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COMO PREPARAR FISICAMENTE UMA EQUIPE DE FUTSAL?!

Mauro Sandri – Preparador Físico Jaraguá Futsal


www.maurosandri.blogspot.com

Como Preparar Fisicamente


uma Equipe de Futsal?
Mauro Sandri
Preparador Físico da equipe Jaraguá Futsal
www.maurosandri.blogspot.com
pf.mauro@hotmail.com
Permitida a reprodução parcial, para fins não comerciais, desde que citada a fonte.
COPYRIGTH: 2014, by Mauro Sandri
Direitos de edição cedidos à Metodologia Ferretti Futsal

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Sumário
Introdução ..................................................................................................... 3
1.Entendendo o Futsal ................................................................................... 5
1.1 Características gerais da modalidade .................................................... 6
1.2 Características específicas ..................................................................... 7
1.3 Características de acordo com a posição ............................................... 8
1.4 Ciência dentro do esporte ................................................................... 10
1.5 Controles de treinamento ................................................................... 13
2.Características e funções de um bom preparador físico ........................... 16
2.1 Fazer pouco é muito melhor do que não fazer nada ........................... 19
3. Aspectos levados em consideração na periodização ................................ 21
3.1 Como avaliar sua equipe?!? ................................................................ 23
3.2 Relação Perigosa: performance máxima e lesões ................................ 27
3.3 Relação Importante: preparador físico e treinador ............................. 28
3.4 Ausência de uma equipe multidisciplinar ............................................ 29
3.5 Todos devem participar do treino se possível na mesma quantidade . 32
3.6 Estatísticas .......................................................................................... 35
3.7 A importância de uma boa periodização ............................................. 37
3.8 Montagem dos ciclos de treinamento ................................................. 39
3.9 Aquecimento para treinos e jogos....................................................... 44
Outras premissas ......................................................................................... 49
Referências .................................................................................................. 51

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Introdução
Na última década aumentou significativamente o número de pesquisas
científicas dentro do meio esportivo, no entanto algumas modalidades carecem
de informações confiáveis, um grande exemplo é o Futsal. Segundo Barbero e
colaboradores (2008), a modalidade é praticada em mais de 100 países e com um
número superior a 12 milhões de praticantes. Entretanto o esporte continua
tendo poucas informações precisas, principalmente referentes às questões
bioquímicas e fisiológicas.
O Futsal tem sofrido inúmeras alterações em suas regras, visando
proporcionar sempre um maior dinamismo nas partidas, acrescido a isto a
evolução tanto tática quanto técnica faz com que se desperte uma maior atenção
a preparação física. Dessa forma, uma vez que as equipes buscam resultados mais
expressivos, devem incluir em seu planejamento uma preparação física voltada
para a realidade da modalidade e não transportando os métodos de treinamento
do Futebol como se as exigências físicas fossem as mesmas.
Quando falamos das ações do jogo, ambos os esportes têm em sua essência
características intermitentes, de intensidade extenuante com ênfase nos
componentes de força, velocidade e resistência, representados por sprints,
mudanças de direção, saltos e deslocamentos curtos em alta velocidade. Sendo
assim muitos profissionais prescrevem os treinamentos físicos da mesma maneira
por acreditarem que a semelhança motora do esporte, seja um fator
determinante também na relação do volume e intensidade.

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Dentro do meio esportivo existem inúmeras modalidades, sendo que
algumas apresentam regras e características semelhantes, entretanto as variáveis
fisiológicas podem apresentar diferenças significantes, no caso específico desse
curso, o enfoque está voltado para o Futsal. Apesar do futsal e futebol
apresentarem-se como esportes parecidos, cada um possui características
próprias de habilidades, componentes fisiológicos e tipologia do esforço.

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1.Entendendo o Futsal
Sabemos que cada esporte possui seu próprio repertório motor, alguns
aparentemente simples como o caso do movimento dos membros inferiores
durante uma corrida, até mesmo gestos altamente complexos, como o caso dos
saltos e giros apresentados pela ginástica, no entanto precisamos ter a clareza de
quais são os gestos e deslocamentos realizados no Futsal, a fim de prepararmos
nosso atleta exatamente para aquilo que ele irá encontrar durante os
treinamentos e jogos.
De acordo com Gomes et al.(2011) o futsal caracteriza-se por uma atividade
intermitente que mescla esforços de moderada e alta intensidade provocados por
ações explosivas, como arranques em velocidade, dribles, mudanças de direção,
saltos e finalizações, com esforços de baixa intensidade ocasionados
principalmente por situações de interrupção do jogo, entre elas faltas, laterais e
escanteios. Desse modo é importante que saibamos o quanto um treino pode
aumentar ou reduzir as capacidades do atleta e em qual momento devemos
trabalhá-las de acordo com nosso objetivo.
A modalidade está passando por uma transição, somadas a evolução física,
técnica e tática das equipes, estão tornando o jogo cada vez mais dinâmico,
intenso e competitivo, fazendo com que os atletas se deparem com duas
situações básicas, que são definidas pela posse de bola ou não, ou seja, quando
em posse da bola, os atletas são estimulados a desempenharem a função de
atacantes, porém sem a posse precisam rapidamente tornar-se defensores.

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1.1 Características gerais da modalidade
Na literatura encontramos poucas informações confiáveis sobre as
características físicas e fisiológicas dos atletas de futsal, Nunes et al. (2012),
acreditam que a explicação está no simples fato dos estudos normalmente serem
voltados para o Futebol e a grande maioria dos profissionais periodizarem
treinamento com as mesmas características para as duas modalidades, não
levando em consideração que as variáveis do jogo são diferentes. Baroni, Couto e
Leal Junior (2011), ainda são mais enfáticos quando afirmam que existe uma
lacuna científica que recai sobre essa modalidade, pois se procurarmos nas bases
de dados e publicações mundiais encontraremos poucos estudos sobre o esporte.
No entanto, é possível determinar e apresentar algumas informações
encontradas por alguns autores principalmente nessa última década, que se
comprometeram a explorar e buscar entendimentos sobre o esporte, Barbero et.
al.(2008), descreve o futsal como uma modalidade que exige um ótimo
condicionamento físico, enfatiza a velocidade de corrida e resistência, além disso,
requer níveis substanciais de força para chutes, arranques, mudanças rápidas de
direção e capacidade de sprints repetidos durante as ações do jogo.
Nunes et al. (2012) comentam que essas características podem ser
explicadas pelo fato do futsal apresentar um número ilimitado de substituições,
fazendo com que os níveis de intensidade durante a partida sejam extremamente
elevados e consigam ser mantidos pelo revezamento entre os atletas que estão
em quadra.

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Leal Junior et al.(2006), sugerem que pelas características visualizadas no
jogo, o futsal apresenta predominância anaeróbia e consequentemente maior
adaptação por parte dos atletas ao exercícios anaeróbios. Baroni, Couto e Leal
Junior (2011), ainda complementam essa informação, quando definem o futsal
como esporte de elevada demanda física, composto por estímulos de alta
intensidade com pequenas pausas ativas, necessitando dos atletas valores que
indiquem alta capacidade anaeróbia.
O Futsal é uma modalidade caracterizada por esforços intermitentes,
composto por estímulos variados e periodização aleatória e específica, sendo que
atualmente uma partida exige esforços de grande intensidade e curta duração,
pois as velocidades que as ações acontecem durante o jogo requerem que o
atleta esteja preparado para reagir da melhor e mais rápida maneira possível.

1.2 Características específicas


Para facilitar a compreensão Leal Junior et al. (2006), comentaram que as
características do jogo ajudam a compreender porque os atletas de futsal
apresentam predominância da atividade anaeróbia, consequentemente maior
adaptação dos atletas aos exercícios com essa característica.
A modalidade apresenta uma enorme contribuição energética do
metabolismo anaeróbio através dos fosfagênios adenosina trifosfato e fosfato
creatina (ATP-CP), podendo até mesmo deduzir que o metabolismo anaeróbio
alático contribui significativamente (75 a 85%) do total das ações, já o
metabolismo anaeróbio lático apresenta menor contribuição (15 a 25%), porém
dependerá das ações e do tempo de recuperação entre elas.

