-nos como seres
dotados de livre-arbítrio. No próprio ato de tomar uma decisão, exercemos o livre-arbítrio.
Não é possível aceitar realmente que as nossas decisões estão todas determinadas por
acontecimentos anteriores. (Não e possível aceitar que as nossas decisões estão todass
determinadas por acontecimentos anteriores. Se decidimos é porque temos livre-arbítrio. O
determinismo radical diz o contrário, logo é falso.)
Críticas ao Libertismo:
O determinismo diz que as deliberações do agente, tal como as suas crenças e desejos são
determinadas por acontecimentos anteriores. Mas o libertista não pode aceitar isso, pois
defende que o livre-arbítrio é incompatível com o determinismo.
O problema dos libertistas é, então, explicar como é que um ato é realmente livre sem ser
determinado por acontecimentos anteriores mas que também não é “aleatório”, quer dizer,
ao acaso.
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Filosofia 10ºano
O compatibilista defende que somos livres quando o que escolhemos e o modo como
agimos resulta causalmente do que queremos, e o que queremos não resulta de qualquer
coação, doença ou controlo artificial.
Compatibilismo
O compatibilismo é a tese de que o determinismo pode coexistir com o livre-arbítrio.
Nem todas as causas são impedimentos à liberdade. É um erro pensar que as ações não são
livres simplesmente porque são causadas. As causas que nos levam a fazer o que queremos
potenciam a nossa liberdade, enquanto que outras (constrangimentos, por exemplo)
impedem a nossa liberdade.
As nossas ações livres são causadas pela nossa personalidade, inclinações e desejos ainda
que estes estejam determinados por acontecimentos anteriores. Se as ações não fossem
causadas pelo nosso caráter e pelos nossos motivos, não poderíamos ser responsabilizados
pelas nossas ações. Não seriam as “nossas” ações.
O compatibilismo defende que desde que não sejamos obrigados ou forçados a escolher algo, e
desde que a nossa personalidade seja formada de maneira natural, a nossa escolha é livre.
Críticas ao compatibilismo:
O compatibilismo não explica porque é que ser constrangido por acontecimentos anteriores
é um ato livre e ser constrangido por alguém já não é um ato livre.
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Filosofia 10ºano
Indeterminismo
Defende que as ações são aleatórias e imprevisiveis pois não são regidas por leis
deterministas. Logo, temos algum livre-arbitrio.
Segundo o Indeterminismo, a ação humana não está submetida a leis deterministicas, mas á
indeterminação e à imprevisibilidade. Deste modo, as nossas ações podem ser criativas e,
assim, podemos defender que temos livre-arbitrio, dado que a nossa vontade tem poder
para começar espontaneamente uma série de coisas ou estados sucessivos.
Criticas/Objeções ao Indeterminismo
Há causalidade, mas não absoluta, pois o corpo humano está sujeito a leis do
universo, ainda que fora do campo do nosso conhecimento.
Como vimos, não há, sobre o problema do livre-arbítrio uma teoria consensual. Há filósofos que
acham que nenhuma destas teorias é plausível. É o caso dos filósofos Searle e Nagel que consideram
que não há boas razões para negar o determinismo que encontramos na Natureza pois sem ele as
ciências da natureza seriam impossíveis. Por outro lado, não podemos negar o livre-arbítrio, como
faz o Determinismo Radical porque a experiência da liberdade faz parte da experiência de agir.
O compatibilismo não implica de forma plausível a diferença entre ser constrangido e ser
causado a agir de determinada maneira.
Conceitos:
Determinismo: Tese de que todos os acontecimentos estão causalmente determinados
pelos acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza.
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Filosofia 10ºano
Libertismo: No debate sobre o livre-arbítrio, as teorias que defendem que não há
determinismo porque temos livre-arbítrio.
Determinismo Radical: No debate sobre o livre-arbítrio, as teorias que defendem que não
temos livre-arbítrio, porque tudo está determinado.
Extra: Os juízos de valor não se limitam a fornecer informação sobre as coisas. Não são meramente
descritivos, pois expressam uma avaliação de certos aspetos da realidade. Muitas vezes a sua função
é influenciar o comportamento dos outros e mostrar-lhes como devem olhar para a realidade. Por
isso, pelo menos em parte, são normativos.
Quando alguém nos diz que o João é boa pessoa sugere que devemos olhar para o João de
determinada maneira, que devemos confiar nele. O que se deseja neste tipo de juízos é que a
realidade se adeque ao juízo: a direção de adequação é do juízo para a realidade.