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Sendo que nos momentos de recuperação e estímulos que exijam
resistência, Lima, Silva e Souza (2005) chamam atenção para a utilização também
do metabolismo aeróbio, pois como sabemos o esporte apresenta predominância
anaeróbia e não exclusividade apenas dessa via metabólica..
Durante as partidas de futsal as respostas da frequência cardíaca e do
lactato sanguíneo indicam que o sistema anaeróbio foi solicitado de forma
predominante e essas informações podem contribuir na elaboração de um
programa de treinamento específico.
Apesar da capacidade aeróbia não ser um elemento predominante no
desempenho durante a partida de futsal, ela é fundamental para a performance
no esporte, pois está relacionada com a condição física e recuperação entre os
estímulos, dessa forma acredita-se que o valor de VO2máx entre 50-55ml/kg/min
parecem ser aconselháveis para atletas profissionais dessa modalidade.
Na visão de Souza (2010), em virtude da súbita aceleração e desaceleração
exigida pelas mudanças de direção, esse esporte expõe seus praticantes a grandes
impactos, causando danos musculares e oxidativos. Ao analisar seis atletas de
futsal com idade média (21,2 ±0,98 anos), após uma partida ele conseguiu
determinar que houve aumento das concentrações de creatina quinase, xilenol e
carbonil comparados ao pré-jogo, lembrando que todas essas substâncias estão
diretamente associadas a danos e fadiga muscular.

1.3 Características de acordo com a posição


O futsal assim como as outras modalidades coletivas é divido por posições
(goleiro, alas, fixos e pivôs), no entanto como citamos anteriormente o esporte

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apresenta grande dinamismo e por consequência os deslocamentos dos atletas
de linha acontecem de forma efetiva por todos os locais da quadra.
Dessa forma devemos estar atentos às características apresentadas pelos
atletas de acordo com a posição e função desempenhada na partida. Do ponto de
vista físico Generosi et al. (2009), analisou a massa corporal e altura dos atletas de
futsal, no entanto dividindo-os por posição. Concluindo que os goleiros
apresentam geralmente peso corporal e altura superior aos demais atletas,
enquanto os alas apresentam características opostas, sendo geralmente os mais
baixos e também os mais leves do elenco. Já os fixos e pivôs apresentam certa
similaridade nos aspectos físicos observados.
Para ilustrar melhor o desgaste e esforço realizado por um atleta
profissional em uma partida de futsal, Soares e Tourinho Filho (2006), analisaram
a distância percorrida e os deslocamentos em uma partida por atletas
profissionais, concluindo que os deslocamentos realizados pelos atletas de acordo
com as posições são diferentes, afinal os goleiros realizam mais caminhadas e
trotes, enquanto os atletas das demais posições realizam mais corridas,
deslocamentos laterais e para trás. Aponta ainda que os fixos são os atletas que
percorrem a maior distância em uma partida de futsal, aproximadamente 4.168
metros, devido a participação intensa na parte defensiva e também o auxílio na
elaboração do ataque. Alas e pivôs percorrem em média uma distância de 3,5km
por partida.
Percebemos que tanto na constituição física como na distância percorrida
existe uma diferença significativa dos valores apresentados por posição, já na
capacidade específica de potência, Silva et. al (2012), analisou através do teste de
salto vertical Counter Movement Jump (CMJ) o desempenho de atletas de futsal

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das categorias adulto e sub-20, encontrando grande similaridade entre as
posições.
Visando enriquecer a análise das diferentes posições do futsal, Arins e Silva
(2007), avaliaram através de um teste ergoespirométrico, o consumo máximo de
oxigênio, a frequência cardíaca e o quociente respiratório, gerando equações de
regressão para estimativa do gasto calórico e da intensidade do trabalho
(expressa em % frequência cardíaca máxima).
Para eles o jogo exige diferentes demandas fisiológicas de acordo com a
posição e função desempenhada, apesar dos gestos motores e deslocamentos
serem semelhantes, depois de monitorar frações dos jogos coletivos de futsal, foi
possível perceber que fixos e alas atuam em maior intensidade e
consequentemente apresentam um gasto calórico maior, enquanto os pivôs
apresentam intensidade menor e os goleiros uma intensidade muito inferior
contrastante com os atletas de linha e por causa disso o gasto de calorias também
é menor.

1.4 Ciência dentro do esporte


Com a evolução da ciência do esporte, hoje possuímos diversas variáveis
possíveis de serem analisadas, desde análises técnicas, táticas, físicas de forma
simplificada, até mesmo, controles fisiológicos e marcadores bioquímicos, no
entanto cada clube e consequentemente cada atleta terá acesso a algumas
ferramentas de avaliação e monitoramento de acordo com a estrutura disposta
pela instituição.

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Para Borin, Gomes e Leite (2007), os treinamentos que envolvem atividades
de alta intensidade como o caso dos esportes de quadra é difícil de serem
controlados, principalmente quando neles estão envolvidos exercícios acíclicos,
muito encontrados nos esportes coletivos e intermitentes.
Hoje no Brasil, principalmente nas capitais possuímos grandes laboratórios
capazes de realizar uma infinidade de avaliações em atletas, porém apresentam
um alto custo e dificuldade de acesso para algumas equipes, principalmente com
estrutura mais simples. Sendo assim, os testes de campo ocupam um grande
espaço na área do treinamento, pois apresentam grande correlação com os testes
laboratoriais e podem ser uma ótima opção para equipes ou atletas individuais
que não tem acesso aos testes classificados como “padrão ouro”.
Freitas, Miranda e Bara filho (2009), acreditam que as pesquisas no esporte
estão evoluindo e hoje muito pesquisadores possuem interesse em saber até
mesmo como o sistema cardiovascular se comporta a partir de um estímulo ou
estresse e ainda como definir sua mensuração de forma não invasiva para avaliar
a função do Sistema Nervoso Autônomo. Seguindo a mesma linha de pesquisa, a
frequência cardíaca tem sido empregada para quantificar o estresse causado pelo
estímulo do exercício, principalmente no que diz respeito à resposta do Sistema
Nervoso Autônomo como relação a volume, intensidade, exercícios repetidos e à
fadiga.
Entretanto os profissionais devem selecionar quais testes são eficazes e
úteis para sua equipe, afinal cada modalidade apresenta características
especificas e em virtude disso, foram criados testes que avaliem essas
capacidades envolvidas.

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Uma grande forma de avaliação é analisarmos a potência anaeróbia de
membros inferiores através do salto de impulsão vertical. Porém esse movimento
não é exclusivo de um único esporte, pois ele serve de base à execução de
diversos gestos muito importantes em várias modalidades, por exemplo, no
basquetebol, ele está presente em suspensões para o arremesso e rebotes, no
voleibol para bloqueios, saques e ataques, no atletismo em várias provas. No
futebol e futsal principalmente em disputas de bolas aéreas.
Bompa (2004) comenta que alguns pesquisadores começaram a dar mais
atenção aos benefícios do treinamento de potência e testes envolvendo essa
capacidade, enquanto outros ainda apresentam certa resistência sugerindo que
existe um grande potencial desses testes e exercícios, quando realizados de forma
repetida, em causar lesões traumáticas.
Para facilitar a compreensão da utilização dos treinamentos e testes de
potência vale lembrar que essas atividades devem ser prescritas em momentos
oportunos e específicos da periodização, implantando os testes para avaliar
ganhos, manutenções e perdas das adaptações obtidas durante o processo da
preparação física, enquanto os treinamentos devem respeitar a condição do
atleta e principalmente a individualidade biológica. Lembram também que dentro
das pesquisas relacionadas ao treinamento existe uma grande limitação, pois os
estudos informam geralmente como os atletas se encontram no início da
temporada, mas raramente nos demais períodos.

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1.5 Controles de treinamento
Apesar dos avanços referentes à distribuição e organização das cargas de
treinamento, ainda não foi encontrado um marcador extremamente confiável, de
rápida utilização e que seja específico para cada tipo de modalidade, monitorando
assim de forma rápida a resposta do atleta ao estímulo aplicado, evitando então
sobrecargas de treinamento. Nenhuma variável pode ser avaliada isoladamente,
pois os ganhos e perdas são causados por processos multifatoriais e que
envolvem diversos elementos fisiológicos, psicológicos, bioquímicos e
imunológicos.
Em virtude disso, a monitoração deve ocorrer de forma multidisciplinar,
utilizando ao máximo as informações das variadas áreas do conhecimento
científico. O controle fisiológico é uma importante ferramenta das adaptações
geradas pelos estímulos do treinamento, no entanto, necessita de alguns
equipamentos sofisticados e de profissionais especializados, por isso à busca por
metodologias acessíveis possuidoras de embasamento cientifico que auxilie na
aplicação do treinamento físico, sem necessitar para o clube ou instituição
grandes investimentos em controles de treinamento.
Muitos treinadores e preparadores físicos com o objetivo de realizar ganhos
de performance, acabam intensificando o treinamento de forma superior aquela
que o atleta pode suportar e que muitas vezes não condizem com a modalidade,
sendo que para eles a mudança dos aspectos fisiológicos acontecem a partir da
carga aplicada durante os treinamentos.

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Importante salientar que a um bom tempo os profissionais de educação
física buscam meios de quantificar e qualificar as cargas de treinamento, desse
modo no futsal é comum à utilização de alguns controles como a glicemia, lactato
sanguíneo e análise bioquímica da enzima creatina quinase com o propósito de
mensurar aspectos do treinamento como volume e intensidade, além de
minimizar o risco de lesões.
A frequência cardíaca (FC) pode ser utilizada no controle da sessão de
treinamento, principalmente em análises individuais, pois a partir dela se tem
uma real informação sobre como o organismo do atleta respondeu a um estímulo
e se o mesmo realizou a adaptação esperada. Entretanto a FC é apenas um
elemento utilizado nos controles do futsal, já que podemos estar utilizando a
escala subjetiva de esforço produzida por Borg (1982) e conforme cita Borin et al.
(2007) tem sido usada em grande proporção pelos profissionais do esporte.
Temos ainda marcadores bioquímicos, que são aplicados para avaliar
adaptações causadas pelo treinamento. Bons exemplos são as coletas de lactato
sanguíneo, glicemia e da enzima creatina quinase (CK) frequentemente utilizados
no meio esportivo, o lactato sanguíneo permite sabermos qual foi à intensidade
do treinamento e qual a predominância metabólica encontrada, seja ela aeróbia
ou anaeróbia. Essa análise é importante em qualquer esportista, sobretudo no
futsal, visto que nesse são encontrados altos níveis de lactato de acordo com a
sessão de treinamento.
Já a glicemia avalia o quanto o atleta possui de glicose no sangue,
informando se esse está utilizando reserva energética ou se precisa da ingestão
dessa substância, lembrando que com a diminuição das reservas de glicogênio

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muscular, o atleta reduz a capacidade de realizar ações que necessitem da via
anaeróbia lática como saltos e sprints.
Ao transcorrer da prática de futsal existe a ocorrência das ações
intermitentes e consequentemente da não realização de intervalos completos
que possibilitem a ressíntese completa de creatina fosfato, tornando a
modalidade de característica predominante anaeróbia lática, sendo assim,
exigindo do praticante grande utilização de glicose como substrato.
Ainda temos a creatina quinase como um excelente marcador bioquímico,
que é uma enzima responsável por manter os níveis adequados de energia da
célula através de adenosina trifosfato (ATP) durante a contração muscular, desse
modo grandes volumes de treinamento pode induzir a liberação exagerada dessa
enzima na corrente sanguínea, tornando-se um excelente parâmetro para avaliar
o estresse e condição muscular. Porém, para esse tipo de análise é necessário um
equipamento mais sofisticado, o que acaba impedindo a utilização de várias
equipes.
Possuímos alguns elementos capazes de nos auxiliar no monitoramento das
sessões de treinamento, entretanto essas informações são importantes, mas se
não aplicarmos esses controles durante toda a temporada em momentos
propícios, teremos apenas dados isolados que não interferirão no processo de
preparação de uma equipe.

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2.Características e funções de um
bom preparador físico
Trabalhar com o esporte nem sempre é fácil, afinal vivemos de momentos
bons representados pelas vitórias e momentos ruins como as derrotas, no
entanto precisamos ter sempre a certeza que estamos fazendo o nosso melhor e
ambição de nos tornarmos um dos melhores ou quem sabe o melhor naquilo que
fazemos. Para que isso aconteça, um preparador físico ou até mesmo um
treinador que aplica a parte física precisa estar ciente de alguns conceitos
importantes, como os abordados na sequencia do nosso curso.
O futsal não possuí uma dinâmica fixa, tem características mutáveis, dessa
forma as exigências da competição são cada vez mais elevadas e a preparação
física terá que se adaptar a essas exigências, buscando uma maior especificidade,
adequando métodos tradicionais há metodologias atuais, buscando uma
preparação que venha suprir realmente as necessidades deste esporte.
O preparador deve ter um vasto conhecimento nas questões fisiológicas,
bioquímicas e biomotoras, pois essas áreas do treinamento irão ajudar na
construção da sua periodização. Fundamental também conhecer o esporte em
que está trabalhando, principais valências físicas, gestos motores, volume,
intensidade, recuperação e pausas durante os treinos.
De forma resumida, um preparador possui três atribuições principais, a
preparação, a prevenção e a recuperação dos atletas. A preparação, diz respeito,
ao desenvolvimento e a melhora das capacidades físicas exigidas pelo esporte, em
nosso caso, força, potência, agilidade, velocidade e resistência de velocidade.

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Levando em conta o calendário competitivo, ciclos de treinamento e a
distribuição dos treinos físicos com os treinos técnico-táticos. Não esqueça que
mesmo sendo um esporte coletivo, a preparação precisa respeitar a
individualidade biológica e cada atleta requer cuidados específicos.
O profissional deve estar atento as novas tendências e metodologias
aplicadas no treinamento desportivo por isso no vídeo seguem exemplos de
atividades de transição de força, que está sendo amplamente utilizadas em clubes
de futsal. São exercícios combinados, onde os atletas realizam aparelhos na
musculação, onde acontece a ativação e recrutamento muscular para logo em
seguir fazer a transferência para exercícios de potência, no exemplo do vídeo com
saltos na cama elástica.

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O profissional deve se especializar na área da prevenção, pois nossa


modalidade além de ser praticada em intensidades sub máximas, possui um
calendário competitivo repleto de compromissos oficiais, que muitas vezes não

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respeitam o tempo de recuperação (supercompensação) necessário ao atleta.
Desse modo é importante investirmos na prevenção, por isso eu aconselho muito
trabalho de fortalecimento, utilização do treinamento funcional e propriocepção,
como ferramentas para evitarmos ou minimizarmos as lesões que possam estar
acontecendo durante a temporada. No vídeo a seguir estão alguns exemplos de
exercícios de propriocepção que ajudarão a prevenir o acontecimento de lesões.

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Mesmo as melhores estruturas e profissionais muitas vezes não conseguem


evitar lesões, pois trabalhamos com um esporte de contato físico constante e
impactos agressivos aos atletas. Sendo assim, o profissional precisa estar ciente
do que fazer na recuperação dos atletas. Recomendo que o preparador físico seja
sempre um pesquisador, nesse caso, pesquisar sobre as lesões mais comuns em
nosso esporte e também os protocolos de recuperação. Aproveitem as
oportunidades para trocar informações com profissionais da área média (médicos
e fisioterapeutas), pois um dos momentos mais importantes na carreira de um

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atleta é sua recuperação após lesões e nossa função é dar a ele o máximo de
segurança e qualidade de trabalho possível.

2.1 Fazer pouco é muito melhor do que não


fazer nada
Quando falamos sobre treinamento desportivo não existem certezas e sim
opiniões e linhas de trabalho. Ao longo da minha carreira tive a oportunidade e
sempre fiz questão de acompanhar o trabalho de outros profissionais. Fazia isso,
não para copiá-los e sim para extrair de cada um as características que eu julgava
interessante e dessa maneira criar meu próprio estilo e linha de trabalho. Durante
minhas observações percebi que vários preparadores se afastavam dos atletas
quando esses sofriam alguma lesão. Como se a partir daquele momento o atleta
fosse responsabilidade exclusiva do fisioterapeuta.
O que na minha opinião é um grande erro e vou ilustrar com um exemplo
para facilitar a compreensão. Um goleiro da equipe sofreu uma lesão na
articulação do ombro e vai ficar fora dos treinamentos com bola durante um
período aproximado de 3 (três) semanas. Porém ele não possui nenhuma
restrição para treinos de corridas e demais atividades para os membros inferiores,
será que vale a pena deixá-lo durante esse período apenas no departamento de
fisioterapia?
Oriento aos profissionais para aproveitarem o tempo da melhor maneira
possível e tentarem a manutenção da forma física a todo custo. Nesse caso
específico organize os horários para que o mesmo realizasse as sessões de

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fisioterapia, porém com a inclusão de treinos físicos diários, tanto de corrida,
como circuitos físicos e musculação para membros inferiores. Cobraria ainda para
que assim que fosse liberado para algumas atividades de membros superiores de
baixa intensidade, ele começasse a realizar treinos específicos com as devidas
restrições.
Importante citar que essa metodologia de trabalho só pode ser aplicada
quando o preparador físico mantém proximidade com o departamento médico e
principalmente vai respeitar as restrições e orientações desses profissionais. Parto
do princípio que se o atleta não pode jogar normalmente, talvez ele possa correr,
se não pode correr, talvez possa pedalar, nadar, andar ou no mínimo exercícios de
core e abdominais. Lembre sempre que fazer pouco é muito melhor do que não
fazer nada.
Com relação aos exercícios de retorno as atividades, no vídeo a seguir estão
alguns exemplos simples e práticos onde podemos estar trabalhando com nosso
atleta de forma progressiva, como trabalhos em bicicletas ergométricas, esteiras,
pulando corda e a segunda parte alguns exemplos de exercícios abdominais, para
essa musculatura tão importante para nosso esporte, que é recrutada em
praticamente todos os movimentos durante o jogo.

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3. Aspectos levados em consideração


na periodização
Uma das grandes dúvidas na elaboração da periodização de uma equipe, é
por onde começar? Desta forma tentarei dissertar de forma ordenada sobre os
pontos importantes que precisam ser respeitados durante a montagem do
planejamento:
1- Temos que saber quais as competições que nossa equipe vai participar,
qual objetivo em cada competição e as datas aproximados de todos nossos
compromissos oficiais, ou seja, ter um calendário anual com o início e o
término, incluindo número de jogos que serão realizados e quais os
momentos mais importantes. No entanto sabemos que nossa modalidade
21
nem sempre é organizada o suficiente para termos essas informações, por
isso aconselho quando elaborarmos nosso planejamento semestral ou
anual fazermos uma perspectiva aproximada, por exemplo, o Campeonato
Estadual vai de março a julho, chegando a final jogaremos 26 jogos, os
Jogos Abertos regional será no mês de agosto, sendo 6 jogos em seis dias e
a fase final no mês de novembro jogando 5 jogos em 5 dias. Parece simples,
mas informações como essas de todas as competições tornarão nossa
periodização mais específica diminuindo o risco de erros.
2- Estarmos cientes daquilo que o clube oferece de estrutura física para
realização dos trabalhos tanto físicos como técnico-táticos, principalmente
na pré-temporada. Afinal uma realidade em nosso esporte são as restrições
de locais de treinamento, por exemplo, algumas equipes só podem utilizar
a academia em determinado horário, possuem dificuldades em horários de
quadra no período vespertino. Por isso é necessário estarmos cientes de
todas as informações na elaboração do planejamento.
3- Construir os ciclos de treinamento de acordo com as informações
supracitadas. Por exemplo, quando temos competições oficiais logo no
início da temporada existe uma necessidade dos treinos técnico-táticos
iniciarem mais cedo, caso contrário podemos dar ênfase maior na
preparação física nesse primeiro momento. Para montar seu planejamento
leve em conta o máximo de informações a respeito da estrutura, equipe e
funcionalidade, pois isto facilitará seu trabalho no dia-a-dia.
4- Avaliar a o elenco para saber por onde começar. Lembrando a importância
de explicar porque de cada teste e como é importante sua realização ao
máximo da capacidade física.

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3.1 Como avaliar sua equipe?!?
Para iniciar um trabalho é primordial termos dados que nos oriente nos
treinamentos e para obtermos esses dados é necessários através de testes
avaliarmos nossos atletas. Não é necessário que façamos avaliações físicas todos
os meses, porém é fundamental realizarmos os testes na pré-temporada, assim
como uma reavaliação durante o ano, de preferência ainda no primeiro semestre
para sabermos qual o nível atual dos nossos atletas e por último uma bateria de
avaliações próxima do final do ano para determinarmos como estamos
finalizando a temporada.
Considere desnecessário realizar uma infinidade de testes, pois isso nos
toma tempo e fica cada vez mais difícil as reavaliações, concentre-se em avaliar as
principais valências físicas da modalidade e selecione testes práticos e de fácil
aplicação. Nunca esquecendo que este esporte exige, força, agilidade, velocidade
e uma excelente capacidade de executar ações de alta intensidade e curta
duração sem queda de rendimento.
Abaixo segue alguns exemplos de avaliações para as valências físicas da
nossa modalidade. Lembrando que esses testes são aqueles que geralmente
utilizo em minha equipe, no entanto cada profissional pode selecionar os testes
que lhe agradam e aplicar de acordo com suas condições de trabalho. Afinal
alguns profissionais terão plataforma de saltos, fotocélulas, enquanto outros não
terão nenhum recurso físico e precisarão de testes práticos.
-Avaliação antropométrica (estatura, massa corporal, dobras cutâneas,
percentual de gordura, massa de gordura e massa corporal magra). Com relação

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as dobras cutâneas, existem diversos protocolos a serem utilizados, eu
particularmente utilizo o de Faulkner (1968), que verifica 4 dobras (tríceps,
subescapular, supra-ilíaca e abdominal).
-Testes indiretos para obtenção do VO2 Máx: Teste de Cooper (12
minutos) ou Teste de Balke (15 minutos). Utilizo geralmente o de Cooper com o
seguinte protocolo: O testado deve correr ou caminhar, se não puder correr, em
uma pista de 400 metros demarcada a cada 100 metros, a maior distância
possível em 12 minutos. Os valores da distância são anotados e substituídos na
fórmula que passarei a seguir para predizer o VO2máx. Este teste tem como
principal vantagem a simplicidade de aplicação e pode ser utilizado em grandes
grupos simultaneamente. No entanto, algumas variáveis influenciam no resultado
como a técnica da corrida, que levam os inexperientes a conseguir valores muito
baixos. Importante lembrar, que os resultados podem apresentar erros em
indivíduos pouco treinador, crianças ou mulheres. A fórmula é a seguinte:
VO2máx = (dist. Percorrida em metros) – 504,9 /44.73 = VO2 em ml 1(Kg.min).
-Testes para avaliar o desempenho anaeróbio; testes de saltos verticais e
horizontais e o Rast Teste (Running anaerobic sprint test). Com relação aos testes
de saltos, aconselho o CMJ (Counter Moviment Jump), onde ocorre uma flexão de
joelhos e quadril, seguido do impulso vertical com impulsão de joelho e quadril.
Se você tiver uma plataforma de saltos, pode sugerir com as mãos fixas na linha
da cintura durante o salto, caso não tenha essa tecnologia, sugiro uma forma
prática, onde o atleta deve passar giz nos dedos e realizar o salto tocando a
parede o mais alto possível com as mãos. De preferência escolha uma parede
escura para facilitar a marcação, pode realizar até 3 saltos e coletar a melhor
marca. Já o Rast Teste está demonstrado no próximo vídeo, onde o atleta deve

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realizar 6 tiros de 35m, com intervalo de 10 segundos entre os tiros, o melhor tiro
equivale a potência máxima e o valor médio das tiros equivale a potência média.
Alguns preparador utilizam formas para verificar também o índice de fadiga, mas
eu particularmente trabalho apenas com a potência máxima e média.
-Teste de resistência de velocidade: teste de 200 metros ou YOYO Teste.
Na verdade esses testes foram criados para aproximar as avaliações da realidade
do esporte, afinal são testes que exigem idas e voltas dos atletas em distâncias
percorridas no jogo e ainda incluem trocas de direção em velocidade. O protocolo
do Yoyo é mundialmente o mais utilizado, porém o teste de 200 metros também
ganhou espaço no futsal, em virtude da sua fácil aplicação e controle. Como
podemos visualizar no vídeo, o atleta percorre uma distância de 200 metros, que
estão divididos em 10 trechos de 20 metros, para analisarmos a resistência de
velocidade e a manutenção dessa capacidade, o atleta deve realizar duas séries
de 200 metros com intervalo de 2 minutos entre as séries. Alguns profissionais
aplicam três séries durante a execução do teste, porém acredito ser uma
sobrecarga desnecessária. Interessante controlar se possível a freqüência cardíaca
antes e após a execução de cada série.
-Teste de força: existem diversos protocolos de testes para obtenção de
cargas máxima e/ou submáximas nos aparelhos da academia. Eu utilizo o teste de
2 repetições para definir a carga máxima nos aparelhos da musculação. O teste
funciona da seguinte maneira, é escolhido os aparelhos que faremos o teste, por
exemplo, a cadeira extensora, é escolhido um peso no aparelho, porém abaixo da
capacidade máxima de levantamento do individuo. Se duas repetições são
completadas, acrescenta-se peso ao aparelho até o atleta atingir a sua capacidade

25
máxima de força. Esses testes são fundamentais, pois a partir deles teremos os
valores corretos para os treinos de musculação de acordo com nossos objetivos.
-Teste de agilidade: teste de Illinois e o teste T são dois exemplos
excelentes para essa valência. O teste de Illinois como podemos ver no vídeo
consiste no atleta percorrer o discurso contornando os cones no menor tempo
possível. Aconselho que sejam realizadas duas repetições e a melhor marca seja
coletada. Teste muito interessante, pois exige exatamente movimentos
necessários no esporte e os cones são excelentes ferramentas para determinar
com exatidão a distância do percurso. Lembrando que o comprimento do
desenho tem 10 metros por 5 metros de largura. Já o teste T, leva esse nome em
virtude do desenho do percurso que lembra a letra T, no entanto nesse teste o
atleta percorre uma distância menor e consequentemente fica mais difícil para
marcarmos o tempo com exatidão.

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“Uma seleção adequada de testes comprovados cientificamente e
embasados por estudos são importantes na busca em se diminuir riscos que o
treinamento pode ocasionar se não for feito de forma precisa e distribuída.”
(BORIN et al. 2007).

3.2 Relação Perigosa: performance máxima


e lesões
Quando falamos em preparação física de alto rendimento é como se
escalássemos um murro bem alto e quando o atleta conseguir chegar em cima do
murro e caminhar sobre ele, este terá atingido sua performance máxima, no
entanto precisamos estar cientes que do outro lado do murro estão as lesões e
quando se anda em cima do murro estamos mais suscetíveis as quedas para o
outro lado.
Toco nesse assunto, pois essa analogia ajuda a explicar os tipos de
preparadores físicos que podemos ser. Alguns optam por seus atletas sempre
estarem escalando próximo do topo do muro, no entanto não os deixam subir no
muro, pois dessa forma sempre terão os atletas em um nível físico intermediário,
porém esses atletas dificilmente estarão lesionados. Outros escolhem extrair dos
seus atletas o máximo da performance e fazem com que os mesmos permaneçam
caminhando sobre o muro até quando suportarem, o que fatalmente acarretara
em lesões a médio e longo prazo.
Mas falando desse jeito, não existe fórmula certa para o sucesso? Existe
sim, entretanto precisamos encontrar um ponto onde nosso atleta atinja seu

27
melhor desempenho e caminhe em cima do murro, porém precisamos ter feeling
para ajudá-lo a voltar por onde subiu e até mesmo descer do murro se necessário,
evitando desgastes, sobrecargas de trabalhos e situações de overtraining.
Em outras palavras precisamos saber o momento certo em que nosso atleta
e/ou equipe estão próximos do limite físico. Às vezes é fundamental
aumentarmos o tempo de recuperação entre as sessões de treinamento e
principalmente após os jogos. Não se preocupem com o fato de trabalhar com um
volume reduzido de atividades, preocupem-se sempre com a qualidade e não
com a quantidade.

3.3 Relação Importante: preparador físico e


treinador
Um dos grandes segredos para o sucesso de uma equipe é o entrosamento
entre o treinador e o preparador físico, afinal ambos tem papel importante na
preparação da equipe e precisam trabalhar juntos para que tudo corra bem.
Quando digo juntos, quero dizer que um deve ter conhecimento sobre o trabalho
do outro, atividades, objetivos, necessidades e conhecimentos gerais sobre a área
de atuação.
Tive a oportunidade de trabalhar com alguns treinadores ao longo da
minha carreira e afirmo que cada profissional apresenta características distintas,
mesmo aqueles que possuem linhas de trabalho similares. As diferenças
geralmente estão na carga de trabalho, volume e intensidade dos treinamentos.
Para o preparador é fundamental entender o que acontece nos treinos técnico-
táticos, por exemplo, se o treinador aplica diversas atividades que estimulam a

28
resistência de velocidade, como exercícios com sequencias de contra-ataques, eu
posso diminuir a quantidade de sessões com essa valência na parte física
específica e assim por diante.
Muito comum quando novas comissões técnicas são formadas,
acontecerem erros de planejamento e até mesmo sobrecargas em alguns atletas,
pois é preciso um tempo para os profissionais se conhecer e adaptarem seus
trabalhos. Oriento que os preparadores estejam atentos a esse tipo de situação,
pois acreditem, os treinadores dificilmente mudarão seus métodos, cabe a nós
organizar nossos treinos de acordo com as cargas de trabalho aplicadas pelo
treinador.
O grande diferencial entre profissionais de comissão técnica são as trocas
de informações, acredito que reuniões periódicas para definir programações,
organizar viagens e tratar de casos específicos, como, por exemplo, um atleta que
está voltando de lesão ajudará a minimizar erros e maximizar e qualidade do
trabalho. A perfeita sintonia da comissão técnica, que não se restringe apenas aos
profissionais citados, como também aos outros membros (preparador de goleiros,
fisioterapeuta, supervisor, etc.) reflete na organização e distribuição das funções
dentro do elenco.

3.4 Ausência de uma equipe


multidisciplinar
Algumas equipes possuem o privilégio de contarem com uma comissão
técnica numerosa, onde cada profissional possuí suas funções e conseguem
destinar todo o seu trabalho para sua função e ser cobrado por isso, porem

29
sabemos que essa não é a realidade do nosso esporte, a regra são comissões
pequenas, onde o treinador não possui auxiliar técnico, onde o preparador físico
acaba dando treinos específicos para os goleiros, fisioterapeutas não
acompanham os treinos, ficam apenas nas clínicas, supervisores que não viajavam
com as equipes. Psicóloga, nutricionista, fisiologista e médico então são raros
dentro do futsal. Em virtude dessa escassez de profissionais, resolvi tecer algumas
dicas para a melhoria do trabalho.
1- Aos jovens profissionais, eu recomendo que durante o processo de
formação tentem aprender o máximo sobre todas as funções, por
exemplo, para aqueles que desejam ser treinadores, observem também
treinos de preparadores físicos e de goleiros, passem um período junto
com os supervisores, afinal isso dará a vocês um pouco de vivencia em
todas as funções e quando uma oportunidade surgir você estará apto a
aproveitá-la.
2- Aos preparadores que trabalham sozinhos, concentrem-se nas
prioridades. Tive a oportunidade de trabalhar em equipes onde tinha a
minha disposição auxiliares, fisiologista e fisioterapeutas e com isso
delegava funções e conseguíamos realizar um controle maior das
variáveis do treinamento. Entretanto, quando retornei a uma estrutura
com uma quantidade menor de profissionais, eu tentei continuar
fazendo a mesma quantidade de trabalho e percebi depois de um
período que não estava conseguindo fazer nada direito, ou seja, fazia
um pouco de tudo e no final não fazia nada. Então foque seu tempo em
elaborar treinos com qualidade e uma periodização eficaz, já os

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controles de treinamento, relatórios e por ai vai, faça de acordo com
aquilo que seu tempo permitir.
3- Aos treinadores que trabalham sem preparadores físicos, oriento que
busquem ajuda com outros profissionais, conversem com preparadores
físicos e não tenham vergonha de querer aprender, independente da
idade e experiência no esporte, vocês estão executando uma nova
função. Façam o básico da preparação física, poucos testes, destinem
bom tempo para a musculação e na parte de quadra puxem mais para
área de vocês, ou seja, a periodização tática, utilize trabalhos com bola e
jogos que desenvolvam características físicas, esse é o caminho. Para
auxiliar na prescrição dos treinos na musculação, segue dois vídeos com
os principais aparelhos que devem ser realizados durante os treinos na
academia. Obviamente são alguns bons exemplos, porém cada
profissional pode incluir outros aparelhos do seu agrado. No primeiro
vídeo estão os aparelhos para membros inferiores e no segundo vídeo
os aparelhos para membros superiores.

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3.5 Todos devem participar do treino se


possível na mesma quantidade

Na elaboração dos treinos tente organizar de tal forma para que todos os
atletas participem da atividade simultaneamente e se possível na mesma
quantidade. Evite deixar atletas parados durante o treinamento, isso com certeza
não é bom sinal, a menos claro, que ele esteja nos períodos de descanso
programados. Vamos supor que o grupo é composto por 2 goleiros e 12 atletas de
linha, sendo assim no aquecimento que é de responsabilidade do preparador
físico aplique um jogo onde cada equipe é formada por 7 atletas, pois dessa
forma todos estarão participando ativamente do exercício.

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Mas se tivermos um número impar de atletas de linha? Então criamos
variações, podendo um atleta ser coringa e participar apenas no ataque para as
duas equipes. Se tivermos uma quantidade maior de atletas? Utilize o lúdico para
aquecer seus atletas, existem dezenas de variações de “bobinho” e “pega-pega”
que independente da categoria sempre é um sucesso. No próximo vídeo estão
algumas atividades recreativas, onde fazemos com que todos os atletas
participem ativamente. Interessante introduzir regras diferentes para os goleiros,
por exemplo, deixando os mesmo dar uma quantidade maior de toques na bola,
além de aplicar “castigos” para o grupo que errar ou perder uma atividade.

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Falei bastante do aquecimento e como seguir com essa metodologia na


parte principal do treino? Organize o revezamento dos atletas por tempo, de
forma que todos treinem a mesma quantidade, por exemplo, uma equipe com 11
atletas de linha, o trabalho será um jogo simples onde os atletas podem dar

33
apenas 1 toque na bola, sendo na linha 5 contra 5, um atleta começa fora da
atividade, a cada 4 minutos o atleta que está de fora entra no lugar de outro
atleta, podendo entrar em qualquer equipe até que todos tenham passado 4
minutos descansando. No final teremos realizado uma atividade de 44 minutos,
sendo que cada atleta participou efetivamente de 40 minutos.
Nos treinos técnico-táticos isso é fácil e como fazer isso nos treinos físicos?
Nessa questão entram as individualidades, o treinamento físico específico precisa
ser direcionado, ou seja, as cargas de trabalho devem ser implantadas conforme
os resultados apresentados nos testes físicos e nas necessidades de cada atleta.
Por exemplo, as cargas da academia dependeram do teste de força, os tiros na
esteira e a velocidade desse tiros dependerá do limiar anaeróbia do meu atleta.
Aconselho que os atletas com idade superior a 30 anos façam sempre uma
série a menos, isso por dois motivos, primeiro por cuidado com a idade,
principalmente desgaste muscular e segundo para mostrar ao grupo que após
essa idade o atleta possui alguns privilégios relacionados à sua saúde como
prêmio por toda sua vivência no esporte.
Por outro lado os atletas da categoria de base devem sempre fazer uma
série a mais nos exercícios físicos, também por dois motivos, primeiro por possuir
geralmente uma condição física privilegiada e suportarem bem os estímulos e
segundo para cumprirem o processo do esporte e perceberem que precisam se
esforçar muito para chegar ao adulto.
Outro aspecto fundamental que devemos trabalhar com nossos atletas
independente da idade e biótipos é a coordenação motora. A partir do momento
que um atleta executa os gestos do esporte com precisão ele acaba
economizando energia, conseguindo suportar altas intensidades por um tempo

34
maior. Uma ótima referência são os corredores de velocidade, que em virtude da
coordenação motora perfeita acabam sendo mais velozes em suas provas. Na
sequencia um vídeo com alguns exercícios básicos de coordenação, que podem
ser utilizadas como complemento na musculação ou nos aquecimentos para os
treinos de quadra.

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3.6 Estatísticas
Na última década em virtude da expansão tecnológica, o esporte em geral
começou a receber uma atenção maior, no caso especifico do futsal, vários jogos
televisionados com diversas câmeras posicionadas em torno da quadra, os
profissionais começaram a assistir e gravar os jogos dos adversários e
naturalmente surgiram diversos dados e estatísticas interessantes, que podem
nortear o trabalho de uma equipe ou até mesmo mapear as qualidades e defeitos
apresentados pelos sistemas de jogo.

35
A maioria das equipes participantes da Liga Nacional filma todos os seus
jogos e também alguns dos seus adversários, alguns profissionais realizam
também em tempo real as estatísticas individuais e coletivas da equipe em todas
as partidas, através dessa coleta é construído um banco de dados amplo com
informações de todos os fundamentos.
Nos jogos as pessoas sempre me perguntam quais as informações
coletadas e qual o objetivo. Na verdade os “scouts” nome dado aos programas de
estatísticas são bem específicos e no caso o preparador físico precisa estar
preparado para realizar mudanças de acordo com a necessidade da equipe e/ou
do treinador. Meu controle é totalmente flexível e pode sofrer adaptações e
ajustes para suprir a necessidade da equipe. Hoje na atual equipe que trabalho
verificamos os seguintes fundamentos e ações:
PASSES: divididos em certos e errados, sendo computados todos os passes
errados ou interceptados e no caso dos acertos apenas os passes em evolução do
ataque, desconsiderando passes simples e laterais, claro que precisamos ser
críticos e avaliar que um passe lateral ou de retorno pode ser sim considerado um
passe certo de acordo com a ocasião, um exemplo clássico é um passe do pivô
quando recebe uma dobra de marcação. Além da quantidade calculamos também
a somatório total dos passes e a porcentagem de acertos individual e
coletivamente.
DESARMES: divididos em dois grupos, ofensivos e defensivos, sendo a metade da
quadra o parâmetro de referência, além da soma total computamos também a
média de desarmes por minuto jogado, dividindo o tempo que cada atleta jogou
pela quantidade de desarmes realizado, afinal o atleta que joga mais tempo tem
mais chances de realizar desarmes. Importante definir o conceito de desarmes,

36
alguns profissionais contabilizam apenas a roubada de bola, no entanto nós
classificamos como desarme qualquer interrupção do ataque adversário, por
exemplo, um carrinho para travar um chute, afinal se não houvesse essa ação a
bola iria para o gol então precisamos valorizar essa ação e postura defensiva.
CHUTES: são anotados os chutes para o gol e também para fora, analisando a
quantidade total e também o percentual de acerto, descartados os chutes
travados ou interceptados em sua execução.
TEMPO JOGADO: controlamos todas as substituições para sabermos qual foi o
tempo exato jogado por cada atleta. Informação muito importante para
controlarmos o elenco, evitando que haja um desequilíbrio da participação dos
atletas durante um jogo e/ou numa competição. Ao final do ano teremos um
acervo de dados que pode auxiliar na avaliação dos atletas e até mesmo definir
sua importância no elenco.
Além dessas informações ainda conseguimos marcar dados básicos como
quantidade de faltas que são divididas em ofensivas, defensivas e sofridas,
cartões amarelas e/ou vermelhos, gols e assistências, Importante evidenciar que
sempre fazemos a divisão por períodos para sabermos e compararmos como foi o
desempenho do primeiro para o segundo tempo.

3.7 A importância de uma boa periodização

Provavelmente todos os profissionais que trabalham com o esporte já


ouviram a palavra periodização, no entanto, poucos sabem o que isso significa e
apenas alguns utilizam dessa ferramenta em suas atividades. A periodização são

37
períodos montados ou pré-estabelecidos de treinamento. Sendo que dentro
desses períodos, encontramos diversos métodos de trabalho e, claro, diversos
estímulos diferentes.
O problema que ao falarmos de periodização grande parte das pessoas
acreditam que isso trata-se apenas de mudar o treino após um certo período, ou
seja, mudar as séries, distribuição dos exercícios e até mesmo os exercícios. Na
verdade elas não estão totalmente equivocadas, porém não podemos considerar
uma periodização um sistema básico de treinos, onde mudam os exercícios e
estímulos, mas continuam as mesmas técnicas, o mesmo volume e intensidade.
O principal erro relacionado à periodização é pensar que sempre temos que
fazer uma sessão mais pesada, mais intensa ou mais longa que a anterior.
Entretanto esse método no início até apresenta alguma evolução, mas logo tende
a não responder mais a esse sistema. O ideal é onde o esportista oscila os
estímulos e isso gera um resultado mais expressivo em longo prazo.
Quando iniciamos um trabalho precisamos visualizar como queremos que
nosso grupo esteja a médio e longo prazo e para que isso aconteça precisamos
elaborar uma periodização eficiente. Treinar é importante, mas seguindo um
modelo de periodização que obtenha melhores resultados para o tempo e energia
investidos nos exercícios. Uma boa periodização consiste em realizar diversos
estímulos onde todas as valências utilizadas em nosso esporte são trabalhadas.
Respeitar o corpo do atleta, conceder as pausas necessárias durante o
treinamento e principalmente o período de descanso pós-treino.
Organizar de tal forma que um treino não prejudique a execução da
atividade seguinte, distribuir as atividades pensando quais efeitos terá no
organismo dos meus atletas. Fique atento a sua periodização, isso evitará ou

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minimizará lesões e evitará a adaptação pelo corpo, possibilitando o máximo do
desempenho do corpo, visando excelentes resultados.

3.8 Montagem dos ciclos de treinamento


Para começarmos elaborar um plano semestral ou anual de treinamento
precisamos definir com clareza os três períodos encontrados na periodização e
determinar a duração de cada um. Iniciamos o trabalho pelo Período
Preparatório, que possui como objetivo o desenvolvimento de um bom
condicionamento físico e a melhoria da técnica exercida na modalidade.
Logo em seguida passamos para o período Competitivo, quando o objetivo
é a manutenção do condicionamento físico e técnico, simultâneo a participação
em competições. Por último temos o período de Transição, onde o objetivo visa a
recuperação e regeneração ativa dos atletas, onde geralmente ocorre perda de
parte do condicionamento físico. Alguns chamam esse período de Descanso Ativo.
O período preparatório geralmente é dividido em duas fases, a geral onde
acontecem exercícios para melhora global do condicionamento físico e a fase
específica onde predomina uma redução do volume e aumento da intensidade,
visando as valências específicas da modalidade. Algumas equipes de alto
rendimento utilizam a fase específica em todo o período preparatório, devido ao
condicionamento privilegiado do material humano a disposição.
No período competitivo, além da busca por resultados positivos nos jogos,
devemos trabalhar o desenvolvimento individual e tentar manter nosso grupo o
mais homogêneo possível. A quantidade e qualidade dos estímulos nesse período

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dependem da tolerância individual de cada atleta e podemos ainda realizar fases
de polimento, onde os estímulos ocorrem para melhorar de forma pontual
alguma capacidade física.
Na fase de transição, onde ocorre uma perda praticamente inevitável do
estado físico, deve ocorrer uma redução significativa da intensidade e do volume
de treinamento. Porém é importante salientar que a equipe deve continuar
trabalhando, apenas respeitando alguns cuidados para evitar riscos de lesões.
Geralmente elaboro planejamentos semestrais, divididos em 6 mesociclos.
No começo do ano estipulo quantos treinos quero realizar de cada valência
durante esse período e quais os objetivos para cada momento, porém construo
de verdade apenas dois meses de trabalho de cada vez, assim vou realizando
ajustes para os meses seguintes, aumentando ou diminuindo as sessões de
treinamento e os estímulos a serem realizados. Afinal é quase impossível com
nosso calendário elaborarmos um plano de treinamento semestre ou anual sem
que seja necessário realizarmos alterações.
Para facilitar a compreensão é importante definirmos que o treinamento
em caráter cíclico se define em dois níveis fundamentais, o nível de micro
estrutura, conhecidos como microciclos e o nível de meso estrutura, conhecidos
como mesociclos. A estrutura do treinamento constitui uma ordem relativamente
estável de elementos, correspondentes ao somatório das sessões de treinamento,
empregando recuperações ativas e também sessões de descanso.
Quando variamos os lugares das sessões de treinamento e os estímulos
aplicados o efeito será diferente. Lembrando que na atualidade, a arte da
construção dos treinamentos por meio dos diferentes ciclos tem uma importância
vital para o sucesso de um planejamento. Os microciclos são organizados em duas

40
fases na maioria das vezes, a acumulativa que está relacionada em um ou outro
grau com o esgotamento e posteriormente a fase de restabelecimento que está
relacionada com o descanso necessário pelas cargas recebidas. Para facilitar a
distribuição dos treinos, utiliza-se ciclos semanais (7 dias), mas pode haver
microciclos desde 2 até 20 dias.
O tipo de esporte não determina a duração do microciclo, o mesmo
depende das tarefas da preparação do processo de treinamento. O que importa é
buscar a duração ótima dos ciclos, levando em consideração o nível de
qualificação do atleta, com as direções a cumprir e com o momento da
preparação. Os ciclos de treinamento permitem concentrar as tarefas nas
diferentes sessões, assim como o volume necessário para os efeitos pretendidos.
Esse conceito permite evitar a uniformidade e a monotonia durante a temporada.
O conteúdo, a quantidade de sessões de treinamento e a magnitude
somatória das cargas do microciclos, são fatores que estão condicionados pelas
particularidades da especialização e pelo nível do atleta. O conceito de alternar as
cargas e descansos depende em grande parte da interação dos processos de
esgotamento e restabelecimento.
Utilizo de forma geral nos primeiros dias de preparação atenção especial
aos trabalhos de readaptação, como corridas leves e atividades na academia para
desenvolvermos uma base muscular eficiente junto a trabalhos aeróbios para
estimularmos a resistência e melhorar a condição física de forma global. Após
esse período volto minha atenção para atividades de força máxima e potência. No
próximo vídeo estão alguns exercícios de potência que podem ser usados na
preparação da equipe. No início trabalhos de saltos e correção de movimento, já
na segunda parte estão exercícios com a utilização do cinturão de tração.

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Após o período de base que varia conforme o calendário competitivo,


começo a fase de preparação específica, dando ênfase as valência de potência,
agilidade, velocidade e principalmente resistência de velocidade. Ao longo do
período competitivo busco a manutenção das capacidades físicas, incluindo ciclos
de recuperação ativa em períodos oportunos e alguns ciclos de ganho de
condicionamento nas pausas competitivas ou em períodos onde os jogos
possuem importâncias menores.
No próximo vídeo estão alguns modelos de exercícios de agilidade e
velocidade, essas atividades podem ser utilizadas em treinos físicos específicos
em forma de circuito ou até mesmo nos aquecimentos para os treinos técnico-
táticos.

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Uma forma prática de reduzirmos o desgaste os atletas e muito utilizado


em fases finais de temporada são os ciclos de treinamento com apenas um
período por dia. Proposta interessante, pois diminuímos a quantidade de sessões
de treinos, porém aumenta-se a qualidade das atividades. Recomendo também
períodos de descanso durante a semana, podendo ser na distribuição de 3, 4 ou 5
sessões de trabalho para um ou dois períodos de descanso, dependendo do
momento da preparação da equipe. No final da temporada aconselho que os
atletas tenham no mínimo 15 a 20 dias de descanso total, onde os atletas podem
escolher outra atividade física ou esporte recreativo para praticarem ou até
mesmo não fazer nada, dependendo do nível, idade e agenda competitiva para o
ano seguinte.

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3.9 Aquecimento para treinos e jogos
Partindo do principio que o preparador físico é responsável por preparar os
atletas para as atividades esportivas, o aquecimento é um dos principais
momentos desse processo, afinal é a preparação do atleta para a parte principal
do treinamento, então considero fundamental analisarmos detalhadamente esse
momento.
Não existe uma regra a ser seguida durante os aquecimentos, alguns
profissionais iniciam com alongamentos, outros com uma corrida leve, alguns
nem realizam alongamentos, outros preferem começar o trabalho sem bola e por
ai vai. No entanto, acredito que esse momento deve ser o mais variado possível,
utilizando ao máximo os elementos que estão a nossa disposição. O importante é
que seja feito de forma progressiva e não esqueçamos dos principais grupos
musculares.
Nos treinos de academia utilizo geralmente exercícios abdominais de
intensidade moderada, posteriormente 5 a 10 minutos em esteiras ou bicicletas
ergométricas, nos treinos onde trabalhos com 70 a 80% da carga máxima dos
nossos atletas oriento para que realizem sempre uma série de 15 repetições em
cada aparelho antes de iniciar as séries de fato, como um aquecimento específico
para o exercício.
Nos treinos de força com cargas em torno de 90% exijo que os atletas
realizem após a esteira alguns exercícios com caneleiras para aumentarmos o
estímulo muscular antes dos aparelhos. No vídeo abaixo estão alguns exemplos
de exercícios com caneleiras para ativação muscular antes dos treinos de força

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pura, lembrando que esses exercícios também podem ser aplicados como
fortalecimento muscular.

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Para os demais treinamentos físicos costumo mudar sempre a sequencia


dos exercícios, porém sempre deixando um tempo para exercícios livres, um
tempo para os alongamentos, podendo ser estáticos ou de preferência dinâmicos
e sempre realizo algumas passagens com intensidade baixa pelos exercícios que
serão realizados em alta intensidade na parte principal do trabalho. No vídeo a
seguir temos uma atividade pré-alongamentos e também alguns modelos de
alongamentos estáticos e dinâmicos específicos para o nosso esporte.

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Já para os treinos técnico-táticos elaboro uma programação semanal ou


mensal de aquecimentos, por exemplo, na semana realizamos 6 treinos com bola,
em 2 treinos realizo exercícios técnicos para aquecermos, em 2 treinos aplico
jogos de fundamentação tática, ou seja, atividades que simulam o futsal porém
com regras específicas, por exemplo, jogo de 2 toques na quadra de defesa e
apenas 1 toque na quadra de ataque. Já nos outros 2 treinos aplico atividades
recreativas, podendo ser bobinhos, pega-pegas ou até mesmo os populares
“peladões” que os atletas gostam tanto.
Um detalhe fundamental que sempre após jogos recreativos ou de
fundamentação tática otimizo o tempo aplicando alguns estímulos físicos,
podendo ser de potência, agilidade ou velocidade, algo bem rápido, como duas
estações de agilidade com bola, 5 a 6 séries em cada estação. O tempo de
aquecimento gira sempre em torno de 25 a 35 minutos. Estabeleça como meta

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durante o período de 2 a 3 meses não repetir nenhum aquecimento, isso fará com
que você programe bem seus treinos e exercite sua criatividade.
Para estimular a criatividade e construção de jogos para o aquecimento, no
vídeo a seguir estão alguns modelos de jogos envolvendo questões técnicas e
táticas que podem ser utilizados no aquecimento para todos os atletas. O
primeiro jogo com o objetivo da posse de bola, o segundo com a quadra reduzida,
inclusive com os goleiros participando junto aos atletas de linha. Já o terceiro jogo
envolvendo situação de superioridade numérica e o último exercício com a
inclusão de uma trave no centro da quadra para aumentar o dinamismo e a
participação de todo o elenco.

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Para finalizar nos jogos utilizo um tempo aproximado de 20 minutos para o
aquecimento, com algumas exceções devido a temperaturas muito baixa (tempo
maior) ou extremamente altas (tempo menor). Oriento para iniciarmos de forma
progressiva, exercícios sem bola intercalados com alongamentos, partindo para
exercícios com bolas em duplas, de preferência em distâncias curtas, aumentando
aos poucos a distâncias e a força dos passes, incluindo também saltos e arranques
nessa fase e por último exercícios de finalizações. Aproveite os treinamentos para
aplicar aquecimentos que serão realizados nos jogos, dessa forma você
conseguirá ajustar o tempo, aumentando ou diminuindo a quantidade de
exercícios.

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Outras premissas
 Tenha sempre uma postura profissional, siga as regras de conduta assim
como os atletas, respeite os horários e principalmente seus atletas e
membros da comissão técnica;
 Erre fazendo e nunca por omissão, caso você perceba algo errado dentro da
equipe não se omita, tente resolver, ser eficiente em resoluções de
problema é uma das qualidades mais importantes de um profissional do
esporte;
 O conhecimento é a principal forma das pessoas confiarem no seu trabalho,
então mostre ao grupo que você sabe o que está fazendo e o porquê está
fazendo;
 Durante os exercícios, preste atenção em tudo que está acontecendo, fale
de forma que todos te ouçam e entendam suas orientações;
 Antes de iniciar um treino físico explique a atividade que será realizada,
volume, intensidade e objetivos;
 A motivação dos atletas depende da qualidade do trabalho que está sendo
realizado, por isso planeje suas atividades e desafie seus atletas;
 Evite repetir treinos físicos, afinal podemos trabalhar a mesma valência de
diversas formas diferentes. Quando repetimos um trabalho é normal
diminuir o interesse e o empenho do grupo;
 Esteja aberto a ouvir opiniões e melhorar seus exercícios, nem mesmo o
melhor profissional dará apenas atividades interessantes, aqueles que
buscam inovação sempre acabam errando uma vez ou outra;

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 Utilize elementos de outras modalidades em seus treinos, aumentará o
interesse pelo trabalho e também o repertório motor dos seus atletas;
 Transmita aos atletas o máximo de informações possível, resultados de
testes, estatísticas e novidades da modalidade;
 Saiba selecionar o que deve ser tratado de forma individual e aquilo que
deve ser abordado de forma coletiva;
 Utilize um vocabulário de fácil compreensão, ou seja, seja inteligente o
suficiente para ser elegante, mas não chegue ao ponto de ser “professor”
de treino.
 Aquilo que o atleta faz fora do trabalho somente interessa, a partir do
momento que está atrapalhando seu desempenho profissional, saiba
discernir quando isso está ou não acontecendo;
 Tenha uma boa relação com todos, porém não seja próximo a ponto do
atleta confundir a relação pessoal com a profissional;
 Faça diariamente análises daquilo que você executou, veja sempre onde
podemos melhorar para a próxima sessão de treino;
 Não deixe nunca de ser um pesquisador, siga estudando, lendo, escrevendo
e aplicando. Afinal o mercado de trabalho é igual uma escada rolante
quando está descendo, mesmo sem você ficar parado você acaba sendo
levado para baixo.
 A organização do tempo é uma arte, especialize-se nela e você perceberá
como sua qualidade de vida e trabalho irá melhorar.

50
Referências
ARINS, F. B.; SILVA, R. C. R. Intensidade de trabalho durante os treinamentos
coletivos de futsal profissional: um estudo de caso. Revista Brasileira de
Cineantropometria e Desempenho Humano,v.3,n.9, p. 291-296, 2007.

BARBERO-ÁLVAREZ, J. C. et al. Match analysis and heart rate of futsal players


during competition.Journalof Sports Sciences, London, v.26. n.1, p.63-73. 2008.

BARONI, B. M.; COUTO, W.; LEAL JUNIOR, E. C. P. Estudo descritivo-comparativo


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futsal.Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v. 13.
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